E se Portugal saísse do euro?

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OUI I IUI UG
m
eios
07-12-2011
Tiragem: 16870
Pág: 4
País: Portugal
Cores: Cor
Períod.: Diária
Area: 26,72 x 32,23 cm J
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corta: 1 de 9
C R I S E DO E U R O
E se Portugal
saísse do euro?
Os bancos fechavam as portas, as fronteiras seriam controladas. Este seria o primeiro acto
da saída do euro. A moeda desvalorizaria, disparava a inflação e o desemprego. E chegaria
mais austeridade. As potenciais vantagens só viriam depois RUI PERES JORGE E ELISABETE MIRANDA ipior^ncKucios.pt
Imagine este cenário. Após extenuantes horas de discussão numa
das 27 capitais europeias a reunião
do Conselho Europeu chega, finalmente, a<)fim. Os jornalistas que resistiram até à conferencia de imprensa são surpreendidos pela entrada na sala dos primeiros ministras português e grego. Seguem - nos
os presidentes do Eurogrupo, do
BCK e da Comissão. São três da manhã de sexta para sábado, a maioria
dos portugueses está a d o r m i r .
Quando acordarem, o c u r o j á não
será a moeda do seu país. Os levantamentos de dinheiro terão de ser
feitos já em "novos-escudos" directamente nos balcõesdos bancos. As
fronteiras estarão temporariamente fechadas e as entradase saídas de
capital proibidas. E decretado o estado de emergência. Eo fim do euro
para os portugueses.
São |x>ucos os que admitem que
esta ficção se concretize. Mas,como
escreviam esta semana os economistas dos banco japonês Nomura.
não sendo o cenário central, a quebra do euro "tornou-se n u m risco
efectivo nos últimos meses, e uma
possibilidade para qual o investidores se devem preparar". Sendo Portugal uma das economia mais frágeis, é necessário pensar o que até há
uns meses se afigurava impossível.
O estado
de choque e o
de emergência
O choque do anúncio de uma saída
do euro, que se crè ter de ser implementadode surpresa (ver página 6),
deveria vir acompanhado de u m
conjuntode medidas restritivas do
no pl;moeconómicoesocial, que visariam controlar os impactos negativos na economia.
A limitação temporária de exportação de capitais e o controlo das
fronteiras seria inevitável para travara fuga de capitais do país. Alguns
mecanismos de garantia da soberania nacional seriam provavelmente
também accionados, |x>r precaução
perante o risco de dificuldades no
acussoa bens importados - o acesso
a reservas estratégicas de energia,
cujo preço dispararia com a desvalorização cambial, é u m exemplo.
Ao mesmo tempo, os depósitos
bancários eos empréstimos seriam
redenominadosem escudos,e ficariam temporariamentecongelados.
ou pelo menos sujeitos a fortes restrições (ver infografia á direita).
Câmbio a cair,
inflação
a trepar
Uma outra consequência quase
imediata da saída do euro seria u m
aumento muito significativo da inflação. sublinha ao Negócios Ricardo Cabral, professor na Universidade da Madeira. A razão mais directa está na forte desvalorização da
nova moeda, a qual ditaria que todos os produtos importados - e os
que têm componentes importadas
- subissem de preço de forma dram á t i c a O banco Nomura. no artigo
já citado, estima que o valorda nova
moeda nacional caísse perto de
50%. Este seria o impacto imediato nos preços das importações.
"A desvalorização poderia ser
muitosignificatíva^cunfirmaopnvfexsor português, uma posição na secundado porCharlesWyplosz, directordoCentro l ntemacional para Estudos Monetários e Financeiros do
Gnidua telnsti tute.de Genebnulnicialmenteocâmbioiriacola|isar",di/
ao Negódos. acrescentando que, pelo
menos no início, "seria impossível de
controlar".
A médio prazo, o valorda nova
moeda, da inflação, e dos juros, dependeriam muito do desempenho
ect »nómico do País, da sua credibilidade orçamental e da credibilidade
do liana) CentraL "Não há milagres",
diz Wyplosz. " l ' m dos lienefícios
centrais da participação no euro é a
estabilidade de preços e de taxa de
cambio. Levará algum tempoatéque
o banco central consiga estabelecer
a sua credibil idade. Por um anos. lui-
veria sempre inflação elevada, uma
taxadecãmbiocmqucdaeiimaalta
taxa dejuro", sustenta.
E ao banco central não seria fácil
ser credível ou controlar a inflação.
Ajustificaçãoésimpleseconhecida
de quem acompanha o IJCE: o banco de Portugal teria que i m p r i m i r
muita moeda para financiar o listado. monet izando os défices através
dacompra dednida pública, e gerando inflação. Já ao Estado não faltariam fog< >s para apagar, desde l< igi > a
nacionalizaçãodequase todoi isistemabancárioeumoolapsodas nveitas fiscais.
da do euro "destruiria milhões de
contratos privados (compras e ven •
das, créditos, salári(js), levando a colaps<) massivo de actividade económica, através de falências e de perdasdedireitosde propriedade". Daí
resultaria "uma corrida aos Iwncos"
que "teriam de ser nacionalizados"
e saídas volumosas de capitais.
Não só os bancos iriam à falência. Várias empresas também. As
mais vulneráveis seriam as que, tendo a sua actividade e rendimentos
centrados em Portugal, estejam
muito endividados perante o exterior ou precisem de adquirir matérias primas noexterior(continuando a fazer os pagamentos em moeda estrangeira).
Um brutal choque
económico...
e legal
Crescer
A dimensão exacta do choque ecodepois de uma
nómico depende de u m número
década perdida?
imenso de variáveis, muitas delas
impossívcisdedefiniremantccipação. Em que moeda ficariam redenominadxsas dívidas aoexteriorde
bancos e empresas? I laveria lugar
a algum tipo de reestruturação da
divida externa, publica e privada? E
na divida i n t e m a ? 0 Estado imprimiria moeda para defender as empresas mais afectadas pela saída do
Euro? E que bancos nacionalizaria
e em que condições? Quanto tempo levaria até a economia estabilizar? Quais os impactos no bancos
europeus que têm financiaram a
economia portuguesa em milhões
e milhões durante ani >s?
