REDAÇÃO DE TEXTOS CIENTÍFICOS Avisos importantes 1. O QUE VOCÊ NÃO DEVE ESPERAR DESTE CURSO • O curso não se propõe a ensinar gramática e ortografia • O curso não taxonômica se propõe a ensinar nomenclatura • O curso não se propõe a ensinar metodologia científica Avisos importantes 2. O QUE VOCÊ DEVE ESPERAR DESTE CURSO • Noções detalhadas de como redigir um bom título • Noções básicas de como estruturar as seções “Introdução”, “Material & Métodos”, “Resultados” e “Discussão” • Dicas sobre o que NUNCA fazer quando estiver escrevendo um texto científico • Dicas sobre como elaborar figuras e tabelas • Noções detalhadas de como redigir um bom resumo Avisos importantes O curso não oferece nenhuma solução mágica para quem tem dificuldades em escrever Escrever bem (assim como qualquer outra atividade) demanda muito treinamento e dedicação TÍTULO Por que um bom título é importante? TÍTULO RESUMO FIGURAS TEXTO TÍTULO Os dez mandamentos para escrever um bom título TÍTULO 1. Títulos precisam ser claros e informativos 2. Nunca usar ponto final 3. Sempre que citar uma espécie (animal ou vegetal) no título, indicar entre parênteses uma ou duas categorias taxonômicas superiores, tais como classe: ordem, ordem: família, família: subfamília 4. Evitar termos técnicos que restrinjam a audiência do trabalho 5. Evitar termos imprecisos TÍTULO 6. Evitar ser demasiadamente detalhista e dar informações desnecessárias 7. Nunca usar palavras ou expressões como: estudo da(o), avaliação da(o), análise da(o), aspectos da(o), caracterização da(o) 8. Não usar a expressão “resultados preliminares” e suas variantes 9. Tomar cuidado para não ser pretensioso 10. Tomar cuidado com títulos “engraçados” ou em forma de pergunta 1. TÍTULOS PRECISAM SER CLAROS E INFORMATIVOS TÍTULOS CONFUSOS • Tendências no sentido final da marcha nos sujeitos com e sem alarme na forma de zigue-zague em Atta sexdens (Hymenoptera: Formicidae) • Respostas idiossincráticas de herbívoros ao vigor da planta em Nectandra cf. amazonica (Lauraceae) na floresta alagada da Reserva Biológica de Anavilhanas, Amazônia Central • Efeito do tamanho e profundidade na quantidade de flores abertas de indivíduos de Pseudobombax munguba (Bombacaceae) na várzea, Ilha da Marchantaria, Amazonas 1. TÍTULOS PRECISAM SER CLAROS E INFORMATIVOS “ESTRATÉGIA YODA” • Efeito de borda sobre a riqueza de aves insetívoras e abundância de artrópodes: existe alguma relação? • Cupins em florestas manejadas: quão baixo é o impacto? POUCO INFORMATIVOS • Alguns aspectos ecológicos de vaga-lumes amazônicos • Pesca experimental em uma área de várzea da Amazônia Central • Observações subaquáticas de Iguanodectes variatus (Characidae) 2. PONTO FINAL NEM PENSAR! Títulos são manchetes e como tal não precisam de ponto final 3. INDEXAÇÃO TAXONÔMICA DAS ESPÉCIES • Insetos nas sementes de macucu (Aldina latiflora) antes e depois da dispersão • Insetos nas sementes do macucu Aldina latiflora (Leguminosae) antes e depois da dispersão • Influência de variáveis ambientais sobre a migração e extensão da área de forrageamento de uma colônia de Eciton burchelli (Ecitonini) na Amazônia central • Influência de variáveis ambientais sobre a migração e extensão da área de forrageamento de uma colônia da formiga-de-correição Eciton burchelli (Formicidae: Ecitonini) na Amazônia central • Padrão de distribuição dos machos do capitão da mata no dossel e sub-dossel • Padrão de distribuição dos machos do capitão da mata Lipaugus vociferans (Aves: Cotingidae) no dossel e sub-dossel 3. INDEXAÇÃO TAXONÔMICA DAS ESPÉCIES • Ocorrência e impacto de “erva passarinho” (Psittacanthus sp.: Loranthaceae) sobre Cecropia spp. na várzea da Amazônia Central • Ocorrência e efeito da erva-de-passarinho Psittacanthus sp. (Loranthaceae) sobre espécies de Cecropia (Moraceae) na várzea da Amazônia Central • Efeito da inundação sobre a estrutura da população adulta do açaizeiro Euterpe precatoria Mart. (Arecaceae) em uma floresta de terra firme da Amazônia central • Efeito da inundação sobre a estrutura da população adulta do açaizeiro Euterpe precatoria (Arecaceae) em uma floresta de terra firme da Amazônia central 4. EVITE TERMOS TÉCNICOS COMPLICADOS • Ocorrência de anuros e saurios em platô e baixio na Reserva Ducke, Manaus-Amazonas • Impacto do manejo florestal sobre as plântulas de Leguminosae: diversidade e nodulação • Existe uma comunidade associada ao kinon? • Composição funcional trófica de insetos bentônicos emergentes no gradiente topográfico de uma área de várzea na Ilha da Marchantaria, Iranduba, AM 4. EVITE TERMOS TÉCNICOS COMPLICADOS NÃO USE ANGLICISMOS OU PALAVRAS QUE NÃO EXISTEM EM PORTUGUÊS • Existe um trade-off entre defesas químicas e biológicas em Hirtella myrmecophylla (Chrysobalanaceae)? • Organização temporal das relações de “grooming” em grupos familiares do sagüi Saguinus mystax (Primates: Callithrichidae) • Home range e interações sociais de um grupo de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) na várzea 5. EVITE TERMOS IMPRECISOS • Existe um “efeito tronco” para a comunidade de aranhas? • Níveis de reprodução de Miconia nervosa (Melastomataceae) nos ambientes de borda e interior de uma floresta de terra firme • Perturbações no habitat afetam a riqueza e abundância de herbívoros galhadores? 