PINTO, Andler Kimura (autor) [email protected] acadêmico geografia UFPel PINTO, Vinicius Lacerda (co-autor) [email protected] acadêmico geografia UFPel Indicação do estágio da pesquisa: em fase de tabulação dos dados O consumidor dos Free Shops: Estudo de caso do perfil do consumidor em Rio Branco / Uruguai. Os Duty Free shops ou simplesmente Free shops são lojas onde os produtos são vendidos com diminuição ou completa isenção de impostos, normalmente se localizam em áreas como portos ou aeroportos, como é o caso do Brasil, porém, em alguns países podem localizar-se em varias partes da cidade como é o caso do Uruguai. Neste país este tipo de comércio foi liberado pelo governo no ano de 1986 tendo as primeiras lojas se estabelecido nos municípios de Chuy no limite com Chuí (Brasil) e em Rivera limite com Santana do Livramento (Brasil), posteriormente no ano de 2003 são criados free shops em Rio Branco limite com Jaguarão (Brasil), Acegua limite com Aceguá (Brasil) e Artigas limítrofe com Quaraí (Brasil) oferecendo aos consumidores estrangeiros uma infinidade de mercadorias como eletroeletrônicos, perfumes, roupas, de marcas internacionalmente conhecidas e também gêneros alimentícios como os afamados queijos, doce de leite e alfajores uruguaios alem de grande diversidade de bebidas. Essa pesquisa foi motivada por questões anteriores onde o objeto estudado era o porquê do fracasso nas tentativas de implantação de Shopping Centers na cidade de Pelotas (RS - Brasil), foi gerada uma nova inquietação, referente a concorrência de público entre um Shopping “comum” e um free shop, sendo que basicamente os produtos oferecidos de modo geral são semelhantes. E Pelotas por encontrar-se na chamada “metade sul” do Rio Grande Sul, tem em sua proximidade o acesso a pelo menos dois núcleos de livre comércio, “free shops” nas cidades pares Chuí – Chuy e Jaguarão – Rio Branco. Juntamente a isso foi encontrada certa escassez de leituras que tratassem do tema, tanto em relação ao tipo de comércio quanto relacionado aos fluxos e identidade do consumidor brasileiro, que exerce esse turismo. OBJETIVOS O presente estudo tem como objetivo traçar um perfil inicial do consumidor gaúcho que freqüenta os free shops na fronteira do Rio Grande do Sul – Brasil com Uruguai, no que Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 diz respeito a identificar seus hábitos de consumo, condição sócio econômica e fluxo de visitação. METODOLOGIAS A pesquisa de caráter exploratório teve como metodologia a aplicação de questionário semi-estruturado ao consumidor brasileiro no Rio Branco (Uruguai), onde foi levantado, dados socioeconômicos, referente à suas preferências com relação a compra e município de origem, entre outros DESENVOLVIMENTO A ligação do município de Jaguarão com a localidade de rio branco no Uruguai, se da a partir da Ponte Internacional Barão de Mauá sobre o rio Jaguarão e possui um comprimento total de 340m, foi inaugurada em 1930 em conseqüência do tratado assinado por Brasil e Uruguai em 1918 que estipulava que para quitar a divida pouco maior do que 5 milhões de pesos-ouro que o Uruguai possuía seria através do pagamento indireto mediante a construção da ponte que liga os dois países sendo um beneficio para ambos pois teria o escoamento dos produtos com mais facilidade. O município de Jaguarão localizado na parte meridional do Brasil no estado do Rio Grande do Sul possui uma área de 2.054 Km². Possui Atualmente uma População estimada de 28.244 pessoas segundo o censo de 2009, sendo a economia baseada na pecuária, agricultura predominando a cultura de arroz, possui um PIB per capita de 10.495 Reais segundo o censo de 2007 e tem um Salário médio mensal de 2,1 Salários mínimos segundo o censo de 2007. O município Teve origem a partir de um acampamento militar comandado pelo Manuel Marques de Sousa no ano de 1802 quando Portugal disputava com Espanha os limites da fronteira. Sendo elevado a condição de cidade apenas em 1855. A cidade de rio branco é localizado no departamento de cerro largo possui uma população estimada de 13.456 habitantes segundo o censo de 2004. Free shops, conhecidos também como Duty Free Shops são lojas que vendem mercadorias com isenção total ou parcial de impostos. Essas lojas localizam-se geralmente em áreas internacionais, como aeroportos ou portos, mas em alguns casos como no Uruguai Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2 localizam-se também em cidades da faixa de fronteira. O primeiro free shop surgiu em 1947 no aeroporto da cidade de Shannon na Irlanda do Sul, criado por Brendan O'Regan. Essa forma de comércio é destinada a atender consumidores estrangeiros, sendo expressamente proibida a venda a nativos, tem como principio legal para funcionamento a isenção fiscal para produtos exportados, ou seja: se um produto é exportado deve ter suas taxas de saída do país diminuídas ou totalmente abatidas para o produto ter competitividade no mercado externo. No caso dos free shops uruguaios o que acontece é que os produtos comercializados entram no país pela zona franca de Montevidéu ou Colônia e são remetidos aos estabelecimentos que vendem o produto em rotas de saída do país com um abatimento de até 40% em impostos. Em rio Branco