revista conteúdo artigo/ psychomotor: implications about the play

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ARTIGO/
PSICOMOTRICIDADE: IMPLICAÇÕES ACERCA DO BRINCAR E SUAS
RELAÇÕES COM O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL1
Gilmara de Jesus Fernandes2
Rita de Cássia Cristofoleti 3
RESUMO
O presente trabalho buscou investigar as relações entre o movimento e o desenvolvimento
intelectual nas crianças, baseando-se nos brinquedos e brincadeiras como orientadores dessas
ações, compreendendo o sujeito como social e histórico, portanto constituído de suas
vivências e relações e dependente de situações de qualidade que permitam avanços em seu
desenvolvimento integral, enfatizando questões relacionadas ao movimento e à mediação
profissional.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento; Movimento; Brinquedo; Brincadeira; Mediação
PSYCHOMOTOR: IMPLICATIONS ABOUT THE PLAY AND ITS
RELATIONS WITH THE INTELLECTUAL DEVELOPMENT
ABSTRACT
The present study investigated the relationship between movement and intellectual
development in the children, based on the toys and children’s play as guiding these actions,
including the subject as social and case history and therefore constituted their experiences and
relationships and dependent on situations that enabling advances in their full development as
well, emphasizing issues related to movement and professional mediation.
KEYWORDS: Development; Movement; Toys; Children’s play; Mediation
1
O presente artigo foi elaborado para a conclusão de curso de pós-graduação em Psicopedagogia Institucional da
Faculdade Cenecista de Capivari.
2
Aluna do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional. Graduada em Pedagogia pela Faculdade
Cenecista de Capivari – CNEC
3
Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas. Possui graduação em Psicologia pela
Universidade Metodista de Piracicaba (2001) e mestrado em Educação pela Universidade Metodista de
Piracicaba (2004). Atualmente é professora da Faculdade Cenecista de Capivari e Professora da Faculdade
Salesiana Dom Bosco de Piracicaba. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Psicologia
Educacional, Relações de Ensino, Educação Especial, Alfabetização, atuando principalmente nos seguintes
temas: Inclusão Educacional, Desenvolvimento humano e Aprendizagem, Formação de Professores, Ensino
Fundamental, Educação Infantil, Ensino e Aprendizagem, Prática de Ensino e Dificuldades de Aprendizagem.
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INTRODUÇÃO
O desenvolvimento infantil sempre despertou curiosidades e levantou diversos temas
para estudo, cada estudioso de acordo com sua perspectiva e seus pressupostos teóricos
buscaram e ainda buscam desvendar como se forma o intelecto da criança, muitos desses
voltaram-se para a questão das relações entre o corpo e a mente e tais estudos que
inicialmente eram atrelados a área da Educação Física deram origem à Psicomotricidade, a
qual busca considerar a criança como um ser indivisível em suas áreas.
“O termo Psicomotricidade apareceu pela primeira vez com Dupré em 1920,
significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento”. (OLIVEIRA, 1997. p.
28), porém há indícios de tais considerações desde Aristóteles que já afirmava a necessidade e
os benefícios do movimento. A Sociedade brasileira de Psicomotricidade à define como:
É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em
movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e
o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de
movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito
cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 2004, apud FERREIRA
e RAMOS, p. 160, 2009).
Diversas são as discussões em torno das questões relacionadas ao desenvolvimento
infantil, da escolarização, da educação, da alfabetização. E as brincadeiras, não há mais
espaço para elas no cotidiano infantil?
Atualmente, nota-se que o brincar puro, no qual a criança se experimenta, descobre a
si e ao mundo e se socializa, vem sendo por muitos desvalorizados e/ou substituídos por
outras formas de entretenimento, geralmente baseadas em tecnologias, o que em grande parte
das vezes requer movimentação mínima e individualismo, situação esta que vem
empobrecendo o ato de brincar, e consequentemente os avanços que este poderia permitir.
Nossa organização social é de tal modo ‘adultocêntrica’, que nossas reflexões sobre
a criança e seu universo cultural correm sempre o risco de, repetindo a organização
social, situar a criança em condição passiva face à cultura. Pensamos sempre na
criança recebendo (ou não recebendo) cultura, e nunca na criança fazendo cultura
ou, ainda, na criança recebendo e fazendo cultura ao mesmo tempo. (PERROTTI,
1990, p.18).