6. EVITE SER DEMASIADAMENTE DETALHISTA Até onde ir quando especificar a localidade de estudo? • Fauna de artrópodes associada a Pseudobombax munguba (Bombacaceae) em dois tipos de ambientes de várzea, Amazônia, Brasil • Nectários extra-florais e formigas associadas na comunidade de plantas de borda da Reserva Florestal do km 41 (PDBFF/INPA), Manaus-AM • Abundância e riqueza de plântulas sob a copa de duas espécies de palmeiras (Arecaceae) em função da presença ou ausência de espinhos (Reserva Ducke, Manaus, AM) • Fenologia e polinização de Pepinia sprucei (Bromeliaceae) no baixio da Reserva do Km 41, Amazônia Central 7. NUNCA USE EXPRESSÕES VAZIAS • Estudo da dieta de duas espécies de aves granívoras na várzea da Ilha da Marchantaria, AM • Considerações sobre comunicação entre operárias de Melipona sp. • Caracterização do impacto de clareiras causadas pela extração seletiva em uma floresta de terra firme da Amazônia central • Avaliação do efeito de borda sobre a composição em espécies e abundância de aranhas na Amazônia central • Análise do comportamento de operárias da formiga Odontomachus sp. (Formicidae) em situação de escolha alimentar • Aspectos do comportamento alimentar de Menticirrhus americanus (Teleostei: Sciaenidae) 8. NUNCA USE A PALAVRA “PRELIMINAR” • Descrição preliminar da dieta de Felis yagouarundi (Mammalia: Felidae) • Observações preliminares sobre os padrões de vocalização de Lipaugus vociferans (Cotingidae) na Amazônia central • Uma primeira análise das medidas de área de vida de machos de Hyla minuta (Amphibia: Hylidae) em um brejo da Amazônia central • Influência do carregar e do número de cuidadores nas atividades diárias de um grupo de Saguinus mystax (Primates: Callithrichidae) em ambiente natural: um estudo piloto It’s so boring! 9. CUIDADO PARA NÃO SER PRETENSIOSO • Por que os herbívoros consomem algumas plantas mais que outras? • Efeito de borda em guildas de aranhas 10. CUIDADO COM TÍTULOS CHAMATIVOS BRINCADEIRAS SEM GRAÇA OU CONFUSAS • Juventude violentada: o papel do dano físico na regeneração de uma floresta da Amazônia Central • Volta ao lar? Resposta das aves de sub-bosque a áreas abertas • Cidades submersas: comunidades de peixes associadas à raízes de macrófitas aquáticas • À procura de vestígios do “serra-pau” (Cerambycidae) em uma floresta de terra-firme da Amazônia central 10. CUIDADO COM TÍTULOS CHAMATIVOS BONS EXEMPLOS • Secas e molhadas: folhas submersas em florestas alagáveis estão menos expostas a herbívoros e galhadores • Jardins suspensos da Amazônia: composição florística e sucessão de espécies em jardins de formiga • Tamanho importa! Indivíduos maiores da mirmecófita amazônica Hirtella myrmecophila (Chrysobalanaceae) são melhor protegidos contra herbívoros • Babás ou guarda-costas: a formiga Pheidole minutula (Myrmicinae) protege os filhotes ou as fêmeas da aranha Faiditus subflavus (Theridiidae)? 10. PIADINHAS DE BOM GOSTO TÍTULOS EM FORMA DE PERGUNTA • Ninhos de formiga diminuem a riqueza de artrópodes em acúmulos de serapilheira suspensa na palmeira Astrocaryum sciophilum (Arecaceae)? • O número de formigas presentes em domáceas de Hirtella myrmecophyla (Chrysobalanaceae) pode estar relacionado com a capacidade fotossintética da folha? • Solução açucarada favorece a atração de formigas e conseqüentemente protege as plantas contra herbivoria? • A densidade radicular limita o tamanho corporal de besouros residentes (Insecta: Coleoptera) em herbáceas aquáticas? 10. PIADINHAS DE BOM GOSTO TÍTULOS EM FORMA DE PERGUNTA • Aranhas famintas investem mais em construção de teia? • O tamanho de artrópodes influencia sua probabilidade de escapar de formigas de correição? • A simetria das asas é um bom indicativo da habilidade imunológica dos machos na libélula Lestes forficula (Odonata: Lestidae)? • Vigor, arquitetura e estresse vegetal na Amazônia Central: agentes galhadores se importam com isso? • Riachos funcionam como corredores de dispersão para plantas herbáceas? Much better! INTRODUÇÃO Teoria Contextualização teórica geral (1 parágrafo) Como a teoria se aplica ao meu estudo + motivação para o trabalho (1 – 2 parágrafos) Apresentar os objetivos, perguntas e hipóteses do trabalho (1 parágrafo) Objetivos INTRODUÇÃO RECOMENDAÇÕES • A introdução deve ser congruente com o título do trabalho • Organize com antecedência uma lista com os tópicos a serem tratados em cada parágrafo • Nunca deixe os objetivos do trabalho subentendidos • Jamais escreva parágrafos de uma frase • As frases devem ter mais de uma linha e menos do que quatro (o número ideal de palavras é 20 - 30) • Não coloque mais de uma idéia em uma mesma frase INTRODUÇÃO DICAS ADICIONAIS • Nunca use “etc.”, “assim por diante”, “entre outras coisas” • Evite abreviações não usuais • Evite “estes” e “esses” (muitas vezes eles geram confusão) • Evite ponto e vírgula (em 99% das vezes, vocês podem substituí-lo por ponto e começar uma nova sentença) • Não use palavras em inglês INTRODUÇÃO AVISO • Pouca referência no seu texto significa: 1. Resultado da falta de contextualização teórica 2. Preguiça para consultar a literatura 3. Pouca leitura OCORRÊNCIA DE ANUROS E SAURIOS EM PLATÔ E BAIXIO NA RESERVA DUCKE, MANAUS-AMAZONAS Os anfíbios anuros apresentam uma elevada diversidade em áreas tropicais (Duelmann, 1987; Caldwell, 1996; Shear, 2002). Estes podem ser aquáticos, terrestres, fossoriais, arbóreos entre outros (Smith, 1974; Johnsonn, 1988; McDiarmid, 1994). O número exato de espécies de sáurios ocorrentes na Bacia Amazônica é desconhecido, com 99 espécies em nove famílias (excluindo Amphisbaena spp.) tendo sido coletadas na Amazônia brasileira (Vanzolini, 1979; Ávila-Pires, 1995). Devido essas espécies freqüentemente serem restritas a habitats estruturalmente específicos (Shine, 2003), a combinação de uma vegetação diversa em composição e estrutura nas florestas amazônicas também proporciona potenciais efeitos na diversidade dos sáurios nestes ambientes (Shine, 1995; Vitt, 1996; Greene, 2001). Mesmo diante desta grande ocorrência local, poucos estudos tem sido conduzidos, os quais providenciariam um melhor entendimento da variabilidade de características ecológicas entre as espécies desses dois grupos (Ricklefs & Shluter, 1996; Pianka, 2000). Continuação... A distribuição espacial de anfíbios é influenciada por fatores abióticos como a umidade (Linch, 1968; Solomon, 1975; Gardner & Thrompson, 2004), pois necessitam de água não somente para reprodução, mas também para a manutenção da umidade da pele (indispensável a organismos com respiração cutânea) (Pough et al., 1996). Por outro lado, lagartos são menos dependentes da umidade (Pianka, 2000). A Amazônia central possui uma estação anual seca de junho a dezembro (Bierregard Jr. & Lovejoy, 1980), sendo que a distribuição de sapos em relação a microhabitats pode ser uma resposta a sazonalidade (Gordo, 1993). O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição e abundância de anuros