O Círculo das Virtudes CIBERNÉTICA APLICADA À COMUNICAÇÃO Marcelo Bolshaw Gomes1 Os livros estão caros porque existem poucos leitores e existem poucos leitores porque os livros são caros; estou doente porque não tenho qualidade de vida e não tenho auto-estima porque estou doente; os biscoitos não vendem porque são velhos e estão velhos porque não foram vendidos - a vida é cheia de Círculos Viciosos, isto é: de ciclos de recorrência em que os fatores causais se condicionam mutuamente impedindo o desenvolvimento ou o funcionamento regular do sistema em questão. Em contrapartida, também existem os Círculos Virtuosos, ou ciclos de excelência, em que os fatores causais se retroalimentam determinando uma crescente otimização do sistema: muitos leitores = livros baratos = mais leitores; qualidade de vida = saúde = auto-estima; biscoitos fresquinhos = boas vendas = novos biscoitos fresquinhos. Então, essa é a questão central de que me coloco (tanto do ponto de vista teórico como do existencial) há algum tempo: como transformar os ciclos viciosos em ciclos virtuosos? E mais: como e porque a ordem dos fatores causais altera o resultado do sistema? Quais os fatores da excelência comuns a um 'sistema ótimo' e a uma vida criativa? É possível estabelecer uma nova teoria cibernética centrada na idéia de desenvolvimento pessoal? 1 Mestre em ciências Sociais e professor de Comunicação Social da UFRN. 2 O presente texto, O Ciclo das Virtudes, é ainda um passo muito pequeno na resposta dessas perguntas. Ele pretende, sobretudo, dar continuidade ao projeto iniciado no Encantador de Serpentes2, aplicando agora o estudo cibernético dos ciclos de auto-reforço3 ao universo da comunicação, tanto do ponto de vista teórico, semiótico, como do ponto de vista prático, jornalístico. Pois será, como se verá no final, através dessa re-união da teoria da comunicação com a prática jornalística que poderemos responder, mesmo que parcialmente, às questões mais gerais enunciadas. Porém, antes de mais nada, há dois pontos que preciso corrigir em relação a meus trabalhos anteriores, principalmente em relação ao livro Um mapa, uma bússola Hipertexto, Complexidade e Eneagrama (GOMES, 2001). O primeiro seria um certo psicologismo, em parte decorrente da análise muito centrada no 'Eneagrama da Personalidade'. Realmente, tomada a primeira parte do livro, mais centrada no pensamento pós-moderno de Michel Foucault que na classificação individual dos egos, se deduziria uma síntese um pouco diferente da apresentada na conclusão do trabalho. O segundo equívoco cometido foi um 'erro de escala', em parte resultante do primeiro ponto, foi o erro de subtrair toda uma dimensão objetiva, simétrica ao psicologismo, e assim confundir-me na definição dos macro-ciclos e do uso do eneagrama como modelo de investigação do ruído em uma ótica mais abrangente. 2 O Encantador de Serpentes. Natal, 1999. <http://www.angelfire.com/mb/oencantador/> A Cibernética já reconhecia dois tipos de 'feedbacks' ou retroalimentações eletromecânicas: as de autoregulação (em que um esforço é equilibrado pelo seu inverso, assim: ‘quanto mais x, menos y; quanto menos x, mais y’) e as de auto-reforço (de onde mais tarde surgem a teoria do caos e dos sistemas complexos). No primeiro caso não faltam exemplos: a mão invisível entre a oferta e a procura de Adam Smith, o controle mútuo das instituições americanas, o equilíbrio das bicicletas, o próprio zig-zag do timão dos barcos que deu nome a cibernética. A Cibernética, na verdade, aperfeiçoou a noção de auto-regulação do funcionalismo (T. Parson, R. Merton) que a considerava como uma sincronia das partes (as instituições) em relação ao todo (a sociedade). Wiener deu uma dimensão histórica à ‘homeostase’ e inseriu a categoria de ruído no lugar da ‘disfunção’ do sistema. Hoje, a auto-regulação é uma relação dialética entre o passado e o presente, entre história e sociedade, em que as ações passadas determinam a situação atual que, por sua vez, determina a memória que temos dos fatos. Em contrapartida, os retornos de auto-reforço e de crescimento exponencial (epidemias, desequilíbrio dos sistemas ambientais, doenças) não foram muito desenvolvidos pela Cibernética. Foi o estudo dos sistemas complexos que compreendeu a ‘retroalimentação cibernética de auto-reforço’ uma relação dialética entre o futuro (o virtual) e o presente (o atual): “o que penso determina o que sou e o que sou determina o que vou ser”. Wiener reconhecia três versões de auto-reforço: o ‘efeito popularidade’ ou a tendência de uma causa ganhar apoio simplesmente devido ao número crescente dos que aderem a ela; a ‘profecia’ ou a maldição que se auto-realiza, na qual ‘os temores originalmente infundados levam a ações que fazem os temores se tornarem verdadeiros’; os ‘círculos viciosos’ em que fatores causais opostos e complementares se realimentam ao infinito. 3 3 Melhor explicando: o Eneagrama, ou estrela de nove pontas, é uma mandala, que, segundo místico armênio G. Gurdjieff e seus seguidores (OUSPENSKY, 1980), explicaria tanto o funcionamento do homem como o do universo. Esse diagrama simbólico, visto como um sistema de compulsões dos vícios e virtudes do ego, foi retomado por Cláudio Naranjo (NARANJO, 1996), tornando-se uma tipologia psicológica de Nove Tipos de Personalidade (ANEXO I). No meu livro, o objetivo não era apenas o de apresentar criticamente as diferentes interpretações esotéricas e psicológicas do Eneagrama, mas principalmente de extrair delas elementos significativos para uma reconstrução do símbolo dentro do universo da cultura contemporâneo e da teoria da complexidade. Assim, retomando as idéias de outro célebre discípulo de Gurdjieff (BENNETT, 1999) e as recolocando em um contexto científico contemporâneo, o livro desenvolve a noção do Eneagrama como um modelo de sistema complexo capaz medir ruído e auto-organização, associando os fatores dinâmico e sincrônico aos aspectos objetivo e subjetivos. PRIMEIRO MODELO DE BÚSSOLA COMPLEXA 8, 9 e 1 COGNITIVO NATUREZA SER 2, 3 e 4 SEMIÓTICO CULTURA PRESENTE 5, 6 e 7 SOCIAL SOCIEDADE HISTÓRIA Como exemplo de uma possível aplicação deste modelo, também defini neste trabalho uma 'Grande Bússola Complexa' - um mecanismo de contagem do tempo, soma e inversão do relógio e do cronômetro, capaz de medir o ruído em processos de recepção. A Bússola, então, seria um grande eneagrama-síntese, formado por três eneagramas secundários: o Cognitivo, o Semiótico e o Social. 