2014-2015 Diretrizes SBD Diretrizes para educação do paciente com diabetes mellitus Introdução O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que exige mudanças de hábitos e desenvolvimento de comportamentos especiais de autocuidado que deverão ser mantidos por toda a vida. A educação em diabetes é a principal ferramenta para a garantia desse autocuidado, permitindo o autocontrole por parte do paciente. A educação em diabetes deve se estender aos familiares e/ou cuidadores, para garantir o envolvimento da maioria das relações do paciente e promover a manutenção dos novos hábitos e comportamentos adquiridos. As Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) para a Educação em Diabetes têm como objetivo orientar os profissionais da saúde a incorporar e utilizar esta ferramenta em todas as suas práticas com pessoas com diabetes, considerando as especificidades de cada grupo de pacientes, bem como definir as condições mínimas e qualidade indispensáveis a um programa de educação, além de estimular o desenvolvimento de programas educativos partindo de um currículo baseado em evidências científicas. Definição e objetivos A educação em diabetes, além de ser um processo contínuo de facilitação e acesso ao conhecimento, deve promo- ver o desenvolvimento de habilidades necessárias para o autocuidado e para o gerenciamento do diabetes pelo próprio paciente e/ou familiar/cuidador. A educação em diabetes evoluiu muito nos últimos anos e as técnicas atuais para o estímulo e treinamento do autocuidado utilizam um modelo mais focado no paciente, buscando promover mudanças de comportamento mais positivas. Só podemos considerar a educação em diabetes efetiva se esta resultar em “mudanças e/ou aquisição de comportamentos”; caso contrário, estaremos somente transmitindo informações. A educação em diabetes também pode ser a interface entre a prática clínica e a pesquisa e deve incorporar as necessidades, os objetivos e as experiências de vida do indivíduo, levando em consideração as evidências científicas. Os principais objetivos da educação em diabetes são: • Reduzir as barreiras entre as pessoas com diabetes, seus familiares, as comunidades e os profissionais da saúde. • Promover a autonomia das pessoas com diabetes com relação aos seus hábitos no trato com a doença. • Melhorar os resultados clínicos. • Prevenir ou retardar o aparecimento do diabetes ou de suas complicações agudas e crônicas. • Proporcionar qualidade de vida. • Para o alcance desses objetivos, é preciso capacitar e motivar o indivíduo para as escolhas adequadas ante as diversas situações, para que este desenvolva comportamentos de autocuidado e possa solucionar problemas mais comuns do seu dia a dia. • A capacitação e a motivação devem ser feitas por profissionais e equipes qualificadas em educação em diabetes. • Evidências da efetividade da educação Evidências da efetividade da educação do paciente com diabetes A educação é fundamental para o sucesso do manejo do diabetes (D).1-11 Para promover a educação do paciente, é necessário mais do que programas educativos estruturados. Os profissionais devem ser preparados para reconhecer as diferenças individuais dos pacientes e identificar suas necessidades, além de desenvolver habilidades para comunicação e uso de diferentes estratégias didáticas, considerando as especificidades da educação de adultos, já a partir do atendimento individual para, então, elaborar e implementar programas educativos (D).12 São essenciais a prática do trabalho em equipe interprofissional, e considerar sempre o envolvimento dos pacientes nas tomadas de decisão (D).13 257 Diretrizes SBD 2014-2015 Os programas educativos devem ser planejados e elaborados de acordo com a idade, o nível sociocultural, as necessidades identificadas e visar ao alcance de objetivos definidos previamente. Esses objetivos devem ser definidos em conjunto com os pacientes e avaliados durante, ao final e após um período de tempo predeterminado, após retorno à rotina pelos mesmos (D).9,14 As evidências apontam para as vantagens de programas de educação em grupo, que apresentam a melhor relação custo-efetividade (A).15-17 No entanto, nos programas de educação para crianças e adolescentes, os melhores resultados são relativos aos efeitos psicossociais do que