OUI I IUI UG m eios 07-12-2011 Tiragem: 16870 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Períod.: Diária Area: 26,72 x 32,23 cm J Âmbito: Economia, Negócios e. Corta: 1 de 9 C R I S E DO E U R O E se Portugal saísse do euro? Os bancos fechavam as portas, as fronteiras seriam controladas. Este seria o primeiro acto da saída do euro. A moeda desvalorizaria, disparava a inflação e o desemprego. E chegaria mais austeridade. As potenciais vantagens só viriam depois RUI PERES JORGE E ELISABETE MIRANDA ipior^ncKucios.pt Imagine este cenário. Após extenuantes horas de discussão numa das 27 capitais europeias a reunião do Conselho Europeu chega, finalmente, a<)fim. Os jornalistas que resistiram até à conferencia de imprensa são surpreendidos pela entrada na sala dos primeiros ministras português e grego. Seguem - nos os presidentes do Eurogrupo, do BCK e da Comissão. São três da manhã de sexta para sábado, a maioria dos portugueses está a d o r m i r . Quando acordarem, o c u r o j á não será a moeda do seu país. Os levantamentos de dinheiro terão de ser feitos já em "novos-escudos" directamente nos balcõesdos bancos. As fronteiras estarão temporariamente fechadas e as entradase saídas de capital proibidas. E decretado o estado de emergência. Eo fim do euro para os portugueses. São |x>ucos os que admitem que esta ficção se concretize. Mas,como escreviam esta semana os economistas dos banco japonês Nomura. não sendo o cenário central, a quebra do euro "tornou-se n u m risco efectivo nos últimos meses, e uma possibilidade para qual o investidores se devem preparar". Sendo Portugal uma das economia mais frágeis, é necessário pensar o que até há uns meses se afigurava impossível. O estado de choque e o de emergência O choque do anúncio de uma saída do euro, que se crè ter de ser implementadode surpresa (ver página 6), deveria vir acompanhado de u m conjuntode medidas restritivas do no pl;moeconómicoesocial, que visariam controlar os impactos negativos na economia. A limitação temporária de exportação de capitais e o controlo das fronteiras seria inevitável para travara fuga de capitais do país. Alguns mecanismos de garantia da soberania nacional seriam provavelmente também accionados, |x>r precaução perante o risco de dificuldades no acussoa bens importados - o acesso a reservas estratégicas de energia, cujo preço dispararia com a desvalorização cambial, é u m exemplo. Ao mesmo tempo, os depósitos bancários eos empréstimos seriam redenominadosem escudos,e ficariam temporariamentecongelados. ou pelo menos sujeitos a fortes restrições (ver infografia á direita). Câmbio a cair, inflação a trepar Uma outra consequência quase imediata da saída do euro seria u m aumento muito significativo da inflação. sublinha ao Negócios Ricardo Cabral, professor na Universidade da Madeira. A razão mais directa está na forte desvalorização da nova moeda, a qual ditaria que todos os produtos importados - e os que têm componentes importadas - subissem de preço de forma dram á t i c a O banco Nomura. no artigo já citado, estima que o valorda nova moeda nacional caísse perto de 50%. Este seria o impacto imediato nos preços das importações. "A desvalorização poderia ser muitosignificatíva^cunfirmaopnvfexsor português, uma posição na secundado porCharlesWyplosz, directordoCentro l ntemacional para Estudos Monetários e Financeiros do Gnidua telnsti tute.de Genebnulnicialmenteocâmbioiriacola|isar",di/ ao Negódos. acrescentando que, pelo menos no início, "seria impossível de controlar". A médio prazo, o valorda nova moeda, da inflação, e dos juros, dependeriam muito do desempenho ect »nómico do País, da sua credibilidade orçamental e da credibilidade do liana) CentraL "Não há milagres", diz Wyplosz. " l ' m dos lienefícios centrais da participação no euro é a estabilidade de preços e de taxa de cambio. Levará algum tempoatéque o banco central consiga estabelecer a sua credibil idade. Por um anos. lui- veria sempre inflação elevada, uma taxadecãmbiocmqucdaeiimaalta taxa dejuro", sustenta. E ao banco central não seria fácil ser credível ou controlar a inflação. Ajustificaçãoésimpleseconhecida de quem acompanha o IJCE: o banco de Portugal teria que i m p r i m i r muita moeda para financiar o listado. monet izando os défices através dacompra dednida pública, e gerando inflação. Já ao Estado não faltariam fog< >s para apagar, desde l< igi > a nacionalizaçãodequase todoi isistemabancárioeumoolapsodas nveitas fiscais. da do euro "destruiria milhões de contratos privados (compras e ven • das, créditos, salári(js), levando a colaps<) massivo de actividade económica, através de falências e de perdasdedireitosde propriedade". Daí resultaria "uma corrida aos Iwncos" que "teriam de ser nacionalizados" e saídas volumosas de capitais. Não só os bancos iriam à falência. Várias empresas também. As mais vulneráveis seriam as que, tendo a sua actividade e rendimentos centrados em Portugal, estejam muito endividados perante o exterior ou precisem de adquirir matérias primas noexterior(continuando a fazer os pagamentos em moeda estrangeira). Um brutal choque económico... e legal Crescer A dimensão exacta do choque ecodepois de uma nómico depende de u m número década perdida? imenso de variáveis, muitas delas impossívcisdedefiniremantccipação. Em que moeda ficariam redenominadxsas dívidas aoexteriorde bancos e empresas? I laveria lugar a algum tipo de reestruturação da divida externa, publica e privada? E na divida i n t e m a ? 