2003-01-04

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O Evangelho do Domingo
Mt 2,1-12
O nome pode parecer estranho: epifania. Mas seu significado nos é familiar:
manifestação. No caso da festa deste domingo, manifestação de Jesus como salvador ao
mundo todo, portanto, para além dos limites do seu próprio povo, o povo judeu. O
Evangelho de Mateus mostra essa manifestação aos estrangeiros, através da história dos
magos que vêm do Oriente guiados por uma estrela.
Gostaria de destacar duas realidades contidas nesta celebração da Epifania. Uma
diz respeito à relação de Deus com a humanidade. A outra refere-se à unidade na
diversidade dos caminhos.
Epifania/manifestação tem como sujeito da ação o próprio Deus. Ele se
manifesta e não fica apenas esperando que nós o descubramos. A iniciativa é dele. Nós
conhecemos a Deus muito mais porque Ele se revela e se manifesta do que através do
nosso esforço. Essa é uma convicção do Cristianismo. É convicção nossa que Deus
“abre-nos seu coração” e se revela e se manifesta a nós humanos. Isso Ele o faz de
muitas maneiras, mas, de modo ímpar, Ele o fez na pessoa de Jesus de Nazaré. É o que
nos testemunha exemplarmente o Evangelho de São João: “Ninguém nunca viu a Deus;
foi seu Filho que no-lo deu a conhecer”.
A manifestação de Deus, no entanto, só pode acontecer quando há corações
interessados nessa revelação. Essa é a parte que toca a nós. Sem busca e sem interesse,
não chegaremos a perceber a presença discreta de Deus, que nunca chega arrombando
nossas portas. É preciso deixar-se guiar “pela estrela” ou pelos profetas para chegar até
o lugar onde está o “menino” em cujo corpo não se encontram os sinais de grandeza que
normalmente atribuímos a Deus.
O segundo pensamento que gostaria de trazer à tona é o da multiplicidade e
diversidade de caminhos para se chegar ao conhecimento de Deus. Os magos guiados
pela estrela representam todos os caminhos, todas as buscas, todas as religiões, todos os
esforços para se chegar ao que é profundo, justo, verdadeiro e belo. Através de mil
estrelas, por caminhos mil, Deus atrai seus filhos e filhas para onde Ele se revela mais
plenamente. Este é, portanto, o domingo da diversidade. Mas o é também da unidade,
uma vez que, por estradas e atalhos, as estrelas encaminham os que se deixam orientar
por elas para o lugar do encontro com Deus.
E fica um alerta para nós cristãos: não somos donos de Deus, nem de Jesus
Cristo. Se podemos partilhar com a humanidade toda nossa experiência de termos
descoberto em Jesus a extraordinária manifestação de Deus, corremos também o risco
de imitar Herodes e seus secretários e súditos na auto-suficiência, no desprezo e até na
perseguição da manifestação humilde e conflitiva de Deus. Também nós precisaremos ir
sempre de novo aonde Deus se manifesta pequenino, no meio dos pequenos e rejeitado
por causa do seu compromisso com eles.
Portanto, pé na estrada para seguir os magos até “Belém”!
Pe. Léo Zeno Konzen
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