4 Ou seja: esses três fatores de um grande ciclo principal, referentes aos tempos biológico (8, 9 e 1), presente (2, 3 e 4) e histórico (5, 6 e 7), teriam uma autonomia que nos permitia representá-los como ciclos em si, ou eneagramas secundários. Agora, nos parece mais lógico, aliás, seguindo o modelo foucaultiano que já tínhamos adotado (GOMES, 2000), subdividir as relações sociais em relações de produção, de comunicação e de poder. Assim, nosso primeiro reparo é a substituição do 'eneagrama cognitivo individual' por um 'Eneagrama das condições de produção'. Esse enfoque mais econômico e dentro de um sistema de cognição coletiva corrige 'o psicologismo' de minha primeira formulação e a compatibiliza com os modelos sociológicos mais tradicionais, como o marxista ou o weberiano, que postulam a separação metodológica dos aspectos materiais dos imateriais. A outra correção é que a 'Grande Bússola Complexa' deveria medir o grande ciclo formado pelos fatores: a esfera inorgânica (aspecto fixo: não havendo sub-ciclo, não eneagrama secundário); a esfera orgânica (com um sub-ciclo semelhante à síntese do eneagrama gurdjieffiano); e, finalmente, a esfera social (este sim, formado pela síntese de três eneagramas secundários: econômico, cultural e político). MODELO ATUAL DE BÚSSOLA COMPLEXA INORGÂNICO EXTERIOR/FÍSICO (8) - INTERIOR/QUÍMICO (9) ORGÂNICO SOCIAL HIDROFESRA (2) - ATMOSFERA (3) - BIOESFERA (4) ECONÔMICO (5) - CULTURAL (6) - POLÍTICO (7) Comparando os dois modelos, se perceberá que, no primeiro, realmente cometi um erro de escala, identificando o sub-ciclo social como a idéia de um grande 5 eneagrama geral e não apenas como um de seus fatores dinâmicos, como no novo modelo. Este, além de admitir e detalhar a existência de fatores não-sociais na Bússola Complexa, também valoriza e compreende a idéia de um fator não cíclico: a esfera inorgânica. E esse foi o segundo erro: uma bússola complexa total do grande ciclo 'Sociedade/Vida orgânica/Esfera inorgânica', devido a existência de um fator fixo e um ciclo elíptico, não é bem representado pelo círculo eneagramático. Ou seja: o Eneagrama como modelo de complexidade é ainda uma simplificação redutora para os macro-ciclos reais. Seria necessário substituir o círculo de um único centro por uma elipse com dois vórtices, uma para a organização e outro para o ruído. Essa troca do círculo pela elipse, representa uma distinção entre o ruído subjetivo (a rotação centrífuga) e o ruído objetivo (representado no eneagrama pelo ponto 6,666... e na elipse pelo segundo vórtice). Essas duas correções simétricas (o psicologismo e o erro de escala/exclusão de fatores não-sociais), no entanto, podem levar a crer que em uma certa 'universalização' do eneagrama como modelo complexo e que seu método definisse não apenas os ciclos de todos os universos, mas também a própria hierarquia entre esses universos cíclicos. Porém, essa não é a realidade. O Eneagrama é um modelo indicado apenas para medir processos circulares (com um único ponto de chegada e partida) fracionados em três fases e em três níveis dinâmicos. Ele não admite fatores fixos, nem ciclos elípticos e, portanto, é um modelo matemático ideal que contrasta com os ciclos reais e com o ruído. Isso, não significa o Eneagrama que seja o único modelo ou que sua estrutura seja absoluta. Porém, o fato é que existem também alguns ciclos artificiais idealizados dentro de uma 'circularidade perfeita' - a Semiótica, por exemplo - em que a aplicação do modelo do Eneagrama é bastante interessante. 6 O ENEAGRAMA SEMIÓTICO Para utilizar o Eneagrama como modelo deve-se observar o movimento circular externo de um determinado acontecimento em três etapas sucessivas. O Eneagrama pressupõe uma certa circularidade ou a retroalimentação de fatores causais. Digamos que o fator A alimenta B que alimenta C que novamente alimenta A. (A-B-C-A) Quando os fatores causais resultarem em uma concentração de energia do sistema dizemos que eles giram para dentro, no sentido horário (A>B>C>A), então há um Círculo Virtuoso; em contrapartida, quando os fatores causais se retroalimentarem de forma a provocarem expansão e a crescente perda de energia do sistema, girando para fora no sentido anti-horário (A>C>B>A), tanto pode haver um Círculo Vicioso como um Círculo Criativo. Assim, no Eneagrama Semiótico, duas rotações possíveis: a centrípeta, em que o campo afetivo e a subjetividade do narrador (2, 3 e 4) colaboram para interpretação crítica (5, 6 e 7) dos acontecimentos narrados (8, 9 e 1); e a centrífuga, em que os fatos (1, 9 e 8) são interpretados dentro de uma sistema de valores (7, 6 e 5) e se dramatizam (4, 3 e 2) na forma de preconceitos e/ou de preceitos de conduta. Ou ainda: há uma rotação em que ciência (9) e a arte (3) se somam em uma nova política (6) e outra, em que as racionalidades científica e política (9 e 6) antecedem o fazer artístico (3); há um movimento rodando no sentido em que a referência e o significante organizam um significado e um movimento girando no sentido em que o objeto é significado antes de ser sentido. 7 Pela teoria do eneagrama deve-se observar, além desse movimento externo de um determinado acontecimento em três etapas sucessivas, os movimentos internos aos sistemas circulares através da divisão da unidade pelo número 9. O resultado é a dízima periódica 1428571... correspondendo aos pontos internos do Eneagrama. Dessa forma, cada fração representa um dos pontos secundários do eneagrama e também o movimento entre eles, tanto no sentido horário quanto no anti-horário. OBJETIVIDADE 9-3-6-9 é Virtuoso SUBJETIVIDADE 1-7-5-8-2-4-1 é Virtuoso 9-6-3-9 é Vicioso e/ou Criativo 1-4-2-8-5-7-1 é Vicioso e/ou Criativo De modo que, além dos ciclos Virtuoso e Vicioso de 3 fatores exteriores e objetivos, o modelo do Eneagrama apresenta ainda a possibilidade de representação dos elementos subjetivos de diferentes agentes em cada ponto do processo, tanto no sentido horário como no anti-horário. No Eneagrama Semiótico, o ciclo virtuoso subjetivo (1-7-5-8-2-4-1) de uma mensagem seria assim: Círculo Virtuoso - Algo, uma coisa, um fato (O QUE/1) é comunicado por alguém (QUEM/7), por algum motivo (PORQUE/5), em determinado contexto (ONDE E QUANDO/8), para outras pessoas (PARA QUEM/2) através de um meio ou canal (COMO/4). Então, reconstruímos o fato subjetivamente sem ruído (O QUE/1). Já no ciclo subjetivo anti-horário (1-4-2-8-5-7-1) duas opções concomitantes são possíveis, o círculo vicioso e a mudança: Círculo Vicioso - O fato (O QUE/1) descrito ideologicamente (COMO/4) e em função de um público determinado (PARA QUEM/2) torna-se mais arbitrário (ONDE E QUANDO/8) e dogmático (PORQUE/5), ocultando a identidade do emissor (QUEM/7) e sua relação com o fato (O QUE/1). Círculo Criativo - Um fato (O QUE/1) descrito poeticamente (COMO/4) apela para os sentimentos do público (PARA QUEM/2) para além de seu contexto imediato (ONDE E QUANDO/8) e de seu código e de seus costumes (PORQUE/5), estabelecendo uma nova forma de ver (QUEM/7) o acontecimento descrito (O QUE/1). 8 É claro que, na prática, a realidade se constitui simultaneamente de tendências centrípetas e centrifugas. Também é importante compreender que nem sempre fatores restritivos e entrópicos são maléficos e fatores sinérgicos, benéficos. Ao contrário, muitas vezes a tendência à conservação de energia de um sistema é reacionária em relação às mudanças, enquanto os fatores caóticos e o ruído demandam uma desorganização necessária ao crescimento. ELEMENTO FUNÇÃO DA LINGUAGEM ADVÉRBIO 1 CONTATO FÁTICA O QUE 2 RECEPTOR APELATIVA PARA QUEM SIGNIFICANTE (Imagem) - POÉTICA COMO 3 - 4 MENSAGEM 5 CÓDIGO METALINGÜÍSTICA PORQUE 6 - SIGNIFICADO (Conceito) - 7 LOCUTOR EMOTIVA QUEM 8 CONTEXTO REFERENCIAL ONDE E QUANDO OBJETO DE REFERÊNCIA - 9 - Nesse contexto, chamo de Círculo Virtuoso todos os ciclos centrípetos que se aperfeiçoam, que busca a excelência, dentro de determinadas regras e situações dadas, e de Círculo Vicioso (ou Círculo das Paixões) aqueles ciclos que não se desenvolvem dentro das condições determinadas e que permanecem em condição estacionária. Os Círculos Criativos, ou auto-poéticos, são os ciclos que, ao invés de simplesmente aceitar ou negar as condições pré-estabelecidas, as modificam, instituindo assim uma nova ordem a partir do ruído. Mas deixemos este terceiro ciclo por hora. O importante agora, mais do que nos deter na aplicação do eneagrama à teoria semiótica, é observar como utilizar essas informações nas práticas jornalísticas e, sobretudo, nas possibilidades voltadas para o ensino de comunicação social. 