O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA CRIANÇAS: UM ESTUDO EM UM CURSO DE IDIOMAS NA CIDADE DE PARNAÍBA – PI PEREIRA, Karla Dayanna de Sousa1 - UESPI CUNHA, Renata Cristina da2 - UFSCar Grupo de Trabalho – Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente artigo é resultante de monografia apresentada como trabalho de conclusão do curso de Letras-Inglês da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), campus de Parnaíba. O contexto empírico da pesquisa foi o curso de idiomas Speak Up, da cidade. Cientes que a sociedade atual está marcada pela globalização e o surgimento de novas tecnologias, as quais ampliam a relação entre as pessoas e aumentam a busca por novos conhecimentos, entre eles, a aprendizagem de uma nova língua, procuramos responder o seguinte questionamento como a Língua Inglesa é ensinada para crianças em um curso de idiomas na cidade de Parnaíba-PI? O objetivo geral dessa pesquisa consistiu em investigar como a Língua Inglesa está sendo ensinada para crianças com idade entre oito e doze anos no Speak Up. Partindo desse objetivo geral, buscamos conhecer o processo de ensino da Língua Inglesa utilizados pela professora do curso; identificar e analisar os métodos e técnicas utilizados pela professora em sua prática pedagógica. Para alcançar os nossos objetivos, realizamos uma pesquisa empírica com abordagem qualitativa. Os dados obtidos foram coletados através da aplicação de um questionário semiaberto com a professora do curso de idiomas e com a observação nãoparticipante das aulas da professora, sujeito da pesquisa. Nosso referencial teórico está fundamentado em autores como Rubin e Thompson (2001), Martinez (2009), Cestaro (2010), Figueira (2008), Lima (2004) entre outros. Diante da análise e da interpretação dos dados concluímos que o ensino de línguas para crianças deve ser um ensino diferenciado e dinâmico com interação entre a professora e as crianças tornando a aprendizagem prazerosa. Palavras-chave: Crianças com idade entre oito e doze anos. Ensino da Língua Inglesa. Curso de Idiomas Speak Up. 1 Graduada em Licenciatura Plena em Letras-Inglês/UESPI. Pós-graduanda em Língua Inglesa pela Faculdade Piauiense – FAP. E-mail: [email protected]. 2 Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos PPGE/UFSCar. Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação na Universidade Federal do Piauí – UFPI. Professora do Ensino Superior na Faculdade Piauiense e da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. E-mail: [email protected]. 16275 Introdução As reflexões aqui apresentadas são um recorte de uma pesquisa de trabalho de conclusão de curso sobre o ensino da língua inglesa para crianças. Nos últimos tempos percebemos que cresceu o interesse em se adquirir conhecimentos em um novo idioma, principalmente o inglês, visto que a Língua Inglesa é considerada uma língua universal. Ao observar a crescente procura por cursos de idiomas na cidade de Parnaíba, surgiu o interesse de se pesquisar como a língua inglesa é ensinada para crianças de oito a doze anos de idade. Observamos os métodos e técnicas mais utilizados pelos profissionais envolvidos, além de materiais didáticos e outras ferramentas que tornam o aprendizado mais eficiente. Por ser considerada uma língua universal a língua inglesa amplia o acesso a fontes de pesquisa como livros e internet, além de aumentar a possibilidade de comunicação entre pessoas de diferentes países. O mercado de trabalho permanece exigindo cada vez mais qualificação dos candidatos, no entanto, conhecimentos em uma língua secundária refletem diretamente como um diferencial positivo no currículo daqueles que disputam vagas com outros que não os têm. Diante das atuais exigências do mercado de trabalho hoje, uma das maiores preocupações dos pais é a formação da criança para que ela esteja preparada a enfrentar o mercado de trabalho como um profissional do futuro, por isso muitos pais recorrem e investem nos cursos de idiomas, pois as escolas de ensino regular oferecem o ensino do inglês em seu currículo como uma simples disciplina, no entanto os cursos trabalham o inglês como uma língua, desenvolvendo