A presença da Literatura Portuguesa nas pesquisas de pós-graduação na Universidade de São Paulo ____________________________________________________________________________________ Resumo Este trabalho apresenta uma análise quantitativa da base de dados do banco de dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre Literatura Portuguesa da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo -USP. Palavras-chave: Literatura Portuguesa – Pesquisa – Pós-Graduação – USP. Abstract This paper presents a quantitative analysis of the database of dissertations and doctoral theses on Portuguese Literature of the Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas of the Universidade de São Paulo- USP. Keywords: Portuguese Literature - Research - Graduate School - USP. ____________________________________________________________________________________ O que pretendemos apresentar a seguir constitui-se como resultado parcial de uma pesquisa mais abrangente, desenvolvida em nível de pós-doutorado, cujo projeto inicial intitulase A presença da Literatura Portuguesa no Brasil: percursos e percalços do ensino e da pesquisa no processo de constituição da área de Literatura Portuguesa nas universidades brasileiras. A pesquisa encontra-se em andamento, tem como sede a Universidade de São Paulo (USP), é desenvolvida no âmbito do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), sob a supervisão da professora Dra. Maria Helena Nery Garcez e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP1. Tendo como dado que os primeiros cursos de Letras do Brasil surgiram nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o projeto propõe-se a investigar o processo de constituição da Literatura Portuguesa nas universidades públicas brasileiras primeiramente na região sudeste do país. O projeto prevê, portanto, a compilação e a centralização de informações e de documentos que possam revelar o percurso de constituição da Literatura Portuguesa como disciplina e área de investigação acadêmica. Para a viabilização das atividades de pesquisa nas universidades da região sudeste do país destacadas no projeto inicial foi traçado um plano de ação que teve como objetivo padronizar o 1 O número do processo na FAPESP é 2013/07623-3. A pesquisa iniciou-se em agosto de 2013 e tem previsão de término em agosto de 2015. 1 procedimento de investigação em cada universidade abordada, o qual contempla quatro grandes frentes que são apresentadas na tabela que segue: 1. Memória Institucional Descrição: levantamento de material sobre a memória e sobre a história da universidade em geral; sobre o curso de Letras e sobre a área de Literatura Portuguesa. Ações: levantar bibliografia já publicada e material ainda não publicado, mantido em bibliotecas, acervos especiais, centros de memória e de documentação sobre a história da universidade, do curso de Letras e sobre a área de Literatura Portuguesa; verificação se há ou houve algum Centro de Estudos específico para a área de Literatura Portuguesa e, em caso positivo, levantamento das principais ações e das publicações resultantes. 2. Documentação Acadêmica Descrição: levantamento de documentação acadêmica de Graduação e PósGraduação. Ações: Na Graduação: realizar o levantamento de projetos pedagógicos; organização curricular, grade de disciplinas; programas das disciplinas; dentre outros dados; Na Pós-graduação: verificar a estruturação da pós-graduação em Literatura; se contempla a especialidade de Literatura Portuguesa como área de concentração ou não; realizar o levantamento de programas de disciplinas de pós-graduação ofertadas na área; orientadores da área. 3. Pesquisa Descrição: levantamento da produção resultante da pesquisa realizada na universidade sobre Literatura Portuguesa. Análise em termos quantitativos e qualitativos. Ações: verificar áreas de pesquisa relacionadas à Literatura Portuguesa ao longo da história da instituição; levantamento da produção: quantidade de dissertações e teses produzidas na área de Literatura Portuguesa; verificação da existência ou não de periódicos especializados na área. 4. Depoimentos Descrição: convite a professores e funcionários a darem depoimentos sobre a área de Literatura Portuguesa por meio de entrevistas orais ou escritas. Ações: registrar e editar depoimentos de professores e funcionários a respeito da história da área na instituição. Tabela 1. Plano de ação. Fonte: elaboração do autor. O que segue é, portanto, o resultado parcial do trabalho de pesquisa referente ao terceiro item do quadro acima apresentado no que se refere à Universidade de São Paulo, a primeira a ter figurado como alvo da investigação proposta no projeto de pesquisa. 