9 O ENEAGRAMA JORNALÍSTICO Em O Encantador de Serpentes defini a diferenciação metodológica entre pauta/ciência (objetividade), reportagem/arte (subjetividade) e edição/interatividade (intersubjetividade). Segundo essa distinção, o discurso comunicacional, tanto do ponto de vista do seu processo industrial de produção como na elaboração coletiva de seu texto, se constitui de três etapas distintas simultâneas e seqüenciais ao mesmo tempo: a produção, a reportagem e a edição. A produção corresponde à objetividade científica necessária ao planejamento das pautas; a reportagem, à arte dialógica da entrevista e a transmissão presencial da subjetividade; e, finalmente, a edição corresponde à vontade e ao jogo político em seus diferentes aspectos. Pode-se, então, pensar - a partir desses fatores e utilizando as informações e os conceitos da teoria semiótica - em uma aplicação prática e específica do Eneagrama à mídia e ao processo industrial de produção de informação. As empresas de comunicação (agências, produtoras e veículos) são organizações de produto diário (assim como os bancos e as padarias) porque têm um ‘dead-line’, ou seja, uma linha de produção de atividade seqüenciais que trabalha 'contra o relógio', em que os bens produzidos têm uma hora certa para estarem finalizados e concluídos. Antes do advento da informática, as empresas de produto diário seguiam o modelo do jornal impresso, da organização fabril taylorista e de sua produção escalonada em série (as atividades seqüenciais) em oposição às atividades de manutenção (atividades paralelas do organograma). Antigamente, os jornalistas eram forjados na contramão da linha de montagem. A carreira começava vendendo jornal; alguns passavam a gráficos trabalhando nas máquinas; os atentos chegavam aos tipos; sabendo-se bem português, passava-se para revisão; aprendendo-se datilografia, tornava-se mecanógrafo; começava então o aprendizado dos conteúdos até um dia se estar preparado para a reportagem, o copydesck e edição. 10 Porém, com a chegada das tecnologias audiovisuais e em rede houve mudanças estruturais na produção industrial da subjetividade4. Ganhamos tempo e qualidade de vida, mas perdemos aquele aprendizado do tempo regressivo que permitia apreender o texto em tempo real e o jornalismo como estilo de vida. Aos poucos, como a reportagem passou a ser transmitida ao vivo, o perfil dos profissionais se modificou bastante. O modelo da televisão também modificou bastante a forma de organização das funções jornalísticas tradicionais dentro de uma redação. Esta mudança na organização do trabalho se deu em dois eixos: A) Funcionalizar a estrutura vertical da redação em três poderes interdependentes, representado por três eneagramas secundários referentes aos processos de direção de redação, chefia de reportagem, edição geral. Chefe de Reportagem Gerente de processo avalia e administra os meios. Editor-chefe Gerente de produto avalia e administra os resultados ou fins. Diretor de Redação (ou de Gerencia e avalia pessoas e princípios, supervisiona a Reportagem e a Jornalismo) Edição, e dirige a produção de pautas. B) Ganhar tempo horizontalmente (com pauta, reportagem e edição simultâneas ou multi-seqüenciais na linha de produção) representado pelo grande Eneagrama a seguir. 4 Cito três principais: a) A informação deixou de ser aferida pelo espaço que ocupa, mas pelo tempo que dura. O modelo de organização da mídia passou a ser a empresa de televisão e não mais o jornal impresso, houve uma brutal diminuição e diversificação das atividades seqüenciais da linha de produção. b) A tercerização da produção. Essa diminuição técnica da linha de montagem exige do profissional de comunicação domine os diversos aspectos técnicos que envolvem a produção, conhecendo funções que antes eram executadas apenas por especialistas, tais como câmera, operador de VT, editor e diretor de imagem, sonoplastia e iluminação. As novas tecnologias não apenas tendem diminuir a especialização técnica, mas, sobretudo, a transformação dos profissionais de comunicação de empregados assalariados em pequenos empreendedores independentes, que vendem seus serviços às empresas. c) O aparecimento da internet acrescenta a questão da interatividade (o acesso do consumidor aos meios de produção de informação) e da segmentação da audiência em diferentes grupos de interesse. No caso do ensino de jornalismo, a publicação de páginas na web em provedores de hospedagem gratuita, praticamente elimina todos os custos, equipamentos e técnicos necessários pelo jornalismo impresso e televisivo, permitindo um acesso simples, fácil e de grande visibilidade. 11 ENEAGRAMA DA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA A pauta (ponto 1) é o texto de planejamento preliminar na organização do processo de comunicação e deve antecipar os principais pontos da reportagem (ponto 4), imaginando como apresentá-los (ponto 7). Aqui a objetividade deve ser detalhada com clareza e imparcialidade e as informações essenciais aparecem na forma do 'lead' (o que, quem, como, porque, onde e quando). Quando, ao invés de girar no sentido horário, o PúblicoAlvo (ponto 9) e suas exigências editoriais e mercadológicas formatam diretamente a Edição (ponto 6) em detrimento da experiência viva da Entrevista (ponto 3), temos um processo de comunicação mais dedutivo que indutivo, que tanto pode levar ao aparecimento de ciclos viciosos e procedimentos recorrentes como à renovação das próprias regras e exigências. No ciclo centrífugo, ao invés de rodar para uma lado mais descritivo e apelativo (1-2), recortando um fato e sua relevância subjetiva, a produção de mensagens se torna mais artificial ditatorial e distante do campo afetivo. A passagem do Público-Alvo ao Produto (9-8) representa uma censura prévia a todos os aspectos considerados nocivos e uma adequação apriori do aspecto subjetivo ao fator mercadológico. A Apuração (ponto 2). Senso de oportunidade, intuição, seletividade e capacidade de escolha de ênfase emocional de alguns aspectos sobre outros. O que chamamos de apuração não se limita à conferência da pauta. Aqui um dos itens do 'lead' é escolhido como 'gancho' e um aspecto do fato é ressaltado em relação a outros. Nesse ponto, mantemos a atenção na Reportagem (ponto 4), mas deslocamos nossa imaginação do aspecto formal da pauta, para analisá-los do ponto de vista de sua realização prática (ponto 8). Tanto o ponto 1 como o 2 colocam o campo racional em terceiro lugar, porém enquanto o número 1 corresponde à introversão do campo físico, o número 2 representa o emocional extrovertido. Entre os dois pontos há uma passagem entre a interiorização do exterior (ponto 1) para a exteriorização do interior (ponto 2). Do 'O que' (função fática) para o 'Para Quem' (função apelativa). 