Diego Conrado Nogueira Universidade Federal Fluminense [email protected] RESISTÊNCIA INDÍGENA E CONFLITO DE TERRITORIALIDADES:UM ESTUDO SOBRE A PRESENÇA GUARANI MBYA NO MUNICÍPIO DE NITERÓI – RJ O território é o locus dos desejos, demandas e reclamos da população para reconstruir seus mundos de vida e reconfigurar suas identidades através de suas formas culturais de valorização dos recursos ambientais, de novas estratégias de reapropriação da natureza (LEFF, 2006,p.157). CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Brasil possui uma vasta extensão territorial de aproximadamente 8.514.876 Km² (IBGE, 2002), o que representa cerca de 47% do continente sul-americano. Porém, mesmo sendo considerado o quinto maior país do mundo, é também um dos que apresenta os maiores índices de concentração de terras em todo o planeta. Essa desigual distribuição de terras presente no território brasileiro faz parte de uma estrutura fundiária imposta desde o período colonial, quando foram criadas as capitanias hereditárias e também as sesmarias. Partindo desse contexto territorial é possível compreender as razões que levaram o Brasil a tornar-se um enorme campo de conflitos que não cessam de eclodir até os dias de hoje. Conforme nos afirma OLIVEIRA (1989, p.15) “conflitos sociais no campo, no Brasil, não são uma exclusividade de nossos tempos. São, isto sim, uma das marcas do desenvolvimento e do processo de ocupação do campo no país”. É sabido que as populações pré-colombianas já lutavam entre si pelo domínio de determinados locais que pudessem oferecer melhores condições de vida e sobrevivência. No entanto, deve-se reconhecer que essas disputas territoriais atingiram uma proporção muito maior Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 com o início do processo de colonização do Novo Mundo, quando os conflitos por terras se tornaram muito mais constantes e intensos. Dessa forma, pode-se dizer que os povos originários desse continente foram os primeiros a terem suas terras invadidas e confiscadas sob a justificativa e legitimidade de um sistema de leis que, até os dias de hoje, parece não reconhecer e/ou respeitar os direitos dessa população autóctone. Ainda segundo OLIVEIRA (1989, p.15), “os povos indígenas foram os primeiros a conhecerem a sanha de terra dos colonizadores que aqui chegaram”. Como conseqüência disso, observa-se atualmente em todas as regiões brasileiras a emergência de manifestações lideradas pelos indígenas que, através desses levantes, buscam reivindicar e reapropriar suas terras, seus direitos, suas culturas. Vivendo em condições precárias, sempre lutando pela retomada da posse ancestral de suas terras, pela legitimidade de seus rituais e de sua organização social e produtiva, as comunidades indígenas começam a dar sinais de vitalidade, tanto na forma de organização política quanto no que concerne à reivindicação de seus direitos históricos (SIMÃO, 2003, p.100). Sendo assim, diante desse quadro de disputas e reivindicações por território e dignidade, esse trabalho visa a fazer uma análise sobre o conflito de territorialidades presente no município de Niterói – RJ, a partir da atual presença Guarani Mbya numa área nobre da cidade onde se encontram sítios arqueológicos tombados pelo governo e reivindicados pelo grupo indígena. Essa disputa territorial envolve diversos grupos sociais que almejam adquirir e/ou manter sua influência sobre esse espaço, que possui grande relevância para os envolvidos na problemática identificada. Na primeira parte desse trabalho será apresentado um breve histórico do povo Guarani Mbya, grupo indígena diretamente envolvido na problemática territorial abordada. Dessa forma, pretende-se identificar os motivos que fizeram com que esse povo ocupasse o local reivindicado por eles, assim como suas estratégias de luta e resistência. Para isso, buscou-se apoio na vasta bibliografia encontrada acerca da história e cultura dos Guarani. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2 A NAÇÃO GUARANI “Os Guarani formam um conjunto de populações de matriz cultural Tupi, mais especificamente vinculados aos povos Tupi-Guarani” (SIMÃO, 2003, p.100). No entanto, durante o início do processo de colonização desse continente, os europeus deduziram que todos os povos indígenas que habitavam as terras ao longo do litoral atlântico faziam parte de um mesmo grupo étnico. Com isso, “nos séculos XVI e XVII, os cronistas denominavam “guaranis” aos grupos de mesma língua que se encontravam desde a costa atlântica até o Paraguai” (LADEIRA, 2008, p.54). O certo é que o colonizador generalizou as nações indígenas e, tendo os seus contatos sido mais freqüentes com os indígenas que habitavam o litoral oriental da nova terra, a língua que os mesmos falavam, denominada tupi, foi durante largo tempo considerada pelos portugueses e pelos colonos como a língua nativa da terra (SOUZA, 1990, p.66). “Os Guarani representam um dos mais numerosos grupos indígenas da América do Sul” (GUIMARAENS, 2003). Atualmente, essa grande nação encontra-se distribuída de forma mais ou menos densa sobre metade do continente, em países como Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai. No Brasil, constituem a maior etnia indígena em população, com cerca de trinta e quatro mil indivíduos subdivididos em três grupos lingüísticos: Mbya, Nhandeva e Kaiowá. Atualmente, encontram-se distribuídos por diversos estados brasileiros, habitando terras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Pará. Entre os Guarani, não ocorre divisão espacial por estados, e sim a estruturação por grupos familiares distribuídos em diferentes estados do país e mesmo em outros países da América do Sul. Esses grupos constituem a nação Guarani, que ocupa territórios brasileiros e Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 3 sul-americanos, e não vivem isolados, interligando-se, por relações de parentesco, religiosas, políticas e econômicas, às demais aldeias, principalmente às situadas no litoral do país, entre os estados do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo (GUIMARAENS, 2003). Essa dispersão territorial apresentada pelos Guarani, manifestada a partir dos grandes deslocamentos realizados por eles, pode ser traduzida através da constante busca pela “terra sem mal”, espaço mítico sacralizado em sua cultura. Dessa forma, “vivendo tanto em área rural como nas proximidades dos centros urbanos e turísticos, os guaranis se caracterizam por uma intensa vida religiosa” (MELATTI, 2007, p.93). Esses deslocamentos, que fazem parte da história pré-colombiana dos Guarani, ocorrem dentro de um território denominado por eles como Tekoa Guassú. Esse espaço, dentro do contexto geopolítico atual, estaria sobreposto a muitas fronteiras nacionais do continente sul-americano. Esse fato já é suficiente para demonstrar a conflitividade inerente das relações estabelecidas entre a nação Guarani e as sociedades desses Estados nacionais. As relações de contato, que se operam desde a conquista da América, não são uniformes no tempo e nos espaços ocupados pelos Guarani. Nesse sentido, também o diálogo e as eventuais alianças com a sociedade envolvente permanecem em um processo marcado por uma contínua interrupção. Talvez o que seja instigante e atraente para os pesquisadores é que a proximidade física com os Guarani (grandes centros urbanos estão próximos de suas aldeias) não é suficiente para permitir o entendimento de seus princípios e teorias (LADEIRA, 2008, p.30). A TERRITORIALIDADE GUARANI MBYA Os Guarani Mbya encontram-se em aldeias distribuídas por diversos países sul-americanos. Atualmente, podem ser encontrados na região oriental do Paraguai, no norte do Uruguai e também na província de Missiones localizada no nordeste da Argentina. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 4 No Brasil, estão presentes na região sul e sudeste do país, exceto no estado de Minas Gerais. Segundo LADEIRA (2008, p.61), “na região Norte do país encontram-se famílias Mbya originárias de um mesmo grande grupo e que vieram ao Brasil após a Guerra do Paraguai; separam-se em grupos familiares e, atualmente, vivem no Pará (município de Jacundá), em Tocantins, em uma das áreas Karajá de Xambioá, além de poucas famílias na região Centro-Oeste”. A mobilidade dispersiva dos Guarani M`byá significou a resistência etnocultural diante de vários modelos de política indigenista que favoreciam a desestruturação social, a exploração do trabalho indígena, a depopulação indígena e a perda