o uso da cefalometria lateral no diagnostico precoce - TCC On-line

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O USO DA CEFALOMETRIA LATERAL NO DIAGNÓSTICO
PRECOCE DA SÍNDROME DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO
É EFICAZ?
THE LATERAL CEPHALOMETRY USE ON THE EARLY DIAGNOSIS OF THE OBSTRUCTIVE SLEEP APNEA SYNDROME IS EFFECTIVE?
CAMARGO, W.R.1; KOUBIK, A.C.G.A.2
1 Pós-graduando do Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do
Paraná (Curitiba,PR)
2 Profª MSc Orientadora do Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade
Tuiuti do Paraná (Curitiba,PR)
Endereço eletrônico para correspondência: [email protected]
RESUMO
No presente trabalho, foi feita uma revisão de literatura, com o objetivo de traçar um paralelo entre
os resultados de exames polissonográfico e cefalometria lateral de pacientes apneicos a fim de determinar a precisão do exame cefalométrico, para o diagnóstico da apneia obstrutiva do sono, visto
que este exame é de fácil realização, baixo custo e submete o paciente a doses mínimas de radiação
em comparação com o exame polissonográfico, que exige um laboratório especial, tempo relativamente longo, uma equipe especializada para a sua execução e tem um custo maior. A cefalometria
lateral é um exame estático, de uma estrutura dinâmica, e sendo assim, não é capaz de determinar o
grau de severidade de uma possível síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), bem como oxigenação sanguínea e pressão arterial, fatores estes verificados no exame de polissonografia. A cefalometria lateral pode ser útil, como um exame inicial, solicitado por um Cirurgião-Dentista habilitado a perceber sinais e sintomas comuns a pacientes apneicos a fim de confirmar ou não a SAOS, e
sendo o caso, encaminhar o paciente para uma equipe multidisciplinar, tendo em vista que a SAOS
pode levar a consequências muito sérias, como hipertensão arterial, infarto do miocárdio e até a
morte.
PALAVRAS CHAVE
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono; Cefalometria Lateral; Polissonografia.
ABSTRACT
In this study we’ve made a literature review, aiming to draw a parallel between the results of
polysomnographic tests and lateral cephalometry tests on apneic patients in order to determine the
accuracy of the cephalometric test for the diagnosis of the obstructive sleep apnea syndrome
(OSAS), since the an easy and low cost test and subjects the patient to minimal doses of radiation
compared to the polysomnography test, which requires a special laboratory, a relatively long time to
perform, a specialized team to implement and a higher cost. The lateral cephalometry is a static test
with a dynamic structure and, thus, is not able to determine the severity of a possible obstructive
sleep apnea syndrome, as well as blood pressure and oxygenation, both factors checked during the
polysomnography test. The lateral cephalometry may be useful as an initial test, asked by a dentist
used to diagnosticate signs and symptoms common to apneic patients in order to confirm whether or
not the OSAS is present and, if appropriate, refer the patient to a multidisciplinary team, since the
1
OSAS can lead to very serious consequences, such as hypertension, myocardial infarction and even
death.
KEYWORDS
Obstructive Sleep Apnea Syndrome; Lateral Cephalometry, Polysomnography.
INTRODUÇÃO
Segundo a Associação Brasileira do Sono
(2012) a apneia do sono significa um problema respiratório, que acontece enquanto dormimos caracterizada por interrupções breves e
repetida (com duração de pelo menos 10 segundos numa frequência maior que 5 episódios por hora). Existem dois tipos de apneia
do sono, a do tipo central, que é bem menos
comum, e ocorre quando o cérebro deixa de
enviar ordens aos músculos do tórax responsáveis pela respiração, ou seja, a via aérea
superior esta aberta mas o tórax não se move,
normalmente causada por problemas neurológicos e insuficiência congestiva e a do tipo
obstrutiva, que apesar dos movimentos torácicos presentes, a via aérea superior está obstruída, colapsada. Esta é mais frequente e mais
sono profundo); b) excesso de tecidos, (hipertrofia da adenoide, palato mole alongado, língua volumosa, cistos ou tumores); c) obesidade, (acúmulo de gordura ao redor da faringe);
d) alterações do esqueleto facial, (queixo e
maxila pequenos e retroposicionados); e) posição de dormir, (decúbito dorsal pode piorar
o estreitamento da faringe). Os principais sinais desta doença são: ronco alto e frequente,
engasgos e sufocação durante o sono, sonolência exagerada durante o dia, cansaço ao
acordar, dor de cabeça ao acordar, dificuldade
de memória e concentração, irritabilidade e
depressão, pressão alta e impotência sexual.