12 A Entrevista (ponto 3) é o coração da notícia. Por isso, para muito, ela é considera uma arte e não uma técnica (CREMILDA, 1986). Porém, para além da arte da simples conversa, da dialógica clínica de grandes pensadores como Platão e Freud, ou do mero encontro entre entrevistador e entrevistado, a entrevista comunicacional encerra uma terceira presença: uma audiência de receptores. Por isso ela nos remete diretamente ligada às idéias de Público-Alvo (ponto 9) e Edição (ponto 6). No sentido horário, a entrevista é o momento em que a produção da Imagem e do Significante da mensagem antecede a sua interpretação mental pela edição. No sentido anti-horário, temos tanto as entrevistas pré-editadas, em que tudo é previsível, representando ou círculos viciosos como também as entrevistas mais interativas, em que o público participa efetivamente e em tempo real das perguntas e das reações dos interlocutores da entrevista. A Reportagem se configura quando, no momento seguinte, o esforço emocional do repórter (ponto 2) se combina ao planejamento do pauteiro (ponto 1). Os pontos 4 e 5 marcam a confecção do texto propriamente a partir da interpretação emocional e mental da entrevista. A reportagem e o ponto 4 representam o emocional introvertido com o aspecto mental como função secundária. Tanto o ponto 5 como o 4 são introvertidos e colocam o aspecto físico em terceiro lugar, mas a prioridade entre o sensível e o inteligível se invertem. Seguindo o modelo traçado pelo Eneagrama Semiótica, podemos dizer que o ponto 4 é estruturado a partir da função poética da linguagem assim como o ponto 5 representa a função metalingüística. O Redator. Como dissemos acima: tanto o ponto 4 como o 5 são introvertidos e colocam o aspecto físico em terceiro lugar, mas a prioridade entre os campos afetivo e mental se invertem, cristalizando idéias e conceitos. No ponto 5 o aspecto mental ocupa o primeiro lugar, representando a atividade de 'copydesck', isto é, de reescrever a reportagem com mais distanciamento. Para tanto, é preciso recorrer simultaneamente aos princípios de um Projeto editorial (ponto 7) e como também de sua aplicação prática, do seu resultado como Produto final (ponto 8) do processo de comunicação. No sentido horário de rotação, a reportagem antecede à redação; a metáfora, à metomínia; o drama, à observação. Já no sentido anti-horário, seja em um círculo vicioso ou em círculo criativo, é o fator mental que estrutura a experiência afetiva. Nos ciclos de sentido horário, a Mensagem é anterior ao Código, nos de sentido anti-horário, o 'Porquê' antecede o 'Como'. A Edição (ponto 6) é uma interpretação das Entrevistas (ponto 3) voltada para um determinado Público-Alvo (ponto 9). Podemos incluir tanto a edição de textos (por script ou procedimentos de legenda e titulação) como a edição de imagens (na tv), na diagramação gráfica e agora no webdesign. Trata-se sempre, não apenas da organização da sintaxe visual da informação, mas, sobretudo, de sua formatação às preferências e gostos de uma determinada audiência. No sentido, anti-horário, quando a edição antecede a entrevista podemos pensar que a produção do conteúdo e do significado da mensagem é anterior a produção do seu Significante e de suas Imagens, isto tanto na perpetuação dos preconceitos culturais e ideológicos (círculos viciosos) como na reinvenção de novas formas de ver e de compreender (círculos criativos). O Projeto editorial (ponto 7) é plano geral que normatiza e orienta tanto a redação diária 13 (ponto 5) como a produção de pautas (ponto 1). Tomando o sentido horário, também poderíamos falar aqui do diagrama do 'espelho' ou ainda, o que seria ainda mais lógico do ponto de vista da produção industrial de mensagens, do ´Estágio do Estúdio´, em que o apresentador ancora as matérias em um telejornal. Reforça essa idéia, o fato de, no Eneagrama Semiótico, este ponto corresponder ao Locutor e à Função Emotiva. Já no sentido anti-horário, teríamos aqui a idéia de manipulação. Tanto o ponto 8 como o 7 colocam o campo afetivo em terceiro lugar, mas a prioridade entre o aspecto físico e o ideal se invertem, levando a uma virtualização cada vez mais distante da situação restritiva já estruturada. Como se no ponto 8 houvesse uma censura ou uma seleção subjetiva de fatos e aspectos válidos e no ponto 7 se produzisse uma mensagem levando em conta apenas essa seleção e/ou criando outros temas e assuntos de forma a esconder a situação. O Produto (ponto 8) Aqui a redação (ponto 5) do texto se soma à seletividade e à apuração (ponto 2) imediata dos acontecimentos. É como dissemos: tanto o ponto 7 como o 8 colocam o campo afetivo em terceiro lugar, mas a prioridade entre o aspecto físico e o ideal se invertem, levando a uma materialização do projeto. No sentido horário, podemos associar este ponto à direção de imagem e à mesa de corte; no sentido anti-horário, ele representa a antecipada contextualização - o Onde e Quando, a função referencial da semiótica - do fato e do Público-Alvo (ponto 9). E essa contextualização tanto pode funcionar como uma censura, em um círculo vicioso, como uma seleção estratégica de cobertura, no caso de círculo criativo. Público-Alvo (ponto 9) encontro final dos trabalhos de Edição (ponto 6) e de Entrevista (ponto 3) e recomeço de outro ciclo comunicacional. Nunca é demais repetir que, seguindo a mesma lógica do Eneagrama Semiótico, quando giramos num sentido horário, construímos a mensagem a partir da experiência rica, do significante e da imagem do objeto de referência; quando giramos no sentido inverso, então, construímos a mensagem a partir do significado e do conceito desse objeto - seja do ponto de vista ideológico e recorrente, seja do ponto de vista singular e inovador. No Eneagrama da Comunicação, o mesmo ocorre, não só com os fatores horizontais de produção, entrevista e edição, mas também com a estrutura vertical formado pelo diretor de redação (9), chefe de reportagem (3) e Editor-Chefe (6) - sendo que cada um desses pontos comportaria ainda um eneagrama secundário. 14 ENEAGRAMA DA COMUNICAÇÃO SOCIAL E como o ensino de comunicação social se tornou um conjunto de teorias sem prática e, em contrapartida, o jornalismo, uma prática sem teoria? É que, ao invés de girar no sentido horário - em que a prática (e o aspecto artístico do ponto 3) antecederia à teoria (e aos aspectos político e científico dos pontos 6 e 9) - o Eneagrama da Comunicação Social faz um ciclo vicioso, em que esses três fatores lutam entre si. Poderia-se mesmo dizer que o Eneagrama Semiótico, visto no começo deste texto, está dissociado do Eneagrama Jornalístico, descrito há pouco, devido a este círculo vicioso mais geral da Comunicação Social e à perpetuação desse contexto dissociador. Como, então, alterar a rotação desse Eneagrama maior e fazer com que os fatores causais (e eneagramas secundários) se completem de modo construtivo? CIÊNCIA ARTE POLÍTICA OBJETO SUBJETO MÉTODO INFORMAÇÃO OPINIÃO INTERPRETAÇÃO REFERÊNCIA SIGNIFICANTE SIGNIFICADO Essa distinção dos três fatores (ciência, arte e política) complexos (simultâneas e sucessivas ao mesmo tempo) opera em vários níveis da comunicação: pode-se vê-lo nas etapas de aprendizado do texto jornalístico (primeiro aprender a escrever com imparcialidade, depois re-aprender a dar sua opinião e, finalmente, adaptar seu texto a diferentes públicos); no ensino de técnicas específicas de cada mídia (o jornalismo impresso como base, o texto audiovisual como exercício artístico e a mídia digital como síntese) ou ainda na nova linha de montagem da comunicação em escala industrial, nas funções de produção, reportagem e edição. De forma que a mente científica, a alma artística e a vontade de poder antes se somam do que se distinguem 15 no comunicador. E, é claro: há produtores sensíveis, repórteres com iniciativa, editores que pensam. O importante nessa tríplice diferenciação foi que ela estabeleceu fatores para construção de um modelo complexo para pensar Comunicação Social. Com base nessas idéias, na tríplice estrutura da ciência\arte\política, elaborei um modelo de projeto pedagógico para cursos de comunicação 5. Ele partiu da constatação de que o círculo vicioso da dissociação