de valores tradicionais. A busca da “terra boa”, transubstanciada em “terra sem mal”, de inspiração profética, organiza a visão de mundo Guarani. Deslocar, resistir, transubstanciar, mais que palavras que denotam ação, representam valores capazes de manter sua identidade e sua coesão grupal (SIMÃO, 2003, p.102). Recentemente, conforme foi observado por MELATTI (2007, p.93), “um dos ramos guaranis, os mbiás, têm se expandido pelo litoral do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo”. Segundo LADEIRA (2008, p.69) “são os Mbya, dentre os grupos Guarani, que dão continuidade ao processo de migração à costa atlântica, o que promove uma aproximação entre grupos familiares, em virtude de uma vivência similar”. Esse movimento realizado pelo território brasileiro e a conseqüente ocupação litorânea das regiões sul e sudeste do país fazem parte da manutenção e reafirmação cultural desse povo. Dessa maneira, nota-se que “a fixação das aldeias no litoral se insere em uma dinâmica própria da nação Guarani, norteada pela busca da ‘terra sem males’, espaço mitológico onde há fartura” (DJEKUPÉ & SILVA, 2003, p.111). Outro fator de entendimento da identidade Guarani M`byá é sua maneira sui generis de ocupar o território. O conceito de território supera os limites físicos da aldeia, já que nele estão compreendidos todos os espaços Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 5 utilizados que interferem em seu modo de vida, como as matas e os rios que passam pelas aldeias (SIMÃO, 2003, p.105). Partindo desse pressuposto compreende-se a maneira peculiar com que é realizada a produção dos territórios Mbya, manifestada através de uma visão holística que integra o mundo com os seus lugares de vivência. Assim, “o território é lugar porque ali se assenta uma identidade na qual se enlaçam o real, o imaginário e o simbólico. O ser cultural elabora sua identidade construindo um território, fazendo dele sua morada” (LEFF, 2006, p.158). Na ultima década, as demandas, por parte dos Guarani, para demarcação de áreas redescobertas ou retomadas (antigas aldeias ou acampamentos), acentuaram-se, refletindo o empenho em assegurar, diante das condições cada vez mais adversas, a base territorial de sustentação de sua sociedade. Isso indica ainda como a indisponibilidade de terras afeta o modo de viver e gerenciar sua espacialidade (LADEIRA, 2008, p.196). CONFLITO DE TERRITORIALIDADES A questão do trânsito dos Guarani Mbya a caminho da “terra sem mal”, cada vez mais, vai de encontro a interesses especulativos onde as terras, sobretudo as do litoral, encontram-se menos disponíveis para ocupações que não tenham como finalidade reverter-se em capital. Sendo assim, o estabelecimento de novas aldeias passa a ter, a cada dia, menos espaços disponíveis e mais obstáculos a enfrentar. Outro fato que deve ser levado em consideração é que o movimento dos Guarani em busca da terra sem mal teve origem em uma cosmologia própria de sua cultura, tornando-se muitas vezes incompreensível para uma sociedade que se encontra, historicamente, baseada em uma racionalidade eurocêntrica que, partindo do ponto de vista de sua própria experiência e especificidade, desconsidera outras formas de organização social. Com isso, o conflito decorrente da disputa pelo domínio e controle sobre um mesmo espaço, cuja importância e significado varia conforme os distintos interesses envolvidos, revela a Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 6 existência de múltiplas territorialidades que se manifestam em busca de sua afirmação e sustentação no território. Território é espaço apropriado, espaço feito coisa própria, enfim, o território é instituído por sujeitos e grupos sociais que se afirmam por meio dele. Assim, há, sempre, território e territorialidade, ou seja, processos sociais de territorialização. Num mesmo território há, sempre, múltiplas territorialidades (PORTO-GONÇALVES, 2006, p.46). Dessa forma, os diferentes grupos inseridos na disputa territorial que será analisada passam a manifestar suas divergências através das intensas relações de poder introjetadas nesse território, local de constantes embates. Essas divergências, entendidas como formas diferenciadas de construção territorial, são responsáveis pela