Ainda, devido ao quadro de sonolência diurna, o risco de acidente automobilístico é de 4
a 7 vezes maior nos indivíduos com apneia
obstrutiva do sono.
grave que a apneia central, e está na grande
De acordo com Venturini (2011) a síndrome
maioria dos casos associada com ronco alto e
da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é um
contínuo durante o sono. A Apneia Obstrutiva
distúrbio respiratório que se caracteriza pela
do Sono (AOS) na maioria das vezes tem cau-
obstrução, total ou parcial e recorrente, das
sa multifatorial, sendo consequência de um
vias aéreas superiores durante o sono e atinge
colapso ou de um grande estreitamento da via
de dois a quatro por cento da população ame-
aérea superior que ocorre durante o sono. En-
ricana e costuma ser subdiagnosticada em
tre as causas multifatoriais que podem contri-
mais de 80% da população adulta dos EUA.
buir para a AOS podemos citar as seguintes:
a) relaxamento da musculatura ao redor da
faringe, (uso de álcool, sedativos e durante o
Aproximadamente 40% a 60% dos pacientes
com SAOS examinados através da polissono2
grafia apresentam hipertensão e essas duas
grama de membros inferiores; e) fluxo aéreo
condições juntas, podem levar a várias doen-
nasal e oral registrado por sensores do tipo
ças cardíacas tais como, arritmias e infartos.
termístor ou termopar; f) registro de pressão
A polissonografia feita em laboratórios do
nasal obtido por transduto de pressão; g) re-
sono é aceita como padrão ouro no diagnósti-
gistro de movimento torácico e abdominal; h)
co da SAOS, porém demanda muito tempo
eletrocardiograma; i) oximetria digital; j) re-
para ser realizada e é muito dispendiosa
gistro de ronco com microfone traqueal, e k)
(HUNG et al., 2009).
registro de posição corporal (CHAVES JU-
A SAOS também pode provocar sonolência
NIOR et al., 2011).
diurna, dificuldade de concentração, cefaleia
Ainda segundo Chaves Junior et al.(2011) em
matutina entre outros sintomas (CARVA-
2007, por iniciativa da Associação Brasileira
LHO, 2010).
do Sono, buscou-se uniformizar no Brasil o
Devido à importância e subavaliação da
SAOS, este artigo se propõe a analisar a eficácia e o nível de segurança no diagnóstico da
SAOS, através de revisão de literatura, da
cefalometria lateral no diagnóstico da SAOS,
visto que, se trata de exame simples de executar e de baixo custo.
diagnóstico e o tratamento da SAOS em adultos, crianças e adolescentes. Neste consenso
diz que, apesar da cefalometria poder auxiliar
na identificação de sítios obstrutivos faríngeos, assim como contribuir para a avaliação
do espaço posterior das vias aéreas superiores,
do comprimento do palato mole, posição do
osso hioide, e na verificação do padrão de
Devido a entidades clínicas particulares, pró-
crescimento e posicionamento espacial da
prias da área médica, a apneia do tipo central,
maxila e da mandíbula, a cefalometria, não
não será abordada neste artigo.
deve ser um exame de rotina para a avaliação
REVISÃO DE LITERATURA
do paciente com SAOS. Isso significa que a
telerradiografia cefalométrica não é obrigató-
O estudo polissonográfico de noite inteira,
ria. Porém, esse mesmo estudo, indica que em
realizado no laboratório sob supervisão de um
casos de suspeita de dimorfismo craniofacial,
técnico habilitado em polissonografia, consti-
o método preferencial de avaliação é a cefa-
tui o método diagnóstico padrão para a avali-
lometria. A cefalometria é de extrema impor-
ação dos distúrbios respiratórios do sono. Re-
tância em casos que envolvam cirurgia ortog-
comenda-se um registro de pelo menos 6 ho-
nática e para acompanhamento de possíveis
ras, com monitorização mínima dos seguintes
alterações na posição de estruturas dento es-
parâmetros: a) eletroencefalograma; b) eletro-
queléticas provocadas pelos aparelhos intra-
oculograma esquerdo e direito; c) eletromio-
orais.
