a ideologia alemã - LeMarx-UFBA

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A IDEOLOGIA
ALEMÃ
O DESENVOLVIMENTO TEÓRICO-POLÍTICO DE
MARX E ENGELS ANTES DE “A IDEOLOGIA
ALEMÔ
• 1837 -1841: MARX JÁ HAVIA ESTUDO A FUNDO O
SISTEMA FILOSÓFICO DE HEGEL E DEFENDIDO
UMA TESE DE DOUTORAMENTO SOBE “AS
DIFERENÇAS DAS FILOSOFIA DA NATUREZA DE
DEMÓCRITO E EPICURO”, RESSALTANDO A
IMPORTÂNCIA DOS DOIS MATERIALISTAS DA
ANTIGUIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO
PENSAMENTO HUMANO E CRITICANDO HEGEL
POR NÃO TER DADO A IMPORTÂNCIA DEVIDA
AOS DOIS FILOSÓFOS. ENGELS TAMBÉM FOI
HEGELIANO
Obras 1837-1841
• 1842-1843: MARX JÁ TINHA TOMADO CONTATO
COM QUESTÕES MATERIAIS, ISTO É, ECONÔMICOSOCIAIS NA “GAZETA RENANA” E SENTIU A
NECESSIDADE DE ESTUDAR ECONOMIA E
SOCIALISMO. EM 1843, INFLUENCIADO PELO
MATERIALISMO HUMANISTA DE FEUERBACH
REALIZA A PRIMEIRA CRÍTICA DE HEGEL EM
“CRÍTICA DA FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL”.
NESTA OBRA DEFENDE: O FUNDAMENTO DO
ESTADO ESTÁ NA ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE.
DEVIA ESTUDAR A SUA ANATOMIA NA ECONOMIA
POLÍTICA. ENGELS ESTÁ NA INGLATERRA
CONHECENDO O MUNDO INDUSTRIAL E A VIDA DA
CLASSE OPERÁRIA
Obras 1842-1843
•
1844: MARX CONHECEU A PARIS REVOLUCIONÁRIA, AS
ASSOCIAÇÕES DE OPERÁRIOS E SEUS LÍDERES SOCIALISTAS.
PUBLICA EM FEVEREIRO A REVISTA “ANAIS FRANCO-ALEMÃES”
COM DOIS ARTIGOS: “A QUESTÃO JUDAICA”, EM QUE DEFENDE A
EMANCIPAÇÃO HUMANA, E “INTRODUÇÃO À CRÍTICA DA
FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL”, EM QUE EXPÕE AS
LIMITAÇÕES DA FILOSOFIA DE HEGEL E DOS SEUS DISCÍPULOS E
MOSTRA A NECESSIDADE DA FILOSOFIA SE TORNAR FORÇA
MATERIAL E TOMAR CONTA DAS MASSAS. DESCOBRE O
PROLETARIADO COMO CLASSE REVOLUCIONÁRIA. ENGELS
CONHECE MANCHESTER E A VIDA DA CLASSE OPERÁRIA.
ESCREVE PARA OS “ANAIS” O “ESBOÇO DE UMA CRÍTICA DA
ECONOMIA POLÍTICA”, QUE INFLUENCIA DE IMEDIATO MARX.
MARX ESCREVE AINDA “MANUSCRITOS ECOBNÔMICOFILOSÓFICOS”, FRUTO DOS ESTUDOS DA ECONOMIA POLÍTICA,
EM QUE CRITICA A ALIENAÇÃO DO TRABALHO, A PROPRIEDADE
PRIVADA E DEFENDE O COMUNISMO. ENGELS SE TORNOU
COMUNISTA AINDA EM 1843. MARX ESCREVE AS “GLOSAS
CRÍTICA”, DEFENDENDO A GREVE DOS TECELÕES ALEMÃES DE
1844 E CRITICA O ASSISTENCIALISMO E O ESTADO. ENGELS
ESCREVE A “SITUAÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA NA INGLATERRA”.
