Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS E/OU NANOESTRUTURAS PARA REMEDIAÇÃO AMBIENTAL Antonio Sergio Giordano Filho Faculdade de Química: curso de Química CEATEC [email protected] Resumo: Entre os desafios do mundo atual estão o controle e redução de contaminantes em água, solos e sedimentos. O uso da nanotecnologia para a remediação de áreas contaminadas poderia oferecer uma solução para a remediação mais rápida e com um melhor custo-benefício. Mas, para que as vantagens dos materiais nanométricos possam ser efetivamente usadas, é importante investigar os riscos ambientais dos seus métodos de preparação, bem como estudar as suas propriedades e/ou a variabilidade no seu desempenho. Nesse trabalho foi realizada uma pesquisa documental para a identificação dos contaminantes presentes na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI-5, que abrange as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Em muitas das áreas contaminadas foram detectados como contaminantes combustíveis, solventes aromáticos (BETX), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs) e metais, entre outros. Esta é uma situação alarmante de contaminação ambiental de águas superficiais e subterrâneas, pela possibilidade de propagação dos mesmos no subsolo. Com base nas informações obtidas em uma pesquisa bibliográfica sobre os métodos de remediação desses contaminantes com o uso de nanopartículas foram selecionados, para testes em laboratório, métodos de síntese de nanopartículas de óxido de zinco (ZnO) e de dióxido de titânio (TiO2). Essas nanopartículas podem ser usadas tanto em remediação por fotocatálise heterogênea de contaminantes orgânicos, como em remediação por adsorção de contaminação por metais. Nos testes em laboratório, os produtos obtidos foram efetivamente o óxido de zinco (ZnO) e o dióxido de titânio (TiO2), mas os procedimentos de síntese ainda precisam ser aprimorados uma vez que o produto final foi uma dispersão que continha, além das nanopartículas, também micropartículas. Palavras-chave: métodos de remediação, síntese, nanopartículas. Área do Conhecimento: Ciências Exatas e da Terra – Química – CNPq. Elizabeth Fátima de Souza Química Ambiental e dos Materiais CEATEC [email protected] 1. INTRODUÇÃO O controle e redução de contaminantes em água, solos e sedimentos é um dos principais problemas ambientais e não existe uma solução universal [1]. Um dos métodos convencionais aplicados à descontaminação de solos e águas subterrâneas é o de bombeamento para tratamento e de extração de fase livre, porém, esses métodos produzem resíduos contaminados que precisam ser eliminados [2]. Mesmo sendo métodos de remediação relativamente eficientes, são caros, lentos, ou limitados pela produção de correntes de resíduos secundários que requerem descarte ou tratamento subsequente [3]. O uso da nanotecnologia para a remediação de áreas contaminadas poderia oferecer uma solução para a remediação mais rápida e com um melhor custo-benefício [4-5]. As vantagens inerentes às nanopartículas podem fornecer algumas soluções para necessidade crescente de remediar solos e águas subterrâneas. Nanopartículas de óxidos de zinco (ZnO) e titânio (TiO2), funcionalizadas ou não, podem ser usadas no tratamento de águas, resíduos líquidos ou emissões gasosas, para promover a transformação dos poluentes, imobilizar ou adsorver compostos orgânicos, metais pesados ou radionuclídeos [6-11]. Os princípios da “química verde” têm sido aplicados a processos e produtos químicos de modo a minimizar os riscos para a saúde e o meio ambiente, reduzindo o consumo de recursos naturais e a geração de resíduos, prevenindo a poluição [12]. Nesse contexto, o trabalho objetivou identificar os tipos de contaminantes presentes nas Bacias hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) do estado de São Paulo e a realização de sínteses de nanopartículas de óxido de zinco (ZnO), dióxido de titânio (TiO2), e de óxido de zinco e cobre (ZnO-Cu) para possível aplicação em remediação ambiental de contaminantes orgânicos. Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 2. METODOLOGIA 2.1 Identificação dos métodos de tratamento nanotecnológicos para contaminantes existentes nas áreas contaminadas da UGRHI-5 Os dados das áreas contaminadas na porção paulista das bacias hidrográficas PCJ, que correspondem à UGRHI-5 do Cadastro de Áreas Contaminadas e Reabilitadas no Estado de São Paulo [13], foram transferidos para um arquivo MS Excel e analisados. Uma pesquisa bibliográfica foi realizada em uma base de dados [14], com os nomes dos principais contaminantes identificados na UGRHI-5 como palavraschave. Rotas de síntese das nanopartículas mais usadas na remediação ex situ destes contaminantes também foram selecionadas na mesma base. Os resultados da busca considerados foram limitados aos anos de 2013 a 2015, de modo a analisar o estado da arte da pesquisa na área. Os artigos científicos encontrados foram separados em duas grandes categorias, a primeira referente aos métodos de remediação que envolvem o uso de nanopartículas e a segunda referente aos métodos de preparação destas nanopartículas. As informações básicas sobre cada artigo foram transferidas para um arquivo MS Excel e separadas em planilhas com as categorias. No caso dos métodos de remediação foram usadas as categorias de adsorção de compostos orgânicos ou metais, fotocatálise, Fenton e foto-Fenton, oxidação com nanopartículas, lavagem do solo, imobilização de metais, redução com nanopartículas e nanofiltração. No caso dos métodos de preparação das nanopartículas, as categorias foram óxido de zinco (ZnO), óxido de titânio (TiO2), óxido de ferro (Fe3O4), óxido de silício (SiO2), prata (Ag), ouro (Au) e diversas. Novamente, o recurso de classificar dados do MS Excel foi usado para separar e contar os componentes de cada categoria. 2.2. Métodos de preparação de nanopartículas de ZnO, TiO2 e ZnO-Cu testados Preparação das partículas de óxido de zinco (ZnO): por precipitação a partir de 1000 mL de uma solução 0,1 M de nitrato de zinco (Zn(NO3)2) e 200 mL de uma solução de hidróxido de sódio 0,1 M (NaOH); Adição lenta, gota a gota, sob agitação por 1 h [15]. Preparação das partículas de oxido de titânio (TiO2): por precipitação a partir de 150 mL de solução aquosa contendo 10 g de sulfato de óxido de titânio (TiOSO4) dissolvidos a 80°C durante 1 h, sob agitação constante, com pH ajustado em 7 por adição gota a gota de uma solução de amônia 5 % e deixado sob agitação por mais 1 h [16]. Preparação das partículas de óxido de zinco com cobre (ZnO-Cu com Zn/Cu = 0,1): por precipitação a partir de 20 mL de solução contendo 6 g de acetato de zinco di-hidratado (Zn(CH3COO)2) e 0,55 g de cloreto de cobre (CuCl2) dissolvidos em 20 mL de etanol e 2 mL de água a 60°C, com adição gota a gota de 1g de hidróxido de sódio (NaOH) em 8 mL de água na solução etanólica ainda quente e deixado sob agitação por mais 1 h [17]. Preparação das partículas de óxido de zinco com cobre (ZnO-Cu com Zn/Cu = 0,01): por precipitação a partir de 20 mL de solução contendo 6 g de acetato de zinco di-hidratado (Zn(CH3COO)2) e 0,055 g de cloreto de cobre (CuCl2) dissolvidos em 20 mL de etanol e 2 mL de água a 60°C, com adição gota a gota de 1g de hidróxido de sódio (NaOH) em 8 mL de água na solução etanólica ainda quente e deixado sob agitação por mais 1 h [17]. 