A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA

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A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA MELHORA DA
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES PSIQUIÁTRICOS
Ana Beatriz Fernandes Braga
Andresa de Souza Castilho Miquelino
Ana Claudia de Souza Costa
Lins – SP
2009
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA MELHORA DA QUALIDADE DE
VIDA DE PACIENTES PSIQUIÁTRICOS
RESUMO
O objetivo deste estudo foi demonstrar a importância da atuação da atividade
física voltada a grupos de pacientes esquizofrênicos, buscando uma melhora na
qualidade de vida dessas pessoas. Foram pesquisados diversos referenciais, como
história da esquizofrenia, sintomas, incidência e suas classificações, também foi
analisado o sentido do termo qualidade de vida e, por fim, os benefícios que a
atividade física adaptada oferece. Utilizou-se como principal instrumento para
avaliação da qualidade de vida o questionário SF-36. Infelizmente há poucos
estudos sobre atividade física com deficientes mentais e ainda é escassa a presença
de profissionais dessa área nesse contexto. É preciso respeitar as características de
pacientes com esquizofrenia, procurando facilitar a condução das atividades para
proporcionar-lhes cada vez mais prazer. A atividade física e o esporte farão
aumentar suas possibilidades de conquista de espaços como cidadãos que são, não
importando sua deficiência.
Palavras-chave: Esquizofrenia. Qualidade de Vida. Atividade Física.
INTRODUÇÃO
A esquizofrenia é uma doença mental, paradigmática da Psiquiatria, muitas
vezes crônica e incapacitante. É uma síndrome clínica complexa que compreende
manifestações psicopatológicas variadas - do pensamento, percepção, emoção,
movimento e comportamento. Pode ser caracterizada por sintomas chamados
positivos e sintomas ditos negativos. A manifestação destes sintomas varia com as
características do paciente e com o tempo, mas o efeito cumulativo da doença tende
a ser grave e persistente, constituindo-se no perfil de doença psiquiátrica crônica,
com prejuízo sociofuncional marcante dos acometidos. A esquizofrenia determina
impacto não somente sobre as histórias de vida dos acometidos, mas sobre as
respectivas famílias e a sociedade em geral, tendo sua maior incidência em uma
parcela importante da população economicamente ativa (principalmente jovem),
sendo extremamente pesado para a sociedade. Um amplo conhecimento da
qualidade de vida desses pacientes pode ajudar na compreensão do impacto das
doenças e da assistência à saúde sobre seu bem estar geral. (SOUZA; COUTINHO,
2006).
A atividade física vem somar ao tratamento, buscando uma diminuição dos
sintomas, pois além de influenciar diretamente sobre a saúde geral, também tem
influência no aspecto de se sentir saudável, possibilitando que o indivíduo teste suas
capacidades e reconheça suas limitações.(COSTA; DUARTE, 2006).
Este estudo tem por objetivo demonstrar que é possível, a ocorrência de
mudanças positivas na vida de pacientes esquizofrênicos, com a atuação do
profissional de educação física, através da prática regular de atividades físicas.
DESENVOLVIMENTO
A esquizofrenia é uma doença do cérebro, de causa (ou causas)
desconhecidas, com manifestações e cuja evolução é bastante variada de pessoa
para pessoa; se caracteriza por uma desorganização ampla dos processos mentais.
É um quadro complexo apresentando sinais e sintomas na área do pensamento,
percepção e emoções, causando marcados prejuízos ocupacionais, na vida de
relações interpessoais e familiares. (LOUZÃ NETO, 1996).
De acordo com Shirakawa (1999), a esquizofrenia é conceituada como
doença, com piora das funções mentais, que interfere na capacidade de
discernimento em relação aos fatos habituais da vida ou contato adequado com a
realidade. Está influenciada pelo critério bleuleriano e o diagnóstico não pode ser
feito sem distúrbios evidentes do pensamento, percepção, humor, conduta ou
personalidade em pelo menos duas dessas áreas.
Os sintomas precoces da esquizofrenia são aqueles que ocorrem meses a
anos antes de um primeiro surto. Eles não são específicos da doença e não
permitem um diagnóstico precoce do transtorno.” (MELO, 2009).
Existem dois tipos de sintomas, os positivos e negativos. Os positivos são
aqueles que não deveriam estar presentes, decorreriam de uma distorção do
funcionamento normal das funções psíquicas, como as alucinações. Portanto,
sintomas positivos não são bons sinais. (HOLMES, 1997).