Est;is questões tem vindo a ser
debatidas com intensidade. Em
2007 e depois em 2010. Baro - Eichengreen. professor tu >s EUA e um
dos historiadores económicos que
se tem distinguido na análise dacrise afirmou, sem rodcios.que a "participação noeuroé irreversível", Isto
porque dada a complexidade e interligaçãodaseconomias,seria impossível umasaidasem criar"a mãe
de todas as crises financeiras".
Ao Negócios, Charles Wvplosz,
destacado especialista em economia internacional, afirma que a saí-
Os riscos e consequências não são
ignorados pelos economistas que
defendem que Portugal deve mesmo sairdo euro. como João Ferreira do Amaral. O professordo ISEG,
oeconomlsta em Portugal que mais
destacou nascriticase nas reservas
à moeda única, tem defendido que.
em articulação com as autoridades
europeias,e ajxVs a estabilização da
actual situação de crise sistémica do
euro. Portugal deve iniciar o seu
processo de saída de forma tão ordeira quanto possível.
Para isso, defende, seria necessário articular a saída com o BCE
tentando controlar a taxa de câmbio de forma a facilitara sua estabilizaçãoc flutuaçãodentro das regras
domecanismoeuropeudetaxasde
câmbio (mais ou menos 15%).
Poderia também ser necessário
contar com apoio financeiroexternoduranteoprocessode transição.
O preço do ajustamento poderia ser
alto mas, ainda sim, justificado. É
que. defende Amaral, com uma
moeda tão forte como o euro, Portugal nunca conseguira competir
numa economia globalizada.
Ricardo Cabral,
da Universidade
da Madeira,
avisa que
Portugal deve
preparar planos
de contingência.
Seriam
necessários novos
instrumentos
"legais para lidar.
por exemplo,
com falências
de empresas
RICARDO CABRAL
Professor da Universidade
da Madeira
Especialista em
economia
internacional diz
que a economia
entraria em
colapso, com a
saída do euro.
A desvalorização
seria muito
significativa.
Inicialmente
o câmbio
iria coiapsar.
CHARLES WVPLOSZ
Centro Internacional para Estudos
Monetários e Financeiros de Genebra
j u i I idi u e
m
Tiragem: 16870
07-12-2011
Pág: 5
Pais: Portugal
Cores: Cor
Períod.: Diária
Area: 26,96 x 32,28
Âmbito: Economia,
Negócios e.
O roteiro possível de uma saída do euro
R H M H H
É anunciado o fim do euro como moeda nacional
e a introdução da nova moeda, desejavelmente
de forma coordenada com a União Europeia e o
BCE.
De imediato, as fronteiras são encerradas, os
bancos fechados e proibe-se o movimento de
capitais.
Será dito que Portugal tem capacidade para
garantir o acesso a bens básicos, como energia
e alimentado por via das reservas estratégicas
nacionais e do apoio internacional.
Todos os depósitos e créditos, contratados ao
abrigo da legislação nacional, seriam convertidos
para escudos a uma taxa de câmbio que seria
definida administrativamente. Os outros contratos
teriam de ser negociados com as autoridades
europeias (ver páginas seguintes).
O Governo anunciaria apoiofinanceirode
emergência a empresas expostas ao risco cambial
• as que dependem muito de importações mas
vendem em Portugal - e recapitalizaria os bancos
em dificuldades.
i
W H W H W B W W W W M l
A situação estabilizaria ao fim de alguns meses.
O Banco de Portugal passaria a conseguir ter
algum controlo sobre a politica monetária e as
taxas de juro.
O novo-escudo passaria a transaccionar numa
taxa de câmbio estável, mais baixa que a actual,
e dentro da banda do mecanismo europeu de
taxas de câmbio europeu (actualmente mais ou
menos 15%).
Corte: 2 de 9
0
4
A incerteza sobre o futuro do euro atingiu um tal ponto que o
cenário impensável há uns meses é hoje equacionado por políticos,
economistas, juristas. Aqui llca um possível roteiro com base
nas conversas e documentos que o Negócios consultou
Quando os bancos reabrem, as notas de euros
estão carimbadas. Dirão que valem por escudos,
se assim se chamar a nova moeda. Desta
maneira se impede que o dinheiro físico saia do
pais. enquanto se produz e coloca em circulação
notas da nova moeda,
concluída a produção da nova moeda, os
portugueses trocam os "euro-escudos" por
"escudos".
Depósitos
e créditos
convertidos
na nova
O Banco de Portugal assume a politica
monetária e o pais pode imprimir notas e
moedas sem limitações.
Queda
da nova
moeda seria
controlada
com o BCE
O Banco de Portugal passaria a garantir o
financiamento do Estado e a emprestar dinheiro
aos bancos, em substituição do BCE.
A maioria dos bancos teria de ser nacionalizada
quase de imediato. A divida do bancos,
contratada ao abrigo de legislação internacional,
mantinha-se em euros, que agora é uma moeda
externa. A banca precisaria de apoio para pagar
essa divida ou entraria em incumprimento face
ao exterior.
Muitas das grandes empresas de serviços seriam
também nacionalizadas.
O preço dos produtos importados disparava,
destacando-se entre eles a energia em geral e os
combustíveis em particular.
cm'
A estreia da nova moeda no merendo cambial
seria marcada por uma desvalorização de
grande dimensão. O banco Nomura estimou,
esta semana, que a queda face ao euro atingiria
valores da ordem dos 50%, mas numa primeira
fase até poderia ser maior.
O BCE. em parceria com o Banco de Portugal,
poderiam moderar a queda da moeda, rom
intervenções no mercado cambial.