0 Estado imprimiria moeda para defender as empresas mais afectadas pela saída do Euro? E que bancos nacionalizaria e em que condições? Quanto tempo levaria até a economia estabilizar? Quais os impactos no bancos europeus que têm financiaram a economia portuguesa em milhões e milhões durante ani >s? Est;is questões tem vindo a ser debatidas com intensidade. Em 2007 e depois em 2010. Baro - Eichengreen. professor tu >s EUA e um dos historiadores económicos que se tem distinguido na análise dacrise afirmou, sem rodcios.que a "participação noeuroé irreversível", Isto porque dada a complexidade e interligaçãodaseconomias,seria impossível umasaidasem criar"a mãe de todas as crises financeiras". Ao Negócios, Charles Wvplosz, destacado especialista em economia internacional, afirma que a saí- Os riscos e consequências não são ignorados pelos economistas que defendem que Portugal deve mesmo sairdo euro. como João Ferreira do Amaral. O professordo ISEG, oeconomlsta em Portugal que mais destacou nascriticase nas reservas à moeda única, tem defendido que. em articulação com as autoridades europeias,e ajxVs a estabilização da actual situação de crise sistémica do euro. Portugal deve iniciar o seu processo de saída de forma tão ordeira quanto possível. Para isso, defende, seria necessário articular a saída com o BCE tentando controlar a taxa de câmbio de forma a facilitara sua estabilizaçãoc flutuaçãodentro das regras domecanismoeuropeudetaxasde câmbio (mais ou menos 15%). Poderia também ser necessário contar com apoio financeiroexternoduranteoprocessode transição. O preço do ajustamento poderia ser alto mas, ainda sim, justificado. É que. defende Amaral, com uma moeda tão forte como o euro, Portugal nunca conseguira competir numa economia globalizada. Ricardo Cabral, da Universidade da Madeira, avisa que Portugal deve preparar planos de contingência. Seriam necessários novos instrumentos "legais para lidar. por exemplo, com falências de empresas RICARDO CABRAL Professor da Universidade da Madeira Especialista em economia internacional diz que a economia entraria em colapso, com a saída do euro. A desvalorização seria muito significativa. Inicialmente o câmbio iria coiapsar. CHARLES WVPLOSZ Centro Internacional para Estudos Monetários e Financeiros de Genebra j u i I idi u e m Tiragem: 16870 07-12-2011 Pág: 5 Pais: Portugal Cores: Cor Períod.: Diária Area: 26,96 x 32,28 Âmbito: Economia, Negócios e. O roteiro possível de uma saída do euro R H M H H É anunciado o fim do euro como moeda nacional e a introdução da nova moeda, desejavelmente de forma coordenada com a União Europeia e o BCE. De imediato, as fronteiras são encerradas, os bancos fechados e proibe-se o movimento de capitais. Será dito que Portugal tem capacidade para garantir o acesso a bens básicos, como energia e alimentado por via das reservas estratégicas nacionais e do apoio internacional. Todos os depósitos e créditos, contratados ao abrigo da legislação nacional, seriam convertidos para escudos a uma taxa de câmbio que seria definida administrativamente. Os outros contratos teriam de ser negociados com as autoridades europeias (ver páginas seguintes). O Governo anunciaria apoiofinanceirode emergência a empresas expostas ao risco cambial • as que dependem muito de importações mas vendem em Portugal - e recapitalizaria os bancos em dificuldades. i W H W H W B W W W W M l A situação estabilizaria ao fim de alguns meses. O Banco de Portugal passaria a conseguir ter algum controlo sobre a politica monetária e as taxas de juro. O novo-escudo passaria a transaccionar numa taxa de câmbio estável, mais baixa que a actual, e dentro da banda do mecanismo europeu de taxas de câmbio europeu (actualmente mais ou menos 15%). Corte: 2 de 9 0 4 A incerteza sobre o futuro do euro atingiu um tal ponto que o cenário impensável há uns meses é hoje equacionado por políticos, economistas, juristas. Aqui llca um possível roteiro com base nas conversas e documentos que o Negócios consultou Quando os bancos reabrem, as notas de euros estão carimbadas. Dirão que valem por escudos, se assim se chamar a nova moeda. Desta maneira se impede que o dinheiro físico saia do pais. enquanto se produz e coloca em circulação notas da nova moeda, concluída a produção da nova moeda, os portugueses trocam os "euro-escudos" por "escudos". Depósitos e créditos convertidos na nova O Banco de Portugal assume a politica monetária e o pais pode imprimir notas e moedas sem limitações. Queda da nova moeda seria controlada com o BCE O Banco de Portugal passaria a garantir o financiamento do Estado e a emprestar dinheiro aos bancos, em substituição do BCE. A maioria dos bancos teria de ser nacionalizada quase de imediato. A divida do bancos, contratada ao abrigo de legislação internacional, mantinha-se em euros, que agora é uma moeda externa. A banca precisaria de apoio para pagar essa divida ou entraria em incumprimento face ao exterior. Muitas das grandes empresas de serviços seriam também nacionalizadas. O preço dos produtos importados disparava, destacando-se entre eles a energia em geral e os combustíveis em particular. cm' A estreia da nova moeda no merendo cambial seria marcada por uma desvalorização de grande dimensão. O banco Nomura estimou, esta