Disciplina Finanças Corporativas Arquivo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO EMPRESARIAL
MODALIDADE SEMIPRESENCIAL
Finanças Corporativas
Prof. José Thadeu Paulo Henriques
[email protected]
Belém – Pará
Julho/2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO EMPRESARIAL
MODALIDADE SEMIPRESENCIAL
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A GESTÃO FINANCIRA
1.0
1.1
O GERENTE FINANCEIRO FUNÇÕES, HABILIDADES E COMPETÊNCIAS.
1.1.1
As Funções Administrativas dos Gerentes
1.1.2
Os Papéis dos Gerentes
1.1.3
As Habilidades de um Gerente
1.1.4
Indicadores de Desempenho dos Gerentes
1.1.5
As Atividades dos gerentes Financeiros
1.1.6
A Organização da Função Financeira
1.1.7
Áreas de Conhecimento da Gestão Financeira
1.1.8
As Metas do Gestor Financeiro
1.2
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, MERCADOS E TÍTULOS NEGOCIADOS.
1.2.1
Instituições Financeiras
1.2.2
Instituições Auxiliares do Sistema Financeiro
1.3
MERCADOS FINANCEIROS
1.3.1
Tipos de Mercados
1.4
TITULOS NEGOCIADOS NO MERCADO
1.4.1
Títulos Públicos Federais
1.4.2
Títulos Privados
1.5
INDICADORES DE MERCADO
1.5.1
Indicadores Econômicos
1.5.2
Índices de Inflação
1.5.3
Taxa de Câmbio
Índices de Referência - Benchmarks
1.5.4
2.0
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, ANÁLISE E TRIBUTAÇÃO.
2.1
RELATÓRIO DOS ACIONISTAS
2.2
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
2.2.1
Demonstração de Resultado
2.2.2
Balanço Patrimonial
2.2.3
Demonstração de Lucros e Prejuízos acumulados
2.2.4
Demonstração de Fluxo de Caixa
2.3
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
2.3.1
Índices de Liquidez
2.3.2
Índices de Atividade
2.3.3
Índices de Endividamento
2.3.4
Índices de Lucratividade
2.4
FORMAS DE TRIBUTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
2.4.1
Simples Nacional
2.4.2
Lucro Presumido
2.4.3
Lucro Arbitrado
2.4.4
Lucro Real
3.0 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
3.1
PLANEJAMENTO INCREMENTAL
3.1.1
Planejamento do Caixa
3.1.2
Planejamento do lucro
3.1.3
Projeção do Balanço Patrimonial
3.2
ALAVANCAGEM OPERACIONAL
3.2.1
Conceitos Básicos
3.2.2
O Ponto de Equilíbrio
3.2.3
Realidades sobre o Ponto de Equilíbrio
3.2.4
Avaliação do Grau de Alavancagem Operacional
4.0
DECISÕES DE INVESTIMENTOS
4.1
CONSIDERAÇÕES GERAIS
4.1.1
Principais Motivos Para Investimentos
4.1.2
O Processo de Orçamento de Capital
4.1.3
Terminologia Básica
4.1.4
Tipos de Fluxo de Caixa
4.2
FLUXO DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS
4.2.1
Componentes do Fluxo de Caixa
4.2.2
Fluxo de Caixa de Expansão e Substituição
4.2.3
Fluxos de Caixa e depreciação
4.2.4
Custos Relevantes
4.2.5
Orçamento de Capital Internacional, Considerações Gerais.
4.3
O PROCESSO DE CÁLCULO DO INVESTIMENTO INICIAL
4.3.1
Custo do Ativo Instalado
4.3.2
Venda do Ativo Substituído
4.3.3
Variação no Capital de Giro da Empresa
4.3.4
Cálculo do Investimento Inicial
4.3.5
Cálculo das Entradas Operacionais de Caixa
4.4
O CUSTO DO CAPITAL
4.4.1
Fontes Específicas de Capital
4.4.2
Custo do Capital Próprio
4.5
AVALIAÇÃO DOS INVESTIMENTOS
4.5.1
Período de Retorno - Payback
4.5.2
Valor Presente Líquido - VPL
4.5.3
Taxa Interna de Retorno - TIR
4.6
PERFIS DO VPL
4.7
DECISÕES DE INVESTIMENTO EM CONDIÇÕES DE RISCO
3
4
4
4
4
5
6
7
7
8
9
10
10
14
15
16
20
20
22
24
24
25
26
27
31
32
32
32
34
37
37
40
43
44
48
49
51
52
52
53
54
55
57
57
61
64
66
66
66
70
71
74
74
75
75
76
77
77
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INTRODUÇÃO
O ensino e a prática da gestão financeira de empresas são hoje mais desafiadores e
estimulantes do que nunca. As empresas já não são mais o que eraim uma ou duas décadas
atrás. Uma nova economia foi criada por forças de mercado cada dia mais turbulento: a
globalização, a tecnologia.
As mudanças ocorridas nas instituições se refletem no perfil do profissional que irá
atuar nessa nova organização.
Na pratica a gestão evoluiu nas ultimas décadas de uma visão de tarefas para uma
visão de processo. Isso aconteceu principalmente em função da evolução na Tecnologia da
Informação. Os modernos sistemas gerenciais do tipo ERP (enterprise resource planning) ou
planejamento de recursos empresariais exigem dos profissionais um conhecimento além do
trivial.
A gestão financeira nas empresas era exercida de forma isolada. Na realidade, há
algumas décadas e ainda hoje, em algumas empresas o setor financeiro funciona como uma
caixa preta. Poucas pessoas têm acesso ao conhecimento e ao que é tratado naquele setor da
empresa.
Este paradigma precisa ser quebrado, o uso dos sistemas operacionais integrados para
processamento de informações, exige um conhecimento básico de finanças para todos os
funcionários de uma instituição.
Este módulo de estudos está dividido em cinco unidades. A primeira unidade mostra,
alguns conceitos sobre gestor financeiro, suas funções e habilidades, em seguida são mostradas
as instituições financeiras e mercados financeiros e os títulos nele negociados. Na segunda
unidade são mostradas as principais demonstrações financeiras, analise e formas de tributação.
Na terceira unidade, vamos enfocamos o planejamento e controle financeiro, mostrando a
importância do orçamento de caixa, do orçamento do lucro. .Na quarta unidade vamos discorrer
sobre a gestão do capital de giro das empresas, enfatizando a importância da gestão dos ciclos,
operacional e financeiro. Na quita unidade, vamos aprender a planejar um investimento de
capital, realizando o orçamento de investimento, o custo de capital próprio e de terceiros, os
fluxos de caixa - convencional e não convencional, e os métodos de avaliação de investimentos.
Durante a realização das aulas, será apresentado um software de simulação de
negócios, que deverá ser utilizado para a realização de um estudo de caso integrativo, fechando
assim o módulo com uma atividade prática.
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A GESTÃO FINANCEIRA
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Os trabalhos executados por gerentes estão sendo reformulados pelos mesmos fatores que
estão alterando a economia, as organizações e outros trabalhos. Ao contrário de apenas 20
anos atrás, o trabalho do gerente de hoje se parece mais com o de um treinador do que com o
de um chefe, e a permanência e estabilidade no emprego estão desaparecendo. O gerente do
futuro tende cada vez mais a ser um “capataz" contratado para resolver problemas específicos.
Gerentes supervisionam as atividades de outros empregados. Os trabalhadores trabalham
diretamente em um cargo ou tarefa e não têm nenhuma responsabilidade por outros
trabalhadores. No mundo inteiro, mais de 100 milhões de pessoas desempenham funções
gerenciais.
Os Gerentes Existem para mostrar a direção a um grupo ou organização por estabelecerem
liderança formal e esclarecerem os papéis dos trabalhadores, coordenando as atividades de
suas unidades com as atividades das demais unidades de uma organização e garantindo a
responsabilidade pela consecução de metas de desempenho. Porque representam despesa
adicional à operação de uma organização, os gerentes precisam gerar benefícios que excedam
os custos de seu trabalho.
1.1 O GERENTE FINANCEIRO, FUNÇÕES, HABILIDADE E COMPETÊNCIAS.
Os gerentes se classificam de três modos. Supervisores, encarregados ou líderes de equipe
são gerentes de primeira linha. Chefes de departamento ou de unidade, gerente de agência ou
divisão, decano e bispo são gerentes de nível médio. Presidente, presidente do conselho de
administração, diretor-superintendente, vice-presidente, diretor executivo administrativo ou
operacional são gerentes da cúpula.
1.1.1 Funções Administrativas dos Gerentes
Os gerentes modernos costumam agir se utilizando das funções da administração,
desempenhando papéis gerenciais, se utilizando das habilidades gerenciais e das competências
gerenciais. O gerente é um tomador de decisão e o gerente deve ser o agente de mudança.
Podem ser usadas para classificar o cargo de gerente.
• Planejamento significa definir as metas de uma organização, estabelecer uma estratégia
geral para alcançá-las e desenvolver planos abrangentes para integrar e coordenar atividades.
• Organização abrange a determinação das tarefas que serão realizadas, quem irá executálas, como agrupá-las, quem se reportará a quem e quem tomará as decisões.
• Liderança significa motivar e orientar os empregados, e comunicar-se e solucionar conflitos.
• Controle abrange monitorar desempenho, comparar os resultados com as metas e fazer
correções.
1.1.2 Papéis dos Gerentes
Segundo Henry Mintzberg, os gerentes desempenham dez papéis que podem ser
agrupados em torno de três temas: relações interpessoais, transferência de informações e
tomada de decisões.
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Os papéis interpessoais
• Os chefes nominais desempenham papéis cerimoniais ou simbólicos.
• Os líderes treinam, motivam e disciplinam os funcionários.
• Os elementos de ligação contatam fontes externas de informação.
Os papéis informacionais
• Os monitores captam informações de mercado a partir de fontes externas.
• Os disseminadores transmitem as informações aos membros da organização.
• Os porta-vozes representam suas organizações diante de pessoas de fora.
Os papéis decisórios
• Os empreendedores iniciam e supervisionam novos projetos para melhorar o desempenho
organizacional.
• Os controladores de distúrbios tomam medidas corretivas em resposta a problemas
imprevistos.
• Os alocadores de recursos controlam os recursos humanos, físicos e monetários.
• Os negociadores barganham com outros grupos para obter vantagens para suas próprias
unidades.
1.1.3 As Habilidades de um Gerente
As habilidades e comportamentos cruciais ao sucesso em um cargo gerencial podem ser
classificados em habilidades gerais e habilidades específicas.
Habilidades gerais
• Habilidades conceituais dizem respeito à aptidão mental para analisar e diagnosticar situações
complexas.
• Habilidades interpessoais incluem a capacidade para trabalhar em equipe, entender e motivar
as outras pessoas.
• Habilidades técnicas significam conhecimento especializado ou experiência.
• Habilidades políticas referem-se à capacidade para construir uma base de poder e fazer
contatos corretos.
Habilidades específicas
• Controlar o ambiente e os recursos da organização tomando decisões preventivas.
• Organizar e coordenar em torno de tarefas e relações interdependentes.
•Tratar as informações identificando problemas para tomar decisões e comunicá-las.
• Provisão de crescimento e desenvolvimento para si e seus funcionários.
• Motivação dos funcionários e administração de conflitos no trabalho.
• Solução de problemas estratégicos por meio da tomada de decisões e do incentivo às
decisões por parte dos seus funcionários.
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As mudanças ocorridas nos últimos anos exigem que dos gestores e colaboradores da área
financeira uma maior interação com os gestores e colaboradores das demais áreas das
empresas, para que todos possam fazer suas previsões e tomar decisões úteis.
1.1.4 Indicadores de Desempenho dos Gerentes
As organizações de maneira geral necessitam permanentemente aferir se o seu
desempenho está compatível com os objetivos estabelecidos. Os indicadores de desempenho
são utilizados como critérios de eficácia dos gerentes.
• Parâmetros Financeiros. Seja na maximização da participação de mercado, dos
rendimentos para os acionistas, retorno sobre o patrimônio líquido ou fluxo de caixa, as
empresas utilizam parâmetros financeiros para avaliar o desempenho e manter a credibilidade
entre os investidores ou financiadores.
• Produtividade. As organizações aumentam a produtividade aumentando a produção para
um determinado nível de insumo. A eficiência pode ser medida por critérios de produtividade:
por exemplo, produção por hora/funcionário ou percentual de sucata em relação ao produto
final.
• Crescimento. Em vez de utilizar a expansão das folhas de pagamento para medir a eficácia,
as empresas modernas buscam aumentar o total das vendas, receitas totais e lucros líquidos
mantendo ou reduzindo o número de cargos.
• Satisfação do Cliente. Nenhuma organização pode se dar ao luxo de descuidar de seus
clientes porque o custo para atrair novos clientes é mais alto do que o de manter os existentes.
• Qualidade. Abrangendo operações e processos internos, bem como as avaliações dos
clientes, a procura pela qualidade significa eliminar redundâncias operacionais para fornecer
alta qualidade a baixo custo.
• Flexibilidade. A competição global exige que as organizações se adaptem rapidamente a
bruscas mudanças sociais, econômicas e tecnológicas.
• Crescimento e Satisfação do Funcionário. Muitas companhias reduziram seus quadros
de pessoal e, por isso, os funcionários remanescentes se tornam receosos e menos leais. Uma
vez que alta qualidade e atendimento ao consumidor exigem funcionários treinados e
motivados, um desafio é aumentar a produtividade e a flexibilidade mantendo, ao mesmo
tempo, a motivação do funcionário.
• Aceitação Social. Os órgãos governamentais, os grupos de defesa do consumidor e a mídia
pressionam as organizações a serem “boas cidadãs”.
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1.1.5 Atividades dos Gerentes Financeiros
As principais atividades do gerente financeiro segundo Gitman são:
1. Fazer a análise e o planejamento financeiro
2. Tomar decisões de investimentos
3. Tomar decisões de financiamento
A Função da administração financeira pode ser descrita de forma geral ao se considerar
seu papel dentro da organização, sua relação com a economia e a contabilidade, assim como as
principais atividades do administrador financeiro.
1.1.6 A Organização da função Financeira
O tamanho e a importância da função da administração financeira dependem do
tamanho da empresa. Em empresas pequenas, o funcionamento das finanças é geralmente
cumprido pelo departamento de contabilidade. À medida que a empresa cresce, o
funcionamento das finanças evolui para um departamento em separado, se reportando ao
executivo maior da empresa. Em uma empresa de porte médio a estrutura ideal deve ser a
seguinte:
PRESIDENTE
DIRETOR
DE MARKETING
DIRETOR
FINANCEIRO
DIRETOR
DE OPERAÇÕES
GERENTE DE
TESOURARIA
SUPERVISOR
DE CAIXA
SUPERVISOR
DE CRÉDITO
GERENTE DE
CONTROLE
SUPERVISOR
CONTÁBIL
FINANCEIRO
SUPERVISOR
DE CUSTOS
O Tesoureiro é responsável por lidar com atividades financeiras, tais como
planejamento financeiro e capitação de recursos e tomar decisões sobre desembolso de capital,
assim como gerenciamento de caixa, crédito, etc. O enfoque do tesoureiro tende a ser mais
externo.
Cabe ao tesoureiro executar os recebimentos e os pagamentos da empresa no dia a
dia. Monitorar o orçamento de caixa. Realizar visitas aos bancos no intuito de captar recursos
para capital de giro ou para os investimentos de longo prazo da empresa.
Uma empresa não pode prescindir do crédito concedido por seus fornecedores e pelas
instituições financeiras, entretanto a insolvência de uma empresa pode surgir devido a excessos
de imobilizações ou de estoques, a concessão aos clientes de prazos muito longos para
pagamento ou, ainda, à utilização de fontes de financiamento inadequadas.
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Os estoques de matérias primas precisam ser transformados em estoques de produtos
acabados e isto envolve certo período de tempo. Os estoques de produtos acabados necessitam
ser vendidos, implicando mais esforço e tempo. As duplicatas precisam ser cobradas para
transformar-se em numerário e novamente transcorrer certo tempo relacionado com o prazo de
faturamento e com alguns atrasos. Nesta etapa surgem algumas perdas relativas a créditos
incobráveis. Surgem, assim, os descompassos nos fluxos de caixa de têm de ser previstos com
certa exatidão para que possam ser tomadas, em tempo hábil, as decisões pertinentes.
Compete assim ao Tesoureiro a gestão adequada do Fluxo de Caixa que é o
instrumento adequado para essa finalidade.
Para finalizar podemos afirmar que o tesoureiro trabalha e zela pela liquidez da
empresa aos menores custos possíveis. Dessa forma captando recursos com custos menores e
aplicando os recursos excedentes sempre buscando a melhor rentabilidade possível
O Controller é responsável pelas atividades de contabilidade, o gerenciamento de
impostos, assim como a contabilidade financeira e de custos. O enfoque do controller tende a
ser mais interno.
Segundo Padoveze o termo “controladoria” surgiu da escola italiana de contabilidade. A
escola americana denomina as atividades pertinentes à controladoria como “contabilidade"
“gerencial”. A Contabilidade Gerencial é a disciplina que apresenta todos os aspectos da
contabilidade dentro de um Sistema de Informação Contábil e seu fundamento como ação
administrativa, que, funcionalmente dentro da organização, é exercida nas empresas na maioria
das vezes pelo nome de Controladoria.
Dessa forma podemos afirmar que a missão da controladoria é dar suporte à gestão
dos negócios da empresa, de modo a assegurar que esta atinja seus objetivos, cumprindo
assim sua missão.
As atividades do executivo Controller devem permitir que se saiba a todo o instante
onde estamos e para onde vamos. O Controller não é o comandante, pois essa tarefa é do
presidente da empresa, mas a de navegador que cuida dos mapas de navegação. É a finalidade
de manter informado o comandante quanto à distância percorrida, ao local em que se encontra,
aos desvios da rota, aos recifes perigosos e aos caminhos traçados nos mapas, para que o
navio chegue ao destino (HECKER & WILSON, o.p. cit. PADOVAZE, p.33).