1. A base de dados O documento aqui utilizado como objeto de estudo foi extraído (em formato .xls) da base de dados que alimenta o sistema de buscas ao banco de teses e dissertações que se encontra disponibilizado no site da Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 2 da USP (http://pos.fflch.usp.br/bancodefesas)2. Este banco de defesas contempla todas as teses de doutorado e dissertações de mestrado produzidas desde o ano de 1937 até a atualidade, inicialmente no âmbito da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e, posteriormente, após a reforma universitária iniciada em sessenta e implantada em setenta, no âmbito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. No caso do arquivo utilizado, o período compreendido vai até o mês de novembro de 2013; não se encontram contabilizadas, portanto, as defesas do ano de 2014. Paralelamente a essa base de dados disponibilizada on-line, há, também, um Catálogo de Teses e Dissertações impresso, que foi publicado em 1998 pela Comissão de Pós-Graduação da FFLCH, a qual propunha uma organização de todos as dissertações e teses defendidas na faculdade desde 1942 até 1997. Na apresentação do referido catálogo faz-se menção às origens das pesquisas em nível de pós-graduação na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, bem como sobre a instauração dos programas específicos de mestrado e doutorado: Até 1970, o mestrado e o doutorado da Faculdade correspondiam a um conjunto de cursos e atividades de pesquisas determinados pelo orientador e que tinham como ápice a apresentação e defesa pública da dissertação da tese. Essas trajetórias espontâneas e individuais formaram massa crítica de peso que, a partir de 1971, constituíram Programas Específicos de mestrado e doutorado, núclo básico de nossos atuais Programas de PósGraduação. (Catálogo de Teses e Dissertações 1942-1997. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1998. p. 9). Os títulos apresentados de modo organizado nesse catálogo estão todos contemplados no documento que contém a base de dados aqui utilizada, com a diferença de que no catálogo houve um esforço por organizar os títulos de acordo com os departamentos e suas respectivas áreas, conforme se encontram estabelecidas atualmente3. Assim, no referido catálogo, há seções correspondetes aos onze departamentos (além do Museu de Arqueologia e Etnologia) da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP, sendo que, em cada uma destas, há subdivisões por áreas, onde se encontram listados, separadamente, os trabalhos em nível de mestrado e em nível de doutorado, obedecendo à ordem cronológica das defesas. Em princípio, trabalhamos conjuntamente com o Catálogo e a base de dados de que aqui dispomos, no sentido, iclusive, de aproveitarmos a organizção já feita no Catálogo, uma vez que 2 Aproveitamos a oportunidade para apresentar os agradecimentos ao servidor Paltônio Dauan Fraga do setor de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP que me auxiliou na obtenção do arquivo extraído da base de dados que alimenta o referido banco de defesas. 3 “Manteve-se a atual divisão dos Departamentos e dos Programas dos cursos de pós-graduação desenvolvidos em cada área. As teses e dissertações desenvolvidas em departamentos e áreas extintos ou desmembrados foram inseridas nos atuais departamentos e respectivas áreas (ex: antigo departamento de Ciências Sociais, atuais departamentos de Antropologia, Ciência Política e Sociologia). Consideraram-se as informações sobre os Programas (características, docentes e linhas de pesquisa), fornecidas pelos Srs. Coordenadores das Áreas.” Cf. Catálogo de Teses e Dissertações 1942-1997. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1998. p10. 3 ali as teses e dissertações encontravam-se já devidamente alinhadas às áreas dentro dos departamentos. Portanto, o trabalho complementar seria o de utilizar a base de dados em arquivo .xls apenas para contemplar o período de tempo que não se mostrava coberto pelo Catálogo, ou seja, no período anterior a 1942 e posterior a 1997. Contudo, ao confrontarmos a base de dados de que dispúnhamos com o que era apresentado no Catálogo, percebemos que havia algumas redundâncias de informações na forma de organização desta publicação, as quais poderiam gerar algumas inconsistências nos resultados de nosso estudo. Ao analisarmos o Catálogo, especificamente a parte referente ao DLCV, percebemos que havia trabalhos alocados em outras áreas, mas que poderiam ser entendidos legitimamente como pertencentes à área de investigação da Literatura Portuguesa, como é o caso, por exemplo, da tese de doutorado de Sigismundo Spina, intitulada Fenômenos formais da poesia primitiva (de 1950) que aparece apenas alocada na área de Filologia e Língua Portuguesa e não aparece na área de Literatura Portuguesa. Ainda que institucionalmente o trabalho possa ter sido desenvolvido no âmbito da área de Filologia e Língua Portuguesa, isso não significa que não pertença à área de interesse da Literatura Portuguesa. Se considerássemos, portanto, apenas essa divisão proposta no Catálogo, esse trabalho não apareceria conteplado como