UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
ÁREA DE AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA
RICARDO BAROSSI LUDWIG
ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES TÉCNICAS AGRÔNOMICAS
DESENVOLVIDAS NA EMPRESA SOLLO SUL LTDA
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO
PATO BRANCO
2012
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CURSO DE AGRONOMIA
RICARDO BAROSSI LUDWIG
ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES TÉCNICAS AGRÔNOMICAS
DESENVOLVIDAS NA EMPRESA SOLLO SUL LTDA
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO
PATO BRANCO
2012
RICARDO BAROSSI LUDWIG
ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES TÉCNICAS AGRÔNOMICAS
DESENVOLVIDAS NA EMPRESA SOLLO SUL LTDA
Relatório
de
Estágio
Curricular
Supervisionado, Área de Assistência Técnica
apresentado ao Curso de Agronomia da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Câmpus Pato Branco, como requisito parcial à
obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.
Orientadora:
Profª. Dra. Marlene de Lurdes Ferronato
PATO BRANCO
2012
AGRADECIMENTOS
A Deus por nos proteger dos locais insalubres que a profissão requer e que
infelizmente não é mais reconhecida para a classe.
Ao Engenheiro Agrônomo, José Pedro Franco, que colaborou muito ao meu
conhecimento prático. Passou o seu exemplo de profissionalismo, competência,
honestidade, uma grande pessoa.
Ao Engenheiro Agrônomo, Roberto Marcante, egresso da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná que me proporcionou realizar estágio na empresa.
Ao Engenheiro Agrônomo, André Iopp, egresso da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, que sempre procurou ajudar da melhor forma possível.
A Professora Doutora Marlene de Lurdes Ferronato, pela orientação do
estágio e pela visita ao local de estágio.
A Professora Doutora Marta Helena Dias, pela visita ao local de estágio.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná que forneceu toda a
infraestrutura necessária à graduação em Agronomia.
LISTA DE SIGLAS
EMBRAPA
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
PR
Unidade da Federação – Paraná
MRI
Manejo de Resistência de Insetos
MIP
Manejo Integrado de Pragas
OGM
Organismo geneticamente modificado
ha
Hectare
alq
Alqueire
CTC
Capacidade de Troca de Cátions.
CTNBIO
Conselho Técnico Nacional em Biossegurança
2
M
Metro quadrado.
SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 8
2.0 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................................................. 9
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................47
8
1.0 INTRODUÇÃO
A relevância da região sudoeste do Paraná ocorre pelo significativo percentual
na participação total na produção de grãos paranaense. Nesta região, verifica-se
heterogeneidade entre os produtores, variando entre produtores pequenos, médios e
grandes, sendo predominantemente composta pelos dois primeiros.
Verificam-se na região aumentos significativos na produção por área, devido a
novas tecnologias oferecidas ao setor e à conscientização do agricultor. O fato das
propriedades não serem de grande porte, exige cada vez mais investimentos para
alcançar boas produtividades, de modo a utilizar o sistema agrícola da forma mais
intensiva possível.
Fica claro como a agricultura é dependente do agronegócio, tanto para
compra e escoamento dos produtos do agricultor quanto para a formação e
manutenção dos cultivos. Uma empresa hoje como o Moinho Iguaçu, situada na
região mencionada e ponto de realização do estágio, proporciona avanços no
escoamento da produção do campo, possibilitando a venda de commodities para os
principais mercados no mundo todo.
A Sollo Sul surgiu em 1991 com o objetivo de buscar junto aos seus
fornecedores e repassar aos seus clientes soluções inovadoras para o aumento e
melhoria da produção agrícola visando a redução de custos para tal, tornando-se um
elo entre as partes. Iniciou suas atividades de forma modesta, manteve-se com
crescimento constante e hoje conta com filiais localizadas em Verê, Realeza,
Capanema, Sede progresso, Laranjeiras do sul, Quedas do Iguaçu e Renascença,
além de Ituporanga – SC. Sua atuação abrange 700 mil hectares de área plantada
com diversas culturas. Conta também com unidades de recepção e armazenamento
de grãos. Atualmente, conta com 10 lojas localizadas em pontos estratégicos. Conta
com 41 engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas que abrangem cerca de 40
municípios.
Na filial em Pato Branco, as principais atividades realizadas pela empresa
são: o comércio de sementes de cereais; o comércio de produtos químicos
(fungicidas, herbicidas, inseticidas, entre outros); acompanhamento técnico de
lavouras. A empresa fornece a opção de venda de insumos em troca de sacos de
soja, a ser estipulado antes da safra. Já o recebimento de grãos e o seu devido
9
processamento
de
armazenamento
e
secagem
é
terceirizado,
para
que
posteriormente haja transporte até Paranaguá para a exportação. As culturas que
serão visualizadas serão os cultivos de Trigo, Aveia, e a implantação da cultura do
Milho. O supervisor de estágio será o Engenheiro Agrônomo José Pedro Franco,
com grande e reconhecida atuação na região.
Durante o estágio supervisionado nos deparamos com muitas oportunidade:
conhecer melhor a dinâmica do agronegócio, conhecer melhor o agricultor, além
oportunidades de emprego, pois neste local circundam representantes das mais
variadas empresas do setor.
2.0 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O estágio está sendo realizado na empresa Sollo Sul LTDA, filial de Pato
Branco - PR, situada no Sudoeste do Paraná. O estágio teve início no dia 16 de
Julho de 2012, sendo supervisionado pelo Engenheiro Agrônomo José Pedro Franco
e orientado pela professora Dra. Marlene Ferronato.
A unidade de Pato Branco atua na comercialização de insumos agrícolas. Os
principais insumos comercializados são fertilizantes, sementes e defensivos químicos (fungicidas, herbicidas e pesticidas). A unidade de Pato Branco tem grande amplitude em suas atividades, até o momento as cidades acompanhadas além de Pato
Branco foram: Vitorino, Itapejara, Mariópolis, Campoerê
Figura 1 - Filial da Sollo Sul em Pato Branco.
10
O quadro de funcionários é formado por uma série de profissionais capacitados sendo supervisionados pelo gerente da unidade Roberto Marcante. Fazem parte
da unidade: Auxiliares de Escritório e Faturamento, Operador de Caixa, Controlador
de Depósito e agrônomos e técnicos agrícolas responsáveis pela assistência dos
clientes no campo. Esses últimos ainda são responsáveis por assessorar os produtores em regulagens de maquinário, tratamento de sementes e orientação quanto à
aplicação dos principais defensivos químicos existentes no mercado.
