HERNIOPLASTIA INGUINAL COM PERFIX LIGHT PLUG Passo 1: administração de anestésico local Antes da antissepsia o traço da incisão deve ser marcado com caneta. Usamos uma solução de ropivacaína (20 ml a 10 mg/ml) diluída em 60 ml de soro fisiológico. A solução final tem ropivacaína a 2,5 mg/ml e um volume total de 80 ml. Aplicamos 20 ml a 1 cm e 3 cm medialmente à crista ilíaca ântero-superior no plano subaponeurótico com o objetivo de bloquear os nervos ílio-inguinal e ílio-hipogástrico. Lateral ao pulso da artéria femoral na altura do ligamento inguinal e no plano subaponeurótico infiltramos 10 ml da solução, com o objetivo de atingir ramos recorrentes do nervo gênito-femoral. Trinta ml são usados para infiltração da pele e tecido celular subcutâneo no local da incisão. Devemos aguardar 5 minutos para a absorção adequada do anestésico e o início do seu efeito pleno. Passo 2: incisão A marca da caneta na pele indica o local exato da incisão com bisturi de lâmina 15. Ela está paralela ao ligamento inguinal, 1 cm acima deste, iniciando-se 1,5cm da margem lateral do tubérculo púbico (espinha do púbis), e progredindo lateralmente por 4 cm em direção à crista ilíaca-ântero superior. A incisão se aprofunda com cauterização dos vasos epigástricos superficiais, avança através da fáscia de Camper e Scarpa, até visualizar a aponeurose do músculo oblíquo externo. Passo 3: complemento da anestesia local Neste momento os 30 ml restantes da solução serão aplicados da seguinte forma: sob a aponeurose ainda intacta do músculo oblíquo externo onde se verifica o leve abaulamento durante a infiltração; sobre o tubérculo púbico; e junto ao ligamento inguinal, um pouco acima deste, 3 cm lateralmente ao tubérculo púbico. Este último movimento busca o ramo genital do nervo gênito-femoral , enquanto por mais 2 minutos aguardamos que uma grande extensão dos nervos ílio-inguinal e ílio-hipogástrico fiquem banhados pela solução. Somente então incisamos a aponeurose do músculo oblíquo externo abrindo completamente o anel inguinal superficial. Passo 4: mobilização das estruturas do cordão A abertura da aponeurose do m. oblíquo externo é feita desde o anel inguinal superficial por 5 cm em direção á crista ilíaca, paralelamente e cranialmente ao ligamento inguinal. As lâminas superior e inferior da aponeurose aberta são liberadas e afastadas. Os nervos ílioinguinal e ílio-hipogástrico são identificados neste momento. Eles devem ser afastados e preservados sempre que possível. Todavia se impedirem uma fixação adequada da tela é preferível que sejam seccionados, retirando-se o maior segmento possível, de maneira que o coto proximal fique em posição intramuscular. Sua inclusão em suturas ou sua tração definitiva pelos atos operatórios devem ser cuidadosamente evitadas. O cordão espermático agora será isolado com uma manobra que usa pinças curvas, pois a incisão pequena não permite usar o dedo. O isolamento deve ser iniciado com a ponta da pinça curva no ligamento inguinal movimentando cranialmente. Deve incluir os vasos cremastéricos (“blue line” ) e o ramo genital do n. gênito-femoral ao isolar o cordão espermático. Um dreno de Penrose é usado para tracionar levemente em direção à coxa contralateral. Passo 5: divisão do músculo cremaster Ele deve ser dividido longitudinalmente na face ântero-medial, passo facilitado pela tração inferior do dreno de Penrose em direção à coxa. Freqüentemente nas hérnias indiretas encontramos um lipoma de gordura pré-peritoneal lateralmente ao saco herniário, protruindo pelo anel inguinal interno. O lipoma será seccionado com eletrocautério ou ligado com fio cirúrgico se necessário. Ântero-medialmente encontraremos o saco herniário indireto. Não raro, nas hérnias grandes, com lipomas avantajados, este passo de divisão do músculo cremaster deve ser feito antes de isolarmos o cordão espermático, com o fim de criar espaço no campo operatório. Assim, após a retirada do lipoma e redução completa do conteúdo herniário o isolamento do cordão espermático se torna facilitado . Passo 6: dissecção alta do saco herniário É um passo chave para uma bem sucedida inserção do plug tridimensional. O saco herniário, direto ou indireto, deve ser dissecado até ultrapassar os limites do músculo oblíquo interno, ou seja, chegando até o pré-peritônio. No caso da hérnia direta, quase sempre temos uma camada de tecido correspondente à fascia transversalis enfraquecida cobrindo a gordura pré-peritoneal. Ela deve ser incisada para acessarmos a gordura préperitoneal em tom amarelo típico. Neste momento uma gaze é introduzida pelo orifício herniário de forma a criar mais espaço no pré-peritônio para acomodar o plug. Passo 7: manejo do saco herniário ínguino-escrotal Sempre que o saco hérniário apresenta-se fácil de descolar dos elementos do cordão ele será dissecado completamente. Nos casos, entretanto, em que ele for muito longo, alcançando o testículo, poderá ser seccionado em fase mais proximal, reduzindo o tempo cirúrgico, diminuindo a superfície de descolamento , e tornando menor a chance de lesões dos elementos do cordão. Contrário à opinião de muitos cirurgiões, o saco peritoneal distal remanescente não resulta em excessiva formação de hidrocele pós-operatória. Passo 8: inserção do plug O plug do conjunto Perfix Light Plugl é formado por uma tela em formato cônico dotado de pétalas internas. O plug é preparado segurando-se as pétalas internas em uma pinça de anel. O plug será totalmente introduzido no pré-peritônio e logo depois tracionado. A tela externa do plug, cônica, é então aberta com pinças e as pétalas internas deverão ser fixadas na musculatura da parede posterior (assoalho inguinal) com um ou dois pontos de sutura. Com esta manobra o plug fica em posição pré-peritoneal, colado à face posterior da parede. A camada externa do plug funciona como um “patch cônico posterior”. Passo 9: posicionamento do patch A janela resultante sob o cordão deixa acomodar o patch (tela plana do conjunto Perfix Light Plug) que deverá repousar sobre o tubérculo púbico na porção medial, avançando sobre ele por 2 cm. A tela será cortada transversalmente na sua borda inferior para acomodar o cordão espermático. Neste momento o cordão espermático será tracionado cranialmente para procedermos o ponto tríplice (tela-inguinal-tela) que forma novo anel inguinal profundo. Após este ponto de sutura o cordão espermático volta a ser tracionado inferiormente para colocarmos o patch harmonicamente sobre a musculatura da parede posterior do canal inguinal (m. oblíquo interno, tendão conjunto, fáscia transversalis e tubérculo púbico. Devemos respeitar o princípio fundamental de dissecar, seccionar e ligar uma quantidade mínima de tecidos durante o procedimento. Passo 10 : Fechamento Fechamento da aponeurose do m. oblíquo externo com sutura contínua mantendo anel inguinal superficial aberto medialmente.