pertencente à área que aqui investigamos. Assim, se, por um lado, há ausência de alguns títulos, por outro, há redundância de algumas informações que se traduz no fato de um mesmo trabalho aparecer duplamente contabilizado, tanto numa área quanto noutra, como é o caso, por exemplo, da tese de doutoramento de Felipe Jorge, do ano de 1964, intitulada Cantigas de Pero da Ponte, que se encontra mencionada no catálogo tanto na área de Literatura Portuguesa quanto na de Filologia e Língua Portuguesa. O mesmo ocorre com a dissertação de mestrado de 1975, de Dulce de Faria Paiva, intitulada A farsa do Almocreves, que aparece mencionada nas duas áreas. Tanto a ocorrência da ausência, no caso do trabalho de Spina, quanto a redundância de contabilização destes dois casos exemplres, portanto, tornam inconsistente qualquer trabalho que busque, por exemplo, contabilizar a totalidade dos trabalhos de uma área e de outra e, a partir daí, tente estabelecer comparações numéricas. Diante disso, descartamos a possibilidade de trabalhar complementarmente com o referido Catálogo e passamos a nos concentrar apenas no arquivo contendo a base de dados espelho da que se encontra disponibilizada on-line, ao qual passamos a dar um outro tratamento a fim de constituir a análise dos dados. 4 2. O tratamento dos dados A base de dados apresentava, inicialmente, a indicação de todas as teses e dissertações defendidas na instituição desde o ano de 1937 até o final de 2013, organizadas segundo a data da defesa, o departamento, o nível (M ou D); o nome do orientador; o nome do autor; o título do trabalho. Nesta base de dados estavam inclusos todos os departamentos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, não havendo indicação das áreas em que cada trabalho teria sido desenvolvido em cada departamento. Os departamentos compreendidos são: Departamento de Antropologia (DA); Departamento de Ciência Política (DCP); Departamento de Sociologia (DS); Departamento de Filosofia (DF); Departamento de Geografia Humana (DG); Departamento de História (DH); Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE); Departamento de Linguística (DL); Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV); Departamento de Letras Modernas (DLM); Departamento de Línguas Orientais (DLO); Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada (DTLLC). Além dos trabalhos identificados por Departamento, havia uma quantidade considerável de trabalhos não identificados a qualquer departamento, precisamente 325 trabalhos. Somando-se os trabalhos identificados aos não identificados, a base de dados apresentava, inicialmente, 13.395 registros de títulos de trabalhos, entre dissertações e teses, iniciando-se no ano de 1937 e encerrando-se em novembro de 2013. Diante desse quadro inicial, procedemos aos primeiros tratamentos do arquivo no sentido de sanar as possíveis inconsistências. Primeiramente, procuramos verificar se havia títulos de trabalhos mencionados em redundância. Ou seja, buscamos realizar um trabalho de conferência no sentido de verificar se havia dados duplicados ou replicados indevidamente na planilha. Ao realizarmos esse trabalho de verifcação, identificamos algumas inconsistências na planilha espelho da base de dados que se encontra disponibilizada on-line no endereço já indicado. Comentaremos, aqui, alguns casos, para exemplificar o tipo de tratamento de dados que foi realizado, para que o leitor entenda a diferença entre os números trabalhados e aqueles que se encontram disponibilizados on-line. Por exemplo, havia trabalhos com o mesmo nome de autor, de orientador, do mesmo nível, referente ao mesmo ano, mas com o título do trabalho grafado de forma diferente, em que há a omissão de uma palavra do título ou a grafia em letras maiúsculas num caso e em minúsculas no outro. Assim, as informações, apesar de se referirem ao mesmo trabalho, foram registradas no sistema como sendo trabalhos diferentes, aparecendo, 5 inclusive, como dois registros distintos quando realizada uma busca on-line4. Outra causa de duplicação de dados se dá quando os nomes do orientado ou do orientador são registrados duas vezes com variações, com omissão ou inclusão de sobrenomes5. Além desses casos envolvendo problemas quanto à grafia de títulos de trabalhos e nomes, uma causa possível de duplicação de dados é o caso de trabalho com coorientação. Como a base é organizada também de acordo com o nome do orientador, então, um mesmo trabalho corre o risco de ser contabilizado duas vezes se registrado uma vez pelo nome do orientador e outra pelo do coorientador6. Depois de feita essa conferência e triagem inicial das teses e dissertações registradas em redundância, passamos do número de 13.395 registros para um total de 13.370, os quais se encontram distribuídos da seguinte forma: Departamento Museu de Arqueologia e Etnologia da USP Departamento de Línguas Orientais Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada Departamento de Antropologia Departamento de Ciência Política Departamento de Linguística Departamento de Filosofia Departamento de Sociologia Departamento de Letras Modernas Departamento de Geografia Humana Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas Departamento de História * Trabalhos sem identificação de Departamento Sigla MAE DLO DTLLC DA DCP DL DF DS DLM DG DLCV DH TSID Total Quantidade 161 282 527 587 646 857 958 1079 1398 1962 2032 2556 325 13.370 Tabela 2. Quantidade de teses e dissertações por departamento. Fonte: elaboração do autor. 