2.3. Purificação e caracterização das nanopartículas de ZnO, TiO2 e ZnO-Cu sintetizadas As nanopartículas preparadas foram purificadas por diálise contra água deionizada (Milli Q®, resistividade >18 MΏ.cm-1), com trocas sucessivas da água de diálise. A água de diálise foi trocada diariamente (exceto em fins de semana) e a condutividade da mesma foi medida utilizando-se um condutivímetro YSI 3100. O processo de diálise foi realizado até que a condutividade da água de diálise fosse da mesma ordem de grandeza da condutividade de água recém deionizada. A espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) foi realizada no equipamento FTIR Thermo Scientific Nicolet 6700 na faixa entre 400 e -1 o 4000 cm . Após a secagem a 105 C até massa constante das dispersões das partículas preparadas, o resíduo sólido foi usado para a preparação de pastilhas com 0,05 mg de amostra/1,00 g de brometo de potássio (KBr) . As pastilhas foram colocadas diretamente no porta-amostras do equipamento. Os espectros foram coletados (64 varreduras por análise) e os dados de absorbância foram impressos com o próprio software do equipamento. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Métodos de tratamento nanotecnológicos para contaminantes existentes nas áreas contaminadas da UGRHI-5 As Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) possuem uma área de 15.303,67 km², sendo 92,6 % no Estado de São Paulo e 7,4 % Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 no Estado de Minas Gerais. Situam-se entre os meridianos 46° e 49° O e latitudes 22° e 23,5° S, apresentando extensão aproximada de 300 km no sentido Leste-Oeste e 100 km no sentido Norte-Sul. A porção paulista das Bacias PCJ corresponde a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI-5 [13]. A Figura1 mostra as principais fontes de contaminação, a distribuição dos principais contaminantes e os métodos de tratamento utilizados nas áreas contaminadas da UGRHI-5 que já contam com medidas de remediação implantadas, segundo a CETESB. Postos de combustíveis correspondem à fonte majoritária das contaminações e os contaminantes identificados incluem solventes aromáticos, combustíveis líquidos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, metais e solventes halogenados. Hidrocarbonetos aromáticos são classificados como cancerígenos, inflamáveis, tóxico e depressor do sistema central [18]. Compostos organoclorados são perigosos, pois a sua toxicidade, estabilidade, elevada solubilidade lipídica e longa meia-vida, pode acarretar em um elevado grau de bioacumulação e biomagnificação dentro da cadeia alimentar, além de serem cancerígenos [19] (Figura 2). Figura 2 – Estrutura molecular de alguns contaminantes orgânicos encontrados na UGRHI-5: (a) aromático, (b) policíclico aromático e (c) organoclorado. Figura 1 – Áreas contaminadas do PCJ em 2012: (a) distribuição dos principais tipos de contaminantes e (b) distribuição das técnicas de tratamento e (c) métodos de tratamento utilizados nas áreas contaminadas. Foi realizado um levantamento em uma base de dados [14] buscando identificar publicações que tratavam de métodos de remediação de contaminações ambientais com o uso de nanopartículas. Nos últimos 20 anos houve um grande crescimento no número de artigos científicos sobre o uso de nanopartículas em processos de remediação de contaminações ambientais, bem como sobre a síntese verde de nanopartículas. Dos artigos encontrados, foram selecionados 213 artigos, publicados nos anos de 2013 a 2015, para uma análise sobre os métodos de preparação, identificados como verdes pelos autores e sobre os tipos de nanopartículas mais estudadas para o uso em remediação de contaminações ambientais. Destes 213 artigos, 104 (49%) eram sobre síntese de nanopartículas de ZnO e de ZnO modificado, 52 (24%) sobre TiO2 e TiO2 modificado, 25 (12%) sobre Fe3O4 e Fe3O4 modificado, 5 (2%) sobre SiO2 e SiO2 modificado. Também foram encontrados 6 (3%) sobre diversos materiais, 14 (7%) e 7 (3%) sobre nanopartículas de Ag e Au, respectivamente. Nos artigos que envolviam a síntese de nanopartículas de ZnO e TiO2, foram encontrados, respectivamente, 91 e 39 descrevendo vários métodos (Figura 3). Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 Tabela 1 – Métodos das sínteses de nanopartículas de ZnO e TiO2 identificados como verdes pelos autores. ZnO TiO2 Precipitação Sol-gel Hidrotérmico Hidrotérmico Sol-gel Deposição/precipitação Decomposição térmica Uso de extratos vegetais Hidrólise Uso de extratos vegetais Uso de micro-ondas Sonoquímico Combustão Uso de micro-ondas Sonoquímico Fotodeposição e fotoredução/hidrotérmico Nanomoagem Deposição Hidrólise Transporte em fase vapor Reação em duas fases Evaporação térmica Dispersão em estado sólido Solvotérmico Dos 213 artigos publicados entre 2013 e 2015 analisados, alguns foram selecionados para testes de síntese de nanopartículas ZnO e TiO2 no laboratório, tendo como critérios de escolha: o uso de reagentes com baixa toxicidade e de fácil obtenção e condições de preparação mais brandas (Tabela 2). Tabela 2 – Características de métodos selecionados de preparação de nanopartículas usadas em remediação. Tipo ZnO Figura 3 – Distribuição dos métodos de síntese de nanoparticulas de: (a) ZnO e (b) TiO2. Método Precipitação Dos 14 artigos encontrados sobre síntese, por métodos identificados como verdes pelos autores, de nanopartículas de prata, sete (50%) usaram extratos vegetais ou micro-organismos, dois usaram quitosana, um açúcares redutores, um alginato e um amido no meio reacional. Dos 7 artigos encontrados sobre síntese, por métodos identificados como verdes pelos autores, de nanopartículas de ouro, quatro (71%) usam extratos vegetais ou micro-organismos e um usa hidroxiapatita no meio reacional. Os métodos identificados como métodos verdes pelos autores, que foram encontrados para síntese de nanoparticulas de ZnO e TiO2 foram diversos, como mostra a Tabela 1. Reagentes Zn(NO3)2 NaOH NH4HCO3 TiOSO4 NH4OH Zn(NO3)2 NaOH CuCl2 20 a 600 20 a 900 60 a 140 1 1 1 Tempo (h) Lavagem, secagem e calcinação 17 Lavagem, secagem e calcinação 29 Solvente Água Água Referência [15] [16] Lavagem, secagem e calcinação 3 Etanol e água [17] Temperatura o ( C) Pressão (atm) Purificação TiO2 Hidrólise térmica ZnO-Cu Precipitação Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 3.2. Preparação e caracterização de nanopartículas de ZnO, TiO2 e ZnO-Cu As sínteses realizadas em laboratório das nanopartículas de ZnO, TiO2 e ZnO-Cu, pelos procedimentos selecionados, foram acompanhadas de modo a registrar as variáveis de processo durante todas as etapas (Tabela 3). (a) Tabela 3 – Reagentes, etapas e condições dos testes de síntese das nanopartículas de TiO2, ZnO e ZnO-Cu. ZnO TiO2 ZnO-Cu Volume do reator (2000 mL) Volume do reator (250 mL) Volume do reator (250mL) Zn(NO3)2 (29,757 g) TiOSO4 (10,014 g) (CH3COO)2Zn. (b) 2H2O (5,9849 g ) CuCl2 (0,548 g (c) e 0,0548 g ) Água (1000 mL) Água (150 mL) Etanol (20 mL) NaOH (0,803g) Água (200mL) NH4OH 5% q.s.p. pH 7 NaOH (0,975 g) Água (10 mL) Adição de Adição de NaOH: NaOH: bureta bureta Tempo de adição Tempo de adição (38 min) (60 min) Agitação Agitação magnética magnética Agitador Agitador (∅ 2,5 e 3,5 cm) (∅ 2,5 e 3,5 cm) Rotação Rotação (a) (a) (5-7 rpm) (5-6 rpm) Agitação Agitação (60 min) (60 min) Temperatura Temperatura o o (23 C) (80 C) (a) Adição de NaOH: bureta Tempo de adição (10 min) Agitação magnética Agitador (∅ 2,5 e 3,5 cm) Rotação (a) (2 rpm) Agitação (60 min) Temperatura o (60 C) Valor de rotação indicado no agitador magnético. (b) Zn/Cu = 0,1 e (c) Zn/Cu = 0,01. Ao final de cada uma destas sínteses, foram obtidas dispersões coloidais de partículas de ZnO, TiO2 e ZnO-Cu. Estas dispersões coloidais apresentavam turbidez significativa, o que indicou a presença de uma mistura de micro e de nanopartículas, e cores de branca a acinzentada. Após as sínteses, as dispersões coloidais foram transferidas para saquinhos de diálise e colocadas em provetas de 1000 mL com água deionizada para a realização da diálise. A Figura 4 apresenta exemplos dos espectros infravermelho de