RADIOGRAFIA DE TÓRAX EM PACIENTES ACAMADOS Lira. O. A1 1-Curso Superior de Tecnologia em Radiologia, Faculdades Integradas Icesp/Promove. DF, Brasil. RESUMO Neste trabalho foi realizada uma revisão de literatura, tendo como objetivo descrever, avaliar e relacionar os posicionamentos realizados durante a rotina de exame na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com a literatura. Este estudo foi feito através de visitas técnicas no setor de radiodiagnostico de um hospital privado de médio porte. A coleta de informação foi realizada através de perguntas aleatórias, além da coleta de imagem. Através das observações feitas durante as visitas técnicas e das perguntas aleatórias, foi possível avaliar que os procedimentos utilizados pelo técnico na Unidade de Tratamento Intensivo durante a realização dos exames, são condizentes com a revisão de literatura. Desde o inicio quando o técnico elabora os procedimentos de higienização até o processo de revelação das imagens radiografadas. ABSTRACT In our study, a literature review, aiming to evaluate the positions held during the routine examination in the Intensive Care Unit (ICU). This study was conducted through technical visits in the field of radiology for a mid-sized private hospital. The information gathering was done through random questions, in addition to image collection. Through the observations made during the technical visits and random questions, it was possible that the procedures used by the technician in the Intensive Care Unit during the exams, are consistent with the literature review. From the beginning when the technician prepares the cleaning procedures to the development process of the radiographic images. INTRODUÇÃO As radiografias de tórax fazem parte dos procedimentos mais exigidos nas Unidades de Tratamento Intensivo. Os raios X de tórax informam sobre a vascularização pulmonar, o parênquima pulmonar, as dimensões da imagem cardíaca, o contorno cardíaco, as densidades anormais, as estruturas mediastínicas, a pleura, os componentes ósseos e, até, estruturas extratorácicas. Por os raios x de tórax serem fundamentais nos diagnósticos realizados em pacientes acamados é importante o conhecimento das características dos exames, que vai desde a realizaçao do exame ate os aspectos das estruturas anatômicas torácicas. Este trabalho foi desenvolvido, com o objetivo de descrever e relacionar as incidências de rotina no tórax com uma revisão da literatura no intuito de avaliar os posicionamentos realizados durante a rotina de exames na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). 1. REFERENCIAL TEÓRICO Historia dos Raios X O raio - X foi descoberto em 08 de novembro de 1895 por Wilhelm Conrad Roentgen professor de física, da Universiy Julius- Maximillian em Wurzburg (Alemanha). Deu origem a uma ciência chamada: Radiologia a qual se tornou desde então uma tecnologia muito importante para a medicina. Nesse mesmo dia ao realizar experimentos com tubos contendo gases a baixa pressão, verificou uma luminescência sobre uma tela de material fosforescente que estava localizado a certa distância do tubo. Essa radiação ficou conhecida como raios X. (SOARES, LOPES, 2006) Roentgen realizou vários estudos e ao longo desses experimentos, observou a capacidade de penetração em relação a diferentes tipos de obstáculos, além de enegrecer filmes fotográficos. Foram esses estudos que levaram Roentgen a utilizar a mão de sua esposa para realizar a primeira radiografia. (DIMENSTEIN, NETTO, 2005) Equipamentos de Raios-X Os equipamentos de raios x são formados por varias estruturas, entre elas o tubo de raios x, bucky, console de operação, grade antidifusora, chassi, écran, filme, princípios de formação, revelação e imagens. Três são os componentes essenciais dos equipamentos: cabeçote, painel de controle e receptores de imagens. De acordo com esses estudos o cabeçote possui características