entre teoria da comunicação e prática jornalística se reproduz devido a três sub-círculos viciosos secundários: a) o conflito estrutural entre a mídia e a escola; b) a divisão vertical do currículo entre disciplinas teóricas e técnicas; c) a separação pedagógica entre ensino e pesquisa. Vejamos cada um desses pontos. Escola x Mídia. A questão do estágio e a questão da obrigatoriedade de diploma para o exercício da profissão são apenas duas pontas do Iceberg da grande contradição entre o mercado profissional e a escola. Mas este abismo entre teoria e prática é produzido pelo fato de tanto a escola como a mídia serem organizações produtoras de subjetividade, porém funcionando com velocidades e objetivos diferentes: os comunicadores vivem em tempo real, sua produção subjetiva é imediata e efêmera; os professores e alunos vivem em um tempo histórico, sua produção subjetiva é uma atualização da memória coletiva entre gerações. Por isso, a educação escolar está sempre atrasada em relação à mídia, mas, por outro lado, não haveria mídia não fosse a escola. E no âmago desse conflito estrutural: o Ensino de Comunicação6. Currículo. Os professores de comunicação se dividiram entre 'os egressos do mercado' e 'os egressos da academia', formando duas associações de pesquisa com enfoques diferentes, e instituindo uma divisão marcante no próprio currículo dos cursos de graduação entre as disciplinas científicas e as técnicas. Ou seja, em um modelo que concentrava o tronco comum e o aprendizado científico nos primeiros semestres, Disponível em: <http://www.angelfire.com/mb/oencantador/JOLA.htm> Em resposta a este aspecto acreditamos que é necessário transformar o conflito entre mídia e escola em um diálogo produtivo, invertendo o sentido do Eneagrama de Comunicação. E não se trata apenas apenas de formação profissional mas, sobretudo, de reciclagem e pesquisa, dando mais ênfase ao desenvolvimento das competências empreendedoras e à atualização tecnológica. Os cursos formariam (e re-qualificariam) assim profissionais liberais com visão ampla de mercado e não simplesmente mão-de-obra para empresas de comunicação. 5 6 16 deixando para o final do curso a o aprendizado técnico e a opção por uma das diferentes habilitações que formam a comunicação social7. A separação pedagógica entre ensino e pesquisa. E ainda: aprofundando e institucionalizando este duplo conflito (da mídia x escola e do jornalismo x comunicação) o modelo de organização acadêmica adotado pelas universidades brasileiras (na verdade, imposto pelo convênio MEC/USAID) produz cursos de graduação sem pesquisa (voltada apenas para formação profissional) e cursos de pósgraduação sem extensão (sem qualquer relação de troca direta com a mídia e com a sociedade)8. Esses três fatores causais (o conflito mídia/escola, o currículo e a separação da formação jornalística da pesquisa acadêmica) da dissociação entre teoria e prática no ensino de comunicação social são apenas breves exemplos de como se pode pensar através de ciclos. Um estudo mais rigoroso do assunto ainda precisa ser empreendido. Hoje, demonstrou-se aqui como modelo do Eneagrama permite, não apenas a uma compreensão mais precisa do processo semiótico, mas, sobretudo, a aplicações práticas como a organização das atividades em uma redação ou mesmo a elaboração de uma proposta pedagógica para cursos de comunicação social (se tomarmos os pontos como etapas sucessivas de um aprendizado do ofício jornalístico, combinando os Eneagramas Semiótico e Jornalístico). Pode-se, a partir desse quadro, redefinir uma nova proposta pedagógica para um curso de comunicação com oito semestres (+ um ano de especialização profissionalizante com estágio supervisionado referentes ao ponto número 9) com três disciplinas (uma principal e duas com competências associadas) - como se vê no ANEXO II. 7 Acredito, no entanto, que esse ponto já foi parcialmente corrigido pela maioria dos cursos de comunicação brasileiros, satisfazendo as exigências prescritas nas Diretrizes Curriculares do MEC para os Cursos de Comunicação Social de 1998, que afirmam que o “planejamento do Curso deve evitar cuidadosamente a inadequada relação entre teoria e parte geral, e entre prática e parte voltada para a habilitação, que parecia decorrer do currículo mínimo de 1984”. Atualmente, os estudantes de graduação em jornalismo, por exemplo, cursam disciplinas tanto disciplinas técnicas quanto científicas do primeiro ao último semestre, ao contrário do que acontecia no currículo anterior, em que as disciplinas específicas ficavam para os últimos semestres. 8 Defendo sobre esse ponto a criação de especializações profissionalizantes com estágio supervisionados como acontece em Medicina. Assim, após acabar o curso de graduação em Comunicação Social, o egresso deverá ainda se especializar em uma habilitação (jornalismo, publicidade, radialismo) e fazer um estágio em uma empresa com supervisão da universidade. A medida, além de quebrar o paradigma (graduação sem pesquisa/pós-graduação sem extensão) imposta pelo modelo MEC/USAID, permite que também se estreite ainda mais o diálogo entre o mercado e a escola. 17 1 2 3 4 5 6 7 8 9 SEQÜÊNCIA EXTERNA COMPETÊNCIA PRINCIPAL RELAÇÕES INTERNAS COMPETÊNCIAS SECUNDÁRIAS planejamento Apuração Entrevista Reportagem Redação Edição Projeto Produto Público-Alvo fática apelativa arte poética metalingüística política emotiva referencial científica 4e7 4e8 6e9 2e1 7e8 9e3 5e1 5e2 3e6 poética e emotiva poética e referencial científica e política apelativa e fática emotiva e referencial técnica e artística metalingüística e fática metalingüística e apelativa artística e política O leitor atento deverá ter observado no transcorrer de nossa exposição que, além dos Círculos Virtuosos e Viciosos, também nos referimos aos Círculos Criativos ou Auto-poéticos. Esses são os ciclos centrífugos que, ao invés de simplesmente negar ou burlar as condições pré-estabelecidas, as modificam, instituindo assim uma nova ordem a partir do ruído. O ciclo virtuoso é o aperfeiçoamento dentro de uma ordem; o ciclo das paixões, uma entrega absoluta ao acaso. Os ciclos criativos são paixões virtuosas, uma vez transformam toda situação. Já a diferença entre a Virtude e a Criatividade seria semelhante a da habilidade técnica de um virtuose em relação ao gênio criativo e pode ser facilmente visualizada no campo dos esportes e das artes 9: enquanto o primeiro apresenta um desempenho insuperável, o último elabora o repertório de padrões em que esse desempenho vai se desenvolver. E seguindo essa lógica: o homem virtuoso não seria melhor que o homem apaixonado. Seria apenas um homem que decidiu viver sua vida recorrente de forma mais produtiva e obstinada. E o homem criativo seria aquele que faz com que suas virtudes interajam com suas paixões, que faz desses sentidos opostos, fatores complementares e não contrários irreconciliáveis. 9 Exemplos não faltam: Xuxa está para Pelé, assim como Angélica está para Ronaldinho. Como jogador de futebol, podemos dizer que "o fenômeno" é muito superior tecnicamente ao "rei do futebol", mas foi Pelé que 'criou o modo' como o ponta-de-lança joga; como cantora, atriz e dançarina, a apresentadora Angélica é bem superior à Xuxa, porém trata-se apenas de um clone aperfeiçoado da fórmula inventada pela primeira loura. Também poderíamos falar dos guitarristas Jimi Hendrix e Robin Towers, entre milhões de outros exemplos possíveis. 