avaliação de práticas alimentares, perfil nutricional e uso

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AVALIAÇÃO DE PRÁTICAS ALIMENTARES, PERFIL
NUTRICIONAL E USO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS EM
ATLETAS DE RÚGBI
EVALUATE THE PRACTICAL USE OF FOOD AND NUTRITIONAL
SUPPLEMENTS IN ATHLETES RUGBY
¹ Kely Cristina Ceccon Ferracine
¹ Mariana de Macedo Viero
² Profa. Edilceia Domingues do Amaral Ravazzani
RESUMO
O perfil nutricional, antropométrico e o consumo alimentar exercem grande
influência no desempenho esportivo, porém as informações sobre atletas de rúgbi no
Brasil são escassas.
Este é um estudo descritivo exploratório que objetivou avaliar as práticas
alimentares, o perfil nutricional e o uso de suplementos alimentares em praticantes de
rúgbi, em Curitiba (PR). As variáveis antropométricas utilizadas foram peso, altura, idade,
dobras cutâneas, e circunferência abdominal. Os dados sobre consumo alimentar de
macronutrientes e suplementação foram coletados por meio de um inquérito dietético e
tabulados com o auxilio do software AVANUTRI.
A amostra avaliada consistiu de 13 atletas homens brasileiros, de 19 a 36 anos,
com idade média de 22,76 (± 5,16) anos. Segundo o índice de massa corporal (IMC),
46,20% (n=6) foram considerados eutrofícos, a média do % de gordura corporal foi de
14,85 (± 5,18) %, considerado inadequado para a modalidade semelhante. O consumo de
carboidratos médio de 4,58 (± 1,70) gramas, abaixo da estimativa recomendada. Enquanto
a ingestão de proteínas média de 1,78 (± 0,71) gramas, superior às recomendações. Quanto
à suplementação 53,84% (n=7) referiram não fazer uso.
Os dados observados no consumo alimentar e perfil nutricional, reforçam a
necessidade de orientação, planejamento e acompanhamento nutricional, a fim de atender
às demandas específicas da modalidade, visando melhorar o desempenho esportivo.
Descritores: consumo alimentar; antropometria; rúgbi; hábitos; suplementação alimentar.
2
ABSTRACT
The nutritional status, anthropometric and food intake exert great influence on
sports performance, but the information on rugby players in Brazil are scarce.
This is a descriptive exploratory study aimed to evaluate the dietary practices,
nutritional status and the use of dietary supplements in rugby practitioners in Curitiba
(PR). The following anthropometric variables were weight, height, age, skin folds, and
waist circumference. Data on food intake and macronutrient supplementation were
collected through a survey of food and tabulated with the help of software Avanutri.
The analyzed sample consisted of 13 male athletes in Brazil, from 19 to 36 years,
mean age 22.76 (± 5.16) years. According to body mass index (BMI) 46.20% (n = 6) were
considered normal weight, the mean% body fat was 14.85 (± 5.18)%, considered
inadequate for similar arrangements. Carbohydrate consumption average of 4.58 (± 1.70)
grams recommended below estimate. While the average protein intake of 1.78 (± 0.71)
grams higher than the recommendations. For supplementation 53.84% (n = 7) reported
no use.
The observed data on food consumption and nutritional status, reinforce the need
for guidance, planning and nutritional counseling in order to meet the specific demands of
the sport, to improve athletic performance.
Descriptors: food consumption; anthropometry; rugby; habits; dietary supplements.
do Curso de Nutrição – Faculdades Integradas do Brasil - Unibrasil, Endereço para correspondência: Av.
Canadá, 740 - Bacacheri – Curitiba (PR) – CEP: 82510-290. E-mail: [email protected]
2 Professora do Curso de Nutrição – Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, Curitiba – PR.
1 Acadêmicas
3
INTRODUÇÃO
A liga de futebol rúgbi teve origem no norte da Inglaterra em 1890 e hoje em dia é
praticada em diversos países do mundo1.
