i INSTITUTO HOMEOPÁTICO JACQUELINE PEKER CURSO DE ESPECIALIAZAÇÃO EM ACUPUNTURA VETERINÁRIA IRIDOLOGIA E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA NO DIAGNÓSTICO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA : UM ESTUDO DE CASO ISABEL MARIA KENDALL ARNAO PINTO DE ABREU CAMPINAS 2013 ii IRIDOLOGIA E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA NO DIAGNÓSTICO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA : UM ESTUDO DE CASO ISABEL MARIA KENDALL ARNAO PINTO DE ABREU CAMPINAS 2013 Monografia apresentada no Instituto Homeopático Jacqueline Peker, como parte integrante do Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária Orientadoras Maria Aparecida Santos Cecília M. R. Tavares iii PINTO DE ABREU, ISABEL MARIA KENDALL ARNAO. Iridologia e medicina tradicional chinesa no diagnóstico da insuficiência renal crônica : um estudo de caso. Campinas, 2013, 25 pag Trabalho de conclusão de Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária – Instituto Homeopático Jacqueline Peker, Campinas, SP RESUMO A iridologia é o estudo da irís (parte colorida dos olhos), cuja proposta é ser uma ferramenta auxiliar de diagnose orgânica mostrando a condição inata, e o processo de desgaste corpóreo atualizado através de suas fibras radiais, de manchas de melanina e impregnações de toxinas. Constatou-se nesta pesquisa que a iridologia é uma ciência ainda pouco utilizada em animais no Brasil e precisa de maiores pesquisas neste âmbito. Este trabalho adotou o seu uso como auxiliar do diagnóstico da Medicina Tradicional Chinesa em cães com Insuficiência Renal Crônica. Foi utilizado o mapa de iridologia humana de Bernard Jensen, fazendo uma analogia com o organismo animal . Fotografou-se a irís de um cão com Insuficiência Renal Crônica e apurou-se a existência de um sinal de melanina na região correspondente aos rins no mapa da irís. A conclusão deste estudo aponta para a importância da utilização da iridologia como auxiliar da medicina tradicional chinesa para diagnóstico precoce e tratamento preventivo. Palavras chave: Iridologia, irisdiagnose, rins, insuficiência renal crônica, medicina tradicional chinesa iv SUMÁRIO Lista de figuras ........................................................................................................................................ v Lista de abreviaturas ...............................................................................................................................vi Introdução ................................................................................................................................................1 1 Desenvolvimento 1.1 Iridologia ...............................................................................................................................3 1.2 IRC na medicina ocidental....................................................................................................8 1.3 IRC na medicina tradicional chinesa ..................................................................................11 1.4 Caso clinico ........................................................................................................................12 1.5 Tratamentos realizados.......................................................................................................14 Implicações e conquistas .......................................................................................................................16 Conclusão ..............................................................................................................................................17 Referencias bibliográficas.......................................................................................................................18 v Lista de figuras Figura - 1 : Os graus de inflamação: 1- aguda; 2 - subaguda; 3 - Crônica; 4 - degenerativa Fonte: Khalsa,2009, p 21....................................................................................................................................1 Figura - 2 : Distribuição radial. Fonte; BATELLO, 1999, p 66...............................................................3 Figura - 3: Disposição concêntrica ¨em cebola¨ . Fonte : BATELLO, 