Pesquisa Clínica em Vacinas Dr. Marco Aurélio P. Sáfadi Professor Assistente de Pediatria da F.C.M. da Santa Casa de São Paulo Vacinas desenvolvidas Desde Jenner Mais de 2 séculos de história rabies varíola 1700 1800 1900 1910 cólera tétano tuberculose difteria Febre tifóide 1920 1930 1940 • Meningite C • Pneumococo (7v) • HEXA • Lyme Rota DTPa-eIPV /Hib HA/HB DTPa-HB DTPw-HB/Hib DTPa/Hib DTPa ETEC / cólera DTPw-(eIPV)/Hib hepatite A Hib hepatite B varicela pneumococo meningococo rubéola caxumba sarampo OPV (pólio Sabin) IPV (pólio Salk) febre amarela influenza coqueluche 1950 1960 1970 1980 1990 2000 • Rotavírus Rotavírus HPV • Dengue • HIV • Malária Futuro... Paradigmas do Desenvolvimento de Novas Vacinas • Elevado risco financeiro – poucas vacinas que • • iniciam a fase I conseguem alcançar a fase III (menor número ainda é licenciado) “Quanto mais avança no desenvolvimento uma vacina candidata menor é o risco”. Menos investimentos em vacinas – uso único na vida vs. medicamentos de uso diário p. ex. Desenvolvimento de Novas Vacinas • Fase de investigação (estudos clínicos): • • Fase I Fase II Fase III Licenciamento Pós-licenciamento Fase IV Desenvolvimento de Novas Vacinas • Fase I: O objetivo principal é obter dados preliminares de segurança e imunogenicidade. Geralmente utiliza um N pequeno (20 a 80) de adultos voluntários. Para vacinas destinadas a populações pediátricas ocorre uma progressiva diminuição das faixas etárias avaliadas. Incidência Incidência (por (por 100.000 100.000 hab.) hab.) 45 45 40 40 35 35 30 30 25 25 20 20 15 15 10 10 55 00 <1 <1 11 -- 44 55 -- 99 10 10 -- 14 14 15 15 -- 19 19 20 20 -- 39 39 Funasa, Funasa, 2002 2002 >> 40 40 Faixa Faixa Etária Etária Doença Meningocócica: Distribuição por Sorogrupo, São Paulo, 1990 - 2004 % 70 70 Sorogrupo B Sorogrupo C 60 60 57% 57% 50 50 40 40 38% 38% 30 30 20 20 10 10 00 1990 1990 1991 1991 1992 1992 1993 1993 1994 1994 1995 1995 1996 1996 1997 1997 1998 1998 1999 1999 2000 2000 2001 2001 2002 2002 2004 2004 Ano Ano CVE CVE ! Idade na vacinação N Concentração média anti sorogrupo C (mg/ml) 18 – 25 a. 22 33.5 6 – 8 a. 49 7.64 2 – 5 a. 33 5.54 18 m. 24 3.10 12 m. 38 2.10 7 m. 41 1.25 3 m. 76 0.42 * from Lepow et al.: Meningococcal Vaccines in Vaccines (Plotkin and Orenstein, eds.) W.B. Saunders, Philiadelphia, 1999 Fase I (94-C001): Títulos de AC e Atividade Bactericida Sérica contra Meningococo C ! ! " ) - "#$$% &' ( # $ " # $ %# $ * *+' , ' *,. +./ 0* ** '/ *0. '+ * Títulos de Anticorpos após vacina Conjugada MnC-TT vs. Vacina Polissacarídica A/C em Adultos &$$' ()*+ " ) - # $ ' (,-+ ./0 # $ ./0 *+' ** ,# .1 ,* *. #0,. +./ 00/,#*' *1' .1. *1 #0.0* *0. /0 # +0 '.' 0*#101 2 * .