Maioria ^ ^
dos bancos 1
passaria para
as mãos
do Estado J
lrtflaçãoT\\
desemprego
e mais
austeridade
\
/
Futuro
melhor ou
pior?
i O desacordo
é total
X
O desemprego e a inflação disparavam. As taxas
de juro subiam. Portugal teria de continuar a
receber apoio financeiro internacional para ter
divisas que pagassem o défice comercial e a
dívida externa. A renegociação da dívida externa
poderia ser inevitável, sendo concretizada em
articulação com as autoridades europeias.
O Estado seriafinanciadocom dinheiro emitido
pelo Banco de Portugal mas isso não poderia ser
(eito sem limite por causa dos efeitos
inflacionistas. Dai que seria igualmente
inevitável um plano de austeridade, com
aumento de impostos e de taxas de juro.
0 tim desta história é o que gera mais desacordo.
Os apoiantes do euro consideram que a moeda
única confere estabilidade de preços, de moeda e
de juros que beneficiam a economia no longo
prazo. Para ser uma história de sucesso fattam as
famosas reformas estruturais.
Os que defendem a saida do euro, em minoria,
defendem que a moeda única é demasiado forte
para a estrutura económica portuguesa,
impedindo que a economia cresça.
JUIIIdIUfcJ
W
07-12-2011
Tiragem: 16870
Pág: 6
Pats: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 27,36 x 34,59 cm2
Âmbito: Economia, Negócios
e.
Corte: 3 de 9
Crise do euro
Contratos em euros passam a escudos desde que a lei seja português;
Para a maior parte da população,
saber o que acontece ao dinheiro
obedece a uma regra simples: desde
que estejam em euros e os contratos
tenham sido feitos ao abrigo da lei
nacional, empréstimos (à habitação
ou outros) e poupanças (depósitos,
acções) passariam a escudos.
Os salários também seriam
convertidos, tal como os preços de
parte dos bens e serviços. Mas tudo
o que for importado, fica mais caro
Poder de compra
Salários e pensões caem,
mas alguns preços não
Empréstimos
Valor desce, desde que
contratado em Portugal
• Salários e as pensões pagas em Portugal
em euros passariam para escudos, sofrendo
a desvalorização da moeda nacional.
• Os bens e serviços que estào
contratualúrados também sofreriam uma
desvalorização na mesma proporção
dos salários: é o caso das rendas, do preço
dos telefones, água ou portagens.
• Os bens e serviços cujo preço é de formação
livre (pão, fruta ou leite) só deverão descer para
a paridade dos salários quando os comerciantes
sentirem o choque da reduçáo da procura
devido à perda de poder de compra.
• Já os bens importados, como a energia
ou o a gasolina, poi exemplo, manter-se-iam
ao valor de sempre.
• As famílias que tenham pedido empréstimos
em euros vê-los-iam convertidos em escudos.
É a boa notícia: os depósitos caem. mas as suas
dividas (crédito à habitação, para consumo)
também, na mesma proporção. Oesde que
tenham sido contratados em euros, e junto de
bancos nacionais ou estrangeiros a operar cá.
• Os empréstimos pedidos por Portugal à troika
deverão manter-se em euros, sublinha Eric Dor.
que duvida que as instituições aceitem
a redenominação.
• A divida pública emitida pelo Estado ao abrigo
da lei nacional, passa a escudos, independentemente da nacionalidade do investidor.
• Para o caso especifico das empresas e bancos
(ver páginas 9 e 10).
Dívidas e poupanças em euros feitas
em Portugal passariam a escudos
Se Portugal saísse da moeda única, poupanças e créditos internos em euros
passariam a escudos. Para grandes investidores as respostas são menos óbvias
ELISABETE MIRANDA
RUI PERES JORGE*
O que aconteceria às poupanças, às
dívidas c aos rendimentos dos jx>rtuguescs sc Portugal saísse do euro?
A dúvida tem vindo a inquietar um
númcnocrescentede famílias e não
tem rcsjiostas inequívocas. Juristas
c economistas que têm reflectido
sobre o assunto concordam que os
contratos em curos.assinadosà luz
tia lei nacional - por exemplo, a
maioria dos depósitos e dos créditos à habitação - passariam a escudos, desvalorizando todos na mesma pro|H>rçào. Mas tudo o que vá
além desta certeza genérica é tratado com pinças.
A motivar tamanhas cautelas
esta o factode não existir um roteiro para saídas de emergência. Os
tratados europeus não previram
que a Europa chegasse a esta situa-
ção limite, razão pela qual pensar
em todo este processo em termos
jurídicoséentrar numa "dimensão
est ratosfériea", resume a< > Negócios
Pedro Cassiano Santos, da Vieira de
Almeida. Para este especialista,
pensar sobre o problema do ponto
de vista legal "implicaria que se aplicasse, em sinal inverso, as decisões
tomadas quandndeixámos as moedas nacionais para aderir ao euro",
ou seja. que se desconstruls.se o edi fleio peçaa peça, da frente para trás.
Só que este processo esbarra no
factor t e m i » . ' • que. eximo explica
Eric Do r. d irector do departamen tode investigação na Universidade
Católica de Lille, quejá publicou um
guia para a.saída da moeda única, o
processo teria de ser sigiloso e rápido. para evitara sangria de capitais
do País (ver entrevista à direita).
Mas. poroutro lado. ludooque não
seja negociado com o BCE e os de
mais pareciros comunitários, arrisca-se a ir parar aos tribunais, até
porque nem sempre é certo que o
governo |>ortuguês passasse a ter
poderpítra decidir,sozinho, sobre o
que passa para escudos e o que fica
em euros.
Paulo Câmara, da Sérvulo. I raça
a linha divisória entre "a natureza
intenta ou internacional do con t rato financeiro em questão".