18 ANEXO I: OS TIPOS ENEAGRAMÁTICOS. Segundo Cláudio Naranjo, em algum ponto de nosso desenvolvimento, nos fixamos em um dos nove pontos da circunferência e, a partir deste ponto, construímos nossa personalidade. Cada ‘ponto de fixação’ corresponderia a uma ‘paixão’ dominante e a um tipo de personalidade. A cada ponto de fixação (ou recorrência cognitiva), há uma paixão (ou motivação de deficiência) correspondente. Paixão e fixação se retroalimentam, então, formando um tipo de personalidade do Eneagrama e nos afastando de nossa essência, de nosso verdadeiro Ser. Nessa lógica, durante o desenvolvimento humano haveria, em algum momento traumático, uma perda, uma limitação, um fracasso no crescimento do potencial pleno, uma fixação do ego em relação à circulação de energia psíquica. A personalidade funciona como uma forma para perpetuar a inconsciência a partir de ‘um ponto cego’, em que a canalização energia se daria de forma desequilibrada, em que “a percepção está cega da própria cegueira”. Assim, personalidade e inconsciência também formam em um círculo vicioso: a personalidade condicionada conduz à uma interferência específica no organismo biológico (reforçando o ponto de fixação); essa interferência no organismo causa uma perda da experiência (da totalidade) do Ser; e, finalmente, a perda da experiência de Ser alimenta à paixão dominante e à perpetuação da personalidade condicionada. Tipo Eneagramático Ponto de Fixação ou recorrência Paixão ou motivação de deficiência 1 Perfeccionista A ordem Raiva 2 Prestativo O outro Orgulho 3 Bem-sucedido A imagem Vaidade 4 Individualista As formas Inveja 5 Observador O saber Avareza 6 Questionador A autoridade Medo 7 Sonhador A palavra Gula 8 Confrontador A justiça Luxuria 9 Pacifista O corpo Preguiça 19 OS TIPOS ENEAGRAMÁTICOS O Perfeccionista (tipo 1): tipo com preferência pelo centro motor (introvertido) que negligencia o centro mental. Fixação: É extremamente organizado e trabalhador, com padrões de exigência muito altos nas áreas de seu interesse. Sério e sincero, procura ser independente dos outros e evita que os outros dependa dele. Estabelece uma fronteira clara em relação aos territórios físico e mental, acreditando que é possível controlar todas situações através da organização. Paixão: Demasiadamente centrado em valores morais, o ´tipo 6´ julga tudo e todos, muitas as vezes com críticas destrutivas. Quando as coisas não saem segundo seus planos ou ordens, explode em raiva irracional, por isso a 'Ira' foi o pecado capital escolhido para sua caracterização. Integração e estresse: O Perfeccionista oscila entre a inveja e a loquacidade. Quando sob pressão, o '1 vai ao 4', incorporando seu vício (a inveja); quando criativo, o '1 vai ao 7', incorporando sua habilidade loquaz. O Prestativo (tipo 2): tipo com preferência pelo centro emocional (extrovertido) que negligencia o centro mental. Fixação: Identifica-se facilmente com os problemas e com desejos alheios, tendo dificuldade de dizer 'não' quando se trata de ajudar alguém. Paixão: porém essa empatia afetiva nunca é verdadeiramente desinteressada, ao contrário faz parte de uma estratégia de manipulação que tenta fazer com os outros dependam de si. A pessoa só se doa para ser aceito. Em compensação, cuidam tanto dos outros que se esquecem de si e não se atem as suas próprias necessidades, desejos e anseios. Eles não precisam disso. E por isso o 'Orgulho' é sua característica principal. Integração e estresse: O Prestativo oscila entre a luxúria e o bom gosto. Quando sob pressão, o '2 vai ao 8', incorporando seu vício (a luxúria); quando criativo, o '2 vai ao 4', incorporando sua virtude estética. O Bem Sucedido (tipo 3): tipo com preferência pelo centro emocional (ambivalente) que negligencia o próprio centro emocional. Fixação: Assim tem facilidade em disfarçar seus sentimentos verdadeiros (raiva, medo, ansiedade, etc.), usando várias máscaras (uma para cada ocasião). Por isso, também é chamado de 'Camaleão'. Quer ser admirada a qualquer custo e vê tudo em função dessa disputa neurótica pela admiração e pelo reconhecimento. Geralmente são pessoas exigentes, preocupadas em alcançar suas metas/objetivos. Paixão: a 'Vaidade' ou capacidade emocional de falsificar a verdade a partir de realidades relativas e subjetivas, principalmente transferindo a responsabilidade de seus erros para os outros. Integração e estresse: O Bem Sucedido oscila entre a preguiça e o dever. Quando sob pressão, o '3 vai ao 9', incorporando seu vício (a preguiça); quando criativo, o '1 vai ao 6', incorporando sua responsabilidade. 20 O Individualista (tipo 4): tipo com preferência pelo centro emocional (introvertido) que negligencia o centro motor. Fixação: Geralmente são pessoas muito sensíveis e com pouco contato com o mundo exterior, identificando e explicando melhor as coisas através de símbolos. O ´tipo 4´ gosta de ser especial, única e singular, cultivando gostos diferentes e estranhos; preza o status social e tem carência de atenção; porém, ao mesmo tempo, que sente superior aos outros, sofre devido ao isolamento. Paixão: Muito têm uma tendência à depressão e à melancolia. Para eles, desejar é mais importante que possuir, pois tão logo conseguem o objeto de seus desejos, normalmente sentem-se frustrados. Por isso, a 'Inveja' é seu pecado capital. Integração e estresse: O Individualista oscila entre o orgulho e a organização. Quando sob pressão, o '4 vai ao 2', incorporando seu vício (o orgulho); quando criativo, o '4 vai ao 1', incorporando sua habilidade de planejar. O Observador (tipo 5): tipo com preferência pelo centro mental (introvertido) que negligencia o centro motor. Fixação: São pessoas extremamente objetivas e racionais, mas que têm certa dificuldade em relacionar-se com os outros. Pode ignorar facilmente as pessoas ao seu redor, incomodando-as. Gostam de se isolar para solver o conhecimento aprendido e detestam quando lhes usurpam o tempo ou a liberdade com detalhes ou tarefas pequenas. Paixão: a Avareza. Porém, não se trata simplesmente de dinheiro, mas, sobretudo, de tempo e de conhecimento. O ego do número cinco se recusa a dividir sua experiência de mundo, que acredita ser mais racionalizada do que a da maioria. Integração e estresse: O Observador oscila entre a gula (por bens, pessoas e principalmente conhecimento) e a assertividade da ação. Quando sob pressão, o '5 vai ao 7', incorporando seu vício (a gula); quando criativo, o '5 vai ao 8', incorporando sua determinação. O Questionador (tipo 6): tipo com preferência pelo centro mental (ambivalente) que negligencia o próprio centro mental. Fixação: são pessoas que procuram ficar mentalmente ocupadas para não pensar. Daí serem tanto muito questionadoras (os 'advogados do Diabo') como também intuitivas. Paixão: O medo. Os 'número 6' são pessoas dependentes e inseguras, que precisam sempre de um referencial (um chefe, uma instituição) como sustentação. Entre os mentais, são mais leais e confiáveis em relação aos preceitos de seu grupo do que aos amigos individualmente. Dividem-se em fóbicos (ou covardes assumidos) e contrafóbicos (aparentemente destemidos), que podem chegar a extremos. Integração e estresse: O Questionar oscila entre a vaidade e a realização. Quando sob pressão, o '6 vai ao 3', incorporando seu vício (a vaidade); quando criativo, o '6 vai ao 9', incorporando sua capacidade de realização. 