desde 2003 existe um movimento de concentração do mercado de free shops vendendo desde alimentos até eletrodomésticos e perfumarias. Eles localizam-se na parte norte do município Rio Branco,sobretudo na Avenida General Artigas junto ao limite entre Brasil e Uruguai, a ponte Barão de Mauá sobre o rio Jaguarão. Abaixo segue a tabela das principais lojas, produtos comercializados e sua localização. Lojas Produtos vendidos Localização Bekarte Free Shop roupas, eletroeletrônicos, alimentação, perfumaria Gen. Artigas Darling Free Shop roupas, eletroeletrônicos, alimentação, perfumaria Virrey Arredondo Mario Duty Free Shop roupas, eletroeletrônicos, alimentação, perfumaria General Artigas Free Shop Maua roupas, eletroeletrônicos, alimentação, perfumaria General Artigas roupas, eletroeletrônicos, alimentação, perfumaria General Artigas The Place Free Shop eletroeletrônicos, perfumaria General Artigas Fape Free Shop roupas, eletroeletrônicos, alimentação, perfumaria, artigos caça e pesca General Artigas Neutral Duty Free Shop Paris Duty Free Shop roupas, eletroeletrônicos, alimentação, perfumaria General Artigas Free Shop Virrey General Artigas roupas, perfumaria Fato que surpreende na pesquisa é a origem do capital empregado, diferente da maioria dos free shops que são administrados por franquias ou multinacionais estes partem de capital local, ou seja, de empresários da região que viram nessa abertura de comércio um novo nicho de investimento. Dos nove principais estabelecimentos listados acima apenas um deles possui filial em mais de um dos municípios que dispões dessa forma de comercio. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 3 RESULTADOS PRELIMINARES Como resultados preliminares alguns pressupostos empíricos foram comprovados, como o tipo de produtos procurados, por outro lado alguns dados surpreenderam como os municípios de origem dos consumidores e o motivo do deslocamento. Como mostra a pesquisa exploratória realizada no mês de abril do ano de 2010 com 20 entrevistados apontam que 7 vem do município de Pelotas, seguido de 4 de Rio Grande, 4 Porto Alegre, e uma pessoa de cada um dos respectivos municípios a seguir: Jaguarão, Farroupilha, Santa Maria, Bento Gonçalves e Estância Velha. Fator justificado pela distancia, destes Pelotas é o mais próximo (139 km) seguido de Porto Alegre a 271 Km porém aspecto gerou surpresa foi o significativo deslocamento de indivíduos do nordeste e centro do estado do Rio Grande do Sul e seria muito mais perto o acesso a Porto Alegre. A pesquisa ainda mostra que o principal motivo que leva a consumir nos free shops é o preço mais baixo dos produtos (46%), seguindo do passeio (28%) e por ultimo marcas conhecidas e variedade dos produtos (26%). Quanto aos produtos os mais procurados são alimentação (30%), seguido de eletrônicos (27%), perfumes (20%), vestuário (13%) e artigos para o lar (10%). No que tange a compras em shopping Center a maior parte disse que freqüenta regularmente e desses 59% freqüentam na capital Porto Alegre. Quanto a renda 35% possuem acima de 10 salários mínimos nacionais (mais de R$4.650), seguido de 40% de 0 a 2 salários mínimos nacionais (0 a R$930), 10% possuem uma renda mensal de 2 a 3 salários mínimos (R$ 931,00 à R$ 1.395), 10% de 5 a 10 salários mínimos (R$ 2.326 à R$ 4.650) e 5% de 3 a 5 salários mínimos(R$ 1.396 à R$ 2.325). No que diz respeito a freqüência que costuma visitar os free shops 50% estavam lá pela primeira vez, 20% freqüentam três vezes ao ano, 15% duas vezes, 10% mais de 4 vezes e 5% uma vez ao ano. À medida que a pesquisa avança vem-se tomando conhecimento da complexibilidade e dos diferentes nuances que influenciam esse fluxo de comércio já consolidado entre Rio Grande do Sul e Uruguai. Porem algo que já se mostra evidente é a necessária contrapartida do poder publico a fim de qualificar e proporcionar uma estrutura compatível com o fluxo e a importância desse tipo de comercio para economia de fronteira. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 4 BIBLIOGRAFIA: FRANCO, Sérgio da Costa. Origens de Jaguarão. Caxias do Sul: UCS, 1980. MENEGOTTO, R.. As relações de fronteira no Mercosul. In: Encontro Estadual de Geografia, 2002, Rio Grande. XXII EEG - As multiplas concepções da questão regional no Rio Grande do Sul. Porto Alegre : AGB, 2002. v. 1. p. 51-58. PAIVA, Ricardo Alexandre . O turismo, a produção e o consumo do espaço. In: II Colóquio Internacional Comércio e Cidade, 2008, São Paulo. II Colóquio Internacional Comércio e Cidade, 2008. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Historia do rio grande do sul. Porto Alegre: mercado aberto, 1982. SILVA, C. H. C. . As necessidades, as mercadorias, as marcas e as lojas: a geografia do comércio de luxo em São Paulo. In: XI Simpósio Nacional de Geografia Urbana, 2009, Brasília. XI Simpósio Nacional de Geografia Urbana. Brasília, 2009. <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acessado em 16/04/10. <http://www.ine.gub.uy/> Acessado em 16/04/10. <http://www.jaguarao.com.br/prefeitura/page1000.aspx > Acessado em 16/04/2010. <http://www.transportes.gov.br/bit/pontes/pt_divisa/br116-pt_jaguarao/GPTJAGUA.HTM> Acessado em 16/04/10. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 5