4 Este é o caso, por exemplo, da dissertação de mestrado intitulada A mineração nos municípios de Guarulhos e Mairiporã, SP: aspectos geomorfológicos aplicados à sua organização e desenvolvimento, que aparece uma segunda vez no sistema em que a palavra “aplicados” é omitida do título do trabalho. Outro caso que serve como exemplo de duplicação é a da tese de doutorado intitulada A cidadania inexistente: incivilidade e pobreza: um estudo sobre trabalho e família na Grande São Paulo, que aparece registrada uma segunda vez com o título em caixa alta. Outro exemplo de duplicação de dados e que pode ser verificado numa simples busca ao sistema é o que ocorre com o título Sedução da paisagem: a Chapada Diamantina e o turismo ecológico. Esta dissertação aparece uma segunda vez no banco, mas com a palavra “diamantina” grafada errada: “Diamentina”. Cf. http://pos.fflch.usp.br/bancodefesas 5 Por exemplo, a dissertação intitulada A ideologia liberal de "O Estado de São Paulo" (1932-1937) aparece contabilizada duas vezes no sistema, por conta de o nome da autora estar grafado de duas maneiras diferentes, ora Maria Ligia Prado Medeiros, ora Maria Ligia Coelho Prado. O fato é que se trata de apenas um trabalho. Neste caso, para piorar a confusão, há um outro trabalho com título muito próximo, mas que se trata de uma dissertação sobre o mesmo tema, com o mesmo orientador, mas de outro pesquisador, trata-se do título: A ideologia liberal de "O Estado de São Paulo" (1927-1932), da autoria de Maria Helena Rolim Capelato. Cf. http://pos.fflch.usp.br/bancodefesas 6 Este é o caso, por exemplo, da tese de doutorado intitulada Didática da leitura na formação em FLE: em busca dos leitores, da autoria de Rita Jover Faleiros. Cf. http://pos.fflch.usp.br/bancodefesas 6 2556 1962 2032 1398 857 527 587 958 1079 646 282 161 MAE DLO DTLLC DA DCP DL DF DS DLM DG DLCV DH Gráfico 1. Quantidade de teses e dissertações por departamento. Fonte: elaboração do autor. Após esse primeiro tratamento, procedemos à verificação, dentre os 325 trabalhos que não apareciam atrelados a qualquer departamento, se havia trabalhos na área de literatura e, em específico, que tivessem algum aspecto que possibilitasse ser alocado no escopo da área de Literatura Portuguesa. Feito esse rastreamento, verificamos que não havia qualquer trabalho pertinente à área de Literatura Portuguesa dentre os 325 não atrelados a qualquer departamento. Tendo dado esses dois passos iniciais, estabelecemos o critério de trabalhar sobre a produção da pesquisa em Literatura Portuguesa nessa base de dados apenas a partir dos trabalhos alocados no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV). A partir dessa decisão, procedemos ao tratamento que passamos descrever a seguir. Primeiramente, filtramos as teses e dissertações apenas do DLCV, departamento que conglomera atualmente cinco áreas: Letras Clássicas (LC); Literatura Brasileira (LB); Literatura Portuguesa (LP); Filologia e Língua Portuguesa (FLL) e Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (ECLLP). Vale lembrar, contudo, que as áreas de conhecimento não apareciam identificadas na planilha, o que foi positivo, já que tivemos de abandonar esse critério de divisão institucional por área para nos preocuparmos exclusivamente com o teor do trabalho, se tomava a Literatura Portuguesa como objeto de pesquisa. Vale salientar, portanto, que o critério para a seleção dos trabalhos sobre Literatura Portuguesa não se deu por sua vinculação institucional a uma ou outra área, mas sim em razão do conteúdo do trabalho. Para tanto, analisamos cada um dos títulos das teses e 7 dissertações contidos na planilha, fazendo remissão aos resumos dos trabalhos para nos certificarmos de que eram estudos que contemplavam a Literatura Portuguesa. A partir desse trabalho, chegamos a uma base de 548 trabalhos que apresentavam em seu escopo de estudo a Literatura Portuguesa, independetemente da área do departamento. Assim, dentre tais trabalhos, havia teses e dissertações que tratavam de Literatura Portuguesa, mas que poderiam ter sido defendidas na área (institucional) de Literatura Brasileira, de Estudos Comparados de Literaturas em Língua Portuguesa ou até mesmo de Filologia e Língua Portuguesa. Apesar de a área institucional não ter sido um critério inicial, num momento