Obras 1844
•
1845: MARX É EXPULSO DE PARIS PELO GOVERNO FRANCÊS POR
PRESSÃO DO GOVERNO ALEMÃO. PERDE A NACIONALIDADE ALEMÃ
PARA SEMPRE. VAI PARA BRUXELAS, SE ENCONTRA COM ENGELS,
RESOLVEM FAZER UM BALANÇO DO PATAMAR TEÓRICO-PRÁTICO
ALCANÇADO. PUBLICAM A PRIMEIRA OBRA EM COMUM: “A
SAGRADA FAMÍLIA”, UM BALANÇO CRÍTICO DO HEGELIANISMO E
DOS JOVENS HEGELIANOS, MOSTRANDO O SEU IDEALISMO
FILOSÓFICO. DEFENDEM PELA PRIMEIRA FEZ A FILOSOFIA
MATERIALISTA E RESUMEM NA OBRA O SEU DESENVOLVIMETO NA
INGLATERRA E NA FRANÇA NOS SÉCULOS XVII E XVIII. NO FINAL DO
ANO, MARX REDIGE UM MANUSCRITO COM 11 TESES SÓ
PUBLICADO POR ENGELS EM 1888 CHAMADO “TESES SOBRE
FEUERBACH”. É A RUPTURA DEFINITIVA COM FEUERBACH.
EXPRESSA SUA VISÃO DOS INDIVÍDUOS COMO SERES PRÁTICOSSOCIAIS E NÃO ABSTRATOS, COMO EM FEUERBACH, MOSTRA
COMO O HOMEM É PRODUTO DO MEIO SOCIAL E AO MESMO TEMPO
CRIADOR DA HISTÓRIA. MOSTRA A NECESSIDADE DE
COMPREENDER A BASE SOCIAL DAS IDÉIAS, O MUNDO REAL.
MOSTRA COMO A FILOSOFIA ANTERIOR APENAS INTERPRETAVA O
MUNDO E QUE AGORA ALÉM DE CONHECER A SOCIEDADE ERA
PRECISO TRANSFORMÁ-LA.
Obras de final de 1844/1845
Edições de “A Ideologia Alemã” em português
A IDEOLOGIA ALEMÃ: DESCOBERTA
NO SÉCULO XX
•
NO “PREFÁCIO À CONTRIBUIÇÃO A CRÍTICA DA ECONOMIA
POLÍTICA” DE 1859, MARX SE REFERE AO TEXTO DE “A IDEOLOGIA
ALEMÔ, ESCRITO POR ELE E ENGELS EM BRUXELAS, DIZ QUE
TENTOU PUBLICÁ-LA, MAS NÃO FOI POSSÍVEL POR PROBLEMAS
EDITORIAIS. ELES O ABANDONARAM À “CRÍTICA ROEDORA DOS
RATOS” EM RAZÃO DO TEXTO TER CUMPRIDO O SEU OBJETIVO
HISTÓRICO: ESCLARECER PARA OS DOIS AS SUAS POSIÇÕES
MATERIALISTAS E SUAS DIFERENÇAS COM OS HEGELIANOS E
COM FEUERBACH. O MANUSCRITO DE “A IDEOLOGIA ALEMÔ FOI
LEVADO JUNTO COM OUTROS PARA O INSTITUTO MARX-ENGELS
DE MOSCOU PELO HISTORIADOR MARXISTA DAVID RIAZANOV,
QUE O PUBLICOU EM 1924 E NA SUA TOTALIDADE EM 1933.
PORTANTO, MANTEVE-SE DESCONHECIDO ATÉ ENTÃO POR
GERAÇÕES DE MARXISTAS, INCLUSIVE LÊNIN, ROSA
LUXEMBURGO, PLEKHANOV ETC. SÓ ENTÃO PODE SER
ESTUDADO EM SUA PLENITUDE. NO BRASIL, SÓ FOI PUBLICADO
NA ÍNTEGRA EM 2007 PELA BOITEMPO EDITORIAL. A MAIORIA DA
MILITÂNCIA SÓ ESTUDAM A VERSÃO CONDENSADA DO PRIMEIRO
CAPÍTULO SOBRE “FEUERBACH”.
UMA QUESTÃO PRELIMINAR: A QUESTÃO DA
IDEOLOGIA NA TRADIÇÃO MARXISTA
•
O ESTUDO DO PROBLEMA DA IDEOLOGIA E O PRECISO CONCEITO
DESSE FENÔMENO É PARTE DA HISTÓRIA DO MARXISMO. AQUI O
ESTUDAMOS NO SENTIDO DE MARX COMO A SUBSTITUIÇÃO DAS
RELAÇÕES REAIS, QUE SÃO A BASE DAS IDÉIAS, PELAS PRÓPRIA
IDÉIAS, PELAS ILUSÕES DOS PENSADORES, COMO SE AS IDÉIAS
TIVESSEM VIDA PRÓPRIA, AUTÔNOMAS EM RELAÇÃO À HISTÓRIA E
À REALIDADE E COMO SE ELAS GOVERNASSEM O MUNDO DOS
HOMENS. TUDO SE PASSA NO PENSAMENTO PURO. POR ISSO, OS
JOVENS-HEGELIANOS, QUE MARX CHAMA IDEÓLOGOS, TENHA
LUTADO APENAS CONTRA AS ILUSÕES DA CONSCIÊNCIA HUMANA E
NÃO CONTRA AS CONTRADIÇÕES E MISÉRIA DO NOSSO MUNDO.