assim, as habilidades necessárias para a aquisição da mesma. Atentando-se, ainda, para o papel da língua inglesa em seu caráter de universalidade, é evidente a expressiva importância dessa tendência para que esse aprendizado comece cada vez mais cedo. E esse início, na infância, se dá a partir da suposição de que a criança tem mais facilidade em aprender do que um adulto, ou seja, quanto mais cedo der início a esse aprendizado, maiores serão as chances de sucesso. Como afirma Chomsky conforme Figueira (2008 p.42): “[...] as crianças tem uma predisposição inata para aprender línguas, o chamado Dispositivo de Aquisição de Línguas (Language Aquisition Device/ LAD).” Ainda assim as instituições devem oferecer atividades para que os alunos aprendam brincando, pois a base de todo esse trabalho deve ser feita de forma lúdica e divertida, sem muitos exageros. Assim, levando-se em consideração as vantagens e a importância da aprendizagem de língua estrangeira na infância, para a concretização da pesquisa estabelecemos como objetivo 16276 geral: Investigar como a Língua Inglesa está sendo ensinada para crianças com idade entre oito e doze anos em um curso de idiomas na cidade de Parnaíba-PI. Diante do objetivo geral, situamos os seguintes objetivos específicos: Conhecer o processo de ensino da Língua Inglesa para crianças entre oito e doze anos em um curso de idiomas; Identificar os métodos e técnicas utilizados no ensino da Língua Inglesa em um curso de idiomas; Analisar os métodos e técnicas utilizados no ensino da Língua Inglesa em um curso de idiomas. O Percurso Metodológico Esta investigação foi realizada através de uma pesquisa de campo a fim de coletar informações revelando o perfil da instituição de ensino pesquisada, bem como dos profissionais que a compõem, buscando compreender como acontece o ensino da língua inglesa para crianças em um curso de idiomas na cidade de Parnaíba. Para dar conta dessa investigação escolhemos a pesquisa de campo, por ser uma etapa em que o pesquisador coleta os dados através do contato direto com o meio pesquisado. Appolinário (2007, p.152), diz que a pesquisa de campo é “[...] qualquer pesquisa realizada em ambiente natural (campo), ou seja, não controlado (laboratório). Envolve a observação direta do fenômeno estudado em seu próprio ambiente”. Levando em consideração esse tipo de pesquisa, fizemos a opção pela abordagem qualitativa, pois busca interpretar e descrever os fatos observados sem que haja uma distorção da realidade, já que o pesquisador atua diretamente com o meio observado. Segundo Oliveira (2008, p. 37), a pesquisa qualitativa consiste em “[...] um processo de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e técnicas para compreensão detalhada do objeto de estudo.” Com isso, consideramos os fatos e fenômenos pesquisados como dados significativos e relevantes, já que a presente pesquisa buscou interpretar os resultados obtidos estabelecendo um vínculo positivo que reflita no aprimoramento desse estudo. Na pesquisa qualitativa, as pessoas que participam da mesma são conhecidas como sujeitos, pois colaboram com o pesquisador a fim de intervir no problema a ser investigado. A nossa pesquisa teve como sujeito uma professora de curso de idiomas da cidade de Parnaíba, graduada em Letras/Inglês e especialista em Língua Inglesa. Atua no ensino da Língua há seis anos e nos três turnos. Por meio de um questionário, coletamos os dados com o 16277 objetivo de conhecer melhor o perfil da participante, cujo nome não será citado para preservar sua identidade. A pesquisa deu-se via aplicação de um questionário por ser uma técnica de investigação composta por questões apresentadas por escrito às pessoas com o objetivo de proporcionar mais conhecimento à pesquisadora. O questionário pode ser constituído de questões abertas, cujas perguntas são subjetivas com o objetivo de dar mais liberdade ao informante e fechadas, formadas por perguntas objetivas levando o pesquisador a respostas mais diretas. O questionário aplicado à professora possuía perguntas abertas, que ajudaram a professora a refletir sobre sua prática. Além do questionário utilizamos