e sáurios presentes na liteira em áreas de baixio e platô, observando as diferenças de ocorrência e abundância de espécies nestes dois ambientes, em uma época seca do ano. Mais especificamente, testou-se as seguintes hipóteses: os anuros são mais abundantes no baixio? Os sáurios são mais igualmente abundantes nos dois ambientes? INFLUÊNCIA DO MANEJO FLORESTAL SOBRE A OCORRÊNCIA DE PATÓGENOS EM PLANTAS DE SUB-BOSQUE DE UMA FLORESTA DE TERRA FIRME NA AMAZÔNIA CENTRAL A maioria das espécies vegetais está sujeita a ataques de vírus, bactérias e, principalmente, de fungos (Harper, 1977). Estudos recentes no México demonstraram que a ocorrência de infecções patogênicas nas plantas é um fenômeno bastante comum em sistemas naturais, incluindo uma grande proporção de espécies e indivíduos afetados (Garcia-Guzmán, 1990). No entanto, a importância dos patógenos na ecologia de plantas tem sido estudada fundamentalmente em sistemas agrícolas, e o papel do ataque de patógenos em sistemas naturais tropicais é praticamente desconhecido. Em regiões tropicais, as áreas de florestas secundárias estão aumentando em detrimento de áreas florestais primárias (Ehrlich, 1988). O resultado desse processo é a formação de um mosaico de ecossistemas secundários que podem afetar não somente a diversidade e composição de espécies, mas também processos ecológicos, tais como as interações intra ou interespecíficas (Gascon & Mountinho, 1998). Entretanto, pouco se conhece a respeito dos impactos das perturbações antropogênicas na interação fungosplanta em florestas tropicais. Continuação... As áreas próximas às trilhas de arrasto abertas pela atividade da exploração madeireira na floresta amazônica possuem condições climáticas diferenciadas das áreas preservadas, apresentando maior temperatura e menor umidade (Almeida et al., 2000). Dado que muitos fungos patogênicos são sensíveis à baixa umidade, a abertura de trilhas de arrasto pode afetar negativamente a ocorrência desse grupo. O objetivo deste trabalho foi testar a hipótese de que a freqüência de fungos patogênicos em plantas de subbosque de uma área manejada varia em função da distância das trilhas de arrasto. Nossa predição é que quanto mais perto da trilha, menor a incidência de fungos patogênicos. MATERIAL & MÉTODOS • Dividir em tópicos: 1. Local de estudo 2. Coleta de dados 3. Análises estatísticas • Em que voz eu escrevo? - Não existe regra. Escreva do jeito que você mais gostar. Só preste atenção e seja consistente ao longo de todo texto: não misture voz ativa com voz passiva. - Independentemente da voz que você usar, prefira frases na ordem direta: sujeito + verbo + complemento. MATERIAL & MÉTODOS Números até nove são escrito por extenso. Números iguais ou superiores a 10 são escritos com numerais. Esta regra não vale para quando o número vem seguido de uma unidade (cm, m, km, min, s) ou de %. Nestes casos, são sempre usados numerais MATERIAL & MÉTODOS ABREVIAÇÃO DE ALGUMAS UNIDADES DE MEDIDA Unidade Abreviação Metro m Quilômetro km Grama g Quilograma kg Miligrama mg Mililitro ml Segundo Minuto s min Hora h Hectare ha MATERIAL & MÉTODOS 1. LOCAL DE ESTUDO • Dar a localização geográfica do local onde o estudo foi conduzido • Se o estudo vai comparar áreas, caracterizar bem essas ambientes • Se vai falar de fragmentação ou corte seletivo, precisa caracterizar bem a área na qual o estudo foi feito e contextualizar por que o trabalho foi desenvolvido nessa área • Se a sazonalidade climática pode interferir nos resultados, precisa salientar que existem duas estações bem marcadas MATERIAL & MÉTODOS INFLUÊNCIA DA TOPOGRAFIA NA COMPOSIÇÃO DE MACROERVAS NA FAZENDA DIMONA, MANAUS, AMAZONAS 2.1. ÁREA DE ESTUDO Este estudo foi conduzido em um fragmento de floresta tropical úmida de 100 ha pertencente ao Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, localizado na fazenda Dimona, Manaus, AM (02º20’00’’N; 60º05’00’’O). A temperatura média em Manaus é de 26,7 ºC e médias mensais flutuam na faixa de 2ºC (Gentry, 1990). MATERIAL & MÉTODOS HERBIVORIA EM UM GRADIENTE DE AMBIENTES EM FLORESTA DE TERRA FIRME DA AMAZÔNIA CENTRAL 2.1. ÁREA DE ESTUDO O estudo foi realizado na Fazenda Dimona (02°24’S; 58°52’O), pertencente ao Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) e localizada a 80 km ao norte de Manaus, Amazonas. A reserva abrange cerca de 10.000 ha de floresta contínua, com um sistema de trilhas a cada 100 m no sentido norte-sul e também leste-oeste. As altitudes variam entre 50-150 m acima do nível do mar e a temperatura média é de 26,7 °C. A média anual de precipitação é de 2.186 mm, sendo março e abril os meses mais chuvosos (com cerca de 300 mm cada) e entre julho e setembro o período mais seco. O solo predominante é o latossolo amarelo (Lovejoy, 1990). MATERIAL & MÉTODOS Continuação... A vegetação dominante na reserva é floresta de terra firme que, apesar de aparentemente homogênea numa vista aérea, compreende pelo menos três tipos de florestas definidos pelo tipo de solo e relevo: platô, vertente e baixio. Ocorrendo em solos areno-argilosos, a floresta de vertente está na transição entre o platô das partes mais altas, onde o solo é argiloso (latossolo amarelo-álico), e o baixio, que ocorre nas porções mais baixas, onde o solo é arenoso (podzóis e areias quartzosas) (Ribeiro et al., 1999). MATERIAL & MÉTODOS 2. COLETA DE DADOS • Este tópico não precisa ser único. Vocês podem fazer dois ou três tópicos, cada um dedicado a uma parte do trabalho, descrição de um experimento ou teste de uma determinada hipótese • IMPORTANTE: métodos”? para que serve a seção Para que qualquer pessoa possa repetir o trabalho com outra espécie ou em outro lugar. Portanto, a descrição dos métodos precisa ser clara! “Material e MATERIAL & MÉTODOS 2. COLETA DE DADOS • Se você está usando métodos padronizados ou seguindo o protocolo de outro pesquisador, é crucial que você cite a fonte original • Apresente os métodos na mesma ordem das perguntas ou hipóteses a serem testadas • Detalhes necessários: instrumentos de medida e precisão das medidas • Detalhes desnecessários: coletas com pinças e potinhos, dados