O presente estudo busca trazer implicações acerca do movimento, através do
brinquedo e do brincar para o desenvolvimento intelectual infantil, considerando tais
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atividades como momentos de conhecimento, descoberta e aprendizado, o que de fato são,
tendo por base os argumentos da Psicomotricidade que vem defender tal relação. Pretende-se
através do mesmo despertar o interesse dos educadores à respeito da riqueza do brincar e de
suas contribuições para uma formação e desenvolvimento integral da criança de maneira
harmônica, lúdica e prazerosa e resgatar a necessidade dessas atividades permeando o
crescimento intelectual infantil. Nas palavras de Lovisaro:
A evidência, cada vez maior, da importância do desenvolvimento psicomotor nos
processos que envolvem o aprendizado, voltado para a sistematização de certos
conteúdos curriculares mais especificamente os que se relacionam à alfabetização,
conduzem os estudos atuais para o interesse crescente pelas práticas psicomotoras
em decorrência de uma dupla função, preventiva e terapêutica, levando-se em
consideração que, em torno da ação psicomotora, giram as possibilidades de
atuação, por meio do corpo, sobre o psiquismo e as funções instrumentais de
adaptação ao meio. (LOVISARO, 2011. p. 21).
Primeiramente este trabalho apresentará uma contextualização do assunto, um pouco
da trajetória da Psicomotricidade e a contribuição de autores e estudiosos que abordaram o
movimento, o brincar e seus subsídios para o desenvolvimento global da criança. Em seguida,
abordará diretamente a questão do brincar, seu papel no desenvolvimento e suas relações com
os progressos intelectuais e sociais na infância. Finalizando com uma discussão sobre os
vínculos entre o brincar, a Psicomotricidade e o papel do educador nesse processo.
2. O QUE É EDUCAÇÃO PSICOMOTORA: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E
DEFINIÇÃO
Dupré, já em 1909, defendia as relações entre corpo e mente, “verificou que existia
uma estreita relação entre as anomalias psicológicas e as anomalias motrizes, o que o levou a
formular o termo Psicomotricidade” (OLIVEIRA, 1997, p. 28, 29). Aristóteles também já
havia percebido tal relação, porém tratava a Psicomotricidade, sob o ponto de vista da
ginástica, defendendo-a como necessária para o desenvolvimento do corpo e do espírito, “[...]
é a ginástica que cabe determinar que espécie de exercício é útil a este ou aquele
temperamento, qual o melhor dos exercícios”. (OLIVEIRA, 1997, p. 29).
Diversos estudiosos notaram que havia, de fato, um grande vínculo entre o
desenvolvimento motor/motriz e o cognitivo, porém somente como possibilidade de
tratamento a algumas patologias, com o passar do tempo e os avanços nos estudos
relacionados ao tema nota-se a possibilidade de uma educação psicomotora, voltada não
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somente para a reeducação, mas também para a adaptação e a prevenção de dificuldades
motrizes e intelectuais, “a corrente educativa da Psicomotricidade tem nascido das
insuficiências na educação física que não teve condições de corresponder às necessidades de
uma educação real do corpo”. (LE BOULCH, 1982, p. 23).
No início a Psicomotricidade tinha seus estudos voltados para a patologia. Wallon,
Piaget e Ajuriaguerra tiveram a preocupação de aprofundar esses estudos mais
voltados para o campo do desenvolvimento. Wallon se preocupou com a relação
psicomotora, afeto e emoção. Piaget se preocupou com a relação evolutiva da
Psicomotricidade com a inteligência e Ajuriaguerra, que vem consolidar as bases da
evolução psicomotora, voltou sua atenção mais específica para o corpo em sua
relação com o meio. (COSTA, 2007, p. 26).
Os diferentes posicionamentos diante dos estudos permitiram que se estabelecesse
uma educação psicomotora de base, a qual concebe “os determinantes biológicos e culturais
do desenvolvimento da criança como dialéticas na construção do motor (corpo), da mente
(emoção) e da inteligência”. (COSTA, 2007, p. 26).
Os primeiros movimentos de trabalho da Psicomotricidade foram impulsionados
dentro de uma proposta reeducativa, marcada pelo paralelismo mente-motor
sustentado pelos trabalhos de Le Boulch, Wallon, Peirre Vayer, Ajuriaguerra. A
reeducação é uma forma de estimular na criança suas funções psicomotoras que
foram contrariadas em seu desenvolvimento. É uma ação dirigida ao déficit motor,
com o objetivo de atingir também o cognitivo. É importante chamar a atenção ao
que Piaget já antecipava, com a preocupação de estimular as crianças de forma
adequada em cada fase do seu desenvolvimento. Assim ele redimensiona as questões
da Psicomotricidade e não a limita apenas a uma ação educativa, mas a uma primeira
instância educativa. (COSTA, 2007, p. 27).