Para os contratos internos, negociados entre instituições nacionais e clientes ou investidores nacionais, as coisas são mais simples.
"A aplicação financeira será redenominada para a moeda que cm
Portugal vier a suceder ao euro". E
quemdizapliraçôcsfinanceims.diz
empréstimos, confirma Eric Dor
(ver infografia em cima). Ou seja, se
odinheiroqueestánohancodesvnloriza. também oqueítsclienlcsdcvem ao banco desvaloriza na mes-
ma medida. Desde que estivessem
em euros (em moeda estrangeira
não há desvalorização).
Mais incerto é o que acontece a
contratos emitidos em euros mas
através dejurisdições internacionais.
Éocasodealgumadívida pública, de
acções e obrigações de algumas empresas nacionais, queemitemdo exterior. Nesse caso, à partida, os contratos não desvalorizam, diz Eriça r . Mas este "à partida" é mesmo
para ser lido como um condicional.
Até |x>rque para Pedro Cassiano
Santos, "a solução que descrimina
contratos com base najurisdição ano
me parece razoável, pois menorizaria a jurisdição nacional e todos os
seusintenvnientes&caajurisdições
estrangeiras". No fundo, "significadizer a todos os que interagem com
Portugal que o melhore procurarem
outras jurisdições para as seus contratos", resume. "tom AV
Pedro Cassiano
Santos, da Vieira
de Almeida,
lembra que a lei
é silenciosa,
nâo prevê a
saída do euro.
Pensar este
processo em
termos jurídicos
é entrar numa
dimensão
estratosférica.
Paulo Câmara,
da Sérvulo, diz
que a incerteza
é tanta, que não
há respostas
únicas para
as questões.
A solução será
diferente
consoante o eu\\)
se mantenha, ou
não, como moeda
de alguns Estack)_s
europeus.
Weaoesos
R V \ Eli j u m a i œ
&
•
eeeeeeei
07-12-2011
Tiragem: 16870
Pág: 6
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 11,12x32,43 cm2
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 4 de 9
#
Investimentos e poupanças
Certificados de aforro e
depósitos passariam a escudos
• Os depósitos de residentes, em euros, no sistema bancário
nacional, passariam a escudos. Não importa se o banco é português
ou estrangeiro, uma vez que estes últimos sâo sucursais que estão
incorporadas na lei nacional, explica Eric Dor.
• Depósitos de residentes em moeda estrangeira (dólar, franco
SUÍÇO) manter-se-iam nas moedas respectivas, não desvalorizando.
Isto é válido para as restantes aplicações financeiras - contratos de
seguro, fundos de investimento, entre outros.
• Certificados de aforro, do tesouro e outros títulos de divida pública
passam a escudos, desde que emitidos em Portugal.
• Acções, obrigações e outros produtos financeiros de empresas
emitidas ao abrigo da Lei portuguesa passam a escudos. Se tiverem
sido emitidas através de uma jurisdição estrangeira (Caimão, Cabo
Verde, etc.), o pagamento é feito fora de Portugal, logo deverão
ficar em euros, diz Eric Dor. É preciso ver o contrato.
• Acções sem valor nominal não passam a escudos, lembra Paulo Câmara.
PERGUNTAS
A...
• ERIC DOR
DIRECTOR DE INVESTIGAÇÃO DA IESEG.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE LILLE
Só o congelamento súbito das
contas evita fliga de capitais
Assim, um contrato previamente estabelecido em euros será rcdenomiUma questão centraléada própria nadoem escudos seocontrato estiver
legalidade da saida É difícil conceber ao abrigo da l e x monetae" de Portuum planorealistaque não envolva al- gal. O problema é que enquanto Porgum tipo de violação dos trn tado&Até tugaldizque os contratos passam a esporque negociarálteraçõesaos trata- cudos, os outros países quererão mandos seria demasiado longoedesenca- tê-los em euros. Há um conflito de "lex
dearia especulação contra o País. Na monetae",que só poderáserdirimido
melhor das hipóteses, poderia haver vendo asdáusulas contra tuaLsde cada
um acordo-surpresa durante uma um. Quandoelas não existem, prcsureunião defim-de-semanado Conse- me-sequeakáqueprevaleccéadololho. Mas, na ausência de consenso, cal de pagamento do contrato. Mas
será difícil garantir a redenominação para isso a salda tem de ser amigáveL
na moeda nacional de muitos contratos de financiamento internacionais,
Ojito se pode evitara fup (te captais?
multiplkando«asdisputasjudiciais
Só com um congelamento súbito
das contas bancárias. Éoque to ma o
Porquê?
processo difícil há muitas questões
Há um princípio universalmente técnicasqueprecisariam desernegoaceite segundo o qual cada Estado ciadas antes de uma saída do euro,
exerce poder soberano sobre a sua mas as negociações porsi podiam demoeda - a chamada "lex monetae". sencadearuma corrida aos bancos. I
Quats seriam as maiores comparações
num cenário desatiado euro?
Neaooœ
m , a jornal ae v
h r h w
•
Tiragem: 16870
Pág:8
País: Portugal
Cores: Cor
Perlod.: Diária
Area: 27,19 x 34,15 cm'
Ambfto: Economia, Negócios e.
Corte: 5 de 9
www.nogodos.pt
07-12-2011
Crise do euro
Alternativas para proteger
as poupanças do fim do euro
Depósitos
Fundos
à ordem
ou a prazo...
noutra moeda
estrangeiros
permitem
diversificação
Uma das principais alternativas para
quem quer evitar ser surpreendido
com o fim do euro são os depósitos
à ordem, mas também a prazo,
denominados em moeda europeia.
A oferta é variada. Praticamente
todos os bancos têm aplicações que
permitem converter os euros em
dólares americanos, canadianos,
australianos, libras e francos suíços,
A rendibilidade não é tão elevada
como em euros. No BES. por
exemplo, um depósito em dólares ou
libras paga um juro de 1,3%, já em
francos suíços rende 0,55%. A
melhor proposta em euros é de 3%.