Figura 2 - José Pedro Franco, supervisor de estágio em conversa com produtor.
Durante esse período de início do estágio, primeiras 100 horas, foram
observadas principalmente lavouras de trigo a qual demanda maiores cuidados já
que os grãos são comercializados e o investimento na cultura é alto. Há na região
trigos em diferentes estádios de desenvolvimento, o que leve a perceber que alguns
agricultores mesmo com assistência técnica, plantam fora do zoneamento
agroclimático da cultura, ponto inicial e fundamental para rendimentos adequados,
que leva em conta a ocorrência de geadas, excesso de chuvas na colheita,
coeficiente fototermal, pluviosidade. Dessa forma visualizamos trigos em diferentes
estágios. Acompanhamos na região as adubações de cobertura com nitrogênio em
muitas propriedades. Geralmente com uréia que contém 45% de N, no entanto exige
umidade no solo para ser liberada, há riscos de volatilização na ausência de
11
umidade ou lixiviação com muitas chuvas. Outros produtores vêm optando por
outras formas de adubação nitrogenada em cobertura como as com sulfato de
amônio, que contém 20% de N, menor concentração, porém menos sujeita a
volatilização.
Observamos que a cultura do azevém (Lollium spp) se comporta como grande
hospedeiro e como fonte de inoculo de doenças da cultura do trigo (Triticum
aestivum), como giberela, manchas e carvões, além de doenças radiculares.
Figura 3 - Sintomas do complexo de manchas do trigo em lavoura de azevém,
hospedeiro de várias doenças.
O azevém é também hospedeiro do fungo que causa o mal-do-pé,
Gaeumannomyces graminis, var tritici, uma podridão radicular importante nas
culturas de centeio, cevada, trigo e triticale. Em lavouras destes cereais de
inverno, com alta população de azevém a eficiência da rotação de culturas no
controle da doença é comprometida. Neste caso as plantas de azevém não são
mortas, apresentam algumas raízes negras suficiente para manter o inóculo no solo.
12
Figura 4 - Planta de azevém hospedeira do mal-do-pé.
Na filial da Sollo Sul em Pato Branco há um pequeno laboratório para diagnóstico de doenças, conta com um computador junto a um aparelho chamado Digi®
lab , fornecido pela empresa BASF. É muito útil na detecção de doenças aumento a
imagem permitindo a melhor identificação dos patógenos. Em dias chuvosos, quando a assistência técnica prefere não sair é um ótimo instrumento.
®
Figura 5 - Aparelho “Digilab ”, útil na identificação de patógenos.
A seguir algumas imagens de patógenos em plantas coletadas a campo:
- Carvão em azevém. Como a cultura possui ressemeadura natural e não há
interesses na comercialização, exceto como cobertura de solo, os produtores não
13
realizam tratamentos fitossanitários, uma doença que é considerada extinta do trigo,
apenas pelo fato de nesta cultura serem realizados tratamentos de sementes, algo
muito eficiente contra este patógeno.
Figura 6 – Carvão (Ustilago spp.) em azevém.
-Giberela em trigo plantado muito cedo, fora de zoneamento climático e sem
cuidados, resultado: infestação por várias doenças. Pode-se visualizar os
esporodóquios de Giberela zeae e coloração salmão tipica do patógeno.
Figura 7 – Giberela (Giberala zeae) em espigueta de trigo.
14
Figura 8 – Inflorescência de trigo infestado por patógenos.
A falta do tratamento de sementes na cultura do trigo é um grande problema,
pois exige do agricultor medidas de controle químico já no ínicio do estabelecimento
da cultura. Alguns produtores investem muito pouco na cultura e ao presenciar uma
situação de alta incidência de doenças chegam até mesmo a abanor a cultura. Esta
passa a se comportar com um inóculo de doenças para outras plantas vizinhas.
Figura 9 - Complexo de Manchas no trigo.
15
Figura 10 - Ferrugem do colmo (Puccinia spp.) em Aveia, na Figura pode se observar as
pústulas, uma elevação da epiderme que posteriormente é rompida liberando seus uredósporos que infectarão novas plantas.
Outro grande problema é falta de controle da soja que fica no campo após a
colheita. Mesmo previsto em lei o vazio sanitário para soja e com multas no caso de
descumprimento, verifica-se pouco cumprimento da norma, com muitas plantas de
soja voluntárias.
Figura 11 - Medida de controle Legislativo: na região do Sudoeste do Paraná os produtores
tem mostrado resistência em seguir as normas.
O maior prejudicado é o próprio agricultor que mantem os patógenos
biotróficos, aqueles que somente se desenvolvem em tecido vivo, necessitando
16
maiores pulverizações na próxima safra devido ao sobrevivimento do fungo em soja
voluntária.
No período entre 4 a 18 de agosto, as principais atividades desenvolvidas na
Sollo Sul foram: a coleta de solo para análise laboratorial e interpretação; assistência
ao plantio do milho; manejo de doenças do trigo no estádio de floração, dessecação
das culturas de cobertura para o plantio do milho.
A coleta de solo para análise laboratorial é um passo importante para se obter
boas produtividades ao final da safra, deve ser feito com cautela de forma
homogênea para não subestimar ou superestimas os valores. Coleta de solo
inadequada ocasiona uma tradução da análise incorreta mostrando números irreais
nos teores de nutrientes e pH do solo da gleba onde foi retirada esta amostra. As
áreas de cultivo são extensas e apenas 500 g de solo vai ser uma representação da
fertilidade em toda a sua extensão.
Em 1 ha de terra temos 10.000 m² ou 1.000.000 dm²; em 10 ha teremos
10.000.000 dm². A camada amostrada para as culturas anuais geralmente são
entrono de 0-10 cm, assim teremos 10.000.000 dm³ que serão representados por
uma amostra de solo de 0,5 dm³ e da qual será analisada 0,05 dm³. Daí a
dificuldade de mensurar de forma correta a fertilidade do solo. Para o sistema de
plantio direto é ainda mais difícil proceder a amostragem do que o sistema
convencional, devido
a permanência das linhas de adubação, de resíduos de
culturas na superfície, e das aplicações de adubos e corretivos contribuem para
agravar o problema. A coleta de amostra de solo pode ser feita em qualquer época
do ano. Para culturas anuais, as amostragens devem ser realizadas de 3 a 6 meses
antes do plantio; no caso de pastagens, 2 a 3 meses antes do maior
desenvolvimento vegetativo; em culturas perenes, as amostras devem ser retiradas
após a colheita.