Na década de 70, do século XX, surgem novos autores, pesquisadores e estudiosos
sobre o tema, J. Bergès, R. Diatkine, B. Jolivet e S. Lebovici, trazendo um novo olhar para a
psicomotricidade, vinculando-a com as questões da afetividade, ideias estas que foram
fundamentadas nos trabalhos de autores psicanalistas como: J. Lacan, Manoni, Freud, F.
Dalto, M. Klein, Reich, Sami-Ali e outros que trouxeram contribuições para essa nova
abordagem da Psicomotricidade, a Clínica-Psicomotora. “A inclusão da Psicanálise marca o
terceiro “corte epistemológico”. Nesse momento o olhar da Psicomotricidade é voltado para o
“sujeito com seu corpo em movimento”. (COSTA, 2007, p. 30).
Atualmente o aspecto afetivo faz parte das considerações da psicomotricidade, nas
palavras de OLIVEIRA (1997):
A nosso ver, a Psicomotricidade se propõe a permitir ao homem “sentir-se bem na
sua pele”, permitir que se assuma como realidade corporal, possibilitando-lhe a livre
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expressão de seu ser. [...] Ela é apenas um meio de ajudar a criança a superar suas
dificuldades e prevenir possíveis inadaptações.
O indivíduo não é feito de uma só vez, mas se constrói paulatinamente, através da
interação com o meio e de suas próprias realizações e a Psicomotricidade
desempenha aí um papel fundamental.
O movimento, como já vimos, é um suporte que ajuda a criança a adquirir o
conhecimento do mundo que a rodeia através de seu corpo, de suas percepções e
sensações.
A educação Psicomotora pode ser vista como preventiva na medida em que da
condições à criança de se desenvolver melhor em seu ambiente. É vista também
como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde o mais leve
retardo motor até problemas sérios. É um meio de imprevisíveis recursos para
combater a inadaptação [...]. Por aspecto afetivo ou relacional podemos entender a
relação da criança com o adulto, com o ambiente físico e com outras crianças. A
maneira como o educador penetra no universo da criança assume aqui um aspecto
primordial. É importante que o professor demonstre carinho e aceitação integral do
aluno para que este passe a confiar mais em si mesmo e consiga expandir-se e
equilibrar-se. (OLIVEIRA, 1997, p. 36).
Para Le Boulch (1982), as questões relacionadas à afetividade também tem papel
fundamental e imprescindível no trabalho psicomotor, pois o desenvolvimento ocorre nas
relações sociais, as quais envolvem diretamente os fatores psico-afetivos, pois toda
comunicação envolve emoção, “se a qualidade da relação humana incide diretamente no
desenvolvimento funcional, a recíproca é verdadeira: a experiência do outro e a possibilidade
de estabelecer intercâmbios estão ligadas ao desenvolvimento funcional”. (LE BOULCH,
1982, p. 25).
Segundo Oliveira (2009), para Piaget o desenvolvimento cognitivo se dá através da
interação da criança com o objeto, à medida que o compreende, incorpora a informação e
passa a utilizá-la a seu favor, assim se constitui o conhecimento, através da experienciação e
para Vygotsky (2005, 1998), a criança aprende em sociedade, abstraindo e singularizando
suas vivências, organizando mentalmente a realidade que a rodeia, através das experiências
internalizadas passa a empregá-las em seu cotidiano.
Ambos, cada um sob sua perspectiva de estudos, Piaget buscando compreender como
funcionava a formação de conceitos e o desenvolvimento mental no aspecto biológico e
Vygotsky, buscando compreender o papel da sociedade na formação da mente e da linguagem
da criança, já destacaram as vivências concretas como formadoras da inteligência e
constitutivas da abstração e conceitualização do mundo.
A vivência dos conceitos se dá através do concreto, da experimentação do mundo
através do próprio corpo e do brincar, que de acordo com Gutfreind (2008), oferece uma
dimensão interativa e através do olhar, da voz e do toque, desenvolve a capacidade de
subjetivar-se, como um bebê que sendo acolhido, brincando, estabelece com o mundo uma
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relação de segurança e é a partir daí, do brincar que essa relação com o outro e com o mundo
será ampliada, simbolizada.