21 O Sonhador (tipo 7): tipo com preferência pelo centro mental (extrovertido) que negligencia o centro emocional. Fixação: São pessoas sempre entusiasmadas e alegres, mas que alimentam muitas ilusões e fantasias. Na verdade, com essa 'inocência' o tipo número 7 evita entrar em contato com qualquer eventual dor ou sofrimento, só observando o lado bom dos acontecimentos e da vida. São, geralmente, oradores muito loquazes e manipuladores. Paixão: A gula, não apenas de alimentos, mas de pessoas, informações e aventuras. Os 'número 7' têm gula de qualquer coisa que lhe dê prazer. Fala demais, assim como tende a fazer tudo demais. Integração e estresse: O Sonhador oscila entre a Ira e a objetividade. Quando sob pressão, o '7 vai ao 1', incorporando seu vício (a ira); quando criativo, o '7 vai ao 5', incorporando a habilidade da observação. O Confrontador (tipo 8): tipo com preferência pelo centro motor (extrovertido) que negligencia o centro emocional. Fixação: Pessoas que vêm o mundo em relação à justiça e poder, e se consideram capazes de dirimir e vingar suas injustiças. E muitas vezes cometem absurdos em nome dos desprotegidos que pretendem defender. Paixão: Buscam o confronto como forma de impor sua supremacia, muitas vezes por simples prazer. Gostam de conquistar mais e mais territórios e de serem vistos como pessoas fortes, capazes de proteger aqueles que os ajudarem. Nunca pedem perdão. A princípio, são sempre contrários a qualquer novidade. Integração e estresse: O Confrontador oscila entre a avareza e a doação ao outro. Quando sob pressão, o '8 vai ao 5', incorporando seu vício (a avareza): "O mundo não me merece!"; quando seguro e criativo, o '8 vai ao 2' e incorpora sua generosidade piedosa e capacidade de se identificar com os sentimentos dos outros. O Pacifista (tipo 9): tipo com preferência pelo centro motor (ambivalente) que negligencia o próprio centro motor. Fixação: Este tipo se caracteriza por evitar os conflitos a todo custo. Ao contrário dos outros tipos motores (1 e 8) tem uma relação democrática em relação aos territórios físicos e mentais, tanto invadindo como deixando invadir seus domínios. São pessoas que não estabelecem fronteiras nem limites do espaço/tempo. Paixão: A Preguiça. Mas não a simples preguiça do ócio em relação ao trabalho. Trata-se aqui de uma indolência mental, de uma 'preguiça de ser', muitas vezes oculta sobre a capa de muitas atividades não essenciais. O pecado do pacifista é postergar coisas importantes. Integração e estresse: Demora a resolver, mas quando resolve, é de uma vez. Dificilmente se irrita, mas quando acontece é pra valer. O Pacifista oscila entre o medo e o sucesso. Quando sob pressão, o '9 vai ao 6', incorporando seu vício (O medo); quando criativo, o '9 vai ao 3', incorporando sua capacidade de realização profissional. 22 SUBTIPOS E OUTROS FATORES Os tipos eneagramáticos são modelos ideais, generalizações abstratas de pessoas concretas e singulares, de uma gama gigantesca de fatores e traços culturais de várias épocas e locais. Mesmo com a subdivisão do centro instintivo e a constituição de 27 subtipos, para dar conta da enorme diversidade dos temperamentos em um único sistema, foi necessário complexificá-lo com mais fatores caracteriológicos. Podemos apontar pelo menos três: a) Os Subtipos Instintivos – Naranjo ressalta a importância da vida instintiva sobre a formação das personalidades neuróticas e adiciona ao sistema do Eneagrama a idéia de que, independentemente do eneatipo, somos marcados por uma das três formas específicas de restrições instintivas que sofremos: a sexual (Freud), a relacional (Lacan) e a sobrevivência (Marx). Instintos desenvolvidos em relação ao Outro (e à natureza), aos outros (aos grupos) e ao próprio a si mesmo como indivíduo diante da sociedade. Portanto, o terceiro passo neste método de auto-conhecimento do Eneagrama, após perceber o centro preferido e o negligenciado, consiste em descobrir qual dos instintos básicos é predominante no centro motor de seu eneatipo, descobrindo assim qual dos 27 subtipos forma sua personalidade. Para Naranjo, o centro instintivo é subdividido e constituído de três instintos básicos, que se constituem sucessivamente na vida individual, demarcando fases diferentes de desenvolvimento do corpo: o instinto de preservação, dos zero até os 7 anos; o instinto social, dos sete aos quatorze; e o instinto sexual, dos 14 aos 2110. “Quando um dos três instintos é ferido, sua utilização se torna, então, problemática, seja sob a forma de uma preocupação desmedida, seja, ao contrário, sob a forma de uma negligência excessiva. Prudente ou imprudente; sociável ou insociável; devasso ou celibatário. Segundo o sistema do Eneagrama, todas as pessoas têm um desses instintos afetado. Além disso, a instalação correta de um dos instintos constitui a base para a sadia implantação do instinto seguinte. Por isso, se um dos instintos não pôde desenvolver-se convenientemente, é possível que ocorra o mesmo com os seguintes por uma espécie de efeito dominó. (...) Assim sendo, três casos são possíveis. Quando o instinto de preservação foi perturbado, a pessoa manifesta as preocupações decorrentes desse fato e pode também apresentar características ligadas ao instinto social e sexual. Quando o instinto de preservação se instalou convenientemente, enquanto o instinto social não conseguiu fazer isso, a pessoa vive as preocupações do”. instinto social e a ele acrescenta eventualmente as do instinto sexual. Se tudo ocorreu bem até a implantação incorreta do instinto sexual, a pessoa mostra os traços ligados apenas a esse último instinto.” (CHABRENIL, 1999 Pág. 32) 10 23 b) Os pontos de integração e estresse. Cada eneatipo apresenta uma relação interna com outros dois segundo o movimento interno do eneagrama no sentido horário (positivo) ou anti-horário (negativo). c) As Asas, ou a fixação do ego em pontos entre dois tipos vizinhos. Enquanto a idéia dos pontos de integração e estresse já existia no trabalho de Oscar Idazo; alguns psicólogos da personalidade contemporâneos que trabalham com o Sistema do Eneagrama a partir das idéias de Naranjo também acrescentaram/relativizaram a idéia de eneatipos absolutos, adicionando ou mesmo multiplicando ainda mais fatores caracteriológicos. Para os responsáveis pela associação francesas de estudos sobre o Eneagrama 11, por exemplo, “enquanto o tipo geralmente se consolida na infância seguindo um modelo familiar, na adolescência, o ego tenta se rebelar contra esse padrão, tentando se identificar com um dos dois tipos vizinhos. Então, os traços e características de uma das asas se somam aos do tipo básico, mas continua secundárias em relação a ele.” Ou seja: quando o tipo básico evolui para seus aspectos positivos, a asa segue o movimento; quando o tipo se estressa, a asa também. Haveria, portanto, um total de 27 subtipos com 54 possibilidades de combinação com os tipos vizinhos e 108 possíveis posições psicodinâmicas. Uma verdadeira babel de traços e características cognitivas-tipológicas. 