loteamento ouro verde: uma análise do urbano e do

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Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2012. ISSN 2317-9759
LOTEAMENTO OURO VERDE: UMA ANÁLISE DO URBANO E DO
ECONÔMICO NA FRANJA URBANA DA CIDADE DE PONTA GROSSA,
PARANÁ.
MORAIS, André de1;
OLIVEIRA, Fábia A. S2.
INTRODUÇÃO
O município de Ponta Grossa abrange dezesseis bairros, sendo estruturados a partir de vilas
e loteamentos. Desta forma no bairro Colônia Dona Luiza, encontra-se o loteamento irregular Ouro
Verde. Este loteamento, iniciado a partir da ocupação de um terreno público há aproximadamente
11 anos, hoje se encontra em processo de regularização pelo programa municipal “Papel Legal”. O
mesmo possui um total de dezenove quadras, compreendendo em média quarenta lotes por quadra,
se dividindo em casas de madeira, alvenaria ou mistas, com em média uma família por lote.
Com base nisso, parte-se de um recorte escalar de uma quadra com trinta e nove lotes, entre
os logradouros Paládio, Anortita, Dalonita e Olivina, localizada dentro do loteamento Ouro Verde,
que neste trabalho representará a unidade amostral, abrangido no bairro Colônia Dona Luiza, no
município de Ponta Grossa, Paraná, buscando a compreensão da “lógica” do processo de formação
das cidades no sistema capitalista de produção. A utilização desta amostra deve-se pela mesma
representar um “padrão” de média no número de lotes do total de quadras presentes no núcleo,
assim como de famílias em cada lote e suas respectivas rendas, onde a maioria não ultrapassa o total
de um salário mínimo, além do tempo em que residem no loteamento, número de filhos e
escolaridade.
OBJETIVO
Este trabalho propõe-se em contextualizar e explanar os fenômenos urbanos e econômicos
que ocorrem no Loteamento Ouro Verde, localizado no bairro Colônia Dona Luiza. A partir disso,
pretende-se realizar uma análise teórica com o respaldo da geografia urbana e da geografia
econômica, para a melhor compreensão do espaço intra-urbano deste loteamento, partindo da
premissa de que, segundo Corrêa (1995), o Espaço é reflexo e condição das relações e
transformações sociais.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi a organização e aplicação de entrevistas com os moradores de
cada lote, a partir da amostra retirada de uma quadra dentro de um total de 19 que compreendem
todo o loteamento. Para tanto, fez-se necessária a aplicação in loco de um questionário
socioeconômico com perguntas abertas e fechadas em relação à renda, número de filhos,
escolaridade, estado civil, que darão uma colaboração essencial para a estruturação desta análise.
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Graduando em Bacharelado em Geografia, UEPG, [email protected]
Graduanda em Bacharelado em Geografia, UEPG, [email protected]
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Tabela 1. Levantamento Socioeconômico do Loteamento Ouro Verde.
Os dados e variáveis podem ser verificados de maneira explícita na Tabela 1, exposta acima.
Deve-se levar em consideração que as células em branco indicam que a entrevista não foi cedida, e
o “asterisco” representa os dados não obtidos no decorrer das respostas.
Analisando o item “estado civil”, verifica-se que dos 34 entrevistados aproximadamente
59% são casados, 32% são solteiros e 9% são viúvos. Em relação à escolaridade, observa-se que do
total, aproximadamente 3% são analfabetos, 12% têm primário incompleto e 12% primário
completo, 27% apresentam fundamental incompleto e 24% fundamental completo, 6% médio
incompleto, 15% médio completo e apenas 3% têm curso técnico subsequente.
A partir disto, pode-se fazer uma relação entre a escolaridade e a profissão, visto que,
segundo os dados apresentados na Tabela 1, a maior parcela entrevistada apresenta profissões
“técnicas” e autônomas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Considerando as especificidades de cada indivíduo dentro deste recorte a partir da
observação detalhada dos dados, pode-se colocar que a formação das cidades e a estruturação do
espaço intra-urbano se dão segundo Flávio Villaça (2001) “(...) pelo deslocamento do ser humano,
enquanto portador da mercadoria força de trabalho ou enquanto consumidor (mais do que pelo
deslocamento das mercadorias em geral ou do capital constante).” A partir disso, pode-se observar o
caso de estruturação de espaço intra-urbano nas cidades, no município de Ponta Grossa, Paraná.