quanto ao controle glicêmico (A).18-21 Apesar da relação de custo-benefício apontar para os programas de educação em grupo, o processo educativo mais individualizado garante estabelecer metas e prioridades para cada um dos pacientes e garante que cada paciente siga seu ritmo e seu tempo. A educação em diabetes maximiza a efetividade do tratamento convencional e facilita o manejo de novas tecnologias (incluindo automonitoramento de glicemia, análogos de insulina e sistema de infusão contínua com insulina e monitorização contínua com glicose). Seus resultados se tornam mais efetivos se houver disponível uma estrutura de educação, e que os diferentes processos de educação ocorram por intermédio de equipe multiprofissional preparada e trabalhando de forma interdisciplinar com interação, atenção e envolvimento das pessoas com diabetes e seus cuidadores em todas as etapas (D).2,4,5,7 A literatura mostra também a efetividade da educação de adultos com diabetes tipo 2 (DM2) na melhora de seus resultados clínicos e na qualidade de vida avaliada a curto prazo (A).15,22-29 Mas para isso os profissionais da saúde 258 necessitam de treinamento especializado nas técnicas e nos princípios da prática de educação para promover o autocuidado e para implementar uma abordagem de mudança comportamental com sucesso, considerando a complexidade do paciente com DM2, cujas doenças associadas à faixa etária e os hábitos de vida de muitos anos são mais complexos (C, D).30-32 Teorias e ferramentas para educação de adultos, bem como o uso de situações problematizadoras, são essenciais nos programas educativos (C, D).33-36 O conteúdo e a forma de desenvolvimento de programas de educação estruturados necessitam de revisão periódica, considerando as mudanças na tecnologia e no manejo do diabetes, a prática local e o acesso aos recursos por parte dos pacientes (D).2,6,7,21 Intervenções de educação baseadas em princípios teóricos e psicoeducacionais que integrem a rotina de cuidados clínicos e técnicas cognitivas comportamentais têm se mostrado mais efetivas quando se utilizam novas tecnologias no cuidado do diabetes, como, p. ex., o uso de mensagens de texto pelo celular como veículo de motivação (A, C).18,21,37,38 A avaliação de um programa de educação e o acompanhamento individualizado são essenciais e devem focar nos resultados obtidos, como a melhora da adaptação psicossocial, o alcance dos objetivos definidos em conjunto entre a equipe e o paciente para gerenciamento do diabetes, o impacto do controle glicêmico sobre a qualidade de vida e a prevenção das complicações (D).18-21 A educação em diabetes deve, portanto, ser continuada, aprofundada e individualizada (D).39 Programas que incorporam estratégias comportamentais e psicossociais têm demonstrado melhores resultados (B, D).9-11,40-43 Estudos também demostram que programas dirigidos a faixas etárias específicas e adaptados à cultura das pessoas e/ou dos grupos envolvidos são os que apresentam os melhores resultados (C, D).12,40-42,44-47 Devemos ressaltar que todas as iniciativas baseadas em pesquisas (por exemplo, o estudo DAWN, Diabetes Attitudes, Wishes and Needs, demonstram que podemos oferecer melhor qualidade de vida a pessoas com doenças crônicas, como diabetes, por meio do método de perguntar, ouvir e responder.48 Assim, podemos achar a chave da comunicação e e auxiliar no desenvolvimento do autocuidado de pessoas portadoras de diabetes. Sabemos que as barreiras psicossociais causam diversos problemas para um adequado controle glicêmico e prejudicam a iniciativa do autocuidado. Para realizar um método educativo eficiente, devemos encontrar as ferramentas ideais de comunicação e dar importância ao diálogo para obter excelência no tratamento multidisciplinar. Diretrizes As diretrizes contidas neste documento refletem os dados atuais baseados nas evidências científicas seguidas pela Comissão Consultiva da SBD dos Departamentos de Educação em Diabetes e de Psicologia. Não se pretende que estas diretrizes de educação em diabetes sejam adotadas para a exclusão dos atuais padrões já desenvolvidos nos serviços regionais. Entretanto, estas podem ser incorporadas ou utilizadas como modelos para o desenvolvimento das próprias normas dos serviços. Estas diretrizes também sugerem opções de