Lagrange (1982), citando Vayer ao discorrer sobre a educação para o desenvolvimento
integral, baseada na educação psicomotora, nos sinaliza que:
Trata-se de uma educação global que, associando os potenciais intelectuais, afetivos,
sociais, motores e psicomotores da criança, lhe dá segurança, equilíbrio, e permite o
seu desenvolvimento, organizando corretamente as suas relações com os diferentes
meios nos quais tem de evoluir. (LAGRANGE, 1982, p. 47).
Corpo e mente formam um conjunto, portanto, o desenvolvimento de um
complementa e/ou prepara o desenvolvimento do outro e interfere em sua evolução.
“Movimento (ação), pensamento e linguagem são uma unidade inseparável. O movimento é o
pensamento em ato, e o pensamento é o movimento sem ato”. (WALLON, apud FONSECA,
1987, p. 30). Nesse contexto, a Psicomotricidade propõe esse trabalho conjunto, que considera
os aspectos motores, afetivos e cognitivos através do movimento, chamando a atenção para a
importância e as contribuições do brincar e do jogar no desenvolvimento humano, porém
ressalta que o brincar pode e deve ser direcionado, e que também deve haver espaço para a
livre escolha por parte da criança, mas que o brincar pode ser despertado, da atração que
venha a ser desencadeada na criança, seja por sua elaboração, pelos participantes, pelo
ambiente, todos esses aspectos devem contribuir para que o brincar seja atrativo e empregado
no desenvolvimento de conceitos e habilidades, como defende Brock (2011):
As crianças precisam tanto de livre fluxo das brincadeiras de iniciativa própria
quanto dos desafios das intervenções dos adultos. Um envolvimento adequado pode
expandir seu modo de brincar, fazendo-as travar diálogos por meio de perguntas de
sondagem e refletir sobre seu próprio aprendizado através do brincar. Tal processo
desenvolve a compreensão de adultos e crianças, formando novos entendimentos.
(BROCK, 2011, 25).
A Psicomotricidade está presente em tudo que trabalha a motricidade da criança, que
auxilia na consciência corporal e sua relação com o mundo que a rodeia, o movimento está
atrelado ao subjetivo e ao objetivo, o interno e sua realidade, pois está relacionado ao domínio
psicomotor (corpo físico / movimento), cognitivo (razão / intelecto) e afetivo (emoção /
sentimento), estando presente desta forma nas brincadeiras e jogos.
Bettelheim (2008), ao estudar sobre a leitura, em particular os contos de fadas, defende
que a criança vive em constante busca pela sua subjetividade, ao se envolver com a história, a
criança vive como se fosse a personagem, misturando realidade e fantasia, sentindo as alegrias
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e angústias do mesmo, e a criatividade explica magicamente dúvidas que vão surgindo. Visto
que as histórias são construídas socialmente, de acordo com os contextos em que se
encontram, abrangem também o âmbito cultural e social, situando a criança na sua realidade
e, portanto, propiciando experiências sociais e culturais que poderão servir de base para que a
criança possa se apoiar ao se deparar com semelhante situação real.
Considerando-se que as histórias estão atreladas ao brincar/jogar, pode-se dizer que as
brincadeiras/jogos têm uma dimensão concreta e uma dimensão subjetiva, como uma ponte
entre o experienciar e o conceitualizar, a elaboração dos signos e o desenvolvimento
cognitivo, indo além, preparando a criança para novos conhecimentos e experiências,
favorece a aprendizagem, visão essa que difere do olhar inicial da Psicomotricidade, que não
considerava a ligação entre corpo e mente, mas que avançando em suas teorias e observando a
prática, percebeu que questões subjetivas influenciam no desenvolvimento do corpo, no
movimento e na atitude, evidenciando a ligação entre o corpo e suas vivências e o
desenvolvimento cognitivo, ou seja, como defende Richter e Fronckowiak (2011), “brincar é
aprender e aprender é brincar”.
O brincar prepara para novos conhecimentos, nas brincadeiras e jogos infantis que
implicam em uma situação imaginária, a criança reproduz algo que ainda não compreendeu,
que está mais avançado que sua atual realidade, apreendendo e aprendendo a separar objeto e
significado, permitindo portanto que a criança perceba, objetos, significados, regras, criando
uma zona de desenvolvimento proximal.