Outro sintoma positivo igualmente importante é a alucinação. São percepções
irreais dos órgãos dos sentidos. As alucinações auditivas são as mais freqüentes. O
doente diz que ouve vozes quando está sozinho e não há ninguém perto. Essas
vozes lhe dão ordens ou falam a respeito dele. Podem acontecer, alucinações
visuais, olfativas ou do tato. O paciente tem visões, sente odores diferentes ou tem
sensações de formigamento ou de modificações em seu corpo. (LOUZÃ NETO,
1996).
Existem outros sintomas positivos, como acreditar que seus pensamentos não
lhe pertencem, como se eles fossem colocados por outros em sua cabeça. Ou
podem sentir que seus pensamentos são bloqueados, influenciados, controlados ou
roubados por outrem; ou ainda que podem ser lidos por outras pessoas, ou que tem
poderes paranormais, como a capacidade de ler a mente dos outros. (LOUZÃ
NETO, 1996).
Alguns sintomas positivos podem não ocorrer em todos os casos de
esquizofrenia e, mesmo quando presentes, podem variar na intensidade e qualidade
dos sintomas. Existem pacientes que não possuem muitos delírios e outros que
nunca
alucinaram.
Há
também
os
que
apresentam
mais
sintomas
de
desorganização psíquica e do comportamento e que não apresentam delírios ou
alucinações. (HOLMES, 1997).
Os sintomas negativos tem por finalidade dizer de maneira objetiva que o
estado do paciente, são considerados conseqüência da diminuição ou perda das
funções psíquicas e incluem a diminuição da afetividade e da motivação, a pobreza
do discurso e o retraimento social. (LOUZÃ NETO, 1996).
A falta de motivação e a apatia é um estado muito comum, praticamente são
unânimes nos pacientes depois que as crises com sintomas positivos cessaram. O
paciente não tem vontade de fazer nada, fica deitado ou vendo TV o tempo todo,
freqüentemente a única coisa que faz é fumar, comer e dormir. Descuida-se da
higiene e aparência pessoal. Os pacientes apáticos não se interessam por nada,
nem pelo que costumavam gostar. É vista pela maioria dos familiares como sinal de
preguiça ou má vontade; entretanto, este é um sintoma da esquizofrenia. (ASSIS;
VILLARES; BRESSAN, 2007).
A extensão dos sintomas na esquizofrenia é ampla, algumas pessoas com
transtornos permanecem imóveis durante longos períodos de tempos, enquanto
outras são muito agitadas e exibem elevado nível de atividade. Outros sintomas
como os motores incluem contorções faciais e movimentos repetitivos de mãos e
dedos. Muitos dos movimentos repetitivos parecem desproporcionais, mas em
alguns casos está relacionado com delírios e visões. (HOLMES, 1997).
Na esquizofrenia os sintomas podem ser bem diferenciados, conforme sua
classificação que são: esquizofrenia paranóide, esquizofrenia hebefrênica ou
desorganizada, esquizofrenia catatônica, esquizofrenia residual, esquizofrenia
simples e esquizofrenia indiferenciada.
Na esquizofrenia paranóide os sintomas dominantes são delírios de
perseguição e grandiosidade. O paciente que sofre esta condição pode pensar que o
mundo inteiro o persegue que as pessoas falam mal dele, pensam mal dele, elas
têm intenções de fazer-lhe mal, de prejudicá-lo, ou que tem talentos especiais. No
entanto, tais pacientes não apresentam desorganização de pensamentos ou
comportamentos. De fato além de seus delírios, eles comportavam de modo normal.
É provável que devido às suas preocupações sobre perseguições e sua
necessidade de elevar seu auto conceito, tais indivíduos tendem a ser ansiosos,
argumentativos e ás vezes violentos quando sentem confrontados.(HOLMES, 1997).
Segundo Holmes (1997), neste grupo se incluem os pacientes que têm
problemas de concentração, pouca coerência de pensamento, pobreza do
raciocínio, discurso infantil. Às vezes, fazem comentários fora do contexto e se
desviam totalmente do tema da conversação. Expressam uma falta de emoção ou
emoções pouco apropriadas, rindo-se a gargalhadas em ocasiões solenes,
rompendo a chorar por nenhuma razão em particular.