a observação que consiste em um recurso geralmente utilizado na coleta de dados, tornando-se um elemento básico de investigação utilizado na pesquisa de campo. Como conceito Cervo e Bervian (2002, p. 27), dizem que “[...] observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um objeto, para dele adquirir um conhecimento claro e preciso.” As observações podem ser classificadas em: sistemática ou direta e assistemática ou indireta, onde a primeira é caracterizada pela presença de um planejamento, e a segunda pela ausência do mesmo. A opção por essa técnica se deu pela necessidade de uma análise descritiva do meio pesquisado, possuindo assim um roteiro para observação tornando a pesquisa sistematizada, ou seja, direta para maior organização e análise de dados. Revisão de literatura Neste trabalho procuramos abordar algumas questões de ensino da língua inglesa para crianças, partindo da importância da aprendizagem da mesma e levando em consideração os desafios presentes na sociedade, em que os profissionais devem estar preparados para enfrentá-los. Assim a pessoa tem que mostrar-se motivada por considerar a aprendizagem de outro idioma um elemento necessário para sua formação ou carreira profissional. Da mesma forma em que o adulto tem necessidade de comunicação, que vão além da simples habilidade de manter conversações, pois ele necessita desenvolver sua capacidade de informações sobre os mais diversos temas, muitos deles relacionados ao trabalho ou educação; enquanto a criança encontra essa necessidade no seu dia-a-dia quando jogam no computador, fazem uso da internet, ouvem música etc. A criança não tem medo de se expor. Esse fato demonstra a facilidade que elas possuem em aprender uma segunda língua, talvez porque falam o que vem à mente sem medo 16278 de errar, elas arriscam, pois pelo fato de não querer se sentir constrangido o adulto, algumas vezes, deixa de aproveitar oportunidades de praticar a nova língua a ser aprendida, pela possibilidade de cometer erros ou de não conseguir transmitir a mensagem desejada. Segundo Rubin e Thompson (2001, p. 22), “[...] o erro faz parte desse processo, o importante é que o aluno necessita dar forma a essas aproximações, porém também deve manter-se alerta para modificá-las ao cometer erros.” O que importa na verdade é a aprendizagem que cada pessoa leva consigo após o erro. Vale lembrar que a relação da criança com a realidade em que vive se faz sempre mediada. O ser humano se desenvolve a partir de uma relação social, quer dizer, esse desenvolvimento acontece por meio da relação entre pessoas ou com o meio. Compreendendo que é difícil estudar uma língua estrangeira sozinha, parece natural e necessário que procuremos uma ajuda externa, como por exemplo, um curso de idiomas, pois é nesse espaço social que se desenvolve um ensino mais específico de um idioma estrangeiro reforçando a relação, entre aquele que ensina e aquele que aprende de acordo com Martinez (2009, p. 10), “[...] o professor é precisamente um ‘facilitador’ da apropriação, do processo”. Para isso, questionamos a formação dos professores que se dispõe a dar aulas, mas muitos não dominam a língua que ensinam. Durante anos, alguns estudiosos reuniram técnicas que resultaram na construção de métodos de ensino com a intenção de auxiliar na pratica do professor de línguas. Dentre eles destacamos: Método da Tradução da Gramática, Método Direto, Método Audiolingual e a Abordagem Comunicativa. O Método da Tradução da Gramática O Método da Tradução da Gramática está centralizado na tradução da gramática e na memorização de palavras. A comunicação oral na língua-alvo não é utilizada, pois o professor é tido como uma autoridade que dita normas e regras e o aluno um mero receptor. Segundo Cestaro (2010, online): A aprendizagem da língua estrangeira era vista como uma atividade intelectual em que o aprendiz deveria aprender e memorizar as regras e os exemplos, com o propósito de dominar a morfologia e a sintaxe (ibid.). Os alunos recebiam e elaboravam listas exaustivas de vocabulário. As atividades propostas tratavam de exercícios de aplicação das regras de gramática, ditados, tradução e versão. A relação professor/aluno era vertical, ou seja, ele representava a autoridade no grupo/classe, pois detinha o saber. Pouca iniciativa era atribuída ao aluno; a interação professor/aluno era praticamente inexistente. 