posterior, procuramos destacar e identificar em que área institucional do DLCV os trabalhos constantes da base de dados teriam sido desenvolvidos. Depois de realizado esse trabalho de identificação, chegamos à seguinte distribuição: 683 465 408 403 M 308 245 231 129 102 ECLLP 181 139 280 227 D Total 157 106 LC LP FLL LB Gráfico 2. Quantidade de teses e dissertações por área no DLCV. Fonte: elaboração do autor. Assim, tendo feito essa distribuição, foi possível verificar a existência de trabalhos que contemplavam o tema de Literatura Portuguesa, mas que haviam sido desenvolvidos em outras áreas. Por exemplo, quando uma tese era pertencente à área de ECLLP, isso poderia significar que o autor português foi abordado em comparação com algum autor de outro país de língua portuguesa, mas como o presente trabalho enfoca a pesquisa sobre Literatura Portuguesa, não procuramos delimitar as nacionalidades dos autores/obras em comparação. Assim, por exemplo, se uma tese ou dissertação enfocava a comparação entre um autor português e outro brasileiro, ou entre um autor português e outro africano, foi considerada como atinente à área de Literatura 8 Portuguesa, mesmo que pertencente à área institucional de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa. Desse modo, para o estabelecimento da quantidade dos trabalhos que abordaram a Literatura Portuguesa foram considerados os dados totais do departamento, assim, aqui se encontra a totalidade de trabalhos sobre Literatura Portuguesa, incluindo os desenvolvidos na própria área institucional e os que foram desenvolvidos nas demais áreas: Áreas Literatura Portuguesa LC 0 LB 4 LP 408 FLL 16 ECLLP 120 Total 548 Tabela 3. Quantidade de teses e dissertações sobre Literatura Portuguesa. Fonte: elaboração do autor. De acordo com o quadro acima, temos 408 trabalhos sobre Literatura Portuguesa identificados à própria área, quatro trabalhos identificados à área de Literatura Brasileira, mas que abordam a Literatura Portuguesa, dezesseis trabalhos identificados à área de Filologia e Língua Portuguesa e que abordam a Literatura Portuguesa e cento e vinte trabalhos identificados à área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e que abordam a Literatura Portuguesa. Não foram encontrados trabalhos sobre Literatura Portuguesa identificados como pertencentes à área de Letras Clássicas. Em razão dessa distribuição, preferimos nos referir à quantidade de teses e dissertações “sobre” Literatura Portuguesa e não como sendo da “área” de Literatura Portuguesa. Na sequêcia, apresentamos a distribuição da quantidade de trabalhos ao longo das décadas. 9 230 92 82 78 49 1 5 40 50 11 60 70 80 90 2000 2010 Gráfico 3. Quantidade de defesas sobre Literatura Portuguesa, por década. Fonte: elaboração do autor. 134 96 Doutorado 57 30 36 Mestrado 42 43 35 39 19 1 0 5 0 8 40 50 60 3 70 80 90 2000 2010 Gráfico 4. Quantidade de teses e dissertações sobre Literatura Portuguesa, por década. Fonte: elaboração do autor. 10 930 Soma de DLCV 438 Soma de Lit. Port 350 178 105 1 4 40 5 7 50 11 20 60 230 78 92 80 90 82 49 70 2000 2010 Gráfico 5. Comparativo entre a produção total de teses e dissertações do DLCV e a produção acerca de Literatura Portuguesa, por décadas. Fonte: elaboração do autor. A primeira tese de que se tem registro nesta Faculdade, conforme tal banco de dados, data do ano de 1937 e pertence à área de Ciências, mais especificamente àrea de Biologia. Apesar de o curso de Letras na USP ter sido criado já em 1934, conforme relata Santilli (1994), a primeira tese da área de Letras só viria a ser defendida cinco anos depois da defesa da primeira tese, no ano de 1942, na área de Letras Clássicas, tratava-se de um estudo sobre Sófocles. Curiosamente, a segunda tese na grande área de Letras de que se tem regristo nesta instituição concerne à área de Literatura Brasileira, diz respeito a um estudo sobre a poesia de Amadeu do Amaral, tese defendida em abril de 1942. A terceira tese da grande área concerne ao estudo da língua latina, defendida em junho de 1944; já a quarta concerne à área de língua indígina, com um estudo sobre a influência indígina no português do Brasil, em tese defendida em outubro de 1944. A Literatura Portuguesa viria a ser contemplada em termos de pesquisa apenas na quinta tese da grande área de Letras defendida na universidade, justamente no mês de novembo do ano de 1946, em trabalho intitulado Nobilário do Conde D. Pedro de Barcelos, da autoria de António Soares Amora, tese defendida sob a orientação do professor Fidelino de Figueiredo. A segunda tese sobre Literatura Portuguesa só viria a ser defendida quatro anos depois, em outubro de 1950, por Sigismundo Spina, com o trabalho intitulado Fenômenos formais da poesia primitiva, 11 também sob a orientação do professor Fidelino de Figueiredo. Se este é o segundo trabalho na área de Literatura Portuguesa, no computo geral da grande área de Letras da