grama da região mentoniana; d) eletromio3
A radiografia cefalométrica corresponde a
faringeana importante e, nesses casos, o paci-
uma técnica utilizada no diagnóstico das de-
ente deve ser encaminhado para o otorrinola-
formidades craniofaciais, através da qual se
ringologista, para um diagnóstico preciso do
pode obter medidas da base do crânio, posi-
grau de obstrução respiratória nasal. Diagnós-
ção do osso hioide, configuração mandibular,
tico, este, que é de suma importância para o
espaço aéreo posterior da faringe, dimensões
ortodontista, pois a presença da adenoide obs-
da língua, espessura e comprimento da úvula
trutiva pode interferir tanto nos resultados do
entre outras. A análise cefalométrica apresen-
tratamento ortodôntico como na estabilidade
ta importante valor no diagnóstico etiológico
da oclusão pós-tratamento.
da SAOS, e deve ser considerada entre os
exames de rotina, pois através dela, podemos
identificar anormalidades esqueléticas e em
tecidos moles, ajudando na indicação cirúrgica que deve ser baseada na gravidade e na
presença de alterações anatômicas das vias
aeras superiores (SALLES et al. , 2005).
Com base nos dados colhidos em sua revisão
de literatura, Marques; Maniglia (2005) concluíram que os indivíduos com SAOS têm a
relação entre maxila e mandíbula aumentada
(ANB), assim como o comprimento craniano
anterior (S-N), altura facial (N-ENA, ENAMe, S-Go) e comprimento do palato duro e
De acordo com Santos-Pinto et al. (2006) a
mole (ENA-ENP, ENP-P). A largura do pala-
amídala faringeana, comumente conhecida
to mole (LPMo), a distância entre o hioide e a
como adenoide é uma estrutura de tecido lin-
mandíbula (H-PM e H-RGN) é maior no gru-
foide, localizada na parede posterior da naso-
po SAOS grave que nos SAOS moderadas e
faringe. Em seu desenvolvimento normal, a
em indivíduos normais.
amídala faringeana exibe um aumento em
massa do nascimento à puberdade, após este
período, sofre um processo de atrofia, provavelmente devido à ação dos hormônios sexuais. A telerradiografia cefalométrica em norma lateral, possibilita a avaliação dos vários
graus de hipertrofia da amídala faringeana,
desde a sua ausência à sua presença obstrutiva
por meio da medição do espaço nasofaringeano resultante. Quando o istmo (menor espaço
existente entre a superfície dorsal do palato
mole e a parede posterior da nasofaringe ou
Fonte: Marques; Maniglia (2005).
adenoide) se apresentar igual ou inferior a 4
mm, indicará que existe uma obstrução naso4
Com o objetivo de comparar a utilização da
implica numa maior atenção do técnico na
radiografia cefalométrica de perfil e da radio-
realização do exame, para que o paciente não
grafia de cavum na avaliação do espaço aéreo
mexa a cabeça. Com os resultados em mãos,
nasofaringeano, Galvão; Almeida (2010) rea-
foi feito uma comparação estatística através
lizaram um estudo na cidade de Recife/PE,
do teste t de Student pareado, do teste qui-
com 36 crianças portadoras de respiração bu-
quadrado (X2), do coeficiente de correlação
cal, com idades variando de 5 a 12 anos. As
linear de Pearson e do índice Kappa. Apenas
crianças foram divididas em 6 grupos, e em
na porcentagem da via aérea foi encontrada
cada grupo, as tomadas radiográficas foram
diferença
realizadas num mesmo dia. A amostra cons-
(p=0,006). Um alto grau de correlação foi
tou de 72 radiografias, sendo 36 cefalométrica
verificado em todas as medidas avaliadas e o
e 36 de cavum. As radiografias cefalométricas
grau de concordância dos valores obtidos no
são normalmente utilizadas pelos ortodontis-
Índice foi considerado bom. Portanto conclui-
tas, enquanto as de cavum pelos otorrinola-
se que para a análise do espaço aéreo nasofa-
ringologistas. Após as analises procurou-se:
ringeano, a radiografia cefalométrica de perfil
1) comparar estatisticamente os dados obtidos
ou a radiografia de cavum supririam as neces-
quanto à porcentagem da via aérea ocupada
sidades tanto dos ortodontistas quanto dos
pelo tecido adenoideano e medidas lineares na
otorrinolaringologistas.