+ 2 * Fase I: Segurança em Adultos (94-C001) 61 EAs relatados: 57 considerados relacionados 56 leves 5 moderados Nenhum grave Reações locais: Edema (50%), eritema (47%), dor (37%) Reações sistêmicas: Cefaléia (7%), mialgia (7%); ausência de febre após 72 h. da vacinação Conclusões da Fase I • Vacina se mostrou segura, com poucos eventos adversos leves e moderados (nenhum grave) e com boa imunogenicidade em adultos. Desenvolvimento de Novas Vacinas • Fase II: objetivo é demonstrar a segurança e imunogenicidade com estudos randomizados e controlados: Em um grupo maior (centenas de pacientes); População alvo da vacina (lactentes p. ex.); Formulação ideal ( [ ]; adjuvantes, etc..); Compatibilidade com outras vacinas; Risco de transmissão para contatos de vacinas de vírus vivos (OPV, RV, SCR, VZ) Fase II / Crianças > 1 ano: Soroconversão Bactericida rSBA* Título MnC-TT MnC-CRM197 197 MnC-CRM197 197 n= 72 71 72 GMT## 564 141 123 0 8 8 % Casos 8 - 64 10 24 40 % Casos > 128 90 68 52 % Casos < 4 ** baby baby rabbit rabbit complement complement serum serum bactericidal bactericidal activity activity ## geometric geometric mean mean titer titer 3 3 4 4 5 5 !! !! . / 1 . , #+ '' . /%'(6 %'(6* * 1 . , #+ * * Títulos de Anticorpos Bactericidas Fase II / Crianças > 1 ano: Memória Imunológica após Vacina Meningocócica C Conjugada MnC-CRM MnC-CRM 10000 MnC-TT MACP alone 1000 100 10 1 Pos MC-C Pré-reforço aos 6 meses Pós-reforço wPS P. Richmond, et.al., PHLS Communicable Disease Surveillance Centre, Interscience Conference on Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 1999. 1 2 ) ' 4 OAc+ C11 3 " &$$5 6 OAc+ C2a 7+ OAc- C2a Títulos SBA 10000 1000 100 10 1 2 3 Meses 4 5 13 MnC-TT MA/C 78 ) ! " 6) ! $:7 ;< 9' #'#0! MnC-TT DTP / Hib* Eritema > 2.5 cm 8/245 (3.3) 14/301 (4.7) Edema > 2.5 cm 18/245 (7.3) 14/301 (4.7) 7/245 (2.9) 12/297 (4.0) 41/247 (16.6) 70/301 (23.0) Febre > 38ooC > 3 sintomas Sistêmicos após 24 h Choro > 1 h até 24 h após 6/247 (1.9) • Nenhum EAS com MnC-TT * infants receiving DTP/Hib alone (Goldblatt et al BMJ 1996) p > 0.05 2/301 (0.7) 78 63 ! > ! = = "#$$%/+#" 16 DTP/PRP-T isolada Níveis de anticorpos 14 MnC-TT + DTP/PRP-T 12 10 8 6 4 2 0 Hib (µ µg/ml) Difteria (IU/ml) : 3 ?! T"tano (IU/ml) :;8)" )" */// ( Fase II: Aplicação simultânea de DPaT-Hib-HB-IPV e MnC-TT em Lactentes @ A& '' %B ! ?( @ ' : $#;<#; # :C% 7 "#$$ ! @ AD ? ; @ C 5 : D ' 0! ( 7 " : ! D 5 ): 0 Conclusões da Fase II • A vacina meningocócica conjugada (MnC-TT) se mostrou imunogênica em lactentes, com presença de memória imunológica, poucos eventos adversos (nenhum grave) e sem interferência com outras vacinas (OPV, IPV, HB, DPT, DPaT, Hib) aplicadas simultaneamente. Desenvolvimento de Novas Vacinas • Fase III: objetivo é demonstrar a eficácia e segurança com estudos randomizados e controlados, duplo-cegos: Servem como base de evidência para o licenciamento das vacinas e introdução nos programas de saúde pública. Pelo menos dois estudos de eficácia – ideal. Tamanho da amostra influenciado pela incidência da doença Fase III: Estudo comparativo de uma, duas ou três doses de