Inovação Lexical em Português Margarida Correia Lúcia San Payo de Lemos 2005 3.2. Construção de palavras dentro do sistema do português: Todas as línguas possuem capacidades e meios de obtenção de novas palavras. Estas, geralmente, têm origem em elementos pré-existentes (unidades lexicais e afixos) e como base um conjunto de regras interiorizadas e partilhadas pelos falantes. É a junção destes elementos que dá origem a novos itens, de estrutura normalmente transparente, ou seja, cuja estrutura morfológica é perceptível e o significado é coerente com essa estrutura. Processos de construção de palavras 3.2.1. Derivação -Processo mais disponível para a construção de palavras. Isto verifica-se não só pela quantidade de palavras no dicionário que são derivadas, como, ainda, pela possibilidade de construir novas palavras por derivação. Derivação Afixal (em que intervêm afixos derivacionais): processo binário. Isto é, em cada processo de derivação apenas intervêm, de cada vez, uma base ou radical derivacional e um afixo. Assim, as palavras que apresentem mais do que um afixo derivacional, resultaram não de um, mas de vários processos derivacionais. Uma unidade como desvalorização, que apresenta três afixos derivacionais, foi construída em três etapas distintas: 1. ValorN → valorizarV; 2. valorizarV→ desvalorizarV; 3. desvalorizarV desvalorizaçãoN. Valor é a base ou radical derivacional de valorizar, que, por sua vez é a base de desvalorizar, base de desvalorização. 3.2.1.1. Derivação vs. Composição Nem sempre é fácil estabelecer uma fronteira nítida entre derivação e composição, principalmente quando a estrutura em causa apresenta uma forma à esquerda que tem o estatuto de modificador do elemento da direita (exs: hipermercado, psicopedagogo). Assim, é difícil aferir do estatuto do elemento à esquerda (prefixo ou elemento de composição?) e do estatuto da palavra construída (derivada por prefixação ou composta?). Para que esta distinção possa ser feita há que saber distinguir na perfeição os dois processos de construção de palavras. A derivação distingue-se da composição essencialmente pelos seguintes factores: - Na derivação existe apenas uma unidade de significado lexical, a base da derivação à qual se junta um afixo (prefixo ou sufixo), ou dois (prefixo e sufixo, no caso da derivação parassintética), para formar uma nova unidade lexical; - Na composição há pelo menos duas unidades de significado lexical, autónomas ou nãoautónomas, previamente existentes na língua, que se unem para formar uma nova unidade lexical; - A derivação é um processo de formação de palavras mais regular, dado que o numero de afixos derivacionais de uma língua é um conjunto limitado e governado por regras que permitem: a)determinar a categoria da base; b) determinar a categoria do derivado; c) prever o significado do derivado a partir dos dois elementos anteriores; - Os afixos derivacionais caracterizam-se fundamentalmente por serem portadores de informação meramente gramatical e por pertencerem a classes de limitadas unidades. A composição é um processo menos previsível dado que: - O número de unidades que podem estar na base de compostos é praticamente ilimitado; - Quando se fala de composição sintagmática, é impossível prever quais os sintagmas que se lexicalizarão, dado que, basicamente esse processo é condicionado por factores extralinguísticos; - Os elementos intervenientes na composição são portadores de significado lexical e podem ser classificados como pertencentes a uma classe maior de palavras (subs, adj, v, adv). 3.2.1.2. Intervenientes na derivação Na derivação afixal intervêm normalmente, pelo menos, dois elementos: - a base, isto é, a unidade que é portadora de significado lexical; - o(s) afixo(s) derivacional(ais). 