anotados em uma planilha MATERIAL & MÉTODOS 2.2. COLETA DE DADOS Vinte e dois indivíduos de Alchornea castaneifolia atacados pelo hemiparasita foram estudados. Para a comparação da riqueza e abundância de galhas de cada indivíduo foram coletados um ramo atacado pelo hemiparasita e um ramo mais próximo não atacado. Em cada ramo, foram contados o número de folhas e o número de galhas. As galhas foram classificadas em quatro tipos distintos, sendo todas atacadas por Cecidomyiidae (Diptera). O número de galhas foi dividido pelo número total de folhas em cada ramo, numa tentativa de minimizar o efeito da disponibilidade de recursos (abundância de folhas) na riqueza e abundância de galhadores. MATERIAL & MÉTODOS 2.2. COLETA DE DADOS Ao encontrar um gerrídeo na lâmina d’água, oferecemos um operário de cupim (Termitidae: Nasutitermitinae) e observamos o comportamento de predação por 5 min após a captura da presa. Para responder nossa pergunta, consideramos três situações: o gerrídeo capturou a presa e permaneceu sobre a lâmina de água (“exposto”); o gerrídeo capturou e levou a presa para junto do banco de macrófitas, permanecendo encostado na vegetação (“encostou”) ou o gerrídeo capturou e levou a presa para cima das macrófitas (“subiu”). Durante 5 min de observação, registramos eventuais interações com coespecíficos e peixes. No total, observamos o comportamento de 30 indivíduos. MATERIAL & MÉTODOS 3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS • Não precisam vir necessariamente separadas em um tópico; podem ser apresentadas junto com o tópico “coleta de dados” • Se forem apresentar em um tópico separado, escrevam as análises na mesma ordem das perguntas e dos métodos • Se forem usar procedimentos já usados previamente, citem a fonte • Consultem outros trabalhos em busca de questões semelhantes e vejam como eles analisaram os dados MATERIAL & MÉTODOS 2.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS Como forma de explorar uma possível relação entre os parâmetros ambientais coletados e a riqueza de plantas nos bancos de macrófitas, plotamos os dados para verificar a existência de alguma relação entre as variáveis. MATERIAL & MÉTODOS 2.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS Comparei a composição florística das clareiras e sub-bosques a partir da distância de similaridade de Bray-Curtis (Krebs, 1989). Com os valores obtidos, gerei um dendrograma de dissimilaridade usando o método UPGMA (“Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean”), disponível no programa NTSYSpc 2.01t (Rohlf, 2000). Para testar se os índices de similaridade e, conseqüentemente, se o agrupamento entre clareiras e subbosques é explicado pelo acaso, realizei 500 replicações a partir do método de simulação Monte Carlo disponível no programa RandMat 1.0. Por último, usei o teste de Mantel, também disponível no programa NTSYSpc 2.01t, para testar a hipótese de que não há correlação entre similaridade florística e distância geográfica que separa as clareiras. Transformei todas as matrizes (similaridade, área das clareiras, abertura de dossel e distância geográfica) diminuindo cada valor da média e dividido-o pelo erro padrão. MATERIAL & MÉTODOS 2.3. ANÁLISES ESTATÍSTICAS Para testar a hipótese (2), as freqüências com que os indivíduos estavam presentes ou ausentes na face abaxial de folhas com ou sem domácea foram comparadas utilizando um teste de qui-quadrado de aderência. Foram quantificados o total de folhas com domácea e o total de folhas sem domácea encontradas em todas as plantas amostradas. Os valores esperados de aranhas em folhas com ou sem domácea foram gerados ponderando-se a disponibilidade de folhas de cada tipo no campo. O teste foi realizado em separado para machos, para fêmeas sem ooteca e para fêmeas guardiãs. Espera-se que aranhas devam ser encontradas mais freqüentemente em folhas com domácea do que em folhas sem domácea, independente do sexo e da condição reprodutiva. RESULTADOS Antes de qualquer coisa... Na maioria das revistas é expressamente proibido a fusão de resultados com discussão. Portanto, vamos evitar fundir essas duas seções para evitar problemas na hora da publicação. RESULTADOS • Separar os resultados em tópicos pode ajudar muito a apresentação (se o estudo testou duas hipóteses, é possível apresentar uma hipótese em cada tópico) • Apresente os resultados na mesma ordem das perguntas ou hipóteses • Só inclua resultados necessários para responder suas perguntas ou para testar suas hipóteses EU AMO MEUS RESULTADOS! RESULTADOS RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS • Ressaltem os resultados biológicos e não os estatísticos!!! • Ao apresentar valores de tendência central, inclua sempre a variabilidade correspondente • Sempre que possível, digam a magnitude do efeito • Não descarte a estatística usando “tendência à significância” • Prestem atenção para não repetir informações que constam no material e métodos já • Também não repita no texto informações contidas em figuras e tabelas RESULTADOS EXEMPLOS DO QUE NÃO FAZER • Realizamos amostras em 153 parcelas, 73 localizadas em mata preservada e 80 em mata de extração seletiva. • A área explorada há três anos, apresentou uma maior densidade média de plântulas se comparada com a área preservada. A altura média das plântulas também não foi diferente entre as duas áreas, sendo ligeiramente maior na área explorada, contudo os resultados não foram significativos. RESULTADOS EXEMPLOS DO QUE NÃO FAZER • Não houve diferença significativa entre os dois tratamentos, para danos às copas, árvores mortas em pé, árvores mortas caídas e área basal. • A resposta das plantas tratadas em relação a plantas controle foi muito variável de indivíduo para indivíduo, não sendo estatisticamente significativa segundo a ANOVA de medidas repetidas (F = 1,74, p = 0,21) ou o teste t pareado (t = -2,09, p = 0,06; N = 10). Onde estão os dados biológicos??? RESULTADOS EXEMPLOS DO QUE NÃO FAZER • De acordo com a análise de regressão múltipla, plantas maiores e com maior número de entrenós tiveram maior número de formigas (Figura 1a, Tabela 