avaliação do espaço naso faringeano; 2) avaliar o grau de correlação desses valores, em
ambas as técnicas radiográficas; 3)estabelecer
se apenas umas das técnicas poderia suprir as
necessidades dos ortodontistas e otorrinolaringologistas. A segurança dos métodos radiográficos para a avaliação do espaço aéreo
nasofaringeano tem sido questionada devido a
visualização bidimensional e estática para
uma estrutura tridimensional e dinâmica. Porém, vários trabalhos demonstram uma correlação significativa entre os resultados obtidos
na avaliação radiográfica e os obtidos na avaliação clínica. A grande diferença entre a radiografia cefalométrica e cavum, é que ela
utiliza o cefalostato para fixar a cabeça do
paciente, o que não ocorre na cavum, o que
estatisticamente
significativa
Com o objetivo de avaliar a variação das áreas
e diâmetros de regiões das vias aéreas superiores e do palato mole em indivíduos portadores da SAOS, um estudo foi feito com 22 indivíduos e avaliadas suas cefalometrias em
posição vertical e supina. Todos diagnosticados previamente por exame polissonográfico,
(índice de apneia-hipopnéia > 10) e com sobrepeso (índice de massa corporal entre 25 e
34,9 kg/m2). E chegaram-se as seguintes conclusões: os indivíduos com SAOS, ao variar
sua postura da posição vertical para horizontal
(supina), sofreram redução da área das vias
aéreas superiores e do menor diâmetro da
orofaringe e hipofaringe, sugerindo obstrução.
O palato mole, com o indivíduo na posição
supina, apresentou maior área radiográfica e
5
largura em relação ao indivíduo na posição
meso, braqui e dolicofacial, determinados
vertical (NAUFF, 2009).
pelo índice VERT de Ricketts. Para esta a-
Em outro estudo realizado por Battagel et al.
(2002) com 100 pacientes caucasianos do
sexo masculino, divididos em 2 grupos de 50,
sendo 50 não-apneicos e 50 portadores da
SAOS, todos diagnosticados através do exame polissonográfico, foi feito a comparação
das radiografias laterais e seus respectivos
traçados cefalométricos digitalizados, na posição vertical (sentado) e posição horizontal
(supina). Para efeito de comparação e avaliação, usaram-se as seguintes estruturas: o
comportamento da orofaringe, palato mole,
língua e osso hioide entre os dois grupos. Foi
observado um padrão semelhante de mudança
quando se deslocaram da posição vertical para
a posição supina. E chegaram as seguintes
conclusões: 1) ambos os grupos apresentaram
mudanças semelhantes quando mudaram de
posição vertical para posição supina; 2) a via
aérea da orofaringe se torna mais estreita na
dimensão antero-posterior, com maiores reduções ocorrendo por trás do palato mole; 3) o
palato mole se torna maior e mais arredondado na dimensão antero-posterior; 4) o osso
hioide move anteriormente e inferiormente
para acomodar o aumento do volume da língua.
A avaliação da influência do tipo facial nos
tamanhos dos espaços aéreos nasofaríngeo e
bucofaríngeo, foi objeto de estudo, no qual foi
utilizado um total de 90 telerradiografias laterais de pacientes, divididos em três grupos:
mostra foi utilizados radiografias de pacientes
entre 9 e 16 anos de idade e todos apresentavam padrão respiratório nasal, sem qualquer
tipo de obstrução. Para confirmação dos pacientes que relataram serem respiradores bucais,
foi utilizado o espelho nasal milimetrado de
Altmann, abaixo das narinas do paciente, método que confirmou ou não a presença de fluxo aéreo nasal ou bucal. Para a determinação
do tipo facial, foi utilizado o índice VERT de
Ricketts, sendo os pontos cefalométricos marcados no programa da Radio Memory, Radiocef 4.0. Para demarcação dos espaços naso e
bucofaríngeo, foram feitos traçados manuais
em um ambiente escurecido. Onde se avaliou
as distâncias entre borda posterior da naso e
bucofarínge e o palato mole. E de acordo com
a metodologia empregada neste estudo e com
a análise dos resultados, concluiu-se que: 1)
não foi observada influência do padrão de
crescimento craniofacial nos tamanhos dos
espaços aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo;
2) não houve correlação entre os valores do
índice VERT de Ricketts e os tamanhos dos
espaços aéreos naso e bucofaríngeo; 3) não
houve dimorfismo sexual nos tamanhos dos
espaços aéreos naso e bucofaríngeo (CASTRO; VASCONCELOS, 2008).