Há um "significativo aumento dos
pedidos de informação por parte dos
clientes", devido à apreensão
causada pelas noticias de que
algumas empresas estão a avaliar os
Uma forma de proteger as
poupanças na eventualidade de
Portugal sair do euro é investir em
fundos estrangeiros. Se nos fundos
domiciliados em Portugal o
investidor ficaria exposto a uma
hipotética nova moeda, com a perda
de valor dai decorrente, nos outros
está a fazer um contrato em moeda
estrangeira. E como explica Paulo
Camara, jurista da Sérvulo &
Associados, "os contratos em moeda
estrangeira não são de principio
afectados pelo risco de desagregação
do euro". Esse é também o
entendimento do Banco Best.
o maior distribuidor de fundos
estrangeiros: "No caso dos fundos
de investimento estrangeiro,
provavelmente não haverá muita
margem para que um Estado os
possa redenominar, já que os fundos
não são de jurisdição nacional".
Os fundos estrangeiros
comercializados em Portugal são.
na sua maioria, domiciliados
no Luxemburgo. As unidades
de participação estão também
depositadas em bancos estrangeiros.
Mesmo o investimento realizado
em euros nestes produtos não seria
afectado, desde que a moeda única
continuasse a existir noutros países.
Uma vantagem dos fundos é que
permitem investir de forma
diversificada em diferentes classes
de activos (acções, obrigações,
mercado monetário, matériasprimas, etc) e regiões do mundo.
E também em várias divisas. As mais
comuns são o dólar, o franco suiço
e as coroas sueca, dinamarquesa
e norueguesa. O investidor tem.
no entanto, que ter em conta que
passa a estar exposto ao risco
cambial. O nível de risco tanto
pode ser baixo - nos produtos
que investem em aplicações de
tesouraria - como muito elevado, no
caso das acções ou matérias-primas.
Os fundos estrangeiros são
comercializados sobretudo através
dos bancos "online", como o Best.
ActivoBank e BiG. O Deutsche Bank
também distribui algumas gestoras.
Os fundos nacionais tinham 6.5 mil
milhões de euros sob gestão no final
de Outubro.
Tem havido
uni crescimento
"relevante"
da procura
por contas em
moeda estrangeira.
efeitos de uma saída de Portugal
do euro. de acordo com um banco
contactado pelo Negócios.
Essa foi também a resposta obtida
noutra instituição, que adiantou que
esses pedidos não corresponderam
a um crescimento "relevante" dn
procura por soluções alternativas,
como as contas em moeda
estrangeira. Não é possível
quantificar o número de aplicações
deste género, observando-se apenas
que os depósitos realizados junto
dos bancos portugueses continuam
a aumentar, ascendendo a 127.5 mil
milhões de euros em Setembro.
As aplicações em moeda estrangeira
dão protecção contra uma
desvalorização caso Portugal saia
do euro. regressando ao escudo.
No entanto, há risco. A queda da
divisa em que se investiu pode
traduzir-se em perdas acentuadas.
Se esta valorizar, é possível pnhar
mais do que com os juros.
Ouro
Investirem barras
para garantir valor
A escíil.Kl.i dos preços rio ouio liy disparara prorura pela
matéria-prima para investimento. Não só nos mercados, através
deilerivados financeiros, tomo cm termos lisiros, coiti a
aquisição de barras de ouro. O apetite j,i não é de agora:
"a tenrii-nci.i já vem de trás", disse fontp de um banco que nao
quis ser identificado. Começou a sentir se mais Irá um ano,
quando a turbulência nos merrarlos Accionistas levou a uma
forte valorização do metal, que acabou por atingir a marca
histórica fie 1.921 dólares por onça, no passado mós de
Setembro. O ouro está associado a refúgio, para alturas mais
conturbadas nas bolsas, mas também é visto como uma
proleççnó contra n inflação. F. no limite, pode ser uma
alternativa para quem quer proteger as suns poupanças
de uma eventual saída de Poriiifjat da 2ona luro. isto porque
é denominado na moeda norte-americana. Apesar de ser
crescente a preocupação dos portugueses, "a prornrn tem-se
mantido estável", disse fonte de um hanro contactado pelo
Negócios, que preferiu também não ser identificado. É aos
balcões dos bancos que é possível adquirir as barras de ouro
físicas, sendo que, ultimamente, instituições como o BCP
passaram a disponibilizar esta forma de investimento no seu
"site". Tal como acontece em tortos os activos em moeda
estrangeira, também no ouro h.i o risco cambial. [ há que ter
em conta também a flutuação dais cotações do metal nos
mercados, sendo estas definidas pela lei da oferta e ria procura.
jurriaiae
r
07-12-2011
l lá várias alternativas para evitar que as poupanças
encolham numa eventual saída de Portugal da moeda única.
Mas em todas elas passa a estar exposto ao risco cambial.
Conheça as várias soluções ANDRÉ VERÍSSIMO E PAULO MOUTINHO
"Offshore"
para tirar
o dinheiro
de Portugal
Os bancos disponibilizam contas
a prazo "offshore", mas que são
vantajosas sobretudo para os não
residentes. Quem vive em Portugal
fica sempre sujeito à retenção do
IRS na fonte. Caso contrário estará a
incorrer em evasão fiscal. Nas
contas "offshore" também é vulgar
os bancos disponibilizarem
depósitos em moeda estrangeira,
como dólares americanos, dólares
canadianos ou francos suíços.
0 fim do regime que vigora na Zona
Franca da Madeira está a levar os
bancos a mudarem estas operações
para outras paragens.
0 "Público" noticiava na segundafeira que a Caixa Geral de Depósitos
vai transferir parte da actividade no
arquipélago português para as ilhas
Cayman. onde de resto estào
Depósito num
"offshore" tora
de Portugal deixa
de ter direito ao
fundo de garantia
de depósitos.
presentes várias instituições
nacionais, como o BCP, o BES. o BPI
e também o Banif.