O Rúgbi começou a ser jogado regularmente no Brasil em 1925, no Campo dos
Ingleses, pertencente ao São Paulo Athletic Club, em Pirituba, São Paulo. Em 6 de outubro de
1963, foi fundada, com sede em São Paulo, a União de Rugby do Brasil, com a finalidade de
organizar e dirigir o rúgbi brasileiro. Em 20 de Dezembro de 1972, foi fundada da Associação
Brasileira de Rúgbi, em substituição à União de Rugby do Brasil, sendo reconhecida pelo
Conselho Nacional de Desportos (CND)2.
O objetivo do jogo é carregar, passar e chutar a bola pelo campo até chegar ao
ingoal (o nome do gol), marcando o maior número de pontos. O jogo é realizado em dois
tempos de 40 minutos, separados com um intervalo de 10 minutos no máximo e cada time é
composto por 15 jogadores1.
As demandas fisiológicas de rúgbi são complexas e exigem dos jogadores muita
rapidez, agilidade, força muscular e potência aeróbia máxima. O tipo físico geralmente orienta
a posição de cada jogador1.
Um atleta pode gastar cerca de 800 calorias (kcal) em uma partida de rúgbi. Este
alto gasto energético está relacionado à maior massa corporal dos jogadores, ao maior
dinamismo do jogo ou ao maior nível de contato físico associado às disputas pela posse de
bola3.
O consumo de carboidratos deve representar de 60 a 70% do valor calórico total
diário (VET), ou seja, no mínimo 8 g de carboidratos/kg de peso corporal/dia. As proteínas
contribuem para a síntese protéica, podendo levar à perda da força muscular, diminuindo,
dessa forma, o desempenho durante a partida. A necessidade diária de proteínas para estes
atletas é de 1,4 a 1,7g de proteína/kg de peso corporal/dia, ou seja, de 12 a 15% do VET para
jogadores de futebol é considerado o mais adequado4.
Um acompanhamento nutricional individualizado é de grande importância para
um melhor rendimento e recuperação dos jogadores1.
Suplementos alimentares são definidos como substâncias utilizadas por via oral
com o objetivo de complementar uma determinada deficiência dietética. Muitas vezes eles são
comercializados como substâncias ergogênicas capazes de melhorar ou aumentar a
performance física. Motivos para a busca pela suplementação são: compensar dieta
inadequada, aumentar imunidade, prevenir doenças, melhorar o desempenho competitivo e
4
superar os próprios limites. Uma nutrição balanceada, com aquisição da energia e dos
nutrientes necessários é geralmente suficiente para boa performance nas atividades físicas. A
reposição com suplementos dietéticos deve ser reservada para atletas competitivos que não
consomem uma dieta balanceada, após a comprovação de alguma deficiência específica.
Nesses casos, comprovada a deficiência de um nutriente, o aumento da sua ingestão, quer
através da alimentação habitual, quer através de suplementos, é indicado. A prevalência desse
uso varia entre os tipos de esportes, aspectos culturais, faixas etárias e sexo. Infelizmente, esse
uso, na maioria das vezes, ocorre sem a necessária orientação, como resultado das
recomendações de colegas, treinadores, revistas, sites na internet e de ouvir dizer nas
academias de ginástica. Adicionalmente, esses produtos são vendidos em qualquer farmácia
ou academia de ginástica sem necessidade de prescrição médica e sem orientação de
nutricionistas5.
A prática regular e adequada de exercícios físicos melhora a qualidade de vida
quando associada a uma dieta balanceada. A alimentação equilibrada é essencial na formação,
reparação e reconstituição de tecidos corporais, mantendo a integridade funcional e estrutural
do organismo, assim, tornando possível a prática de exercícios físicos6.
