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Alternativo
Oficina é
ministrada
por técnicos
do Arquivo
Nacional
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O ESTADO DO MARANHÃO · SÃO LUÍS, 11 de maio de 2014 - Domingo
A arte do teatro
dentro de casa
Fotos/Divulgação
Adaptação A vida por um fio , do Grupo Petite Mort e Xama Teatro, será
apresentada em residências de comunidades carentes do Rio de Janeiro, na
segunda edição do Home Theatre Festival Internacional de Cenas em Casa
Ítalo Stauffenberg
Da equipe de O Estado
A
s conversas corriqueiras em meio ao cenário
das rendeiras do litoral
maranhense marcam o novo
projeto A vida por um fio, que
é uma cena-recorte do espetáculo As Três Fiandeiras, do
Grupo Petite Mort e Xama Teatro. O projeto foi selecionado
para ser apresentado na segunda edição do Home Theatre Festival Internacional de
Cenas em Casa, que acontecerá entre os dias 14 a 26 deste
mês, no Rio de Janeiro.
A cena A vida por um fio é
escrita e dirigida por Igor Nascimento, encenada por Gisele
Vasconcelos, com fotografia de
Márcio Vasconcelos e produção
do Grupo Petite Mort e Xama
Teatro. É um recorte das falas de
Dona Chica, uma personagem
do espetáculo As Três Fiandeiras, que foi construída através
de uma pesquisa feita com rendeiras dos municípios de Raposa (MA) e Florianópolis (SC). A
pesquisa reuniu histórias e lendas das protagonistas do artesanato no litoral brasileiro e foi
adaptada para o teatro.
Dona Chica é uma senhora
bastante católica e solitária
que vive no litoral. Ela é viúva
e foi abandonada pelo ex-marido e seis dos seus sete filhos,
que preferiram suas mulheres
a ficar na companhia da mãe.
Somente Ribamar, o filho mais
novo, ficou, mas desapareceu
no mar, após ter ido pescar. “A
peça tem toda uma relação
com a figura feminina e também aborda situações que são
características da população
da Raposa. Por exemplo, lá os
homens são pescadores e as
mulheres rendeiras”, contou a
atriz Gisele Vasconcelos.
Organizada em cinco momentos, a cena começa traçando uma relação com a arte de
narrar. Chica canta canções
Peça aborda lendas e tradições das comunidades pesqueiras
tradicionais de rendeiras e as
mistura com letras de cacuriá
e tambor de crioula para dar
ritmo à encenação que é feita
por meio do canto e em versos.
Após esse primeiro episódio, a
rendeira começa a varrer o
chão, que está repleto de fotografias de pescadores desaparecidos, do mar e de pontos turísticos da Raposa. Surge, então, uma interação com a plateia uma vez que Chica começa a contar sua história e a falar dos filhos, dos maridos, da
pesca e de outras rendeiras.
Em seguida, a personagem
desloca-se ao mar na esperança de encontrar Ribamar, que
está desaparecido há dois dias.
Depois, ela se encontra com
uma personagem ficcional, a
Marivaldinha, que chegou à casa dela para contar da morte do
filho. Nessa circunstância, a peça chega ao seu viés cômico,
pois, por não querer aceitar a
morte de Ribamar, Dona Chica
fala coisas sem sentidos, levantando o astral do público até a
situação em que lhe é revelada
a morte. “A peça carrega situações que eu e algumas pessoas
do Grupo Petite Mort e Xama
Teatro enfrentamos com a morte de alguns entes queridos. Ela
tem essa relação de vida e
morte e como reagimos com a
perda”, disse Gisele.
Esta já é a segunda participação do Grupo Petite Mort e
Xama Teatro no Home Theatre
Festival Internacional de Cenas em Casa. Ano passado, a
atriz Gisele Vasconcelos apresentou a cena Cárcere, de Maria Aragão, num fragmento da
peça Besta Fera.
A atriz Gisele Vasconcelos tem 20 anos de carreira e nesse monólogo se inspira em mulheres rendeiras
Festival – O Festival Home
Theatre está na sua segunda
edição e acontecerá ainda neste mês. A primeira edição foi
premiada com o Prêmio Shell
2013 na categoria Inovação. As
apresentações das 10 cenas,
escolhidas depois de uma seletiva em que mais de 150 inscrições de artistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais,
Ceará e Maranhão, serão em
20 casas na Pavuna e em comunidades na cidade do Rio
de Janeiro (Rocinha, Borel, Batan e Cidade de Deus) nos dias
15,16, 22 e 23 deste mês.
Minha rua tem história,
Teatro na Porta, Parei de ser fôlego (Performance-Happening
da Cia Terceiro Mundo com direção de Emanuel Aragão), Seminário internacional sobre a
saúde entre Arte e Cidade, Oficinas para jovens atores, apresentação de O Rico Avarento,
de Ariano Suassuna, direção de
Alexandre Damascena, com os
atores da oficina de teatro da
Arena Jovelina Pérola Negra e
uma homenagem a Raul de
Orofino serão algumas das
atrações deste ano do festival.
A participação maranhense
no festival através da cena A vida por um fio acontecerá nos
dias 22 e 23. No dia 25, a partir
das 17h, na Arena Jovelina Pérola Negra (Pavuna/RJ), o grupo maranhense concorrerá na
Mostra Competitiva, que é a
cerimônia de premiação de
melhor cena e melhor ator ou
atriz do ano no festival. “É uma
satisfação muito grande para
a gente estar participando deste festival que tem ganhado
destaque no cenário teatral
brasileiro”, frisou Gisele Vasconcelos.
Projetos – As atividades do
Grupo Petite Mort e Xama Teatro não param e o coletivo maranhense de teatro já tem projeto aprovado pela Fundação
de Cultura Palmares e pela UFMA, que se chama Minha Mãe
Preta. O projeto está no período de realização de oficinas de
formação que vão atender 200
jovens numa parceria com a
Semed. Serão oferecidas oficinas de teatro, dança, história,
artes visuais e uma montagem
final com os artistas do Xama
Teatro e convidados para o espetáculo Minha Mãe Preta.
Outra empreitada de sucesso do grupo maranhense consiste na apresentação do espetáculo A carroça é nossa, que
leva o teatro de rua para os interiores do estado do Maranhão. Este projeto é assinado
por Gisele Vasconcelos, Renata Figueiredo, Cris Campos e
Lauande Aires e teve a última
apresentação na Semana de
Teatro do Maranhão, Praça
Paulo Rodrigues, no município de Cantanhede. A meta do
grupo é expandir o espetáculo e encená-lo pelas estradas
que percorrem o Maranhão
até Minas Gerais.
Mais
Gisele Vasconcelos completa 20 anos de carreira
no teatro neste ano. Sua
estreia nos palcos acontece u e m n ove m b ro d e
1994, com o espetáculo
Os Saltimbancos , ao lado
dos atores Cláudio Silva,
Zezé Lisboa e Josimael
Caldas. Ela é professora
do Departamento de Artes
da UFMA, e realiza pesquisa de doutorado sobre
o ator-narrador no Programa de Pós-Graduação
da ECA/USP. Atualmente
coordena o projeto de extensão Minha Mãe Preta ,
na UFMA, e participa do
processo de montagem do
espetáculo do grupo Xama Teatro, As Três Fiandeiras , como ação para a
pesquisa de doutorado em
andamento.
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