semana, que a queda face ao euro atingiria valores da ordem dos 50%, mas numa primeira fase até poderia ser maior. O BCE. em parceria com o Banco de Portugal, poderiam moderar a queda da moeda, rom intervenções no mercado cambial. Maioria ^ ^ dos bancos 1 passaria para as mãos do Estado J lrtflaçãoT\\ desemprego e mais austeridade \ / Futuro melhor ou pior? i O desacordo é total X O desemprego e a inflação disparavam. As taxas de juro subiam. Portugal teria de continuar a receber apoio financeiro internacional para ter divisas que pagassem o défice comercial e a dívida externa. A renegociação da dívida externa poderia ser inevitável, sendo concretizada em articulação com as autoridades europeias. O Estado seriafinanciadocom dinheiro emitido pelo Banco de Portugal mas isso não poderia ser (eito sem limite por causa dos efeitos inflacionistas. Dai que seria igualmente inevitável um plano de austeridade, com aumento de impostos e de taxas de juro. 0 tim desta história é o que gera mais desacordo. Os apoiantes do euro consideram que a moeda única confere estabilidade de preços, de moeda e de juros que beneficiam a economia no longo prazo. Para ser uma história de sucesso fattam as famosas reformas estruturais. Os que defendem a saida do euro, em minoria, defendem que a moeda única é demasiado forte para a estrutura económica portuguesa, impedindo que a economia cresça. JUIIIdIUfcJ W 07-12-2011 Tiragem: 16870 Pág: 6 Pats: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 27,36 x 34,59 cm2 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 9 Crise do euro Contratos em euros passam a escudos desde que a lei seja português; Para a maior parte da população, saber o que acontece ao dinheiro obedece a uma regra simples: desde que estejam em euros e os contratos tenham sido feitos ao abrigo da lei nacional, empréstimos (à habitação ou outros) e poupanças (depósitos, acções) passariam a escudos. Os salários também seriam convertidos, tal como os preços de parte dos bens e serviços. Mas tudo o que for importado, fica mais caro Poder de compra Salários e pensões caem, mas alguns preços não Empréstimos Valor desce, desde que contratado em Portugal • Salários e as pensões pagas em Portugal em euros passariam para escudos, sofrendo a desvalorização da moeda nacional. • Os bens e serviços que estào contratualúrados também sofreriam uma desvalorização na mesma proporção dos salários: é o caso das rendas, do preço dos telefones, água ou portagens. • Os bens e serviços cujo preço é de formação livre (pão, fruta ou leite) só deverão descer para a paridade dos salários quando os comerciantes sentirem o choque da reduçáo da procura devido à perda de poder de compra. • Já os bens importados, como a energia ou o a gasolina, poi exemplo, manter-se-iam ao valor de sempre. • As famílias que tenham pedido empréstimos em euros vê-los-iam convertidos em escudos. É a boa notícia: os depósitos caem. mas as suas dividas (crédito à habitação, para consumo) também, na mesma proporção. Oesde que tenham sido contratados em euros, e junto de bancos nacionais ou estrangeiros a operar cá. • Os empréstimos pedidos por Portugal à troika deverão manter-se em euros, sublinha Eric Dor. que duvida que as instituições aceitem a redenominação. • A divida pública emitida pelo Estado ao abrigo da lei nacional, passa a escudos, independentemente da nacionalidade do investidor. • Para o caso especifico das empresas e bancos (ver páginas 9 e 10). Dívidas e poupanças em euros feitas em Portugal passariam a escudos Se Portugal saísse da moeda única, poupanças e créditos internos em euros passariam a escudos. Para grandes investidores as respostas são menos óbvias ELISABETE MIRANDA RUI PERES JORGE* O que aconteceria às poupanças, às dívidas c aos rendimentos dos jx>rtuguescs sc Portugal saísse do euro? A dúvida tem vindo a inquietar um númcnocrescentede famílias e não tem rcsjiostas inequívocas. Juristas c economistas que têm reflectido sobre o assunto concordam que os contratos em curos.assinadosà luz tia lei nacional - por exemplo, a maioria dos depósitos e dos créditos à habitação - passariam a escudos, desvalorizando todos na mesma pro|H>rçào. Mas tudo o que vá além desta certeza genérica é tratado com pinças. A motivar tamanhas cautelas esta o factode não existir um roteiro para saídas de emergência. Os tratados europeus não previram que a Europa chegasse a esta situa- ção limite, razão pela qual pensar em todo este processo em termos jurídicoséentrar numa "dimensão est ratosfériea", resume a< > Negócios Pedro Cassiano Santos, da Vieira de Almeida. Para este especialista, pensar sobre o problema do ponto de vista legal "implicaria que se aplicasse, em sinal inverso, as decisões tomadas quandndeixámos as moedas nacionais para aderir ao euro", ou seja. que se desconstruls.se o edi fleio peçaa peça, da frente para trás. Só que este processo esbarra no factor t e m i » . ' • que. eximo explica Eric Do r. d irector do departamen tode investigação na Universidade Católica de Lille, quejá publicou um guia para a.saída da moeda única, o processo teria de ser sigiloso e rápido. para evitara sangria de capitais do País (ver entrevista à direita). Mas. poroutro lado. ludooque não seja negociado com o BCE e os de mais pareciros comunitários, arrisca-se a ir parar aos tribunais, até porque nem sempre é certo que o governo |>ortuguês passasse a ter poderpítra decidir,sozinho, sobre o que passa para escudos e o que fica em euros. Paulo Câmara, da Sérvulo. I raça a linha divisória entre "a natureza intenta ou internacional do con t rato financeiro em questão". Para os contratos internos, negociados entre instituições nacionais e clientes ou investidores nacionais, as coisas são mais simples. "A aplicação financeira será redenominada para a moeda que cm Portugal vier a suceder ao euro". E quemdizapliraçôcsfinanceims.diz empréstimos, confirma Eric Dor (ver infografia em cima). Ou seja, se odinheiroqueestánohancodesvnloriza. também oqueítsclienlcsdcvem ao banco desvaloriza na mes- ma medida. Desde que estivessem em euros (em moeda estrangeira não há desvalorização). Mais incerto é o que acontece a contratos emitidos em euros mas através dejurisdições internacionais. Éocasodealgumadívida pública, de acções e obrigações de algumas empresas nacionais, queemitemdo exterior. Nesse caso, à partida, os contratos não desvalorizam, diz Eriça r . Mas este "à partida" é mesmo para ser lido como um condicional. Até |x>rque para Pedro Cassiano Santos, "a solução que descrimina contratos com base najurisdição ano me parece razoável, pois menorizaria a jurisdição nacional e todos os seusintenvnientes&caajurisdições estrangeiras". No fundo, "significadizer a todos os que interagem com Portugal que o melhore procurarem outras jurisdições para as seus contratos", resume. "tom AV Pedro Cassiano Santos, da Vieira de Almeida, lembra que a lei é silenciosa, nâo prevê a saída do euro. Pensar este processo em termos jurídicos é entrar numa dimensão estratosférica. Paulo Câmara, da Sérvulo, diz que a incerteza é tanta, que não há respostas únicas para as questões. A solução será diferente consoante o eu\\) se mantenha, ou não, como moeda de alguns Estack)_s europeus. Weaoesos R V \ Eli j u m a i œ & • eeeeeeei 07-12-2011 Tiragem: 16870 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 11,12x32,43 cm2 Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 9 # Investimentos e poupanças Certificados de aforro e depósitos passariam a escudos • Os depósitos de residentes, em euros, no sistema bancário nacional, passariam a escudos. Não importa se o banco é português ou estrangeiro, uma vez que estes últimos sâo sucursais que estão incorporadas na lei nacional, explica Eric Dor. • Depósitos de residentes em moeda estrangeira (dólar, franco SUÍÇO) manter-se-iam nas moedas respectivas, não desvalorizando. Isto é válido para as restantes aplicações financeiras - contratos de seguro, fundos de investimento, entre outros. • Certificados de aforro, do tesouro e outros títulos de divida pública passam a escudos, desde que emitidos em Portugal. • Acções, obrigações e outros produtos financeiros de empresas emitidas ao abrigo da Lei portuguesa passam a escudos. Se tiverem sido emitidas através de uma jurisdição estrangeira (Caimão, Cabo Verde, etc.), o pagamento é feito fora de Portugal, logo deverão ficar em euros, diz Eric Dor. É preciso ver o contrato. • Acções sem valor nominal não passam a escudos, lembra Paulo Câmara. PERGUNTAS A... • ERIC DOR DIRECTOR DE INVESTIGAÇÃO DA IESEG. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE LILLE Só o congelamento súbito das contas evita fliga de capitais Assim, um contrato previamente estabelecido em euros será rcdenomiUma questão centraléada própria nadoem escudos seocontrato estiver legalidade da saida É difícil conceber ao abrigo da l e x monetae" de Portuum planorealistaque não envolva al- gal. O problema é que enquanto Porgum tipo de violação dos trn tado&Até tugaldizque os contratos passam a esporque negociarálteraçõesaos trata- cudos, os outros países quererão mandos seria demasiado longoedesenca- tê-los em euros. Há um conflito de "lex dearia especulação contra o País. Na monetae",que só poderáserdirimido melhor das hipóteses, poderia haver vendo asdáusulas contra tuaLsde cada um acordo-surpresa durante uma um. Quandoelas não existem, prcsureunião defim-de-semanado Conse- me-sequeakáqueprevaleccéadololho. Mas, na ausência de consenso, cal de pagamento do contrato. Mas será difícil garantir a redenominação para isso a salda tem de ser amigáveL na moeda nacional de muitos contratos de financiamento internacionais, Ojito se pode evitara fup (te captais? multiplkando«asdisputasjudiciais Só com um congelamento súbito das contas bancárias. Éoque to ma o Porquê? processo difícil há muitas questões Há um princípio universalmente técnicasqueprecisariam desernegoaceite segundo o qual cada Estado ciadas antes de uma saída do euro, exerce poder soberano sobre a sua mas as negociações porsi podiam demoeda - a chamada "lex monetae". sencadearuma corrida aos bancos. I Quats seriam as maiores comparações num cenário desatiado euro? Neaooœ m , a jornal ae v h r h w • Tiragem: 16870 Pág:8 País: Portugal Cores: Cor Perlod.: Diária Area: 27,19 x 34,15 cm' Ambfto: Economia, Negócios e. Corte: 5 de 9 www.nogodos.pt 07-12-2011 Crise do euro Alternativas para proteger as poupanças do fim do euro Depósitos Fundos à ordem ou a prazo... noutra moeda estrangeiros permitem diversificação Uma das principais alternativas para quem quer evitar ser surpreendido com o fim do euro são os depósitos à ordem, mas também a prazo, denominados em moeda europeia. A oferta é variada. Praticamente todos os bancos