HÁ, PORTANTO, UMA INVERSÃO DA REALIDADE NA FILOSOFIA
IDEALISTA. O COMBATE À IDEOLOGIA BURGUESA SE EXPRESSA EM
FUNDAR AS IDÉIAS NA VIDA SOCIAL E MOSTRAR OS SEUS
CONDICIONAMENTOS HISTÓRICOS. ESSA LUTA TEÓRICA DEVE
ESTAR ARTICULADA DIALETICAMENTE À LUTA POLÍTICA E
ECONÔMICA PELA SUPERAÇÃO DO CAPITALISMO E CONSTRUÇÃO
DO SOCIALISMO.
• LÊNIN, PLEKHANOV E OUTROS MARXISTAS DO PRINCÍPIO DO
SÉCULO XX NÃO CONHECERAM “A IDEOLOGIA ALEMÔ. POR
ISSO, AO DESENVOLVER A VISÃO DE IDEOLOGIA SE
AMPARARAM EM PASSAGENS DE MARX E ENGELS EM QUE
FALAM DE “FORMAS IDEOLÓGICAS” NO SENTIDO DE FORMAS
DE CONSCIÊNCIA SOCIAL, ATRAVÉS DAS QUAIS OS
INDIVÍDUOS TOMAM CONSCIÊNCIA DO MUNDO E DOS SEUS
PROBLEMAS. OU QUANDO MARX FALA DOS
“REPRESENTANTES IDEOLÓGICOS DA BURGUESIA”, NO
SENTIDO DE SEUS TEÓRICOS, DEFENSORES DO
CAPITALISMO. POR ISSO, LÊNIN DESENVOLVEU UMA
POSIÇÃO SOBRE A IDEOLOGIA COMO VISÃO DE MUNDO,
CONCEPÇÃO TEÓRICO-POLÍTICA LIGADA ÀS CLASSES
SOCIAIS. DAÍ FALAR CONSTANTEMENTE EM “IDEOLOGIA
BURGUESA” E “IDEOLOGIA PROLETÁRIA” EM CHOQUE NA
SOCIEDADE CAPITALISTA E NA LUTA DE CLASSES
COTIDIANA. ESTE SENTIDO PREVALECEU NA ESQUERDA
DURANTE O SÉCULO XX, COM ALGUMAS VARIAÇÕES.
PARTE I – CRÍTICA DA FILOSOFIA IDEALISTA
DE HEGEL E DOS HEGELIANOS
• Marx começa por situar o tema de “A Ideologia Alemã”: a
crise dos hegelianos e as insuficiência do sistema de Hegel e
da sua interpretação pelo hegelianos de esquerda: Strauss,
Stirner, Edgar e Bruno Bauer
• A crise começou entre 1835/1836 com a publicação de “A
Vida de Jesus” de David Strauss, causando a cisão entre
jovens e velhos hegelianos. Estes achavam que faziam uma
revolução mundial com a sua crítica das representações
religiosas e que toda a realidade iria mudar se mudassem as
consciências individuais. Toda a sua crítica se passava no
plano do pensamento puro e para eles as idéias, tal como
para Hegel, governavam o mundo. Mudando as idéias, se
mudaria consequentemente a realidade
• Não à toa Marx diz: “Segundo anunciam ideólogos
alemães, a Alemanha passou nos últimos anos por uma
revolução sem paralelo...Foi uma revolução ao pé da
qual a Revolução Francesa é uma brincadeira de
criança...Tudo isso teria ocorrido no pensamento puro”
(p.19)
• Marx alerta para crise e decomposição do sistema de
Hegel: “Trata-se, por certo, de um acontecimento
interessante: do processo de putrefação do espírito
absoluto. Depois de extinta a última centelha de vida, as
várias partes constitutivas deste captut mortuum
(cabeça morta) entraram em decomposição,
estabeleceram novas combinações e formaram novas
substâncias” (p.20).