16279 O professor possui o modelo de linguagem que deve ser imitado pelos alunos. O método está centrado em fazer conhecer uma língua de forma mecânica. Esse método trata-se de uma metodologia tradicional em que o ensino da segunda língua se dava por meio do domínio de vocabulário e da gramática. Método Direto O Método Direto é aquele onde o aluno é apresentado à língua-alvo diretamente, ou seja, sem tradução, e as aulas são ministradas na língua-alvo desde o início, tendo o professor como aquele que transmite o conteúdo e o aluno o que recebe. Como afirma Cestaro (2010, online): O princípio fundamental da MD era o de que a aprendizagem da língua estrangeira deveria se dar em contato direto com a língua em estudo. A língua materna deveria ser excluída da sala de aula. A transmissão dos significados dava-se através de gestos, gravuras, fotos, simulação, enfim, tudo o que pudesse facilitar a compreensão, sem jamais recorrer à tradução. Nesse método, é dada evidência à oralidade. Pouco a pouco o aluno aprende a pensar na língua-alvo e, sem fazer uso da tradução, o professor usa situações do dia-a-dia e, às vezes, é levado a gesticular a fim de ser compreendido pelo aluno. Os alunos nesse método, não interagem entre si, apenas o professor poderia falar, pois possui o conhecimento da línguaalvo. Método Audiolingual Já o Audiolingual tem como princípio básico a língua falada e não a língua escrita. O professor ainda é o principal dentro do processo de ensino-aprendizagem e o aluno é levado a aprender de forma mecânica onde é estimulado a responder de acordo com o que lhe fora ensinado. Cestaro (2010, online) complementa: A aquisição de uma língua podia ser considerada como um processo mecânico de formação de hábitos, rotinas e automatismos. (...) o aluno repetia oralmente as estruturas apresentadas em sala de aula, a fim de serem totalmente memorizadas e automatizadas. O professor continuava no centro do processo do ensinoaprendizagem, dirigindo e controlando o comportamento lingüístico dos alunos. A metodologia apresentada pelo professor está centrada na repetição de diálogos que podem ser apresentados através da leitura ou de gravações, evitando assim o erro. 16280 Abordagem Comunicativa Temos ainda a Abordagem Comunicativa, que tem como principal objetivo tornar os alunos capazes de se comunicar fluentemente na língua alvo. Sendo assim o aprendizado está voltado aos interesses do aluno e o professor é o mediador, como sugere Cestaro (2010, online): A abordagem comunicativa centraliza o ensino da língua estrangeira na comunicação. Trata-se de ensinar o aluno a se comunicar em língua estrangeira e adquirir uma competência de comunicação. [...] A aprendizagem é centrada no aluno. Nessa abordagem são utilizadas atividades comunicativas estabelecendo assim uma maior comunicação e interação entre os envolvidos no processo de ensino. Nela, é dada ao aluno a oportunidade de desenvolver sua comunicação, de modo que, segundo Miccoli (2007, p. 33), “[...] o aluno não é mais visto como um recipiente vazio que deve ser preenchido de conhecimentos, mas como um ser ativo que deve ser capaz de utilizar criativamente esses conhecimentos”. Com isso o aprendiz está sujeito a errar, pois é dada a ele oportunidade de arriscar uma comunicação na língua-alvo. O professor procura fazer com que o aluno supere suas dificuldades tornando-o mais independente com relação a sua aprendizagem. Visto que o professor passa a ser o mediador do conhecimento, ele deve selecionar e planejar as atividades adequando-as à realidade dos alunos, transmitindo-lhes a confiança para que consigam desenvolver suas habilidades (ouvir, falar, ler e escrever) para melhor se comunicar. Em relação ao ensino de língua estrangeira, concluímos que os métodos são fundamentais no processo de ensino-aprendizagem de uma segunda língua, auxiliando assim o professor a desenvolver sua prática. Análise dos Dados Agora