amostras dos produtos das sínteses de partículas de ZnO realizadas, após a purificação por diálise e a secagem a 105 oC até massa constante. (b) (c) Figura 4 – Espectros no infravermelho das dispersões de partículas dos óxidos de: (a) ZnO; (b) ZnO/CuO com Zn/Cu = 0,01 e (c) ZnO/CuO com Zn/Cu = 0,1. Como mostra a Figura 4, após secagem, os espectros no infravermelho dos produtos de síntese apre-1 sentaram uma banda larga entre 3430 e 3385 cm que é atribuída ao estiramento do grupo –OH (ν–OH) presente na superfície dos óxidos (superfície hidroxilada). Já a banda próxima de 1600 cm-1 é atribuída à deformação de grupos –OH (ν1–OH), provenientes de moléculas de água adsorvidas na superfície hidrofílica do óxido metálico [20]. As bandas de vibração -1 entre 1079 a 1169 cm , atribuídas à presença de vibrações do tipo v(CO) decorrente da presença de resíduos dos grupos acetato do precursor acetato de zinco. Uma vez que o equipamento disponível trabalha melhor na faixa entre 4000 e aproximadamente 700 cm-1, não foi possível detectar a banda em 600 -1 cm (νZn-O), característica do óxido de zinco. Entretanto, o espectro apresentado na Figura 4(c) é similar espectro do óxido misto ZnO:Cu (0,1%), obtido por calcinação a 600 oC de uma mistura de sulfato Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 de zinco, sulfato de cobre II e ureia ((NH2)2CO) da referência [21], o que indica que os produtos sintetizados são efetivamente óxido de zinco. 4. CONCLUSÕES Foi realizada uma pesquisa documental para a identificação dos contaminantes presentes na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI-5, que abrange as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Em muitas das áreas contaminadas foram detectados como contaminantes combustíveis, solventes aromáticos (BETX), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs) e metais, entre outros, criando uma situação alarmante de contaminação ambiental nas águas superficiais e subterrâneas pela possibilidade de propagação dos mesmos no subsolo. Uma extensa pesquisa bibliográfica sobre os métodos de remediação dos contaminantes através do uso de nanopartículas foi realizada, sendo que os mais estudados são os de fotocatálise heterogênea e de adsorção. Os resultados mostram a importância e o crescimento que os estudos relacionados à síntese de nanopartículas segundo os parâmetros da química verde para remediação ambiental apresentaram nos últimos vinte anos, bem como a abrangência dos assuntos abordados. Com base nas informações obtidas foram selecionados, para testes em laboratório, métodos de síntese de nanopartículas de óxido de zinco (ZnO) e de dióxido de titânio (TiO2), que podem ser usadas tanto em remediação por fotocatálise heterogênea de contaminantes orgânicos, como em remediação por adsorção de contaminação por metais. Os produtos obtidos foram efetivamente o óxido de zinco (ZnO) e o dióxido de titânio (TiO2), mas os procedimentos de síntese ainda precisam ser aprimorados por que o produto final foi uma dispersão que continha, além das nanopartículas, uma quantidade significativa de micropartículas. AGRADECIMENTOS PUC-Campinas, PIBIC/CNPq. REFERÊNCIAS [1] Mcgowan, A. H. (2013), Editorial - Tackling Our Biggest Environmental Challenges, Environment: Science and Policy for Sustainable Development, vol. 55, p. 2. [2] Mehndiratta. P.; Jain, A.; Srivastava, S.; Gupta, N. (2013), Environmental Pollution and Nano- technology, Environment and Pollution, vol. 2, p. 49-58. [3] Yeo, M. K.; Nam, D. H. (2013), Influence of different types of nanomaterials on their bioaccumulation in a paddy microcosm: A comparison of TiO2 nanoparticles and nanotubes, Environmental Pollution, vol. 178, p. 166–172. [4] Baruah, S.; Pal, S. K.; Dutta, J. (2012), Nanostructured Zinc Oxide for Water Treatment, Nanoscience & Nanotechnology-Asia, vol. 2, p. 90-102. [5] Scott, K. (2012), Contaminants