1.1.7 Áreas de Conhecimento da Gestão Financeira
A gestão financeira se relaciona com a economia e com a contabilidade. No que diz
respeito à economia. Administradores financeiros devem entender o quadro geral da economia
e estar alerta para as conseqüências da variação dos níveis de atividade econômica, assim
como por mudanças na política econômica.
O princípio econômico mais importante usado no gerenciamento de finanças é a
análise marginal, na qual as decisões financeiras devem ser tomadas e as ações executadas
somente quando os benefícios adicionais excederem os custos somados.
No que diz respeito ao relacionamento com a contabilidade, a função financeira da
ênfase no regime de caixa, que reconhece as receitas e os gastos somente com relação aos
fluxos de entrada e saída de reais de caixa. O regime de competência reconhece as receitas
no momento das vendas e os gastos quando incorridos.
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Exemplo:
A empresa X montou um determinado equipamento que custou 80.000 e o vendeu para
pagamento a prazo por 100.000.
Ponto de vista contábil (regime de competência)
Receita de Vendas
100.000
Menos custos
80.000
(=) Lucro líquido
20.000
Ponto de vista financeiro (regime de caixa)
Fluxo de entradas de caixa
Menos fluxo de saídas de caixa
(=) Fluxo de caixa líquido
0
80.000
(80.000)
O exemplo acima mostra que o regime de competência não descreve totalmente as
circunstâncias da empresa. Portanto o gestor financeiro deve olhar além das demonstrações
financeiras para refletir sobre os problemas atuais ou potenciais.
1.1.8 As Metas do Gestor Financeiro
A. Maximizar a riqueza dos proprietários.
A meta da empresa e de todos os gerentes e empregados é maximizar a riqueza dos
proprietários da empresa. A riqueza dos proprietários de sociedades anônimas é mensurada
pelo preço das ações, que por sua vez é baseado no tempo de retorno dos resultados (fluxos
de caixa), na sua magnitude e no seu risco.
O Valor Econômico Adicionado - EVA (Economic Value Added) é a medida usada por
muitas empresas para determinar se um investimento – proposto ou existente – contribui
positivamente para a riqueza dos proprietários.
O EVA é calculado ao se subtrair o custo dos recursos utilizados para financiar um
investimento de seus lucros operacionais após os impostos.
. Maximizar a riqueza dos parceiros
Recentemente muitas empresas ampliaram o seu enfoque para incluir os interesses dos
parceiros da mesma formas que os acionistas. Os parceiros (stakeholders) são grupos como os
empregados, fornecedores, credores que têm uma ligação direta com a empresa.
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1.2 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, MERCADOS E TÍTULOS NEGOCIADOS.
Neste tópico serão mostradas a estrutura e o funcionamento do sistema financeiro
brasileiro, os mercados e os indicadores econômicos e financeiros desses mercados.
1.2.1 Instituições Financeiras
São intermediários que canalizam poupança de indivíduos, negócios e governos para
empréstimos ou investimentos. As instituições financeiras fazem parte de um sistema que será
mostrado a seguir.
Instituições Normativas
Entidades Supervisoras
Instituições
Operadoras do Sistema
Conselho Monetário Nacional - CMN
Banco Central do Brasil
Comissão de Valores
Mobiliários - CVM
Instituições Financeiras
Bancárias
Bolsa de Mercadorias e
Futuros
Instituições Financeiras
não Bancárias
Bolsas de Valores
Outros Intermediários
Financeiros e
Administradores de
Recursos de Terceiros
Entidade de Auto-Regulação
Associação Nacional dos Bancos de Investimentos –
ANDIB
Estrutura do Sistema Financeiro
A) Instituições Normativas
Conselho Monetário Nacional – CMN
O Conselho Monetário Nacional (CMN), instituído pela Lei 4.595 de 31 de dezembro de
1964, é o órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o bom funcionamento do SFN. A
Medida Provisória nº54, de 06/94, que criou o Plano real, simplificou a composição do CMN,
caracterizando o seu perfil monetário, que passou a ser integrado pelos seguintes membros:
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· Ministro da Fazenda (presidente),
· Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e.
· Presidente do Banco Central do Brasil
O CMN é a entidade superior do sistema financeiro, sendo de sua competência:
v Estabelecer as diretrizes gerais das políticas monetária, cambial e crediticia. Por
exemplo: é de competência do CMN definir a meta de inflação no País e disciplinar
todos os tipos de crédito.
v Regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições
financeiras.
v Estabelecer medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios econômicos.
B) Entidades Supervisoras ou Órgãos de Fiscalização
Banco Central do Brasil – BC ou BACEN
É a entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro
cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o
funcionamento do sistema e as normas expedidas pela CMN. A missão do Banco Central do
Brasil é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema
financeiro nacional.
Comissão de Valores Mobiliários
É responsável por regulamentar, desenvolver. Controlar e fiscalizar o mercado de valores
mobiliários do país, promovendo medidas incentivadoras para a canalização da poupança ao
mercado de capitais.
C) Instituições Operadoras do Sistema
Instituições Financeiras Bancárias
Bancos Múltiplos
Os bancos múltiplos surgiram através da Resolução nº 1.524/88, emitida pelo BC por
decisão do CMN, a fim de racionalizar a administração das instituições financeiras, permite que
algumas dessas instituições, se constituam em uma única instituição financeira com
personalidade jurídica própria e, portanto, com um único balanço, um único caixa e,
conseqüentemente, significativa redução de custos.
Bancos Comerciais
De acordo com o MNI, seu objetivo precípuo é proporcionar o suprimento oportuno e
adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e médio prazo, o comércio, a
indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas e terceiros em geral.
Bancos Cooperativos
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MODALIDADE SEMIPRESENCIAL
O Banco Central deu autorização para que as cooperativas de crédito abrissem seus
próprios bancos comerciais, podendo fazer tudo o que qualquer outro banco comercial já faz.
Cooperativas de Crédito
As cooperativas de crédito atuam basicamente no setor primário da economia, com o
objetivo de permitir uma melhor comercialização de produtos rurais e criar facilidades para o
escoamento das safras agrícolas para centros consumidores, destacando que os usuários finais
de crédito que concedem são sempre cooperados.
Instituições Financeiras não- Bancárias
São instituições que captam recursos através da emissão de títulos para emprestar e,
portanto, realizam intermediação de moeda.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES
É a instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo
federal, sendo a principal instituição financeira de fomento do país; tendo como objetivos
básicos;
Bancos de Investimento
Foram criados para canalizar recursos de médio e longo prazos para suprimento de
capital fixo ou de giro das empresas. Seu objetivo maior é o de fortalecer o processo de
capitalização das empresas, através da compra de máquinas e equipamentos e da subscrição
de debêntures e ações.
Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento – Financeiras.
Sua função é financiar bens de consumo duráveis por meio do “crediário” ou crédito
direto ao consumidor.
Associações de Poupança e Empréstimos
As operações são constituídas basicamente por financiamento imobiliário. As operações
passivas são constituídas basicamente por cadernetas de poupança que neste caso, remuneram
com os juros como se dividendos fossem.
D) Outros Intermediários do Mercado Financeiro e Administradores de
Recursos de Terceiros
Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários
Estas instituições operam no mercado com a compra, venda e distribuição de títulos e
valores mobiliários (inclusive ouro) por conta de terceiros. Elas fazem a intermediação com as
bolsas de valores e de mercadorias.
Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários
As atividades básicas das distribuidoras são constituídas de:
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MODALIDADE SEMIPRESENCIAL
·
·
·
Subscrição isolada ou em consórcio de emissão de títulos e valores mobiliários para
revenda.
Intermediação da colocação de emissões de capital no mercado; e,
Operações no mercado aberto, desde que satisfaçam as condições exigidas pelo BC.
Neste mercado, atuam ainda os agentes autônomos de investimentos, que são pessoas
físicas credenciadas pelo BI, Financeiras, CCVM e DTVM, que, sem vínculo empregatício e em
caráter individual, exercem, por conta das instituições credenciadas, a colocação de títulos e
valores mobiliários, cotas de fundos de investimento e outras atividades de intermediação
autorizadas pelo BC.
Bolsa de valores
As bolsas de valores são associações privadas civis, sem finalidade lucrativa, com o
objetivo de manter ambiente adequado ao encontro de seus membros e a realização, entre
eles, de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e
abertos, especialmente organizados e fiscalizados por seus membros e pela Comissão de
Valores mobiliários.
Bovespa – Bolsa de Valores de São Paulo
A Bolsa de Valores de São Paulo é uma entidade auto-reguladora que opera sob a
supervisão da Comissão de Valores Mobiliários – CVM
BM&F Bolsa de Mercadorias e Futuros
As bolsas de mercadorias e futuros são associações privadas civis, sem finalidade
lucrativa, com o objetivo de efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e
financeira, das operações realizadas em pregão ou em sistema eletrônico. Para tanto devem
desenvolver, organizar e operacionalizar um mercado de derivativos livre e transparente, que
proporcione aos agentes econômicos a oportunidade de efetuarem operações de hedging
(proteção) ante flutuações de preço de índices, taxas de juros, moedas, metais, commodities
agropecuárias, bem como de todo e qualquer instrumento ou variável macroeconômica cuja
incerteza de preço no futuro possa influenciar negativamente suas atividades.
Sociedades de Arrendamento Mercantil (Leasing)
Essas sociedades possibilitam a empresa auferir lucros sem necessariamente adquirir o
equipamento, apenas com a sua utilização, mediante o pagamento do que se assemelha a uma
locação, onde o cliente, ao final do contrato, pode renová-la ou adquirir o equipamento pelo
valor residual fixado no contrato ou devolvê-lo a empresa.
Fundos Mútuos de Investimento
São constituídos sob forma de condomínio aberto ou fechado e representam a reunião
de recursos de poupança, destinados à aplicação em carteira diversificada de títulos e/ou
valores mobiliários, com o objetivo de propiciar aos seus condôminos valorização de cotas, a
um custo global mais baixo, ao mesmo tempo em que tais recursos se constituem em fonte de
recursos para investimento em capital permanente das empresas.
Entidades Abertas e Fechadas de Previdência Complementar
São instituições restritas a determinado grupo de contribuintes ou não, com o objetivo
de valorização de seu patrimônio, para garantir a complementação da aposentadoria e, por
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estas razões orientadas, a aplicar parte de suas reservas técnicas no mercado financeiro de
capitais.
Seguradoras
A Lei da Reforma Bancária, Lei nº 4.595, de 31/12/64, que reformulou o Sistema
Financeiro Nacional, enquadrou as seguradoras como instituições financeiras, subordinando-as
a novas disposições legais, sem, contudo, introduzir modificações de profundidade na legislação
específica aplicável a atividade. As seguradoras são orientadas pelo BC quanto aos limites de
aplicação de suas reservas técnicas nos mercados de renda fixa e renda variável.
E) Entidades de Auto-Regulação
Associação Nacional dos Bancos de investimentos
É uma entidade de representação do segmento das instituições financeiras que operam no
mercado de capitais. Seus associados são, basicamente, os bancos de investimento e os bancos
múltiplos com carteira de investimento.
1.2.2 Instituições Auxiliares do Sistema Financeiro
São instituições criadas para dar apoio ao sistema, as principais são:
SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia
O objetivo deste sistema é controlar a liquidar financeiramente as operações de compra
e venda de títulos públicos federais e manter a sua custódia física e escritural.
CETIP - Câmara de Custódia e Liquidação
A custódia é escritural, feita através do registro eletrônico na conta aberta em nome do
titular, onde são depositados os ativos por ele adquiridos. Isso é uma garantia de que os ativos
existem, estão registrados em nome do legítimo proprietário e podem ser controlados de forma
segregada. A CETIP não assume, em momento algum, risco de crédito dos emissores dos
diversos títulos ali registrados. Dentre os diversos tipos de ativos que custodia se encontram os
CDBs, Debênture, Letra Hipotecária, Swap.
CBLC - Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia
A CBLC atua como Contraparte Central para todos os agentes de compensação. A
principal função de uma Contraparte Central (CCP) é, colocando-se entre todos os compradores
e vendedores, assumir o risco das contrapartes entre o fechamento do negócio e sua
liquidação. Embora a CBLC possa custodiar diversos títulos e valores mobiliários, os principais
valores mobiliários custodiados na CBLC são as ações de companhias abertas.
SPB – Sistema de Pagamento Brasileiro
Sistema de pagamentos é o conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e
sistemas operacionais integrados usados para transferir recursos do pagador para o recebedor
e, com isso, encerrar uma obrigação.
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O objetivo principal da reestruturação do SPB - Sistema de Pagamentos Brasileiro foi
melhorar os controles de riscos no Sistema Financeiro Nacional, reduzindo o risco sistêmico,
antes assumido pelo Banco Central do Brasil e demais participantes do sistema de pagamentos,
as instituições financeiras.
O Sistema de Pagamentos compreende as entidades participantes do Sistema
Financeiro Nacional (bancos, clearing houses, corretoras, etc.), os subsistemas, os
procedimentos relacionados com a transferência de recursos e de outros ativos financeiros,
bem como o processamento, a compensação e a liquidação de pagamentos em qualquer de
suas formas, como cheques, DOC, boletos, etc.
A principal mudança para os clientes dos Bancos foi a criação de mais uma opção de
transferência de recursos. Os clientes podem utilizar a TED (Transferência Eletrônica
Disponível) para transferir recursos de sua conta corrente para uma conta corrente em outro
banco, como alternativa às atuais formas de transferência como cheques ou DOCs.
Transferências realizadas por meio da TED permitem que os recursos fiquem
disponíveis para uso pelo recebedor, no mesmo dia, assim que o banco destinatário receber a
mensagem de transferência.
A nova opção oferece maior segurança e agilidade em relação aos cheques e DOCs,
que continuam a ser processados normalmente no atual Sistema de Compensação.
1.3 MERCADOS FINANCEIROS
Empresas que necessitam de recursos de fontes externas podem obtê-los de três
diferentes formas:
1. através da instituição financeira que capta a poupança e a transfere para aqueles que
necessitam de recursos.
2. através dos mercados financeiros, espaços organizados nos quais os fornecedores e
tomadores de recursos fazem transações.
3. através da colocação privada, emissão de ações e títulos de divida para investidores no
mercado.
As Instituições financeiras
São intermediários que canalizam a poupança de indivíduos, negócios e governos para
empréstimos e investimentos. Muitas instituições financeiras pagam juros sobre o montante de
recursos depositado; outras prestam serviços em troca de uma taxa. Algumas instituições
financeiras aceitam depósitos dos clientes e emprestam esse dinheiro para outros clientes;
outras investem as economias em ativos rentáveis, tais como imóveis ou ações e títulos; e
algumas fazem os dois. Em outras palavras as instituições financeiras realizam a intermediação
financeira, comprando e vendendo valores mobiliários, além de prestar serviços ao mercado.
O que é um valor mobiliário?
Representa um investimento realizado em dinheiro, com intuito de lucro, ofertado ao
público e sobre o qual este não possui controle direto. Redefiniram-se os valores mobiliários
sujeitos ao regime da nova Lei, (Lei das Sociedades por Ações) como sendo:
·
·
·
as ações, debêntures e bônus de subscrição;
os certificados de depósito de valores mobiliários;
as cédulas de debêntures;
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·
·
·
·
·
as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários ou clubes de investimento
em quaisquer ativos;
as notas comerciais;
os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos ativos subjacentes sejam
ativos mobiliários;
outros contratos derivativos, independentemente dos ativos subjacentes; e,
quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou contrato de investimento
coletivo, que gerem direito de participação, de parceria ou de remuneração, inclusive
resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do
empreendedor ou de terceiros.
Participantes em Transações financeiras
Os principais participantes em transações
fornecer e tomar recursos são:
·
·
·
financeiras envolvidos na atividade de
indivíduos,
empresas, e
governos.
Os indivíduos não apenas fornecem recursos para instituições financeiras, mas também
demandam recursos delas na forma de empréstimos. No entanto os indivíduos enquanto grupos
são os fornecedores de liquidez para as instituições financeiras: eles poupam mais dinheiro do
que tomam emprestados.
As empresas também depositam parte de seus recursos em instituições financeiras,
principalmente em contas correntes, em bancos comerciais. As empresas tomam emprestado
recurso dessas instituições. Como grupo, empresas são demandantes de recursos: elas tomam
mais dinheiro emprestado do que poupam.
Os governos mantêm depósitos de recursos temporariamente ociosos e alguns pagamentos de
impostos e da Providência Social em bancos comerciais. Eles não tomam emprestados recursos
diretamente de instituições financeiras, mas através de seus títulos de dívida. O governo é
também tipicamente demandante de liquidez de fundos: ele toma mais emprestado do que
poupa. Todos já devem ter ouvido falar do déficit no orçamento do governo federal.
1.3.1 Tipos de Mercado
Os mercados financeiros podem ser classificados de diversas formas. As mais
usuais são:
·
·
·
Quanto aos prazos das operações
Quanto a idade dos títulos negociados,
Quanto às especificidades de cada mercado
A) Classificação quanto aos prazos das operações
Quanto aos prazos das operações os mercados se classificam em:
·
·
Mercado monetário
Mercado de capitais
O mercado monetário é criado por uma relação financeira com fornecedores e
demandantes de recursos a curto prazo, os quais tem vencimentos de um ano ou menos.
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O mercado monetário existe porque certos indivíduos, negócios, governos e instituições
financeiras tem recursos temporariamente ociosos e estão dispostos a aplicar em algum tipo de
instrumento que renda juros a curto prazo. Ao mesmo tempo, outros indivíduos, negócios,
governos e instituições financeiras se encontram na situação que precisam de financiamento
sazonal ou temporário. O mercado monetário, portanto, junta esses fornecedores e tomadores
de fundos líquido a curto prazo.
A maioria das transações do mercado monetário são feitas em títulos mobiliários
negociáveis, tais como: Títulos públicos de curto prazo, promissórias e certificados de depósitos
negociáveis, emitidos pelo governo, empresas e instituições financeiras.
O mercado de capitais. Realiza transações com títulos mobiliários de longo prazo –
títulos de dívida de longo prazo e ações, e outros.