universidade ele aparece em décimo lugar, sendo antecedido ainda por uma tese sobre tupi-guarani, datada de 1946, e mais três com foco em literatura, respectivamente sobre a lenda de Tristão e Isolda em língua alemã, sobre John Donne e sobre o romantismo no Brasil, as três teses defendidas no ano de 1950. De 1937 a 1949, em se considerando toda a Universidade de São Paulo, contabilizamse 10 teses pertencentes à grande área de Letras (sendo que, dentre estas, quantro aparecem alocadas ao atual DLCV) e uma à área de Literatura Portuguesa, justamente a tese de Antônio Soares Amora. Na década de cinquenta, foram cinco teses de doutoramento defendidas sobre Literatura Portuguesa, sendo três delas já sob a orientação do professor Antônio Soares Amora, dentre as quais merce destaque o trabalho de Massaud Moisés sobre a Novela de Cavalaria no Quinhentismo Português, título de seu doutoramento defendido em 1954. Há, ainda, na década de cinquenta, além do já mencionado título de Sigismundo Spina, uma tese que dialoga com a Literatura Portuguesa, mas que fora desenvolvida no âmbito da cadeira de Filologia e Língua Portuguesa e que trabalha os códices medievas da vida de Santo Aleixo, orientada por Francisco da Silveira Bueno. De qualquer modo, é interessante notar, a partir desses dados, que até a primeira metade da década de cinquenta, o quarteto de intelectuais que formou a base da área de Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo já se apresentava de maneira suficientemente clara: Fidelino de Figueiredo; Antônio Soares Amora; Sigismundo Spina e Massaud Moisés.7 Em dezessseis anos de vida da Universdidade de São Paulo, entre 1934 e 1950, contabilizaram-se menos de uma tese defendida por ano na área de Letras e apenas duas na área de Literatura Portuguesa. Já em seus vinte e seis anos iniciais de existência (1934 a 1959), a Universidade de São Paulo produziu seis teses sobre Literatura Portuguesa. Aos olhos de hoje, isso pode parecer mínimo, mas para a época, em que o número de ingressantes era muito reduzido e o de egressos dos cursos de Letras ainda mais, esse número parece muito coerente. Se considerarmos, a título de curiosidade, o que está documentado nos anuários da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, é possível vislumbrar a dimensão 7 Sobre a origem da área de Literatura Portuguesa na USP e seus intelectuais, merece destaque o texto de Maria Aparecida Santilli intitulado “Literatura Portuguesa”, bem como os depoimentos de António Soares Amora sobre o professor Fidelino de Figueiredo e o de Sigismundo Spina, a respeito da criação da área de estudo de camonologia, todos publicados em Estudos Avançados. Vol. 8, No. 22. São Paulo, Universidade de São Paulo, Set/Dez. 1994. Mais recentemente, no XXII congresso da ABRAPLIP, que abordou a constituição da memória da Literatura Portuguesa, houve um esforço de recuperação, inclusive, da memória de uma série de personalidades da área, dentre elas a do próprio Sigismundo Spina, cuja recuperação do percurso intelectual ficou a cargo da professora Yara Frateschi Vieira e também do próprio António Soares Amora, cuja memória foi celebrada pelo igualmente fundamental Massaud Moisés. Cf. VIEIRA, Yara Frateschi. “O papel intelectual e docente do professor Segismundo Spina”. Anais do XXII Congresso Internacional da ABRAPLIP. Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, 2009. P. 63 a 75. MOISÉS, Massaud. “António Soares Amora”. Anais do XXII Congresso Internacional da ABRAPLIP. Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, 2009. 12 dos cursos da época. No ano de 1934, por exemplo, a sub-seção de Letras Clássicas e Português contava com cinco alunos matriculados e a de Línguas Estrangeiras com 9, totalizando, portanto, 14 matrículas na área de Letras. Já no ano de 1935, as mesmas sub-seções apresentavam, respectivamente, 16 e 26 matrículas, o que resulta num total de 42 matrículas. No ano de 1936, para o curso de Letras Clássicas e Português, há o registro de um total de 14 alunos matriculados e para o curso de Línguas Estrangeiras 22 matrículas, perfazendo 36 no total 8. No ano de 1937, foram 28 e 29 matriculados nos dois cursos respectivamente, um total de 57 matriculados em toda a área de Letras; já no ano de 1938, foram 25 matrículas no primeiro curso e 12 no segundo, totalizando 37 matrículas 9. Cabe lembrar que nesse período inicial do curso de Letras o modelo de Pós-Graduação do qual se originavam as pesquisas e as referidas defesas era bem distinto do que viria a se estabelecer a apartir dos anos setenta. Conforme lembra Santilli (1994), na origem dos cursos de Letras, as áreas de conhecimento eram organizadas por cadeiras. Se tomarmos como base os documentos apresentados nos anuários da Faculdade deste período inicial da universidade, veremos que a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras organizava-se em três seções: A primeira seção, a