Tenha em atenção que se o depósito
for num offshore fora de Portugal
pode deixar de ter direito ao fundo
de garantia de depósitos.
Outra forma de pôr o dinheiro fora
do pais é colocá-lo num banco
estrangeiro ou mesmo numa
sucursal de um banco português lá
fora.
A Suíça é um destino tradicional das
maiores fortunas. Segundo disse ao
Negócios uma fonte do sector
bancário, que pediu para não ser
identificada, este tipo de operação
destina-se sobretudo a investidores
com um perfil mais sofisticado e
património elevado. "Quem preferiu
por o dinheiro no estrangeiro por
esta altura já o fez", explicou.
Tiragem: 16870
Pág: 9
Pais: Portugal
Cores: Cor
Perfod.: Diária
Área: 27,23 x
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 6 de 9
32,30 cm2
Fim da moeda
única "seria
o caos", avisam
banqueiros
Actuação dos depositantes poria em
causa desmantelamento ordenado
MARIA JOÃO GAGO
m
negot KH. pi
Encerrar fronteiras, suspender
pagamentos, carimbar todas as
notas ile euro que estivessem
dentro do território nacional com
uma nova designação, porexeinplo "ouro-escudo", e cstalxílecer
uma taxa câmbio entre as duas
moedas, lista seria a lista de tarefas prioritáriasacumprirnoeaso
de o euro acabar, sei em Portugal
ou cm toda a Europa. "Seria o
caos", resumem, numa espécie do
uníssonoespontâneo, vários gestores de grandes bancos contactados pelo Negócios
Tal comoamaioria dos portugueses, os banqueiros também
pensam nofimdoeuro. "Pensam,
mas não se estão a preparar para
isso",sublinha um (los responsáveis. Até porque abanca não acredita nesse cenário. A alternativa,
que esta semana se começou u esboçar no encontro dos líderes da
Alemanha e da França, passa pelo
estabelecimento de "um novo governo económico na Zona euro",
com regras orçamentais mais
apertadas e sanções para países
incumpridores. "O processo que
está a sor desenvolvido é. precisamente. para o euro não acabar".
Perante a insistência jornalística, a construção de cenários
para o dia a seguirão fim do ouro
prossegue a contragosto. "Uma
decisão politica nesse sentido
nunca |>oderia ser implementada em menos de 12 meses", alerta um dos gestores, recordando
que a transição mecânica, informática o logística de adopção da
moeda únicasc prolongou por 18
meses. " E estávamos n u m ambiente optimista, de crescimento...".
Para outro banqueiro, o grande teslo a um eventual desmantelamentoorganizadodoeuro seria o comportamento dos depositantes e da generalidade dos cidadãos. "Essa decisão não poderia ser pré-anunciada ou as pessoas tentariam salvaguardar o
múximodc valor possível. O momento inicial seria de ruptura
caótica".
Numccnáriodcfimdocuro.a
"A banca seria
toda
nacionalizada
e teria de haver
soluções
genéricas para
resolver
o problema
dos empréstiiiK >s
dos clientes
bancários",
imagina um
dos gestores.
preocupação imediata seria travar a fuga de capitais. Dai o fecho
das fronteiras e a suspensão do
pagamentos.quc poderia vigorar
durante algumas semanas. O
tempo suficiente para preparara
implementação de uma nova unidade monetária: impressão de
notas o cunhagem de moeda, fixação de taxas de câmbio o de nc»vas taxas de juro de referência, redenominação de créditos.
Numa segunda fase. o enipobrecimento relativo do país, ditaria a incapacidade das famílias e
empresas de pagarem os seus créditos, c da banca de honrar os seus
compromissos com o exterior. "A
banca seria toda nacionalizada e
teriade haver soluções genéricas
para resolver o problema dos empréstimos dos clientes bancários", imagina u m das gestores.
"Durante u m largo periodode
tempo, possivelmente anos. haveria controlo quantitativo das
importações e das transferencias
de capital" para evitar a fuga do
capitais. Depois, a poucoe pouco,
seria necessáriocomeçaradarsinais positivos aos mercados.
Numa tentativa de recuperar a
credibilidade perdida.
leaoc
, Jornal de
¥
www.noflocioa.
07-12-2011
Tiragem: 16870
Pág: 10
Pais: Portugal
Cores: Cor
Períod.: Diária
Area: 27,16 x 34,23 cm*
Âmbito: Economia, Negócios e.
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Crise do euro
Sem "Plano B" para o fim do euro
As PME e os sectores exportadores da economia nacional,
quase que colocam a possibilidade do fim do euro no
mesmo campo de probabilidades do fim do mundo. Por
isso, caso tudo falhe, não há um "Plano B". Os empresários
e líderes de associações patronais reconhecem que
o momento é de turbulência, mas preferem não conjecturar
muito sobre cenários catastrofistas, sobre os quais
nem querem pensar. Mesmo os que acreditam, através das
exportações, poder lucrar com a previsível desvalorização
da moeda, afastam o cenário. Os ganhos seriam sempre
diminutos face às perdas que dai resultariam para a
economia em geral.
Não tomos planos
para esse cenário,
nem tão pouco
admitimos essa
hipótese.
Ninguém está
interessadi i nessa
situação, a não ser
as instituições
financeiras.
Não há um plano
formal, lemos apenas
a experiência das
dificuldades existentes
anles do euro.
Nem |X'nsei nessa
possibilidade. Não
estamos preparados
para uma situação
como essa.
Não há estudo de
impacto para esse
cenário. Não
quero considerar
essa hipólese.