B) Classificação quanto a idade dos títulos negociados
Quanto a idade dos títulos negociados os mercados financeiros se classificam em:
·
·
Mercado primário
Mercado secundário
O mercado primário é o fórum onde são negociados os títulos de primeira emissão,
chamados também de títulos novos, lançados por uma instituição. Todos os títulos, seja no
mercado monetário ou de capital, são inicialmente emitidos no mercado primário que é o
mercado em que o emissor do titulo está diretamente envolvido na transação. Isto é, a
companhia realmente recebe as receitas de vendas dos títulos.
O Mercado secundário é o mercado financeiro no qual títulos que já tiveram
proprietários (aqueles que não são novas emissões) são negociados. Uma vez que os titulo
comecem a ser negociados entre investidores, eles se tornam parte do mercado secundário.
O mercado secundário de títulos é muito importante porque ele proporciona a liquidez
necessária, isto é, os investidores adquirem títulos no mercado primário, porque sabem que se
precisarem vender, basta entrar em contato com uma corretora de valores e autorizar a
negociação do titulo.
C) Classificação quanto às especificidades de cada mercado
O Mercado Específico, classifica o mercado, mais em função do tipo de transação
a ser realizada. Os mais importantes são:
·
·
·
·
·
·
·
·
·
Mercado interbancário
Mercado de títulos públicos federais
Mercado de juros
Mercado a termo
Mercados futuros
Mercado de opões
Mercado de derivativos
Mercado de ações
Mercado futuro de ações
O Mercado Interbancário é privativo dos bancos e dos brokers. Caracteriza-se pela
intermediação financeira a poupadores e vendedores de moeda de forma geral, atuando
também como canas de distribuição de títulos, utilizado como lastro do dinheiro
transacionado.
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O Mercado de Títulos Públicos Federais é materializado através do Open Market
que é o mercado secundário de títulos públicos (o mercado primário desses títulos é realizado
por leilões do Banco Central) . O acerto financeiro se dá na conta Reserva Bancária que é
mantida por cada instituição junto ao Banco Central.
Por exemplo:
O Banco Central ao executar a política monetária no mercado aberto, realiza compra e
venda de títulos públicos no mercado secundário.
A importância do mercado secundário é oferecer liquidez aos investidores. Um mercado
secundário desenvolvido permitirá ao investidor vender (ou comprar) títulos a qualquer
momento.
Os bancos utilizam-se do open market por meio de operações overnight para
administrar diariamente o seu caixa, comprando e vendendo títulos públicos federais. Os títulos
adquiridos passam a compor as carteiras próprias da instituições financeiras.
O Banco Central utiliza esse mercado como parâmetro para a formação do custo do
dinheiro e para gerenciamento da liquidez da economia.
Os negócios tem liquidação imediata e são realizados e liquidados através do sistema
SELIC que está sob a responsabilidade do Banco Central. Os operadores das instituições
envolvidas, opôs acertarem os negócios envolvendo os títulos públicos, liquidam as operações.
Pode-se afirmar com isso que o open market é um instrumento de política monetária,
influenciando a formação da taxa de juros. via STR (sistema de transferência de recursos), no
SELlC. O sistema transfere, então, o registro do título para a instituição financeira compradora,
acertando o efeito financeiro na conta reserva bancária.
No Mercado Interbancário de Reais as instituições financeiras realizam suas
operações com títulos privados, utilizando principalmente o CDI (certificado de depósito
interfinanceiro). O custo do dinheiro é muito próximo ao custo dos recursos over.
O Mercado de Juros envolve o estabelecimento das relações entre a taxa de juros
presente, constituindo um elo fundamental entre o mercado financeiro e o setor produtivo da
economia. Coloca em equilíbrio poupadores e investidores.
O Mercado a Termo o comprador tem o direto de adquirir o ativo objeto (ação) por
um preço acertado entre as partes, e o vendedor tem a obrigação de entregar o contrato na
data correta e com o preço definido.
O contrato a termo geralmente é negociado no mercado de balcão e Bolsas. As
operações, em geral, concentram-se no prazo de 30 dias.
As operações a termo são formalizadas em contratos específicos, emitidos e registrados
na Bolsa:
O Mercado Futuro têm como objetivo básico prover a proteção aos agentes
econômicos, com relação às variações nos preços de seus produtos e investimentos em ativos
financeiros.
Para seu funcionamento, os representantes dos compradores e dos vendedores se
reúnem em um recinto específico, nas Bolsas, negociando contratos, fazendo com que as
contrapartes (hedgers, especuladores e arbitradores) permaneçam no anonimato.
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Os contratos futuros, são padronizados: preços, quantidade e prazo de liquidação são
específicos. Qualquer uma das partes pode liquidar seu contrato antes do prazo, revertendo sua
posição.
As Bolsas garantem que as obrigações assumidas no contrato entre as partes sejam
honradas, na hipótese de inadimplência de uma das partes. Para controlar, a Bolsa ajusta ao
mercado todas as posições de futuros, determinando uma margem de garantia para a
cobertura eventual inadimplência de uma das partes. Devido às garantias exigidas pela Bolsa,
há maior liquidez do que no mercado a termo. Os participantes dos mercados futuros são:
Hedger, Operações de Hedge, Especulador
O Hedger tem o objetivo de se proteger contra oscilações de preço, suas principais
características são:
·
·
·
·
tem interesse no ativo spot;
geralmente, transacionam-se grandes volumes;
apresenta atuação pouco freqüente;
costuma manter a posição.
As Operações de Hedge tem como principais participantes:
· instituições financeiras
· exportadores
· importadores
· empresas devedoras em moeda estrangeira
· fundos de pensão
· fundos de renda fixa
· fundos de renda variável
O Especulador tem o objetivo de obter ganhos em decorrência de oscilações nos
preços. O especulador proporciona liquidez ao mercado em função de sua constante atuação.
Suas principais características são:
·
·
·
·
geralmente não tem posição ou interesse no ativo spot;
transaciona pequenos volumes
tem atuação freqüente
geralmente mantém posição por período longo
No Brasil as operações mais realizadas nos mercados futuros são: índices de ações,
taxa de juros, dólar, ouro e commodities (boi, bezerro, café, algodão, soja, açúcar)
O Mercado de Opções se classifica em:
·
opções de compra e,
·
opções de venda.
A opção de compra é um contrato que permite adquirir, da parte lançadora da opção,
determinada porção de um ativo objeto, sendo o preço previamente acertado em contrato no
inicio da operação. A aquisição pode ocorrer a qualquer momento até o vencimento da
operação.
O ativo objeto de uma operação de opção não precisa ser negociado em Bolsa, desde
que as partes concordem com as suas características.
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A opção de venda também é formalizada por meio de um contrato, possibilitando ao
comprador vender porção de um ativo objeto por um determinado preço de exercício, até o
vencimento do contrato.
O Brasil regulamenta as opções pelo modelo americano, onde o comprador de uma
opção tem o direto de exercê-la no período compreendido entre a compra da opção e o
vencimento do contrato. O modelo europeu , o direito de exercer a opção se dá apenas no final
do contrato.
O Mercado de Derivativos: o termo derivativos é geralmente utilizado para
determinar instrumentos financeiros que derivam ou dependem do valor de outro ativo.
Os derivativos são divididos em operações de financiamento, arbitragem e especulação.
Os derivativos são geralmente transacionados tendo como base o valor nacional, ou
seja o valor que representa o total global objeto da negociação, sendo o efeito no resultado de
uma variação de preço, taxa ou índice sobre esse montante.
O Mercado de Ações é a relação o financeira criada por instituições e acordos que
permite que fornecedores e demandantes de recursos a longo prazo – recursos com
vencimentos maior que um ano - façam suas transações.
O mercado de ações é formado pelas várias bolsas de valores que geram um fórum
para transações de títulos de dívidas e ações. O bom funcionamento do mercado de capitais é
importante para o crescimento dos a longo prazo dos negócios.
1.4 TITULOS NEGOCIADOS NO MERCADO
Existem várias classificações para os mais variados tipos de papéis que são negociados
no mercado financeiro. Adotamos a classificação em função de sua principal destinação, ou
seja, a finalidade para a qual o titulo é emitido.
·
·
·
·
·
·
·
Títulos Públicos Federais
Certificados de Depósito Bancário
Certificados de Depósitos Interfinanceiros
Letra Hipotecária
Debêntures
Ações
Depósito à Vista
1.4.1 Títulos Públicos Federais
O Governo Federal emite títulos de dívida pública para captar recursos. São títulos de
grande aceitação e liquidez, considerados como os de melhor risco de crédito do mercado.
Os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional estão voltados a financiamento do déficit
público. Os principais são:
LFT - Letra Financeira do Tesouro
·
·
·
·
São emitidas na modalidade escritural, nominativas e negociáveis
Prazos de emissão (mínimo e máximo): não há restrição -_são estabelecidos pelo
Ministro da Fazenda.
Valor nominal de emissão (valor de face): múltiplos de R$ 1.000,00
Remuneração: variação da Taxa SELIC
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LTN - Letra do Tesouro Nacional
É uma boa alternativa de investimento no caso de expectativa de queda da taxa de juros. O
valor do título aumenta quando a taxa de juros cai.
·
·
·
·
·
·
São emitidas na modalidade escritural, nominativa e negociável,
São colocadas no mercado por oferta pública, ou direta em favor do interessado.
Prazos (mínimo e máximo) de emissão: não há restrição - são estabelecidos pelo
Ministro da Fazenda.
Valor de face e resgate = múltiplos de R$1.000,00
Remuneração: 'prefixada,. baseada na taxa de juros de mercado.
Valor de Mercado: negociada com desconto pela taxa de juros desejada – o investidor
paga uma quantia inferior ao valor de face.
Nota do Tesouro Nacional - NTN
Caracterizam-se por pagar cupom de juros semestralmente e o capital, ajustado pelo
índice de correção do título, somente no vencimento. Elas têm em comum as seguintes
características:
·
·
·
·
·
·
Prazo: definido pelo Ministro da Fazenda, quando da emissão do título.
Taxa de juros (cupom): definida pelo Ministro da Fazenda, quando da emissão, em
porcentagem ao ano, calculada sobre o valor nominal atualizado.
São emitidas na modalidade escritural, nominativa e negociável.
Valor nominal: múltiplos de R$1.000, OO
O título paga cupom de juros semestralmente, sobre o valor ajustado.
O pagamento do principal ajustado é feito somente no vencimento.
As Notas do Tesouro Nacional possuem uma notação por série. O que diferencia uma série
da outra, identificada por uma letra, é o índice de correção do capital. Acompanhe a seguir:
NTN-B - Notas do Tesouro Nacional - Série B
Remuneração: variação do IPCA mês anterior,_acrescida de juros definidos. Pelo mercado no
momento da compra.
NTN-C - Notas do Tesouro Nacional - Série C
Remuneração: variação do GP-M do mês anterior, acrescida de juros definidos pelo mercado
no momento da compra.
NTN-D - Notas do Tesouro Nacional - Série D
Remuneração: variação da cotação de venda do dólar dos Estados Unidos da América no
mercado de câmbio de taxas livres, divulgada pelo Banco Central do Brasil (PTAX) sendo
consideradas as taxas médias do dia útil imediatamente anterior a data-base e a data do
vencimento do titulo. Acrescida de Juros definidos pelo mercado no momento da compra.
NTN-F - Notas do Tesouro Nacional - Série F
A rentabilidade é prefixada pela taxa interna de retorno (TIR) do fluxo de pagamentos dos
cupons de juros e do deságio ou ágio sobre o valor nominal do título.
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1.4.2 Títulos Privados
Certificado de Depósito Bancário - CDB
São títulos emitidos por instituições financeiras ou empresas comerciais, industriais e de
serviços que são comercializados no sistema de intermediação financeira.
Título de renda fixa, representativo de depósito a prazo emitido por bancos múltiplos,
de investimentos e comerciais. É uma modalidade de aplicação que proporciona ao cliente
remuneração sobre seu capital, sendo obrigatoriamente emitido, na forma nominativa, ou seja,
com a identificação do investidor. É admitida sua negociação antes do vencimento, de acordo
com as condições estabelecidas pela instituição emissora e terá seu valor de mercado apurado
em função da taxa de juros corrente.
Letra Hipotecária
Título de crédito de emissão privativa das instituições que atuam na concessão de
financiamentos com recursos do SFH - Sistema Financeiro da Habitação, cuja emissão está
limitada ao valor total da carteira de créditos hipotecários.
Conferem aos seus investidores direito de crédito pelo valor nominal, atualização monetária
e juros nela estipulados.
Debêntures
Debêntures são valores mobiliários, emitidos por sociedades anônimas não-financeiras,
representativos de crédito de médio e longo prazo que asseguram aos seus detentores (os
debenturistas) direito de crédito contra a companhia emissora.
·
Podem ser emitidas por empresas de capital aberto e/ou fechado. Entretanto, somente
sociedades anônimas de capital aberto (ou seja, registradas na CVM como tais) podem
fazer colocação pública de debêntures.
·
Bancos não podem
emitir debêntures (são instituições financeiras). Companhias de
Leasing
são as únicas entidades do sistema
financeiro autorizadas a emitir
debêntures.
As Debêntures podem ser emitidas de duas formas:
·
Debêntures Conversíveis
·
Debêntures não Conversíveis ou Simples
Debênture conversível em ações (DCA)
Algumas debêntures têm uma cláusula de conversibilidade que concede ao investidor,
no ato de sua compra e de acordo com condições estabelecidas em sua escritura pública, o
direito de resgatar seu investimento em ações da companhia emissora.
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Nas DCA a opção de receber o capital de volta em ações é um direito (não uma
obrigação) do debenturista.
papéis.
Ao emitir DCA a companhia deve dar preferência aos acionistas na subscrição dos
Debênture não conversível ou simples
As debêntures simples asseguram ao investidor uma remuneração sobre o valor do
investimento, sendo o capital resgatado em dinheiro no vencimento. Semelhante a um
investimento em CDB ou título público federal.
Nota Promissória
Título representativo de crédito emitido pelas empresas do setor privado, para
colocação pública ou privada, que confere ao investidor direito de crédito contra a emitente.
A captação de recurso se destina a financiamento de capital de giro e tem,
normalmente, prazo curto, limitado a 1 ano.
A nota promissória emitida por sociedade por ações, destinada à oferta pública, é
considerada como valor mobiliário.
As Notas Promissórias possuem as seguintes características:
Prazos
·
·
·
Mínimo 30 dias
Máximo 180 dias para S/A de capital fechado.
Máximo 360 dias para S/A de capital aberto.
Remuneração
·
·
Prefixada, vendida com desconto.
Pós-fixada corrigida pela taxa cor - CETIP.
Forma de Emissão
Nominativa, sendo sua circulação por endosso em preto, de mera transferência de
titularidade, constando obrigatoriamente do endosso a cláusula "sem garantia".
Ações
São títulos emitidos por sociedades anônimas que representam a propriedade de uma fração
do capital social da companhia. Na prática, quem investe em ações é proprietário de uma parte
da sociedade anônima, tornando-se acionista e participando de seus resultados.
As ações podem ser: Ordinárias e Preferenciais
Ação Ordinária
Garante o direito de voto nas assembléias deliberativas da empresa, permitindo votar
para eleger diretores, aprovar demonstrações financeiras, modificar estatutos sociais, etc.
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MODALIDADE SEMIPRESENCIAL
São menos negociadas que as preferenciais e na distribuição dos dividendos da
empresa seus proprietários só recebem sua parcela correspondente depois dos proprietários
das ações preferenciais.
Ação Preferencial
·
·
·
Prioridade na distribuição de dividendos
Limitada a 50% do total de ações da companhia;
Recebe 10% a mais de dividendos ou tag along
As ações proporcionam aos seus investidores alguns direitos e proventos, chamados também
de benefícios que as empresas proporcionam as seus acionistas, tais como.
·
·
·
·
·
·
Dividendos
Bonificações ( em ações e em dinheiro)
Subscrição de ações
Venda de direito de subscrição
Juros sobre o capital próprio
Ganho de capital
1.5 INDICADORES DE MERCADO
Política Econômica pode ser definida como sendo o conjunto de medidas adotadas pelo
governo para controle da economia.
As relativas ao orçamento, por exemplo, afetam todas as áreas da economia e
constituem políticas de tipo macroeconômico; outras afetam exclusivamente algum setor
específico, como por exemplo, o agrícola e constituem-se em políticas de tipo microeconômico.
1.5.1 Indicadores Econômicos
São um conjunto de dados estatísticos, passíveis de mudanças e oscilações, capazes de
dar uma idéia do estado de uma economia em determinado período ou data. Em geral
fornecem dados sobre produção, comercialização e investimentos.
Entre os Indicadores Econômicos mais relevantes estão os referentes ao nível de
emprego, estabilidade de preços, distribuição de renda e crescimento da economia.
Produto Interno Bruto – PIB
Produto Interno Bruto é o conjunto da produção final de bens e serviços realizada em
território nacional, independente da nacionalidade dos agentes econômicos, num determinado
período de tempo (por exemplo, 1 ano civil).
Para que serve o PIB?
A evolução do PIB é a medida que sinaliza o crescimento ou não da economia.Taxa
positiva de crescimento do PIS indica economia em crescimento, mais propensa a investimentos
e geração de empregos.
Taxa negativa do PIS indica a economia em recessão, ou seja, produzindo e investindo
menos. Resultado: empresas demitindo mais e produzindo menos.
Algumas regras para cálculo do P.I.B
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·
·
O valor dos bens intermediários não é computado no cálculo do PIB, visto que está
incluído dentro do valor dos bens finais.
Com o objetivo de computar o valor dos bens e serviços finais, soma-se o valor
adicionado ou agregado em cada etapa de produção a preços de
mercado.
Tome por exemplo a fabricação de um carro: em relação à montadora de veículos será
considerado apenas o que ela adicionou para sua fabricação, caso contrário o aço, por exemplo,
seria considerado duas vezes para efeito de PIB.
·
Economia informal: o PIB exclui os valores das mercadorias produzidas e
vendidas nesta economia. Exemplo: emprego doméstico sem carteira.
·
Componentes do PIB (sob a óptica da despesa)
Consumo(C )
Investimento (I )
Despesas do Governo (G)
Exportações Liquidas (NX)
PIB = C + I + .G + NX
Consumo: refere-se a todos os bens e serviços comprados pelas famílias e divide-se em três
subcategorias: bens não-duráveis, bens duráveis e serviços.