exibiremos as perguntas do questionário respondido pela professora, acrescentando alguns trechos registrados durante o período de observação na escola. Chomsky citado por Figueira (2008, p. 52) afirma “as crianças tem uma predisposição inata para aprender línguas”. Levando em consideração a facilidade das crianças no processo de ensino, perguntamos: “Você percebe alguma diferença na capacidade das crianças em 16281 aprender a língua inglesa com mais facilidade, se comparadas com pessoas mais velhas?” Quando indagada sobre esse aspecto a professora respondeu: As crianças aprendem com mais facilidade, principalmente na questão oral. (Prática de diálogos) Na oralidade as crianças se destacam por falarem sem medir se vão acertar ou não. Elas não têm medo de se expor e de experimentar o novo, por isso apresenta vantagens na aprendizagem da língua Inglesa. Durante as observações, percebemos que as crianças mostram mais espontaneidade na hora de falar, sem medo de que a professora as corrija enquanto que o adulto se mostra mais sensível à correção. O ensino de uma língua estrangeira na infância vem a partir de uma pressuposição de que a criança tem condições de aprendê-la mais facilmente do que o adulto. (ROCHA, 2008) A partir disso perguntamos ainda: “Para você, quais as vantagens de se aprender uma segunda língua quando criança?” As crianças aprendem mais facilmente tornando-se mais fluente na língua. Quanto mais cedo as crianças começam a aprender a língua estrangeira tornam-se mais fluentes. Rubin e Thompson (2001, p. 37) alegam “as crianças tem uma superioridade na aprendizagem da língua é a habilidade que elas têm de reproduzir o sotaque original do idioma estrangeiro.” Concluímos que a professora percebe a facilidade e as vantagens que as crianças tem em aprender uma língua estrangeira principalmente pela oralidade. No entanto, o ensino de língua Inglesa apresenta também dificuldades para se trabalhar com crianças. E com relação a essas dificuldades que esse ensino pode apresentar foi perguntado: “Quais são as principais dificuldades encontradas no ensino da língua inglesa para crianças?” Ela colocou: A falta de acompanhamento dos pais por, em sua maioria não conhecerem a língua e não observarem se as tarefas estão sendo respondidas. Assim, constatamos que essa falta de acompanhamento dos pais acaba por prejudicar e, até mesmo, comprometer o desenvolvimento das crianças. Muitos pais, pela falta de tempo, outros por não terem tido oportunidade de estudar esse idioma, outros ainda por não 16282 conhecerem a nova língua, acabam transferindo sua responsabilidade para a escola, como também para o curso de idiomas. Com isso entendemos que os pais não estão acompanhando de perto o processo de ensino-aprendizagem, estão preocupados apenas em prepará-los para serem profissionais do futuro querendo sempre oferecer as melhores oportunidades no desenvolvimento intelectual dos filhos. (LIMA, 2004). Independente dos métodos e técnicas escolhidas, o processo de ensino-aprendizagem demanda tempo, visto que o ensino de línguas é complexo. Os métodos utilizados no ensino de língua estrangeira e a metodologia do professor são fatores importantes no desenvolvimento do processo de aprendizagem. Referente a esses métodos de ensino, questionamos: “Em sua opinião, qual o melhor método para trabalhar o ensino da língua inglesa com crianças? Justifique.” Método Comunicativo, porque nele estão todas as habilidades a serem trabalhadas. O uso da língua com ênfase na comunicação propõe um trabalho com as quatro habilidades. Martinez (2009, p. 71) afirma: Na abordagem comunicativa as tarefas e as atividades estão vinculadas à aquisição de um conteúdo nocional/funcional imediatamente reutilizável, para as quatro habilidades básicas, e o desenvolvimento das habilidades e do saber ser toma a dianteira dos saberes. Podemos considerar que a abordagem comunicativa procura integrar todos os sentidos do educando tornando a aprendizagem mais significativa. Nos momentos de observação pudemos perceber que a professora procurava trabalhar todas as habilidades, porém em todas as aulas observadas as mais utilizadas foram: Speaking (falar), Listening (escutar) e Reading (ler). Procurando conhecer ainda qual (quais) método(s) é (são) utilizado(s), fizemos a seguinte pergunta: “Quais os métodos que você utiliza em suas aulas? Como?” Método Comunicativo, onde as quatro habilidades são abordadas (ouvir, falar, ler e escrever). As quatro habilidades estão interligadas ao desenvolvimento de uma aula comunicativa, ou seja, uma depende da outra tornando assim a aprendizagem significativa. Segundo Schmitz (2009 p. 17) “[...] as quatro habilidades não devem ser apresentadas isoladamente, mas sempre em conjunto”. 