1999, p. 66.................................4 Figura - 4 : Disposição superior, media e inferior segundo Bernard Jensen ...........................................5 Figura - 5 : Mapa de Bernard Jensen Fonte (Khalsa, 2009, p 19) com a localização dos órgãos que deveram ser visualizados inicialmente ....................................................................................................5 Figura -6 : Olho humano direto e esquerdo com os órgãos de choque assinalados, foto tirada de punho próprio em 2012, arquivo pessoal................................................................................................5 Figura -7: Iris do paciente canino com IRC, com os órgãos de choque assinalados. Foto tirada por punho próprio em 2012, arquivo pessoal..................................................................................................6 Figura – 8 . Correspondência dos 5 elementos para comparação e localização com o microssistema do olho. Tabela retirada do Livro O canto das Vinte sendas e seus Vales , Padilla, 2004, 265 pg. .............6 Figura – 9: Relação entre os cinco elementos na MTC e o mapa de Jensen, com a marcação dos das regiões abrangidas por eles ..................................................................................................................... 7 Figura - 10: Olho esquerdo do paciente mostrando a mancha psorica na região dos rins ...................12 Figura – 11 : Olho esquerdo humano com mancha psorica na região dos rins .....................................13 Figura – 12 : Mapa de Bernard Jensen representando o olho esquerdo, e com a região dos rins assinalada ...............................................................................................................................................13 vi Lista de Abreviaturas IRC- insuficiência renal crônica MTC - medicina tradicional chinesa B - bexiga VB - vesícula biliar VG - Vaso governador R -Rim BP - Baço e Pâncreas VC- Vaso concepção PC -Pericárdio LC – lacuna MP- mancha psorica 1 INTRODUÇÃO A Iridologia vem se apresentar como um complemento ao diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), já que um dos principais conceitos dela, é a existência de correspondência entre as várias partes do corpo com a irís. A moderna iridologia surgiu em fins do século 19, através da obra do médico húngaro Ignatz von Peczeley. Ele descobriu a iridologia observando a íris de uma ave silvestre, isto nos induz a concluir que esta ciência como método auxiliar de diagnóstico se adapta com perfeição aos moldes doutrinários da medicina veterinária clássica. (MENEGHELLO, 1996). A partir deste estudo Peczeley, elaborou um mapa iridológico onde mostra a representação topográfica de todos os órgãos, e que no início do século XX foi sistematizado pelo norte americano Bernard Jensen (BATELLO, 1999). Jensen, relata que a iridologia não faz diagnóstico, mas dá a entender os graus de inflamação do organismo, ou seja, os estágios agudo ( irritado, branco ), subagudo ( marrom claro ), crônico (marrom avermelhado ), e degenerativo ( preto ) em que se encontram os diferentes órgãos, bem como suas debilidades (BATELLO, 1996). Figura - 1 : Os graus de inflamação: 1- aguda; 2- subaguda; 3- Crônica; 4- degenerativa Fonte: Khalsa,2009, p 21 2 A Iridologia, hoje em dia, é baseada em sinais constitucionais, trazidos desde o nascimento e impregnados na maturação iridológica. Isso significa dizer que os sinais iridológicos são como cargas genéticas que estão prontas para serem ativadas, bastando para isso uma oportunidade ambiental e/ou circunstancial. Por esta razão, assim como os genes, podem ou não desenvolver patologia ( SANTOS, 2010). A iridologia, na ótica de Ramirez (1987), tem sua aplicação dentro da Medicina Veterinária graças ao convívio dos animais domésticos no mesmo ambiente que os homens, fazendo com que haja influências das enfermidades, e essas se manifestem na íris, da mesma maneira que ocorrem com os homens, (RAMIZER, 1987 in COSTA, 2007). Isso irá depender dos sinais genéticos que marcam os órgãos-choque na iris do animal. Entende-se aqui órgão-choque como aquele cuja iris é marcada com a Mancha Psorica (MP) e/ou Lacuna (LC). 