indicadores para medir a qualidade da educação em diabetes. Partindo das recomendações sugeridas pela Federação Internacio- 2014-2015 nal de Diabetes (IDF), entidade à qual a SBD é filiada, desde 2008 programas de educação são realizados para profissionais da saúde em todo o território nacional. Estes programas foram elaborados com base no currículo de formação de Educadores em Diabetes da IDF, com as devidas adaptações à realidade brasileira e às especificidades regionais, em cada edição das diretrizes da SBD – diretrizes essas voltadas para a estruturação de programas de educação para o autocuidado da pessoa com diabetes e seus familiares –, assim como nos consensos para diagnóstico e tratamento da SBD, regularmente atualizados. A seguir, os principais aspectos recomendados pela IDF para a garantia de uma educação de qualidade: Currículo O currículo e o conteúdo de programas educativos devem ser desenvolvidos de acordo com as necessidades da população a ser atingida, para que, após sua implementação, os resultados possam ser analisados e acompanhados. Organização dos serviços para promover a educação em diabetes A educação em diabetes deve ser parte integrante do cuidado com o paciente com diabetes. A instituição deve definir a sua população-alvo, levantar as necessidades educacionais e, a partir disso, elaborar um planejamento que contemple os recursos necessários disponíveis para atender às necessidades identificadas. A documentação da estrutura organizacional, sua missão e suas metas podem levar a uma oferta mais eficiente e eficaz de programas de educação. A partir disso é que serão delineados os canais de comunicação e identificados os comprometimentos dos diferentes envolvidos na realização desses programas. Segundo a Comissão Conjunta de Acreditação de Organizações de Saúde (JCAHO), esse tipo de documentação é tão importante para as grandes instituições de cuidados de saúde quanto para as pequenas. Os especialistas em negócios concordam que a documentação do processo de prestação de serviços é um fator crítico para a comunicação clara e fornece uma base sólida para a oferta de educação em diabetes de qualidade. Para iniciar um programa de educação devem-se incluir indicadores que possam ser avaliados durante o desenvolvimento do programa, bem como após a realização do mesmo. Indicadores sugeridos: • Missão do programa. • Estrutura organizacional. • Orçamento específico e suficiente no plano financeiro. • Fundos para a remuneração da equipe responsável. • Equipe com tempo para oferecer a educação em diabetes. • Acesso às ferramentas de ensino pelo grupo responsável. • Responsabilidade da equipe. Coordenação do programa de educação do serviço Um profissional deve ser responsável pela organização e administração do programa de educação para a garantia de que o processo ocorra em sua totalidade e os resultados possam ser atingidos. Cabe ao coordenador supervisionar o planejamento, implementar e avaliar o programa. Responsabilidades sugeridas ao coordenador: • Organizar e administrar os servi- • • • • • • Diretrizes SBD ços de educação para o autocuidado dos pacientes e familiares. Estar treinado para o cuidado do diabetes e o estímulo ao autocuidado pelas pessoas com diabetes. Gerir pessoal e orçamento (se for o caso), que devem estar claramente definidos. Estabelecer linhas de comunicação e de autoridade. Alocar os recursos humanos com base nos melhores interesses das pessoas com diabetes e da prática profissional. Manter um ambiente de suporte às habilidades dos educadores e de prestação de serviços de alta qualidade (seguros, eficazes e éticos). Manter controle sobre a educação continuada dos profissionais, os resultados dos programas de pacientes e os registros das investigações. Espaço físico e equipamento A qualidade e a disponibilidade de espaço físico e recursos educativos afetam o aprendizado e são baseadas nas necessidades do indivíduo/comunidade. a) O espaço físico e os recursos incluem: • Privacidade e confidencialidade. • Assentos confortáveis, iluminação e qualidade do ar. • Ambiente seguro, livre de quaisquer perigos. • Salas de espera. • Banheiros. • Acessibilidade para pessoas com deficiência física. • Ferramentas de ensino. • Recursos audiovisuais adequados. b) A tecnologia de comunicação e os equipamentos adequados para apoiar a equipe multiprofissional devem estar disponíveis e incluem: • Sistemas eficazes de comunicação. 