A Zona de Desenvolvimento Proximal refere-se ao caminho que o indivíduo vai
percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que
se tornarão funções consolidadas, estabelecidas no seu nível de desenvolvimento
real. (OLIVEIRA, 2002, p. 60).
Vygotsky (1998, 2005) defende a plasticidade do cérebro na medida em que todos
podem aprender e que tal desenvolvimento depende da qualidade de suas experiências de
interação. Nesse sentido, a criança avança em seu desenvolvimento através da interação com
o outro, abstraindo da realidade bases para novos conhecimentos, conceitualizando suas
vivências.
Considerando que toda criança tem potencial, que pode avançar, dependendo do olhar
que o educador lança sobre ela, que esse processo de aprendizagem e conhecimento, de
desenvolvimento pode e deve ocorrer de maneira prazerosa, e, ainda, considerando o lúdico
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como potencializador do desenvolvimento e tendo a concepção de que corpo e mente estão
interligados, é que a educação psicomotora define seu espaço de atuação.
3.
O
PAPEL
DAS
BRINCADEIRAS
E
DO
BRINQUEDO
NO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Atualmente muitos olhares se voltaram para a relação entre os exercícios físicos e o
desenvolvimento cerebral, buscando e encontrando relações entre o movimento corporal e o
aprimoramento desse órgão. Tais questões porém, já permearam os pensamentos de vários
outros estudiosos, como Wallon e Vygotsky, que buscando compreender os caminhos do
desenvolvimento humano infantil, defendiam o aprendizado através da interação interpessoal
e das brincadeiras.
De acordo com Galvão (1995), para Wallon o movimento está diretamente ligado às
questões intelectuais, uma vez que todo movimento tem de ser pensado, não há movimento
sem interação com o cérebro, a cada vez que o indivíduo lança mão desse artifício novas
conexões cerebrais vão se constituindo, até que tal movimento seja internalizado e possa ser
realizado de forma mais ágil, mecânica e dinâmica. A partir daí, toda vez que o indivíduo se
aventurar, novas conexões cerebrais serão constituídas, aprimorando de forma conjunta corpo,
movimento e cognição. Assim também ocorre em uma situação inversa, na qual durante uma
atividade cognitiva, como uma leitura, uma conversa / explicação, o sujeito recorre ao
movimento para completar a sua expressão, ou para exprimir um sentimento / desejo.
Os progressos da atividade cognitiva fazem com que o movimento se integre à
inteligência. A criança torna-se capaz de prever mentalmente a sequência e as etapas
de atos motores cada vez mais complexos. Integrado pela inteligência, o ato motor
sofre um processo de internalização. (GALVÃO, 1995, p. 73).
Segundo Rego (1995), Vygotsky quando trata sobre o movimento, discute sobre a
zona de desenvolvimento proximal, atrelando tal fase da aprendizagem ao brincar, referindose aos jogos esportivos e às brincadeiras de faz de conta. A medida que a criança atua na
brincadeira através de seu corpo, internaliza situações, regras e domina seus movimentos, vai
constituindo novas conexões cerebrais e aprimorando-as, para Vygotsky, a interação social,
ou seja, a movimentação do sujeito em relação ao seu ambiente social e cultural atua de
maneira a propiciar o desenvolvimento cognitivo e intelectual.
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[...] A estrutura fisiológica humana, aquilo que é inato, não é o suficiente para
produzir o indivíduo humano, na ausência social. As características individuais
(modo de agir, de pensar, de sentir, valores conhecimentos, visão de mundo, etc.)
dependem da interação do ser humano com o meio físico e social. Vygotsky chama
a atenção para a ação recíproca existente entre o organismo e o meio e atribui
especial importância ao fator humano presente no ambiente. (REGO, 1995, p. 58).
Também nessa perspectiva de desenvolvimento pode-se vincular o movimento à
plasticidade cerebral, tal junção resulta em muitas possibilidades de desenvolvimento, ainda
que biologicamente o indivíduo apresente alguma deficiência, pois através das suas
experienciações e experimentações corporais novas conexões cerebrais se formarão, o que
segundo Vygotsky poderá proporcionar a adaptação cerebral de acordo com a necessidade do
sujeito, aumentando suas possibilidades intelectuais.
Vygotsky dá especial importância ao estudo do cérebro, entendido como órgão
material da atividade mental. O cérebro é visto como um sistema flexível capaz de
servir às novas e diferentes funções, sem que sejam necessárias transformações no
órgão físico. O funcionamento cerebral é moldado, assim, ao longo da história da
espécie do desenvolvimento individual. (REGO, 1995, p. 101).