Investimento: consiste nos bens adquiridos para uso futuro. Essa categoria divide-se em duas
subcategorias: investimento fixo das empresas (formação bruta de capital fixo) e variação de
estoques.
Despesa do Governo: são os bens ou serviços adquiridos pelos governos federal, estadual ou
municipal.
Exportações Líquidas: na verdade é a diferença entre exportações e importações.
1.5.2 Índices de Inflação
A inflação é a taxa média de variação dos preços de bens e serviços, por um período de
tempo, em uma determinada economia (ou em determinado país).
Os índices de inflação mostram o comportamento da variação dos preços de uma cesta
de bens e de serviços.
O preço de referida cesta varia ao longo do tempo e nos mostra que em determinados
momentos o nosso poder de compra aumenta e que em outros momentos o nosso poder de
compra diminui ou permanece inalterado.
Dois índices serão explicados a seguir:
·
IPCA que é um índice que mede a inflação na ponta do consumidor,
·
IGP-M que é um índice geral de preços, composto da variação tanto de preços no
atacado como na ponta do consumidor (ou varejo).
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IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo): calculado pelo IBGE, reflete a variação
dos produtos e serviços consumidos pelas famílias com rendas. de 1 a 40 salários mínimos, nas
11 principais metrópoles do Brasil. As coletas são feitas entre o primeiro e o último dia do mês
corrente ( ou seja do dia 01 a 30 do mês de 'referência).
Qual sua finalidade?
O IPCA é um índice utilizado pelo Banco Central do Brasil, mais precisamente seu
colegiado de diretores, conhecido como COPOM - Comitê de Política Monetária, para o
acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação, adotado a partir
de julho de 1999, para o balizamento da política monetária.
Variáveis investigadas
Os preços obtidos são os efetivamente cobrados do consumidor, para pagamento à
vista. A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços,
domicílios e concessionárias de serviços públicos.
IGP-M - Índice Geral de Preços de Mercado
O IGP-M é o índice de inflação calculado mensalmente pela FGV – Fundação Getulio
Vargas - com base na média ponderada do IPA(60%), IPC (30%) e INCC (10%).
Sua periodicidade de coleta é do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de
referência.
IPA - Índice de Preços por Atacado
Mede o movimento médio no atacado de preços em todas as capitais brasileiras.
IPC – Índice de Preços ao Consumidor
Mede o movimento médio de preços, mensal, de determinado conjunto de bens e
serviços no mercado varejista de abrangência nacional.
INCC - Índice Nacional de Custo da Construção
Mede o ritmo evolutivo dos preços dos materiais de construção,serviços e mão-de-obra,
relativos a construção civil.
1.5.3 Taxa de Câmbio
A taxa de câmbio é a equivalência de uma moeda em relação a outra. Como cada país
tem sua própria moeda, torna-se necessário estabelecer o valor da moeda de um país em
relação à moeda do
outro.
A globalização e a criação de blocos econômicos fez desaparecer uma série de moedas
com adoção de moedas únicas, como é o exemplo do Euro.
O movimento de valorização ou desvalorização do Real frente a uma moeda estrangeira
depende da demanda por esta moeda.
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O que provoca uma desvalorização cambial do Real é aumento da procura por dólares. Os
detentores de reais querem trocá-lo por dólares, portanto compram cada vez mais a moeda
estrangeira.
O que provoca a valorização cambial do Real é o aumento da demanda por reais. Os
detentores de dólar querem trocá-los por reais, portanto vendem seus dólares e compram
reais.
1.5.4 Índices de Referência (Benchmarks)
Trata-se de referência ou parâmetro para análise de retorno de investimentos.Pode ser
uma taxa de juros (taxa DI, por exemplo), um índice de preços (IGP-M, por exemplo) ou uma
carteira teórica, como o caso do Ibovespa. Vejamos alguns exemplos:
Taxa SELIC – Meta
O Comitê de Política Monetária (Copom) estabelece a meta para a taxa SELIC, tomando
como base a previsão de inflação ajustada para o exercício.
É expressa na forma anual para 252 dias úteis e representa o nível de taxa de juros que
o governo considera adequada para atingir a meta de inflação definida pelo CMN.
Taxa SELIC – Over
É a taxa calculada diariamente, representa a taxa média ponderada pelo volume das
operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e registradas no
SELIC, na forma de operações compromissadas.
Expressa na forma anual para 252 dias úteis, é a taxa efetivamente praticada no
mercado, que irá remunerar os títulos indexados à taxa SELIC.
Taxa SELIC e o Sistema SELIC são a mesma coisa ?
O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, do Banco Central do Brasil, é
um sistema eletrônico que se destina à custódia de títulos escriturais de emissão do Tesouro
Nacional bem como ao registro e à liquidação de operações com os referidos títulos. Daí derivase o nome dado à taxa básica de juros de nossa economia.
Taxa DI - Depósito Interfinanceiro
Taxa média ponderada das operações realizadas entre instituições financeiras pelo
prazo de um dia, com lastro em emissão de CDI - Certificado de Depósito Interfinanceiro que é
um título privado. São excluídas da média apurada eventuais operações que tenham sido
realizadas entre instituições do mesmo grupo.
fixa.
É o benchmark utilizado na análise de retorno da maioria dos investimentos de renda
Taxa CETIP
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A taxa média do CDI, divulgada diariamente pela CETIP, tem como base as operações
de Depósitos Interfinanceiros prefixadas, pactuadas por um dia útil e registradas no sistema da
CETIP. Sua taxa é expressa ao ano, considerando 252 dias úteis.
TR - Taxa Referencial de Juros
Sua metodologia de cálculo tem como base a taxa média mensal ponderada ajustada
da taxa utilizada para captação de recursos a prazo (CDB e RDB) das 30 instituições financeiras
selecionadas.
Para cada dia do mês - dia de referência, o Banco Central deve calcular e divulgar Taxa
Básica Financeira, para o período de um mês, com início no próprio dia de referência e término
no dia correspondente ao dia de referência no mês seguinte.
redutor.
Para cada TBF obtida deve ser calculada a correspondente TR, pela aplicação de um
Taxa PTAX - Taxa Média das Taxas de Câmbio em relação ao Real
A PTAX é a informação oficial sobre a cotação das moedas estrangeiras no Brasil. No
SISBACEN, que é o sistema através do qual todas as instituições financeiras se comunicam com
o Banco Central, é possível consultar a PTAX de todas as moedas - cerca de 141.
Como o dólar norte-americano é a moeda estrangeira mais negociada no país, quando
se fala em PTAX, o termo é logo .associado ao dólar. A PTAX é definida através da média
ponderada das negociações no decorrer do dia, para liquidação em dois dias úteis.
Ela serve como parâmetro para indexação dos títulos e fundos de investimento
atrelados à variação cambial. Essa variação cambial é medida de venda do dia da compra do
título com a PTAX do dia anterior de sua liquidação.
Índice BOVESPA – IBOVESPA
O Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho das cotações do mercado
de ações brasileiro revisado de quatro em quatro meses, é uma carteira teórica formada pelas
ações mais negociadas do mercado, que atenderam cumulativamente aos seguintes critérios,
com relação aos doze meses anteriores à formação da carteira:
·
estar incluída em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados
representem 80% do valor acumulado de todos os índices individuais
· ,
· apresentar participação, em termos de volume, superior a 0,1 % do total;
· ter sido negociada em mais de 80% do total de pregões do período.
O índice é calculado com base no preço de fechamento das ações.
O IBOVESPA avalia o retorno total da carteira, ou seja, reflete não apenas as variações de
preço das ações como também a distribuição de dividendos e demais eventos proporcionados
ao acionista.
É o benchmark utilizado na análise de retorno da maioria dos fundos de ações.
O atendimento dessas condições deve ser simultâneo e em relação aos últimos doze meses.
Sendo assim, notamos que a quantidade de ações que integram o IBOVESPA também
demonstra a representatividade, em termos de negociação, de cada papel no período
considerado para seleção das ações.
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Uma vez definida a carteira teórica, ficará inalterada por um quadrimestre, somente
sofrendo ajustes nas quantidades teóricas se houver a ocorrência de algum evento como
pagamento de dividendos, bonificações, etc. Depois de selecionada para integrar o IBOVESPA,
uma ação somente será excluída, se não atender a pelo menos dois critérios na época da
próxima reavaliação.
A reavaliação periódica é feita, com base nos últimos doze meses, visando manter a
representatividade do índice ao longo do tempo. Logo é possível detectar alterações no
mercado a vista e assim, definir nova participação relativa de cada ação no IBOVESP A.
Exemplo de cálculo do índice BOVESPA
A metodologia de cálculo do Ibovespa resulta da multiplicação da quantidade teórica da
ação, dentro da carteira teórica, pelo preço do último negócio. A seguir vamos ver um exemplo,
com valores fictícios, para um índice composto por apenas cinco ações, mas que é calculado
como o IBOVESPA.
Tempo 1
Preço de
Mercado
Empresa X
40.000
100
Empresa B
2.000
210
Empresa Y
1.500
550
Empresa Z
25.000
7,00
Empresa A
13.000
20,00
Total de pontos ou índice
AÇÃO
QTD.
TEÓRICA
Total da
Carteira
4.000.000,00
420.000,00
825.000,00
175.000,00
260.000,00
5.680.000,00
Tempo 2
Preço de
Mercado
110,00
190,00
600,00
10,00
15,00
Total da
Carteira
4.400.000,00
380.000,00
900.000,00
250.000,00
195.000,00
6.125.000,00
Variação
no preço
10,00%
-9,52%
9,09%
42,86%
-25,00%
7,83%
O total da carteira é o resultado de = Quantidade teórica X Preço de marcado.
O total de pontos ou índice = Valor total da carteira/1000
Índice = É calculado com base nas variações individuais das ações que compõem a carteira,
ponderado pela quantidade de cada ação.
Quando olhamos a variação do IBOVESPA estamos vendo o comportamento "médio" das ações
que o compõem, o que significa que, dependendo da composição que os investidores possuam,
inclusive os fundos de investimentos, será possível identificar oscilações percentuais diferentes.
Num caso extremo, se o investidor possuir apenas uma ação, o comportamento dessa ação
pode ser bem diferente do índice.
Por exemplo, se o investidor tivesse somente ações "E" em sua carteira, teria uma
desvalorização de 25%, enquanto o índice teria se valorizado 7,83%.
Taxa de Juros
A taxa de juros é vista de duas maneiras, pelos que emprestam recursos ela representa
um retorno de seus investimentos, ou seja, por assumirem riscos, caracterizando o spread. Os
que tomam recursos emprestado, ela representa um custo um custo financeiro importante na
condução de seus negócios.
Podemos classificar os juros de várias maneiras, veremos algumas delas:
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A) Taxa Nominal
É a taxa que encontramos nas operações correntes, ou seja a taxa que é visível aos
participantes de uma transação, por exemplo de um CDB.
A taxa nominal está composta de duas partes:
A primeira será a mera recuperação do poder de compra do investidor remunerando-o
pela inflação;
A segunda parte refere-se ao ganho acima da inflação que visa remunerar também o
RISCO de investimento. Chamamos esta segunda parte de rendimento real.
Veja a fórmula:
Taxa Nominal= [(1+ Taxa Real)x(l+ Taxa de inflação)-1]x100
Exemplo:
Dada a taxa de juros real de 3,80% ao mês e um índice de inflação de 3,22% ao mês, vamos
calcular a taxa nominal de juros.
Taxa Nominal = [(1 + 0,038)x (1 + 0,0322)-1]x 100 = 7,14 ao mês
A taxa nominal será de 7,14% ao mês
B) Taxa Real
É calculada a partir da taxa nominal de juros, descontando-se os efeitos inflacionários.
O objetivo é determinar o quanto se ganhou ou perdeu, desconsiderando a inflação, neste caso
medida por qualquer índice disponível (IGP-M, IPCA, etc.). Observe a fórmula abaixo:
Exemplo 1:
Considerando que uma taxa nominal de juros é de 7,14% ao mês e a inflação do
período medida pelo IGP-M, por exemplo, foi de 3,22%, veja o cálculo da taxa real de juros,
baseado na fórmula acima:
Taxa real = [ (
1 + 0,0714
_____________________________
) - 1 ] x 100
Taxa real = 3,80
1+ 0,0322
Exemplo 2:
Considere a Taxa SELIC de 18% ao ano (taxa nominal) e um índice de inflação previsto para o
ano de 5%. Calcule a taxa real de juros prevista.
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lembre-se!
Quando dizemos que um investimento teve uma rentabilidade de 20% a.a. estamos nos
referindo a um conceito nominal. Se a inflação do período foi inferior a 20% trata-se de um
investimento cujo retorno real foi positivo. Se a inflação do período foi superior a 20% estamos
falando em rentabilidade negativa.
C) A Estrutura Temporal da Taxa de Juros
Representa a taxa básica de juros com diferentes riscos assumidos. Existem três teorias
que procuram explicar a estrutura temporal da taxa de juros.
1) Teoria das expectativas sem, distorções
Taxas forward representam a opinião consensual sobre as taxas spot no futuro.
Taxa forward - taxa de juros relativa a um período que se inicia e termina no futuro
Taxa spot - Taxa de juros equivalente a yeld to maturity ( idade dos títulos, traduzido a valor
presente à determinada taxa atual)
A yeld to maturity de um título – representa os juros que o investidor tem direito, até o
vencimento, sobre o título adquirido, tendo como base o valor financeiro contratado.
2) Teoria de preferência pela liquidez
Taxas forward incrementam às taxas spot um valor necessário para compensar os
investidores pelo prazo maior do título
3) Teoria da segmentação de mercado
Há diferentes taxas spot em função de diferentes vencimentos dos títulos.
2.0 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, ANÁLISE E TRIBUTAÇÃO
Todas as empresas devem construir os relatórios financeiros, em função da sua
múltipla utilidade. Periodicamente os relatórios têm de serem preparados para os órgãos
reguladores, credores, proprietários e administradores. Os Bancos, fornecedores se utilizam dos
relatórios financeiros para avaliar a capacidade da empresa em atender pagamentos de dívida
programados, Os órgãos reguladores, tais como a Comissão de Valores Mobiliários, regulam a
divulgação correta de dados financeiros das sociedades anônimas. Os proprietários se utilizam
dos relatórios financeiros para decidir se compram, vendem ou mantêm as ações da empresa.
A administração da empresa se preocupa com a obediência com relação às regulamentações,
com a satisfação dos credores e proprietários, assim como o monitoramento da performance da
empresa.
As diretrizes usadas para preparar e manter registros e relatórios são conhecidos como
princípios contábeis geralmente aceitos. As práticas e os procedimentos contábeis são
autorizados pelo organismo de regulamentação do exercício profissional da contabilidade.
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2.1 RELATÓRIOS DOS ACIONISTAS
É exigido das sociedades anônimas de capital aberto por parte de Comissão de
Valores Mobiliários – organismo regulador federal que supervisiona a venda e o registro dos
títulos mobiliários – que forneçam relatório anual aos acionistas. O relatório anual resume e
documenta as atividades financeiras da empresa durante o ano que passou.
O relatório anual geralmente contém os seguintes relatórios:
·
·
·
Mensagem aos acionistas
Demonstrações financeiras
Outras informações
Mensagem aos acionistas
é a forma utilizada na comunicação da administração com os proprietários da empresa.
Ele descreve os eventos considerados de maior impacto sobre a empresa durante o ano. O
relatório pode ainda discutir a filosofia e as estratégias da administração da empresa.
Demonstrações Financeiras
Acompanhando a mensagem aos acionistas, haverá no mínimo, as quatro
demonstrações financeiras exigidas pela Comissão de Valores Mobiliários. A demonstração dos
resultados do exercício, o balanço patrimonial, a demonstração de lucros ou prejuízos
acumulados e a demonstração de fluxos de caixa. As empresas acrescentam outros relatórios,
tais como o balanço social que mostra a contribuição da empresa com o recolhimentos de
impostos, tributos e taxas e outras informações que possam dar mais transparência as
atividades da empresa.
Outras informações
O relatório para os acionistas das empresas, também incluem explicações sobre as
atividades da empresa, novos produtos, pesquisas e desenvolvimento de novos produtos ou
serviços e outros assuntos de interesse dos proprietários.
2.2 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
As demonstrações básicas que devem constar dos relatórios dos acionistas são:
·
·
·
·
A demonstração de resultado do exercício;
O balanço patrimonial;
A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados
A demonstração de fluxo de caixa
2.2.1 A demonstração de resultado
A demonstração de resultado do exercício fornece um resumo financeiro dos resultados
operacionais da empresa durante um período específico. O mais comum é a demonstração de
resultado do exercício cobrindo o exercício de um ano que termina normalmente em 31 de
dezembro de cada ano.
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As demonstrações de resultado mensais são tipicamente preparadas para uso da
administração na gestão da empresa, assim como as demonstrações trimestrais também são
comuns para acompanhamento dos acionistas.
A demonstração de resultado da empresa X para os anos de 1999 e 2000, mostrada na
tabela abaixo, começa com a receita de vendas, nos valores de 3.074,00 e 2.567,00
respectivamente – o montante de vendas no período considerado, já descontados os impostos
e comissões incidentes sobre o volume de vendas - do qual é deduzido o custo dos produtos
vendidos. O lucro bruto resultante de 986,00 e 856,00 respectivamente., representa o
montante que sobra para satisfazer as despesas operacionais, financeiras e tributárias. Após a
cobertura dos custos de produzir ou comprar os bens vendidos.
As despesas operacionais, que incluem despesa com vendas, despesas gerais e
administrativas, assim como despesas com depreciação, são deduzidas do lucro bruto. O lucro
operacional resultante de $ 418,00 e $ 303,00, respectivamente representa o lucro ganho na
produção e venda dos produtos.
Após o lucro operacional, também chamado de lucro antes do imposto de rendas
(LAJIR) são subtraídas as despesas financeiras a ai cabe um esclarecimento.