composição de um complexo mosaico de territórios estrategicamente sobrepostos. As “imagens” territoriais revelam as relações de produção e conseqüentemente as relações de poder, e é decifrando-as que se chega à estrutura profunda. Do Estado ao indivíduo, passando por todas as organizações pequenas ou grandes, encontram-se atores sintagmáticos que “produzem” o território (RAFFESTIN, 1993, p.152). De um lado da disputa territorial se apresenta o grupo indígena Guarani Mbya reivindicando o seu direito de habitar a área ocupada, tendo em vista que nesse local encontra-se um importante sítio arqueológico datado de 6.000 a.C.. Esse monumento, conhecido como Sambaqui de Camboinhas, possui uma grande importância arqueológica pois comprova a presença dos antigos habitantes do Brasil vivendo nessa região litorânea durante o passado. Sambaqui é uma palavra de etimologia Tupi, língua falada pelos horticultores e ceramistas que ocupavam parte significativa da costa brasileira quando os europeus iniciaram a colonização. Tamba significa Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 7 conchas e k i amontoado, que são as características mais marcantes deste tipo de sítio. Trata-se de denominação amplamente utilizada pelos pesquisadores e que denota a capacidade de observação e síntese dos falantes Tupi (GASPAR, 2004, p.9). Essa é a razão pela qual o grupo Mbya encontra-se nessa área. “Para eles, as terras do leste foram habitadas por seus antepassados, constituindo seus tekoa – lugar onde é possível manifestar sua verdadeira maneira de ser” (DJEKUPÉ & SILVA, 2003, p.111). Sendo assim, esse território passa a representar a terra sagrada dos seus ancestrais que, segundo sua cosmologia, deve ser preservado para que a cultura Guarani sobreviva. Entendendo território em sentido amplo, percebemos que essa “necessidade territorial” ou de controle e apropriação do espaço pode estender-se desde um nível mais físico ou biológico (enquanto seres com necessidades básicas por água, ar, alimento, abrigo para repousar), até um nível mais imaterial ou simbólico (enquanto seres dotados do poder da representação e da imaginação e que a todo instante re-significam e se apropriam simbolicamente do seu meio), incluindo todas as distinções de classe socioeconômica, gênero, grupo etário, etnia, religião etc (HAESBAERT, 2007, p.340). Construída no início do ano de 2008 por um grupo de famílias Guarani Mbya, a aldeia foi batizada com o nome de Tekoa Mboy-ty, que significa “Aldeia de Sementes” na língua portuguesa. Erguida em meio à vegetação de restinga da praia de Camboinhas e na beira da lagoa de Itaipu, essa aldeia possui cerca de 60 habitantes que resistem diariamente às dificuldades impostas pelo modo de vida urbano predominante no local. A capitalização da natureza esta gerando, assim, diversas manifestações de resistência cultural ao discurso e às políticas do neoliberalismo ambiental, como também novas estratégias para a reapropriação do Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 8 patrimônio histórico de recursos naturais e culturais dos povos (LEFF, 2006, p.162). Do outro lado da disputa encontram-se articuladas as diversas forças do setor privado que almejam ter o acesso exclusivo a esse espaço. Esses interesses particulares se organizam com o objetivo de fortalecer e exercer seu poder na região, influenciando e interferindo nas decisões políticas tomadas pela população e também pelo governo acerca do ordenamento e da gestão territorial da cidade. Assim, continuam controlando o lucrativo mercado de serviços e imóveis, garantindo a crescente valorização da região oceânica da cidade, área nobre cada vez mais cobiçada pelos setores imobiliário e especulativo. As práticas de gestão e ordenamento territorial definidas pelas políticas públicas, envolvendo porções de terras e de matas ocupadas por grupos étnicos ou comunidades minoritárias implicam, de um modo geral, a submissão de concepções espaciais, normas de organização, ocupação e sociabilidade próprias desses grupos às convenções e aos padrões políticos e econômicos dominantes, responsáveis pela reprodução de um sistema nitidamente injusto e autoritário (LADEIRA, 2008, p.48). No meio desse duelo travado entre os interesses indígenas e os