3.2.1.2.1. A base da derivação Nem sempre os afixos operam sobre os radicais, existem casos que fogem à regra. Um deles é o do sufixo –mente: quando a base é um adjectivo variável, o sufixo opera sobre a forma de feminino – exs.: candidamente, rapidamente. Ainda outra excepção é a dos derivados com sufixos do tipo de –zinho ou –zito, cujas bases apresentam marcas flexionais – exs.: leãozinho/ leõezinhos; animalzinho/ animaizinhos. Existem, ainda, sufixos intervenientes na construção de deverbais(*) que operam, por exemplo, sobre o tema do verbo Exs.: O sufixo –vel em variável O sufixo –nte em pedinte Ou sobre o tema do particípio passado Exs: O sufixo –eir em engomadeira / vendedeira/ cantadeira O sufico –or em aspirador/ ventilador/ centrifugador [ (*) Deverbal é um nome derivado de um verbo, que expressa seu sentido de forma abstracta. Ex: "choro", formado do verbo "chorar". ] A base da derivação pode ser: - uma palavra simples ou primitiva autónoma, que não se pode decompor por ser constituída apenas por um elemento Ex: caseiro [ [cas]N (eiro)suf ]Adj; - uma palavra simples, cuja estrutura interna contém apenas um elemento, autónoma ou nãoautónoma Ex: lunar [ [lun]N (ar)suf ]Adj; - uma palavra derivada, dada a recursividade da derivação Ex: constitucionalizar [ [constitucional]A (iz)suf ]V; - uma palavra composta Ex: agronomia [ [agr] (o) [nom] ]N (ia)suf ]N; - muito raramente, uma locução Ex: atempar (< a tempo) [ [a temp]Adv (ar)suf ]V; 3.1.2.2. Os afixos derivacionais Podem ser prefixos e sufixos. 3.2.1.3. Tipos de derivação 3.2.1.3.1. Sufixação O sufixo derivacional tem as seguintes características: - ocorre sempre à direita da base; - determina a categoria do derivado - determina a silabada tónica da palavra A sufixação actualiza os seguintes processos em português: Verbalização: Denominal (ex: óle(o)N olearV ) Deadjectival (ex: realA realizarA ) Deverbal (ex:salt(ar)V saltitarV ) Nominalização: Deverbal (ex: realiza(r)V realizaçãoN ) Deadjectival (ex: alcoólic(o)A alcoolicidadeN Denominal ( ex: pastelN pastelariaN ) Adjectivalização: Denominal ( ex: morfolog(ia)N morfológicoA ) Deverbal ( ex: actua(r)V actuanteA ) Deadjectival ( ex: pequen(o)A pequeninoA ) Adverbialização: Deadjectival ( ex: felizA felizmenteAdv ) 3.2.1.3.2. Prefixação O prefixo tem as seguintes características: - ocorre sempre à esquerda da base; - corresponde frequentemente a antigas preposições e advérbios latinos e gregos; - tem um conteúdo semântico menos gramatical do que o sufixo, levando por vezes a situações em que é difícil distinguir entre prefixos e elementos de composição. Exemplos de palavras derivadas por prefixação: fazerV desfazerV; fazerV refazerV; rugasN anti-rugasA; contitucionalA inconstitucionalA. Normalmente o prefixo não altera a categoria da base. Porém, tem vindo a ser demonstrado que certos prefixos são passíveis de alterarem a categoria da base, como é visível nos seguintes exemplos: moralN amoralAdj; rugasN anti-rugasA; independênciaN pró – independênciaAdj. A prefixação em português pode ser, sumariamente, organizada em torno dos seguintes eixos semânticos: Negação/ Oposição/ Privação – in- (infeliz), não- (não-alinhado), des(desfazer), anti- (anti- imperialista)… ; Localização espácio-temporal – ante- (antecâmara), pré – (pré-natal), pós – (pós - doutoramento) …; Quantificação/ Intensificação/ Avaliação – hipo – (hipotensão), hiper – (hipertensão), bi- (bimotor), micro – (microssegundo), tetra – (tetraplégico), super- (super-interessante), mega – (megaconcerto). Um dos problemas que se colocam, frequentemente, em relação às palavras derivadas por prefixação é o de saber se deve ou não colocar-se hífen na sua grafia. O hífen utiliza-se sempre que: - o prefixo é acentuado graficamente – ex.: pré-natal; - o prefixo termina em vogal e a base começa por vogal, sendo ambas idênticas – ex.: antiinfeccioso; - a base começa pelo grafema h, dado que não existem palavras em português que contenham h em posição medial, a não ser quando este grafema faz parte dos dígrafos lh e nh – ex.: sobrehumano; O prefixo acaba com vogal e a base começa por r ou s, porque a manutenção da sua forma fonética no seio do derivado implica o redobro da consoante – ex.: contra-revolução, antisemita. 3.2.1.3.3. Derivação parassintética Consiste na junção simultânea de um prefixo e um sufixo a uma base. Ex.: Abonecar [ (a)pref [bonec]N (ar)suf ]V; Avermelhar [ (a)pref [vermelh]N (ar)suf ]V Todos os seus produtos são verbos derivados de nomes ou de adjectivos. A parassíntese distingue-se, então, dos restantes casos de afixação, dado que aparentemente é o único caso em que dois afixos se juntam a uma base simultaneamente. ? Se olhar-mos para os exemplos anteriores, verificamos que não “existem” as “fases intermédias” dos derivados: - não existe *abonecaN; - não existe *bonecarV, O mesmo não acontece, por exemplo, com os derivados desnacionalizar ou infelizmente, que não são derivados parassintéticos, dado que: - existe nacionalizarV (embora a forma *desnacionalA não seja possível, dado que des – é um prefixo que selecciona como bases fundamentalmente verbos); - existe felizmenteAdv e infelizAdj. 