259 Diretrizes SBD 2014-2015 • Serviço telefônico e fax. • Material de escritório e equipamentos. • Sistema de manutenção de registros. • Acesso a computadores/internet. • Comitê consultivo Um comitê consultivo garante que as opiniões e os valores de todas as partes interessadas estejam representados no planejamento e na finalização do programa de educação. a) O comitê consultivo deve representar a população-alvo e a comunidade em geral e pode incluir: • Uma pessoa com diabetes. • O cuidador de uma criança com diabetes. • Um líder comunitário. • Um médico especialista/clínico. • Um médico de cuidados primários/clínico. • Um enfermeiro, de preferência com experiência em diabetes. • Um nutricionista do programa de educação. • Outros profissionais da saúde do serviço de apoio ao paciente com diabetes. • Um líder de programas comunitários relevantes. • Um membro da associação de diabetes local. • Um representante dos trabalhadores na saúde local. • Um professor da escola. • Outros membros da equipe, conforme o caso. b) O comitê deve ter as seguintes responsabilidades: • Preparar orientações escritas sobre os processos da comissão e traçar as suas responsabilidades. • Rever anualmente o programa educativo com relação ao alcance de metas e resultados. • Ter autoridade de fazer recomen- 260 • • • dações para melhorias com base na avaliação dos resultados e na evolução das necessidades da comunidade e inovar na gestão do diabetes e da educação. Reunir-se pelo menos duas vezes por ano. Defender o apoio contínuo para o programa de educação dentro da instituição e de outras agências e organizações. Estabelecer ligações com as agências e organizações em que as decisões sobre os serviços de diabetes são feitas. Aprimorar conhecimentos e a troca de experiências profissionais. Processo de educação Um programa de educação em diabetes deve iniciar com a capacitação dos profissionais da saúde envolvidos para o manejo do diabetes, pois esta é a melhor maneira de educar os pacientes nas diferentes fases da vida. O trabalho dos profissionais de saúde deve ser interdisciplinar.5 Deve-se dar preferência ao aprendizado ativo em todas as situações, sendo que o educador deve identificar as maiores necessidades do indivíduo e/ou grupo antes de iniciar o processo de educação. A prática da educação em diabetes deve integrar atendimento clínico, promoção de saúde, aconselhamento, manejo e pesquisa. A educação pode ser feita por diferentes profissionais da área da saúde em equipe que deve conter, no mínimo, um educador qualificado em diabetes. O programa deve possuir o registro dos objetivos e a avaliação dos resultados obtidos, de acordo com as seguintes categorias: • Imediatos: aumentar o conhecimento. • Intermediários: desenvolver atitudes que levem à mudança de comportamento. • Pós-intermediários: melhora clínica e metabólica. • Longo prazo: melhora do estado de saúde e da qualidade de vida, reduzindo ou prevenindo as complicações crônicas. O processo deve ser contínuo, para atingir todas as categorias de resultados. A avaliação deve incluir dados demográficos (idade, sexo), história médica relevante, conhecimento em diabetes, crenças e atitudes quanto à saúde pessoal, comportamentos, habilidades para o aprendizado, nível cultural, limitações físicas existentes, suporte familiar e nível socioeconômico. O registro adequado em formulários apropriados é útil para demonstrar a melhora da qualidade do serviço prestado ao portador de diabetes, de acordo com as recomendações do Diabetes Quality Improvement Project (DQIP).49 Embora a educação seja necessária para atingir as metas em curto prazo, não é suficiente para sustentar o autocuidado com o diabetes ao longo da vida do indivíduo. Após seis meses da intervenção, a melhora inicial do controle metabólico e a mudança de comportamento em relação à doença poucas vezes se mantêm. Portanto, é necessário que seja planejado o reforço contínuo das metas e dos objetivos do paciente por parte de toda a equipe de saúde envolvida na educação em diabetes.24 Avaliação dos resultados do processo de educação Mensurar a efetividade do processo de educação não é apenas avaliar