16283 Durante as aulas observadas, podemos perceber que realmente o método citado faz parte da rotina das crianças no curso de idiomas como afirma a professora quando questionada, porém percebemos também marcas do audiolingualismo quando atividades com o cd foram propostas. Para Richard (2006, p. 11) em uma aula áudio-linguística “Os alunos ouvem um diálogo modelo (que pode ser lido pelo professor ou apresentado na forma de gravação) contendo as principais estruturas que constituem o enfoque da aula. O professor volta sua atenção à pronuncia, entonação e fluência”. O ensino de uma língua estrangeira deve ser motivador independente dos métodos ou da metodologia a ser utilizada. O professor deve criar sua própria metodologia já que nem todos aprendem da mesma forma procurando assim adequar as atividades de acordo com a necessidade de seus alunos. Em relação as atividades, perguntamos: “Quais atividades você classificaria como mais eficientes? Qual o método utilizado nas mesmas?” Conversações enfatizando situações cotidianas com a abordagem comunicativa e atividades de ‘listening’. Atividades de conversação na língua alvo é uma característica forte da abordagem comunicativa, principalmente, quando se utiliza de situações do dia-a-dia dos alunos, pois eles são sujeitos de sua aprendizagem. Miccoli (2007, p. 32) fala que “[...] o professor deve trabalhar para desenvolver nos alunos habilidades que lhe permitam entender o inglês que os rodeia. Com relação às atividades de listening, ouvir e compreender o que está sendo dito na língua alvo é muito importante para o aprendizado. (RUBIN; THOMPSON, 2001) Ainda acerca das atividades, questionamos: “Em que tipo de atividade as crianças se mostram mais receptivas ao aprendizado?” Com isso ela respondeu: Atividades com material extra (objetos da casa, pelúcias de animais, objetos da escola, festas de aniversário com comida de verdade etc.); Atividades com ‘games’ Os jogos e os recursos didáticos auxiliam no ensino da língua inglesa, tornando-o mais atraente motivando os alunos para ouvir e falar inglês. Concordamos com a professora que essas atividades são bem acolhidas e receptivas pelas crianças. Figueira (2008, p. 56) ainda complementa: 16284 Os jogos não deveriam ser usados em sala de LE apenas como atividade lúdica [...] mas, preferencialmente, para se produzir interações significativas por meio de trocas de conhecimento lingüístico e da criação de um clima de desafio e de espontaneidade entre as crianças. Nas observações, percebemos que há interação constante das crianças com a professora como também com os colegas. Os jogos e atividades com material extra são momentos que eles demonstram maior participação. Ao analisarmos as respostas, concluímos que o ensino de línguas deve ser dinâmico e interativo, ajudando, assim, o professor a alcançar seus objetivos levando as crianças a uma fluência na língua alvo. Considerações Finais Conhecendo a crescente procura de pessoas para aprender a língua inglesa e, em especial, ao aumento do número de crianças no curso de idiomas acreditamos ter alcançado o principal objetivo do trabalho, já que durante o período de observação, percebemos um ensino diferenciado e dinâmico, com grande interação entre a professora e as crianças, acompanhado de diversas atividades lúdicas. Diante do desafio de reconhecer o processo de ensino-aprendizagem, tínhamos como objetivos conhecer o processo de ensino da Língua Inglesa para crianças, identificar e analisar os métodos e técnicas utilizados pela professora, portanto após análise dos dados