•
Cada jovem-hegeliano procurava salvar uma parte do
sistema de Hegel e usá-la a seu gosto, de modo que a
“concorrência acabou numa luta encarniçada que agora
nos é exaltada e apresentada como uma mudança de
importância histórica, como geradora de resultados e
conquista mais prodigiosas” (p.20). Denuncia o
provincialismo e a tacanhez da filosofia idealista alemã e
a distância entre as ilusões sobre os feitos desses
filósofos e seus verdadeiros feitos. Reconhece que
Feuerbach foi “o único que pelo menos fez algum
progresso”, ao resgatar a filosofia materialista e realizar
a primeira crítica do sistema de Hegel e da Religião,
embora não tenha superado a visão mecanicista do
materialismo do Século XVII e XVIII, nem a visão
abstrata de homem, nem avançado para uma
concepção prático-social dos indivíduos
• Hegel era a base filosófica de todos esses jovens
filosófos e “Essa dependência de Hegel é a razão
pela qual nenhum desses críticos mais recentes
tentou sequer uma crítica ampla do sistema de
Hegel” (p.21).
• Partem de categorias puras (substância,
consciência de si, Único, Homem etc.) e “Toda a
crítica filosófica alemã de Strauss a Stirner se
reduz à crítica das representações religiosas”
(p.21). Todo o conjunto de representações se
reduzem às representações religiosas e os
homens ao Homem em geral religioso. Tudo se
reduz ao culto do Estado, do direito e aos dogmas
• Portanto, tanto os jovens hegelianos de esquerda quanto
os velhos hegelianos reacionários “concordam... Na crença
do domínio da religião, dos conceitos, do universal no
mundo existente. Só que uns combatem o domínio como
usurpação, e outros o celebram como legítimo” (p.22)
• Como para eles são as idéias, os conceitos, as categorias
que governam o mundo dos homens e não o contrário,
“percebe-se que os jovens hegelianos também só tenham
de lutar contra essas ilusões da consciência’ (p.22).
• Segundo eles, “as relações dos homens, tudo o que os
homens fazem, os seus grilhões e barreiras são produto
da sua consciência, assim os jovens hegelianos, de modo
consequente, colocam aos homens o postulado moral de
trocarem a sua consciência presente pela consciência
humana, crítica ou egoísta, e, desse modo, de eliminarem
as suas barreiras...lutam apenas contra frases... (p.23)
• De modo algum “combatem o mundo real existente se combaterem
apenas as frases deste mundo. Os únicos resultados a que essa
crítica filosófica pôde conduzir foram alguns esclarecimentos, e
ainda por cima unilaterais, de história da religião, sobre o
cristianismo” (p.23)
• CONCLUSÃO DE MARX: “Não ocorreu a nenhum desses filósofos
procurar a conexão da filosofia alemã com a realidade alemã, a
conexão da sua crítica com o seu próprio ambiente material” (p.23).
É preciso buscar a articulação entre as idéias, o conhecimento, as
categorias, o pensamento com a realidade social. É preciso fundar
o conhecimento na história e na realidade. As categorias devem ser
expressão do movimento da história e das relações sociais.
Portanto, é preciso de outras premissas de caráter materialista para
superar o sistema de Hegel e fundar uma nova concepção de
mundo, de sociedade, de indivíduo.
PREMISSAS DA CONCEPÇÃO
MATERIALISTA DA HISTÓRIA
• Como dissemos antes de Marx e Engels, a Filosofia Materialista já
vinha se desenvolvendo desde a antiguidade (desde os primórdios
da civilização chinesa, grega etc.). Se procurava explicações para
os fenômenos da natureza e da vida na própria natureza e na vida
e não em pressupostos sobrenaturais ou providenciais. Lembremos
por exemplo de Demócrito, Epicuro, Heráclito, na antiguidade;
Locke, Hobbes, Helvétius, Holbach, Diderot etc., nos séculos XVII e
XVIII e de Feuerbach no séc. XIX. A física, química, astronomia,
biologia, geologia, história, antropologia etc. vinham avançando, até
a descoberta da célula, da evolução das espécies, das mudanças
geológica e climática da terra, dos primeiros hominídeos e
resquícios do passado humano, do movimento dos corpos celestes
etc. Entretanto, o materialismo existente até Marx era de natureza
mecanicista, isto é, a concepção de matéria como base da
existência e movimento do mundo era de matéria natural e do
movimento como deslocamento no espaço e não como efetiva
transformação das coisas. De outro lado, o materialismo só havia
alcançado o campo das ciências naturais e muito pouco nas
ciências sociais, a não ser da crítica da religião e dos costumes
• Marx assimila o núcleo racional do sistema
hegeliano, a sua dialética das contradições, das
transformações e a aplica ao conhecimento da
história, das relações sociais e dos indivíduos.