de Filosofia, a segunda, de Ciências, e a terceira, de Letras. Na primeira seção, agrupavam-se quatro cadeiras, a de Filosofia, de História da Filosofia, de Filosofia das Ciências e de Psicologia. A segunda seção era organizada em seis sub-seções, todas com suas respectivas cadeiras: Ciências Matemáticas (três cadeiras); Ciências Físicas (duas cadeiras); Ciências Químicas (duas cadeiras); Ciências Naturais (seis cadeiras); Geografia e História (cinco cadeiras); Ciências Sociais e Políticas (cinco cadeiras). A terceira seção era organizada em duas sub-seções, a de Letras Clássicas e Português (que abrigava cinco cadeiras: a de Filologia Grega e Latina; Filologia Portuguesa; Literatura Luso-Brasileira; Literatura Grega e Literatura Latina) e a de Línguas Estrangeiras (com cinco cadeiras: Língua e Literatura Francesa; Língua e Literatura Italiana; Língua e Literatura Espanhola; Língua e Literatura Inglesa; Língua e Literatura Alemã). A grande área de Letras, portanto, abrigava em seu bojo duas sub-áreas e dez áreas específicas de conhecimentos, denominadas cadeiras. A área de conhecimento que interessa à nossa pesquisa esteve abrigada, inicialmente, portanto, pela cadeira de Literatura LusoBrasileira, a qual esteve inicialmente sob a responsabilidade do professor Otoniel Mota10 e, a 8 Anuário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 1936. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1937. Pp. 309313. 9 Anuário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 1937-1938. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1938. Pp. 226-228. 10 No Anuário da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de 1936 é possível encontrar a seguinte nota biográfica acerca do Prof. Ontoniel Mota: “O prof. Otoniel de Campos Mota, filho de José Rodrigues e de D. Bernardina Deoclecia da Mota Pais, nasceu em Porto Feliz, a 16 de Abril de 1878. Fez seus primeiros preparatórios no antigo Curso Anexo à Faculdade de Direito. Completou-os no Seminário Presbiteriano, onde fez o seu curso teológico, em São Paulo. Foi lente de português em Ribeirão Preto, e depois em 13 partir de 1938, conforme nos lembra Santilli (1994), sob a responsabilidade de Fidelino de Figueiredo. Se atrelarmos os dados sobre a produção de pesquisa na área de Literatura Portuguesa acima apresentados com as fases de organização da instituição indicadas por Santilli (1994), poderemos perceber que as teses na área só começaram a ser produzidas depois que houve o desmembramento das cadeiras em 1942, ou seja, apenas depois de quatro anos dessa data é que tivemos a primeira tese de doutorado em Literatura Portuguesa defendida na USP. As outras seguintes, curiosamente, só foram concluídas na décda de cinquenta, momento de fortalecimento da área na universidade, em que se dá, por exemplo, a instalação do Instituto de Estudos Portugues, o qual perdurou com este nome até o final década de sessenta, com a reforma universitária que viria a estabelecer a criação dos departamentos, organizados por áreas e segundo suas disciplinas afins. Em razão de tal reforma, a menor unidade institucional passou a ser o departamento e, deste modo, o Instituto de Estudos Portugueses teve de ser transformado em Centro de Estudos Portugueses, de maneira que se constituísse como um órgão interdepartamental. Em 1970 estabeleceram-se, por portaria, as disciplinas e áreas de Letras e, em 1971, agruparam-se as disciplinas aos departamentos, establecendo-se a organização departamental que hoje se conhece, ficando a disicplina de Literatura Portuguesa dentro do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas; foi nesta mesma época, a partir dessa nova organização, que se instituiram os programas de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Vale salientar, portanto, que até a instituição desses programas, contabilizaram-se, durante a década de sessenta (entre 60 e 1969), mais onze defesas pertinentes à Literatura Portuguesa, sendo oito em nível de doutorado e três em nível de mestrado. Foi nessa década, precisamente no ano de 1968, que se deu a primeira defesa de mestrado com trabalho envolvendo Literatura Portuguesa. Dos onze trabalhos produzidos, seis se deram sob a orientação de Antônio Soares Amora; quatro sob a orientação de Sigismundo Spina e um sob a orientação de Francisco da Silveira Bueno. É interessante observar que, mesmo antes da década de setenta, anteriormente à reorganização das áreas de conhecimento em nível de Pós-Graduação, a área concernente à Literatura Portuguesa mostrava-se já desde o início proponderante no que se refere à quantidade de produção em pesquisa, o que é possível concluir da observação do quadro abaixo: Campinas, e Diretor da Biblioteca Pública de S. Paulo”. Cf. Anuário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 1936. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1937. p. 306. 