3.2.1.3.4. Derivação regressiva Em vez de se juntar um afixo a uma base, se retirar um segmento a uma base. Trata-se sempre de um processo de nominalização deverbal, isto é, as bases de derivação regressiva são sempre verbos e os seus produtos são sempre nomes de acção, isto é, nomes parafraseáveis por “acção de V/ efeito da acção de V”. Exs.: Fug(ir)N fugaN; Atac(ar)V ataqueN; Us(ar)V usoN. A identificação dos derivados sem sempre é fácil, visto que não envolve a presença de um afixo e que existe em português o processo derivacional de sentido inverso, isto é, a verbalização denominal. Como distinguir o sentido do processo derivacional nos casos abaixo representados? Entreg(ar)V entregaN; Combat(er)V combateN; óleoN ole(ar)V; dígitoN digit(ar)V. O nome resultante de derivação regressiva é sempre um tempo de acção, ou seja, o seu significado é apenas computável em função do significado do verbo que lhe serviu de base. Os dicionários definem estes nomes (entrega, combate, recobro) por meio da paráfrase “acto ou efeito de V (entregar/ combater/ recobrar) ”. Conversão. A conversão (conhecida também como “derivação imprópria”) consiste numa mudança de categoría, de significado e também de padrão flexional, esta não introduz qualquer distinção entre base e derivado. Alguns dos processos de conversão mais frequentes são: A nominalização deadjectival: um adjectivo nominaliza-se. Exs: Eléctrico A ---> Eléctrico N (“meio de transporte urbano”); Português A ---> Português N (“Indivíduo natural ou habitante de Portugal; língua própria de Portugal”) A adjectivalização denominal: um substantivo adjectivaliza-se. Exs: Burro N ---> Burro A (“que se comporta como estereotipicamente se comporta um burro; estúpido; teimoso”); Rosa N ---> Rosa A (“ da cor que têm as rosas, estereotipicamente”); Adverbialização deadjectival: um adjectivo passa a advérbio, como pode verificar-se nos seguintes exemplos: (1) O Belmiro começou a falar alto. (2) A Maria apostou forte no totoloto desta semana. A gramática tradicional inclui, nos casos de conversão, fenómenos que não podem ser classificados como tal. Um desses fenómenos é o de nominalização deverbal, como: olhar N ou comer N. A não inclusão desses casos na conversão prende-se com o facto de se considerar que a forma do infinitivo do verbo é uma forma flexionada do mesmo e não o seu radical derivacional, pelo que estes casos serão tratados como sendo resultantes da lexicalização de formas flexionadas. Um dos tipos de conversão que ocorre com mais frequência é a conversão de focalização, que consiste na adopção do adjectivo que denomina a qualidade mais relevante do objecto em causa para denominar o objecto portador dessa qualidade. Exs: generico, fino. Outro tipo de conversão é a que intervem nas denominações das cores em português. Como: Cores compostas (exs: Azul-bebé, verde-garrafa) Cores resultantes da adjectivalização de formas de participio passado (exs: encarnado = “da cor da carne”) Cores derivadas por sufixação (exs: cinzento = “da cor da cinza”) Cores resultantes da conversão de nomes de objectos (exs: castanho = “da cor das castanhas”, laranja = “da cor que as laranjas tipicamente têm”). Composição Processo de construção de palavras no qual intervêm pelo menos duas unidades de significado lexical. A gramãtica tradicional distingue também os conceitos de “Composição por Justaposição” e “Composição por aglutinação”, isto tem a ver com a estrutura fonologica dos compostos. É uma composição por justaposição quando se unem os vocábulos sem perder do todo a sua autonomía, ou seja, não altera a sua integridade fônica. Exs: “porco-espinho”, “guarda-roupa”, “girassol”, “passatempo”. É uma composição por aglutinação quando há perda de fonema ou de tonicidade (uma sílaba tónica passa a átona). Exs: Agua + Ardente = Aguardente Vossa + Mercê = Você Em + Boa + Hora = Embora A composição se distingue em dois processos: Composição Morfológica. Composição Sintagmática. Composição Morfológica. Consiste na construção de palavras compostas a partir de unidades não autonómas, estas unidades são geralmente de origem Latinas e gregas e resultantes da truncação ou recomposição de outras palavras. Na construção de compostos morfológicos intervém uma vogal de ligação “o” ou “i”. Exs: Psic + -o- + log(o) ---> Psicólogo agr + -i- + cultura ---> Agricultura Existem casos de compostos por estruturas de suboordinação, estes são constituidos obedecendo uma ordem específica dos elementos: determinante + determinado. Exs: Hexa + petalon = hexapetalo (que tem 6 pétalas), psico + grama = psicograma (registo das características psiquicas de um individuo). Em casos de estruturas de coordenação, nenhum dos elementos constitui o nucleo do composto, mas sim apresenta-se com dois adjectivos coordenados Exs: Luso-Brasileiro, AfroAmericano. Composição Sintagmática (lexicalização de sintagmas). É a sequência lexical cuja ordem dos elementos constituintes é sempre a mesma, determinado seguido do determinante, e a união dos membros é de natureza sintáctica e semântica, de forma a constituirem uma unidade lexical. Entende-se por lexicalização, o processo pelo qual determinadas unidades construidas em outras componentes da gramática (sintáctica, morfológica e discursiva) se transformam em unidades lexicais, que passam a funcionar como unidades lexicais de pleno direito. Exs: Pena de morte (sintagmática), saída (morfológica), para-arranca (discursiva). Nos seguintes exemplos vemos que a passagem dá-se da componente sintáctica para a lexical, ou seja, o significado do sintagma deixa de ter o seu significado composicional e passa a ter um significado diferente. Exs: Amor-perfeito (Amor que é perfeito) (planta) Pára-Quedas(que para/impede as quedas) obecto que serve para abrandar a velocidade de um objecto ou individuo em queda livre) A flexão dos compostos sintagmáticos rege-se pelas regras da sintaxe, quer dizer, semântica ou referencialmente, construir o plural como se um sintagma se tratasse. Exs: facas – eléctricas, azuis – escuros. Os compostos sintagmáticos são nomes cuja estrutura é frequentemente correspondente a uma das seguintes estruturas sintagmáticas. N + Adj: queda livre, guarda nocturno, pena capital; Adj + N: alta fidelidade, bom-bocado; N + SP: Sala de Jantar; N + N: couve-flor, operação relámpago; V + N: saca rolhas, guarda fatos; Prep. + N: sem abrigo. O composto também pode ser um adjectivo, apresentado nas seguintes estruturas: Adj + Adj: Azul-claro, cinzento-escuro, surdo-mudo Adv. + Adj: Bem-vindo, mal-educado. É importante distinguir os compostos de estrutura N+N e V+N, dado que apresentam características particulares. Os compostos N+N mais frequentes são os compostos edocêntricos, que se caracteriza pelo facto de o composto denominar um hipónimo do seu núcleo, ou seja, o nome da direita funciona como um modificador do nome da esquerda. Exs: Comboio-fantasma = é um tipo de comboio Verde-alface = é uma tonalidade da cor verde. O elemento da direita encontra-se subordinado ao nome da esquerda, pelo que é visível no modo como se constroem as formas do plural. Ex. Comboio-fantasma = ComboioS-fantasma Outros compostos da estrutura N+N são os copulativos, estes são compostos que permitem denominar uma entidade a través da coordenação das suas propriedades. Exs: Cirugiãodentista, que no plural ambos os elementos do composto exibem as mesmas marcas. Ex. Cirugiões-dentistas. Nos compostos da estrutura V+N exibem-se formas verbais flexionadas na sua estrutura. Ex: lava-loiças. Se se trata-se de compostos sintagmáticos stricto sensu, seria de esperar que a formação do plural respeitasse a estrutura sintagmática do mesmo (lavam-loiça), mas neste caso não acontece. Recomposição É um tipo de composição morfológica que envolve pseudoprefixos ou prefixoides (unidades não-autónomas de significado lexical resultante da truncação de outra unidade). Frequentemente surgem compostos que, embora aparentando ser meros compostos morfológicos, apresentam uma estrutura mais complexa. Ex: Telenovela, o elemento tele já não é o radical de origem grego “tele” (longe, a distancia) mas sim um elemento que resulta da truncação da unidade “televisão”. Processos deformacionais da construção de palavras. Os processos envolvidos são: Amálgamas Truncações Siglas e Acrónimos. Amálgamas Sáo unidades lexicais constituidas com partes de outras palavras, que se juntam e formam uma palavra gráfica. Ex: Telemóvel ---> Telefone + móvel ou Telefone no automóvel. Truncação ou abreviação vocabular Processo pelo qual a forma de uma palavra se reduz, tornando a unidade mais facilmente memorizável e utilizável. Ex: Otorrino ---> Otorrinolaringologista Euro ---> Moeda Europeia. Siglas e Acrónimos: Siglas: unidades contruidas através da junção das iniciais de um sintagma que constitui uma denominação. Ex: PCP, PSD, PS, APL Acrónimo: unidade formada por letras ou conjuntos de letras que se pronunciam como uma palavra (têm a estrutura silábica da língua onde se formam). Ex: ONU, EPAL, sapo, Abralin O que destingue sigla de acrónimo é o respeito pela esrutura silábica da língua. (ONU é uma sigla mas também é um acrónimo pois está em concordância com a estrutura silábica do português, ao contrario de UGT(União Geral de Trabalahdores) que é apenas uma sigla). Lexicalização de formas flexionadas: Corresponde á entrada na componente lexical de unidades cujo lema é a forma flexionada de outra palavra. Um exemplo disso é a nominalização deverbal (parte-se de um verbo para formar um nome) e adjectivação de formas particípio passado. ( Estes dois casos não estão incluidos na conversão porque considera-se tanto o infinitivo como o participio passado dos verbos formas flexionadas e não os radicais derivacionais). Ex: Olhar-Olhar (“O olhar”)/ Comer-Comer(“aquilo que se come”)/ Aguado( aguar-dissolver em água)-Aguado(“estragado”) Lexicalização de unidades discursivas: Transformação de frases ou partes de frases em componente lexical na categoria dos nomes. Ex: dois-em-um, pára-arranca Reutilização de palavras já existentes: Consiste na aquisição de novos significados por parte de palavras já existentes, tornando-as deste modo polissémicas. Podemos destinguir dois processos : - a aplicação sistemática, sendo próprios dos sistema línguistico, - a aplicação pontual. Na aplicação sistemática, temos como exemplos: Nomes de animais de carne comestivel, (ex: Comi porco. vs. Vendi o porco.) Nomes de qualidade que permitem denominar os portadores dessa mesma qualidade,(ex: Foram convidades diversas personalidades.) Nomes de acção que permitem denominar quem pratica essa mesma acção,(ex: Governo, aqueles que governam.) Nomes de sufixo –aria que tanto podem denominar arte de manufactura como o local onde são manufacturados,(ex: Comprar bolos na pastelaria. Vs. A pastelaria portuguesa é muito rica.) Na aplicação pontual podemos destinguir: Metáfora (processo pelo qual nomeio A por meio do nome B, tendo por base a sua semelhança) Ex: Biberão (garrafa que serve para alimentar bebés- avião que reabastece outro em pleno voo)/ Braço (membro superior do corpo humano- cada uma das espirais de uma galáxia). É importante notar que a metáfora não ocorre isolada, mas faz parte de um sistema, dado que ela ocorre porque se apreende um determinado esquema conceptual em função de outro. Temos como exemplo disto o verbo navegar, que descreve deslocação em meio liquido, numa nave, com ponto de partida e outro de chegada. Como a evolução navegar deixou de ser algo restrito ao mar assim ocorre a evoluçaõ do termo também, navegação aérea, navegação espacial, navegar na internet. A estas transferências conceptuais chamam-se “empréstimos internos”. Metonímia (processo pelo qual nomeio A por meio do nome de B, tendo por base uma relação de contiguidade). Ex: Colheita (acção de collher- bens que se colhem)/ Fonte (lugar onde brota água continuamente- bica por onde corre água). Importação de Palavras: Este é processo de inovação lexical que mais choca o falante, dado o facto de serem produzidas em sistemas linguisticos distintos do nosso, muitas vezes com caracteristicas violadoras do sistema linguistico importador. E devido á descaracterização do idioma receptor pela a substituição de palavras vernáculas. Dentro da Importação de Palavras podemos distinguir empréstimo e estrangeirismo. Empréstimo- em que a palavra importada se adapta á lingua receptora. Esta adaptação dá- se aos mais distintos niveis: -Fonológico: mudança de acentuação na palavra ou perda da distinção em relação á quantidade de vogais. -Ortográfico: adopção de uma grafia em consonâcia com as normas da língua portuguesa.(stress-stresse) -Morfológico: pode ocorrer tanto na forma de mudança de género, na substituição dos sufixos originais pelos portugueses. (pizzeria-pizaria) -Semântico: em que a palavra adoptada pode manter o sentido original (net), pode apresentar o mesmo sentido e outros novos (dossiê) ou a palavra adoptada apresenta um sentido novo (bife). Estrangeirismo- em que não existe qualquer alteração á palavra acolhida.