ANTÓNIO SARAIVA
PRESIDENTF DA CIP
A L V E S DA SILVA
PRES. PA l'Mt PORTUGAL
JON V E L A S C O
GERENtE t)A MIJP PORTIK.AI
FORTUNATO F R E D E R I C O
PRESIDEN I E DA KYAIA
JOÀO MACHADO
PRESIDENTE DA CAP
A associação nunca
oncnmu a hipólese e
espero que nunca
lenhamos de nos
ci mfronlarcoin ela.
Não trabalhamos cm
cima de cenários que
não podem suceder.
N ã o c possível acabar
ci un o euro.
Não lemo.s eenários
montados, mas a
minha opinião é que
isso é absolutamente
impensável.
( ) euro ajuda a enquadrar
Portugal na imagem da
Kumpa.oque facilita a
entrada enícertos
mercados.
Não há plano,
ninguém eslá a
pensar nisso. Seria
catastrófico para
todos.
JOÀO COSTA
PRESIDENTF DA ATP
EUGÉNIO DOS SANTOS
PRf SiDEfv'F DA COLUNEX
VÍTOR POÇAS
P R E S I D E N U DA AIMMP
RAFAEL CAMPOS PEREIRA
VICE PRESIDENTE DA AIMWAP
CARLOS BARBOT
PRESIDENTE DA BARDOT
Contratos em dólares e pagamentos
mais rápidos protegeriam empresas
Especialistas em direito da UE dizem que maior risco da saída do euro é cambial
e que haveria efeitos que nenhuma legislação conseguiria totalmente acautelar
MARIA JOÃO BABO
Celebrar novos contratos em dólares. encurtar prazos de pagament«>
e exigir garantias de cumprimento
aos devedores são algumas das f< >rmasiiueasempresas teriam para se
pmtc^erdos riscos de uma eventual
saída de Portujíal do euro ou mesmo do fim da moeda única. TamI k ' i h a ajxwta num |X'rfil mais internacional dos seus negócios permitiria minimizar esse impacto.
Nessa situai,-»).que poragora nã< i
é mais do que um cenário, "o maior
risco de todos é o cambial", afirmou
a< i Negócios Miguel Mendes Pereira,
advogado da área de direito da cona>rrL , nciaeUniãoF.uro|x;ia da Vieira de Almeida, que considera que,
como fornia de se protegerem. "poderá fazer sentido as empresas começarem já" a celebrar novos con-
tratos em dólaresou francos suíços.
Outro dos riscos que considera existir, com a saída de Portugal do euro
ou com o fim da moeda única, "é a
jxxssibilidadc de estas profundas alterações poderem ser invocadas para
não cumprir o contrato", seja entre
empresas portuguesas seja com estrangeiras. Um risco que, explica.
"podesercvitadonoca.su de umasaída organizada com uma lei que diga
queestasalterações não [xxlcm ser\ i r d e fundamento para innimpriro
contrato".
Miguel .Mendes Pereira realça
ainda a importância de o Governo
criar novas regras que regulem o
processo de insolvência, tendo em
conta que as empresas em risco de
fecharem as portas aumentaria. O
momento em que activos são avaliados - se é quando a empresa se
apresenta à insolvência ou quando
o tribunal a declara - |xk1c significar para o credor, à medida que a
moeda se desvaloriza, diferença de
receber mais ou menos". Também
aqui. o res|x>nsável defende que haveria "vantagem na saída negcKriadaparadartcmpoaC|ueestas regras
sejam criadas".
No entanto, para José i.uisCruz
Vilaça, sócio da P L M J da área de
pratica de direito eum|xnie da concorrência. "haveria importantes
efeiti >se problemas nos planos económico, financeiro e cambial que
nenhuma legislação conseguinicabalmente acautelar".
Km sua opinião, num cenário de
saída do euro. a grande diferença e
principal dificuldade face ao momento da entrada na moeda única
residirá n< > facto de que a hijx>tética
saída "prxleria ter lugar de tim momento para o outro e com uni tem-
IX) de preparação muito reduzido".
Hm sua opinião, as princi|Kiis preocupações estão relacionadas "com a
necessidade de assegurar, tanto
quanto possível, a segurança jurídica tios particulares (cidadãos e empresas). tendo emeontaem especial,
a preservação dochamado principio
da continuidade ou da estabilidade
dos contratos e o respeito do princípio da liberdade contratual".
Outra das preocupações levantadas por Miguel Mendes Pereira é
a de "preservar a situação dos credores estrangeiros", que ficariam
sujeitos à desvalorização dos créd i tose poderiam tornar-se reticentes
ou indisponíveis para venderaempresas portuguesas matérias-primas ou equipamentos. "Se não
acautelarmos a posição de credores
estrangeiros, há o risco de amanhã
não nos abastecermos", avisa
I DEI A S - C H AVE
CENÁRIO DE SAÍDA DO EURO
COM IMPACTO NAS
EMPRESAS
NOVOS CONTRATOS
Para se protegerem do risco
cambial, as empresas poderiam
celebrar contratos em dólares
ou francos suíços, para que valor
do crédito não fosse afectado.
INCUMPRIMENTO
Para evitar que o devedor
invocasse a alteração de
circunstâncias para não cumprir
um contrato, o Governo teria
de legislar.
PAGAMENTOS
Com desvalorização da moeda,
o grau de não pagamento dos
créditos aumentaria. Encurtar os
prazos de pagamento minimizaria.
COMPETITIVIDADE
Em resultado da desvalorização
da moeda que Portugal viesse a
adoptar, a competitividade
poderia aumentar. Mas com um
custo para o nível de vida no país.
eaocios
Jornal de
¥
Tiragem: 16870
Pág: 11
Pais: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 26,72 x 32,65 cm2
Âmbito: Economia. Negócios e.