17
Figura 12 - Amostragem de solo para o plantio do Milho.
Após recebido os resultados das análises de solo, é o momento para interpretar as
análises.
Figura 13 - Análise de Solo de Produtor de Pato Branco – PR.
18
É essencial a correção da acidez do solo através da calagem. No Paraná a
necessidade de calagem baseia-se no valor da porcentagem de saturação por bases
(V%). A recomendação é aplicada em solos que apresentam V% menor que 50%
procurando atingir 65%. A fórmula a ser aplicada é a seguinte (baseada nos valores
em cmolc/dm³ da análise acima): NC (t/ha) = (V2-V1) x T x f / 100.
NC significa necessidade de calcário em t/ha;
T = capacidade de troca de cátions.
V2 = 65% (valor que buscamos)
V1 = valor V na análise. Pode ser calculada, também, V = 100 x S/T
f = 100/PRNT (foi incluído o fator "f" para calcular diretamente a correção do PRNT)
Assim podemos calcular, mesmo a análise fornecendo os valores prontos. É
importante saber daonde os valores tem origem:
Soma de bases (S)
S= K + Ca + Mg + Na = 0,38 + 3,88 + 2,02= 6,28 cmolc/dm3
CTC efetiva (t) = S + Al: 6,28 +
0,20= 6,48 cmolc/dm3
Porcentagem de saturação por Al (m%) = 100 x Al / t = 100 x 0,20/6,48= 3,08%
CTC a pH 7,0 (T) = S + (H+Al)= 6,28 +(0,20+7.56)=14.04 cmolc/dm3
Porcentagem de Saturação por Bases da CTC a pH 7,0 (V%)= 100 x S /T= 100 x
0,447= 44,7%
Porcentagem de Saturação por Ácidos da CTC a pH 7,0 (M%) = 100 – V= 100 –
44,7 = 55,3%
Por fim, temos a fórmula com os dados: NC (t/ha) = (V2-V1) x T x f / 100= 65-44,7 x
14.04/100 = 2,85 ton/ha.
Portanto, a recomendação de calagem para este local ficou em 2,85 ton/ha,
porém a recomendação para a região é a de acrescentar 20% no resultado, ficando
em 3,4 ton/ha de cálcario.
De acordo com os técnicos da empresa, na última década o clima tem se
caracterizado como atípico a cada ano. Este inverno foi marcado pela ausência de
19
geadas nos meses de junho e julho, e por temperaturas acima dos 25° C já no início
de agosto. Assim, vários produtores estavam dispostos a iniciar o plantio do milho já
no início de agosto, mesmo com o posicionamento contrário da assistência técnica.
No entanto, a volta de alguns dias com temperaturas baixas e posteriormente falta
de chuva e umidade no solo levaram os produtores a cancelarem seus planos.
Neste momento, dia 21 de agosto, a espera de chuva é o estopim para o plantio.
Uma chuva abaixo de 8 mm é esperada para segunda-feira.
Um grande problema para esta cultura é quando no momento do plantio a
quantidade limitada de água no solo que ocasiona emergência em períodos
diferentes, desfavorecendo as plantas que emergem em seguida. Para o milho a
perda de algumas sementes germinadas ocasiona grande prejuízo devido a falta de
capacidade da cultura em compensar as sementes perdidas, diferente da cultura da
soja que quando em menor densidade de plantas ramifica-se compensando esta
perda.
Contudo para alcançar o sucesso pretendido com a cultura do milho é
necessária a dessecação correta da cultura de inverno pertencente ao esquema de
rotação de culturas. O sistema plantio direto está ancorado num eficiente
planejamento das culturas em rotação e de sua consequente produção de biomassa.
As culturas escolhidas, de interesse comercial ou simplesmente para cobertura de
solo, devem contemplar aspectos referentes ao manejo da fertilidade do solo,
pragas, doenças e plantas daninhas e propiciar rentabilidade a propriedade rural
. Os resíduos vegetais em quantidades superiores a 4 t/ha, reduzem a
densidade das plantas daninhas, atrasam sua emergência e diminuem a evaporação
da água. Isto possibilita melhorar a eficiência do controle químico, bem como,
reduzir a área efetivamente controlada e as quantidades usadas de herbicidas
(Bianchi, 1997).
A assistência técnica da Sollo Sul recomenda a dessecação da cultura de
inverno para o plantio de milho com antecedência de 30 dias, tanto para azevém
quanto para aveia. Esse período visa facilitar o plantio na palhada seca e evitar
problemas com alelopatia, principalmente a deixada pela azevém.
20
Figura 14 - Ótima cobertura de solo - Aveia preta utilizada como cobertura de solo no
inverno já dessecada para o plantio do milho, buscando atender a recomendação de
antecedência de 30 dias.
Os produtos utilizados para dessecação são a base do ingrediente ativo
glifosato, muito eficiente na dessecação. Todavia, é frequente a falta de cuidado de
alguns agricultores na região, aplicando este herbicida em dias com vento,
ocasionando a deriva. O trigo, por sua vez, também é extremamente sensível ao
glifosato, herbicida sistêmico, sendo afetado em alguns casos de deriva. As perdas
podem ser muito altas com a fitotoxicidade do herbicida visualizadas em algumas
regiões.
21
Figura 15 - Fitotoxicidade de glifosato utilizado na dessecação de aveia por deriva em
propriedade vizinha.
Para garantir uma boa plantabilidade do milho os técnicos da empresa calam o
produto na chegada ao armazém para saber o formato da semente, pois de acordo
com o local da espiga se obtém uma semente de dimensões diferenciadas. Esta
informação é de extrema importância para se saber qual o disco e qual anel devem
ser utilizados no momento do plantio. As sementes de milho são classificadas pelos
produtores de acordo com sua espessura, largura e comprimento. Como se vê na
Figura 16 - Diferentes dimensões de sementes em uma mesma espiga, é necessário a
padronização para a comercialização.
22
Figura 17 - Na Sollo Sul utilizam-se calador para saber o formato da semente, pois mesmo
informando a peneira na embalagem, é frequente a desuniformidade de sementes em um
mesmo lote.
Aproximadamente 70% dos investimentos de uma lavoura de milho são
aplicados no momento do plantio. Além disso, é neste momento que o principal
componente de rendimento da cultura do milho – população de plantas – é definido.