of emerging concern: Identifying emerging and priority contaminants, Remediation Australasia, vol. 9, p. 12. [6] Seymour, M. (2012), Transport of Engineered Nanomaterials in Porous Media: Groundwater Remediation Application and Effects of Particle Shape. Dissertação de Mestrado, University of Nebraska – Lincoln, USA. [7] International Union of Pure and Applied Chemistry, IUPAC. (2013), Position Paper on Sustainable Development for Rio+20 - The Green Economy in the Context of Sustainable Development and Poverty Eradication: Contributions from Chemistry and Chemistry Education, capturado online em 30/08/2013 de <http://www.icsu.org/rio20/icsu-members/iupacrio-20-statement> [8] Qu, X.; Alvarez, P. J. J.; Li, Q. (2013), Applications of nanotechnology in water and wastewater treatment, Water Research, vol. 47, p. 3931– 3946. [9] US Environmental Protection Agency, EPA. (2005), Nanotechnology White Paper, capturado online em 09/08/2009 de <.http://www.epa.gov/OSA/pdfs/EPA_nanotechno logy_white_paper_external_review_draft_12-022005.pdf.> [10] Chekli, L.; Phuntsho, S.; Roy, M.; Lombi, E.; Donner, E.; Shon, H. K. (2013), Assessing the aggregation behavior of iron oxide nanoparticles under relevant environmental conditions using a multi-method approach, Water Research, vol. 47, p. 4585–4599. [11] Tang, S. C. N.; Lo, I. M. C. (2013), Magnetic nanoparticles: Essential factors for sustainable environmental applications, Water Research, vol. 47, p. 2613–2632. [12] Mckenzie, L. C.; Hutchison, J. E. (2004), Green nanoscience: An integrated approach to greener Anais do XX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do V Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 22 e 23 de setembro de 2015 products, processes, and applications, Chemistry Today, vol. 22, p. 30-33. [13] Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, CETESB. (2013 e 2014), Áreas Contaminadas e Reabilitadas do Estado de São Paulo por URGHI, capturado online em 07/09/2013 e 15/08/2014 de <http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/areascontaminadas/2012 e 2013/ugrhi.pdf> © [14] Science Direct . Base de dados de artigos científicos. Capturado online no período de 08 a 12/2014 de <http://www.sciencedirect.com/>. [15] Pudukudy, M.; Yaakob, Z.; Rajendran, R.; Kandaramath, T. (2014), Photodegradation of methylene blue over novel 3D ZnO microflowers with hexagonal pyramid-like petals. Reaction Kinetics, Mechanisms and Catalysis, vol. 112, p. 527-542. [16] Ngamta, S.; Boonprakob, N.; Wetchakun, N.; Ounnunkad, K.; Phanichphant, S.; Inceesungvorn, B. (2013), A facile synthesis of nanocrystalline anatase TiO2 from TiOSO4 aqueous solution, Materials Letters, vol. 105, p. 76-79. [17] Iribarren, A.; Hernández-Rodríguez, E.; Maqueira, L. (2014), Structural, chemical and optical evaluation of Cu-doped ZnO nanoparticles synthesized by an aqueous solution method, Materials Research Bulletin. vol. 60, p. 376-381. [18] Martins, L. (2005), Impacto à saúde e ao meio ambiente do aumento irregular de solventes na gasolina, capturado online em 13/01/2015 de <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdc amara/1027/impacto_saude_juras.pdf?sequence=4> [19] Da-Ji, H.; Shu-Yin, W.; Hon-Cheng, C. (2004), Effects of the endocrine disrupter chemicals chlordane and lindane on the male green neon shrimp (Neocaridina denticulata), Chemosphere, vol. 57, p. 1621-1627. [20] Lee, I.; Morales, R.; Albiter, M. A.; Zaera, F. (2008), Synthesis of heterogeneous catalysts with well shaped platinum particles to control reaction selectivity, Proceedings of the National Academy of Sciences, vol. 105, p. 15241-15246. [21] Souza, S. F. (2010), Preparação de óxidos de zinco e avaliação da atividade fotocatalítica na degradação do azul de bromofenol. Dissertação de Mestrado, Centro de Ciências e Tecnologias, Universidade Estadual da Paraíba, BR.