As demonstrações financeiras segundo as leis brasileiras incluem o resultado financeiro
que é a diferença entre as receitas financeiras e as despesas financeiras, dentro das despesas
operacionais, em função de estarmos utilizando demonstrativos financeiros extraídos do livro
texto, as despesas financeiras são mostradas após o lucro operacional, segundo a legislação
daquele país.
Depois de deduzidas as despesas financeiras têm o lucro liquido antes do imposto de
renda. Deduzido o valor relativo ao cálculo do imposto de renda devido para determinar o lucro
após o imposto de renda.
O lucro líquido da empresa X foi de $ 231,00 e $ 148,00 respectivamente, do qual
deverá ser deduzido os dividendos das ações preferenciais, m para chegar ao lucro liquido
disponível aos acionistas ordinários.
Dividindo-se o lucro liquido disponível aos acionistas ordinários pelo numero de ações ordinárias
subscritas, resulta no lucro por ação (LPA)
O lucro por ação – LPA representa o montante ganho durante o período contábil sobre
cada ação ordinária emitida.
Na tabela mostrada abaixo se pode ver que a Empresa X mostra um LPA de $ 2,90 e $
1,91, respectivamente. Sabendo-se que Empresa X possui de ações ordinárias subscritas 76.262 em 2.000 e 76.244 em 1999. O cálculo do LPA ´s realizado da seguinte maneira:
LPA 2000 = 221.000,00/ 76.262 = 2,90
LPA 1999 = 138.000,00/ 76.244 = 1,81
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DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DA EMPRESA X
Valores em 1.000
Receita de Vendas
(-) Custo dos Produtos Vendidos - CPV
Lucro bruto
(-) Despesas Operacionais
Despesas com vendas
Despesas gerais e administrativas
Despesas com depreciação
Total de despesas operacionais
Lucro operacional
Menos: Despesa com juros
Lucro liquido antes do Imposto de renda
Menos: Imposto de renda (taxa 29%)
Lucro liquido após o imposto de renda
Menos: Dividendos de ações preferenciais
Lucro disponível aos acionistas ordinários
Lucro por ação (LPA)
2000
1999
3.074,00 2.567,00
2.088,00 1.711,00
986,00
856,00
100,00
229,00
239,00
568,00
418,00
93,00
325,00
94,00
231,00
10,00
221,00
2,90
108,00
222,00
223,00
553,00
303,00
91,00
212,00
64,00
148,00
10,00
138,00
1,81
2.2.2 O Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial apresenta a demonstração resumida da posição financeira da
empresa em determinado momento. A demonstração confronta os ativos da empresa ( o que
ela possui), com as fintes de financiamento (o que ela deve), ou o patrimônio liquido (que
foram fornecidos pelos proprietários).
È importante conhecer a distinção entre os ativos e passivos de curto e longo prazo. Os
ativos circulantes e os passivos circulantes são ativos e passivos de curto prazo. Isso significa
que espera-se que sejam convertidos em caixa (ativos circulante) ou sejam pagos (passivos
circulantes) dentro de 1 ano ou menos.
Todos os outros ativos e passivos, juntamente com o patrimônio dos acionistas, que se
presume que tenham prazo indefinido, são considerados em longo prazo, ou permanentes, pois
é esperado que permaneça da empresa por 1 ano ou mais.
Os ativos são listados começando com os mais líquidos até os menos líquidos. Vamos
explicar de forma mais detalhada, cada um dos mais importantes ativos, constantes do balanço
das empresas.
As Disponibilidades (Caixa e bancos) representam o dinheiro que se encontra em poder da
empresa e depositados em contas correntes bancárias, são, portanto, os ativos mais líquidos.
As Duplicatas a receber representam o total de caixa devido à empresa por seus clientes em
vendas a crédito.
Os Estoques incluem matéria-prima, produtos em elaboração (produtos parcialmente
terminados) e produtos acabados de propriedade da empresa.
Os ativos permanentes brutos (imóveis, instalações, máquinas e equipamentos) é o registro do
valor original de todos os ativos fixos (em longo prazo) de propriedade da empresa.
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Os ativos permanentes líquidos representam a diferença entre os ativos permanentes brutos e
depreciação acumulada – o total de despesas registradas para depreciação de ativos fixos. O
valor líquido dos ativos permanentes é chamado de valor contábil.
Os passivos e as contas patrimoniais são listados nos balanço patrimonial a partir do
curto prazo até as de longo prazo. O passivo circulante é de curto prazo e o Exigível é o
passivo de longo prazo.
Os passivos circulantes que mais comumente aparecem nos balanços são: As
Duplicatas a pagar (aparem também com o nome de fornecedores) , referem-se as compras
que a empresa realiza junto a seus fornecedores.
Títulos a pagar, representam empréstimos de curto prazo junto aos bancos.
Outras contas a pagar, representam valores devidos opor serviços, tais como: impostos devidos
aos governos, salários devidos aos empregados e seus respectivos encargos.
O passivo de longo prazo é denominado Exigível em longo prazo:
O Exigível de longo prazo representa financiamentos realizados acima de um ano, tais como
financiamentos junto ao BNDES, ou bancos de fomento, como Banco da Amazônia, ou em
bancos internacionais de fomento.
O patrimônio liquido representa o direito dos proprietários sobre a empresa. As
principais contas são:
O registro de ação preferencial mostra
preferenciais.
os resultados históricos da venda de ações
O montante pago pelos compradores originais de ações ordinárias é mostrado por dois registros
– ações ordinárias e ágio na venda de ações ordinárias.
O registro de ações ordinárias reflete o valor nominal da ação ordinária.
O ágio na venda de ações representa o montante excedente de fundos ao valor nominal
recebido pela venda da ação. A soma das contas da ação ordinária e o ágio na venda de ações,
dividida pelo número de ações emitidas, representa por ação recebida pela empresa em uma
única emissão de ações ordinárias.
Os lucros retidos representam o total cumulativo de todos os lucros, menos os dividendos que
foram emitidos e reinvestidos na empresa desde seu início.
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Balanço Patrimonial da Empresa X Ativos
Ativo Circulante
Caixa
Títulos negociáveis
Duplicatas a receber
Estoques
Ativo permanente (ao custo)
Terrenos e edifícios
Máquinas e equipamentos
Móveis e utensílios
Veículos
Outros
Total do ativo permanente
Menos: Depreciação acumulada
Ativo permanente liquido
Total do Ativo
Valores em 1.000 -
Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo Circulante
Duplicatas a pagar
Títulos a pagar
Outras contas a pagar
Total do passivo circulante
Exigível de longo prazo
Total do passivo
Patrimônio Líquido
Ações preferenciais – cumulativas 5%, $100 – valor
nominal, 2.000 ações autorizadas e emitidas.
Ações ordinárias - $2,50 – valor nominal 1000 mil ações
autorizadas, ações emitidas e subscritas em 2.000:
76.262; em 1999: 76.244.
Ágio na venda de ações ordinárias
Lucro retido
Total do patrimônio liquido
Total do passivo e patrimônio liquido
para os anos
2000
1999
1.223,00
1.004,00
363,00
288,00
68,00
51,00
503,00
365,00
289,00
300,00
2.072,00
1.866,00
358,00
275,00
98,00
4.669,00
2.295,00
2.374,00
3.597,00
1.903,00
1.693,00
316,00
314,00
96,00
4.322,00
2.056,00
2.266,00
3.270,00
382,00
79,00
159,00
620,00
1.023,00
1.643,00
270,00
99,00
114,00
483,00
967,00
1.450,00
200,00
200,00
191,00
190,00
428,00
1.135,00
1.954,00
3.597,00
418,00
1.012,00
1.820,00
3.270,00
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2.2.3 Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados
A demonstração de lucros e prejuízos acumulados reconcilia o lucro líquido auferido
durante um determinado ano, assim como quaisquer dividendos pagos em dinheiro, com
variação ocorrida nos lucros retidos entre o inicio e o fim do tal ano.
Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados da Empresa X
Valores em 1.000 do ano que termina em 31 de dezembro de 2000
Saldo do lucro retido (1º de janeiro de 200)
Mais: lucro liquido após o imposto de renda (para 2000)
Menos: Dividendos em dinheiro (pagos em 2000)
Ações preferenciais
Ações ordinárias
Total de dividendos pagos
Saldo de lucros retidos (31 de dezembro de 2000)
50,00
231,00
(10,00)
(70,00)
(80)
201,00
2.2.4 O Fluxo de Caixa
A demonstração de fluxos de caixa para um dado período é desenvolvido usando a
demonstração de resultado do exercício, juntamente com os balanços patrimoniais de início e
fim de período.
O procedimento envolve classificar mudanças em balanços como origem ou aplicação
de caixa, obter dados da demonstração de resultados, classificar os valores relevantes em
fluxos de caixa operacionais, de investimento e de financiamento., assim como representá-lo
em formato apropriado. Para elaborar a demonstração de fluxos de caixa é necessário que se
classifiques as origens e as aplicações de caixa.
Depreciação e os fluxos de caixa
A depreciação é um procedimento que define um valor que a empresa reconhece como
perda, por desgaste dos recursos utilizados. Para cada recurso é estipulado um percentual de
perda por ano, conforme a previsão de durabilidade e vida útil. A depreciação acumulada é a
soma da depreciação dos diferentes itens.
Métodos de depreciação
Existe uma variedade de métodos para depreciar ativos, entretanto os mais conhecidos
são o sistema modificado de recuperação acelerada de custo (MACRS) utilizado para fins fiscais
nos Estados Unidos e o sistema linear ou em linha reta, utilizado no Brasil.
O método mais acelerado consiste em depreciar o ativo de forma mais rápida, tem
como base a vida útil do ativo, mas dependendo da vida útil, uma parte significativa do ativo é
recuperada já nos primeiros anos. Por exemplo: um ativo com vida útil de 3 anos, recupera
33% no primeiro ano, e 45% no segundo ano.
O método linear ou em linha reta, é assim chamado em função dos percentuais de
depreciação estar relacionado linearmente a vida útil do ativo. Para obter os percentuais anuaís,
basta dividir o valor do ativo, inclusive, os custos de instalação, pela vida útil estimada do ativo.
A tabela abaixo mostra os percentuais mais utilizados para depreciação.
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Recurso
Obras civis
Instalações
Software
Equipamentos
Máquinas
Móveis e utensílios
Veículos
Vida útil - anos
25
10
4
5
10
10
5
% anual
3,50
10,00
25,00
20,00
10,00
10,00
20,00
A depreciação e outros encargos não desembolsavam protegem a empresa dos
impostos incidentes sobre o lucro ao diminuir o lucro tributável.
O Fluxo de Caixa
O gestor financeiro utiliza mais o fluxo de caixa, em vez do lucro liquido da forma como é
apresentada na demonstração de resultado do exercício. Para ajustar a demonstração de
resultado do exercício com o fim de obter o fluxo de caixa das operações, todos os encargos
não – financeiros devem ser adicionados de volta ao lucro após o imposto de renda da
empresa.
Os encargos não - desembolsáveis são despesas deduzidas na demonstração de
resultados, mas que não envolvem saídas reais de caixa durante o período. Como exemplo temse depreciação, a amortização e a exaustão.
Fluxo de caixa das operações = lucro líquido após o imposto de renda + encargos não desembolsáveis
Aprendendo a classificar as origens e aplicações de caixa
A demonstração de fluxos de caixa na realidade resume as origens e aplicações de
caixa durante um dado período. A tabela abaixo mostra pontos importantes na classificação das
origens e aplicações de caixa, também chamadas de fontes e usos.
1. Uma diminuição em um ativo, TAM como o saldo de caixa da empresa, é uma origem
de fluxo de caixa, pois o caixa vinculado ao ativo é liberado e pode ser usado para
outra finalidade., tal como quitar um empréstimo. Por ouro lado, um aumento no saldo
de caixa da empresa é uma aplicação de fluxo de caixa, pois um montante de caixa
adicional está sendo vinculado ao saldo de caixa da empresa.
2. A depreciação e outros ativos não financeiros são apenas lançamento, este permite a
empresa deduzir a depreciação de seus ativos de seus lucros, mas não significam saída
efetivas de caixa, portanto eles devem ser somados ao lucro líquido para que seja
considerado um fluxo de caixa.
Fluxo de caixa operacional = lucro líquido após o imposto de renda +
encargos não desembolsáveis
É importante observar que a empresa pode ter um prejuízo líquido(lucro líquido após o
imposto de renda negativo) e ainda assim ter um caixa de operações positivo, quanto encargos
não – desembolsáveis, (tipicamente depreciação) durante o período são. Maiores que o prejuízo
liquido. Na demonstração de fluxos de caixa, o lucro líquido após o imposto de renda (ou
prejuízo) e os encargos não – desembolsáveis são conseqüentemente tratados como
lançamentos em separado.
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3. Tendo em vista que a depreciação é tratada como uma origem em separado de caixa,
somente variações brutas em ativos fixos aparecem na demonstração de fluxo de caixa.
Esse tratamento evita a contagem dupla da depreciação.
4. Lançamentos diretos de variações em lucros retidos não são incluídos na demonstração
de fluxos de caixa. Em vez disso, lançamentos para itens que afetam o lucro retido
aparecem como lucros ou perdas após o importo de renda e os dividendos pagos.
Origens e aplicações de caixa
Origem ou fontes
Aplicações ou usos
Diminuição em qualquer ativo
Aumento em qualquer ativo
Aumento em qualquer passivo
Diminuição em qualquer passivo
Lucro liquido após o imposto de renda
Prejuízo líquido
Depreciação e outros encargos não financeiros
Recompra ou resgate de ações
Vendas de ações
A interpretação da demonstração
A demonstração de fluxos de caixa permite que o administrador
financeiro e outras partes interessadas analisem o fluxo de caixa da empresa. O
administrador deve prestar atenção especial, tanto as principais categorias do
fluxo de caixa quanto aos itens individuais de fluxo de entrada e saída de caixa,
para avaliar se ocorrerem quaisquer desvios contrários as políticas financeiras
da companhia. A demonstração pode também ser usada avaliar o progresso em
direção as metas projetadas. Essa demonstração não relaciona diretamente os
fluxos de entrada de caixa com os fluxos de saídas de caixa, mas ela pode ser
usada para apontar ineficiências.
O administrador financeiro pode preparar uma demonstração de fluxos
de caixa desenvolvida a partir de demonstrações financeiras projetadas. Essa
abordagem pode ser usada para determinar se as ações planejadas são
desejáveis, considerando os fluxos de caixa resultantes.
Na tabela abaixo a demonstração de fluxos de caixa da Empresa X
parece normal, sem maiores problemas. Os $ 780.000,00 de caixa gerado
através das atividades operacionais, mais os $ 20.000,00 conseguidos através
de atividades de financiamento, foram usados para investir $ 300.000,00
adicionais em ativos fixos e para aumentar o caixa e os títulos negociáveis em $
500.000. Os itens individuais de fluxos de entrada e saída de caixa parecem
estar distribuídos de uma forma consistente com um gerenciamento financeiro
prudente. A empresa parece estar crescendo: menos da metade de seus lucros
($80.000,00 ) foram pagos aos proprietários como dividendos, assim como os
ativos fixos brutos aumentaram (aumento de $ 300.000,00). Importantes
entradas de caixa foram geradas ao se diminuir no estoque a aumentar as
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duplicatas a pagar. A maior saída de caixa e o aumento de caixa e títulos
mobiliários para $ 500.000,00, conseqüentemente melhora a liquidez.
Demonstração de Fluxos de caixa da Empresa X
Em valores de 1.000 para o ano em 31 de dezembro de 2000
Fluxo de caixa de atividades operacionais
Lucro após o imposto de renda
180,00
Depreciação
100,00
Diminuição das duplicatas a receber
100,00
Diminuição nos estoques
300,00
Aumento das duplicatas a pagar
200,00
Diminuição nos ganhos acumulados
(100,00)
Caixa gerado por atividades operacionais
Fluxo de caixa de atividades de investimento
Aumento no ativos permanentes brutos
(300,00)
Mudanças em participações societárias
0
Caixa gerado por atividades de investimento
Fluxo de caixa de atividades financeiras
Diminuição de títulos a pagar
(100,00)
Aumento do exigível a longo prazo
200,00
Mudanças no patrimônio liquido
0
Dividendos pagos
(80,00)
Caixa gerado por atividades financeiras
Aumento da liquidez em caixa e títulos mobiliários
780,00
(300)
20
500,00
2.3 ANÁLISES DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Para melhor compreender os demonstrativos financeiros, vamos estudar as estratégias
de análise dos demonstrativos financeiros. A análise de índices envolve métodos de calcular e
interpretar índices financeiros para avaliar o desempenho da empresa. Os insumos básicos para
a análise de índices são a demonstrações de resultado do exercício e o balanço patrimonial da
empresa.
Partes Interessadas
A análise de índices das demonstrações financeiras da empresa é de interesse dos
acionistas, credores, assim como da própria administração da empresa. Tanto os acionistas
atuais quanto os potenciais estão interessados nos níveis correntes e futuro de risco e retorno
da empresa que vão afetar diretamente o preço das ações. Os credores da empresa estão
principalmente interessados na liquidez em curto prazo da companhia, assim como na sua
capacidade de realizar os pagamentos de juros e do principal. A preocupação secundária dos
credores diz respeito à lucratividade da empresa; eles querem ser assegurados de que o
negócio é saudável e continuará a ter sucesso. A alta administração, da mesma forma que os
acionistas, estão preocupados com todos os aspectos da situação financeira da empresa.
Portanto, ela tenta produzir índices financeiros que vão ser considerados favoráveis tanto para
os proprietários quanto para os credores. Adicionalmente, a alta administração usa os índices
para monitorar o desempenho da empresa de tempos em tempos.
Quaisquer mudanças inesperadas serão examinadas para isolar problemas em
desenvolvimento.
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Tipos de comparações de índices
A análise de índices não é meramente a aplicação de uma fórmula sobre dados
financeiros para calcular um dado índice. Mais importante é a interpretação do valor do índice.
Para responder questões como “Isto é muito alto, ou baixo?”, “Isto é bom ou ruim?”, uma base
de comparação é necessária. Dois tipos de comparações de índices podem ser feitos: crosssectional e de séries temporais.