Portanto, a escolha de discos e anéis corretos para a peneira das sementes diminui
o número de falhas e duplas, melhorando a qualidade do plantio. O disco
recomendado é uma sugestão para o início da regulagem da plantadeira por ocasião
do plantio. Condições físicas das plantadeiras e dos discos de plantio, regulagens,
tratamento de sementes, uso de grafite e a velocidade de plantio irão influenciar a
sugestão de disco. A sugestão de disco requer uso do anel correto juntamente com o
disco de plantio, que também são influenciados pelos itens já descritos. Siga as
recomendações do fabricante quanto ao uso de talco ou grafite. A velocidade de
plantio ideal é de 4,0 a 6,0 Km/h. Esta recomendação é válida para todos os tipos de
plantadeiras.
Sugestão de disco e anel: Na sacaria, na parte superior, existe uma série de
informações sobre a semente contida na embalagem. Entre elas você encontra os
itens que indicam: a dimensão do furo (mm); se o anel deve ser liso (0); anel frisado
de 1 milímetro (1); anel frisado de 2 milímetros (2); disco com rampa marca Apollo;
ou disco liso (L). Em qualquer circunstância, o disco deve possuir 28 furos.
23
Figura 18 - Ajuste de discos e anéis de semeadora.
É importante salientar que aproximadamente 80% do milho plantado em nível
comercial são transgênicos, ou seja, plantas que sofreram alterações em seu DNA
por técnicas de engenharia genética. É impressionante como esta tecnologia chegou
rápido aos produtores, considerando
que
a liberação destes organismos
geneticamente modificados teve inicio a partir de 2005, atualmente domina o
mercado. As culturas GM encontradas no mercado atualmente, foram desenvolvidas
utilizando-se uma (ou mais) das seguintes características básicas: resistência aos
danos causado por insetos, resistência a infecções virais e tolerância a certos
herbicidas. Todos os genes usados para modificar as culturas derivam de microorganismos. Através de apuradas técnicas de laboratório, um gene de Bacillus
Thuringiensis Berliner (Bt) foi introduzido em plantas de milho, dando origem ao
milho geneticamente modificado, conferindo alto padrão de resistência da planta a
algumas espécies de Lepidópteros-pragas (ARMSTRONG et al. 1995).
Paralelamente a liberação destas sementes geneticamente modificadas o
governou lançou diversas exigências para o plantio, como a norma de coexistência
com o objetivo de conciliar o milho convencional e o transgênico. Os Requerimentos
de Distância de Isolamento são mandatórios para o plantio de qualquer híbrido
geneticamente modificado, quer sejam híbridos modificados para a proteção contra
insetos ou para a tolerância a herbicidas. Os Requerimentos de Coexistência são
necessários para a proteção do direito do produtor vizinho de plantar híbridos
24
convencionais (não transgênicos).
De acordo com a Resolução Normativa número 4 da CTNBio (Conselho
Técnico Nacional de Biossegurança), os produtores são obrigados a manter
um mínimo de 100 metros de distância de isolamento entre o milho Bt e a lavoura
convencional vizinha. Estes 100 metros podem ser plantados com qualquer cultura
desde que não seja milho geneticamente modificado. Esta distância pode ser
reduzida para 20 metros se 10 linhas de milho não geneticamente modificado,
plantado na mesma data e de mesmo porte do híbrido geneticamente modificado for
plantado
na
bordadura
da
lavoura.
Em ambos os casos, os grãos colhidos na área de milho convencional deverão ser
considerados como milho geneticamente modificado.
Além desta exigência por parte do governo com a implantação de áreas sem
milho geneticamente modificado, há exigência dos produtores de sementes para que
o agricultor plante as áreas de refúgio.
O Refúgio é uma lavoura de milho ou parte de uma lavoura de milho plantada
com híbridos que não contenham a proteína Bt. Se apenas híbridos com a
tecnologia Bt forem plantados na lavoura, os poucos insetos que desenvolverem
resistência a essa proteína e sobreviverem, poderão cruzar com outros insetos
resistentes, transmitindo a resistência para seus descendentes. Por isto, os
pesquisadores consideram que a melhor maneira de evitar o desenvolvimento de
populações de insetos resistentes ao milho Bt é combinar lavouras de milho Bt com
áreas plantadas com híbridos convencionais, isto é, sem a proteína Bt. Estas áreas
devem ser plantadas na mesma época e com híbridos de mesmo ciclo. Desta
maneira,
os
poucos
possíveis
insetos
resistentes
que
sobreviverem
na
lavoura Bt irão cruzar com insetos suscetíveis presentes na lavoura de milho
convencional. A progênie (descendentes destes insetos) será suscetível e, assim,
poderá ser controlada com plantios futuros de milho Bt (Pioneer, 2012).
25
Figura 19 - Esquema de área de refúgio, com objetivo de evitar a resistência de insetos a
tecnologia Bt (Pioneer, 2012).
Requerimentos de Manejo de Resistência de Insetos – Refúgio: Os
programas de Manejo de Resistência possuem cinco requerimentos principais:
1. Tamanho da área de Refúgio: O tamanho da área destinada ao Refúgio deve
ser, no
mínimo,
10%
da
área
total
de
milho plantada
na
fazenda.
2. Proximidade do Refúgio: O Refúgio deve ser plantado, no máximo, a uma
distância de 800 metros da lavoura de milho Bt. Cada produtor é responsável por
obedecer aos requerimentos do Refúgio. Uma lavoura vizinha localizada a uma
distância
superior
a
800
metros
não
pode
ser
utilizada
como
Refúgio
3. Uso de inseticidas: O Refúgio não deve ser pulverizado com inseticidas biológicos
que contenham o Bacillus thuringiensis. Inseticidas químicos podem ser utilizados
para
o
controle
de
pragas,
caso
necessário.
4. Manejo do Refúgio: O Refúgio deve ser plantado na mesma época que o
milho Bt e
com híbridos
de
ciclo
semelhante.
5. Monitoramento da lavoura: Monitorar a lavoura e informar o responsável técnico
sobre qualquer situação inesperada que você observar com relação à lavoura de
milho Bt.
Produtores que plantarem híbridos de milho Bt devem, obrigatoriamente, respeitar
estes Requerimentos de Manejo de Resistência.
Para a cultura do trigo a situação não é muito favorável. Verificam-se neste
momento que os melhores trigos são os plantados em maio, fora do zoneamento,
pois agora em agosto estão na fase de enchimento de grão e devido a um período
aproximado de 15 dias sem chuva, apresentam boa sanidade. Resta saber se não
26
haverá problemas com chuvas na colheita o que afeta muito a qualidade do grão. Os
trigos mais novos, em perfilhamento, sofrem com a falta de água e junto a isso a
impossibilidade de aplicação de nitrogênio via uréia, que requer umidade no solo
para ser eficiente e não volatilizar.