importantes como o catodo, focalizado, e o anodo. Já no painel de controle as principais características são entre outras o interruptor ligar/desligar, um seletor de kilovoltagem e miliamperagem, ajuste para uma distância foco-pele, longa ou curta. Nos receptores de imagens os filmes fotográficos são os principais componentes. (SOARES; LOPES, 2006) Funcionamento dos Raios X Segundo Dimenstein, Netto, 2005, para que o equipamento de raios x possa produzir imagem, é necessário que haja uma interação do catodo com o anodo. E útil uma corrente elétrica para que ocorra a elevação da temperatura, ou seja, uma diferença de potencial aplicada por um gerador entre o catodo e o anodo. A desaceleração da corrente de elétrons acarretara na produção de raios X. Os tubos de raios x possuem dois filamentos, um fino e um grosso. Os filamentos finos são utilizados para radiografar estruturas pequenas, já os filamentos grossos são utilizados para radiografar estruturas maiores. Anatomia do tórax O torax faz parte do esqueleto axial, ou seja, é a parte superior do tronco, o mesmo esta dividido em mediastino e caixa torácica. A caixa torácica protege as vísceras responsáveis pela respiração e a circulação sanguínea, além de proteger os orgãos que ficam localizados no mediastino. A caixa torácica é constituída pelo esterno, anteriormente, o mesmo é dividido em manúbrio, corpo, e processo xifóide. A parte superior do tórax é acoplada com duas clavículas, que ligam o esterno nas duas escápulas. Além disso, o torax é envolto por doze pares de costelas e doze vértebras torácicas. (DANGELO, FANTTINE, 2003) Incidências de rotina do tórax As Incidências básicas são usadas em pacientes de médio porte que contribuem para a realização de exames, no entanto, existem algumas incidências especiais, porém não serão esplanadas no decorrer do trabalho, exceto o AP que é o posicionamento usado em pacientes acamados, o qual abrange o desenvolvimento do artigo. FATORES TÉCNICOS BASICA – PERFIL BASICA – PA ESPECIAL – AP EM ACAMADOS Tamanho do – Tamanho filme do filme – Tamanho do filme= 35/43 35/43 35/43 Limite de kV 110 a 125 Limite de kV 110 a 125 Limite de kV - 80 a 100 mAs – 6 mAs – 3 mAs – 1.7 Raio Central – nível T7 Raio Central – nível T7 Raio Central - nível T7 Colimação – toda área Colimação – toda área Colimação – toda área dos campos pulmonares dos campos pulmonares dos campos pulmonares Dfofi – 1,80cm Dfofi – 1,80cm Dfofi – 100 cm Fonte: BONTRAGER (2003) Antero - Posterior A região posterior do tórax deve estar mais próxima do filme, o paciente estando em ortostática, sentado ou em decúbito dorsal, com o seu plano mediano sagital coincidindo com a linha central da mesa. (BOISSON, 2007) Segundo os estudos de FELISBERTO, 2010 o paciente estando em ortostática deve se rodar os ombros para frente a fim de evitar sobreposições das escapulas ao tórax. O Raio Central perpendicular a horizontal, na altura das vértebras a T7 T8. Chassi 35/43 ou 35/35, transversal e panorâmica. DFOFI 1,80 cm, com Buck e apnéia profunda. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Esse artigo foi desenvolvido através de visitas técnicas no setor de radiodiagnóstico de um hospital privado de médio porte entre os dias 10/09/2011 ao 22/10/2011, em que foram observados o seu funcionamento, o quadro de funcionários, os tipos de equipamentos e a rotina de incidências radiológicas do setor, com ênfase nas incidências do tórax realizadas na UTI em pacientes acamados, que é a rotina predominante. A coleta de informação foi realizada através de perguntas aleatórias direcionadas a área de atuação no mercado, aquisição de imagens, relatórios, e levantamento bibliográfico dos principais autores do segmento. 