Silva (2001) realizou um estudo comparativo
entre análise cefalométrica radiográfica e exame polissonográfico para diagnóstico da
síndrome da apneia obstrutiva do sono, em 60
pacientes com suspeita clínica da SAOS, ob6
servou-se a confiabilidade dos dados obtidos
e o elevado valor preditivo positivo, faz da
na cefalometria, principalmente para determi-
cefalometria radiográfica um instrumento
nação dos sítios obstrutivos, servindo desta
confiável, capaz de identificar e diagnosticar
forma de guia terapêutico. Os resultados não
pacientes com SAOS com precisão, e indi-
apresentaram diferença estatisticamente signi-
cando os pontos de obstrução relacionados
ficante no que diz respeito à capacidade diag-
com a manifestação da doença. Por outro la-
nóstica da cefalometria radiográfica e do e-
do, a baixa especificidade da cefalometria
xame polissonográfico. A cefalometria foi
radiográfica e o seu valor preditivo negativo,
capaz de
não permitem a sua utilização como um exa-
identificar
satisfatoriamente a
SAOS, (û 91,5% de sensibilidade) em pacientes portadores desta, por outro lado, não se
mostrou capaz de diagnosticar de forma satisfatória, indivíduos não portadores de SAOS
(especificidade û 38,5%).
Em outra pesquisa procurou-se verificar a
acurácia da cefalometria radiográfica das vias
aéreas posteriores para diagnóstico da SAOS.
A amostra constou de 60 pacientes com diagnóstico polissonográfico positivo e diagnóstico cefalométrico positivo também. A comparação foi estabelecida através dos testes de
me único (SILVA et al. 2005).
Segundo vários autores as principais formas
de tratamento para SAOS são: a) aparelhos
Intra-Orais [aparelho reposicionador mandibular e aparelho retentor lingual (para ronco,
principalmente em edêntulos)]; b) tratamentos
com aparelhos de pressão positiva na via aérea (CPAP); c) tratamento cirúrgico de tecidos moles faringeanos e d) tratamento cirúrgico esquelético facial (cirurgia ortognática)
(CHAVES JUNIOR et al., 2011; TAN et al.,
2002; AZENHA; MARZOLA, 2010 e CARVALHO, 2010).
McNemar e kappa de Cohen. Observou-se
que a sensibilidade da análise cefalométrica
foi de 91,5% e a especificidade de 38,5%. O
valor preditivo positivo foi de 84,3% e o negativo de 55,6%. Falso negativo = 4 situações
e falso positivo = 8 situações. O teste McNemar mostrou não haver diferença significante
DISCUSSÃO
Para um correto diagnóstico da SAOS, devemos levar em conta uma série de definições
estabelecidas, parâmetros de diagnóstico clínico-laboratoriais e os limites de atuação em
sua área (CHAVES JUNIOR et al., 2011).
entre os resultados auferidos pela cefalometria
e pela polissonografia (p=0.388) e o nível de
Os achados científicos dos autores descritos
concordância calculado por meio do coefici-
neste trabalho possibilitam o conhecimento
ente kappa de Cohen foi de 33,7% (p=0.007),
das alterações dento esqueléticas relacionadas
significantes para valores de p< 0.05. Em re-
às obstruções nasofaringeanas, técnicas labo-
sumo pode-se afirmar que a alta sensibilidade
7
ratoriais para diagnóstico da SAOS e análise
Para Santos-Pinto et al. (2006) a telerradio-
clínica.