Algumas lavouras com cultivares suscetíveis ao vírus do mosaico transmitido
pelo solo estão doentes com dificuldades de desenvolvimento O potencial de danos
na produtividade é superior a 50% devido à redução tanto do peso de grãos como
do número de perfilhos. A doença ocorre nos EUA, Argentina, Brasil, Inglaterra e
Japão. Os sintomas de SBWM aparecem como manchas irregulares no campo com
as plantas se apresentando cloróticas. Porém, estes sintomas podem ser
confundidos com outras viroses, ou mesmo com outros fatores bióticos ou abióticos.
Em condições de baixa umidade as manchas ocorrem em áreas mais baixas e
úmidas da lavoura, e em condições de alta umidade em qualquer área. A umidade
afeta a disseminação do vetor Polymyxa graminis. Após a infecção verifica-se que as
plantas possuem um porte reduzido e as folhas apresentam sintomas de mosaico
irregular ou de estrias. Algumas estirpes virais produzem rosetas e perfilhos mais
curtos, deixando as plantas compactadas e com excesso de perfilhos. A
característica mais importante para o diagnóstico de SWBMV é a ausência de
sintomas em folhas que emergem sob temperaturas acima de 20 °C (DALBOSCO,
MARISA, 2002).
Figura 20 - Vírus do mosaico SBWM, transmitido pelo solo, ocasionando perdas de
rendimento e cultivares suscetíveis.
27
É muito importante identificar as plantas daninhas nos estádio iniciais, já que
os herbicidas são mais eficientes nesses estádios. Os maiores problemas atuais são
com a Buva (Conyza spp) com resistência múltipla à herbicidas e o azevém (Lollium
multiflorum) resistente ao glifosato. Para controle da buva é preconizado aplicações
no estágios iniciais com mistura de Roundup 5 L/alqueire e DMA 2,4D a
2,4L/alqueire, não obstante, em estádio avançado nada tem sido eficiente contra
esta.
Figura 21 - Buva (Conyza spp.) em estádio inicial, ideal para controle químico.
Figura 22 - Leiteiro (Euphorbia heterophyilla) em estádio inicial, na mesma lavoura.
28
Figura 23 - Planta de Buva controlada com 2,4D + Glifosato.
A falta de chuvas no mês de outubro levou alguns agricultores com costume
em realizar o plantio em agosto, para viabilizar o plantio safrinha, a fazê-lo mesmo
com a recomendação contrária da assistência técnica. Um agricultor a quem
acompanhamos decidiu realizar o plantio dia 20 de outubro, mesmo sem previsões
de chuva. O investimento na lavoura de milho é alto, muito superior ao de outra
cultura como a soja. Este agricultor realizou o plantio em 30 alqueires de milho a um
custo de R$ 500 saco, utilizou 3,3 sacos por alqueire totalizando um investimento
somente com sementes em R$ 49.500,00. No entanto, não se importou com as
previsões e este área encontra-se com problemas de emergência de plântulas com
desuniformidade, pelo fato de talhões mais baixos acumularem mais água e outros
menos.
29
Figura 24 - Falta de uniformidade de emergência de plantas de milho, podemos visualizar na
Figura apenas uma plântula, as vizinhas ainda não germinaram, um grande problema.
Para alcançar altos tetos de produtividade é necessária a maximização da
exploração do ambiente, que acontece de forma mais efetiva quando há
uniformidade entre plantas, proporcionando baixa competição intraespecífica. A
uniformidade da arquitetura das plantas, principalmente em relação à altura, é
conseguida com emergência rápida, completa e regular das plantas (PETR
et
al.,1988).
Além do déficit hídrico outros fatores como contato com herbicidas,
compactação e encrostamento do solo, tamanho da semente, profundidade de
semeadura podem causar a desuniformidade da emergência das plantas e afetar o
rendimento de grãos. As plantas de emergência atrasada podem apresentar menor
crescimento da parte aérea e do sistema radicular, e assim, menor capacidade de
competição quantitativa por água, luz e nutrientes. Provavelmente na área do
agricultor relatado, far-se-á necessário a ressemeadura da cultura.
A variação da competição intraespecífica também está relacionada à
distribuição das plantas na área, através da variação do espaçamento entre linhas e
da distância entre as plantas na linha de semeadura.
SANGOI et al. (1997) demonstraram incremento em produtividade de grãos
30
pela redução do espaçamento entre as linhas de 100 cm para 50 cm em níveis de
produtividade superiores a 12.000kg.ha-1 e população de 80.000 plantas.ha-1,
demonstrando assim os efeitos positivos da melhor distribuição das plantas,
concluindo sobre a resposta positiva da cultura com melhor distribuição de plantas.
No entanto, a variação da distância entre plantas na linha de semeadura não tem se
refletido em alterações no rendimento de grãos. RIZZARDI & PIRES (1996) em
avaliações com uma a quatro plantas por cova, ou em sistemas mistos de distância
entre plantas na linha de semeadura, não encontraram variação do rendimento de
grãos. A melhor exploração do ambiente na cultura do milho também pode ser
alcançada através do aumento da população de plantas (COX, 1996; RUSSEL,
1991).
No Sul do Brasil, a maximização do rendimento de grãos tem sido
conseguida com populações de 70.000 a 80.000 plantas.ha-1. Esses resultados
apontam para a subutilização do ambiente que acontece mesmo em lavouras
altamente tecnificadas, onde, em muitas situações, utiliza-se cerca 60.000
plantas.ha-1. Os híbridos modernos de milho têm apresentado melhor resposta ao
incremento da população de plantas, especialmente devido ao ciclo curto, rápido
crescimento inicial e a adequada arquitetura de planta. Na região a recomendação
para um espaçamento de 50 cm é de 3,3 sacos por alqueire, cada saco vem com
60.000 sementes, com peso variável. Assim, podemos dizer que na região de Pato
Branco – PR, a maioria dos agricultores utilizam uma população de 82.000
sementes.ha-1. A Dekalb, obtentora de diversos híbridos muito utilizados na região
garante 90% de germinação de suas sementes na embalagem, a legislação de
sementes exige, no mínimo, 85 %. A validade do teste de germinação é de 12
meses, após este prazo os sementeiros podem pedir reanálise deste teste
prorrogando-o por mais 8 meses.