2.1 DESCRIÇÕES DA INSTITUIÇÃO O hospital selecionado para as visitas técnicas foi inaugurado no dia 06 de novembro de 2006, no Distrito Federal, e é o quarto hospital da rede, e o primeiro fora de São Paulo. O seu principal foco é em cirurgia de grande complexidade e diagnóstico. O hospital possui equipamentos médicos de alta tecnologia. Possui uma infraestrutura de 86 leitos com 56 apartamentos, 18 leitos de enfermaria, 58 leitos de UTI (sendo dois isolados), cinco salas de cirurgias com equipamentos médicos de ponta, um pronto socorro além de um moderno centro de diagnóstico. O centro de diagnóstico funciona de forma terceirizado, ocupa toda a parte inferior do hospital. Possui uma recepção, nove salas para a realização dos exames além de uma câmara escura têm uma clara que é usada para revelar as imagens dos aparelhos de raios x. Possui dois vestuários, quatro banheiros, uma copa e um almoxarifado. Os equipamentos que compõe esse centro de diagnóstico são: um aparelho de raios x portátil e um convencional, ambos fabricados pela PHILIPIS, outro convencional fabricado pela Siemens, um Tomografia Computadorizada GE Leght Speed seis canais, dois aparelhos de ecografias ambos da TOSHIBA, um Arco Cirúrgico em C da Siemens e um aparelho de digitalização de imagem além de uma câmara escura. De acordo com o supervisor do setor, os exames de diagnósticos são realizados através de convênios e consultas particulares, são realizados em media 200 a 250 exames diários das diversas especialidades. Segundo dados fornecidos pelo setor de radiodiagnostico, a maior parte dos exames realizados no centro de diagnóstico está direcionada para a radiologia convencional como mostra o quandro abaixo, além de retratar o fluxo de pacientes e a quantidade de atendimento no setor: QUADRO 01 – Quantidade média de atendimento diário por especialidade TIPOS DE EXAMES QUANTIDADE Raios X 120 Tomografia 30 Ecografia 50 Fonte: Dados divulgados pelo setor radiológico A maior parte dos exames da radiologia convencional é destinada para as incidências de tórax incluindo as incidências realizadas na UTI. Normalmente o paciente é examinado, em seguida é encaminhado para o setor de radiodiagnóstico para realizar os exames necessários. Já as incidências de tórax realizadas na UTI são feitas com o equipamento portátil à cabeceira do paciente. O setor de radiodiagnóstico por funcionar de uma forma terceirizada, possui uma parte administrativa bem ampla, observa-se no quadro 02, a força de trabalho dos profissionais que trabalham diretamente com o setor. No entanto ha uma equipe que atua na parte de manutenção dos equipamentos de imagens e informática: QUADRO 02- Composição da força de trabalho CARGO QUANTIDADE ESCOLARIDADE Médico radiologista 10 Nível Superior Técnico em Radiologia 11 Nível Técnico Digitador 02 Nível Médio Telefonista 02 Nível Médio Recepcionista 08 Nível Médio Auxiliar de higienização 03 Nível Médio Fonte: Dados divulgados pelo setor de radiodiagnóstico Além dos funcionários classificados acima, ha uma Alta Direção conforme mostra a distribuição seguinte: Diretor Presidente Diretora Medica Diretor Financeiro Supervisora Técnica Fonte: Dados divulgados pelo setor de radiodiagnóstico ANÁLISE DE DADOS Através das observações feitas durante as visitas técnicas no setor de radiodiagnóstico, no objetivo de avaliar a rotina de incidências realizadas diariamente na Unidade Intensiva de Tratamento (UTI). Foi avaliado durante doze visitas que devido o paciente se manter acamado, o posicionamento usado durante a realização do exame de tórax é o AP. Os Critérios utilizados para radiografar o tórax na UTI são feitos de uma maneira cuidadosa e com uma boa higienização. A realização do exame radiológico de tórax em pacientes acamados é feita com aparelho portatil. O técnico antes de realizar o exame sempre lava as mãos, usa luvas, jalecos, e máscara descartáveis, para diminuir os riscos de infecção nestes pacientes que já estão com a imunidade muito baixa. O técnico prepara o paciente retirando objetos que podem sobrepor às imagens radiografadas. O posicionamento usado pelo técnico