têm aplicações que permitem converter os euros em dólares americanos, canadianos, australianos, libras e francos suíços, A rendibilidade não é tão elevada como em euros. No BES. por exemplo, um depósito em dólares ou libras paga um juro de 1,3%, já em francos suíços rende 0,55%. A melhor proposta em euros é de 3%. Há um "significativo aumento dos pedidos de informação por parte dos clientes", devido à apreensão causada pelas noticias de que algumas empresas estão a avaliar os Uma forma de proteger as poupanças na eventualidade de Portugal sair do euro é investir em fundos estrangeiros. Se nos fundos domiciliados em Portugal o investidor ficaria exposto a uma hipotética nova moeda, com a perda de valor dai decorrente, nos outros está a fazer um contrato em moeda estrangeira. E como explica Paulo Camara, jurista da Sérvulo & Associados, "os contratos em moeda estrangeira não são de principio afectados pelo risco de desagregação do euro". Esse é também o entendimento do Banco Best. o maior distribuidor de fundos estrangeiros: "No caso dos fundos de investimento estrangeiro, provavelmente não haverá muita margem para que um Estado os possa redenominar, já que os fundos não são de jurisdição nacional". Os fundos estrangeiros comercializados em Portugal são. na sua maioria, domiciliados no Luxemburgo. As unidades de participação estão também depositadas em bancos estrangeiros. Mesmo o investimento realizado em euros nestes produtos não seria afectado, desde que a moeda única continuasse a existir noutros países. Uma vantagem dos fundos é que permitem investir de forma diversificada em diferentes classes de activos (acções, obrigações, mercado monetário, matériasprimas, etc) e regiões do mundo. E também em várias divisas. As mais comuns são o dólar, o franco suiço e as coroas sueca, dinamarquesa e norueguesa. O investidor tem. no entanto, que ter em conta que passa a estar exposto ao risco cambial. O nível de risco tanto pode ser baixo - nos produtos que investem em aplicações de tesouraria - como muito elevado, no caso das acções ou matérias-primas. Os fundos estrangeiros são comercializados sobretudo através dos bancos "online", como o Best. ActivoBank e BiG. O Deutsche Bank também distribui algumas gestoras. Os fundos nacionais tinham 6.5 mil milhões de euros sob gestão no final de Outubro. Tem havido uni crescimento "relevante" da procura por contas em moeda estrangeira. efeitos de uma saída de Portugal do euro. de acordo com um banco contactado pelo Negócios. Essa foi também a resposta obtida noutra instituição, que adiantou que esses pedidos não corresponderam a um crescimento "relevante" dn procura por soluções alternativas, como as contas em moeda estrangeira. Não é possível quantificar o número de aplicações deste género, observando-se apenas que os depósitos realizados junto dos bancos portugueses continuam a aumentar, ascendendo a 127.5 mil milhões de euros em Setembro. As aplicações em moeda estrangeira dão protecção contra uma desvalorização caso Portugal saia do euro. regressando ao escudo. No entanto, há risco. A queda da divisa em que se investiu pode traduzir-se em perdas acentuadas. Se esta valorizar, é possível pnhar mais do que com os juros. Ouro Investirem barras para garantir valor A escíil.Kl.i dos preços rio ouio liy disparara prorura pela matéria-prima para investimento. Não só nos mercados, através deilerivados financeiros, tomo cm termos lisiros, coiti a aquisição de barras de ouro. O apetite j,i não é de agora: "a tenrii-nci.i já vem de trás", disse fontp de um banco que nao quis ser identificado. Começou a sentir se mais Irá um ano, quando a turbulência nos merrarlos Accionistas levou a uma forte valorização do metal, que acabou por atingir a marca histórica fie 1.921 dólares por onça, no passado mós de Setembro. O ouro está associado a refúgio, para alturas mais conturbadas nas bolsas, mas também é visto como uma proleççnó contra n inflação. F. no limite, pode ser uma alternativa para quem quer proteger as suns poupanças de uma eventual saída de Poriiifjat da 2ona luro. isto porque é denominado na moeda norte-americana. Apesar de ser crescente a preocupação dos portugueses, "a prornrn tem-se mantido estável", disse fonte de um hanro contactado pelo Negócios, que preferiu também não ser identificado. É aos balcões dos bancos que é possível adquirir as barras de ouro físicas, sendo que, ultimamente, instituições como o BCP passaram a disponibilizar esta forma de investimento no seu "site". Tal como acontece em tortos os activos em moeda estrangeira, também no ouro h.i o risco cambial. [ há que ter em conta também a flutuação dais cotações do metal nos mercados, sendo estas definidas pela lei da oferta e ria procura. jurriaiae r 07-12-2011 l lá várias alternativas para evitar que as poupanças encolham numa eventual saída de Portugal da moeda única. Mas em todas elas passa a estar exposto ao risco cambial. Conheça as várias soluções ANDRÉ VERÍSSIMO E PAULO MOUTINHO "Offshore" para tirar o dinheiro de Portugal Os bancos disponibilizam contas a prazo "offshore", mas que são vantajosas sobretudo para os não residentes. Quem vive em Portugal fica sempre sujeito à retenção do IRS na fonte. Caso contrário estará a incorrer em evasão fiscal. Nas contas "offshore" também é vulgar os bancos disponibilizarem depósitos em moeda estrangeira, como dólares americanos, dólares canadianos ou francos suíços. 