Análise Cross-Sectional
A análise cross-sectional envolve a comparação de índices financeiros de empresas diferentes
em um mesmo ponto no tempo. Toda empresa está interessada em saber como foi seu
desempenho em relação a outras empresas em seu setor. Muitas vezes, as demonstrações
financeiras divulgadas de empresas competidoras estarão disponíveis para análise.
Freqüentemente, uma empresa vai comparar os valores de seus índices com aqueles de um
competidor - chave ou grupo de competidores, que ela gostaria de rivalizar. Esse tipo de análise
cross-sectional, chamado de benchmarking, tornou-se muito popular em anos recentes. Ao
comparar os índices da empresa com os de uma empresa modelo do setor, ela pode identificar
áreas na qual tem um bom desempenho e, mais importante, áreas com espaço para melhorias.
Outro tipo popular de comparação é o das médias setoriais. Ao se comparar um índice
em particular com o padrão, busca-se descobrir quaisquer desvios da média. Muitas pessoas
acreditam erroneamente que enquanto a empresa tiver um valor “melhor do que” a média da
indústria, ela pode ser vista favoravelmente. No entanto, esse ponto de vista “melhor do que a
média” pode ser enganoso. Muitas vezes, o valor de um índice que é muito melhor do que a
norma pode indicar problemas. Portanto, é importante para o analista investigar quaisquer
desvios tanto para um lado quanto para outro do padrão setorial.
O analista deve reconhecer também que índices com grandes desvios da média são
apenas os sintomas de um problema. Uma análise posterior é tipicamente necessária para isolar
as causas do problema. Uma vez que a razão que a razão para o problema é conhecida, a alta
administração pode desenvolver ações prescritivas para eliminá-la. O ponto fundamental é o
seguinte: a análise de índices meramente dirige a atenção para áreas de preocupação
potencial; ela não fornece uma prova conclusiva com relação à existência de um problema.
Análise de Séries Temporais
A análise de séries temporais avalia o desempenho ao longo do tempo. Uma
comparação do desempenho atual com o passado, usando índices, permite que a empresa
determine se ela está progredindo como planejado. Tendências em desenvolvimento podem ser
vistas ao se usar comparações de vários anos, assim como o conhecimento dessas tendências
pode ajudar a empresa a planejar futuras operações. Da mesma forma que a análise crosssectional, quaisquer mudanças significativas anuais devem ser avaliadas para se analisar se elas
são sintomáticas de um problema importante. A análise de séries temporais é muitas vezes útil
também para checar se as demonstrações financeiras projetadas de uma empresa são
razoáveis. Uma comparação dos índices atual e passada com aqueles resultantes de uma
análise de demonstrações projetadas pode revelar diferenças ou um otimismo exagerado.
Análise Combinada
A abordagem mais informativa com relação à análise de índices é aquela que combina as
análises cross-sectional e de séries temporais. Uma visão combinada permite a avaliação de
uma tendência no comportamento de um índice em relação à tendência para o setor.
Alguns cuidados com a análise
Antes de discutir índices específicos, nós devemos considerar as seguintes precauções:
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1. Um único índice não fornece geralmente informação suficiente para que se possa julgar
o desempenho global da empresa. Apenas quando um grupo de índices é usado,
podem ser feitos julgamentos razoáveis. No entanto, se a análise for centrada somente
em aspectos específicos da posição financeira de uma empresa, um ou dois índices
podem ser suficiente.
2. Ao comparar demonstrações financeiras, elas têm de ser do mesmo período. Caso
contrário, os efeitos sazonalidade podem produzir conclusões e decisões errôneas. Por
exemplo, uma comparação do giro de estoque de um fabricante de brinquedos, no final
de junho, com seu valor final de dezembro, podem ser enganosos. Não resta dúvida de
que o impacto da temporada de festas de final de ano desviaria quaisquer conclusões
sobre o gerenciamento de estoques tiradas de tal comparação. Conclusões errôneas
como essas podem ser evitadas ao se comparar resultados para junho do ano anterior,
dezembro com dezembro e aí por diante, de forma a eliminar os efeitos de
sazonalidade.
3. É preferível usar demonstrações financeiras auditadas para a análise de índices. Se as
demonstrações não foram auditadas, os dados contidos nelas podem não refletir a real
condição da empresa.
4. Os dados financeiros que estão sendo comparados devem ter sido desenvolvidos como
os mesmos critérios. O uso de tratamentos contábeis diferentes - especial mente em
relação ao estoque e à depreciação – pode distorcer os resultados da análise de
índices, independentemente se a análise for cross-sectional ou temporal.
5. Quando os índices de uma empresa são comparados com aqueles de outra, ou com os
da própria empresa através do tempo, os resultados podem ser distorcidos devido à
inflação. A inflação pode fazer com que os valores contábeis do estoque e ativos
depreciáveis sejam bastante diferentes de seus valores verdadeiros (de reposição).
Adicionalmente, custos de estoque e abatimentos de depreciação podem ser diferentes
de seus valores verdadeiros, por conseguinte, distorcendo lucros. Esses efeitos da
inflação geralmente têm um impacto maior quanto maiores forem às diferenças nas
idades dos ativos das empresas sendo comparadas. Sem um ajuste, a inflação tende a
levar empresas mais velhas (ativos mais velhos) a ser aparentemente mais eficientes e
lucrativas do que empresas mais nova (ativos mais novos). Um cuidado deve ser
tomado ao se comparar índices de empresas mais velhas com mais novas, ou uma
empresa consigo mesma, através de um longo período de tempo.
Categorias de Índices Financeiros
Índices financeiros podem ser divididos por conveniência em quatro categorias básicas:
(1)
(2)
(3)
(4)
Índices
Índices
Índices
Índices
de
de
de
de
liquidez,
atividade,
endividamento, e
lucratividade.
Índices de liquidez, atividade e dívida mensuram principalmente o risco; índices de
lucratividade mensuram o retorno. Em curto prazo, as categorias importantes são a
liquidez, a atividade e a lucratividade, pois elas fornecem a informação que é crítica para a
operação em curto prazo da empresa. (se uma empresa não consegue sobreviver em curto
prazo, nós não precisamos nos preocupar com suas perspectivas em longo prazo). Índices
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de endividamento são úteis principalmente quando o analista está certo de que a empresa
vai sobreviver com sucesso em curto prazo.
Como regra, os insumos necessários para uma análise financeira efetiva incluem, no
mínimo, a demonstração de resultado do exercício e o balanço patrimonial.
2.3.1 Índices de liquidez
A liquidez de uma empresa de negócio é mensurada por sua capacidade de atender a suas
obrigações em curto prazo, no vencimento. A liquidez diz respeito à solvência da situação
financeira global da empresa – a facilidade com que ela pode pagar suas contas.
As três medidas básicas de liquidez são:
(1) capital circulante líquido,
(2) índice de liquidez corrente, e
(3) índice de liquidez seca.
Capital Circulante Líquido
O capital circulante líquido, apesar de não ser realmente um índice, é uma medida comum
da liquidez global de uma empresa. Ele é calculado como a seguir:
Capital Circulante líquido = Ativo Circulante - Passivo Circulante
O capital circulante líquido da Empresa X em 2.000 é de:
Capital Circulante Líquido = $ 1.223.000,00 - $ 620.000,00 = $ 603.000,00
Este número não é útil para comparar o desempenho de diferentes empresas, mas ele pode
ser bastante útil para o controle interno. Muitas vezes, uma cláusula restritiva incluída no
contrato de um título de dívida vai especificar o nível mínimo de capital circulante líquido que
uma empresa deve manter. Essa exigência protege os credores ao forçar a empresa a manter
uma liquidez adequada. Uma comparação de séries temporais do capital circulante líquido da
empresa é muitas vezes útil para avaliar suas operações.
Índice de Liquidez Corrente
O índice de liquidez corrente, um dos índices financeiros mais comumente utilizados, mensura a
capacidade da empresa de atender suas obrigações em curto prazo. Ele é expresso como a
seguir:
Índice de liquidez corrente =
Ativo Circulante
_______________________
Passivo Circulante
O índice de liquidez corrente da empresa X em 2.000 é de:
$ 1.223.000
Índice de liquidez corrente =
__________________
$ 620.000
= 1,97
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Um índice de liquidez corrente de 2,0 é ocasionalmente tido como aceitável, mas a
aceitabilidade de um valor depende do setor no qual a empresa opera. Por exemplo, um índice
de liquidez corrente de 1,0 seria considerado aceitável para uma empresa de utilidade pública,
mas poderia ser inaceitável para uma fábrica. Quanto mais previsíveis os fluxos de caixa da
empresa, menor será o índice de liquidez corrente aceitável. É interessante atentar para o fato
de que sempre que o índice de liquidez corrente da empresa é 1,0, seu capital circulante liquido
é zero.
Se uma empresa tiver um índice de liquidez corrente menor que 1,0 vamos ter um capital
circulante líquido negativo. O capital circulante líquido é útil apenas para comparar a liquidez da
mesma empresa através do tempo. Ele não deve ser usado para comparar a liquidez de
diferentes empresas; o índice de liquidez corrente deve ser usado em seu lugar.
Índice de Liquidez Seca
O índice de liquidez seca é similar ao índice de liquidez corrente, exceto que ele exclui o
estoque, que é geralmente o ativo circulante menos líquido. A liquidez geralmente baixa do
estoque resulta de dois fatores:
(1) muitos tipos de estoque não podem ser facilmente vendidos, pois eles são itens
parcialmente completos, itens para fins específicos e outros similares; e
(2) o estoque é tipicamente vendido a crédito, o que significa que ele se torna uma
conta a receber antes de ser convertido em dinheiro. O índice de liquidez seca será
calculado como a seguir:
Índice de liquidez corrente =
Ativo circulante - Estoque
___________________________________
Passivo circulante
O índice de liquidez seca da Empresa X em 2.000 é de:
$ 1.223.000,00 - $ 289.000,00
Índice de liquidez corrente =
________________________________________
$ 620.000,00
= 1,51
Um índice de liquidez seca de 1,0 ou maior é ocasionalmente recomendável, mas da
mesma forma que o índice de liquidez corrente, um valor aceitável depende substancialmente
do setor. Um índice de liquidez seca fornece uma melhor medida da liquidez global quando o
estoque da empresa não pode ser facilmente convertido em dinheiro. Se o estoque é líquido, o
índice de liquidez corrente é uma medida mais indica da liquidez global.
2.3.2. Índices de Atividade
Os índices de atividade mensuram a rapidez com que várias contas são convertidas em
vendas ou caixa. Com relação às contas circulantes, medidas de liquidez são geralmente
inadequadas, pois diferenças na composição das contas circulantes da empresa podem afetar
de forma significativa sua “real” liquidez.
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Exemplo:
Caixa
Bancos
Duplicatas a receber
Estoques
Total do circulante
Caixa
Bancos
Duplicatas a receber
Estoques
Total do circulante
Empresa A (em $)
0
Duplicatas a pagar
0
Títulos a pagar
0
Outras contas a pagar
20.000,00
20.000,00 Total do passivo circulante
Empresa B (em $)
5.000,00
Duplicatas a pagar
5.000,00
Títulos a pagar
5.000,00
Outras contas a pagar
5.000,00
20.000,00
Total do passivo circulante
0
10.000,00
0
10.000,00
5.000,00
3.000,00
2.000,00
10.000,00
Fonte: Lawrence Gitman
Ambas as empresas aparentam ser igualmente liquidas, pois os índices de liquidez
corrente de ambas são 2,0 (20.000,00 ÷ 10.000,00). No entanto, um olhar mais atento para as
diferenças na composição do ativo e passivo circulante, sugere que a empresa B é mais líquida
que a empresa A. Isso é verdadeiro por dói motivos:
(1)
A empresa B tem mais ativos líquidos na forma de caixa e bancos do que a
empresa A
O passivo circulante da empresa B é em geral mais flexível do que o único
passivo circulante da empresa A.
(2)
É importante olhar além das medidas de liquidez global e avaliar a atividade (liquidez)
de contas circulantes específicas. Um número de índices está disponível para mensurar a
atividade das contas circulantes mais importantes, que incluem estoque, duplicatas a receber e
duplicatas a pagar. A atividade (eficiência de utilização) do total de ativos também pode ser
avaliada.
Giro de Estoque
O giro de estoque comumente mensura a atividade, ou liquidez, do estoque de uma
empresa. Ele é calculo como a seguir:
Custo dos produtos vendidos
Giro de estoque =
___________________________________
Estoque
O giro de estoque da empresa X é de:
$ 2.088.000,00
Giro de estoque =
_____________________
$ 289.000,00
= 7,2
O giro resultante faz sentido somente quando ele é comparado com o de outras empresas
no mesmo setor, ou com o giro de estoque passado da empresa. Um giro de 20,0 não seria
fora do contexto para um armazém, enquanto um giro de estoque comum para um fabricante
de aviões seria de 4,0.
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O giro de estoque pode ser facilmente convertido na idade média do estoque ao dividi-lo
por 360 – o número de dias em um ano. . O da empresa X é de 50,0 dias (360 ÷ 7,2). Esse
valor pode ser visto também como a média do número de dias de vendas em estoque
Período Médio de Cobrança
O período médio de cobrança, ou idade média das duplicatas a receber, é útil para se
avaliar políticas de crédito e cobrança. Ele é conseguindo ao se dividir a média das vendas
diárias pelo saldo de contas a receber:
Período médio de cobrança =
Média de vendas por dia =
Duplicatas a receber
______________________________
Média de vendas por dia
Duplicatas a receber
______________________________
Vendas anuais
_____________________
360 dias
O período médio de cobrança da Empresa X é de:
$ 503.000,00
Média de vendas por dia =
_____________________
$ 3.074.000,00
$ 503.000,00
=
_____________________
___________________
$ 8.539
= 58,9 dias
360 dias
Na média, a empresa leva 58,9 dias para cobrar uma duplicata a receber.
O período médio de cobrança tem significado apenas em relação aos termos de crédito
da empresa. Se uma empresa estende termos de crédito de 30 dias para seus clientes, um
período médio de cobrança de 58,9 dias pode indicar um departamento de crédito ou de
cobrança gerenciado de forma incompetente, ou ambos. Por outro lado, há a possibilidade de
que o período de cobrança alongado seja um relaxamento intencional da política de cobrança
de termos de crédito em resposta a pressões da competição.
Se a empresa tivesse estendido termos de crédito de 60 dias, o período médio de 58,9
dias seria bastante aceitável. Obviamente, informações adicionais seriam necessárias para que
se pudesse avaliar a eficiência das políticas de crédito e cobrança da empresa.
Período Médio de Pagamento
O período médio de pagamento, ou idade média das duplicatas a pagar, é calculado da mesma
forma que o período médio de cobrança:
Duplicatas a pagar
Período médio de pagamento = ______________________________
Média de compras por dia
Duplicatas a pagar
Média de compras por dia =
______________________________
Compras anuais
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_____________________
360 dias
A dificuldade de se calcular esse índice deriva da necessidade de se achar as compras
anuais – um valor que não está disponível nas demonstrações financeiras publicadas.
Ordinariamente, as compras são estimadas como uma dada percentagem do custo dos
produtos vendidos. Se presumirmos que as compras da Empresa X, representam 70% do dos
produtos vendidos em 2.000, seu período médio de pagamento seria de:
$ 382.000,00
Período médio de pagamento = _____________________________ =
0,70 x $ 2.088.000,00
$ 382.000,00
___________________
_____________________
$ 4.060,00
= 58,9 dias
360 dias
Esse número tem significado somente em relação à média dos termos de crédito estendidos
para a empresa. Se a mesma tivesse termos de crédito estendidos geralmente por 90 dias, seu
crédito seria aceitável. Prováveis financiadores e fornecedores de crédito para o comércio estão
especialmente interessados no período médio de pagamento, pois ele lhes fornece uma
indicação dos padrões de pagamento de duplicatas da empresa.
Giro do Ativo Total
O giro do ativo total indica a eficiência com a qual a empresa usa seus ativos para gerar
vendas. Geralmente, quanto maior for o giro do ativo total, mais eficiente será o uso dos seus
ativos. Essa medida é provavelmente de maior interesse para a alta administração, pois ela
indica se as operações da empresa foram financeiramente eficientes.
O giro total é calculado da seguinte forma:
Giro do Ativo total =
Vendas
____________________
Total de Ativos
O valor do giro do ativo total da Empresa X em 2.000 é de:
$ 3.074.000,00
Giro do Ativo total =
ao ano.
______________________
$ 3.597.000,00
= 0,85
Isto significa que a empresa gira um montante igual ao total de seus ativos 0,85 vezes
Este índice não pode ser utilizado sempre para fins comparativos, pois é baseado no
custo histórico do total dos ativos. Tendo em vista que algumas empresas têm ativos mais
novos ou mais velhos que outras, compararem o giro do ativo total dessas empresas pode ser
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enganoso. Empresas com ativos mais novos tenderão a ter giros menores do que aquelas com
ativos mais velhos.
2.3.3. Índices de Endividamento
Os níveis do endividamento de uma empresa indicam o montante de recursos de
terceiros sendo usado com o intuito de gerar lucros. Em geral o analista financeiro da empresa
está mais preocupado com dívidas em longo prazo, pois essas obrigam a empresa a pagar juros
em longo prazo e o principal. Tendo em vista que as reivindicações dos credores devem ser
satisfeitas antes que os lucros possam ser distribuídos, os acionistas potenciais e os atuais
prestam muita atenção com relação a capacidade da empresa de ressarcir dívidas.
Financiadores também estão preocupados com o endividamento da empresa, pois quanto mais
endividada ela for, maior será a probabilidade de a empresa não atender as obrigações com
todos os seus credores. A administração da empresa deve se preocupar com o endividamento
devido à atenção dada à questão por outras partes, assim como para manter a empresa
solvente.
Em geral, quanto mais dívidas a empresa usa em relação ao seu total de ativos, maior é
a sua alavancagem financeira. Alavancagem financeira é o aumento do risco e retorno
ocasionado pelo uso de financiamento a custo fixo, tal como divida e ações preferenciais.
Quanto mais dívida a custo fixo ou alavancagem financeira uma empresa pode usar, maior será
seu risco e retorno esperado.