grafia cefalométrica em norma lateral, possi-
Segundo Chaves Junior et al.(2011) em uma
iniciativa da Associação Brasileira do Sono
em 2007, buscou-se uniformizar no Brasil o
diagnóstico e o tratamento da SAOS em adultos, crianças e adolescentes. Neste consenso,
ficou determinado que a cefalometria lateral,
pode auxiliar na identificação de sítios obstrutivos faríngeos, assim como contribuir para a
avaliação do espaço, posterior das vias aéreas
superiores, do comprimento do palato mole,
posição do osso hioide, e na verificação do
padrão de crescimento e posicionamento espacial da maxila e da mandíbula, porém a
cefalometria lateral não deve ser um exame de
rotina para a avaliação do paciente com
SAOS. Porém, este mesmo consenso, indica
bilita a avaliação dos vários graus de hipertrofia da amídala faringeana, desde a sua ausência à sua presença obstrutiva por meio da medição do espaço nasofaringeano resultante.
Quando o istmo (menor espaço existente entre
a superfície dorsal do palato mole e a parede
posterior da nasofaringe ou adenoide) se apresentar igual ou inferior a 4 mm, indicará que
existe uma obstrução nasofaringeana importante e, nesses casos, o paciente deve ser encaminhado para o otorrinolaringologista, para
um diagnóstico preciso do grau de obstrução
respiratória nasal. Diagnóstico este de extrema importância para os ortodontistas, no que
se refere à estabilidade da oclusão póstratamento.
que em casos de suspeita de dimorfismo cra-
Com base nos dados colhidos em sua revisão
niofacial, o método preferencial de avaliação
de literatura Marques; Maniglia (2005), con-
é a cefalometria lateral.
cluíram que os indivíduos com SAOS têm a
Já para Salles et al.(2005) a cefalometria lateral serve para obter medidas da base do crânio, posição do osso hioide, configuração
mandibular, espaço aéreo posterior da faringe,
dimensões da língua, espessura e comprimento da úvula entre outras e deve ser considerada entre os exames de rotina, pois através
relação entre maxila e mandíbula aumentada
assim como o comprimento craniano anterior,
altura facial e comprimento do palato duro e
mole. E a largura do palato mole e a distância
entre o hioide e a mandíbula é maior no grupo SAOS grave que nos SAOS moderadas e
em indivíduos normais.
dela, podemos identificar anormalidades es-
Galvão; Almeida (2010) realizaram um estu-
queléticas e em tecidos moles, ajudando na
do a fim de determinar se a radiografia de
indicação cirúrgica que deve ser baseada na
cavum e a cefalometria lateral poderia suprir
gravidade e na presença de alterações anatô-
as necessidades dos ortodontistas e otorrinola-
micas das vias aeras superiores.
ringologistas e para isso compararam estatisticamente os dados obtidos quanto à porcen8
tagem da via aérea ocupada pelo tecido ade-
maior área radiográfica e largura em relação
noideano e medidas lineares na avaliação do
ao indivíduo na posição vertical.
espaço nasofaringeano e o grau de correlação
desses valores, em ambas as técnicas radiográficas. A grande diferença entre a radiografia cefalométrica e cavum, é que a cefalométrica utiliza o cefalostato para fixar a cabeça
do paciente, o que não ocorre na cavum, o que
implica numa maior atenção do técnico na
realização do exame, para que o paciente não
mexa a cabeça. Com os resultados em mãos,
apenas na porcentagem da via aérea foi encontrada diferença estatisticamente significativa. Um alto grau de correlação foi verificado
em todas as medidas avaliadas e o grau de
concordância dos valores obtidos no Índice
foi considerado bom. Portanto concluiu-se
que para a análise do espaço aéreo nasofaringeano, a radiografia cefalométrica de perfil ou
a radiografia de cavum supririam as necessidades tanto dos ortodontistas quanto dos otorrinolaringologistas.