o conhecimento do paciente sobre a doença, mas principalmente os resultados consequentes da educação, no que diz respeito à mudança com- 2014-2015 Quadro 1 Recomendações e conclusões finais Recomendação ou conclusão Grau de recomendação A educação para adultos portadores de diabetes tipo 2 é efetiva para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida avaliada em curto prazo A Educação para crianças e adolescentes com diabetes tem um benefício moderado no controle glicêmico com efeitos mais significativos nos resultados psicossociais A Os profissionais da saúde necessitam de treinamento especializado nas técnicas e nos princípios da prática de educação para promover o autocuidado e a mudança comportamental C, D O conteúdo e o modo de divulgação da educação necessitam de uma revisão periódica, de maneira que as mudanças na tecnologia e no manejo do diabetes estejam de acordo com a prática local D Intervenções baseadas no princípio psicoeducacional integrando a rotina de cuidados clínicos e técnicas cognitivas comportamentais, com novas tecnologias no cuidado do diabetes, tem se mostrado mais efetivas A, C Os programas apropriados para a idade e o nível cultural do paciente, assim como a educação em grupo, são efetivos A Educação é fundamental para o sucesso do manejo do diabetes D Os resultados do programa de educação devem ser avaliados D Para maximizar a efetividade do tratamento e o manejo com tecnologia avançada (inclusive automonitorização de glicemia, análogos de insulina e bomba com sistema de infusão contínua de insulina – SIC), é aconselhável que esteja disponível uma estrutura de educação para os portadores de diabetes e seus cuidadores D (A) Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência; (B) Estudos experimentais e observacionais de menor consistência; (C) Relatos de casos – estudos não controlados; (D) Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consenso, estudos fisiológicos ou modelos animais portamental e aos resultados clínicos adquiridos no controle da glicemia, do perfil lipídico e da pressão arterial. Um currículo escrito a partir da avaliação de necessidades do indivíduo ou grupo irá determinar as áreas de conteúdo a serem trabalhados, bem como definir os critérios para o sucesso dos resultados da aprendizagem. Este currículo deve estar disponível a todos os envolvidos. Uma avaliação individualizada, o desenvolvimento de um plano educacional e as reavaliações periódicas entre participante(s) e instrutor(es) irão dirigir a seleção de material educativo apropriado e as intervenções mais adequadas. A eficácia e a qualidade do processo educativo utilizado em um serviço de saúde devem ser avaliadas Diretrizes SBD anualmente, vinculadas a resultados, e esse processo deve ser revisto em função dessa avaliação. É essencial a utilização de um processo de otimização contínua da qualidade para garantir a eficácia da experiência do ensino ministrado e determinar oportunidades de melhoria. A satisfação com o serviço deve ser avaliada entre os participantes e as fontes de referência e revisada pelo coordenador e pelo comitê consultivo como parte do processo de avaliação. Além disso, as medidas indicadas devem ser consideradas. A Associação Americana de Educadores em Diabetes (AADE) sugere a aplicação de sete medidas de avaliação comportamental para identificar a qualidade dos resultados obtidos com um programa de educação efetivo.50 Essas medidas foram adaptadas para utilização nos Cursos de Qualificação de Profissionais de Saúde em Educação em Diabetes, que é parte de um programa intitulado Educando Educadores, desenvolvido no Brasil, em parceria entre a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ Diabetes Brasil) e a SBD, com o apoio da IDF-SACA (do inglês South America and Central América, região que abrange os países da America Central, do Sul e Caribe). A seguir, os sete comportamentos do autocuidado: • Comer saudavelmente. • Praticar atividade física. • Vigiar as taxas. • Tomar os medicamentos. • Resolver problemas. • Adaptar-se saudavelmente. • Reduzir os riscos. A AADE também estabelece 10 padrões que devem ser considerados e adotados pelo Educador em Diabetes para a garantia da educação do paciente para o autocuidado, as quais sugerimos que sejam considerados na estruturação dos programas de educação em diabetes. 