Considerando o uso indiscriminado de suplementos alimentares e a falta de
conhecimento sobre alimentação para praticantes de atividade física, observando
especificamente em praticantes da modalidade de rúgbi a oportunidade de avaliar as práticas
alimentares e o uso de suplementos alimentares este grupo será analisado.
Estudo realizado por Dra Patrícia Bertolucci 7 sobre a importância da alimentação do
atleta visando a melhora da performance, verificou que o impacto da nutrição no desempenho
físico vem despertando a atenção de atletas de diversas modalidades, não existem dúvidas de
que a alimentação do atleta afeta a sua saúde, seu peso e composição corporal, além de afetar
a disponibilidade de substratos durante o exercício, a recuperação depois do exercício, o
desempenho físico e, consequentemente, sua rotina de vida. Para melhorar o desempenho, é
necessário seguir práticas de boa nutrição e consumir com cautela suplementos e ergogênicos,
além de ter uma alimentação com uma grande variedade de alimentos em quantidades
adequadas. Com isso o objetivo de avaliar as práticas alimentares, o perfil nutricional e o uso
de suplementos alimentares em praticantes de rúgbi.
5
METODOLOGIA
O estudo descritivo exploratório, onde a amostra foi composta com 13 jogadores
de rúgbi, do sexo masculino, com idade acima de 19 anos, da cidade de Curitiba, Paraná. Os
atletas avaliados concordaram participar do presente estudo, de forma voluntária, e assinaram
o termo de consentimento livre e esclarecido. Não foram utilizados na coleta de dados
procedimentos invasivos, sendo que os benefícios oferecidos para os atletas foram a
informação e conhecimento sobre o perfil alimentar e nutricional da equipe profissional de
rúgbi. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da Unibrasil (n°38/2011).
Para coleta de dados foi aplicado um questionário, onde foi possível obter
variáveis como: consumo alimentar, antropométricos, idade, profissão, hábitos e estilo de
vida.
Para avaliar a ingestão alimentar foi utilizado como instrumento o registro
alimentar de 3 dias alternados, os atletas foram instruídos a preencher uma ficha de inquérito
dietético, sendo um no começo da semana, um dia no meio da semana (que contemplasse um
dia de treino) e um sábado ou domingo, registrando tudo o que comeu e bebeu durante o dia,
especificando em medidas caseiras, forma de preparo dos alimentos (frito, cozido, assado ou
refogado), horário e local onde foi realizada a refeição. Para a análise do perfil alimentar foi
utilizado como ferramenta de processamento de dados o sistema AVANUTRI versão 4.5.111,
convertendo as informações em calorias e macronutrientes. Os dados obtidos foram
comparados a valores de referencia propostos em literatura4.
Para a avaliação antropométrica e estimativa de composição corporal, foram
coletados os seguintes dados: idade, peso, estatura, circunferência abdominal, dobras cutâneas
de bíceps, tríceps, subescapular, supra-espinal, abdominal, coxa medial e panturrilha, para
determinação do IMC, % de gordura e risco de complicações metabólicas.
Para aferição de peso corporal foi utilizada balança mecânica antropométrica
(BALMAK), segundo critérios do SISVAN, 2006. A altura utilizada foi a referida pelo atleta
devido à inadequações do espaço físico, o qual não permitia a adequação da técnica correta
para aferição.
As dobras cutâneas foram aferidas utilizando adipômetro ou compasso de dobras
cutâneas (CESCORF) e para medida de circunferências utilizou-se fita métrica flexível
inextensível, sendo que a medida de circunferencia abdominal foi tomada no ponto médio
entre a crista iliaca e a última costela.
6
Nas medidas das dobras cutâneas, o ponto foi marcado com um lápis demográfico
só após este procedimento, iniciou-se a medida das dobras-cutâneas. As medidas foram
tomadas do lado direito do avaliado. O valor anotado foi a média de três medidas tomadas.