De acordo com Moreira; Souza (2000) é o tipo menos freqüente de
esquizofrenia. Apresenta como característica transtornos psicomotores, tornando
difícil ou impossível ao paciente mover-se. Talvez passe horas sentado na mesma
posição. O paciente pode falar pouco ou simplesmente não falar, recusar se
alimentar ou ingerir líquidos, interagir pouco ou simplesmente não interagir com
ninguém, embora desperto e de olhos abertos.
O termo esquizofrenia residual, é usado para se referir a uma esquizofrenia
que já tem muitos anos e com muitas seqüelas. O prejuízo que existe na
personalidade desses pacientes já não depende mais dos surtos agudos. Na
esquizofrenia assim cronificada podem predominar sintomas como o isolamento
social, o comportamento excêntrico, emoções pouco apropriadas e pensamentos
ilógicos, afetando também sua capacidade de comunicação, inclusive verbal,
gerando passividade ou falta de iniciativa, lentidão psicomotora, monotonia e
prejuízos inclusive para o autocuidado e higiene pessoal.(HOLMES, 1997).
A esquizofrenia simples também é pouco freqüente. Aparece lentamente,
normalmente começa na adolescência com emoções irregulares ou pouco
apropriadas, pode ser seguida de um paulatino isolamento social, perda de amigos,
poucas relações reais com a família e mudança de caráter, passando de sociável a
anti-social e terminando em depressão. Nesta forma da esquizofrenia não se
observam muitos surtos agudos. (QUARANTINI; SENA; OLIVEIRA, 2005).
Quando os sintomas positivos e negativos estão igualmente presentes,
havendo delírios e alucinações em intensidade semelhante aos sintomas negativos
e desorganizados, classifica-se o tipo como indiferenciado. A evolução e o
prognóstico nesses casos são muito variáveis, geralmente pior do que na
esquizofrenia paranóide, porém superior ao tipo hebefrênico.
Pacientes com esquizofrenia podem apresentar depressão ao longo da
doença. A depressão tem sido associada a uma pior qualidade de vida, prejuízo de
funções cognitivas e suicídio. (LOUZÃ NETO, 1996).
Na esquizofrenia, os sintomas depressivos de maior especificidade e,
portanto, de maior utilidade para o diagnóstico clínico são ansiedade, culpa, falta de
energia, perda do interesse no trabalho, diminuição do interesse social, diminuição
da libido, desespero, desesperança, sensação de inutilidade e ideação suicida.
(ARAUJO; PETRIBÚ; BASTOS, 2002).
De acordo com Holmes (1997) todos a volta do paciente com esquizofrenia
precisam de tempo e informações, para se habituarem, perderem o preconceito e
aprenderem a conviver com todas os sintomas. Essa maneira de encarar a
esquizofrenia vai aos poucos se reverter em benefícios para si, aliviando o
sofrimento e o impacto, causados pelo adoecimento e, sobretudo, melhorando a
convivência e o ambiente familiar.
As pessoas com deficiência, principalmente pela falta de informações a
respeito de suas potencialidades e de suas capacidades, estão, na sua maioria,
distantes da prática da atividade física regular para manutenção da sua saúde ou da
sua condição orgânica, o que poderia proporcionar uma melhor qualidade de vida.
De acordo com COSTA; DUARTE (2006), quando se pensa em qualidade de
vida ainda vem a mente saúde, porém está deixando de representar apenas uma
vida sem doenças físicas, mas, acima de tudo, a busca da felicidade e satisfação
pessoal em todos os aspectos da vida, no âmbito profissional, social, fisiológico,
emocional e espiritual, em um conjunto de equilíbrio harmonioso.
A qualidade de vida (QV) pode ser definida como a forma subjetiva de cada
indivíduo avaliar seu bem estar físico, emocional, funcional e social. Engloba a
capacidade de alcançar satisfação psicológica, comportamental, física e social. E
ainda relaciona-se com o custo e gravidade da doença, tendo desta forma,
interferência econômica. (MEYERS et al., apud CAMARGOS et al., 2004).
Segundo alguns autores apesar das intensas discussões sobre o assunto, a
definição de qualidade de vida ainda não é padronizada. Para melhor compreensão
do conceito qualidade de vida, deve-se diferenciá-lo do estado de saúde por meio de
três dimensões principais: saúde mental, função física e função social. Para o estado
de saúde, o fator mais importante é a função física. Para a qualidade de vida tornase importante também a saúde mental e o bem-estar psicológico e social. Dessa
forma, instrumentos diferentes devem ser utilizados para a avaliação da qualidade
de vida e do estado de saúde.(ROCHA et al., apud PIMENTA, 2008, p. 56).