para esse procedimento é o AP. Em cada paciente é realizado apenas uma incidência, evitando assim a exposição desnecessária, a colimação é feita de uma maneira eficaz, incluindo toda a área dos campos pulmonares. O Raio Central (RC) é centralizado em um ponto especifico, de 8 a 10 cm abaixo da incisura jugular. O chassi usado é 35/43 envolto por uma fronha descartável sendo colocado transversalmente, o paciente sendo de médio ou grande porte. Após esses procedimentos o técnico seleciona o kV que geralmente varia em uma escala de 80 a 100 e o mAs geralmente é de 1.4 – 1.5 – 1.6 – 1.7 ou 1.8 isso depende também do porte físico do paciente . A DFOFI usada pelo técnico é de 100 cm. Durante os procedimentos dos exames o técnico usando o avental de chumbo fica posicionado a mais de 2m do paciente para disparar os raios x. O técnico relata que a inspiração completa é essencial para uma boa radiografia, mas geralmente os pacientes acamados não contribuem. De acordo com os estudos de BONTRAGER, 2003 AP é uma incidência especial, pois é comumente usada em pacientes acamados. Segundo ele, essa incidência é útil para se visualizar patologias relacionadas com o mediastino, diafragma, e pulmões. Nas radiografias de tórax em acamados são habitualmente usados os chassis 35/43, o chassi é colocado transversalmente, a colimação deve abranger toda área dos campos pulmonares, e o raio central ao nível da T7, 8 a 10 cm abaixo da incisura jugular, a Dfofi é de no mínimo 100 cm, a exposição é feita no final da segunda inspiração profunda e completa. (BONTRAGER, 2003). Segundo os estudos de BOISSON, 2007 o técnico tem que estar afastado mais de 2 m do tudo de raios x. Segundo ele os aparelhos móveis e portáteis a quantidade de raios x não forma radiação espalhada com poder de penetração suficiente para penetrar nos pacientes e atingir o técnico em distância superior a 2 m. Imagem 01- Equipamento Portátil* Imagem 02- Posicionamento – AP* Imagem 03 – Radiografia de Tórax* CONCLUSÃO Conclui-se que através das observações feitas durante as visitas técnicas e da coleta de informações incluindo as imagens coletadas, foi possível avaliar que os procedimentos utilizados pelo técnico na Unidade de Tratamento Intensivo durante a realização dos exames, são relativamente condizentes com a revisão de literatura. Desde o inicio quando o técnico elabora os procedimentos de higienização até o processo de revelação das imagens radiografadas. Os principais critérios radiográficos tanto na prática como da literatura para radiografias de tórax realizados em pacientes acamados são as estruturas á serem mostradas, posicionamento dos pacientes, critérios de exposição, colimação e raio central. Essas são partes importantes para uma boa radiografia. A inspiração completa também é fator importante, porém, na UTI os pacientes estão com patologias avançada assim dificultando uma boa inspiração, fazendo com que os pulmões apareçam mais densos. *Imagens coletadas durante as visitas técnicas SIGLAS DFOFI – Distancia foco filme KV – Quantidade dos feixes de raios x mAs – Qualidade dos feixes de raios x AP – Antero Posterior PA – Postero Anterior UTI – Unidade de Tratamento Intensivo RC – Raio Central REFERÊNCIAS BONTRAGER, MA, Kenneth L. Tratado de Técnica Radiológica e Base Anatômica. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2003. BOISSON, Luiz Fernando. Técnica radiológica medica: Básica e avançada. São Paulo: Atheneu, 2007. DANGELO, José Geraldo; FANTTINE, Carlo Américo. Anatomia Humana: Sistêmico e Segmentar. 2. Ed. São Paulo: Atheneu, 2004. DIMENSTEIN, Renato; NETTO, Thomaz Ghilardi. Bases Físicas e Tecnológicas Aplicadas aos Raios x. 2. Ed. São Paulo: SENAC, 2005. SOARES, Flávio Augusto P; LOPES, Henrique Batista M. Radiodiagnóstico: fundamentos físicos. 2. Ed. Florianópolis: Insular, 2006. FELISBERTO, Marcelo. Guia prático de radiologia: Posicionamento Básico. São Paulo: Érica, 2010.