1). Olá! Eu sou a regressão múltipla. Muito prazer! Eu sou a ANOVA. RESULTADOS EXEMPLOS DO QUE NÃO FAZER • O resultado do teste Kruskal-Wallis para o efeito de tipo de solo na predação de flores por coleópteros foi marginalmente significativo (U = 4,744, n = 4, p = 0,093) com a maior predação nas inflorescências dos solos alagados. Não mate seu p no meio do seu artigo! RESULTADOS EXEMPLOS DE COMO ESCREVER ADEQUADAMENTE • Na área de preservação permanente, encontrou-se uma área basal de madeira morta caída maior do que na reserva com extração de madeira (teste t = 2,405; g.l. = 28; p = 0,023; Figura 1). • Foram coletadas 994 plântulas, sendo 564 sob a copa de Astrocaryum sciophilum e 430 sob Attalea attaleoides. O número médio de plântulas sob A. sciophilum foi duas vezes maior do que em A. attaleoides (Figura 1a). O número médio de morfoespécies de plântulas também foi maior em A. sciophilum (Figura 1b). • A proporção de aranhas Salticidae em relação ao total de aranhas foi cinco vezes maior na borda da floresta do que no interior da floresta (t = 3,234; g.l. = 16; p = 0,011; Figura 1). RESULTADOS DICAS ADICIONAIS • Prestem atenção às regras de nomenclatura taxonômica: 1. Nomes de espécies são escritos em itálico 2. O sp. e o spp. têm ponto e nunca são em itálico 3. Se você não sabe como se escreve um determinado nome, procure nos guias ou livros especializados GRÁFICOS E TABELAS AS CINCO PERGUNTAS QUE O EDITOR DEVE FAZER AO OLHAR PARA UM GRÁFICO • O gráfico é realmente necessário ou as informações contidas nele podem ser apresentadas no corpo do texto? • O que o autor está querendo mostrar com o gráfico? • O gráfico é auto-explicativo? Atenção especial para a legenda dos eixos! • A legenda do gráfico é condizente com o que está sendo mostrado? • O gráfico está esteticamente atrativo? GRÁFICOS E TABELAS Os dez mandamentos para fazer um bom gráfico GRÁFICOS E TABELAS 1. Não fazer gráficos tridimensionais ou coloridos a menos que seja estritamente necessário 2. Não colocar bordas externas nos gráficos 3. Não usar eixos desnecessários 4. Remover as linhas de grade 5. Não usar preenchimentos desnecessários 6. Não colocar título no gráfico 7. Usar vírgulas e não ponto nas casas decimais 8. Colocar as unidades de medida na legenda dos eixos 9. Criar legendas que tornem o gráfico auto-explicativo 10. Citar as figuras na ordem em que elas aparecem no texto GRÁFICOS E TABELAS Tipos de ambiente 36.0 34.0 Altura das árvores 32.0 30.0 28.0 26.0 24.0 22.0 20.0 Terra firme Vertente Baixio GRÁFICOS E TABELAS Altura das árvores (m) 36 a 34 b 32 30 28 c 26 24 22 20 Terra firme Vertente Ambientes Baixio GRÁFICOS E TABELAS Altura das árvores (m) 38 a 36 b Informar na legenda o que significa a caixa, a linha vertical e a linha horizontal 34 32 30 28 c 26 24 22 Terra firme Vertente Ambientes Baixio GRÁFICOS E TABELAS O USO DE FOTOS OU ESQUEMAS É RECOMENDADO QUANDO • Ilustra algo importante mencionado no texto • Quando ilustra algo novo, que nunca foi mostrado antes • Quando facilita a compreensão do leitor sobre um método, um processo ou um padrão GRÁFICOS E TABELAS Sazima et al. (2005). Dragões pequenos preferem flores a donzelas: um lagarto que lambe néctar e poliniza árvores. Biota Neotropica, vol. 5(1). GUANO COLEMBOLA LARVAS PSEUDOESCORPIÕES ÁCAROS BESOUROS OPILIÕES ARANHAS HETEROPTERA GRÁFICOS E TABELAS AS TRÊS PERGUNTAS QUE O EDITOR DEVE FAZER AO OLHAR PARA UMA TABELA • Ela é realmente necessária ou as informações contidas nela podem ser apresentadas no corpo do texto? • Os resultados contidos na tabela podem visualizados em um gráfico? ser melhor • A legenda da tabela é condizente com o que está sendo mostrado? GRÁFICOS E TABELAS REGRAS UNIVERSAIS • Não colocar bordas em todas as células • As informações contidas na tabela devem ser compreensíveis sem acesso ao texto, portanto sejam claros em relação ao que está sendo escrito • Evitar notas de rodapé GRÁFICOS E TABELAS Espécie Espécie DAP AF CL DAP (cm) Altura do fuste Cobertura de (cm) liquens (%) GRÁFICOS E TABELAS 1. Os gráficos são realmente necessários ou as informações contidas nele podem ser apresentadas no corpo do texto? 2. O que o autor está querendo mostrar com o gráfico? 3. O gráfico é auto-explicativo? 4. A legenda do gráfico é condizente com o que está sendo mostrado? 5. O gráfico está esteticamente atrativo? GRÁFICOS E TABELAS 1. Os gráficos são realmente necessários ou as informações contidas nele podem ser apresentadas no corpo do texto? 2. O que o autor está querendo mostrar com o gráfico? 3. O gráfico é autoexplicativo? 4. A legenda do gráfico é condizente com o que está sendo mostrado? 5. O gráfico está esteticamente atrativo? GRÁFICOS E TABELAS 1. Não colocar bordas em todas as células 2. As informações contidas na tabela devem ser compreensíveis sem acesso ao texto, portanto sejam claros em relação ao que está sendo escrito 3. Evitar notas de rodapé GRÁFICOS E TABELAS 1. Não colocar bordas em todas as células 2. As informações contidas na tabela devem ser compreensíveis sem acesso ao texto, portanto sejam claros em relação ao que está sendo escrito 3. Evitar notas de rodapé DISCUSSÃO • Depois que vocês estiverem com todos os resultados em mãos, é a hora de escrever a discussão • Se vocês tinham hipóteses claras no início do trabalho, essa última etapa fica bem mais fácil • A discussão é a parte do trabalho que oferece maior dificuldade, pois demanda: 1. Uma compreensão detalhada de todo o trabalho 2. Domínio da literatura e da teoria 3. Calma para articular os resultados obtidos • Não existe uma regra ou uma fórmula para a discussão, pois talvez esta seja a parte mais pessoal do trabalho DISCUSSÃO RECOMENDAÇÕES • Organize com antecedência uma lista com os tópicos a serem tratados em cada parágrafo • Jamais escreva parágrafos de uma frase • As frases devem ter mais de uma linha e menos do que quatro (o número ideal de palavras é 20 - 30) • Não coloque mais de uma idéia em uma mesma frase • Discuta os dados na mesma ordem em que as perguntas ou hipóteses foram apresentadas na introdução • Não repita os resultados, o objetivo da discussão é interpretar os