Informação ao paciente – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O USO ILÍCITO DE MEDICAMENTOS PARA A OBTENÇÃO DE UMA MELHOR PERFORMANCE FÍSICA E ATLÉTICA O número cada vez mais frequente de atletas que utilizam substâncias e procedimentos proibidos para melhorar os resultados, aumentar a resistência ou inibir a dor, motivou os especialistas da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia a esclarecer o público sobre o assunto. Atletas que se prejudicaram pelo uso indevido de medicamentos Nos últimos anos, o uso inadequado de medicamentos por parte de atletas famosos, que buscam a obtenção de um melhor desempenho, tem sido recorrente e preocupante. O caso mais impactante foi o do ciclista norte-americano Lance Armstrong que, após intensa investigação, assumiu ter utilizado várias substâncias proibidas. O atleta, que foi sete vezes campeão da Volta da França, principal competição da modalidade, confessou ter utilizado testosterona, cortisona, hormônio do crescimento e EPO (eritropoetina), um medicamento utilizado, principalmente, em paciente com doença renal, cujo benefício é diminuir a fadiga em esportes prolongados. O esportista recorreu até mesmo para transfusão do próprio sangue para obter melhores resultados e desempenho de alta performance. No entanto, o doping não é fenômeno novo. Há 27 anos, o atleta Ben Johnson entrou para a história como o primeiro ídolo do esporte a ser pego em um exame antidoping. Johnson ainda voltou a correr após a suspensão de dois anos, mas foi pego novamente em um teste em 1993 e acabou banido do esporte. Vinte e cinco anos depois, aos 51 anos de idade, o ex-velocista passou a participar de campanhas contra o uso dessas substâncias proibidas. Estatísticas apontam que os atletas, em geral do sexo masculino, são os que mais ficam atraídos pelos efeitos dos medicamentos ilícitos. Os casos mais comuns estão na modalidade de fisiculturistas. De acordo com os especialistas, os levantadores de peso são bastante citados, seguidos de atletas amadores e profissionais de outros esportes. Recentemente, vários lutadores famosos do MMA (Mixed Martial Arts) têm sido flagrados por suspeita de uso de PED (Performance Enhancing Drugs). De acordo com as pesquisas, os homens lideram as estatísticas dos usuários, especialmente pelo resultado virilizante e de aumento de massa muscular que os medicamentos geram. Porém, cada vez mais tem sido relatado o avanço da frequência de uso pelas mulheres. Embora ainda sejam poucas as estatísticas registradas em âmbito nacional, levantamentos publicados sobre populações do Nordeste e do Sul do Brasil revelam que cerca de 10% a 20% dos frequentadores de academia usam medicamentos desta natureza (androgênios anabólicos). Como distinguir suplementação lícita de medicamentos ilícitos? Antes de mais nada, é importante que o paciente saiba distinguir suplementação esportiva lícita do uso de medicamentos sem indicação em bula para melhora da performance (PEDs). Existe uma série de substâncias aprovadas pelos principais comitês esportivos mundiais e pela WADA (World Anti-Doping Agency) com ação ergogênica, que pode ser utilizada por atletas, sob orientação médica, sem riscos para a saúde, a exemplo do uso de creatina em certas modalidades esportivas. A creatina é um suplemento usado para atletas que precisam de força muscular para esportes de explosão, tais como corredores e nadadores de provas rápidas. É uma substância em pó, encontrada em lojas de suplementos, ingerida com água. Indicada apenas para adultos, a dosagem deve ser orientada por um profissional da saúde. Outro suplemento lícito bastante conhecido é o Whey Protein, indicado para quem não ingere uma quantidade correta de proteína na dieta. Ele melhora a massa e a força muscular, diminuindo lesões. Também deve ser administrado sob orientação médica. Na linha dos medicamentos para melhora de atuação há, ainda, uma outra subdivisão: os usados para fins competitivos ou somente estéticos. Estudo investigou a prevalência e o perfil de esteroides anabólicos androgênicos (EAA) entre 510 fisiculturistas de 52 academias de ginástica, em João Pessoa, Paraíba. A prevalência de uso foi de 20,6%; na maioria homens jovens (98,1%), de um baixo nível de escolaridade (46,7%), que treinou por mais de 4 anos (49,5%). O uso de EAA foi relacionado com a utilização de suplementos dietéticos. Fonte: Anabolic-androgenic steroid use among Brazilian bodybuilders. Nogueira FR1, Brito Ade F, Oliveira CV, Vieira TI, Gouveia RL. Informação ao paciente – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo Saiba quais são os medicamentos ilícitos mais utilizados para melhoria do desempenho físico Seguindo a linha dos medicamentos e não dos suplementos, ou seja, usados fora de contexto da reposição ou tratamento de doenças, podemos citar dois grandes grupos de medicamentos: 1 Hormônios de ação androgênica (derivados da testosterona) 2 Hormônio do crescimento (GH) 3 Medicamentos de ação catecolaminérica Estes hormônios têm como fim aumentar a massa muscular e, de modo paralelo, reduzir a quantidade de tecido gorduroso. Além da própria testosterona, os derivados mais utilizados no Brasil são a nandrolona, a oxandrolona e o estanazolol. Ainda dentre os hormônios, o GH (hormônio do crescimento) também tem sido utilizado tanto no âmbito de perfomance como no estético. No entanto, devido ao alto custo, o seu uso tem sido menor que o dos androgênios. (mimetizam a ação da adrenalina/noradrenalina) Estes medicamentos aumentam a resistência, diminuem a fadiga e aumentam o gasto calórico. Por isso, muitas vezes, são chamados de FatBurners (queimadores de gordura). São representantes desta linha a efendrina, a pseudo-efendrina, o extrato de MaHuang (libera efendrina), os derivados de óleo de gerânio, que liberam o dimetilamilamina (DMAA), o clembuterol, dentre outros. Estes medicamentos são, na maioria das vezes, conjugados com a cafeína para ampliar a sua ação. Conheça os principais riscos do uso abusivo dos medicamentos sem prescrição Dentre as graves consequências causadas pelo uso abusivo desses medicamentos, sem a devida indicação estão: infertilidade, ginecomastia, perda de cabelos, aumento de pelos, aumento do clitóris, alterações de humor, alteração do colesterol com risco de infarto, hepatite medicamentosa, diabetes, hipertensão, arritmias, acidentes vasculares cerebrais, crises convulsivas e problemas de coagulação, como sangramentos ou trombose. Além disso, várias doenças preexistentes podem ser agravadas pelo uso de medicamentos sem orientação médica, tais como: epilepsia, hipertensão arterial, diabetes, alteração de gorduras do sangue (colesterol e triglicérides), infertilidade, distúrbios psiquiátricos (depressão, TOC, ansiedade, entre outros), alopecia, hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata), câncer de mama, endométrio ou próstata. A SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA – REGIONAL SÃO PAULO INFORMA: A SBEM-SP, assim como as principais entidades médicas e desportivas mundiais, é contrária ao uso de medicamentos sem indicação médica para ganhos atléticos profissionais, amadores ou estéticos. A orientação é que as pessoas não busquem informações em sites ou veículos não especializados. Consulte SEMPRE um médico. Aviso Importante: A informação contida neste material não deve ser usada para diagnosticar ou prevenir doenças sem a opinião de um especialista. Antes de iniciar qualquer tratamento, procure um médico.