1 Utilizamos aqui como parâmetro de análise, o mapa iridológico de Bernard Jensen, da escola americana por ser o mais empregado em medicina veterinária no que se refere a cães e gatos mundialmente. Para melhor situar, na Medicina Veterinária, Meneghello (1996) ressalta alguns itens observados em seus estudos sobre uma boa avaliação da íris de animais: a) constituição; b) integridade e características gerais do tubo digestivo; c) Debilidade genética dos órgãos e tecidos; d) Inflamação dos tecidos; e) Pobre assimilação de nutrientes; f) Supressão indicada pelos sinais de cronificação; g) Avaliação da terapia utilizada; h) Impregnações tóxicas nos órgãos e tecidos; i) Qualidade da força nervosa avaliada através da Banda do Sistema Nervoso Autônomo; j) Lesão do tipo aguda, crônica ou degenerativa. (MENEGHELLO, 1996, in COSTA, 2006). Neste trabalho escolhemos focar o item c) Debilidade genética dos órgãos e tecidos, facilitando a comparação da Mancha Psorica encontrada no órgão-choque do animal pesquisado com a carga genética e a MTC. Diante do quadro clinico de IRC, e dos resultados do hemograma e ultrassonografia, foi realizada uma a analise na iris do paciente de modo a confirmar a presença de um sinal genético na área dos rins. Pela MTC a IRC pode ser decorrente de três fatores: deficiência de yin do Rim, deficiência de yang ou Qi do Rim ou ainda pela deficiência da energia essencial (jing). Através dessa analise podemos melhor definir qual o tipo de deficiência, unindo assim aos outros dados de anamnese da acupuntura e direcionando melhor o tratamento. 1 MP.....Camada de melanina sobre a irís formando manchas arredondadas ou não, nas cores preto, marron ou ferrugem. Marcas orgânicas com carga genética forte passíveis de desenvolver desiquilibrio metabólico na região demarcada no mapa. LC Tecido da íris frouxo, formando pétalas arredondadas. Estes sinais estão relacionados fundamentalmente a via de expressão emocional. 3 1. DESENVOLVIMENTO . 1.1 Como observar a iris e utilizar o mapa de Bernard Jensen A Iris esquerda é um espelho da direita no sentido de mostrar os órgãos. Na íris direita encontra-se a representação dos órgãos do lado direito e na íris esquerda a representação dos órgãos do lado esquerdo; mas devem ser observadas como um TODO, assim como duas metades de uma mesma laranja. Os órgãos pares estão representados respectivamente um de cada lado, e os ímpares apenas no lado em que estão anatomicamente (ver figura 4) (BERDONCES,1987). Devem ser examinados os detalhes, sempre da pupila para a periferia, localizando os órgãos primários: estomago, intestinos, pulmão, coração ,rim e fígado ( ver figura: 6) . Principalmente nos cães e nas aves onde é possível estabelecer um parâmetro com o mapa dos humanos, servindo como referencial para identificar as demais áreas. (MENEGHELLO, 1996 in COSTA, 2007). Na observação da íris quanto a sua constituição, é possível contemplar a predisposição do animal à doença. Animais de constituição forte apresentam fibras compactas, sem relevo e com uma coloração uniforme e brilhante e raramente apresentam patologias. Já animais de constituição fraca apresentam fibras irregulares, frouxas, com formas e contornos variados em toda a sua extensão. Além disso, diferenças em sua tonalidade podem sugerir diversas patologias no decorrer de sua vida e, portanto merecem atenção especial. Um exemplo de animais que possuem constituição fraca são aqueles que passam por sucessivos cruzamentos consanguíneo ( COSTA, 2007). Para uma mais fácil localização se usa o sistema radial semelhante à distribuição das horas do relógio ( ver figura 2) onde cada segmento corresponde à localização de um ou mais órgãos, (ibidem). Figura- 2: Distribuição radial. Fonte; Berdonces, 1999, p 66. 4 Figura - 3: Disposição concêntrica ¨em cebola¨ . Fonte : Batello, 1999, p. 66. A análise da íris deve ser feita através do método da disposição concêntrica “em cebola“, das sete áreas que são conhecidas. (ver figura 3) Figura - 4 : Disposição superior, media e inferior segundo Bernard Jensen Para o entendimento do mapa, a parte superior corresponde à região de cabeça e adjacências, a parte medial corresponde ao tórax e abdômen e a inferior á pelve e membro inferior (ver figura 4 ). 