FESTA da EPIFANIA do Senhor – Ano A Evangelho - Mt 2,1-12 “Viemos do Oriente adorar o Rei.” Ir. Genoveva Fogaça Celebrando a solenidade litúrgica de Maria, Mãe de Deus, nós reconhecemos a humanidade de Jesus e, na festa de hoje, da Epifania do Senhor, reconhecemos a sua realeza e divindade. Conteúdo e contexto O evangelho deste domingo é Mt 2, 1-12. O evangelista Mateus se serviu da reflexão das primeiras comunidades para mostrar que Jesus é o verdadeiro rei do povo de Deus. Quando Jesus nasceu, Herodes, o Grande (37-4 a.C.), era o rei da Judéia, um rei estrangeiro, Idumeu, nomeado e protegido pelo Senado Romano. Seu reinado era considerado ilegítimo por parte da população (cf Dt 17, 15). E o nascimento de Jesus se deu em Belém. Ele, descendente de Davi, potencialmente sucessor legítimo do trono (cf. Am 9, 11; Ez 37, 24; Jr 30, 9;33,15), assombrou Herodes que logo o considerou um rival perigoso que devia ser eliminado. O nascimento de Jesus em Belém foi anunciado por uma estrela no Oriente. A estrela, segundo os orientais, aparecia quando uma personagem importante nascia: “Um astro nascido de Jacó se torna chefe; um cetro se levanta, saindo de Israel” (Nm 24, 17). Uns Magos, conhecedores das tradições e predições judaicas, acorreram, guiados pela estrela, para render homenagem ao provável herdeiro, tratando-o com o título de “Rei dos Judeus” (será o título da Cruz, Mt 27,11.29.37). Ao entrarem em Jerusalém, os Magos não puderam mais ver a estrela. Jerusalém era o centro do poder político, econômico e ideológico-religioso da Palestina, onde reinava o usurpador Herodes. Ele, ao saber da presença dos Magos que perguntavam pelo “Rei dos Judeus” que acabava de nascer, ficou muito preocupado, assim como todos os seus partidários. Jesus, o rei esperado, era uma ameaça para seus privilégios e mordomias. Depois de consultar os seus assessores, Herodes chamou secretamente os Magos, enviouos a Belém e pediu-lhes que retornassem a Jerusalém para trazerem informações exatas sobre o menino, assim ele também poderia ir adorá-lo. Se alguns ficaram apavorados com Jesus e fizeram de tudo para apagá-lo da história, outros se alegraram porque viram nele o ressurgir de sua esperança de liberdade e vida. Os Magos, que vieram de longe, representam todos os povos, de todos os tempos, que esperam ardentemente pelo rei justo e libertador. Embora distantes da religião do povo de Deus, os Magos souberam distinguir o sinal de sua chegada: a estrela. Precisamos ficar atentos para os sinais que aparecem na história e na sociedade, apontando para aquele que fará a justiça e levará o povo a uma vida melhor. Jesus é o rei justo. A homenagem dos Magos indica a sua submissão a esse rei (ouro), o reconhecimento de sua divindade (incenso) e, por outro lado, indica que Ele vai ser morto (a mirra era usada no sepultamento). Em outras palavras, Jesus é o rei justo que será morto pelos inimigos e depois, ressuscitado por Deus, será reconhecido por todos como divino Filho de Deus. Um anúncio do destino de Jesus. Salmo Responsorial, Sl 71(72). Rezando o Salmo Responsorial desta celebração, veremos que todos esperavam o rei justo, que faria justiça ao povo oprimido e marginalizado, contra seus opressores. Por isso os reis de outras nações viriam trazer-lhes as suas riquezas, porque sabiam que esse rei justo iria, de fato, distribuir essas riquezas para o povo que tinha trabalhado por elas e que até agora fora roubado e não pudera usufruí-las. Relendo o Salmo à luz do texto de Mateus, vamos entender que o evangelista pretende dizer que em Jesus apareceu finalmente esse rei, o governante justo. Primeira Leitura (Is 60, 1-6) Neste texto está a profecia de Isaias que viu camelos e dromedários de Madiã e de Efá e gente de Sabá, trazendo ouro, incenso e entrando todos em Jerusalém. Esta profecia está sendo realizada pelos Magos que vão ao encontro do menino que abre as portas para todos os povos que buscam esse rei justo! Segunda Leitura (Ef 3, 2-3.5-6). Neste texto, Paulo aponta para a atualidade do mistério revelado em Cristo, pelo Espírito, aos seus apóstolos e profetas: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do evangelho”. Concluindo Na mesma trilha dos Magos e do apóstolo Paulo, também nós somos convocados pela “estrela” para sair de nosso comodismo e individualismo e, por meio da missão que nos é confiada e do testemunho de vida, fazer brilhar para o mundo a “estrela de Davi”, o filho de Deus. FONTES DE PESQUISA: Bíblia do Peregrino, Paulus; Storniolo, Ivo: Como Ler o Evangelho de Mateus - O Caminho da Justiça, pp 25-29-Paulus Editora; Revista Vida Pastoral, janeiro e fevereiro de 2014, número 294; Revista Família Cristã, dezembro de 2013, número 936; Seguir Jesus: os Evangelhos- Coleção Tua Palavra é Vida, Volume 5, Páginas: 136-143, Publicações CRB/ 1994 - Edições Loyola.