Para o cálculo de estimativa da densidade corporal foi utilizado o protocolo de
Withers(4), devido ser específico para homens de 15 a 39 anos, atletas hóquei de campo,
futebol americano e futebol, uma vez que não existe protocolo específico para rúgbi. Para
conversão da densidade corporal em % de gordura utilizou-se a seguinte fórmula (%G =
[(4,95/DC) - 4,50) x 100,), desta forma obteve-se o peso magro e gordo. Considerou-se como
ponto de corte para normalidade de % de gordura, os valores entre 10 a 12% de gordura
corporal, segundo GUERRA,20104.
De acordo com recomendações da Organização Mundial de Saúde - OMS utiliza-se o Índice de Massa Corporal - IMC (peso em kg dividido pelo quadrado da altura em
metro) para avaliação do perfil antropométrico-nutricional de populações de adultos8. Foi
utilizado como classificação do IMC as referências da Organização Mundial de Saúde –
OMS, que considera os seguintes pontos de corte: de 20,0 a 24,9 kg/m² eutrofia, de 25,0 a
29,9 kg/m² sobre peso e de 30,0 a 39,9 kg/m² obesidade8.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, para classificação da
circunferência abdominal foram considerados valores para o sexo masculino, onde > 94cm
identificam como marcadora de risco e valores > 102 cm identificam alto risco de hipertensão
arterial, dislipidemia, diabetes mellitus e doença cardiovascular9.
Foi considerado ingestão adequada de carboidrato de 8 a 10 g/kg peso/dia, ou seja
de 60 a 70% do VET, adequação para atletas de futebol4, optou-se por classificar a ingestão
como “abaixo” do recomendado valores entre 6 a 7,9g/kg peso/dia e como “muito abaixo” do
recomendado valores menores de 6g/kg peso/dia. Em relação as proteínas os valores
adequados para atletas de futebol variam entre 1,4 a 1,7g/kg de peso/dia4, desta forma
classificou-se como ingestão “baixa” as encontradas menores de 1,4g/kg peso/dia e “acima”
valores superiores a 1,7g/kg peso/dia. Para a ingestão de lipídeos o valor de referência
recomendado é de 25 a 30% do VET4, a adequação da ingestão de colesterol seguiu a
recomendação da OMS que é de < 300mg/dia10.
Todos os dados levantados foram tratados pelo pacote estatistico EPI INFO
3.5.2/2010, apresentando as médias e desvio padrão.
7
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram investigados 13 atletas de rúgbi com a idade média de 22,76 (± 5,16) anos,
sendo a idade mínima 19 anos e a máxima 36 anos. Na aferição de peso corporal entre os
jogadores observou-se uma média de 83,03 (± 12,86) kg, sendo o peso mínimo de 71 kg e o
peso máximo de 119 kg, enquanto a estatura média representava 1,79 (± 0,078) metros, sendo
a altura mínima de 1,70 m e a altura máxima de 1,96 m, resultando no índice de massa
corporal (IMC) médio de 25,72 (± 3,02) kg/m², sendo que o IMC mínimo encontrado foi de
22,15Kg/m2 e o máximo de 33,31Kg/m2. Segundo a classificação do IMC, 46,20% (n=6)
estão eutróficos, 46,20% (n=6) pré-obesos e 7,7% (n=1) apresentam obesidade, conforme
apresentado no gráfico 1.
Um dado importante para analisar o risco de complicações metabólicas é a
circunferência abdominal que reflete o conteúdo de gordura visceral, foi verificado que 92,3%
(n=12) da amostra não apresentam risco e somente 7,7% (n=1) apresenta risco muito elevado
de complicações metabólicas.
Gráfico 1 – Classificação do IMC de atletas de um time de Rugby de Curitiba – PR,
2011.
8
Considerando o perfil nutricional dos atletas conforme a tabela 2, observa-se que a
média de % de gordura corporal encontra-se acima dos valores recomendados valor médio de
14,85 (± 5,18)%.