obtidos podemos dizer que reconhecemos os métodos e técnicas. E para chegar a essa resposta contamos com momentos de observação e a colaboração de uma professora que responder um questionário, também utilizamos a pesquisa qualitativa, de forma descritiva. Acreditamos que a pesquisa realizada apresente muitas contribuições para os campos pessoal, social e acadêmico, já que essa investigação ajudou a conhecer quais métodos podem ser usados no ensino de um novo idioma. Entretanto chamamos atenção dos acadêmicos que estão entrando no mercado de trabalho, considerando que o mesmo busca profissionais bem formados e preparados para atuarem no ensino de língua inglesa para crianças nas escolas regulares como também em cursos de idiomas, onde esse profissional necessita de uma fundamentação teórica relacionada a esses métodos de ensino, podendo ser aplicadas no ensino de línguas. Não tivemos dificuldades na realização da pesquisa, tanto as crianças quanto a professora não demonstraram incômodo. Planejamos e colocamos em prática os 16285 procedimentos necessários. Esse trabalho abre direções para novas pesquisas que possam aprofundar os estudos em relação ao ensino da língua inglesa para crianças, atentando para a rede regular de ensino, como também a formação dos professores de línguas, já que muitos deixam a academia sem estar preparados para trabalhar com os diferentes níveis de ensino. Assim, podemos concluir que o professor deve ser consciente de que não existe um método perfeito e, sim, aquele que vai melhor se adequar às necessidades da turma. Cabe a ele construir uma metodologia adequada, procurando escutar e compreender seu aluno fazendo das aulas momentos prazerosos em que os alunos sejam o centro do processo. REFERÊNCIAS APPOLINÁRIO, Fábio. Dicionário de Metodologia Científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2007. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. 5. ed. Metodologia científica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. CESTARO, Selma Alas Martins. O ensino de Língua Estrangeira: história e metodologia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ USP. Disponível em <http://www.hottopos.com.br/videtur6/selma.htm> Acesso em 28 de agosto de 2010. FIGUEIRA, Cristina Dias de Souza. Crianças alfabetizadas aprendendo língua estrangeira. In: ROCHA, Cláudia Hilsdorf; BASSO, Edcléia Aparecida. (Org.) Ensinar e aprender língua estrangeira nas diferentes idades: reflexões para professores e formadores. São Carlos: Claraluz, 2008. p.35-62. LIMA, Denise Martins de Abreu e. O processo de aquisição de língua estrangeira por crianças brasileiras em sala de aula: reflexões sobre a teoria de Krashen. In: MONTEIRO, Dirce Charara. (Org.) Ensino-aprendizagem de língua inglesa em alguns contextos brasileiros. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2004. p. 35-69. MARTINEZ, Pierre. Didáticas de Línguas Estrangeiras. Tradução de Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2009. MICCOLI, Laura. Autonomia na aprendizagem de língua estrangeira. PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. (Org.) Práticas de Ensino e Aprendizagem de Inglês com Foco na Autonomia. 2.ed. Campinas: Pontes Editores, 2007. p.31-49 OLIVEIRA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2002. RICHARDS, Jack C. O Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras. Tradução de Rosana S. R. Cruz Gouveia. São Paulo: Special Book Services Livraria, 2006. 16286 ROCHA, Cláudia Hilsdorf. O ensino de línguas para criança: refletindo sobre princípios e práticas. In: _____________; BASSO, Edcléia Aparecida. (Org.) Ensinar e aprender língua estrangeira nas diferentes idades: reflexões para professores e formadores. São Carlos: Claraluz, 2008. p.15-34. RUBIN, Joan; THOMPSON, Irene. Como ser um ótimo aluno de idiomas. Tradução de Luiz Antônio P. Rafael. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. SCHMITZ, John Robert. Ensino/aprendizagem das quatro habilidades lingüísticas na escola pública: uma meta alcançável? In: LIMA, Diógenes Cândido de. (Org.) Ensino e aprendizagem de Língua Inglesa: conversas com especialistas. São Paulo: Parábola, 2009.