Com o objetivo de avaliar a variação das áreas
e diâmetros de regiões das vias aéreas superiores e do palato mole em indivíduos portadores da SAOS, Nauff (2009) realizou um estudo com 22 indivíduos e avaliadas suas cefalometrias em posição vertical e supina, chegou-se a seguinte conclusão: os indivíduos
com SAOS, ao variar sua postura da posição
vertical para horizontal (supina), sofreram
redução da área das vias aéreas superiores e
do menor diâmetro da orofaringe e hipofaringe, sugerindo obstrução. O palato mole, com
o indivíduo na posição supina, apresentou
Por sua vez, Battagel et al. (2002) realizaram
um estudo com 100 pacientes caucasianos do
sexo masculino, divididos em 2 grupos de 50,
sendo 50 não-apneicos e 50 portadores da
SAOS, no qual foi feita uma comparação das
radiografias laterais e seus respectivos traçados cefalométricos digitalizados, na posição
vertical (sentado) e posição horizontal (supina) e chegaram as seguintes conclusões: ambos os grupos apresentaram mudanças semelhantes quando mudaram de posição vertical
para posição supina, a via aérea da orofaringe
se torna mais estreita na dimensão anteroposterior, com maiores reduções ocorrendo
por trás do palato mole, o palato mole se torna
maior e mais arredondado na dimensão antero-posterior e o osso hioide move anteriormente e inferiormente para acomodar o aumento do volume da língua.
Já, o objeto de estudo de Castro; Vasconcelos
(2008) foi a avaliação da influência do tipo
facial nos tamanhos dos espaços aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo, ou seja: meso, braqui
e dolicofacial e concluíram que: não foi observada influência do padrão de crescimento
craniofacial nos tamanhos dos espaços aéreos
nasofaríngeo e bucofaríngeo, não houve correlação entre os valores do índice VERT de
Ricketts e os tamanhos dos espaços aéreos
naso e bucofaríngeo e não houve dimorfismo
sexual nos tamanhos dos espaços aéreos naso
e bucofaríngeo.
9
Em outra pesquisa procurou-se verificar a
http://www.sbsono.com.br/absono/artigos.htm
acurácia da cefalometria radiográfica das vias
Acesso em 12/04/2012.
aéreas posteriores para diagnóstico da SAOS.
A amostra constou de 60 pacientes com diagnóstico polissonográfico positivo e diagnóstico cefalométrico positivo também e chegouse a seguinte conclusão: a alta sensibilidade e
AZENHA, Marcelo Rodrigues, MARZOLA,
Clóvis. Avaliação do espaço aéreo faríngeo
em pacientes classe II submetidos à cirurgia
ortognática. Rev Bras Cir Craniomaxilofac.
13(2): 92-6; 2010.
o elevado valor preditivo positivo faz da cefalometria radiográfica um instrumento confiá-
BATTAGEL,
vel, capaz de identificar e diagnosticar pacien-
SMITH, Anne-Marie and KOTECHA, Bhik.
tes com SAOS com precisão, e indicando os
Postural variation in oropharyngeal dimen-
pontos de obstrução relacionados com a mani-
sions in subjects with sleep disordered breath-
festação da doença. Por outro lado, a baixa
ing: a cephalometric study. European Journal
especificidade da cefalometria radiográfica e
of Orthodontics 24 263–276; 2002 (European
o seu valor preditivo negativo, não permitem
Orthodontic Society).
a sua utilização como um exame único (SILVA et al. 2005).
Joanna,
JOHAL,
Ama,
CARVALHO, Carlos Alberto de. Tratamento
da apneia obstrutiva do sono com Ap Grunt.
CONCLUSÃO
OrtodontiaSPO. 43(4): 389-95,2010.
A cefalometria lateral mostrou ser um exame
CASTRO, Aline Maria Alencar de, VAS-
eficiente para o diagnóstico precoce da
CONCELOS, Maria Helena Ferreira. Avalia-
SAOS, devendo o cirurgião dentista ter co-
ção da influência do tipo facial nos tamanhos
nhecimento de seus sinais e sintomas e na sua
dos espaços aéreos nasofaríngeo e bucofarín-
suspeita sempre solicitá-la como um exame
geo. Resumo da dissertação de mestrado apre-
inicial, encaminhando o paciente para um
sentada à Faculdade de Odontologia da U-
tratamento com uma equipe multidisciplinar,
MESP para a obtenção do título de mestre em
visto que a SAOS pode levar a consequências
Ortodontia. R Dental Press Ortodon Ortop
sérias, como hipertensão arterial, infarto do
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