Segundo o artigo de Prado, 200611 o perfil antropométrico e ingestão de
macronutrientes em atletas profissionais brasileiros de futebol, de acordo com suas posições, a
média entre percentual de gordura corporal foi de 11,19% a 12,47 % gordura, sendo valor
mínimo de 5,8% e valor máximo de 15,02% e segundo um estudo de Oliveira, 200312 sobre o
comportamento alimentar e imagem corporal em atletas o percentual de gordura corporal foi
de (%G) 23,1 ± 4,1%.
Tabela 2 – Dados de perfil antropométrico de atletas de Rugby de um time de Curitiba – PR,
2011.
VARIÁVEL
MÍNIMO
MÁXIMO
MÉDIA
DESVIO
PADRÃO
5,75
28,61
12,73
± 6,23
58,61
90,38
70,30
± 8,08
7,67
24,04
14,85
± 5,18
N=13
Peso magro
(kg)
Peso gordo (kg)
% Gordura
O carboidrato tem papel fundamental tanto antes como durante e depois do
exercício. Assim sendo, para se garantir um bom desempenho nos treinos e nos jogos, é
necessário sempre consumir quantidades adequadas desse nutriente. Os jogadores que
ingerem bebidas contendo carboidratos mantém intensidade maior de exercícios durante o
jogo comparados aos que consomem somente água4.
No gráfico 2, pode-se verificar que nenhum atleta está consumindo o valor
adequado de carboidrato, 23,10% (n=3) estão consumindo uma quantidade “abaixo” do valor
de referência, entre 6 a 7,9g/kg de peso/dia e 76,90% (n=10) estão consumindo uma
quantidade “muito abaixo” do recomendado, abaixo de 6g/kg de peso/dia.
Na tabela 1, verifica-se que a ingestão média de carboidrato por Kg de peso
corporal entre este público é de 4,58 (± 1,70) g/kg de peso/dia. A média percentual do
consumo de carboidratos, segundo o VET foi correspondente a 52,40 (± 6,97) %, ou seja, não
atinge a quantidade mínima recomendada.
Tabela 1 – Dados de perfil alimentar de atletas de Rugby de um time de Curitiba – PR, 2011.
9
VARIÁVEL
MÍNIMO
MÁXIMO
MÉDIA
DESVIO
PADRÃO
Carboidrato (%)
41,07
67,65
52,40
± 6,97
Proteína (%)
14,51
32,68
21,18
± 5,60
Lipídeo (%)
16,62
42,33
28,68
± 6,23
Colesterol (mg)
146,3
552,7
370,43
± 142,27
1833,39
4559,61
2876,46
± 872,05
CHO /kg peso
2,45
7,83
4,58
± 1,70
PTN /kg peso
0,97
3,38
1,78
± 0,71
(N=13)
KCAL
No gráfico 2, verifica-se que 46,20% (n=6) dos atletas estão consumindo uma
quantidade de proteína acima do valor recomendado, 38,50% (n=5) estão consumindo
quantidades abaixo do recomendado e somente 15,40% (n=2) estão consumindo um valor
adequado. Pode-se observar que existe um consumo excessivo de proteína, sendo que a média
percentual entre os atletas é de 21,18 (± 5,60)%, um valor acima do valor de referência.
Conforme tabela 1, o consumo médio de proteína foi de 1,78g (± 0,71)g/kg de
peso/dia, com valor mínimo de ingestão de 0,97 g/kg de peso/dia, valor muito abaixo ao
recomendado, e o valor máximo de ingestão de 3,38 g/kg de peso/dia, ou seja, muito elevado
ao recomendado, podendo causar prejuízos a saúde. Os atletas do presente estudo
apresentaram tendência a ingerir percentuais elevados de proteínas na dieta. O fornecimento
de proteína excedendo esse valor pode resultar em estocagem do esqueleto carbônico dos
aminoácidos na forma de gordura ou na oxidação destes. A oxidação de aminoácidos aumenta
o risco de desidratação devido à necessidade da diluição dos seus metabólitos excretados pela
urina13.
