ALDEIA TAPIXI: POR UM ESTUDO ETNOGRÁFICO DA MÚSICA INDÍGENA GUARANI NO PARANÁ Valdinei Cecilio, e-mail: [email protected] Palavras-chave: Cultura indígena, música guarani, Aldeia Tapixi. Resumo: O presente trabalho trata-se de um projeto de pesquisa que tem como objetivo realizar um estudo etnográfico da música guarani e suas características fundamentais necessárias à sobrevivência dessa prática na aldeia Tapixi 1. Para tanto, identificar-se-á as possíveis manifestações musicais praticadas na aldeia, descrevendo-as e analisando-as posteriormente. Introdução Música é manifestação de crenças, de identidades, é universal quanto à sua existência e importância em qualquer que seja a sociedade. Ao mesmo tempo é singular e de difícil tradução, quando apresentada fora de seu contexto ou de seu meio cultural. Tiago Oliveira Pinto Levando em consideração a prática musical indígena guarani na aldeia Tapixi, situada no município de Nova Laranjeiras no Paraná, este trabalho vai em busca de uma compreensão no sentido de analisar a preservação da tradição musical guarani dos antepassados e as semelhanças existentes se comparada com povos indígenas que ainda hoje vivem sua cultura sem interferências externas significativas. Para isso, primeiramente, discute-se a situação das práticas musicais guaranis no Paraná, as quais caracterizam um forte elemento da cultura indígena. Na sequência, busca-se a realização de um estudo acerca da cultura musical na aldeia Tapixi, com ênfase nas práticas musicais que acontecem diariamente na casa de reza, para enfim, realizar um estudo etnográfico dessa música. Materiais e Métodos De acordo com Oliveira Pinto (2001 p. 250), a partir da segunda metade do século XX, “a etnomusicologia deixou o aspecto meramente “musicológico” por vezes em segundo plano para se utilizar da antropologia, principalmente no tocante a suas abordagens metodológicas”. Sendo assim, este trabalho tem como base, além da pesquisa bibliográfica, principalmente a investigação de campo, que consistirá no levantamento de dados e informações necessários ao desenvolvimento deste estudo. A pesquisa de campo segue a Tabela 1, de Oliveira Pinto (2001, p. 252), como base para a análise e classificação dos dados recolhidos. 1 Tapixi na língua guarani, segundo o cacique Sebastião, significa coelho ou lebre. É importante ressaltar ainda o caráter qualitativo/etnográfico quanto a abordagem da pesquisa. Qualitativo, por se preocupar com o indivíduo em seu ambiente sócio-cultural. Etnográfico pelo fato de estudar o comportamento de um grupo e suas práticas através do trabalho de campo feito pelo pesquisador (GIL, 1991). Tabela 1 Música Documentação Recolha de dados Gravação Cultura/Contexto Filmagem Terminologias Análise, Classificação Classificação melódica, rítmica, instrumental, etc. Transcrição e análise musical; estruturas sonoras e de movimentos; reconhecimento de gêneros musicais, etc. Protocolos Conceitos nativos; ocasiões musicais; quem, quando, onde faz música? Etnografia da performance; funções no contexto; análise semântica e interpretativa de dados; porque e em que relação com o contexto se faz música? Resultados e Discussão Por se tratar de uma pesquisa em fase inicial não se tem resultados literais acerca dos objetivos do trabalho, porém as discussões acerca da cultura e da música indígena não deixam dúvidas de que ainda possuem muitas lacunas na etnomusicologia indígena que poderão ser preenchidas com bons trabalhos, os quais ajudarão a consolidar a etnomusicologia com uma expressão própria brasileira. Oliveira Pinto (2001, p. 275) fala que “ouvir e aprender a ouvir a sonoridade dos outros significa entendê-los melhor, da mesma forma que entender as sonoridades alheias vai fazer com que entendamos melhor o nosso meio ambiente sonoro também, reconhecendo e respeitando as alteridades”. Partindo deste pressuposto, o presente trabalho ao discutir a prática musical guarani, pretende contribuir para a valorização da música e da cultura indígena, levando as pessoas a pensar sobre a importância da diversidade cultural em nosso país. Conclusões Esta pesquisa não tem a intenção de ser comparada à nenhum trabalho existente sobre a música indígena brasileira, mas de servir para mostrar que ao menos parte da tradição musical indígena guarani, no Paraná, sobrevive ao processo contínuo de deculturação e permanece viva no seio dessa cultura, mesmo a mercê de influências socio-culturais da sociedade moderna. Referências GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. São Paulo: Atlas, 1991. MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves Presotto. Antropologia: uma introdução. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1987. MENEZES BASTOS, Rafael José de. A musicológica Kamayurá: para uma antropologia da comunicação no Alto-Xingu. Brasília: FUNAI, 1978. MELLO, Maria Ignez Cruz. Música e mito entre os Wauja do Alto Xingu. 1999. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social). UFSC, Florianópolis, 1999. MONTARDO, Deise Lucy Oliveira. Através do mbaraka: música e xamanismo guarani. 2002. 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