5 Figura - 5 : Mapa de Bernard Jensen Fonte (Khalsa, 2009, p 19) com a localização dos órgãos que deveram ser visualizados inicialmente. Figura 6 : Olho humano direto e esquerdo com os órgãos de choque assinalados, foto tirada de punho próprio em 2012, arquivo pessoal. 6 Figura 7: Iris do paciente canino com IRC, com os órgãos de choque assinalados. Foto tirada por punho próprio em 2012, arquivo pessoal Existe uma carência muito grande de pesquisas e literaturas específicas no que se refere ao uso da Iridologia em Medicina Veterinária, prova disto é a inexistência de mapas iridológicos das diferentes espécies animais (MENEGHELLO, 1996), entretanto esforços têm sido despendidos nesse sentido (CARVAJAL, 1987, in VASCONCELOS, 2012). Nos trabalhos de iridologia e Medicina Veterinária, em cães, gatos e aves os autores recorrem ao mapa humano de Bernard Jensen, comparativamente ele é o mais completo e mais usado. Os sinais encontrados na iris que são correspondentes a alguma área do mapa indicam uma probabilidade de fragilidade inata nessa área ou mesmo uma desordem patológica. Figura – 8 . Correspondência dos 5 elementos para comparação e localização com o microssistema do olho. Tabela retirada do Livro O canto das Vinte sendas e seus Vales , Padilla, 2004, 265 pg. 7 Relação existente entre os 5 elementos e o mapa de Jensen, o olho como um microssistema Figura – 9: Relação entre os cinco elementos na MTC e o mapa de Jensen, com a marcação dos das regiões abrangidas por eles. Água Fogo Madeira Terra Metal Utilizando o mapa de Bernard Jensen podemos fazer a correspondência com os 5 elementos onde encontramos além da localização dos órgãos e entranhas, as suas projeções. (Ver figuras 8 e 9). 8 1.2 Insuficiencia Renal Crônica na Medicina Ocidental A insuficiência renal crônica, ou IRC, é a doença renal mais comum em cães e gatos idosos, sendo caracterizada por lesões estruturais renais irreversíveis, ( POLZIN 1997, p. 2394) porem pode ocorrer em qualquer idade. Independentemente da causa primária, a IRC apresenta lesões estruturais renais irreversíveis que causam declínio progressivo e irreversível da função desse órgão que, por sua vez, acarretam uma série de alterações metabólicas. Existem três origens para a IRC: congênita, familiar e adquirida. Geralmente, a ocorrência de IRC é baseada em causas congênitas e familiares com base na raça e histórico familiar, idade de surgimento da afecção ou através de dados radiográficos e ultrassonográficos (NELSON & COUTO,2006). Os sinais mais comuns da enfermidade são: polidipsia (aumento do consumo de água) , poliúria (micção em excesso), apatia, perda de apetite e vômitos, anemia não regenerativa e rins pequenos e irregulares. A insuficiência renal crônica é causada por um processo normal de envelhecimento, devido ao declínio do funcionamento renal com o tempo. As alterações patofisiológicas na IRC resultam na insuficiência dos rins em realizar as funções excretora, reguladora e sintética normais. Ao perder a função excretora teremos como causa a retenção de substâncias nitrogenadas ( por exemplo, uréia e creatinina), que são eliminadas através da filtração glomerular. A incapacidade de realizar as funções reguladoras leva a alterações nos equilíbrios eletrolíticos, ácido-base e hídrico. Falha na síntese da eritropoetina leva a anemia não regenerativa e a redução da conversão da vitamina D em seu metabólito ativo causa prejuízo da absorção intestinal de cálcio e hiperparatireoidismo secundário renal ( BICHARD, 2003). Como a doença é progressiva e irreversível, o prognóstico para os cães afetados é ruim. Embora o tratamento raramente melhore as funções renais dos cães afetados, pode aliviar os sintomas e trazer um maior conforto para o animal. Cães afetados pela enfermidade têm uma expectativa de vida que pode variar de meses a alguns anos, dependendo dos fatores causais e de como estes fatores são tratados. 