14 Década DLCV Lit. Port. 40 4 1 50 7 5 60 20 11 70 105 49 80 178 78 90 350 92 2000 930 230 2010 438 82 Lit. Port. em % 25% 71,5 55% 46,7% 43,8% 26,3% 24,7% 18,7% Tabela 4. Porcentagem de trabalhos sobre Literatura Portuguesa em relação ao total do DLCV, por década. Fonte: elaboração do autor. Se na primeira década a Literatura Portuguesa correspondeu a vinte e cinco por cento, nas duas seguintes a área passou a represetar mais da metade da produção em nível de PósGraduação do DLCV. Mesmo depois da reforma que implantou o atual sistema de PósGraduação, na década de setenta, a área de Literatura Portuguesa continuou a ocupar lugar expressivo em termos de produção, ficando próxima ainda da metade da produção total do departamento nas décadas de setenta e oitenta. Nas década seguinte, contudo, voltou à proporção próxima de um quarto. Se, por um lado, proporcionalmente ao departamento, há uma diminuição na porcentagem da produção (o que poderia significar uma diminuição da força da área em relação às outras), por outro, quando considerada isoladamente, a produção na área apresenta um aumento. Isso pode ser observado quando consideramos apenas o universo dos trabalhos sobre Literatura Portuguesa, em que temos a seguinte distribuição por décadas: Década Quarenta Cinquenta Sessenta Setenta Oitenta Noventa Dois mil Dois mil e dez 1940 a 2013 Porcentagem 0,20% 0,90% 2,00% 8,95% 14,23% 16,80% 41,96% 14,96% 100% Tabela 5. Relação entre a produção por década e o total de trabalhos sobre Literatura Portuguesa produzidos no período entre 1940 e 2013. Fonte: elaboração do autor. 15 Quarenta 0,2% Cinquenta 0,9% Sessenta 2% Dois mil e dez 14,96% Setenta 8,95% Dois mil 41,96% Oitenta 14,23% Noventa 16,80% Gráfico 6. Relação entre a produção por década e o total de trabalhos sobre Literatura Portuguesa produzidos no período entre 1940 e 2013. Fonte: Elaboração do autor. 3. Considerações Finais Apesar de, proporcionalmente, a relação entre a produção de dissertações e teses sobre Literatura Portuguesa e o total de dissertações e teses produzidas nas demais áreas que hoje compõem o DLCV ser maior entre o período que vai da década de quarenta à década de noventa, o maior número de produções sobre Literatura Portuguesa se verifica a partir dos anos dois mil. Em outros termos, nos treze anos finais de história de pesquisa na área, no período que vai de 2000 a 2013, foram produzidos 56,92% de todos os trabalhos da área, sendo que o período que compreende a década de quarenta até o final da década de noventa corresponde a 43,08%. Ou seja, nos últimos treze anos do departamento produziram-se mais dissertações e teses que abordaram a Literatura Portuguesa do que nas seis décadas anteriores. Se considerarmos a década que se inicia em 2010, que contempla apenas três anos, o prognóstico de aumento da produção se confirma, já que somente neste curto período a quantidade de trabalhos já superou os números de cada década até a de oitenta. Apenas nesse período de três anos, a produção já se aproxima do número total de trabalhos produzidos em toda a década de noventa, diferindo para baixo em apenas dez trabalhos. Esses dados, vistos sob essa perspectiva temporal, permitem concluir que se, por um lado, a produção de pesquisa sobre Literatura Portuguesa, atualmente, nas duas últimas décadas, aumentou consideravelmente, por outro lado, tem diminuído sensivelmente em termos relativos 16 aos números totais do departamento. Trata-se, portanto, de um fenômeno que, visto sob uma perspectiva temporal, representa, ao mesmo tempo, uma retração e uma expansão. 4. Bibliografia Anuário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 1934-35. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1937. Anuário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 1936. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1937. Anuário da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 1937-1938. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, 1938. Pp. 226-228. AMORA, António Soares. “Fidelino de Figueiredo na origem dos estudos de Literatura Portuguesa no Brasil”. Estudos Avançados. Vol. 8, No. 22. São Paulo: Universidade de São Paulo, Set/Dez. 1994. p. 423-426. Catálogo de Teses e Dissertações 1942-1997. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1998. p. 9 MOISÉS, Massaud. “Antônio Soares Amora”. Anais do XXII Congresso Internacional da ABRAPLIP. Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, 2009. SANTILLI, Maria Aparecida. “Literatura Portuguesa”. Estudos Avançados. Vol. 8, No. 22. São Paulo: Universidade de São Paulo, Set/Dez. 1994. p. 427-429. SPINA, Sigismundo. Estudos Camonianos. Estudos Avançados. Vol. 8, No. 22. São Paulo: Universidade de São Paulo, Set/Dez. 1994. p. 427-429. VIEIRA, Yara Frateschi. O papel intelectual e docente do professor Segismundo Spina. Anais do XXII Congresso Internacional da ABRAPLIP. Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, 2009. Pp. 63 a 75. 17