MnC-TT •• Aberto, Aberto, randomizado randomizado •• N=600 N=600 •• 1, 1, 22 ou ou 33 doses doses –– 22 meses meses –– 22 ee 44 meses meses –– 2, 2, 3, 3, ee 44 meses meses •• DTP, DTP, Hib, Hib, OPV OPV administrada administrada simultaneamente simultaneamente •• Coleta Coleta 28 28 –– 42 42 dias dias após após vacinação vacinação primária primária // desafio, desafio, exceto exceto para para um um subgrupo: subgrupo: 77 –– 10 10 dias dias após após desafio desafio •• Desafio Desafio com com Polissacáride Polissacáride aos aos 13-14 13-14 meses meses de de idade idade para para todos todos lactentes lactentes atingindo atingindo títulos títulos SBA SBA ≥≥1:16 1:16 ao ao completar completar o o esquema esquema proposto proposto Atividade Atividade Bactericida Bactericida Sérica Sérica (rSBA) (rSBA) contra contra Fenótipo Fenótipo C11 C11 de de acordo acordo com com o o número número de de doses doses rSBA titers > 1:8 > 1:16 > 4 fold increase n/N 179/182 176/182 174/182 % 98.4% 96.7% 95.6% 95% C.I. 95.3 ; 99.7 93.0 ; 98.8 91.5 ; 98.1 n/N % 95% C.I. 188/188 100.0% 98.1 ; 100.0 188/188 100.0% 98.1 ; 100.0 187/188 99.5% 97.1 ; 100.0 n/N 172/173 172/173 170/172 % 95% C.I. 99.4% 96.8 ; 100.0 99.4% 96.8 ; 100.0 98.8% 95.9 ; 99.9 Study group One dose Two doses Three doses Analise da Resposta à Dose Desafio – Títulos rSBA C11 rSBA against C11 phenotype Pre challenge Post challenge Study group One dose Two doses Three doses N GM T 144 10.4 147 20.7 141 21.5 95% C. I. of GMT N 7.5 ; 14.3 14.6 ; 29.4 15.8 ; 29.2 166 157 143 GMT 6376.6 3556.2 2945.9 95% C. I. of GMT 4887.5 ; 8319.4 2699.9 ; 4684.1 2116.1 ; 4101.1 ESTUDO CLÍNICO DE EFICÁCIA KAISER PERMANENTE DESENHO DO ESTUDO: • Randomizado, Duplo-Cego, Controlado. PnC7V vs Controle ( MnCC) 1:1 • 37.000 Lactentes Saudáveis de 2 meses de idade • Imunização aos 2, 4, 6 m e Reforço aos 12-15 m Shinefield and Black ( NCKP), 2000 89: ;8 3 $9<= 94 > Pacientes PnC-7V : MnCC Eficácia Estimada D/P 1: 7 85,7% D/NP 1: 8 87,5% Todos Sorotipos 1: 10 90,0% D/P: Dose de acordo com o protocolo D/NP: Dose independente do protocolo NCKP, PIDJ,2000 89: ;8 8?; 3 $9<= 91 @ Casos Eficácia 1309 11,4% Com RX 849 13,8% Com RX Alterado 152 33,0% 33 73,1% Pneumonia Clínica Consolidação ao RX NCKP, PIDJ,2000 EFICÁCIA NAS DOENÇAS INVASIVAS Todos os Sorotipos Pacientes PnC-7V MnCC Eficácia D/P 4 48 91,7% D/NP 7 62 88,7% D/P: Dose de acordo com o protocolo D/NP: Dose independente do protocolo NCKP, PIDJ 2000 Estudo Clínico de Eficácia da Vacina contra Hepatite B DESENHO DO ESTUDO: • Randomizado, Duplo-Cego, Controlado. Hep B vs placebo 1:1 • 1.000 pacientes de uma população com elevado risco de infecção são suficientes para demonstrar, de maneira convincente, a eficácia da vacina Plotkin & Orenstein, 2004 Desenvolvimento de Novas Vacinas • Fase IV (Pós-licenciamento): Vigilância de eventos adversos raros Efetividade Duração de proteção