AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO MANDACARU COM E SEM ESPINHOS Maurílio Beltrão D’Albuquerque CAVALCANTI1; Normando Mendes RIBEIRO FILHO1, Suellen Lisboa DIAS1; Antonielly dos Santos BARBOSA2, José Pires DANTAS1. 1 Depto. de Química – DQ – Universidade Estadual da Paraíba – UEPB – Av. das Baraúnas, 351,Bodocongó, CEP: 58109-753, Campina Grande – PB 2 Pós-graduação em Engenharia Química – PPGEQ – UFCG, Campina Grande-PB E-mail: [email protected] Palavras-chave: Semi-árido; Mandacaru; alimentação animal. INTRODUÇÃO A caatinga e uma formação vegetal que engloba espécies particularmente adaptadas a longos períodos de seca e solos pedregosos. As incertezas climáticas no Nordeste do Brasil tornam as cactáceas, que graças às suas características fisiológicas de economia de água, uma alternativa alimentar e fonte de água para os animais na época seca (OLIVEIRA, 1996). É nesse ambiente que se encontra amplamente distribuído o mandacaru (Cereus jamacaru). É uma espécie típica da vegetação da caatinga, crescendo em vários tipos de solos, entre pigarrentos e pedregosos, e, juntamente com outras espécies de cactáceas forma a paisagem típica do sertão. Extremamente rústico, cresce nas catingueiras arbóreas e em locais quase desprovidos de solos. Resiste a longos períodos de seca e sempre cresce e frutifica. Seus ramos são irregulares dispostos em angulo agudo com o eixo principal levemente curvado, dando a planta um aspecto de um candelabro, e exatamente por essa forma que pertence ao gênero cereus, palavra de origem latina que significa círio, vela. O mandacaru perde pouca água para a atmosfera devido a forma do seu caule (grosso e elipsóide) desprovido de folhas, o que reduz a superfície de evaporação do vegetal e por causa da presença de uma espessa cutícula que reveste os ramos, possui, no seu interior, tecidos mucilaginosos que podem absorver e armazenar grande quantidade de água. Possui grandes espinhos que constituem sua defesa contra animais quando se esgotam os alimentos na caatinga. Os sertanejos acreditam que quando o mandacaru flora na seca e sinal de chuva. O presente estudo teve por objetivo avaliar a composição nutricional do mandacaru, visando à obtenção de dados científicos que estimule sua utilização como forragem para os rebanhos da região semi-árida. METODOLOGIA Foram coletadas plantas inteiras de ambas as espécimes ao acaso, destas 5 de cada, foram selecionadas visualmente e submetidas a secagem em estufa de circulação forçada de ar, a 55°C por 48 horas. Em seguida foram avaliados os parâmetros nutricionais: proteína bruta, gordura bruta, fibra bruta, energia bruta, cinzas e matéria orgânica. Todos os métodos analíticos utilizados seguiram as recomendações de SILVA (1992) E TEDESCO et. al. (1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 apresenta os valores nutricionais do Mandacaru com e sem espinhos, com potencial de uso na alimentação animal. TABELA 1 – Valor nutricional do Mandacaru com e sem espinhos. Análises MS (%) PB (%) GB (%) FB (%) EB (cal/g) Plantas 6,64 3,74 3.114 com espinhos 18,77 2,03 7,61 12,19 1,04 3.404 sem espinhos 14,85 CZ (%) MO (%) 22,57 18,69 77,43 81,31 MS – Matéria Seca; PB - Proteína Bruta; GB – Gordura Bruta; FB - Fibra Bruta; EB – Energia Bruta; CZ – Cinzas; MO – Matéria Orgânica. As plantas de mandacaru com e sem espinhos apresentaram valores nutricionais consideráveis. Quanto as plantas com espinhos, apresentam teores de matéria seca, gordura bruta e cinzas mais elevados que os encontrados nas plantas sem espinhos nos mesmos parâmetros. Já as plantas de mandacaru sem espinhos apresentam teores de proteína bruta, fibra bruta e matéria orgânica; mais consideráveis que os encontrados nas plantas com espinhos. A energia bruta refere-se a quantidade de calor liberado por uma dada amostra, quando esta é completamente oxidada em ambiente rico de oxigênio. Neste parâmetro, ambas as espécimes apresentam valores aproximados, sendo 3.114 cal/g e 3.404 cal/g para as plantas com e sem espinhos, respectivamente. CONCLUSÃO O mandacaru é utilizado como planta forrageira, em pequena escala, pelos agricultores no período de seca. A determinação da composição nutricional do mandacaru aponta o seu consumo como uma alternativa para alimentação animal agregando assim valores financeiros ao seu cultivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLIVEIRA, E. R. Alternativas de alimentação para pecuária do semi-árido nordestino. In.: S I M P Ó S I O N O R D E S T I N O D E ALIMENTACÃO DE RUMINANTES, 6., 1996. SILVA, A. S. Manual de Análise de Alimentos. Universidade Federal e Viçosa. Viçosa – MG: 1992, p.220. TEDESCO, J. M./ GIANELO. C. C./ BOHNEN, H./ VOLKWEISS, S.J. Análises de Solo, Plantas e Outros Materiais. Boletim técnico nº 5. 2ª edição revista e ampliada. Porto Alegre: Departamento de Solos, UFRGS, 1995, p.174.