11 http://www.enneagramme.com 24 ANEXO II: UMA NOVA PROPOSTA PEDAGÓGICA A formação e o desenvolvimento do comunicador podem ser divididos em dois eixos perpendiculares: o Eixo da Continuidade, representando a sucessão ordenada das disciplinas técnicas de cada habilitação, e o Eixo da Simultaneidade, correspondendo a um corte fotográfico de cada semestre, incluindo assim, além das disciplinas específicas da habilitação, as demais disciplinas do tronco comum e de conteúdo teórico, ético e cultural. O Eixo da Continuidade tem três momentos distintos: o aprendizado científico da objetividade, o desenvolvimento artístico da subjetividade e, por último, a combinação dos dois aspectos em um contexto intersubjetivo. Assim, o aprendiz de jornalista (cuja principal competência é redigir) tem, em um primeiro momento, a aprender a pensar cientificamente e redigir de forma objetiva, na terceira pessoa, nos moldes do jornalismo informativo. Em um segundo momento, no entanto, ele deve, para continuar seu desenvolvimento, re-aprender a ser opinativo e a escrever na primeira pessoa, a reintegrar o aspecto afetivo de sua personalidade em seu texto. Neste segundo momento, o estudante trabalhará preferencialmente com suportes audiovisuais. E, finalmente, em um terceiro momento de aprendizado, o aluno deve, em combinação com as necessidades impostas pelas crescentes tendências de segmentação e interatividade, aprender a escrever na segunda pessoa, a trabalhar com púbicos e objetivos específicos, através das tecnologias e suportes digitais. O Eixo da Simultaneidade - Os conteúdos básicos são caracterizadores da formação geral da área de Comunicação Social e de cada uma de suas habilitações são previstos nas especificações curriculares do MEC12. Estes conhecimentos são assim categorizados: conteúdos teórico-conceituais; conteúdos ético-políticos; conteúdos de linguagens, técnicas e tecnologias midiáticas; conteúdos analíticos e informativos sobre a atualidade. 12 Diretrizes Curriculares para área de Comunicação Social e suas Habilitações. Comissão de Especialistas em Comunicação Social do MEC, 1998. <http://www.angelfire.com/mb/oencantador/JOL3.htm/> 25 Conteúdos teórico-conceituais Visam a desenvolver familiaridade com o uso de conceitos e um raciocínio conceitual, que permita aos alunos apreender e lidar rigorosamente com teorias gerais e específicas, inclusive acionando-as quando do processo de interpretação da realidade social e profissional. Essas disciplinas são as que seguem o Eixo da continuidade e a ordem centrípeta do Eneagrama. Conteúdos de linguagens, técnicas e tecnologias midiáticas Devem assegurar ao estudante o domínio das linguagens, das técnicas e tecnologias tipicamente empregadas nos processos e nas habilitações de comunicação, bem como assegurar uma reflexão rigorosa sobre suas aplicações e processos. Também devem possibilitar a pesquisa e a experimentação de inovações das linguagens, técnicas e tecnologias, visando a formação de um profissional versátil e em sintonia com as tendências de acelerada mutabilidade dos sistemas e práticas de comunicação e suas habilitações na contemporaneidade. Essas competências correspondem as disciplinas específicas de cada habilitação. Na grade abaixo adotamos a habilitação de jornalismo como exemplo. Conteúdos éticos e artísticos Devem permitir ao estudante posicionar-se não apenas sobre o universo cultural e estético em que está inserido, mas, principalmente, sobre a atuação dos profissionais da comunicação, sobre o exercício do poder da comunicação, sobre os constrangimentos a que a comunicação pode ser submetida, sobre as repercussões sociais que ela enseja e sobre as demandas e necessidades da sociedade contemporânea. Como ética e sensibilidade andam sempre de mãos dadas, essas disciplinas estão organizadas na forma de Oficinas de atividades práticas. Conteúdos analíticos e informativos sobre a atualidade Objetivam propiciar aos alunos um rico estoque de informações sobre variados aspectos da atualidade, pois esta constitui a matéria prima essencial para os futuros profissionais da comunicação. Estas informações devem, simultaneamente, assegurar a apreensão de interpretações consistentes da realidade e possibilitar aos estudantes a realização de análises qualificadas acerca dos fatos e contextos culturais, políticos, econômicos e sociais. Essas competências correspondem às disciplinas optativas, que devem ser organizadas segundo critérios próprios de cada realidade e de cada curso em particular. Estes conteúdos devem ser referidos tanto ao campo geral da Comunicação, quanto à habilitação específica. Observa-se ainda que os quatro conjuntos de saberes não são estanques e se inter-relacionam tanto por sua presença comum em problemas práticos e profissionais como nas reflexões teóricas sobre a área. As perspectivas críticas atravessam todas as categorias de conhecimentos, e ainda, o conhecimento de linguagens não se restringe a suas interações com as tecnologias, mas dependem também das questões interpretativas, analíticas e informativas da atualidade. 26 Ora, o que caracteriza a parte geral dessa proposta é sua referência simultânea ao campo geral da Comunicação - incluindo aí reflexões teóricas, problematizações críticas, conhecimento de atualidade - e as práticas e técnicas específicas das linguagens e estruturas midiáticas. Ou seja, o aluno cursa disciplinas práticas e técnicas desde o começo, articuladas com as disciplinas teóricas segundo uma estratégia de desenvolvimento cognitivo. De forma que, na formulação específica destes conteúdos, a proposta adota uma decidida e consistente perspectiva humanística: as próprias tecnologias, com a dimensão transformadora que adquiriram no século XX recebem tratamento que faz sua compreensão pelo estudante ultrapassar os aspectos utilitários e alcançar as interações entre a comunicação e a cultura, a política e a economia. I SEMESTRE Metodologia Científica Específica: Pauta e planejamento Oficina de texto Optativa III SEMESTRE Comunicação e Arte Específica: Técnicas de entrevista Oficina de audiovisual Optativa V SEMESTRE Teoria da Comunicação Edição de jornalismo impresso Oficina de Redação I Optativa VII SEMESTRE Comunicação e Política Jornalismo On Line Oficina de Hipermídia Optativa II SEMESTRE Psicologia da Comunicação Específica: História do Jornalismo Oficina de Criatividade Optativa IV SEMESTRE Ética da Comunicação Específica: Técnicas de reportagem Oficina de Audiovisual II Optativa VI SEMESTRE Sociologia da Comunicação Edição de textos em audiovisual Oficina de Redação II Optativa VIII SEMESTRE Pesquisa em Comunicação Social Pesquisa em Jornalismo Oficina de Projeto Experimental Optativa ÚLTIMO ANO Especialização profissional e estágio supervisionado 27 BIBLIOGRAFIA BENNETT, J. G. O Eneagrama - um estudo pormenorizado do eneagrama usado Gurdjieff para simbolizar o trabalho da consciência tanto na vida diária como nos níveis esotéricos. São Paulo: Editora Pensamento, 1999. V. tb. os links The DuVersity e Bennett Books. CHABRENIL, P. & F. A Empresa e seus colaboradores - Usando o Eneagrama para Otimizar Recursos. São Paulo: Editora Madras, 1999. GOMES, M. B. O Hermeneuta - Uma introdução ao estudo de Si. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais. Natal: UFRN, 1987. Um Mapa, uma Bússola - Hipertexto, Complexidade e Eneagrama. Rio de Janeiro: Editora Mileto, 2001. Os textos em questão também podem ser consultados em: <http://members.tripod.com/coroa/eneagrama/> Hipertexto e Complexidade. Natal, UFRN: 2000. <http://orbita.starmedia.com/~complexidade/> MEDINA, CREMILDA DE ARAÚJO. Entrevista - o diálogo possível. Série Princípios. São Paulo: Editora Ática, 1986. NARANJO, C. Os Nove Tipos de Personalidade - Um estudo do caráter humano através do Eneagrama. Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 1996. OUSPENSKY, P. D. Fragmentos de um ensinamento desconhecido - Em busca do milagroso. Coleção Ganesha. São Paulo: Editora Pensamento, 1980. ______________ Psicologia da Evolução Possível ao Homem. São Paulo: Editora Pensamento, 1986. PALMER, H. O Eneagrama: compreendendo a si mesmo e aos outros em sua vida. São Paulo: Edições Paulinas, 1993.