O movimento está presente na vida da criança desde seu início, e o brincar está
associado a esses movimentos, os quais subordinam-se sempre à necessidade de satisfação do
ser, o que não implica em isenção de regras. Tal ato “se confunde com toda a sua atividade
enquanto esta permanecer espontânea [...] as brincadeiras funcionais, depois as brincadeiras
de ficção, de aquisição e de fabricação” (WALLON, 2007, p. 54). Através do movimento e da
interação da criança na brincadeira/brinquedo vai ocorrendo a sua evolução mental, ainda que
tomado por uma necessidade de satisfação, a atuação vai sofrendo adaptações, uma vez que
apresentando uma vontade/desejo consciente busca a realização da ação.
Com o nome reação circular, Baldwin procura mostrar que essa ligação é
fundamental. Não há sensações que não suscitem movimentos apropriados para
torná-la mais distinta, e não há movimento cujos efeitos sobre a sensibilidade não
suscitem novos movimentos até que se estabeleça o acordo entre a percepção e a
situação correspondente. A percepção é atividade bem como a sensação; ela é
essencialmente adaptação. Todo edifício da vida mental se constrói, em seus
diferentes níveis, por adaptação de nossa atividade ao objeto, e o que dirige a
adaptação são os efeitos da atividade sobre a própria atividade. [...]. A todo instante
o efeito produzido por um de seus gestos suscita um novo gesto destinado a
reproduzi-lo e muitas vezes a modificá-lo durante séries com variações sistemáticas.
Assim a criança aprende a usar seus órgãos sob controle o controle das sensações
produzidas ou modificadas por ela mesma e a identificar melhor cada uma de suas
sensações, produzindo-a de maneira diferente de suas vizinhas. (WALLON, 2007, p.
47,48).
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A princípio as operações da criança em relação ao brinquedo, ao brincar representam
situações a um nível social, externo, durante a qual busca a adaptação, função e compreensão
de tal movimento, depois passa a ser intrapsicológica, sendo abstraída, passa a ser interna. “A
transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma
longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento”. (VIGOTSKI, 2007, p. 58).
(...) é brincando que a criança se humaniza aprendendo a conciliar de forma efetiva a
afirmação de si mesma à criação de vínculos afetivos duradouros. (...) o brincar abre
caminho e embasa o processo de ensino/aprendizagem favorecendo a construção da
reflexão, da autonomia e da criatividade ( OLIVEIRA, 2000.p. 7/8).
Através do brinquedo/brincar a criança passa a experimentar a si e ao mundo, o
brinquedo propicia que tenha acesso a situações e experiências às quais ainda não pode
efetivamente viver ou atuar, porém enquanto brinca, a criança acredita atuar verdadeiramente
e deseja aproximar-se ao máximo do real, tal desejo faz com que avance e se aventure,
buscando aperfeiçoar seu ato, o que requer a internalização de regras sociais ou específicas e
novas conexões neurais que possibilitem a criação de novas oportunidades de atuação,
dirigindo seu comportamento não somente pelo imediatismo, mas ocupando-se também do
significado da situação representada, de certa forma o brinquedo/brincadeira dirige a ação da
criança.
Continuamente a situação de brinquedo exige que a criança aja contra o impulso
imediato. A cada passo a criança se vê diante de um conflito entre as regras do jogo
e o que ela faria se pudesse, de repente, agir espontaneamente. No jogo, ela age de
maneira contrária à que gostaria de agir. O maior autocontrole da criança ocorre na
situação do brinquedo. Ela mostra o máximo de força de vontade quando renuncia a
uma atração imediata do jogo [...]. Comumente, uma criança experiência
subordinação às regras ao renunciar à algo que quer, mas, aqui, a subordinação a
uma regra e a renúncia de agir sob impulsos imediatos, são os meios de atingir o
prazer máximo. [...] Em resumo o brinquedo cria na criança uma nova forma de
desejos a um “eu” fictício, ao seu papel no jogo e suas regras. Dessa maneira, as
maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no
futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade. (VIGOTISKI, 2007,
p.118).