Segundo a tabela 1, quanto ao consumo de lipídeos podemos analisar que a média
do consumo entre os atletas é de 28,68 (± 6,23)%. Ressalta-se que o valor mínimo de ingestão
lipídica entre os atletas foi de 16,62%, valor muito abaixo o recomendado e o valor máximo
de ingestão lipídica foi de 42,33%, ou seja, valor muito acima da referência. Vale a pena
destacar que o consumo de colesterol encontra-se acima do recomendado, sendo o valor
médio encontrado de 370,43 (± 142,27) mg, o valor mínimo consumido foi de 146,3 mg e o
valor máximo consumido de 552,70 mg.
10
Gráfico 2 – Classificação de adequação para carboidrato e proteína de atletas de Rugby de um
time de Curitiba – PR, 2011.
Observa-se que a maior parte dos atletas 38,46% (n=5) relatou preferência alimentar
por carnes, 38,46% (n=5) relataram sua preferência por carnes e massas e 23,08% (n=3)
preferência por ingestão a doces, o que pode estar contribuindo para a ingestão elevada de
proteínas, colesterol e baixo consumo de carboidratos identificada na amostra avaliada.
Um estudo de revisão realizado sobre o consumo alimentar entre atletas14, que
verificou as recomendações nutricionais e adequações dietéticas de atletas, teve por resultado
a inadequação de energia e nutrientes neste grupo.
Estudo realizado por Guerra, 200113, onde analisou os aspectos nutricionais do futebol
de competição e neles encontrou, para o caso específico dos futebolistas, os que os maiores
desbalanceamentos parecem ocorrer pelo elevado consumo de proteínas, gorduras e álcool e
baixa ingestão de carboidratos, a demanda energética dos treinamentos e competições requer
que os jogadores consumam uma dieta balanceada, particularmente rica em carboidratos.
Refere ainda que o consumo elevado de gordura na dieta parece ser um problema muito
comum entre atletas, tornando mais difícil a ingestão das quantidades preconizadas de
carboidrato.
Outro estudo realizado, por Sartori, 200215, com jogadores de futsal, refere que os
hábitos alimentares dos atletas de futsal, sugerem um excesso em proteínas e carboidratos, o
estudo salienta que o excesso de proteínas, além de ser convertido em gordura, pode acarretar
diversos efeitos colaterais, tais como: aumento da excreção de cálcio, aumento do risco de
osteoporose, sobrecargas excessivas no fígado e rins para a metabolização e excreção do
nitrogênio excedente, além do risco de elevação do nível de colesterol sanguíneo, devido ao
11
fato de os alimentos ricos em proteínas possuírem uma quantidade considerável dessa
substância.
Em estudo realizado com atletas nadadores, Kazapi, 199816, verificou no consumo
alimentar uma dieta superior ao recomendado em gordura e proteínas e relativamente baixa
em carboidratos.
No presente estudo pode-se verificar evidencias que confirmam as inadequações
nutricionais evidenciadas em outros estudos.
A média de consumo energético total diário encontrado foi de 2876,46 (± 872,05)
kcal, sendo o mínimo consumido de 1833,39 kcal e o valor máximo consumido de 4559,61
kcal/dia.
Guerra, 200113, sugere que jogadores de futebol são atletas que treinam em intensidade
moderada a alta, tendo necessidades energéticas diárias em torno de 3.150 a 4.300kcal. O
resultado obtido neste estudo, sugere a necessidade da adequação energética dos atletas de
rugby, uma vez que a média calórica ingerida está muito abaixo do recomendado para
modalidades que podem ser consideradas similares.