261 Diretrizes SBD 2014-2015 Referências 1. ISPAD Clinical Practice Consensus Guidelines 2009. Swift PGF. Diabetes education. Ped Diab. 2009;10 (Suppl 12):55-7. 2. Silverstein J, Klingensmith G, Copeland K et al. Care of children and adolescents with type 1 diabetes: A statement of the American Diabetes Association (ADA Statement). Diabetes Care. 2005;28:186-212. 3. Australasian Paediatric Endocrine Group. Australian Clinical Practice Guidelines: Type 1 Diabetes in Children and Adolescents. Canberra: National Health and Medical Research Council. 2004. 4. National Institute For Clinical Excellence Uk (NICE). Type 1 diabetes: Diagnosis and management of type 1 diabetes in children, young people and adults. 2004. Disponível em: http://www.nice.org.uk/pdf/ CG-015 NICE guideline.pdf. 5. Funnell MM, Brown TL, Childs BP, Haas LB, Hosey GM, Jensen B, et al. National standards for diabetes self -management education. Diabetes Care. 2010 Jan;33(Suppl 1):S89-96. 6. Diabetes Uk And Department Of Health. Structured patient education in diabetes. Report from the Patient Education Working Group Disponível em: http:// www.dh.gov. uk/publications 7. National Institute For Clinical Excellence Uk (NICE). Guidance on the use of patient education models. 2006. Disponível em: http://www. nice.org.uk/page.aspx?o=TA060 guidance 8. Idf Consultative Section On Diabetes Education (DECS). International curriculum for diabetes health professional education. Brussels: International Diabetes Federation. 2008. Disponível em: http://www.idf.org 9. Cyrino APP. As competências no 262 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. cuidado com diabetes mellitus: Contribuições à educação e comunicação em saúde – tese doutorado – 2005. Fechio JJ, Malerbi FEK. Adesão a um programa de atividade física em adultos portadores de diabetes. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia. 2004; 48(2):267-75. Rocha RM, Zanetti ML, Santos MA. Comportamento e conhecimento: Fundamentos para prevenção do Pé diabético. Acta Paul Enferm. 2009;22(1):17-23. Freire P. Pedagogia da Esperança. Um reencontro com a Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra 1992. p. 245. Loveman E, Frampton GK, Clegg AJ. The clinical effectiveness of diabetes education models for Type 2 diabetes: Asystematic review Health. Technology Assessment. 2008;12(9). Standards Revision Committee of the IDF Consultative Section on Diabetes Education. International Standards for Diabetes Education. 2009. Disponível em: http://www. idf.org/webdata/docs/INTNL-STANDARDS-EN.pdf Norris SL. Self-management education in type 2 diabetes. Practical Diabetology. 2003;22:713. Deakin T, Mcshane CE, Cade JE et al. Review: Group based education in self management strategies improves outcomes in type 2 diabetes mellitus. Cochrane Database Syst. 2005. Rev (2):CD003417. Rickheim PL, Weaver TK, Flader JL, Kendall DM. Assessment of group versus individual education: A randomized study. Diabetes Care. 2002;25:269-74. Murphy HR, Rayman G, Skinner TC. Psycho-educational interventions for children and young people with 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. type 1 diabetes. Diabetes Med. 2006;23:935-43. Hampson SE, Skinner TC, Hart J et al. Effects of educational and psychosocial interventions for adolescents with diabetes mellitus: A systematic review. Health Technol Assess. 2001; 5:1-79. Winkley K, Ismail K, Landau S et al. Psychological interventions to improve glycaemic control in patients with type 1 diabetes: Systematic review and metaanalysis of randomized controlled trials. Br Med J. 2006;333:65-8. Northam EA, Todd S, Cameron FJ. Interventions to promote optimal health outcomes in children with type 1 diabetes – Are they effective? Diab Med. 2006;23:113-21. Brown SA. Interventions to promote diabetes self-management: State of the science. Diab Educ. 1999;25(6):52-61. Norris SL, Engelgau MM, Naranyan KMV. Effectiveness of self-management training in type 2 diabetes: A systematic review of randomized controlled trials. Diabetes Care. 2001;24:561-87. Norris SL, Lau J, Smith SJ, Schmid CH, Engelgau MM. Self-management education for adults with type 2 diabetes: A metaanalysis on the effect on glycemic control. Diabetes Care. 