0 fim do regime que vigora na Zona Franca da Madeira está a levar os bancos a mudarem estas operações para outras paragens. 0 "Público" noticiava na segundafeira que a Caixa Geral de Depósitos vai transferir parte da actividade no arquipélago português para as ilhas Cayman. onde de resto estào Depósito num "offshore" tora de Portugal deixa de ter direito ao fundo de garantia de depósitos. presentes várias instituições nacionais, como o BCP, o BES. o BPI e também o Banif. Tenha em atenção que se o depósito for num offshore fora de Portugal pode deixar de ter direito ao fundo de garantia de depósitos. Outra forma de pôr o dinheiro fora do pais é colocá-lo num banco estrangeiro ou mesmo numa sucursal de um banco português lá fora. A Suíça é um destino tradicional das maiores fortunas. Segundo disse ao Negócios uma fonte do sector bancário, que pediu para não ser identificada, este tipo de operação destina-se sobretudo a investidores com um perfil mais sofisticado e património elevado. "Quem preferiu por o dinheiro no estrangeiro por esta altura já o fez", explicou. Tiragem: 16870 Pág: 9 Pais: Portugal Cores: Cor Perfod.: Diária Área: 27,23 x Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 6 de 9 32,30 cm2 Fim da moeda única "seria o caos", avisam banqueiros Actuação dos depositantes poria em causa desmantelamento ordenado MARIA JOÃO GAGO m negot KH. pi Encerrar fronteiras, suspender pagamentos, carimbar todas as notas ile euro que estivessem dentro do território nacional com uma nova designação, porexeinplo "ouro-escudo", e cstalxílecer uma taxa câmbio entre as duas moedas, lista seria a lista de tarefas prioritáriasacumprirnoeaso de o euro acabar, sei em Portugal ou cm toda a Europa. "Seria o caos", resumem, numa espécie do uníssonoespontâneo, vários gestores de grandes bancos contactados pelo Negócios Tal comoamaioria dos portugueses, os banqueiros também pensam nofimdoeuro. "Pensam, mas não se estão a preparar para isso",sublinha um (los responsáveis. Até porque abanca não acredita nesse cenário. A alternativa, que esta semana se começou u esboçar no encontro dos líderes da Alemanha e da França, passa pelo estabelecimento de "um novo governo económico na Zona euro", com regras orçamentais mais apertadas e sanções para países incumpridores. "O processo que está a sor desenvolvido é. precisamente. para o euro não acabar". Perante a insistência jornalística, a construção de cenários para o dia a seguirão fim do ouro prossegue a contragosto. "Uma decisão politica nesse sentido nunca |>oderia ser implementada em menos de 12 meses", alerta um dos gestores, recordando que a transição mecânica, informática o logística de adopção da moeda únicasc prolongou por 18 meses. " E estávamos n u m ambiente optimista, de crescimento...". Para outro banqueiro, o grande teslo a um eventual desmantelamentoorganizadodoeuro seria o comportamento dos depositantes e da generalidade dos cidadãos. "Essa decisão não poderia ser pré-anunciada ou as pessoas tentariam salvaguardar o múximodc valor possível. O momento inicial seria de ruptura caótica". Numccnáriodcfimdocuro.a "A banca seria toda nacionalizada e teria de haver soluções genéricas para resolver o problema dos empréstiiiK >s dos clientes bancários", imagina um dos gestores. preocupação imediata seria travar a fuga de capitais. Dai o fecho das fronteiras e a suspensão do pagamentos.quc poderia vigorar durante algumas semanas. O tempo suficiente para preparara implementação de uma nova unidade monetária: impressão de notas o cunhagem de moeda, fixação de taxas de câmbio o de nc»vas taxas de juro de referência, redenominação de créditos. Numa segunda fase. o enipobrecimento relativo do país, ditaria a incapacidade das famílias e empresas de pagarem os seus créditos, c da banca de honrar os seus compromissos com o exterior. "A banca seria toda nacionalizada e teriade haver soluções genéricas para resolver o problema dos empréstimos dos clientes bancários", imagina u m das gestores. "Durante u m largo periodode tempo, possivelmente anos. haveria controlo quantitativo das importações e das transferencias de capital" para evitar a fuga do capitais. Depois, a poucoe pouco, seria necessáriocomeçaradarsinais positivos aos mercados. Numa tentativa de recuperar a credibilidade perdida. leaoc , Jornal de ¥ www.noflocioa. 07-12-2011 Tiragem: 16870 Pág: 10 Pais: Portugal Cores: Cor Períod.: Diária Area: 27,16 x 34,23 cm* Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 7 de 9 Crise do euro Sem "Plano B" para o fim do euro As PME e os sectores exportadores da economia nacional, quase que colocam a possibilidade do fim do euro no mesmo campo de probabilidades do fim do mundo. Por isso, caso tudo falhe, não há um "Plano B". Os empresários e líderes de associações patronais reconhecem que o momento é de turbulência, mas preferem não conjecturar muito sobre cenários catastrofistas, sobre os quais nem querem pensar. Mesmo os que acreditam, através das exportações, poder lucrar com a previsível desvalorização da moeda, afastam o cenário. Os ganhos seriam sempre diminutos face às perdas que dai resultariam para a economia em geral. Não tomos planos para esse cenário, nem tão pouco admitimos essa hipótese. Ninguém está interessadi i nessa situação, a não ser as instituições financeiras. Não há um plano