4 . A RELAÇÃO ENTRE O BRINCAR, A PSICOMOTRICIDADE E A MEDIAÇÃO
Nesse sentido, a Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e
estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática do
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movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das brincadeiras e jogos, as
crianças, além de se divertirem, atuam e se relacionam com o mundo em que vivem. Desse
modo, cada vez mais os educadores dão aos jogos e as brincadeiras um lugar de destaque no
programa escolar desde a Educação Infantil, tendo em vistas o desenvolvimento integral do
aluno.
A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos adequados
a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de ser. Devendo
estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo, respeitando as
diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial) e levando a autonomia
do indivíduo como lugar de percepção, expressão e criação em todo seu potencial.
(NEGRINE, 1995, p. 15).
Considerando toda essa relação entre o movimento e desenvolvimento intelectual, não
é possível ignorar os benefícios do brincar, pelo mesmo motivo a educação psicomotora deve
ser vista como aliada nos processos de aprendizagem, educação essa que proporciona uma
maneira atraente e envolvente e possibilita trabalhar de forma lúdica, unindo o aprendizado e
o desenvolvimento à diversão, que está atrelada aos jogos e brincadeiras, por esse motivo,
contribuindo de forma muito significativa. Todo esse trabalho realizado através da educação
psicomotora, acabará por estruturar o aluno, preparando-o para o aprendizado mais
sistematizado, auxiliando-o na organização que uma sala de aula requer.
A educação psicomotora deve ser enfatizada e iniciada na escola primária. Ela
condiciona todos os aprendizados pré escolares e escolares; leva a criança a tomar
consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo,
a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos, ao mesmo tempo
em que desenvolve a inteligência. Deve ser praticada desde a mais tenra idade,
conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir
quando já estruturadas. (LE BOULCH, 1984, p. 24).
A Psicomotricidade tem por prioridade apresentar possibilidades e oportunidades para
o sujeito interagir com o meio, poder agir de maneira cada vez mais ativa e dinâmica em seu
meio cultural e social, em busca de conhecimentos para poder atuar progressivamente e cada
vez com mais autonomia, constituindo sua subjetividade baseando-se em situações
experimentadas, através dos jogos e brincadeiras, que possibilitam além do desenvolvimento
cognitivo, o aprendizado cultural e social que se manifestam nos jogos e brincadeiras. “A
criança, por meio da observação, imitação e experimentação das instruções recebidas de
pessoas mais experientes, vivencia diversas experiências físicas e culturais, construindo, dessa
forma, o conhecimento a respeito do mundo que a cerca.” (NEGRINE, 1995, p. 23).
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A educação psicomotora na idade escolar deve ser, antes de tudo, uma experiência
ativa de confrontação com o meio. Dessa maneira, esse ensino segue uma
perspectiva de uma verdadeira preparação para a vida que se deve inscrever no papel
de escola, e os métodos pedagógicos renovados devem, por conseguinte, tender a
ajudar a criança a desenvolver-se da melhor maneira possível, a tirar o melhor
partido de todos os seus recursos, preparando para a vida social. (LE BOULCH,
1984, p. 24).
Muitos educadores tendem a compreender e atuar de forma equivocada, trabalhando
com exercícios mecânicos e repetitivos, empregando traços verticais, horizontais, colagens
dentro e fora..., acreditando estar trabalhando a motricidade e preparando seus alunos para
escrita, acreditam estar fazendo uso da Psicomotricidade, porém ao apresentarem atividades
sem sentido para a criança ela apenas reproduzirá, não assimilando, sem internalização. Tais
assuntos se tratados do ponto de vista da Psicomotricidade, requisitarão pensamento, uma vez
que a criança será colocada diante dos desafios dos jogos, os quais possibilitarão a
conscientização de seus movimentos e de seu corpo, de sua atuação sobre os recursos
exteriores e interiores disponíveis para a devida adaptação solicitada pela brincadeira.
“O movimento (ação), pensamento e linguagem são uma unidade inseparável. É
através de seu corpo que a criança atua, experimenta e conhece o mundo, descobre seus
recursos e lança mão de recursos próprios para poder se manifestar diante de suas
necessidades de adaptações e refinamento, conclui-se portanto que “quanto mais estimulamos
uma criança, mais provocamos nela reações e respostas que se traduzem em um número maior
de sinapses”. (OLIVEIRA, 1997, p. 17).
Nas palavras de Fonseca, 1988:
Defendemos, através de nossa concepção psicopedagógica, a inseparabilidade do
movimento e da vida mental (do ato ao pensamento), estruturas que representam o
resultado das experiências adquiridas, traduzidas numa evolução progressiva da
inteligência, só possível por uma motricidade cada vez mais organizada e
consciencializada. (FONSECA, 1988, p. 332).