2002;25:1159-71. Gary TL, Genkinger JM, Guallar E, Peyrot M, Brancati FL. Meta-analysis of randomized educational and behavioral interventions in type 2 diabetes. Diab Educ. 2002;29: 488501. Deakin T, McShane CE, Cade JE, Williams RD. Review: Group based education in self management strategies improves outcomes in type 2 diabetes mellitus. Cochrane Database Syst Rev. 2005 Apr 18;(2): CD003417 2014-2015 27. Renders CM, Valk GD, Griffin SJ, Wagner EH, Eijk Van JTHM, Assendelft WJJ. Interventions to improve the management of diabetes in primary care, outpatient, and community settings: A systematic review. Diabetes Care. 2001;24:1821-33. 28. Diabetes na Prática Clínica – E-book – SBD – 2011 – site:www.diabetes.org.br 29. Guzmán JR, Lyra R, Cavalcanti N. Diabetes Mellitus – Vison Latinoamericana. São Paulo: AC Farmacêutica, 2013. 30. Doherty Y, James P, Roberts S. Stage of change counseling, chapter 5. In: Snoek FJ, Skinner TC, editors. Psychology in Diabetes Care. Chichester, UK: John Wiley. 2000; p. 99-139. 31. Knowles J, Waller H, Eiser C, Heller S, Roberts J, Lewis M, et al. The development of an innovative educational curriculum for 11 a 16 yr old children with type 1 diabetes (T1DM). Ped Diab. 2006;7:322-8. 32. Kyriacou C. Essential Teaching Skills, 2nd edn. Cheltenham, UK: Nelson Thornes Ltd; 1998. 33. Colagiuri R, Girgis S, Eigenmann C, Griffiths R. Evidenced Based Guideline for Patient Education in Type 2 Diabetes. Diabetes Australia and the NHMRC. 2008 Oct. 34. Bodenheimer T, Macgregor K, Shafiri C. Helping Patients Manage Their Chronic Conditions. Oakland: California Healthcare Foundation; 2005. 35. Hill-Briggs F, Gemmell L. Problem solving in diabetes self-management and control: A systematic review of the literature. Diabetes Educ. 2007;33(6):1032-50; discus- sion 1051-1032. 36. Langford AT, Sawyer DR, Gioimo S, Brownson CA, O’Toole ML. Patient centered goal setting as a tool to improve diabetes self-management. Diabetes Educ. 2007; 33(6):139S-144S. 37. Franklin VL, Waller A, Pagliari C, Greene SA. A randomized controlled trial of Sweet Talk, a text messaging system to support young people with diabetes. Diab Med. 2006;23:1332-8. 38. Howells L, Wilson AC, Skinner TC, Newton R, Morris AD, Greene SA. A randomized control trial of the effect of negotiated telephone support on glycaemic control in young people with Type1 diabetes. Diab Med. 2002;19:643-8. 39. Anderson, G. Fundamentals of educational research. London: Falmer Press; 1998. 40. Seley JJ, Weinger K. Executive summary. The State of the Science on Nursing Best Practices for Diabetes Self-Management. Am J Nurs. 2007;107(6):6-11. 41. Roter DL, Hall JA, Merisca R, Nordstrom B, Cretin D, Svarstad B. Effectiveness of interventions to improve patient compliance: A meta-analysis. Med Care. 1998;36:1138-61. 42. Barlow J, Wright C, Sheasby J, Turner A, Hainsworth J. Self-management approaches for people with chronic conditions: A review. Patient Educ Couns. 2002;48:177-87. 43. Skinner TC, Cradock S, Arundel F, Graham W. Four theories and a philosophy: Self-management education for individuals newly diagno- 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. Diretrizes SBD sed with type 2 diabetes. Diabetes Spectrum. 2003;16:75-80. Sarkisian CA, Brown AF, Norris CK, Wintz RL, Managione CM. A systematic review of diabetes self-care interventions for older, African American or Latino adults. Diabetes Educ. 2003;29:467-79. Chodosh J, Morton SC, Mojica W, Maglione M, Suttorp MJ, Hilton L, et al. Meta-analysis: Chronic disease self-management programs for older adults. Ann Intern Med. 2005; 143:427-38. Anderson-Loftin W, Barnett S, Bunn P et al. Soul food light: Culturally competent diabetes education. Diabetes Educ. 2005;31:555-63. Mensing CR, Norris SL. Group education in diabetes: Effectiveness and implementation. Diabetes Spectrum. 2003;16:96-103. Funnell MM: The Diabetes Attitudes, Wishes, and Needs (DAWN) Study. Clin Diab. 2006;24(4) Bardsley J, Bronzini B, Harriman K, Lumber T. CQI: A Step by Step Guide for Quality Improvement in Diabetes Education. Chicago, IL: American Association of Diabetes Educators; 2005. American Association of Diabetes Educators (AADE). Individualization of diabetes self-management education. Diabetes Educ. 2002;28: 741-9. 263