A Metodologia da Problematização e suas etapas Arco de Maguerez

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A Metodologia da Problematização e suas etapas
Arco de Maguerez
“Esse arco tem a realidade social como ponto de partida e como
ponto de chegada” (Neusi Aparecida Navas Berbel)
A Metodologia da Problematização inicia-se ao incitar o aluno
a observar a realidade de modo crítico, possibilitando que o mesmo
possa relacionar esta realidade com a temática que está estudando,
esta observação mais atenta permitirá que o estudante perceba por si
só os aspectos interessantes, que mais o intrigue. “Dentre esses
aspectos, alguns serão ressaltados como destoantes, contrastantes
etc., a partir das idéias, valores(...) acumuladas pelos alunos(...)”
(BERBEL, 1995). A partir dos conhecimentos prévios os alunos e
professores serão capazes de perceberem os aspectos problemáticos
desta realidade analisada.
Tendo elencado os aspectos problemáticos os alunos e
professores devem classificá-los utilizando critérios de prioridade, a
fim de definir quais serão estudados e com qual profundidade.
Concluída esta análise o indivíduo é estimulado a refletir sobre quais
são os pontos chaves destes problemas, sendo esses a orientação
para a etapa da Teorização, onde buscam embasamentos científicos,
técnicos, oficiais etc., para avaliarem estes pontos chaves, diferentes
ângulos do problema são analisados. “Na fase da teorização ainda
(...) alunos e professor(res) têm a oportunidade de comprar suas
crenças iniciais (...) com as informações atuais obtidas sobre seus
diversos ângulos investigados.” “Em síntese, trata-se de uma
oportunidade de aprendizagem efetiva, no contato e no confronto o
mais direto possível com a realidade, onde a ação humana ou os
fenômenos da natureza ocorrem concretamente.” (BERBEL, 1995).
Após essa etapa de teorização, outra reflexão é necessária, a
elaboração das possíveis hipóteses de solução, assim como os
aspectos problemáticos, estas hipóteses devem ser classificadas
utilizando-se critérios de adequação, logicidade, coerência ou outros
(BERBEL, 1995). A construção das hipóteses é um momento
importante, pois, mais uma vez o indivíduo deve julgar de maneira
crítica a realidade em que está inserido, compreendendo de forma
mais construtiva o meio em que vive, estando agora menos abstrata
as medidas possíveis que podem ser tomadas para a transformação,
em algum grau, da realidade em que vive.
O conceito de práxis, a formação de uma consciência da
práxis e a Metodologia da Problematização
Vázquez apresenta a práxis como atividade material do
homem que transforma o mundo natural e social para fazer dele um
mundo humano (VÁZQUEZ, 1977), adotando a concepção marxista
desta, ela não só é a interpretação do mundo, mas consiste também
como guia de sua transformação. A práxis é uma atividade
transformadora consciente e intencionalmente realizada diferindo do
termo “prática”, que em geral corresponde ao sentido utilitário das
coisas.
O verdadeiro entendimento do conceito de práxis consiste em
chegar a uma consciência da mesma, para isto é necessário modificar
e sair do conceito de práxis advinda do senso comum, dos valores
ideológicos que cada indivíduo traz consigo. Analisando todo o
conceito da práxis a autora indaga a importância do entendimento
deste para um profissional da Educação, no qual ela afirma a
necessidade da formação de uma consciência profissional reflexiva,
crítica, informada e ao mesmo tempo criativa. Seguindo este
raciocínio “A consciência comum da práxis tem que ser abandonada e
superada para que o homem possa transformar criadoramente, ou
seja, revolucionariamente, a realidade.” (VÁZQUEZ, 1977).
Para atingir esse alto grau de consciência é necessário uma
politização a fim de que haja uma atitude transformadora, mas como
observado à maioria da sociedade é despolitizada onde cria-se uma
barreira para a real percepção da realidade, mantendo assim a
relação social entre os opressores-oprimidos. “O apoliticismo de
grandes setores da sociedade os exclui da participação consciente na
solução dos problemas econômicos, políticos e sociais fundamentais e
com isso fica desembaraçado o caminho para que uma minoria se
encarregue dessas tarefas de acordo com seus interesses
particulares, de grupo ou de classes” (VÀZQUEZ, 1977). Tratando de
apoliticismo, podemos analisar que a escola tem um papel social e
fundamental a desempenhar, no qual pode optar entre conservar e
reproduzir a sociedade da maneira na qual está organizada, com toda
a exclusão da maioria em relação aos bens materiais, culturais e
sociais, ou ela pode ter o papel de tornar a educação mais política,
feita através da transformação do homem para que este tenha uma
atuação consciente e crítica perante a sociedade, em prol de seu
próprio beneficio e da transformação da realidade. O trabalho
humano é um instrumento para o alcance da concepção da práxis,
Vázquez então coloca “a práxis material produtiva não só é
fundamento do domínio do homem sobre a natureza, como também
do domínio sobre a própria natureza. Produção e sociedade, ou
produção e história, formam uma unidade indissolúvel.” (VÁZQUEZ,
1977).
É a partir da prática social que o homem busca refletir sobre
os problemas do conhecimento, da história, da sociedade e do ser, e
nessa busca encontram-se meios para justificá-la, dar sentido e até
de transformá-la. Para que esta prática social ocorra, é necessário
que o homem possua uma consciência elevada do mundo em que
vive e sobre si, então assim será possível relacionar a práxis com a
transformação, a práxis e revolução, ou seja, relacionar “a prática
produtiva (transformação da natureza mediante trabalho humano)
com a prática revolucionária (transformação da sociedade mediante a
ação dos homens) como duas forma inseparáveis da práxis total
social” (VÀZQUEZ,1977).
Por conseguinte, “Para que o homem possa cumprir
plenamente sua dimensão mais propriamente humana, é preciso
ascender ao plano da criação, ao plano da instauração de uma nova
realidade que não existe por si só, mas somente pela atividade
transformadora do homem” (NEUSI, 1995).
A vivência da metodologia da problematização como uma
aproximação gradativa em relação à práxis.
A Metodologia da Problematização é divida em vários
momentos. Primeiramente o aluno deve observar a realidade das
pessoas e da comunidade a ser aplicada a metodologia, a partir daí
levantar informações e conhecimento sobre os aspectos observados.
Em posse dessas informações o aluno produz uma explicação
primária (geralmente baseada no senso comum).
Em seguida, realiza-se uma troca de informação e
conhecimento com os professores e outros colegas, onde se compara
a explicação primária às informações disponíveis geradas nessa troca.
Nesse ponto, o aluno já é capaz fazer uma síntese dessa nova
compreensão e elaborar hipóteses de solução dos problemas
observados.
Por fim, a teoria resultante deve influir na práxis da
realidade, com o objetivo de transformá-la, deve ter características
culturais, pedagógicas e político-sociais.
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