O movimento apenas pelo movimento não atua de forma considerável ao
desenvolvimento intelectual, as ações devem ser observadas, permeadas por situações
desafiadoras, que requeiram pensamento em relação a um objetivo, daí a necessidade de
mediação, a situação de jogo ainda que não premeditada pode ser “conduzida” e tornar-se
mais intrigante e instigante para a criança, ainda que esta não perceba a intervenção do outro,
a qual também pode ser aparente.
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Pais e educadores que respeitam as necessidades da criança de brincar estarão
construindo, portanto, os alicerces de uma adolescência mais tranqüila ao criar
condições de expressão e comunicação dos próprios sentimentos e visão de mundo.
(OLIVEIRA, 2000, p. 87).
As intervenções podem ser através de regras definidas ou apenas na forma de um
incentivo ou advertência, uma vez que seu intuito é de levar a criança a pensar sobre sua
atuação de forma integral, considerando os movimentos e palavras empregados, a forma com
que serão empregados, se estão/são condizentes com a situação em questão, atentando
também para as questões de tempo e espaço. “É importante que hajam professores para servir
de guia ou de referência para as crianças. [...] O professor é o juiz que as crianças buscam
para resolver seus conflitos, quando por si não conseguem resolver os problemas que surgem
entre elas”.( NEGRINE, 2010, p. 108).
O educador infantil antes de tudo deve ser capaz de desenvolver a capacidade de
escuta. Escuta no sentido de perceber, entender e atender à demanda das crianças.
Escuta no sentido de uma presença física ativa, sem ter que estar intervindo
constantemente, mas estimulando através da palavra, do gesto, da mímica, os que
mais necessitam ou solicitam ajuda. (NEGRINE, 2010, p. 109).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora tornem-se cada vez mais intensas as discussões e implicações acerca das
dificuldades de aprendizagens e das causas do fracasso escolar, muitos buscam respostas e
soluções para tal situação, e por incrível que pareça, embora se tratem de crianças em grande
parte nos anos escolares iniciais, visto que o fracasso escolar é uma sequência de “coisas não
apreendidas”, muitos educadores, profissionais do aprendizado ainda não consideram o
brincar/o brinquedo como forma de desenvolvimento intelectual.
Muitos ainda ignoram as relações entre a fantasia e a realidade, a assimilação da
realidade externa, através da realidade interna e por esse motivo tratam os jogos e brincadeiras
como meras atividades de recreação, quando na verdade, são abrangentes atividades
intelectuais internas, tão abrangentes que somente quem brinca é capaz de defini-las, pois são
também subjetivas e o que definirá sua extensão será a bagagem de vivência da criança.
De acordo com Oliveira (1997):
[...] precisar-se-ia capacitar melhor os professores para que eles estivessem sempre
aptos para promover uma educação integral do aluno, para detectar aqueles alunos
que não falhas. Realizar uma reeducação quando se fizer necessário e ao âmbito de
sala de aula e encaminhar ao profissional competente quando os seus recursos se
esgotarem. (OLIVEIRA, 1997, p. 14,15).
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Através da Psicomotricidade as crianças são levadas a aprender brincando, os
momentos de jogos podem ser premeditados ou esporádicos, por esse motivo precisando de
mais ou menos mediação do educador, porém em todas as situações faz-se necessária essa
contribuição. “[...] o corpo é considerado um instrumento na relação, realidade interna e
externa, um eixo de sustentação da vida sócio-psico-afetiva do sujeito. (COSTA, 2007, p. 30),
dessa forma não podendo ser desconsiderado em nenhum tipo de atividade.
Negar o universo simbólico lúdico, sob o argumento de que esse não é o papel da
instituição escolar, é negar o trajeto do desenvolvimento humano e sua inserção
cultural. É desviar a função da escola do processo de construção de valores e de um
sujeito crítico, autônomo e democrático. É negar, principalmente, as possibilidades
da criatividade humana (VASCONCELOS, 2006, p.72).
Sob esses aspectos consideramos a Psicomotricidade e sua íntima relação com o
brincar e o brinquedo, questões fundamentais a serem estudadas pelos profissionais da
educação, principalmente buscando uma educação que privilegie o aprendizado nas várias
dimensões em que ele ocorre – corpo e cognição.
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