Nos últimos anos, há uma tendência de mudança no espaçamento de plantio
do milho. Há pouco tempo eram comuns espaçamentos de 90 e 80 cm entre linhas,
ao passo que agora muitos produtores utilizam espaçamentos de 45, 50 cm entre
linhas. Dessa forma as plantas são melhor distribuídas no solo, aproveitando melhor
a água e nutrientes, além de melhorar a eficiência em captar luz, reduzindo a
infestação com plantas daninhas. Contudo, espaçamento mais curtos propiciam um
microclima favorável à doenças e dificultam a aplicação de fungicidas. No caso do
milho plantado com cerca de 85.000 plantas.ha-1 com espaçamento de 45 ou 50 cm
31
faz-se necessário a escolha de um híbrido com alta resistência a doenças de colmo.
No início do mês de setembro, os técnicos da Sollo Sul iniciaram a regulagem
de máquinas alguns produtores deixando-as prontas para o plantio.
Figura 25 - Regulagem de semeadora para o plantio do milho.
A forma mais correta de regular a máquina é no campo, após escolher a
densidade de plantas por hectare, escolha correta de discos e anéis e da adubação.
No campo medimos com uma trena a distância de 10 metros a partir do
centro do pneu dianteiro do trator a qual será percorrida com a semeadora pronta. É
importante medir a largura da semeadora para obter a área percorrida em metros
quadrados. Mede-se a distância entre a linha de uma ponta até a outra,
acrescentando mais a metade do espaçamento de uma entrelinha em cada lado ou
apenas multiplica-se o número de linhas da semeadora pelo espaçamento, assim
temos a área quadrada do local, que com algumas contas poderá dar a estimativa
por alqueire. Primeiramente, para saber se a quantidade de adubo em kg/ha está
correto, percorremos os 10 metros com um saco na saída do adubo de preferência
em 3 linhas e após os 10 metros pesamos cada uma das 3 amostragens e fazemos
a média. Obtemos 140g de adubo por tubo nos 40m2(considerando a largura da
semeadora de 4 metros) então por um regra de três faz a estimativa para 24200m2:
32
transforma-se para kg 140g/1000=0,14kg x 24200/40m2= 84,7 kg/ha. Para adubo
verificamos que estava caindo 84,7 kg/ha ou 1,7 sacos por alqueire. A partir disso,
podemos alterar as engrenagens da semeadora para aumentar ou reduzir esta
quantidade. Para a semente a forma correta é ver quantas sementes estão caindo
em determinados metros lineares, abrindo os sulcos por onde a semeadora passou.
Figura 26 - Contagem de sementes nos sulcos, observando sementes duplas ou falhas.
Sabemos que em um hectare com espaçamento de 50 cm são 20.000 metros
lineares, dessa forma pode fazer as estimativas, para estar correto a população
desejada(80.000 plantas) devem estar caindo 4 sementes em um metro, então
medimos nesses 10 metros, devem estar caindo 40 sementes. Por esta ocasião
devemos verificar se não estão caindo 2 sementes juntas.
Os componentes de rendimentos mais usuais para a cultura do milho são o
número de espiga por área, número de grãos por espiga e peso de grãos. Contudo,
nesta cultura com sistema C4, com baixo ponto de compensação de CO 2, o tamanho
da espiga pouco contribui para a definição da produção, quando há pequeno número
de espigas por unidade de área. Portanto, o número de espigas é mais importante
que o seu tamanho, para a produtividade da cultura. Por isso, deve se entender o
33
plantio como o ponta pé inicial de fundamental importância para atingir bom
potencial de rendimento da cultura.
A utilização de fertilizante nitrogenado é uma prática comum e responsável
por aumentar os custos da produção agrícola, além de poder acarretar danos ao
ambiente, já que parte do total aplicado é geralmente perdido. A eficiência de
utilização dos fertilizantes nitrogenados é em média 50%, principalmente devido à
ação da lixiviação, volatilização de amônia, desnitrificação, erosão e imobilização
microbiana (REIS JUNIOR et al., 2010).
Nos últimos anos, a tecnologia de Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) se
consolidou para a cultura da soja, a sua eficiência é indiscutível e conquistou os
agricultores. A FBN consiste em inocular sementes de soja e outras culturas, com
bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico a fim de estabelecer uma relação
simbiótica entre planta e bactéria. A bactéria fornece o nitrogênio requerido pela
cultura e em troca recebe da planta carboidratos, vitaminas e outras substâncias. No
caso da soja, estas bactérias são do gênero Rhizobium, sendo a mais utilizada a
Bradyrhizobium japonicum. Essas associações são de extrema importância pois
reduz a utilização de adubos químicos que, em sua maior parte, são importados de
outros países. Assim pode-se dizer que a FBN contribui para segurança alimentar do
país, já que reduz a dependência de fertilizantes externos.
O N fornecido pela FBN é menos propenso a lixiviação e volatilização já que
ele é utilizado in situ, assim, a FBN mostra-se uma alternativa barata, limpa e
sustentável para o fornecimento de N na agricultura comercial (HUERGO, 2006)
Nesse sentido, muitos produtos vêm sendo testados para a cultura do milho.
Contudo por tratar-se de uma gramínea os mecanismos, a eficiência e os microorganismos envolvidos na associação são distintos das leguminosas. Dentro das
bactérias diazotróficas, capazes de fixar o N atmosférico há o gênero Azospirillum,
capaz de associar-se com gramíneas. A eficiência desta inoculação ainda não está
bem clara, já que a inoculação é dependente de outras interações com inseticidas,
fungicidas e nutrientes, também aplicados na semente. Mesmo que a utilização
agrícola de bactérias do gênero Azospirillum sp. não esteja consolidada no Brasil, ao
considerar os conhecimentos atuais mais relevantes das bactérias do gênero e a
sua interação com cereais, pode-se considerar um benefício a inoculação de
sementes destas espécies. A literatura tem apontado diversos pontos positivos,
desde o mais importante que é a redução da adubação nitrogenada, e
34
consequentemente, o custo de produção destas culturas até a maior resistência à
seca e a maior resistência a pragas das plantas inoculadas.
Figura 27 - Detalhe de diferenças de área superficial de sistema radicial de planta de milho
não-inoculada (esquerda) e inoculada (direita) com Azospirillum brasilense. Figura:
Mariangela Hungria
No mês de outubro iniciaram os plantios de soja, contudo os trabalhos das
empresas com produtos já iniciaram. O assistente de vendas da Basf-Sollo Sul
montou um aquário com plantas de soja com tratamento de sementes ao lado de
uma testemunha. Um trabalho muito interessante para verificar a eficiência desses
produtos e notar a importância da pesquisa e da tecnologia na agricultura.
