BRICS Monitor Brasil em Visita à China – Balanços Gerais Abril de 2011 Núcleo de Análises de Economia e Política dos Países BRICS BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS BRICS Monitor Brasil em Visita à China – Balanços Gerais Abril de 2011 Núcleo de Análises de Economia e Política dos Países BRICS BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR Brasil em Visita à China – Balanços Gerais Emília Fernanda Prado Brasil em Visita à China – Balanços Gerais Em 11 de abril de 2011, a presidente Dilma Roussef chegou à China – onde ocorreu a terceira reunião de cúpula dos países BRICS – aproveitando a visita para fortificar laços diplomáticos e comerciais com o país asiático, seu maior parceiro comercial e investidor. O objetivo principal do Brasil era a adoção de projetos em conjunto com a China que pudessem gerar benefícios a ambas as partes1. Durante a visita, Roussef e o presidente chinês, Hu Jintao, assinaram um comunicado conjunto pleiteando a diversificação do comércio bilateral e, também, prometeram fortalecer sua parceria estratégica. Um dos mais importantes acordos estabelecidos consistiu na compra de 35 jatos comerciais da empresa brasileira Embraer, que já possui 80 aviões em operação na China, de acordo com o China Daily2. No que concerne aos demais setores da economia, em relatório produzido pelo Conselho Empresarial Brasil-China, afirma-se que três das maiores montadoras chinesas (Chery, Dongfend e JAC) anunciaram investimentos de cerca de US$420 milhões no Brasil. De acordo com Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Dilma para Assuntos Internacionais, a produção de um carro sino-brasileiro, por exemplo, refletia um dos interesses prioritários para as negociações. Sendo assim, durante a visita, o Brasil empenhou-se em estimular a produção conjunta de automóveis com a China, a fim de evitar que o país asiático, mais uma vez, inunde o mercado nacional com seus produtos de grande vantagem competitiva, em função de seu baixo custo3. Ademais, cerca de outros 20 acordos de cooperação foram assinados, dentre eles nas áreas de energia, agricultura, finanças e infraestrutura, de acordo com a agência de notícias Xinhua. Outro relevante ponto ressaltado nas negociações consistiu no compromisso brasileiro de reconhecer a China como uma economia de mercado. Discutiu-se, ainda, a possibilidade do apoio chinês ao pleito brasileiro por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Por fim, os dois países mostraram-se favoráveis à reforma nos sistemas monetário e financeiro internacionais e clamaram para que a Rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio, produzisse resultados mais equilibrados4. Segundo Dilma Roussef, a visita consistiu em um “salto de qualidade” nas relações entre ambos os países. Ademais, a 1 Disponível em: http://www.estadao.com.br/ estadaodehoje/20110421/not_imp709084,0.php 3 Disponível em: http://www.estadao.com.br/ estadaodehoje/20110421/not_imp709084,0.php 2Disponível em: http://www.china.org.cn/ world/2011-04/13/content_22344940.htm 4 Disponível em: http://economia.estadao.com. br/noticias/not_62492.htm 3 BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR Brasil em Visita à China – Balanços Gerais presidente afirmou que procurará estimular a venda de produtos de maior valor agregado à China, o que provavelmente avançará em função dos acordos estabelecidos na área de petróleo, ciência e tecnologia. Em pronunciamento, Dilma afirma: “A viagem foi bastante proveitosa. Eu diria que foi muito bem sucedida, porque nós alcançamos os nossos principais objetivos: o de abrir as portas para que mais produtos brasileiros, produtos mais elaborados, entrassem na China”1. Além disso, a presidente ressaltou que tais investimentos gerarão um saldo positivo na criação de empregos e inovação tecnológica, o que deverá diminuir o preço de certos produtos, como tablets e televisores. Para tal, segundo Roussef, a fim de atender às demandas, será de vital importância uma maior capacitação do trabalhador brasileiro2. Dessa forma, podem-se destacar como saldos positivos, dentre outros, as promessas de diversificação no comércio bilateral, cooperação tecnológica e a abertura parcial do mercado chinês para a importação de carne suína brasileira. Os avanços no ramo tecnológico apontam, principalmente, para uma tentativa de variação dos investimentos chineses no Brasil, sendo que 85% desses são voltados para setores como petróleo e mineração3. 1 Disponível em: http://www.estadao.com.br/ noticias/geral,para-dilma-viagem-a-china-foi-salto-na-relacao-entre-paises,707762,0.htm 2 Disponível em: http://economia.estadao. com.br/noticias/not_63211.htm 3 Disponível em: http://www.estadao.com. Todavia, Brasil e China divergiram no que diz respeito à situação das commodities. O Brasil, como grande exportador de produtos primários, defendeu que a alta dos preços internacionais não poderia ser atribuída aos países em desenvolvimento. Ademais, assuntos de grande sensibilidade sequer foram tocados, como é o caso da questão dos direitos humanos. A China é conhecida por tomar atitudes não condizentes ao estabelecido por convenções internacionais referentes ao tema, podendo-se citar alguns episódios em que, por exemplo, não houve a garantia de liberdade de expressão. O fato de o Brasil não se pronunciar quanto a isso é tido como contraditório por muitos, tendo em vista o discurso atual da diplomacia brasileira, cuja ênfase na defesa dos Direitos Humanos vem sendo afirmada repetidamente. Por fim, segundo o analista Dani Nedal, projetos como o da Foxconn – que declarou investir 1,4 bilhão de dólares para a produção de telas de cristal líquido, utilizados em iPads, em uma nova fábrica no Brasil – ainda estão definidos de forma vaga e precisam ser negociados com as demais partes envolvidas – como a Apple, no caso. Diferentemente do afirmado por oficiais dos dois países, Nedal acredita que a viagem br/noticias/internacional,dilma-visita-oitava-maravilha-do-mundo-e-elogia-capacidade-do-povo-chines,707111,0.htm Disponível em: http://www.estadao. com.br/noticias/internacional,dilma-visita-oitava-maravilha-do-mundo-e-elogia-capacidade-do-povo-chines,707111,0.htm 4 BRICS POLICY CENTER - BRICS MONITOR Brasil em Visita à China – Balanços Gerais representa mais uma continuidade nas relações bilaterais do que uma mudança em seus padrões recentes. Para o analista, a postura brasileira tem sido de despreparo e passividade diante das negociações com a China, atitude que teria sido mantida nesta visita presidencial. A ruptura anunciada vigorosamente pelos líderes frente às conquistas obtidas em abril apenas seria significante caso o Brasil adotasse um tom mais assertivo em suas negociações para além das aparências e declarações oficiais. Sua posição sustenta-se na acusação de uma tela de fumaça que as tais declarações teriam levantado sobre o encontro, exagerando os resultados obtidos1. 1 Disponível em: press.com/author/dnedal/ http://imminentcrisis.word- 5