ESTRUTURA DO GRUPO SU(2) EM SISTEMAS DISCRETOS. Alexandre Drinko (PIBIC/Fundação Araucária/UEPG), Antonio Sérgio Magalhães de Castro (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Ponta Grossa/Departamento Física. 1.05.00.00-6 / 1.05.01.02-9 Física / Física Clássica e Física Quântica; Mecânica e Campos Palavras-chave: Simetria SU(2), spin 1/2, sistema discreto. Resumo: Faz-se um breve estudo sobre simetrias, com destaque na estrutura do grupo SU(2). Consideramos sua aplicação na descrição da dinâmica de spin 1/2 interagindo com um campo magnético, com ênfase na técnica de Ressonância Magnética nuclear (RMN). Apresenta-se uma análise desta dinâmica por meio do vetor de Bloch, representando a precessão do spin em torno de um dado eixo. Introdução Tanto na Física Clássica quanto na Quântica, simetrias estão associadas ao conceito de grupo e álgebra de Lie (ARFKEN, WEBER, 2007). Define-se um grupo abstrato como um conjunto de elementos, munido de uma operação de fechamento com a existência do elemento identidade e elementos inversos correspondentes a cada elemento do Grupo. O conceito de álgebra de Lie está associado à existência de um espaço vetorial tangente ao grupo de Lie (grupo topológico) na identidade. Os geradores da álgebra de Lie são elementos de um espaço vetorial complexo. Neste trabalho revisamos o grupo unitário SU(2), associado a rotações em um espaço de Hilbert bidimensional da Mecânica Quântica (SAKURAI, NAPOLITANO. 2013). A simetria pode ser detectada na Mecânica Quântica analisando a estrutura do operador Hamiltoniano ̂ Conhecendo a forma do operador Hamiltoniano, é possível detectar sua correspondente simetria e também construir o operador de evolução temporal que descreve a dinâmica do estado quântico de acordo com a simetria dinâmica do Hamiltoniano. Revisão de literatura Com base no estudo de simetrias, compreendidas como um conceito fundamental da Física analisa-se como um grupo pode estar associado à evolução temporal de um sistema quântico discreto a partir da simetria expressa pelo Hamiltoniano. De início, verificou-se a utilização do conceito de simetria e suas implicações na Mecânica Clássica, depois, analisar sua manifestação na Mecânica Quântica seguindo o desenvolvimento elaborado por Cius (CIUS, De CASTRO, 2016). Assim, o objetivo central deste trabalho é compreender o conceito de grupo e suas aplicações em sistemas quânticos discretos nos quais os seus operadores Hamiltonianos podem ser escritos em termo dos elementos da álgebra SU(2). Além disso, explorar a sua relação com o operador de evolução temporal. Resultados e Discussão A compreensão da simetria para sistemas clássicos tem como ponto de partida a análise da invariância de determinados parâmetros ou quantidades, tendo implicação na redução de graus de liberdade de um sistema, permitindo uma simplificação na análise da sua evolução dinâmica. Pode-se explorar as simetrias na Mecânica Clássica através do Lagrangiano do sistema físico em questão e, consequentemente do correspondente Hamiltoniano (MARTINS, 1999). Ideia similar pode ser estendida para sistemas quânticos, onde o foco principal consiste na análise da invariância de quantidades mensuráveis, representadas por operadores definidos no espaço de Hilbert e não mais por funções escalares dependentes de variáveis clássicas. O elemento central para o estudo das simetrias dinâmicas de sistemas quânticos consiste em estudar a forma do operador Hamiltoniano e os invariantes associados, tema a ser considerado em mais detalhes em estudos futuros. Neste trabalho o interesse está em analisar como a simetria dinâmica SU(2) se manifesta por meio da forma do operador Hamiltoniano e considerar a análise de um exemplo prático. Enquanto em sistemas clássicos, rotações no espaço físico são expressas pelo grupo SO(3,R), no espaço de Hilbert da mecânica quântica tem-se o grupo SU(2) como o seu análogo (isomorfo), responsável por rotações dos vetores de estados do sistema quânticos isolados (ARFKEN, WEBER, 2007). O grupo SU(2) é um grupo de matrizes unitárias de ordem 2 e determinante 1, cuja parametrização está definida em termos dos parâmetros complexos e , de acordo com ( ) e os geradores da correspondente álgebra são representados pelas matrizes de Pauli. Já os elementos do grupo SU(2) podem ser escritos na forma (3), onde , ,e são números reais. ( ) ( ) ( ) Na descrição da dinâmica quântica, a evolução temporal do estado de um sistema