9 Sinais Clínicos Os sinais clínicos mais comuns de insuficiência renal crônica são, polidipsia, aumento do consumo de água, e poliúria, ou micções mais freqüentes. Outros sinais são, letargia, anorexia, perda de peso, vômitos, diarréia, úlcera gástrica e/ou intestinal, mau hálito, fraqueza e intolerância ao exercício, ou inabilidade de se exercitar normalmente sem se cansar. Se associada à hipertensão (pressão alta), a insuficiência renal crônica pode levar à cegueira. O exame físico revela sinais relacionados com a uremia, desidratação e fraqueza, mucosas pálidas e emagrecimento. No hemograma é possível observar leucocitose, monocitose, aumento no hematócrito e nas plaquetas plasmáticas compatíveis com a desidratação. As anormalidades bioquímicas incluem azotemia e hiperfosfatemia. Já na urinálise revela uma densidade específica urinária tanto com isostenúria (1.008-1.013) quanto concentrada (<1.025). (BICHARD, 2003). A anorexia e perda de peso são achados inespecíficos comuns que podem preceder outros sinais de uremia. A anorexia pode se apresentar inicialmente como apetite mais seletivo, com preferência por alimentos mais palatáveis. A perda de peso decorre de ingestão calórica inadequada, dos efeitos catabólitos da uremia, e da má absorção intestinal secundária a gastrenterite urêmica, (RUBIN,1997, in MARTINS, 2003). O vomito é achado frequente em casos de uremia. Resulta dos efeitos de toxinas urêmicas e da gastrenterite urêmica. Nos casos de IRC grave pode ocorrer estomatite urêmica, caracterizada por ulcerações orais, alteração da coloração da superfície dorsal da língua , halito urinífero . As mucosas podem também tornarem-se secas,(POLZIN et al, 1997). Os sinais clínicos da disfunção do sistema nervoso em cães podem ser: apatia, sonolência, letargia, tremores, desequilíbrio na ambulação, mioclonia, convulsões, estupor e coma. (POLZIN et AL, 1997) Achados laboratoriais A azotemia, a hiperfosfatemia e anemia não regenerativa estão geralmente presentes. O exame ultrassonografico demonstra aumento da ecogenicidade , com perda do limite corticomedular normal e redução do tamanho renal.(NELSON; COUTO, 2006) 10 Terapêutica pra cães com IRC O tratamento é dirigido para a melhora de vários distúrbios que podem contribuir com a progressão da insuficiência renal. Controle dos sinais clínicos de uremia, a manutenção dos equilíbrios hídrico, eletrolítico e ácido-base adequados, suprimento de nutrição adequada e a minimização da progressão da insuficiência renal. Descontinuar todos os fármacos potencialmente nefrotóxicos. Identificar ou tratar toda e qualquer anormalidade pré ou pós-renal. Descartar ou identificar qualquer condição tratável, tais como pioelonefrite e urilitíase. Mensurar a pressão sanguínea. Cães com insuficiência renal crônica moderada podem ser tratados com medicamentos e dietas apropriadas. Pode-se prescrever ração canina com menor teor de proteína, fósforo e sódio do que a normal e assim reduzir a carga e trabalho dos rins (BERSTEIN, 2004). Se houver hiperfosfatemia, fazer dieta com restrição de fósforo e adicionar quelantes de fósforo entéricos. Tratar a êmese e a gastroenterite, se estiverem presentes, com: a) Metoclorpramida; b) Trimetobenzamida; c) Clorpromazina; d) Bloqueadores de H2 2 . Tratar a anemia, se estiver presente com : a) Esteroides anabolizantes; b) Eritropeotina humana recombinante. O prognóstico de longo prazo para a insuficiência renal crônica é desfavorável, já que a doença é progressiva e irreversível. O gato tem uma expectativa de vida que varia de alguns meses a alguns anos. Alguns animais apresentam complicações graves que não podem ser revertidas mesmo com tratamento intensivo. A eutanásia é uma opção para os animais que estão em grande sofrimento. Hoje já se encontra disponível o tratamento de suporte para a DRC com o auxilio da Hemodiálise e da Diálise Peritoneal. A Hemodiálise assim como a Diálise Peritoneal são processos de substituição temporária da função renal, diminuindo as concentrações de toxinas urêmicas. O tratamento da DRC, embora seja paliativo, é de extrema importância, pois, melhora a condição geral do paciente, evitando que as toxinas acumuladas no sangue, danifiquem outros sistemas orgânicos como, cérebro, estômago, intestinos e sistema cardiovascular. (CORSI, 2007) 2 Ranitidina e Cimetidina são exemplos de bloqueadores H2 mais usados. 