formal, lemos apenas a experiência das dificuldades existentes anles do euro. Nem |X'nsei nessa possibilidade. Não estamos preparados para uma situação como essa. Não há estudo de impacto para esse cenário. Não quero considerar essa hipólese. ANTÓNIO SARAIVA PRESIDENTF DA CIP A L V E S DA SILVA PRES. PA l'Mt PORTUGAL JON V E L A S C O GERENtE t)A MIJP PORTIK.AI FORTUNATO F R E D E R I C O PRESIDEN I E DA KYAIA JOÀO MACHADO PRESIDENTE DA CAP A associação nunca oncnmu a hipólese e espero que nunca lenhamos de nos ci mfronlarcoin ela. Não trabalhamos cm cima de cenários que não podem suceder. N ã o c possível acabar ci un o euro. Não lemo.s eenários montados, mas a minha opinião é que isso é absolutamente impensável. ( ) euro ajuda a enquadrar Portugal na imagem da Kumpa.oque facilita a entrada enícertos mercados. Não há plano, ninguém eslá a pensar nisso. Seria catastrófico para todos. JOÀO COSTA PRESIDENTF DA ATP EUGÉNIO DOS SANTOS PRf SiDEfv'F DA COLUNEX VÍTOR POÇAS P R E S I D E N U DA AIMMP RAFAEL CAMPOS PEREIRA VICE PRESIDENTE DA AIMWAP CARLOS BARBOT PRESIDENTE DA BARDOT Contratos em dólares e pagamentos mais rápidos protegeriam empresas Especialistas em direito da UE dizem que maior risco da saída do euro é cambial e que haveria efeitos que nenhuma legislação conseguiria totalmente acautelar MARIA JOÃO BABO Celebrar novos contratos em dólares. encurtar prazos de pagament«> e exigir garantias de cumprimento aos devedores são algumas das f< >rmasiiueasempresas teriam para se pmtc^erdos riscos de uma eventual saída de Portujíal do euro ou mesmo do fim da moeda única. TamI k ' i h a ajxwta num |X'rfil mais internacional dos seus negócios permitiria minimizar esse impacto. Nessa situai,-»).que poragora nã< i é mais do que um cenário, "o maior risco de todos é o cambial", afirmou a< i Negócios Miguel Mendes Pereira, advogado da área de direito da cona>rrL , nciaeUniãoF.uro|x;ia da Vieira de Almeida, que considera que, como fornia de se protegerem. "poderá fazer sentido as empresas começarem já" a celebrar novos con- tratos em dólaresou francos suíços. Outro dos riscos que considera existir, com a saída de Portugal do euro ou com o fim da moeda única, "é a jxxssibilidadc de estas profundas alterações poderem ser invocadas para não cumprir o contrato", seja entre empresas portuguesas seja com estrangeiras. Um risco que, explica. "podesercvitadonoca.su de umasaída organizada com uma lei que diga queestasalterações não [xxlcm ser\ i r d e fundamento para innimpriro contrato". Miguel .Mendes Pereira realça ainda a importância de o Governo criar novas regras que regulem o processo de insolvência, tendo em conta que as empresas em risco de fecharem as portas aumentaria. O momento em que activos são avaliados - se é quando a empresa se apresenta à insolvência ou quando o tribunal a declara - |xk1c significar para o credor, à medida que a moeda se desvaloriza, diferença de receber mais ou menos". Também aqui. o res|x>nsável defende que haveria "vantagem na saída negcKriadaparadartcmpoaC|ueestas regras sejam criadas". No entanto, para José i.uisCruz Vilaça, sócio da P L M J da área de pratica de direito eum|xnie da concorrência. "haveria importantes efeiti >se problemas nos planos económico, financeiro e cambial que nenhuma legislação conseguinicabalmente acautelar". Km sua opinião, num cenário de saída do euro. a grande diferença e principal dificuldade face ao momento da entrada na moeda única residirá n< > facto de que a hijx>tética saída "prxleria ter lugar de tim momento para o outro e com uni tem- IX) de preparação muito reduzido". Hm sua opinião, as princi|Kiis preocupações estão relacionadas "com a necessidade de assegurar, tanto quanto possível, a segurança jurídica tios particulares (cidadãos e empresas). tendo emeontaem especial, a preservação dochamado principio da continuidade ou da estabilidade dos contratos e o respeito do princípio da liberdade contratual". Outra das preocupações levantadas por Miguel Mendes Pereira é a de "preservar a situação dos credores estrangeiros", que ficariam sujeitos à desvalorização dos créd i tose poderiam tornar-se reticentes ou indisponíveis para venderaempresas portuguesas matérias-primas ou equipamentos. "Se não acautelarmos a posição de credores estrangeiros, há o risco de amanhã não nos abastecermos", avisa I DEI A S - C H AVE CENÁRIO DE SAÍDA DO EURO COM IMPACTO NAS EMPRESAS NOVOS CONTRATOS Para se protegerem do risco cambial, as empresas poderiam celebrar contratos em dólares ou francos suíços, para que valor do crédito não fosse afectado. INCUMPRIMENTO Para evitar que o devedor invocasse a alteração de circunstâncias para não cumprir um contrato, o Governo teria de legislar. PAGAMENTOS Com desvalorização da moeda, o grau de não pagamento dos créditos aumentaria. Encurtar os prazos de pagamento minimizaria. COMPETITIVIDADE Em resultado da desvalorização da moeda que Portugal viesse a adoptar, a competitividade poderia aumentar. Mas com um custo para o nível de vida no país. eaocios Jornal de ¥ Tiragem: 16870 Pág: 11 Pais: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,72 x 32,65 cm2 Âmbito: Economia. Negócios e. Corte: 8 de 9 wwvw.nogocioa.pt 07-12-2011 Nem as exportadoras o escudo consegue seduzir JOÃO CARLOS MALTA joaonialiasinegocios.pt Um dos argumentos recorrente nos defensores do regresso ao escudo é a desvalorização