Índice de Endividamento Geral
O índice de endividamento geral mensura a proporção total de ativos financeiros pelos
credores da empresa. Quanto maior for esse índice, maior será o montante de dinheiro de
outras pessoas sendo usado em uma tentativa de gerar lucros. O índice é calculado da seguinte
maneira:
Total de Passivos
Índice de endividamento geral = __________________________
Total de Ativos
O índice da Empresa X em 2.000 é:
$ 1.643.000,00
Índice de endividamento geral =
_______________________
$ 3.597.000,00
= 0,457 = 45,7%
Isso indica que a empresa financiou perto da metade de seus ativos com dívidas.
Quanto maior esse índice, maior será o grau de endividamento da empresa, assim como mais
alavancagem financeira a empresa X terá.
Índice de Cobertura de Juros
O índice de cobertura de juros mede a capacidade que tem a empresa de efetuar os
pagamentos de juros contratuais – isto é, atender as obrigações da dívida. Quanto maior for o
valor desse índice, mais capaz será a empresa de atender suas obrigações de juros. O índice de
cobertura de juros é calculado como a seguir.
Lucro antes dos juros e imposto de renda
Índice de cobertura de juros =
_______________________________________________________
Despesas com juros no ano
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O índice de cobertura de juros da Empresa X para o ano de 2.000 é:
$ 418.000,00
Índice de cobertura de juros =
_____________________
$ 93.000,00
= 4,5
Neste caso é bom um índice entre 3,0 e 5,0. Conclui-se que o índice da Empresa X é
aceitável. Quanto menor for o índice, maior o risco, tanto para os financiadores como para os
proprietários.
2.3.4. Índices de Lucratividade
Existem várias medidas de lucratividade, que relacionam o retorno da empresa com
suas vendas, ativos, ou patrimônio liquido. Como todas essas medidas avaliam o lucro da
empresa com relação a um dado nível de vendas, certo nível de ativos, ou o investimento dos
proprietários. Sem lucro, uma empresa não consegue atrair capital de fora. Mais ainda, os
proprietários e credores presentes se preocupariam com relação ao futuro da empresa e
tentariam recuperar os seus recursos. Proprietários, credores e a administração da empresa
prestam muita atenção ao aumento de lucro devido à grande importância colocada sobre o
lucro no mercado.
Uma ferramenta popular para avaliar a lucratividade em relação às vendas é a
demonstração da composição percentual do resultado. Nessa demonstração, cada item é
expresso como uma percentagem das vendas, salientando a relação entre as vendas e os
custos específicos. Demonstrações da composição percentual do resultado são especialmente
úteis ao se comparar o desempenho através dos anos. Três índices de lucratividade
freqüentemente citados que podem ser lidos diretamente da demonstração da composição
percentual do resultado são:
(1) A margem bruta
(2) A margem operacional
(3) A margem líquida
Margem Bruta
A margem bruta mensura a percentagem de cada unidade monetária de vendas que
sobra após a empresa ter pago por seus produtos. Quanto maior for à margem bruta melhor,
assim como menor será o custo relativo dos produtos vendidos. É claro o caso oposto é
também verdadeiro. A margem bruta é calculada da seguinte maneira:
Vendas – custo dos produtos vendidos
Margem bruta =
__________________________________________________
Vendas
Lucro bruto
= _____________________
Vendas
A margem bruta da Empresa X em 2.000 é:
Margem bruta =
$ 3.074.000,00 - $ 2.088.000,00
_________________________________________
$ 3.074.000,00
=
$ 986.000
_____________________
= 32,1 %
$ 3.074.000,00
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Margem Operacional
A margem operacional mensura a percentagem de cada unidade monetário de vendas
que resta após todos os custos e despesas, que não são juros e imposto de renda, ter sido
abatido. Ela representa o lucro puro ganho sobre cada unidade monetária de vendas. Lucros. A
os lucros operacionais mensuram apenas o lucros sobre as operações da empresa. Quanto
maior a margem operacional melhor. A margem operacional é calculada da seguinte maneira:
Margem operacional =
Lucro operacional
________________________
Vendas
A margem operacional da Empresa X para o ano de 2.000 é:
Margem operacional =
$ 418.000,00
________________________
= 13,6%
$ 3.074.000,00
Margem Liquida
A margem líquida mensura a percentagem de cada real, proveniente das vendas, que
resta após todos os custos e despesas, incluindo os juros e imposto de renda. Quanto maior for
a margem líquida da empresa, melhor. A margem liquida é uma medida usualmente em
relação ao sucesso da empresa a respeito do lucro sobre as vendas. A margem líquida difere de
forma considerável entre os setores. Uma margem líquida de 5% seria comum para um
supermercado, enquanto uma margem líquida de 10% seria baixa para uma joalheria. A
margem líquida é calculada da seguinte maneira.
Lucro líquido após o imposto de renda
Margem líquida =
________________________________________________
Vendas
A margem líquida da Empresa X para o ano de 2.000 é:
Margem Liquida =
$ 231.000,00
________________________
= 7,5%
$ 3.074.000,00
Taxa de Retorno sobre o Ativo Total (ROA)
A taxa de retorno sobre o ativo total (ROA), também chamada de retorno sobre o
investimento (ROI), mensura a eficiência global da empresa em gerar lucros com seus ativos
disponíveis. Quanto maior for o rendimento da empresa sobre o total de ativos, melhor. A taxa
de retorno sobre o ativo é calculada da seguinte maneira:
Lucro líquido após o imposto de renda
Taxa de retorno sobre o ativo total =
__________________________________________________
Total de ativos
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A taxa de retorno sobre o ativo total da Empresa X para o ano de 2.000 é:
Taxa de retorno sobre o ativo total =
$ 231.000,00
_____________________
$ 3.074.000,00
= 6,4%
Para avaliar o rendimento de 6,4% sobre o total de ativos da Empresa X, dados
apropriados de análises de perfil e de séries temporais, seriam necessários.
Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE)
A taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) mensura o retorno sobre o
investimento do proprietário na empresa. Geralmente quanto maior for esse retorno, melhor
para os proprietários. A taxa de retorno sobre o patrimônio líquido é calculada da seguinte
maneira:
Lucro líquido após o imposto de renda
Taxa de retorno sobre o Patrimônio Líquido = __________________________________________________
Patrimônio líquido
A taxa de retorno sobre o patrimônio liquido da Empresa X para o ano de 2.000 é:
$ 231.000,00
Taxa de retorno sobre o Patrimônio Liquido =
_____________________
$ 1.954.000,00
= 11,8%
Para avaliar a taxa de retorno sobre o patrimônio liquido da Empresa X seriam
necessários dados apropriados de análises cross – sectional e séries temporais.
2.4 FORMAS DE TRIBUTAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Empresas, da mesma forma que os indivíduos, devem pagar impostos sobre a sua
renda. Sem levar em consideração a forma legal, todas as empresas podem gerar dois tipos de
renda – lucro operacional de capital. Neste tópico procuramos mostrar de forma geral as formas
de tributação das empresas, dando maior atenção a tributação com base no lucro real, por
estar mais presente nos exemplos apresentados neste módulo de ensino.
Segundo o professor José Luiz Nunes Fernandes, em seu livro Planejamento Tributário,
com base em estudos da Receita Federal do Brasil, a carga tributária brasileira em 2006, foi de
37,37% do PIB (Produto Interno Bruto), que corresponde, na parcela relativa à União, um
acréscimo de 1,18 ponto percentual em relação ao ano anterior. A tendência de acréscimo foi
confirmada e projetada para os anos seguintes. Esse comentário por si, mostra a importância
que o gestor financeiro deve dar ao planejamento tributário das empresas.
Existem quatro modalidades de tributação da pessoa jurídica no Brasil, que são:
·
·
·
·
Simples Nacional,
Lucro Presumido,
Lucro Arbitrado,
Lucro Real
Serão comentados a seguir algumas características de cada modalidade, extraídas da
obra do professor José Luiz Fernandes.
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2.4.1 Simples Nacional
É um regime n tributário diferenciado, simplificado, editado na Lei Complementar nº
123 de 14 de dezembro de 2006, aplicável as Micro Empresas - ME (Faturamento anual de até
R$ 240.000,00) e as Empresas de Pequeno Porte – EPP (faturamento anual de até R$
2.400.000,00).
O sistema não é aberto a todas as pessoas jurídicas. Existem restrições quanto ao
volume de receita e da atividade exercida pelo contribuinte.
É uma forma simplificada e unificada de recolher os tributos: IRPJ, CSLL, PIS,
COFINS,INSS empregador, IPI, ICMS e ISS, por meio da aplicação de percentuais incidentes
sobre uma única base de cálculo, a receita bruta.
A empresa que optar pelo Simples Nacional, estará dispensada da escrituração
comercial para fins tributários. No entanto deverá manter o livro caixa, o livro de registro de
inventário, o livro de entradas de mercadorias, livro de serviços prestados, li registro de
serviços tomados, além de toda a documentação e os papéis que serviram de base para a
escrituração desses livros.
2.4.2 Lucro Presumido
É uma forma simplificada de tributação pela legislação tributária da União através de
percentuais de presunção de lucro.
Poderão optar pelo lucro presumido as pessoas jurídicas que não estejam obrigadas à
tributação com base no lucro real e cuja receita bruta no ano-calendário anterior, tenha sido
igual ou inferior a R$ 48.000.000, com limite proporcional a R$ 4.000.000,00 multiplicados pelo
numero de meses de atividade, se inferior a 12. A Tributação com base no lucro presumido
observa períodos de apuração trimestral.
O lucro presumido é determinado aplicando-se os percentuais sobre a receita bruta de
vendas de mercadorias, produtos ou de prestação de serviços, apuradas a cada trimestre.
Os percentuais são de:
·
·
·
·
1,6% para consumo de combustíveis e derivados de petróleo;
8,0% para venda de mercadorias ou produtos de transporte de cargas, serviços
hospitalares e atividades imobiliárias;
16%, serviços de transporte, exceto carga, e outros serviços prestados por
empresas com receita bruta anual inferior a R$120.000,00, e
32% para serviços em geral, intermediação de negócio, administração, locação
de bens imóveis,
Os percentuais acima são utilizados para encontrar a base para cálculo do Imposto
devido. Após ter sido encontrada a base, aplica-se a alíquota de acordo com o tipo da
atividade.
Após a apuração do lucro presumido é aplicada a alíquota de:
·
·
15% sobre a totalidade do lucro presumido apurado no trimestre.
É aplicável também uma alíquota adicional sobre a parcela de lucro presumido
que trimestral que exceder a R$ 60.000,00.
52
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Sobre o imposto devido podem ser realizadas deduções, tais como, o IRRF sobre
importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas, imposto retido na fonte sobre
importâncias recebidas da administração pública federal, pelo fornecimento de bens e serviços.
2.4.3 Lucro Arbitrado
É uma forma de apuração da base de cálculo do imposto de renda utilizada pela
autoridade tributária ou pelo contribuinte.
O lucro é arbitrado pela autoridade tributária nos seguintes casos:
·
·
·
·
·
Quando a empresa obrigada à tributação com base no lucro não mantiver escrituração
na forma das leis comerciais e fiscais ou deixar de elaborar as demonstrações contábeis
exigidas pela legislação fiscal.
Quando a escrituração revelar evidentes intuitos de fraudes ou contiver vícios, erros ou
deficiências que as tornem impróprias.
Quando a empresa deixar de apresentar ao fisco os livros e os documentos da
escrituração comercial e fiscal (se submetida a tributação pelo lucro real) ou livro –
caixa (se houver optado pela tributação com base no lucro presumido e não mantiver
escrituração comercial)
Quando optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido, por estar
obrigada à tributação com base no lucro real.
Quando não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas,
livro razão ou fichas atualizadas para resumir ou totalizar, por conta e subconta, os
lançamentos efetivados no diário, exceto se tendo optado pela tributação com base no
lucro presumido, escriturar no livro – caixa toda a movimentação financeira, inclusive a
bancária.
O lucro é arbitrado pela empresa nos seguintes casos:
·
·
·
Houver reconhecimento da receita
A apuração com base no lucro presumido for trimestral, ficando assegurada,
nos trimestres não submetidos ao arbitramento, a tributação com base no lucro
real ou presumido.
O imposto apurado com base no lucro arbitrado ter por vencimento o último dia
do mês subseqüente ao encerramento de cada período de apuração.
Os percentuais aplicados sobre a receita bruta são:
·
·
·
·
1,92% para revenda de combustíveis e derivados de petróleo.
9,6% Venda de mercadorias ou produtos, serviços hospitalares, transporte de
cargas
38,4% Serviços prestado por sociedades civis, intermediação de negócios,
hotelaria, locação de imóveis, construção para administração por empreitada e
outros serviços.
45% Bancos, seguradoras, financeiras em geral.
Os percentuais acima servem para encontrar a base de cálculo do Imposto de Renda
devido. Após o cálculo da base é aplicada uma alíquota, dependendo do tipo de atividade,
conforme mostrado a abaixo.
As alíquotas utilizadas para cálculo do Imposto devido.
·
15% sobre a totalidade da base de cálculo apurada
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·
Adicional de 10% sobre a parcela da base de cálculo que exceder ao limite
equivalente a R$ 20.000,00 multiplicados pelo número de meses de apuração e
R$ 60.000,00 para fins de apuração trimestral.
Sobre o imposto devido podem ser realizadas deduções, tais como: o Imposto de
Renda Retido na Fonte sobre a receita computada na base de cálculo ou imposto de renda
pago indevidamente em anos anteriores.
Do imposto devido com base no lucro arbitrado é vedada qualquer dedução sob o título
de incentivo fiscal.
2.4.4 Lucro Real
É o lucro liquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações prescritas ou autorizadas na legislação (art. 247 do RIR/99).
As adições ao lucro liquido são custos, despesas, encargos, perdas, provisões,
participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do resultado que, de acordo
com a legislação do imposto de renda, não sejam dedutíveis.
As exclusões do lucro líquido são os rendimentos, as receitas, os resultados e quaisquer
outros valores computados a crédito de conta de resultado que, de acordo com do imposto de
renda, não são computados no lucro real.
A empresa deve manter sistema de informação contábil regular (diário e razão),
elaborar periodicamente balancete de verificação, escriturar o livro de apuração do lucro real
(Lalur) e o livro registro de inventário e elaborar as demonstrações contábeis regulares.
O contribuinte de IRPJ, com base no lucro real, deverá elaborar demonstrações do lucro
real que deverá ser transcrita no Lalur.
A empresa tributada com base no lucro real é permitido apurar o lucro real e,
conseqüentemente, determinar o imposto de renda efetivamente devido, nos seguintes
períodos:
·
·
Trimestral, ou
Anual
Trimestralmente, com base no valor efetivamente apurado e devido no trimestre,
Anualmente, com pagamentos mensais por estimativa.
Opcionalmente, a empresa poderá apurar o lucro real no decorrer do ano, mediante
levantamento de balanços ou balancetes periódicos, com base nos quais poderá reduzir ou
suspender os pagamentos mensais do imposto.
Os prejuízos ficais de períodos de apuração anteriores poderão ser compensados com o
lucro real apurado no período-base, respeitando o máximo de 30% do lucro real.
O imposto devido sobre o lucro real é calculado à alíquota de 15% incidente sobre o
lucro real, acrescido de um adicional de 10% incidente sobre a parcela do lucro real que
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 multiplicado pelo numero de meses do respectivo período
de apuração (art. 541 e 542 do RIR/99)
54
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3.0 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
O planejamento financeiro é um aspecto importante das operações da empresa,
porque ele mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações da empresa para
atingir seus objetivos. Dois aspectos-chave dos processos de planejamento financeiro são o
planejamento de caixa e o planejamento do lucro.
O planejamento de caixa envolve a preparação do orçamento de Caixa da empresa; o
planejamento de lucro envolve a preparação de demonstrações financeiras projetadas. Essas
demonstrações não apenas são úteis para o planejamento financeiro interno, mas também são
exigidas rotineiramente por quem fornece recursos ou por credores potenciais.
O processo de Planejamento Financeiro caracteriza-se pelo conjunto de decisões e
ações destinados a elaboração e operacionalização dos planos para colocar em operação as
unidades de negócios.
A elaboração do Planejamento Financeiro pode ser realizado a partir de duas situações
devem ser definidas a priori:
·
Iremos planejar de forma incremental
·
Iremos planejar considerando a base zero
O planejamento incremental é realizado com base em médias de exercícios anteriores. Os
funcionários encarregados só precisam justificar algum aumento que estão pedindo em relação
a dotação orçamentária do ano anterior. Em outras palavras, o que estão gastando geralmente
é aceito como necessário, sem exame mais preciso.
O planejamento base zero, ou orçamento base zero OBZ o orçamento inteiro começa do
nada e cada item deve ser justificado. Nenhuma referencia é feita a autorizações e dispêndios
anteriores. Todos os programas , projetos e atividades e serem incluídas são avaliados em
termos de custos e benefícios. Em outras palavras é parte de um processo crítico sobre os
itens do orçamento, os gastos anteriores são questionados sobre a sua necessidade e utilidade.
Neste curso será abordado o processo de orçamento incremental por ser o mais usual
pelas organizações.
O Planejamento financeiro envolve:
·
Planos financeiros de longo prazo (estratégicos)
·
Planos financeiros de curto prazo (operacionais)
O processo de planejamento financeiro começa com planos financeiros a longo prazo. ou
estratégicos, que por sua vez guiam a formulação de planos e orçamentos a curto prazo ou
operacionais.
Os planos e orçamentos a curto prazo implementam os objetivos estratégicos da empresa
a longo prazo. A maior ênfase neste tópico é colocada no preparo de planos financeiros e
orçamentos a curto prazo;
Planos Financeiros de Longo Prazo (Estratégicos)
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Planejam as ações financeiras e o impacto antecipado dessas ações em períodos que
vão de 2 a 10 anos. O uso de planos estratégicos de 5 anos, que são revisados à medida que
novas informações significativas se tomam disponíveis, é comum.
Geralmente, empresas que são sujeitas a altos graus de incerteza operacional, ciclos de
produção relativamente curtos, ou ambos, tendem a usar horizontes de planejamen¬tos mais
curtos.