35
Figura 28 - Trabalho realizado na Sollo Sul com plantio de sementes de soja tratadas com o
sistema AgCelence SOJA da BASF(lado direito) ao lado da testemunha sem tratamento(lado esquerdo)
Primeiramente, os fungicidas são aplicados às plantas visando ao controle de
doenças causadas por fungos e estramenópilas. Porém, alguns grupos de fungicidas
mostram efeito adicional estimulante ou de redução do crescimento da planta tratada
ou de fitotoxicidez. O efeito adicional estimulante em sua maior parte vem sendo
relatado para as estrobilurinas. Os seguintes mecanismos bioquímicos estão
envolvidos, de acordo com (Reis, 2010):
a) Redução da respiração com aumento da Fotossíntese liquida pela alteração
no ponto de compensação Fotossíntese versus respiração em favor da assimilação de CO2.
b) Aumento da atividade da enzima nitrato-redutase na cultura. A enzima nitrato
redutase é responsável pela produção de NO2-(nitrito) a partir de NO3(nitrato), gerando maior assimilação de Nitrogênio pela planta. Em um planta
normal, quase todo o N se encontra em formas orgânicas, representadas,
principalmente, por aminoácidos e proteínas. Para que o N seja incorporado
aos compostos orgânicos, deve estar reduzido a NH3 (amônia) através de
enzimas redutoras.
36
c) Redução da produção de etileno, o que minimiza a senescência, aumentando
a duração da área foliar verde, e a eficiência fotossintética.
Com ajuda do engenheiro agrônomo, José Pedro Franco, elaboramos uma
tabela com os custos totais para o cultivo do milho por Alqueire e a participação de
cada insumo no custo total da lavoura, considerando uma lavoura de médio a alto
padrão tecnológico:
CUSTOS TOTAIS COM A CULTURA DO MILHO
1. Dessecação Pré-Plantio
Roundup 5L
DMA(2,4D) 2,5L
Inseticida Nomult
2. Semente DKB 240 YG
3,3 sacos
3. Adubação
20 sacos 8:20:20
Cobertura Uréia 18 sacos
4. Limpa
Prima Top 18L
Assist 2 L
5. Fungicidas
Opera 1,7L
6. Adubação Foliar
Glutamin extra 6L
7. Custos das operações
Plantio 1,7 hora
Pulverizar 3OP. X 0,6 Hora
TOTAL
R$ 55
0,9%
R$ 1,680
29%
R$ 3,280
56%
R$ 250
4,3%
R$ 135
2,3%
R$ 78
1,3%
R$ 350
6%
R$ 5,828
Notamos um custo elevado para implantar a cultura do milho, especialmente
com sementes e adubação que juntos somam 85% dos gastos da implantação da
cultura. Ao dividir o custo total da lavoura por um preço razoável do milho R$ 25 por
saca, podemos dizer que é necessário colher 235 sacos/alqueire para seus custos, o
restante é o lucro do agricultor. Considerando uma produtividade boa dos
agricultores da região, cerca 460 sacos/alqueire, restam 225 sacos ou cerca de R$
5000/alqueire.
Em 20 de Setembro praticamente todos os clientes da Sollo Sul plantaram o
milho, o atraso evidente ocorreu pela falta de previsões de chuva, no entanto, com
algumas chuvas expressivas em setembro, tudo se normalizou e a cultura foi
37
implantada.
Nos estádios iniciais da cultura deve-se atentar ao ataque de pragas,
sabendo-se que a cultura tem baixa capacidade de compensar eventuais plantas
perdidas pelo ataque de pragas. A cultura do milho é atacada por muitas pragas.
São dividas e pragas das raízes, pragas dos colmos, pragas das folhas, pragas das
espigas (Gallo, 2002):
- Pragas das raízes:
1. Larva Alfinete (Diabrotica speciosa): besourinho de coloração verde com 5
a 6 mm de comprimento, de cabeça castanha, tendo em cada élitro três manchas
amarelas. A fêmea faz a postura no solo, de onde eclodem as larvas de coloração
branco-leitosa que, completamente desenvolvidas, medem cerca de 10 mm de
comprimento. Suas larvas atacam a região de crescimento das raízes, causando a
morte de plantas recém-germinadas. Quando atacam as raízes adventícias causam
um crescimento irregular das plantas, que se tornam recurvadas. Esse sintoma é
conhecido como “pescoço de ganso” ou “milho ajoelhado” e ocorre entre 1 e 2
meses da semeadura, sendo mais frequente em áreas irrigadas.
A Monsanto acaba de conseguir liberação para mais um evento transgênico
em milho, depois do lançamento sucessivo de tecnologias envolvendo engenharia
genética, como o milho resistente a lagartas e herbicidas. Trata-se do milho
resistente a larva alfinete, ou seja, uma semente com três tecnologias. A proteção às
raízes é o principal objetivo, assim consegue-se manter um bom sistema radicular,
fundamental em anos com estiagens.
Figura 29 - Danos da larva-alfinete (Diabrotica spp.) ao sistema radicular do milho. (Figura
de Purdue University e R.L. Croissant)
38
2. Angorá (Astylus variegatus): Os adultos alimentam-se de pólen, e suas
larvas (também chamadas peludinhas) vivem no solo, sendo de coloração marrom
escura com pelos esparsos pelo corpo. Os adultos medem em torno de 8 mm, tendo
os élitros amarelos com pintas pretas. As larvas atacam as sementes antes e após a
germinação, especialmente em anos secos, ocasionando falhas na cultura.
Atualmente, esta praga está presente em diversas áreas na região, por se
tratar de uma praga secundária e esporádica existem dificuldades de identificação.
-Pragas dos Colmos:
1. Elasmo (Elasmopalpus lignosellus): as lagartas medem até 15 mm de
comprimento, são muito ativas, polífaga, coloração verde-azulada, sendo a cabeça
pequena e de coloração escura. Inicialmente, alimentam-se das folhas para, em
seguida, localizar-se na parte inferior do colmo rente ao solo. O período larval é
altamente influenciado pela temperatura e varia de 17 a 42 dias. Pode atacar as
plantas de milho de até 30 cm altura, e pela destruição da gema apical, ocorre a
morte da folha ainda enrolada, caracterizando a sintomatologia da praga, conhecida
como “coração morto”. Os maiores prejuízos ocorrem nos primeiros 30 dias após a
germinação das plantas. A praga prefere ambiente seco e solos arenosos. A
irrigação pode reduzir a infestação. Vários parasitóides, vírus de poliedrose nuclear
e os fungos Aspergillus flavus e Beauveria bassiana são relacionados como inimigos
naturais de elasmo.