Diminuição da incidência da doença Estudos caso/controle Vacina RRV-TV (Rotashield®) • Licenciada nos EUA em 1998, recomendada pelo ACIP (1.000.000 crianças vacinadas) VAERS (1999): • 15 casos de intussuscepção, 11 com até uma semana após a vacina • Retirada de circulação em Outubro de 1999: RISCO DE INTUSSUSCEPÇÃO (1 / 11.000 VACINADOS) MMWR, 1999, 48:1007 Incidência anual de varicela (EUA) Licenciamento da vacina E3 ' 16 ,,0 Eficácia Eficácia da da vacina vacina em em surtos surtos de de varicela varicela (2001 (2001 –– 2004) 2004) (%) 100 100 90 90 95 95 85 85 90 90 86 86 79 79 72 72 80 80 70 70 56 56 60 60 44 44 50 50 Qualquer varicela Varicela mod/grave 40 40 30 30 20 20 10 10 00 NEJM NEJM 2001 2001 JID JID 2002 2002 NEJM NEJM 2002 2002 Pediatr Pediatr 2004 2004 JID JID 2004 2004 Persistência de AC após 9 anos Distribuição do número de casos de Meningite Bacteriana em São Paulo, 1990 - 2002 N. N. meningitidis meningitidis H. H. influenzae influenzae b b S. S. pneumoniae pneumoniae 2500 2500 2000 2000 1500 1500 1000 1000 imunização imunização Hib Hib 500 500 00 1990 1990 1991 1991 1992 1992 1993 1993 1994 1994 1995 1995 1996 1996 1997 1997 1998 1998 1999 1999 2000 2000 2001 2001 2002 2002 CVE, CVE, 2002 2002 Impacto da MnC no Reino Unido Redução (%) 140 120 c a s o s 100 80 81 83 60 64 80 40 89 88 20 0 <1 1998/99 2000/01 1a2 3a4 5a9 10 a 14 15 a 17 Faixa etária Vaccine 20, Out,2001 63% < 1:8 Eficácia Vacinal após quatro anos de acordo com a idade total 100% até 1 ano um a quatro anos 80% 60% 40% 20% 4 - 18 anos 3 - 4 anos 1 - 2 anos -40% 5 - 11 meses -20% 2, 3 e 4 meses 0% -60% -80% -100% Trotter CL, Andrews NJ, Kaczmarski EB. Lancet 2004;364:365-7. Vacinas Pediátricas Combinadas • Devem ser estáveis e duradouras • Os componentes devem ter sua aplicação recomendada para a mesma idade • Os efeitos adversos devem ocorrer em níveis aceitáveis • Manter a imunogenicidade e a eficácia dos componentes individuais (não inferioridade) Resposta de AC 6 semanas após a Vacinação com MMRV – (Protocolo 012) Antigen M-M-R®II + VARIVAX® MMR MMR ++ VARICELA VARICELA N= 1015 1015 (N = 1012)N= SCR† (95% CI) GMT Measles 97% (96, 98) 2985 98% (96, 99) 2138 Mumps 96% (95, 97) 96 98% (97, 99) 90 Rubella 99% (98, 99) 89 99% (98, 100) 104 Varicella (% ≥ 5) 94% (92, 95) 18 95% (93, 96) 18 † . ProQuad® MMRV N= MMRV N= 2915 2915 (N =2915) GMT SCR† (95% CI) Seroconversion rates for measles, mumps, & rubella; % ≥ 5 for varicella. Porcentagem de Crianças com eventos adversos (Dias 0 a 42 Pós-vacinação) MMRV N = 4497) M-M-R + VARICELA (N = 2038) Injection-site adverse experience† 30.4% 34.6% Measles-like rash† 3.2% 2.2% Varicella-like rash 2.4% 2.5% Fever 37.2% 31.5% Adverse Experience ( 102° F (38.9°C) oral equivalent or abnormal)† † Statistically significant difference in incidence rates Pesquisa clínica em vacinas não é tarefa para amadores............... Fim, Obrigado.