resultados em sentido mais geral, avaliando-os criticamente DISCUSSÃO Padrões gerais Resultados Implicações Resultados Implicações Conclusões FORMATO SUGERIDO • Um parágrafo introdutório falando dos padrões gerais • Um a três parágrafos discutindo os dados mais detalhadamente • Um parágrafo final conclusões do trabalho com as DISCUSSÃO DICAS GERAIS • Valorize a novidade (use o primeiro ou o último parágrafo) • Não deixe nenhum resultado sem ser discutido • Lembre-se: seus dados corroboram ou não suas hipóteses - Caso eles corroborem, discuta as implicações teóricas - Caso não corroborem, discuta o porquê e, eventualmente, sugira uma nova hipótese a ser testada DISCUSSÃO DICAS GERAIS • Seja positivo na sua discussão e não mascare seus resultados atrás de afirmações tímidas, como por exemplo: “os dados podem possivelmente sugerir” • Todas as conclusões devem estar fortemente apoiadas nos resultados apresentados ― não há espaço para especulações DISCUSSÃO 1º PARÁGRAFO: MAU EXEMPLO As abordagens através das quais podem ser estudadas as comunidades, compreendem desde associações espaciais, funcionais ou taxonômicas, até interações dinâmicas dentro das teias tróficas (MacArthur, 1972). Cada uma dessas abordagens afetará a compreensão da estrutura da comunidade de forma diferente. Os nossos resultados indicam que há um aumento no número de espécies quando há um incremento de área. Contudo, de acordo com Westoby (1993), nossa estimativa da curva espécies-área é restrita aos bancos de macrófitas que foram amostrados (diversidade alfa) e podem não ser representativa do padrão regional de riqueza de espécies (diversidade beta) neste ambiente, em função do tamanho da nossa amostra. DISCUSSÃO 1º PARÁGRAFO: MAU EXEMPLO As clareiras da área de preservação e da área de exploração não foram diferentes, tanto em relação a densidade quanto a riqueza de espécies. Três hipóteses podem ajudar a responder o fenômeno observado: i) a amostra foi muito pequena para detectar diferenças significativas entre as clareiras das duas áreas; ii) é possível que o tempo desde o início da exploração (dois anos) não tenha sido ainda suficiente para gerar mudanças significativas na composição e abundância das morfoespécies; iii) a exploração madeireira da empresa na área estudada não exerce efeito significativo sobre a regeneração natural de clareiras, já que uma das técnicas de manejo proposta é o direcionamento da queda das árvores extraídas, evitando a derrubada de outras árvores em grande quantidade. DISCUSSÃO 1º PARÁGRAFO: MAU EXEMPLO Árvores em profundidades maiores estarão mais sujeitas a eventos de inundação prolongada, que podem resultar em um aumento da taxa de mortalidade. Sabe-se que, embora a maioria das espécies do igapó sejam bem adaptadas ao ciclo de cheia e vazante deste ambiente, existe um limite máximo na tolerância das plantas em permanecer submersas (Goulding 1988). Eventualmente, podem ocorrer períodos de cheia prolongados e as árvores situadas em profundidades maiores, sob estresse fisiológico mais prolongado, tenderiam a apresentar taxas de mortalidade maiores. Segundo Goulding (1988), a maioria das espécies não podem suportar um período de inundação de 2 ou 3 anos. DISCUSSÃO 1º PARÁGRAFO: BOM EXEMPLO O padrão espacial e temporal de incidência de luz nas poças foi responsável pela variação na distribuição espacial e temporal dos machos de Argia sp. ao longo do período de vistoria das parcelas. Dessa forma, apesar de não ser uma espécie heliotérmica, a ocorrência dos indivíduos sobre as áreas de poças aparentemente é dependente da incidência de luz. Isto indica que o sistema de termorregulação desta espécie deva se localizar no contínuo entre termorreguladores conformadores e heliotérmicos. Por outro lado, também é possível que a ocorrência de machos nas poças com incidência de luz se deva a uma maior probabilidade de encontro com as fêmeas nessas áreas. DISCUSSÃO 1º PARÁGRAFO: BOM EXEMPLO A ocorrência de sementes maiores mais próximas ao pedúnculo indica a presença de competição por recursos maternos em sementes de frutos de S. tomentosa. Embora o aborto de sementes em frutos de S. tomentosa seja comum, aparentemente não está relacionado à seleção de parceiros reprodutivos, mas sim a problemas na fertilização dos óvulos. A alta variação no número de sementes por fruto e a relação positiva existente entre o número de sementes e predação de sementes por fruto demonstram haver uma possível seleção dos brocadores por frutos com maior número de sementes. DISCUSSÃO 2º PARÁGRAFO: MAU EXEMPLO No presente estudo foram encontradas 14 espécies de peixes na área de estudo, pertencentes a 8 famílias. Trabalhando em um outro igarapé amazônico, Soares et al. (1999) encontram um número similar de espécies (15), porém o número de famílias (12) foi maior. A riqueza de espécies de peixes em riachos da Mata Atlântica é consideravelmente menor. Em Picinguaba (SP), por exemplo, Castro (1994) encontrou somente 4 espécies pertencentes a três famílias. DISCUSSÃO 2º PARÁGRAFO: BOM EXEMPLO A ausência de diferenças entre o tempo de detecção de herbívoros simulados e danos mecânicos realizados em relação aos controles indica que a detecção de herbívoros por formigas residentes em Maieta guianensis seja determinada, em primeira instância, pela atividade de patrulhamento das formigas na superfície foliar. A atividade de patrulha das formigas nas folhas de M. guianensis ocorre ao longo de todo o período do dia e da noite (Vasconcelos 1991). Porém, uma vez detectada uma presa potencial, há uma pronta resposta da colônia, via recrutamento de novos indivíduos, incluindo soldados, que normalmente não participam de atividades de patrulhamento (Vasconcelos 1991). Uma resposta rápida da colônia de formigas pode garantir que menores danos sejam infligidos à planta por herbívoros. Resultados Implicações DISCUSSÃO ÚLTIMO PARÁGRAFO: MAU EXEMPLO • Neste estudo não foi possível encontrar diferença na densidade de palmeiras entre a área de extração e a área preservada. Sugerimos que sejam feitos estudos a longo prazo e em diversas áreas de extração seletiva de