39
Figura 30 - Lagarta Elasmo: morte da plântula, fase de adulto (fêmea e macho) e larva
(Embrapa, 2009)
2. Lagarta-rosca (Agrotis ípsilon): Mariposas com alto potencial biótico, com grande
capacidade de postura, em média 1000 ovos por fêmea. As lagartas têm coloração
cinza escuro, podem atingir até 45 mm de comprimento. Têm hábito noturno,
durante o dia ficam enroladas. Com o milho com até 20 dias, seccionam as plantas
rente ao solo. Em estádios mais avançados de desenvolvimento da planta, as
lagartas podem abrir galerias na base do colmo, provocando o aparecimento de
estrias nas folhas, semelhantes às causadas por deficiências minerais. Também
pode levar ao sintoma de “coração morto” e ao perfilhamento da planta, que é
improdutivo.
3. Percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.): Sugam a seiva da base do colmo,
causando o murchamento da planta e depois o secamento. Podem também
provocar o perfilhamento do milho, o que torna a planta improdutiva. Prejuízos de
até 30% na produção. A melhor forma de controle é via tratamento de sementes com
inseticidas do grupo dos neonicotinóides.
- Pragas das Folhas:
1. Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda): Também conhecida como lagartamilitar. As mariposas põem de 1.500 a 2.000 ovos na página superior das folhas.
Após
três
dias
nascem
as
lagartinhas,
que
passam
a
alimentar-se,
preferencialmente das folhas mais novas do milho, raspando-as. Nessa fase, atacam
todas as folhas centrais, destruindo-as completamente. O período larval compreende
cerca de 12 a 30 dias, no final a lagarta chega a medir 50 mm de comprimento.
Devido ao canibalismo entre as lagartas deste gênero, é comum encontrar apenas
uma lagarta desenvolvida por cartucho. É possível encontrar lagartas em diferentes
40
instares num mesmo cartucho, no entanto, separadas pelas lâminas das folhas. Ao
fim deste período transformam-se em pupas de coloração avermelhada. O período
pupal é de 8 dias no verão, 25 dias no inverno.
A praga deixa grande quantidade de excreções na planta, sendo uma maneira de
detectar a presença da praga. O período crítico ao seu ataque é a época próxima ao
florescimento. Atualmente a praga tem se comportado de forma diferente, atacando
no início, cortando plantas rente ao solo (semelhante à lagarta-rosca), quando
ocorre seca acentuada. No final da cultural pode danificar a espiga (semelhante a
lagarta-da-espiga).
Uma forma de controle biológico da praga, visualizada no campo, é através do
predador Tesourinha (Doru luteipes), caracterizando o controle biológico natural.
Também há a opção de controle através de parasitoides de ovos, como o
Trichogramma spp. e Telenomus sp. e ainda, parasitoides de lagartas pequenas
como o Chelonus insularis e Campoletis flavicincta.
Contudo, na cultura do milho não há como falar em pragas sem falar em
biotecnologia. Após o conhecimento da estrutura do material genético – a molécula
do DNA (ácido desoxirribonucleico) – e o correspondente código genético, iniciado a
partir dos anos 70, a biotecnologia moderna, através de uma de suas vertentes, a
Engenharia Genética, técnica de empregar genes em processos produtivos, com a
finalidade de obter produtos úteis ao homem e ao meio ambiente. As técnicas e
métodos atuais permitem os cientistas transferir genes de interesse com
características desejadas. A grande evolução foi em ter genes de diferentes
organismos em outro distinto. Não apenas de organismos sexualmente compatíveis,
o que amplia a variedade de genes que podem ser utilizados. Antes considerado
impossível.
A biotecnologia agrícola faz uso da transgenia como uma ferramenta de
pesquisa caracterizada pela transferência de genes de interesse agronômico e
respectivas características desejadas entre um organismo doador, que pode ser uma
planta, uma bactéria, um fungo, etc. e planta. Os híbridos mais plantados na região
sudoeste do Paraná produzem duas proteínas com mecanismos de ação diferentes
nos insetos, controlando especialmente a lagarta-do-cartucho, lagarta-da-espiga e a
lagarta-do-colmo.
41
No dia 25 de Setembro, próximo ao fim do estágio, acompanhamos uma
geada inesperada em plena primavera. Muitas lavouras de milho foram danificadas,
as mais precoces com menores chances de rebrotar e as mais tardias com mais
chances de rebrotar. Os danos aos agricultores que anteciparam o plantio são
enormes devido ao custo de implantação desta cultura. Os prejuízos só não foram
maiores devido à falta de umidade no solo e de previsões de chuva no mês de
agosto. Muitos agricultores estavam irritados no mês de agosto por não poder
realizar o plantio do milho, porém ao ver os grandes estragos desta geada
inesperada agradeceram a estiagem em agosto. Pode-se dizer que a natureza dá
pistas quando algo não está em anormalidade.
A seguir podemos ver Figuras de diferentes níveis de dano provocado pela
geada em setembro.
Figura 31 - Neste estádio da cultura do milho, de acordo com os Eng. Agrônomos da
empresa, toda a lavoura é perdida.
42
Figura 32 - Situação de uma lavoura de milho perdida na Fazenda da Barra, nesta situação,
as possibilidades de rebrotar são muito baixas, pois as folhas velhas mortas dificultam a
saída das folhas novas.
Figura 33 - Lavoura de milho com danos severos de geada com todas as folhas visíveis
queimadas, no entanto, pode haver potencial para rebrotar.
43
Figura 34 – No estádio inicial do milho o dano da geada certamente não causará grandes
prejuízos.
E como previsto no plano de estágio, foi acompanhado a colheita do trigo nas
últimas semanas de setembro, especialmente dos trigos plantados em maio. Estes
estão se mostrando os melhores trigos da região por terem sofrido menos com as
faltas de chuva e escapado da geada de setembro. A produtividade esperada é de
130 a 150 sacos/alqueire. O trigo deve ser colhido a partir de 18% de umidade.
Contudo, possivelmente os trigos da região sofrerão com as chuvas na colheita, o
que deprecia muito a qualidade e o valor pago ao agricultor.
Figura 35 - Colheita do trigo, em 25 de setembro, plantado no mês de maio, em
Vitorino – PR, expectativa de colheita de 150 sacos/alqueire.
REFERÊNCIAS
44
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45
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