Corte: 8 de 9
wwvw.nogocioa.pt
07-12-2011
Nem as
exportadoras
o escudo
consegue
seduzir
JOÃO CARLOS MALTA
joaonialiasinegocios.pt
Um dos argumentos recorrente nos defensores do regresso ao
escudo é a desvalorização da
moeda, e o potencial de competitividade ganho pela baixa dos
preços dos produtos portugueses. Masatéasempresas exportadoras, que seriam as mais benefdadas, afastam o cenário. Os
efeitos secundários do fenómeno na economia, dizem, iriam fatalmente diluíras vantagens.
As empresas que exportam a
quase totalidade da produção
até lucrariam, mas para o presidente da CIP, António Saraiva,
isso é olhar somente para u m
dos ângulos do quadro: "O problema é que as empresas nacionais são u m todo. O sector exportador poderia beneficiar,
mas o País como um tixlo não ia
ganhar com isso".
Uma moeda mais fraca é
também sinónimode mais custos quando é altura de comprar
no estrangeiro. "A nós não nos
iria beneficiar, porque muitos
componentes que usamos nos
sapatos são importados. Isso
traria um movimento inflacionista muito grande", disse ao Negócios Fortunato Frederico, líder da Kyaia e da associação de
empresáriosdoseclordocalçado (APICCAPS). A ideiaé partilhada pelo presidente das tintas
Barbot: "O único plano [xwsível
seria a empresa |X!garem tudoo
que tem e transforma- loem dólares". Quanto às vantagens para
as exportações, Carlos Barbot
ilustra essa hipótese com uma
imagem: "Era a mesma coisa
queganharumprcmiodeóOmil
euros na lotaria, e ao mesmo
tempo dizer ao vencedorque vai
perderas pernas."
No sector da madeira, Vítor
Poças, presidente da A l M MP.
não acredita que a desvalorização da moeda contribua para
umganhoestruturaldecompetitividade. "Isso é empobrecer
alegremente. Portugal tem de
ganharcompetitividade por via
da economia real", sentenciou.
O forte aumento do peso da
divida, em virtude da desvalorização cambial, é out ro dos efeitos que mais preocupa os empresários. "Achamos que temos
muita dificuldade em pagaradívida, agora imagine com esse aumento", profetiza Bartx>t.
"Verdadeira unláo econômica e orçamental" I Van Rompuy. Ilder do Conselho Europeu, escreveu uma carta aos 27.
S&P admite que ameaçou países
do Euro para influenciar a cimeira
Agência colocou 15 dos 17 países do Euro em "outlook" negativo, incluindo
Portugal. Alemanha aproveitou a "deixa" para pressionar a revisão dos tratados
ANTÓNIO LARGUESA
CARLA PEDRO
AStandard & Poor's, que no inicio
desta semana decisiva para o Euro
colocou em "outlook" negativo 15
dos 17países da união, assumiu ontem que resolveu ameaçar o corte
deviating" para que na cimeira europeia de sexta-feira seja quebrado "o padrão de medidas defensivas e fraccionadas" que tem sido recorrente entre os lidereseuropeus.
Como é habitual, a moeda única respondeu a várias vozes, a esmagadora maioria para criticar a
agência de notação. "Não devemos
dar às agencias de notação mais
crédito do que merecem", frisou
Jcan-Claude Juncker.lidcrdosministros das Finanças da Zona Euro.
Também Ewald Nowotny, conselheiro do Banco Central Europeu,
notou que "o 'timing" e alcance da
advertência têm u m claro contexto p o l i t i c o - u m a agência cie rating
entrou no palco politico".
Ainda antes da S&Pconfessar as
suas motivações num rol de "perguntasc res|X)stas" noseu"website",o também chefedo governo luxemburguês dizia: "espanta-me
muito que essa notícia caia do céu,
em vésperas da cimeira. Não pode
ser coincidência". E não era. A
agência frisou, horas depois, que
"se a resposta dos decisores políticos não for considerada robusta
pelos investidores,a confiança do
mercado poderácairainda mais.o
que significará maiores custos de
refinanciamento para os bancos e
governos, bem como maior desaceleração do créditoeda procura".
E se o porta-voz euro|x:u para
os Assuntos Económicos, Amadeu
Altafaj Tardio, avisou que o trabalho da ci meira é pensado jxira us cidadãose não para "agradara agências ou forças dos mercados", a Alemanha aproveitou para pressionar
a aceleração da revisão dos tratados, necessária para acomodar as
propostas para maiorcontroloorçamcntal do directório franco-alemão. O minlstroalemãodas Finanças, Wolfgang Schäuble, disse que
a mensagem deve servir de "encorajamento" para a cimeira
Portugal está entre os 15 países
colocados sob perspectiva negativa pela S&P. mas há inais implicações. E que o "doxvngrade" da Alemanha e França afectarão "rating"
do fundo de resgate do Euro.quese
tiver de pagar juros mais elevados
sobre as obrigações que emite |x>derá não conseguir financiar-se
para emprestara Portugal.
Temos de tom a r
decisões
importantes I na
cimeira de sexta |
não para agradar
às forças dos
mercados, mas
por ser necessário
para os cidadãos.
A M A D E U ALTAFAJ TARDIO
Porta-voz do comissário europeu
para os Assuntos Económicos
07-12-2011
Tiragem: 16870
Pág: 1
Pats: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Area: 19,37 x 23,54 cms
Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 9 de 9
Cl
ID
WÊÊÉÊWÊÊÊÊ
A Zona Euro vive o momento da verdade na Cimeira europeia de
quinta e sexta-feira. A crise da dívida ameaça a sobrevivência da
moeda única. Saiba o que poderia acontecer se o euro acabasse.
• Dívidas e poupanças ao abrigo da lei nacional passariam para
escudos • Logo após o anúncio do fim do euro, ninguém poderia
sair do país e os bancos fechavam • Quando os bancos abrissem
ofereceriam notas de euro carimbadas, até que existisse uma
nova moeda em circulação • Inflação e desemprego disparavam,
taxas de juro subiriam • Saiba como é que as empresas se podem
proteger e o que se pode fazer com as poupanças.
Primeira Linha 4 a 11
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