quântico é descrita pela equação de Schrödinger ⟩ ̂ ⟩ ⟩ representa o estado do sistema físico e ̂ onde o vetor é o operador Hamiltoniano do sistema, gerador de translação temporal do sistema. A solução desta equação fornece a evolução do estado inicial em um instante de tempo inicial , a um estado final em um instante de tempo qualquer. Logo, o estado inicial e final do sistema estão relacionados através de um operador de evolução temporal ̂ de acordo com a equação ̂ ⟩ ⟩ Pode-se explorar um problema de interesse prático em RMN com simetria dinâmica SU(2), que consiste na dinâmica de um spin 1/2 interagindo com um campo magnético sobre um referencial fixo, por exemplo. O Hamiltoniano de interção entre o spin e o campo magnético ⃗ pode ser escrito em termos de elementos da álgebra do SU(2), cuja forma se expressa por ̂ ⃗ ̂ onde e é a razão giromagnética do núcleo e sendo a frequência de Larmor (frequência de precessão do spin em torno do eixo). Os dois autoestados de ̂ correspondem às energias para spin down ⟩ e para spin up ⟩ . O operador de evolução temporal escrito na forma dos elementos SU(2), ̂ ̂ ( ) ̂ aplicando o operador de evolução temporal (7) a um estado inicial na forma ⟩ ⟩ ⟩, onde é o ângulo entre o vetor de estado e o eixo e o ângulo azimutal, observa-se a evolução do estado inicial para o estado final: ⟩ ( ⟩ )( ⟩) ⟩ precessiona em torno do eixo com um ângulo Desta forma o estado fixo e frequência angular . Para visualizar este comportamento do vetor de estado, utiliza-se da representação da esfera de Bloch (NIELSEN; CHUANG, 2010). Escrevendo a matriz densidade em termos das matrizes de Pauli ⟩⟨ Sendo o vetor , (verde) e e tempo (azul). de Bloch, que para este sistema é na forma , ilustrado na Figura 1, com , para os casos em que (vermelho), Figura 1 - Evolução do vetor de Bloch para um referencial fixo. (Fonte: CIUS.D; DE CASTRO.A.S.M, 2016) Conclusões No seu aspecto mais simples, o conceito de simetria em sistemas físicos clássicos, está associado a transformações de coordenadas e seus respectivos invariantes ou quantidades conservadas. Tais transformações podem ser definidas por meio de translação temporal, espacial e rotação. Este aspecto é importante para entender o papel do estudo da simetria em física. No caso de um sistema quântico, conhecendo a álgebra associada ao operador Hamiltoniano é possível saber a forma do operador de evolução temporal, pois ele é um elemento do grupo associado. As propriedades de simetria pertinentes a um dado operador Hamiltoniano estão relacionadas à parametrização do operador de evolução temporal. Tem-se neste aspecto uma motivação para o estudo das propriedades gerais das simetrias e grupos, devido a muitos grupos de Lie serem conhecidos e suas parametrizações estão definidas a priori. Para casos mais gerais onde o Hamiltoniano depende do tempo, encontrar solução analítica para os parâmetros dos elementos do operador de evolução temporal nem sempre é possível, mesmo que ele tenha uma dada simetria. No entanto, o fato de possuir uma simetria, implica na possibilidade de construir métodos analíticos, permitindo classificar sistemas analiticamente solúveis com simetria definida, similares ao método de Messina-Nakazato (MESSINA,NAKAZATO,2014), para sistemas de Nníveis com simetria SU(2) aplicável a sistemas de spins por meio de RNM. Agradecimentos Ao PIBIC/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA pelo apoio financeiro. Ao Prof. Dr. Ruben Auccaise e Danilo Cius pelas valiosas discussões sob os temas desenvolvidos. Referências ARFKEN e WEBER, Física Matemática: Métodos Matemáticos para Engenharia e Física. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. CIUS. D; DE CASTRO.A.S.M, Estudo de Sistemas Quânticos Discretos com Simetria SU(2), Ponta Grossa, DEFIS-UEPG, 5 de Abril de 2016. GOLDSTEIN. H, POOLE. C, SAFKO. J, Classical Mechanics, 3ªed, 2000. GROSS. D. J, The role of symmetry in fundamental physics, Vol.93, p.14256-14259, December, 1996. MARTINS. A. S, Simetrias e leis de conservação na Mecânica Clássica, Revista Brasileira de Ensino de Física, Vol.21, nº1, pág 33-39, Março 1999. MESSINA. A; NAKAZATO. H, Analytically solvable Hamiltonians for quantum twolevel systems and their dynamics. Journal of Physics A: Mathematical and Theoretical Vol.47, 445302, 2014. NIELSEN. M. A; CHUANG. I. L, Quantum Computation and Quantum Information, Cambridge, 2010. ROSEN. 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