Por outro lado, já detém os conhecimento
fundamentais da Economia Política sobre a
estrutura, dinâmica e contradições da sociedade
burguesa, da importância das classes sociais na
história e dos seus interesses materiais, que
geram a organização política e as idéias
políticas. Para isso, foram essenciais as
contribuições dos historiadores da Revolução
Francesa e a críticas dos Socialistas franceses
e ingleses anteriores.
• Marx parte de premissas reais, objetivas, observadas
empiricamente na história de todas as sociedades
humanas:
• “As premissas com que começamos não são arbitrárias,
não são dogmas, são premissas reais, e delas só na
imaginação se pode abstrair. São os indivíduos reais, a
sua ação e as suas condições materiais de vida, tanto
as que encontraram quanto as que produziram pela sua
própria ação. Essas premissas, portanto, são
constatáveis de um modo puramente empírico” (p.24).
• Primeira Premissa da História: a existência de indivíduos
humanos vivos, sua organização corpórea e sua relação
com a natureza;
• Segundo: pode-se distinguir os homens dos demais
animais como se quiser, pela consciência, pela religião
etc., mas é preciso constatar que para começar “a
distinguir-se dos animais” foi preciso que os homens
passassem “a produzir os seus meios de subsistência”,
a sua própria vida material. O trabalho social é a base.
• O modo como produzem os seus meios de subsistência
depende, em primeiro lugar, da natureza dos próprios
meios de subsistência encontrados e a reproduzir, ou seja,
das condições materiais existentes na natureza e das suas
próprias relações sociais de produção
• Trata-se, portanto, de uma forma determinada
historicamente de expressar a sua vida social, de um
determinado modo de vida dos mesmos
• O que os homens são ao longo da história da humanidade
é expressam de como se organizam, de como exteriorizam
a vida, de como constituem as relações sociais. “Aquilo
que eles são coincide, portanto, com a sua produção, com
o que produzem e também com o como produzem. Aquilo
que os indivíduos são depende, portanto, das condições
materiais da sua produção (p.24/25)
PRODUÇÃO E INTERCÂMBIO, DIVISÃO DO TRABALHO
E FORMAS DE PROPRIEDADE (FORMAÇÕES SÓCIOECONÔMICAS PRÉ-CAPITALISTAS)
•
“As relações de diferentes nações entre si dependem do grau em
que cada uma delas desenvolveu as suas forças produtivas, a
divisão do trabalho e o intercâmbio interno” (p.25). Mas o próprio
desenvolvimento de cada nação depende do desenvolvimento das
forças produtivas e do seu intercâmbio interno e externo
• Cada novo desenvolvimento das forças produtivas para além das já
existentes tem como consequência uma nova divisão social do
trabalho. A primeira divisão de trabalho foi entre trabalho manual e
intelectual. O avanço das forças produtivas levou mais adiante à
separação entre a agricultura e outras atividades de criação de
animais, artesanato, fabricação e comércio
• Leva também a uma divisão entre campo e cidade, constitui uma
determinada especialização dos indivíduos que cooperam em
determinadas atividades, enfim com o desenvolvimento do
intercâmbio entre as nações uma divisão internacional do trabalho
•
•
Marx e Engels destacam então as três
principais formas de propriedade e
formações sócio econômicas précapitalistas:
PROPRIEDADE TRIBAL: produção
baseada na caça e na pesca, criação de
gado e numa rudimentar agricultura.
Divisão do trabalho pouco desenvolvida
(idade, físico etc.). A estrutura social é em
grande parte prolongamento da família.
Não há propriedade privada dos meios de
produção e a distribuição da produção é
coletiva.
PROPRIEDADE COMUNAL OU ESTATAL
ANTIGA – desenvolve-se a propriedade privada
móvel e depois imóvel. Os cidadãos possuem
coletivamente os escravos. Produção social
realizada pelo trabalho escravo. Divisão entre
cidade e campo. Vida política na cidade.
PROPRIEDADE TRIBAL: propriedade da terra
como base da produção. Vida no campo. Classe
dominante: nobreza e clero. Trabalho camponês
como produtor da riqueza social. Servidão.
Recuo das forças produtivas, das trocas,
ressurgimento das cidades e constituição da
burguesia como classe em ascendente
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