11 1.3 Insuficiência Renal Crônica e Medicina Tradicional Chinesa Na MTC a IRC é causada por dano à essência do rim (idade avançada, doença crônica, alterações congênitas), levando a uma deficiência do Qi, Yang ou Yin do Rim, ou ainda deficiência de Jing (energia do Rim) Deficiência do Yin do Rim Na deficiência do Yin do Rim, os sintomas incluem polidispia, disúria, fraqueza lombar e perda da audição. O animal se encontra magro desidratado e procura pelo frio e locais frescos, apresenta boca seca e extremidades mais quentes. Língua vermelha, seca podendo apresentar ulceras. Pulso profundo, fraco, fino e rápido. (XIE, 2011) Deficiência do Yang ou Qi do Rim Os sintomas incluem urina clara e abundante, queda de dentes, região lombar dolorida e perda da audição. O animal se encontra fraco e debilitado, procura por locais quentes e pode apresentar edema de membros e região ventral e extremidades frias. Língua pálida e úmida, com cobertura úmida. Pulso é profundo, fraco e lento. (LOBO JUNIOR, 2011) Deficiência de essência (Jing) do Rim A deficiência de Jing do Rim está presente em todos os casos de doença renal crônica (IRC), pois esta envolve envelhecimento ou consumo de essência, no caso de injuria renal. Os sintomas incluem IRC de inicio precoce, má conformação dentária e mandibular, ossos fracos e doenças de desenvolvimento ósseo. O animal tende a deficiência yin ou yang. Língua pálida ou vermelha Pulso fraco. (LOBO JUNIOR, 2011) A perda da essência do rim acarreta deficiência de sangue , uma vez que uma das funções da essência do rim é produzir medula óssea. A anemia não regenerativa é um padrão comum na progressão da IRC, devido á diminuição de produção de eritropoetina.(LOBO JUNIOR, 2011) 12 1.4 Caso clinico Animal da espécie canina,fêmea, raça Poodle, nascimento ignorado. O animal foi encontrado na rua em 2001, e já teria aproximadamente 2 anos, hoje por volta de 14 anos . Castrada em 2007. Temperamento tranquilo. Gosta de locais escuros, é muito friorenta e medrosa. É considerada pela dona como uma cadela preguiçosa. Em Setembro de 2011 animal apresentou perda de peso rápida e acentuada, com vômitos frequentes e diarreia esporádica. Peso alcançando na época foi de 8kg, onde pesava anteriormente 10kg. No hemograma observou-se leucopenia, trombocitopenia, anemia microcítica normocrômica regenerativa, hiperproteinemia. Ureia 143,0 mg/dL onde os valores de referência são 10 a 60 mg/dL, e Creatinina 1,9 mg/dL com valores de referência são 0,5 a 1,5 mg/dL. Na ultrassonografia dos rins foram observados córtices renais difusamente ecodensos, com perda dos limites normais corticomedulares, e diminuição do tamanho dos mesmos, condizente com o quadro de insuficiência renal crônica. Pulso fraco, profundo. Lingua pálida. Foi iniciado o tratamento com acupuntura semanalmente e fitoterapia chinesa. Quinzenalmente realizada a administração de fluido terapia. Tratamento sintomático e mudança de alimentação. Mensalmente foi realizado um hemograma, onde se notou que a anemia não estava mais presente, mas a leucopenia e hiperproteinemia se mantinham uma constante. A ureia e creatinina mantiveram seus níveis elevados. 13 Figura - 10 : Olho esquerdo do paciente mostrando a mancha psorica na região dos rins, acervo pessoal. Figura -11: Olho esquerdo humano com mancha psorica na região dos rins, acervo pessoal. Figura - 12: Mapa de Bernard Jensen representando o olho esquerdo, e com a região dos rins assinalada. 14 1.5 Tratamentos realizados no paciente: Inicialmente utilizamos antieméticos e bloqueadores de H2. Foi realizada também a mudança na alimentação com introdução de ração pra pacientes renais e comida caseira quando o apetite estava mais seletivo. Esse alimento era composto de arroz, cenoura, agrião, brócolis e frango. Pontos escolhidos pra tratamento pela MTC, segundo o diagnóstico de deficiência de essência (jing) do Rim e Yang do Rim e sua justificativa para a escolha: 23 B Shenshu, Buraco do Rim, Fortalece os rins, o qi, e o yang, beneficia o jing e nutre o yin dos rins. Puntura e moxa. 52 B Zhishi , Assento da Vontade , fortalece a energia essencial. Puntura e moxa. 4 VG Mingmen, Portão da Vida, tonifica o yang dos rins. Puntura e moxa. 25 VB Jingmen, Portão da Origem, ponto Mo de rim, tonifica os rins, regula o caminho das águas. Puntura. 3 R Taixi, Grande Desfiladeiro, ponto fonte do Rim, tonifica o yin do rim. Puntura. 