madeira para averiguar a existência dessas diferenças. EU AMO MINHA HIPÓTESE! DISCUSSÃO ÚLTIMO PARÁGRAFO: MAU EXEMPLO • Notamos que existe uma variação local relativamente alta o que explica a inexistência de um padrão local. No entanto, todas as considerações feitas a respeito dos resultados obtidos não podem ser generalizadas, já que a amostragem foi realizada em um único dia em apenas três transectos. Por favor, rejeite meu trabalho!!! DISCUSSÃO ÚLTIMO PARÁGRAFO: MAU EXEMPLO • Considerando os dados obtidos, pensamos que a hipótese da disponibilidade de recursos, conforme proposta por Coley & Kursar (1996), pode explicar a herbivoria diferencial observada entre as plantas de crescimento rápido e lento que estudamos. • Experimentos acumulam naturalmente uma variedade de falhas ao tentar simular ambientes naturais, mas são essenciais para entendermos processos ecológicos. DISCUSSÃO ÚLTIMO PARÁGRAFO: BOM EXEMPLO • Este é o primeiro estudo que demonstra que insetos galhadores podem sobreviver à inundação da planta hospedeira. Visto que as galhas podem sobreviver submersas, torna-se interessante investigar as adaptações morfológicas, bioquímicas e fisiológicas dos galhadores. No igapó, as plantas possuem inúmeras adaptações fisiológicas e morfológicas que as tornam tolerantes a enchentes como, por exemplo, mudanças nas concentrações de etanol, oxigênio, auxina e de taxas fotossintéticas (Hook & Scholtns, 1978). Essas adaptações devem influenciar os insetos galhadores considerando sua alta sintonia com a fisiologia da planta hospedeira (Fernandes & Price, 1991). Desse modo, trabalhos futuros deverão investigar de que maneira os insetos galhadores respondem às mudanças provocadas pelo fenômeno de inundação da planta hospedeira. DISCUSSÃO ÚLTIMO PARÁGRAFO: BOM EXEMPLO • Em conclusão, o sucesso reprodutivo das fêmeas de F. subflavus está intimamente relacionado ao estabelecimento de suas ootecas próximo a domáceas de M. guianensis, uma vez que a predação de suas ootecas e do indivíduo parental é reduzida na presença de formigas. Por esta razão, as fêmeas devem ser capazes de reconhecer e avaliar o melhor sítio de oviposição, embora os mecanismos exatos pelos quais elas façam isso ainda não estejam claros. Em estudos futuros, seria interessante avaliar se fêmeas de F. subflavus conseguem usufruir da mesma proteção quando associadas à outra espécie de formiga (Crematogaster laevis) que coloniza Maieta, fornecendo uma idéia melhor sobre a evolução deste tipo de interação. REFERÊNCIAS • Quando você termina de escrever a discussão e dá luz ao corpo principal do trabalho, você já está tão esgotado que não presta mais atenção nas referências. Por isso é tão comum encontrar erros grosseiros nesta seção. • O que precisa ser checado: 1. Se todos os trabalhos citados no trabalho estão listados nas referências e se todos os trabalhos que constam nas referências foram citados no trabalho 2. Se as citações estão de acordo com as regras da revista REFERÊNCIAS • Confira no texto as seguintes coisas: 1. O et al. pode ser em itálico ou não, mas o “al” sempre tem ponto 2. Para separar dois autores de um mesmo trabalho você pode usar “e” ou “&” 3. As citações dentro de parênteses podem ser separadas por ponto e vírgula ou por vírgula 4. O nome do(s) autor(es) pode ou não ser separado do ano usando vírgula 5. As citações dentro de parênteses podem ser ordenadas por data ou pela inicial do primeiro autor REFERÊNCIAS FALTA DE PADRONIZAÇÃO Krebs, J.R. & N. B. Davies. 1978. Behaviourial Ecology: an evolutionary Approach. Blackwell, Australia. Gómez-Pompa, A. & Kaus, A. 1990. Studies of ecosystem response to natural and anthropogenic disturbances provide guidelines for designing sustainable land-use systems in Amazonia. Pp. xx-xx in A.B. Anderson, ed. Alternatives to deforestation: steps toward sustainable use of the Amazon rain forest. Columbia University Press, Xxxxxx, U.S.A. Mabberly, D.J. ANO?. Tropical rain forest ecology (2ª ed.). Chapman & Hall, CIDADE?. RESUMO DICAS GERAIS • Devido à limitação de espaço, restrinja-se ao que é mais importante • Deixe explícito o objetivo do trabalho • Não inclua detalhes metodológicos • Valorize seus melhores resultados • Nunca use tabelas e referências • Nunca deixe de incluir uma conclusão • Prefira a voz ativa, pois é mais direta e ocupa menos espaço RESUMO • A “lei” das proporções: 1. 10-20% para introdução + objetivos 2. 20-40% para material e métodos 3. 30-50% para resultados 4. 10-20% para a discussão • Usando valores médios: 1. 15% para introdução + objetivos 2. 30% para material e métodos 3. 40% para resultados 4. 15% para a discussão RESUMO Ovipostura e nascimento de Latrodectus mactans (Araneae: Theridiidae) no estado da Bahia, Brasil Latrodectus mactans é uma aranha de interesse médico, com ampla distribuição na Bahia. O trabalho objetivou contribuir para o estudo da biologia reprodutiva desta espécie, visando subsidiar o seu manejo em cativeiro. As aranhas e ootecas foram coletadas de março/95 a abril/96 e mantidas no LAP. Foram analisadas 40 ootecas, 17 ovipostas em laboratório, 23 coletadas em campo, apresentando forma circular a semiovóide, com granulações, coloração branca e diâmetro entre 5 a 7 mm. A ovipostura ocorreu em intervalos de 7 a 24 dias após a primeira cópula e/ou primeira ovipostura e a eclosão de 24 a 27 dias. O número máximo de ooteca/fêmea foi sete; 50% das ootecas foram inférteis e o número de ovos/ooteca foi de 5-51, com 6-49 filhotes/ooteca. A diversidade morfológica das ootecas de Latrodectus não permite uma padronização para o grupo podendo-se considerar aproximadas as de L. corallinus, L. geographicus e L. mactans da Bahia. RESUMO Ovipostura e nascimento de Latrodectus mactans (Araneae: Theridiidae) no estado da Bahia, Brasil Latrodectus mactans é uma aranha de interesse médico, com ampla “IDEAL”: distribuição na Bahia. O trabalho objetivou contribuir para o estudo da biologia reprodutiva desta espécie, visando subsidiar o seu manejo em • 15% PARA INTRODUÇÃO + OBJETIVOS cativeiro. As•aranhas e ootecas foram coletadas de março/95 a abril/96 e 30% PARA MATERIAL E