Um dos testes mais utilizados para avaliação da qualidade de vida é o
questionário SF-36, que é composto por 11 questões e 36 itens que englobam oito
componentes (domínios ou dimensões), representados por capacidade funcional
(dez itens), aspectos físicos (quatro itens), dor (dois itens), estado geral da saúde
(cinco itens), vitalidade (quatro itens), aspectos sociais (dois itens), aspectos
emocionais (três itens), saúde mental (cinco itens) e uma questão comparativa sobre
a percepção atual da saúde e há um ano. O indivíduo recebe um escore em cada
domínio, que varia de 0 a 100, sendo 0 o pior escore e 100 o melhor.(VIACAVA,
2002; apud PIMENTA et al, 2007, p.56).
Um dos fatores mais importantes para uma melhor qualidade de vida, é a
prática de atividades físicas regulares, pois além de propiciarem benefícios físicos,
há também aperfeiçoamento das capacidades cognitivas.
Atualmente, atividade física pode ser entendida como qualquer movimento
corporal, produzido pela musculatura esquelética, que resulta em gasto
energético, tendo componentes e determinantes de ordem biopsicossocial,
cultural e comportamental, podendo ser exemplificada por jogos, lutas,
danças, esportes, exercícios físicos, atividades laborais e deslocamentos.
(PITANGA, 2002, p. 51).
A atividade física adaptada é um programa diversificado de atividades
desenvolvimentistas, jogos, esportes, atividades rítmicas e expressivas cuja
organização está baseada em interesses, capacidades e limitações de indivíduos
com deficiência.
De acordo com BENEDETTI et al.,(2007) a prática de atividades físicas
possibilita controlar os níveis de estresse e doenças como obesidade, doenças
coronarianas e diabetes, além de interferir positivamente na aptidão funcional do
indivíduo, que é definida como a capacidade para desempenhar as demandas
ordinárias e inesperadas da vida diária de forma segura e eficaz.
CONCLUSÃO
Desta forma pode-se concluir que a prática de atividade física pode contribuir
para a melhora da qualidade de vida de pacientes esquizofrênicos, pois exercita
todas as capacidades funcionais do indivíduo; porém, poucos são os estudos
desenvolvidos com o objetivo de verificar as mudanças de comportamento
emocional das pessoas com essa patologia após a realização de um programa de
atividade física regular, com ênfase na melhoria da sua qualidade de vida
Podemos afirmar que se vários estudos científicos apontam atividade física
regular como elemento altamente significante para a promoção e a manutenção da
saúde, proporcionando acentuada melhora na qualidade geral de vida e como fator
importante na prevenção do desenvolvimento de várias doenças crônicodegenerativas, para as pessoas com alguma deficiência, a atividade física se
reveste de maior importância ainda, principalmente pela significativa possibilidade
que pode oferecer a essas pessoas na busca de um novo sentido para sua vida,
mais distante da doença e mais próximo da saúde e da melhor qualidade de vida
compatível com a sua realidade.
THE IMPORTANCE OF PHYSICAL ACTIVITY ON IMPROVING THE QUALITY OF
LIFE OF PSYCHIATRIC PATIENTS
ABSTRACT
The aim of this study was to demonstrate the importance of the role of
physical activity towards groups of schizophrenic patients, seeking a better quality of
life for these people. Several references were searched such as a history of
schizophrenia, symptoms, incidence, and their ratings, it was also analyzed the
meaning of the term quality of life and ultimately, the benefits that proper physical
activity offers it. Was used as the main instrument for evaluating quality of life, the
SF-36 questionnaire. Unfortunately there are few studies on physical activity with
mental disabilities and is still scarce the presence of professionals of this area in that
context. It is needed to respect the characteristics of patients with schizophrenia,
making the conduct of activities easier to give them more and more pleasure.
Physical activities and sports will increase their chances of getting more freedom the
way they are, no counting their disability.
Keywords: Schizophrenia. Quality of Life. Physical Activity.
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Editorial, 1999.
Autores:
Ana Beatriz Fernandes Braga – Graduanda em Educação Física
[email protected] – fone: (14) 9718-2301
Andresa de Souza Castilho Miquelino – Graduanda em Educação Física
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Orientador:
Prof. Ana Claudia de Souza Costa – Especialista em Neurologia
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