da moeda, e o potencial de competitividade ganho pela baixa dos preços dos produtos portugueses. Masatéasempresas exportadoras, que seriam as mais benefdadas, afastam o cenário. Os efeitos secundários do fenómeno na economia, dizem, iriam fatalmente diluíras vantagens. As empresas que exportam a quase totalidade da produção até lucrariam, mas para o presidente da CIP, António Saraiva, isso é olhar somente para u m dos ângulos do quadro: "O problema é que as empresas nacionais são u m todo. O sector exportador poderia beneficiar, mas o País como um tixlo não ia ganhar com isso". Uma moeda mais fraca é também sinónimode mais custos quando é altura de comprar no estrangeiro. "A nós não nos iria beneficiar, porque muitos componentes que usamos nos sapatos são importados. Isso traria um movimento inflacionista muito grande", disse ao Negócios Fortunato Frederico, líder da Kyaia e da associação de empresáriosdoseclordocalçado (APICCAPS). A ideiaé partilhada pelo presidente das tintas Barbot: "O único plano [xwsível seria a empresa |X!garem tudoo que tem e transforma- loem dólares". Quanto às vantagens para as exportações, Carlos Barbot ilustra essa hipótese com uma imagem: "Era a mesma coisa queganharumprcmiodeóOmil euros na lotaria, e ao mesmo tempo dizer ao vencedorque vai perderas pernas." No sector da madeira, Vítor Poças, presidente da A l M MP. não acredita que a desvalorização da moeda contribua para umganhoestruturaldecompetitividade. "Isso é empobrecer alegremente. Portugal tem de ganharcompetitividade por via da economia real", sentenciou. O forte aumento do peso da divida, em virtude da desvalorização cambial, é out ro dos efeitos que mais preocupa os empresários. "Achamos que temos muita dificuldade em pagaradívida, agora imagine com esse aumento", profetiza Bartx>t. "Verdadeira unláo econômica e orçamental" I Van Rompuy. Ilder do Conselho Europeu, escreveu uma carta aos 27. S&P admite que ameaçou países do Euro para influenciar a cimeira Agência colocou 15 dos 17 países do Euro em "outlook" negativo, incluindo Portugal. Alemanha aproveitou a "deixa" para pressionar a revisão dos tratados ANTÓNIO LARGUESA CARLA PEDRO AStandard & Poor's, que no inicio desta semana decisiva para o Euro colocou em "outlook" negativo 15 dos 17países da união, assumiu ontem que resolveu ameaçar o corte deviating" para que na cimeira europeia de sexta-feira seja quebrado "o padrão de medidas defensivas e fraccionadas" que tem sido recorrente entre os lidereseuropeus. Como é habitual, a moeda única respondeu a várias vozes, a esmagadora maioria para criticar a agência de notação. "Não devemos dar às agencias de notação mais crédito do que merecem", frisou Jcan-Claude Juncker.lidcrdosministros das Finanças da Zona Euro. Também Ewald Nowotny, conselheiro do Banco Central Europeu, notou que "o 'timing" e alcance da advertência têm u m claro contexto p o l i t i c o - u m a agência cie rating entrou no palco politico". Ainda antes da S&Pconfessar as suas motivações num rol de "perguntasc res|X)stas" noseu"website",o também chefedo governo luxemburguês dizia: "espanta-me muito que essa notícia caia do céu, em vésperas da cimeira. Não pode ser coincidência". E não era. A agência frisou, horas depois, que "se a resposta dos decisores políticos não for considerada robusta pelos investidores,a confiança do mercado poderácairainda mais.o que significará maiores custos de refinanciamento para os bancos e governos, bem como maior desaceleração do créditoeda procura". E se o porta-voz euro|x:u para os Assuntos Económicos, Amadeu Altafaj Tardio, avisou que o trabalho da ci meira é pensado jxira us cidadãose não para "agradara agências ou forças dos mercados", a Alemanha aproveitou para pressionar a aceleração da revisão dos tratados, necessária para acomodar as propostas para maiorcontroloorçamcntal do directório franco-alemão. O minlstroalemãodas Finanças, Wolfgang Schäuble, disse que a mensagem deve servir de "encorajamento" para a cimeira Portugal está entre os 15 países colocados sob perspectiva negativa pela S&P. mas há inais implicações. E que o "doxvngrade" da Alemanha e França afectarão "rating" do fundo de resgate do Euro.quese tiver de pagar juros mais elevados sobre as obrigações que emite |x>derá não conseguir financiar-se para emprestara Portugal. Temos de tom a r decisões importantes I na cimeira de sexta | não para agradar às forças dos mercados, mas por ser necessário para os cidadãos. A M A D E U ALTAFAJ TARDIO Porta-voz do comissário europeu para os Assuntos Económicos 07-12-2011 Tiragem: 16870 Pág: 1 Pats: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Area: 19,37 x 23,54 cms Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 9 de 9 Cl ID WÊÊÉÊWÊÊÊÊ A Zona Euro vive o momento da verdade na Cimeira europeia de quinta e sexta-feira. A crise da dívida ameaça a sobrevivência da moeda única. Saiba o que poderia acontecer se o euro acabasse. • Dívidas e poupanças ao abrigo da lei nacional passariam para escudos • Logo após o anúncio do fim do euro, ninguém poderia sair do país e os bancos fechavam • Quando os bancos abrissem ofereceriam notas de euro carimbadas, até que existisse uma nova moeda em circulação • Inflação e desemprego disparavam, taxas de juro subiriam • Saiba como é que as empresas se podem proteger e o que se pode fazer com as poupanças. Primeira Linha 4 a 11