MÉTODOS mantidas no LAP. PARA ForamRESULTADOS analisadas 40 ootecas, 17 ovipostas em • 40% laboratório, 23 coletadas campo, apresentando forma circular a semi• 15% PARAem A DISCUSSÃO ovóide, com granulações, coloração branca e diâmetro entre 5 a 7 mm. A NESTE em RESUMO: ovipostura ocorreu intervalos de 7 a 24 dias após a primeira cópula e/ou primeira ovipostura e a eclosão de 24 a 27 dias. O número máximo • 19% + OBJETIVOS de ooteca/fêmea foiPARA sete; INTRODUÇÃO 50% das ootecas foram inférteis e o número • 20% MATERIAL E MÉTODOS de ovos/ooteca foi PARA de 5-51, com 6-49 filhotes/ooteca. A diversidade • 43% PARA RESULTADOS morfológica das ootecas de Latrodectus não permite uma padronização • 18% PARA A DISCUSSÃO para o grupo podendo-se considerar aproximadas as de L. corallinus, L. geographicus e L. mactans da Bahia. Análise da similaridade de macroinvertebrados bentônicos em diferentes segmentos do Ribeirão dos Peixes, Dois Córregos, SP Este estudo objetivou analisar a percentagem de similaridade de macroinvertebrados bentônicos, observando a relação do índice com as condições ambientais. Foi realizado durante o mês de abril de 2003, em quatro “IDEAL”: trechos do Ribeirão dos Peixes: Pl, nascente de caráter lêntico e fundo arenoso; P2, local estreito e dePARA maior correnteza que Pl,+com formação de algumas áreas • 15% INTRODUÇÃO OBJETIVOS de deposição; P3, na PARA estaçãoMATERIAL de tratamento de água; e P4, em região urbana, • 30% E MÉTODOS recebendo aporte de matéria orgânica. O sedimento foi amostrado em tréplicas, • 40% PARA RESULTADOS de 1000 mL • cada (draga de A Ekman), passando por devida triagem e sua fauna 15% PARA DISCUSSÃO foi identificada em nível de família. Os macroinvertebrados bentônicos são responsáveis NESTE pela circulação, de matéria orgânica, exercendo importante função RESUMO: na dinâmica dos sistemas hídricos. O índice de similaridade analisa as relações de distribuição dos táxons em determinada comunidade e seus resultados, entre • 17% PARA INTRODUÇÃO + OBJETIVOS os pontos, foram: Pl e P2 90%; P2 e P3 71%; P3 e P4 66%; Pl e P3 63%; P2 e • 43% PARA MATERIAL E MÉTODOS P4 45%; Pl e P4 37%. Observou-se similaridade decrescente ao longo do corpo • 40% PARA RESULTADOS aquático, considerando-se os pontos mais próximos. O maior índice ocorreu • 0% PARA A DISCUSSÃO entre Pl e P2, ambos sob menor efeito antrópico; e o menor índice fui registrado entre Pl e P4. Neste último, alguns fatores abióticos avaliados comprovaram um maior aporte de material alóctone, proveniente da mata de entorno e de trechos do ribeirão anteriores ao local. Respostas agressivas da formiga Camponotus femuratus (Formicidae) induzidas por dano foliar de Codonanthera crassiflora (Gesneriaceae) em jardins de formiga Jardins de formiga representam um tipo especial de associação entre formigas e plantas epífitas, na qual as formigas defendem as plantas contra herbívoros. Assim como ocorre com plantas mirmecófitas, é possível que a defesa da planta pelas “IDEAL”: formigas seja induzida pela atividade de herbívoros. Este tipo de reação é chamada de defesa biológica induzida. O objetivo deste estudo foi testar se a formiga 15% PARA INTRODUÇÃO + OBJETIVOS Camponotus •femuratus responde agressivamente a danos foliares em 30% PARA MATERIAL E MÉTODOS Codonanthera •crassiflora, uma planta associada a jardins de formigas e que • 40% PARA RESULTADOS apresenta nectários extra-florais. Amostramos 15 jardins de formiga em riachos do 15% PARAna A Amazônia DISCUSSÃO Arquipélago de• Anavilhanas, Central. Em cada jardim, selecionamos duas folhas de ramos distintos: uma delas foi cortada transversalmente (tratamento) eNESTE outra não foi manipulada (controle). Marcamos o tempo até que a RESUMO: primeira formiga chegasse nas folhas experimentais e quantificamos o número de formigas sobre as folhas após 5 min de observação. As formigas visitaram mais • 35% PARA INTRODUÇÃO + OBJETIVOS freqüentemente as folhas tratamento do que as folhas controle (teste exato de • 25% PARA MATERIAL E MÉTODOS Fisher, p=0,003). Adicionalmente, encontramos que as formigas visitaram mais • 22% PARA RESULTADOS rapidamente (Wilcoxon, Z=-3,039, p=0,002) e em maior número (Wilcoxon, Z=• 18% PARA A DISCUSSÃO 3,066, p=0,002) as folhas tratamento do que as folhas controle. Concluímos que danos foliares em C. crassifolia induzem respostas defensivas por C. femuratus. Como as formigas garantem a sobrevivência da planta e esta auxilia a estruturação do ninho (além de fornecer ali mento para as formigas), a resposta induzida a um ataque de herívoros traz benefícios para ambos os parceiros mutualistas. DICAS FINAIS • Após terminar de escrever, descanse um pouco • Volte ao texto com a mente mais limpa • Na primeira leitura cheque o seguinte: 1. O texto está organizado segundo um plano lógico? 2. A divisão de tópicos está bem estruturada? Se for necessário, mude os subtítulos e/ou troque parágrafos entre os tópicos 3. Analise se a mensagem principal foi passada ao leitor DICAS FINAIS • Na segunda leitura: 1. Cheque se existe repetição da mesma informação em diferentes partes do texto? 2. Elimine as frases ou parágrafos que contém informações irrelevantes Lembre-se: textos longos e complexos, com frases complicadas e palavras incomuns, não demonstram erudição. Ao contrário, indicam que o autor não sabe escrever! DICAS FINAIS • Na terceira leitura preste atenção aos seguintes detalhes: 1. Valores numéricos, datas, equações, símbolos, citações de tabelas e figuras 2. Veja se todas as referências citadas no texto estão presentes na bibliografia Depois da terceira leitura, o texto está pronto para receber críticas de outras pessoas. Essa fase é muito importante, pois você já está totalmente envolvido com o seu texto e não enxerga mais os problemas. PARA FINALIZAR... Saiba exatamente onde você quer chegar antes de começar a escrever seu artigo. PARA FINALIZAR... Acima de tudo: Leia bastante; Escreva bastante; Escreva com calma e pense no que está escrevendo; Busque sempre o comentário dos seus pares; Tenha humildade para aceitar críticas ao seu texto. PARA FINALIZAR... Gilson Volpato