Verificando que a estruturação intra-urbana se dá a partir de deslocamentos, a cidade se divide a
partir de zonas de comércio, indústria e moradia, e na maioria das vezes, estando estas três zonas
presentes num mesmo recorte devido às necessidades da população local, formando assim os
chamados múltiplos núcleos, citados por Chauncy D. Harris e Edward L. Ullman (2004), em “A
Natureza das Cidades”.
Sendo assim, é necessário colocar que este loteamento está localizado à franja urbana da
cidade de Ponta Grossa, e que isto se materializou a partir da estruturação do urbano em Ponta
Grossa, pela lógica das ações dos cinco agentes produtores do espaço urbano citados por Corrêa
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(2003), os Proprietários dos Meios de Produção, os Proprietários Fundiários, os Promotores
Imobiliários, o Estado e os Grupos Sociais Excluídos, estes últimos que não obtém as mesmas
condições de capital financeiro segundo os outros quatro agentes, obedecendo assim, de certa forma
a estrutura do sistema capitalista de produção.
Nesta análise ainda pode-se colocar a importância da posse de terra enquanto papel social.
Em uma cidade capitalista, faz-se necessário o recorte de classes, que a partir da posse da terra
materializa o sentimento de poder. Assim, verifica-se que o espaço condiciona a maneira com que
as relações e transformações sociais se dão, sendo que é visível a diferença entre as relações sociais
em cada recorte espacial dentro de uma cidade. Entretanto, assim como o espaço condiciona, ele
torna-se reflexo destas ações espaciais, já que os agentes produtores do espaço têm suas relações
“antônimas” em cada recorte, como citado anteriormente, e estas relações vem a definir as
configurações.
É importante colocar, que este desenvolvimento desigual do espaço urbano se dá de maneira
espaço-temporal, já que de acordo com a transição do sistema feudalista para o sistema capitalista
de produção, coordenou-se o ritmo acelerado de expansão urbana, onde se aumentou a densidade
demográfica no espaço urbano, mas não houve a adequação de serviços urbanos, como traz Arruda
(1988), em seu livro “A revolução industrial”. Ainda vale colocar que a partir deste
desenvolvimento desigual, o capitalismo instaura suas raízes na ocupação e produção dentro do
espaço, como cita Soja (1993), ou seja, a organização das cidades se determina inicialmente
também de acordo com “os interesses do capital”, além das novas massas na cidade como os
trabalhadores das fábricas, os “vagabundos” (que podem ser analisados enquanto Grupos Sociais
Excluídos), que também condicionam e refletem o espaço. Com essas considerações, coloca-se o
Loteamento Ouro Verde enquanto a matéria resultante destes processos destacados, tendo sua
população destacada dentro dos Agentes Sociais Excluídos, estes que com a lógica do modo
capitalista de produção, seguem estabelecidos na franja urbana da cidade de Ponta Grossa,
produzindo suas ações de acordo com seu recorte espacial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, José Jobson de A.. A revolução industrial. São Paulo: Ática, 1988, 93p.
CORRÊA, Roberto Lobato. Espaço, Um Conceito-Chave da Geografia in: Geografia Conceitos e
Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1995. 15-46p.
CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 2003, 94p.
HARRIS, Chauncy D; ULLMAN, Edward L. A Natureza das Cidades – Cidades in: Revista
Científica. Vol. 1, n.1. Presidente Prudente: Grupo de Estudos Urbanos, 2004, 145-163p.
SOJA, Edward W. Geografias Pós-Modernas: A reafirmação do espaço na teoria social crítica.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 324p.
VILLAÇA, Flávio. O Espaço Intra-Urbano no Brasil. 2. Ed. São Paulo: Studio Nobel, 2001,
376p.
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