PONTO DE VISTA Antônio Neto [email protected] O Mandacaru, riqueza do sertão mandacaru é uma planta arborescente, xerófita, nativa do Brasil, disseminada no Semiárido nordestino. Faz parte da família das cactáceas, gênero cactus ou cacto, cujo nome científico da espécie é Cereus Jamacaru. Trata-se de uma espécie típica do Bioma Caatinga, que apresenta diversidade, podendo atingir de 5 a 6 metros de altura. Adapta-se muito bem em qualquer região de clima seco de reduzido índice pluviométrico. Não possui folhas, estas dão lugar aos espinhos, que são elementos de defesa diante dos ataques de animais herbívoros. Essa espécie nasce e cresce espontaneamente na natureza, isto é, em qualquer lugar sem nenhuma intervenção do ser humano. Os pássaros e o vento se encarregam da distribuição das sementes e, em vista disso, não há lugar certo para nascer, consequentemente sua semente pode manifestar germinação em terreno, que seja muito ou pouco fértil, até mesmo sobre as rochas ou em telhados de casas rurais. O seu crescimento depende exclusivamente das condições nutritivas do solo que manifestar a germinação. Uma estrutura vegetal verticalmente equilibrada possui essa espécie. Suas raízes são relativamente profundas de modo que facilitam a captação das águas do lençol freático. O tronco é o sustentáculo de sua parte central e, ao mesmo tempo, este e as suas brotações laterais têm a proteção de uma espessa película que evita a perda excessiva de água por transpiração. Lateralmente desabrocham do caule articulações facetadas com várias ramificações. O miolo ou cerne contém vasos condutores de água e de outras substâncias vitais à planta. As flores do mandacaru são brancas, de muita beleza, cujo comprimento gira em torno de 15cm. Desabrocham viçosas à noite e perdem o vigor ao amanhecer do dia. Seu fruto possui uma tonalidade de avermelhada a arroxeada. A polpa é esbranquiçada com sementes pequenas, pretas e possuem uma substância pegajosa, se bem que, serve de alimento, não só para diversas espécies de animais e, até mesmo, para o ser humano. Nas grandes estiagens, o mandacaru tem sido a salvação na alimentação do gado. É fornecido aos animais em pequenos pedaços, depois da retirada dos espinhos com ferramentas cortantes ou queimando os mesmos para facilitar a deglutição do animal. O mandacaru além de ser uma fonte de alimentação para animais é utilizado há muito tempo no sertão nordestino como meizinha, ou seja, remédio caseiro, principalmente na zona rural do Nordeste. São muitas as doenças que podem ser tratadas com o mandacaru, conforme relatou, a seguir, o jornalista e historiador Gervásio Lima: “Medicinal – Conforme informações contidas em um dos maiores cadastros de ervas medicinais da internet brasileira, o site: http://www.plantasquecuram.com.br/ervas/mandacaru. htmlixzz2iSwT0htK, o mandacaru é considerado também uma planta medicinal. Tendo como princípios ativos, o ácido nucléico, lipídios, proteínas e resina, ele é diurético (atua nos rins), aumentando o volume e o grau do fluxo urinário. Também promove a eliminação de eletrólitos como o sódio e o cloro, sendo usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardíaca ou cirrose hepática e cardiotônico (com capacidade de aumentar a força de contração dos músculos cardíacos). É indicado no tratamento da afecção pulmonar, catarro da bexiga e retenção da urina; tem poder estimulante e tônica para o coração; a partir do consumo de suas flores ‘in natura’ ou secas, polpa dos frutos, caule batido em liquidificador com água e de pomada feita da tintura da seiva do caule”. Recentemente assisti a uma reportagem no portal globo.com G1 Ceará, que dizia: “No sul do Ceará, o químico industrial Sávio Aires encontrou um jeito de tratar a água de forma artesanal e com o custo quase zero. Ele utiliza como matéria-prima o mandacaru. A planta nativa que é muito rica em fibras e por ela é retirado um fragmento, onde é usado a parte gelatinosa do cacto. Ela possui na sua composição um polímero natural, que em contato com água faz uma floculação da sujeira, deixando-a limpa para qualquer uso”, explicou. Essa é uma descoberta que irá trazer grandes benefícios, especialmente, para o sertanejo que reside na zona rural do sertão nordestino. Assim como o mandacaru, outras plantas da flora do bioma Caatinga devem ser melhor estudadas, por exemplo: quixabeira, umburana, juazeiro, quina-quina, pinhão, babosa, feijão-brabo, angico, aroeira, mamoneira ou carrapateiro, catingueira, pau d’arco, pau-ferro, jurema-preta e tantas outras. O mandacaru é apenas uma, das muitas plantas que compõem o universo da valiosa flora medicinal do sertão nordestino. Antônio Neto é escritor, pesquisador, biógrafo, dicionarista e poeta. Membro da Academia Serra-Talhadense de Letras, Academia Recifense de Letras e da União Brasileira de Escritores. REVISTA DE LITERATURA NOVO HORIZONTE 25