Outro dado relevante refere-se a ingestão de bebida alcoólica, um vez que esta pratica
é considerada comum entre a população jovem e observa-se que todos os atletas fizeram
referência ao consumo de álcool regularmente, sendo que 46,16% (n=6) citaram a ingestão de
3 a 4 vezes na semana, 30,77% (n=4) 1 a 2 vezes por semana, 7,69% (n=1) ingerem de 5 ou
mais vezes por semana e apenas 15,38% (n=2) referiram a ingestão mensal ou anual. Segundo
PIMENTEL, 200417, o atleta não está imune a, mais tarde, vir a sofrer as conseqüências
potencialmente fatais do abuso crônico do álcool, inclusive toxidade, disfunções endócrinas,
como diminuição da produção de testosterona, e alterações no metabolismo de lipídios.
Em um estudo, sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre atletas realizado por
Sartori, 200215, com jogadores de futsal, foi possivel verificar que o consumo de bebidas
alcoólicas por quase todos os atletas analisados e os males do consumo excessivo como os
efeitos depressores do álcool sobre o sistema nervoso central incluem uma menor
coordenação física, tempos de reação mais lentos e menor alerta mental.
12
Gráfico 3 – Utilização de suplementos alimentares entre atletas de Rugby de um time de
Curitiba – PR, 2011.
A suplementação é necessária para cobrir as necessidades de nutrientes aumentadas
pela atividade física, compensar hábitos alimentares inadequados e melhorar o rendimento4.
O gráfico 3, demonstra o percentual de utilização de suplementos alimentares entre os
atletas, observa-se que 53,84% (n= 7) atletas não fizeram referência de uso de qualquer
suplemento. Porém, dos atletas que utilizam a suplementação, as mais citadas foram:
hipercalórico, proteína isolada do soro de leite, arginina e glutamina, maltodextrina, creatina e
eliminadores de gordura.
No estudo De Rose, 200618, o uso de suplementos alimentares foi evidenciado em
metade dos atletas da amostra estudada, ou seja 50% (n=234), sendo que os suplementos
alimentares mais usados foram as vitaminas, seguidas por sais minerais, também expressando
uma cultura de alto consumo, uma vez que não existe na literatura específica qualquer
indicação para o uso dessas substâncias.
CONCLUSÃO
Os resultados do presente estudo demonstram que segundo o IMC, a maioria dos
atletas apresentam-se eutróficos e sem risco para complicações metabólico. Referente ao
percentual de gordura para atletas, apenas 3 apresentam-se com percentual adequado, 2 estão
com percentual abaixo do recomendado e 8, ou seja, a maioria estavam com percentual de
gordura corporal acima do recomendado para a prática esportiva proposta.
O estudo sugere que o perfil alimentar dos atletas encontra-se quanto a ingestão de
carboidratos abaixo dos limites mínimos sugeridos, em termos percentuais e em valores g/kg
13
peso/dia. Vale destacar que nenhum atleta atingiu a recomendação de ingestão de carboidrato,
nutriente importante e já bem compreendido seu importante benefícios para a performance
esportiva.
A ingestão de proteína superou os valores máximos sugeridos pela literatura4. A
maior parte da equipe estava consumindo uma quantidade de proteínas acima da
recomendada, somente 2 atletas consumiam a quantidade adequada e 5 atletas uma quantidade
abaixo da recomendada. O que pode sugerir a confirmação da super valorização dada a
proteina na prática da atividade física.
Este estudo mostra dados importantes quanto ao consumo de colesterol, pois a
média de consumo apresentava-se acima do recomendado.
Os resultados reforçam a importância do planejamento alimentar voltado para
atletas, a fim de equilibrar a alimentação e maximizar o desempenho esportivo.
Sugere-se que novos estudos sejam realizados com esta modalidade, para oferecer
aos atletas orientações no sentido da adequação dos hábitos alimentares. Desta forma
concluímos ser fundamental a orientação, planejamento e acompanhamento nutricional a fim
de atender às demandas específicas da modalidade, visando melhorar o desempenho
esportivo.
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