6 BP Sanyinjiao, Encontro dos 3 yins, nutre o sangue e o yin.Puntura. Para a deficiência de sangue: 39 VB Xuan zhong, Sino suspenso, beneficia a medula, mestre da medula, elimina vento e umidade, filtra calor na vesícula. 10 BP Xue hai, Mar do sangue, fortalece o sangue, elimina a êxtase sanguínea. 17 B Ge shu, Shu do diafragma, nutre e harmoniza o sangue e o yin. Em caso de vômito: 6 PC Nei guan, Barreira interna. Harmoniza o estomago, principalmente no caso de náuseas e/ou vômitos. 12 VC Zhong Wan, Celeiro central, Mo de estomago, diminui o qi de contrafluxo. O tratamento é realizado semanalmente por tempo indeterminado. Fitoterapia escolhida para o tratamento inicialmente: Huan Shao Dan, tonifica Yin do rim e fígado, Essência Vital, sangue, fortalece ossos e medula. Indicada para envelhecimento precoce, esgotamento da Essência vital (Yin, yang, Qi e Xue). 15 Diante do resultado da ultima ultrassonografia onde se relata o achado de um cisto no Rim esquerdo foi incluído o ponto: 40 E Feng long, Rica abundância. Mestre da fleuma, remove a umidade. RESULTADOS ATUAIS No hemograma realizado dia 19/02/2013 apresentava anemia normocítica normocrômica regenerativa, linfopenia e trombocitopenia. Ureia 170,0 mg/dL onde o valor normal é de 10 a 60 mg/dL e creatinina de 2,9 mg/dL para valores normais de 0,5 a 1,5 mg/dL. Na ultrassonografia realizada dia 07/03/2013, foi observada moderada alteração de contorno, relação corticomedular alterada – cortical espessada e medular diminuída, limite corticomedular mal definido. Sugestivo de nefropatia crônica, insuficiência renal crônica. Foi visualizada uma formação cística em córtex caudal do RE, medindo 0, 72 cm. O animal encontra-se com bastante disposição, mais animado. Brinca com o proprietário inclusive. Engordou, encontrando-se agora com 10 Kg de peso que era seu normal antes de apresentar a patologia. Ainda procura locais escuros e quentes, mas com menos intensidade. Vomita eventualmente. 16 IMPLICAÇÕES E CONQUISTAS A contenção do animal é maior problema técnico encontrado no exame iridológico em veterinária. O uso de drogas sedativas é contra indicado pois promove alterações pupilares, e o stress também provoca midríase além da membrana nictitante ou terceira pálpebra que vai limitar o campo de visualização da íris. Diante disso o exame deve ser rápido e direcionado para os órgãos alvo. Neste trabalho usamos uma maquina fotográfica Sony Cyber-shot de 14 megapixel modelo DSC-W330, acoplada a uma lente especial pra iridologia fabricada pela Optiview, e uma lupa de aumento de 3 a 6x com luz de led, e uma lanterna pequena. Tivemos problemas nas fotos e após algumas tentativas, observamos que se for usado o obturador com repetição a qualidade das fotos fica muito melhor, já que obtém várias fotos em menos tempo. Essa foto é posteriormente comparada com o mapa de Bernard Jensen. No caso de lentes de aumento convém fazer marcações no mapa na hora da observação da iris para posterior análise. 17 CONCLUSÃO Na pratica clinica alguns dados importantes podem nos passam despercebidos, outras vezes é o proprietário que não nos traz toda a informação. Além disso, por vezes não conseguimos observar a língua e/ou sentir o pulso em certos pacientes e tudo isso pode interferir no nosso diagnóstico da MTC. A iridologia vem como mais uma opção para fechar ou confirmar o diagnóstico. A Iridologia não identifica doenças médicas, mas nos mostra as condições do corpo que podem eventualmente levar a desequilíbrios e agressões. Desta forma, a iridologia pode ser de grande benefício na prevenção de doenças antes de se manifestarem, utilizando a MTC preventiva para conduzir o corpo em um estado mais elevado de saúde. Com o aumento de pesquisas no país, logo teremos um mapa voltado pra cães e gatos. O ideal seria fazer da iridologia mais um item de nossa anamnese, assim poderíamos nos adiantar e prevenir determinadas patologias. No caso deste animal, se rotineiramente tivéssemos feito a analise da Iris, acredito que poderíamos ter adiado o aparecimento da doença tonificando o órgão alvo. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Berdonces, J.L. El Gran Líbro de la Iridología – Integral. Barcelona. 1987. 284p. Bernestein, Karine K. F; Bernstein, M. 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