interesses privados surge mais um interesse disposto a se inserir nessa disputa territorial. Objetivando intermediar o conflito, encontra-se o poder do Estado atuando de forma a fazer cumprir o seu dever de amenizar e solucionar o problema identificado. Por ser considerada uma Área de Proteção Permanente (A.P.P.), devido à presença da vegetação nativa de restinga que abriga os sítios arqueológicos e da laguna de Itaipu, toda essa área passa a ser regida pela legislação ambiental vigente e pelos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização do local. Outro órgão público envolvido na problemática territorial é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Por se tratar de uma área que abriga três sítios arqueológicos tombados como patrimônio cultural material (os sambaquis de Camboinhas, Duna Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 9 Grande e Duna Pequena), esse espaço passa a ser controlado e gerido de acordo com a lei que regulamenta a conservação desse bem histórico. Dessa forma, apresentam-se novas territorialidades representadas pelas diversas esferas do poder público presentes e atuantes nesse espaço disputado por distintos interesses conflitantes. CONCLUSÃO Atualmente, devido ao grande número de pessoas, organizações e até mesmo instituições interessadas em conquistar benefícios com o controle do acesso e uso desse espaço, ainda não se chegou a um consenso sobre qual a melhor atitude a ser tomada com relação à conservação e ocupação do local. Dessa forma, diante das circunstâncias apresentadas, o conflito de territorialidades presente nessa área continua sem ter uma solução eficaz, digna de sanar a problemática existente. Sendo assim, diante do quadro de intensa pressão que os Mbya vêm sofrendo por parte de diversos setores da sociedade e das dificuldades encontradas para a manutenção de sua cultura e permanência em suas terras, torna-se fundamental a busca por uma maior compreensão acerca da espacialidade e da cosmovisão guarani. Dessa maneira, ao reconhecer a dinâmica territorial e o modo de ocupação diferenciado desse povo, estaremos realmente contribuindo para a garantia dos direitos dos Guarani de buscar terras adequadas ao seu padrão de existência, que vai muito além dos limites de suas aldeias. BIBLIOGRAFIA DJEKUPÉ, Werá; SILVA, Marcelo Oliveira da. A história que nunca foi contada: relato das tradições e histórico do povo Guarani. In: GUIMARAENS, Dinah (org.). Museu de arte e origens: mapa das culturas vivas guaranis. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2003. p.110-127. GASPAR, Madu. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. 2ª ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2004. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 10 GUIMARAENS, Dinah. Museu de Arte e Origens. In: GUIMARAENS, Dinah (org.). Museu de arte e origens: mapa das culturas vivas guaranis. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2003. p.12-37. HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios à multiterritorialidade”. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. LADEIRA, Maria Inês. Espaço geográfico Guarani-Mbya: significado, constituição e uso. Maringá, PR: Eduem; São Paulo:Edusp, 2008. LEFF, Enrique. Racionalidade ambiental: a reapropriação social da natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil. São Paulo: Edusp, 2007. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A geografia das lutas no campo. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 1989. PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. De saberes e de territórios: diversidades e emancipação a partir da experiência latino-americana. GEOgraphia, Revista da Pós- Graduação em Geografia da UFF, Niterói/RJ, Ano VIII – N° 16, p.41-55, 2006. RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. SIMÃO, Lucieni. Historiografia do contato: demografia indígena e deslocamentos através do território nacional. In: GUIMARAENS, Dinah (org.). Museu de arte e origens: mapa das culturas vivas guaranis. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2003. p.98-109. SOUZA, Álvaro José de. Geografia lingüística: dominação e liberdade. São Paulo: 1990. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 11 Contexto,