Planos financeiros a longo prazo são parte de uma estratégia integrada que,
juntamente com os planos de marketing e produção, guiam a empresa em direção à realização
de suas metas estratégicas.
Esses planos a longo prazo consideram dispêndios de capital, atividades de pesquisa e
desenvolvimento, ações de marketing e desenvolvimento de produto, estrutura de capital e
fontes principais de financiamento. Também incluídas estariam a liquidação de projetos
existentes, as linhas de produtos, ou as linhas de negócios; pagamento de dívidas ativas; e
quaisquer aquisições planejadas. Tais planos tendem a ser apoiados por uma série de
orçamentos anuais e planos de lucros anuais.
Planos Financeiros de Curto Prazo (Operacionais)
Especificam as ações financeiras a curto prazo e o impacto antecipado dessas ações. Na
maioria das vezes, esses planos cobrem um período de 1 a 2 anos.
As entradas Incluem a previsão de vendas e várias formas de dados operacionais e financeiros.
As saídas incluem inúmeros orçamentos operacionais, o orçamento de caixa e demonstrações
financeiras projetadas. O processo de planejamento financeiro a curto prazo por inteiro está
sendo mostrado no fluxograma a seguir.
O planejamento financeiro a curto prazo começa com a previsão de vendas. A partir
dela, são desenvolvidos planos de produção que levam em consideração prazos de preparação
para produção e incluem estimativas dos tipos requeridos e quantidades de matérias-primas.
Usando os planos de produção, a empresa pode estimar as necessidades de mão-de-obra
direta, despesas indiretas de fabricação e despesas operacionais. Uma vez que essas
estimativas foram feitas, a demonstração de resultados projetadas da empresa e seu
orçamento de caixa podem ser preparados.
Com as entradas básicas - demonstração de resultados projetados, orçamento de caixa,
plano de dispêndio de capital, planejamento de financiamento a longo prazo e o balanço do
período -, o balanço projetado pode ser finalmente desenvolvido.
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3.1 PLANEJAMENTO INCREMENTAL
A Previsão de Vendas
A entrada-chave para o processo de planejamento financeiro a curto prazo e, por
conseguinte, o orçamento de caixa é a previsão de vendas. Essa previsão das vendas da
empresa através de uma dado período é normalmente fornecida ao gerente financeiro pelo
departamento de marketing. Baseado nessa previsão, o gerente financeiro estima os fluxos
mensais de caixa que vão resultar de receitas de vendas projetadas e de despesas relativas à
produção, aos estoques e às vendas.
O gerente também determina o nível de ativos permanentes necessários e o tamanho
do financiamento necessário para dar suporte aos níveis previstos de produção e vendas. Na
prática, obter bons dados é o aspecto mais difícil ao se fazer uma previsão. A previsão de
vendas pode ser baseada em uma análise de dados internos, externos ou uma combinação dos
dois.
3.1.1 O Planejamento de Caixa
O Planejamento do caixa e dos lucros são fundamentais para o gerenciamento das
empresas. O orçamento de caixa, é um demonstrativo das entradas e saídas de caixa
planejadas da empresa. Ele é usado pela empresa para estimar suas necessidades de caixa a
curto prazo, com especial atenção para o planejamento de excedentes de caixa e deficiências
de caixa.
Uma empresa com a expectativa de um excedente de caixa pode planejar
investimentos a curto prazo (títulos negociáveis).
Uma empresa com a expectativa de carências de caixa deve conseguir um
financiamento a curto prazo (notas promissórias).
O Planejamento do lucro é realizado com base na expectativa de vendas e gastos
futuros que é materializado através da Demonstração de Resultado projetado para um
determinado período de tempo , que pode ser trimestral, semestral ou um ano ou mais.
O Planejamento do caixa é realizado através do orçamento de caixa, ou previsão de
caixa, é um demonstrativo das entradas e saídas de caixa planejadas da empresa. Ele é usado
pela empresa para estimar suas necessidades de caixa a curto prazo, com especial atenção
para o planejamento de excedentes de caixa e deficiências de caixa.
Uma empresa com a expectativa de um excedente de caixa pode planejar
investimentos a curto prazo (títulos negociáveis).
Uma empresa com a expectativa de carências de caixa deve conseguir um
financiamento a curto prazo (notas promissórias).
O orçamento de caixa dá ao gerente financeiro uma clara visão do momento exato das
entradas e saídas de caixa esperadas através de um dado período.
Geralmente, o orçamento de caixa é projetado para cobrir um período de 1 ano,
dividido em intervalos menores de tempo. O número e o tipo dos intervalos depende da
natureza do negócio. Quanto mais sazonais e incertos são os fluxos de caixa de uma empresa,
tanto maior o número de intervalos.
Devido ao fato de muitas empresas serem confrontadas com um padrão sazonal de
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fluxo de caixa, o orçamento de caixa é muitas vezes apresentado em base mensal. Empresas
com padrões estáveis de fluxo de caixa podem usar intervalos de tempo anuais ou trimestrais.
O Processo de Orçamento de Caixa
Recebimentos incluem todas as entradas de caixa de uma empresa em um dado período. Os
componentes mais comuns de recebimentos são vendas à vista, cobrança de vendas a prazo e
outros recebimentos.
Previsão de vendas neste caso é meramente informativa. Ela é colocada como uma ajuda
para calcular outros itens relacionados a vendas.
Vendas à vista são mostradas para cada mês representam 20% do total da previsão para
aquele mês.
Cobranças de duplicatas a receber representam a cobrança de duplicatas a receber que
resultam de vendas a prazo em meses anteriores.
Defasado 1 mês Estes números representam as vendas feitas no mês anterior que geraram
duplicatas a receber cobradas no mês corrente. Devido ao fato de 50% das vendas do mês
corren¬te serem cobradas 1 mês depois, as duplicatas a receber cobradas com um mês de
defasagem mostradas para setembro representam 50% das vendas em agosto, 50% das
vendas em setembro e por aí adiante.
Defasado 2 meses Estes números representam vendas feitas 2 meses antes que geraram
duplicatas a receber cobradas no mês corrente. Devido ao fato de que 30% das vendas são
cobradas 2 meses depois, as duplicatas a receber com defasagem de 2 meses mostradas para
Outubro, representam 30% das vendas em Agosto e por aí adiante.
Outros recebimentos são recebimentos esperados de fontes outras que as vendas. Juros
recebidos, dividendos recebidos, receitas vindas da venda de equipamentos, receitas da venda
de ações e títulos e receitas de aluguéis podem aparecer aqui.
Outros recebimentos neste caso é o dividendo de $ 30 mil a receber em dezembro.
Total de recebimentos Este número representa o total de todos os recebimentos listados
para cada mês. Com relação à Halley Company, nós estamos preocupados somente com
outubro, novembro e dezembro, como mostrado na Tabela 14.2.
Pagamentos
Pagamentos incluem todas as despesas feitas pela empresa durante um dado período
financeiro. Os pagamentos mais comuns de caixa são:
·
·
·
Compras à vista
Pagamentos de duplicatas a pagar Folha de pagamentos
Pagamentos de impostos Pagamentos para ativo permanente Pagamentos de
dividendos de caixa Amortizações (empréstimos) Recompra de ações
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Previsão de Recebimentos da Empresa Exemplo
Ago
Set
Nov
Out
Dez
Previsão de Vendas
100
200
400
300
200
Vendas a vista (0,20)
20
40
80
60
40
Vendas com 30 dias (0,50)
50
100
200
150
Vendas com 60 dias (0,30)
30
60
120
Outros recebimentos
30
Total de recebimentos
210
320
340
É importante reconhecer que a depreciação e outras despesas que não representam
saída de caixa efetiva não estão incluídas no orçamento de caixa, devido ao fato de que elas
representam meramente o registro contábil de uma saída de caixa anterior.
O impacto da depreciação, é refletido na saída de caixa para pagamentos de impostos.
A Empresa Exemplo coletou os seguintes dados necessários para a preparação de uma
programação de pagamentos para outubro, novembro e dezembro.
Compras: as compras da empresa representam 70% das vendas. Desse montante, 10% é
pago à vista, 70% é pago no mês imediatamente seguinte ao mês da compra e os restantes
20% são pagos nos 2 meses seguintes ao mês da compra.
Pagamentos de aluguel: aluguel de $ 5 mil será pago por mês.
Folha de pagamentos: o custo fixo de salário para o ano é de $ 96 mil ou $ 8 mil por mês.
Adicionalmente, a mão-de-obra variável é estimada em 10% das vendas mensais.
Pagamentos de impostos: impostos de $ 25 mil devem ser pagos em dezembro.
Pagamentos de ativo permanente: novas máquinas custando $ 130 mil serão compradas e
pagas em novembro.
Pagamentos de dividendos de caixa: dividendos de caixa de $ 20 mil serão pagos em
outubro.
Amortizações (empréstimos): um pagamento de amortização de $ 20 mil será efetuado em
outubro.
Recompra de ações: nenhuma recompra de ações é esperada durante o período outubro dezembro.
seguir.
A programação de pagamentos da empresa, usando os dados acima, é mostrada a
Estimativas de Pagamentos da Empresa X
Compras: esta entrada é meramente informativa. Os números representam 70% das vendas
previstas para cada mês. Elas foram incluídas para facilitar o cálculo das compras em espécie e
os pagamentos relacionados.
Compras à vista: as compras de caixa para cada mês representam 10% das compras do mês.
Pagamentos de duplicatas a pagar: estas entradas representam o pagamento de duplicatas
a pagar resultante de compras em meses anteriores.
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Defasado 1 mês: estes números representam compras feitas no mês precedente que são
pagas no mês corrente. Devido ao fato de 70% das compras da empresa serem pagas 1 mês
depois, os pagamentos com uma defasagem de um mês mostrados com relação a setembro,
outu¬bro, novembro e dezembro representam 70% das compras de setembro e por aí adiante.
Defasado 2 meses: estes números representam compras feitas 2 meses antes que são pagas
no mês corrente. Devido ao fato de 20% das compras da empresa serem pagas nos 2 meses
posteriores, os pagamentos com uma defasagem de 2 meses para outubro representam 20%
das compras de agosto e por aí adiante.
Folha de pagamentos: esses montantes são obtidos ao se adicionar $ 8 mil aos 10% das
vendas de cada mês. Os $ 8 mil representam o componente fixo do salário; o resto representa
mão-de-obra variável.
Os itens restantes da programação dos desembolsos de caixa
Programação de pagamentos da Empresa Exemplo
Ago
Set
Out
Previsão de Vendas
100
200
400
Compras (70% das vendas)
70
140
280
Compras realizadas
À vista (10%)
7
14
28
Com 30 dias (70%)
49
98
Com 60 dias (20%)
14
Pagamento de aluguel
5
Folha de pagamento
48
Pagamento de imposto
Pagamento de uma máquina
Pagamento de juros
Pagamento de dividendos
20
Amortizações
Total de pagamentos
213
Nov
300
210
Dez
200
140
21
196
28
5
38
14
147
56
5
28
25
130
418
10
20
305
A Montagem do Fluxo de Caixa
Após a realização das previsões de recebimentos e pagamentos, os dois relatórios são
superpostos formando assim o orçamento de caixa da Empresa Exemplo, mostrado abaixo.
Orçamento de caixa da Empresa Exemplo
Itens
Recebimentos totais
Menos: pagamentos totais
Igual: Fluxo liquido de caixa
Mais: saldo anterior do caixa
Igual: Saldo de caixa final
Menos: Saldo mínimo de caixa
= Financiamento (se necessário) ou
= Excedente de caixa
Outubro
210
213
(3)
50
47
25
22
Novembro
320
418
(98)
47
(51)
25
76
-
Dezembro
340
305
35
51
(16)
25
41
-
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O fluxo de caixa líquido da empresa é achado ao se subtrair os pagamentos dos
recebimentos em cada período. Então, ao se adicionar o saldo de caixa inicial ao fluxo de
caixa líquido da empresa, o saldo de caixa final para cada período pode ser achado.
Finalmente, subtraindo o saldo de caixa mínimo desejado do saldo de caixa final, obtemos o
financiamento total necessário ou o saldo em excesso de caixa.
Se o saldo de caixa final for menor do que o mínimo saldo em caixa, um financiamento
é necessário. Tal financiamento é visto como a curto prazo e portanto representado por
empréstimos bancários.
Se o saldo de caixa final é maior do que o saldo mínimo em caixa, existe excesso em
caixa. Qualquer excesso em caixa é presumido que seja colocado em um investimento a curto
prazo, líquido e que pague juros - isto é, em títulos negociáveis.
Resumindo, as atividades financeiras para cada mês seriam os seguintes:
Outubro: investir os $ 22 mil de excesso no saldo do caixa em títulos negociáveis no mercado.
Novembro: liquidar os $ 22 mil de papéis e emprestar $ 76 mil.
Dezembro: repagar $ 35 mil de notas promissórias, para deixar $ 41 mil de financiamento
total requerido ainda em aberto.
3.1.2 Planejamento do Lucro
À medida que o planejamento de caixa enfoca a previsão de fluxos de caixa, o
planejamento de lucro centra-se na preparação de demonstrativos projetados que são
demonstrativos financeiros - demonstrações de resultado do exercício.
A preparação desses demonstrativos requer uma cuidadosa fusão de inúmeros
procedimentos para levarem em consideração lucros, custos, despesas, ativos, passivos e
capital resultante do nível esperado de operações da empresa
O gerente financeiro freqüentemente escolhe para estimar demonstrativos projetados
uma gama de abordagens simplificadas. As formas mais populares são baseadas na crença de
que as relações financeiras refletidas nos demonstrativos financeiros passados da empresa não
vão mudar no período seguinte.
Formas mais sofisticadas são baseadas em pesquisas de mercado e são normalmente
utilizadas para empresas novos ou quando a empresa já existe mais pretende lançar um
produto novo no mercado.
São utilizados também modelos baseados nos dados de mercado, como por exemplo, o
tamanho do mercado, mostrando a participação de cada empresa no mercado e partir deste
dado a empresa arbitra uma meta de crescimento de suas vendas e implementa esse intendo
realizando investimentos em seu composto mercadológico.
Podem ainda ser utilizados modelos baseados em previsões passadas, mas o
planejamento é realizado com estimativa baseada em cálculos quantitativos que não fazem
parte do escopo deste estudo.
As formas mais utilizadas são apresentadas em discussões subseqüentes.
Dois documentos são necessários para se preparar demonstrativos projetados usando
as formas simplificadas:
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(1) demonstrativos financeiros para o ano precedente e
(2) previsão de vendas para o ano seguinte.
Uma gama de hipóteses também deve ser feita. A instituição que nós vamos usar para
ilustrar as formas simplificadas usadas para a preparação de demonstrativos projetados é a
Empresa
Exemplo, que manufatura e vende um produto básico. O produto tem dois modelos básicos – X
e Y - que são produzidos pelo mesmo processo, mas requerem diferentes montantes de
matéria-prima e trabalho.
Mostramos abaixo o demonstrativo de resultado do ano anterior da Empresa Exemplo:
Demonstrativo de Resultado da Empresa X – Ano 2000
Vendas de produtos
Modelo X (1.000 unidades a $20 a unidade)
Modelo Y (2.000 unidades a $40 a unidade)
Total de vendas
(-) Menos Custo dos Produtos Vendidos
Mão- de- obra direta
Materiais
Custos indiretos de fabricação
= Lucro Bruto
(-) Despesas operacionais
= Lucro operacional
(-) Despesas com juros
= Lucro liquido antes do I. de Renda
(-) Imposto de Renda
= Lucro liquido do exercício
(-) Dividendos a pagar
= Transferência para lucros retidos
Em seguida mostramos
20.000
80.000
28.500
13.500
38.000
100.000
80.000
20.000
10.000
10.000
1.000
9.000
1.350
7.650
4.000
3.650
a ´previsão de vendas da Empresa Exemplo para o ano
seguinte, ou seja 2001
Previsão de Vendas da Empresa X 2001
Itens de produtos
Modelo X
Modelo Y
Total de vendas projetadas
Unidades
1.500
1.950
Preço
$25
$50
Valor
37.500
97.500
135.000
Previsão de Vendas
Assim como o orçamento de caixa, o lançamento-chave para demonstrativos projetados
é a previsão de vendas. A previsão de vendas para o ano seguinte, 2001, para a Empresa
Exemplo, está baseada tanto em dados internos quanto externos. Os preços das unidades dos
produtos para venda refletem um aumento de $ 20 para $ 25 para o modelo X e de $ 40 para $
50 para o modelo Y. Estes aumentos são necessários para cobrir aumentos antecipados nos
custos de mão de obra, material, despesas indiretas e despesas operacionais.
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Os valores em unidades monetárias usados são provenientes da demonstração de
resultados.
Um método simples para se desenvolver uma demonstração de resultados projetados é
o método de percentagem de vendas. Ele prevê vendas e então expressa o custo dos bens
vendidos, as despesas operacionais e as despesas com juros como percentagens de vendas
projetadas.
As percentagens usadas serão as de venda para esses itens no ano anterior. Para a
Empresa Exemplo em percentagens são:
Custodos Pr odutosVendidos $80.000
=
= 80%
Vendas
$100.000
DespesasOp eracionais $10.000
=
= 10%
Vendas
$100.000
Despesasco mJuros
$1.000
=
= 1%
Vendas
$100.000
Demonstração de Resultado Projetada da Empresa X
Após a determinação dos percentuais para obtenção dos Custos dos Produtos
Vendidos, das despesas operacionais e das despesas financeiras (juros e outras), é realizada a
montagem da Demonstração de Resultados para a empresa, mostrada abaixo.
Demonstração de Resultados Projetados da Empresa X para 2001
Vendas (extraído da previsão de vendas)
(-) Custo dos produtos vendidos (80% das vendas)
= Lucro Bruto
(-) Despesas operacionais
= Lucro operacional
(-) Despesas com juros
= Lucro liquido antes do Imposto de Renda
(-) Imposto de Renda
= Lucro liquido do exercício
- Dividendo a pagar
= Transferência para lucros retidos
135.000
108.000
27.000
13.500
13.500
1.350
12.150
1.823
10.327
4.000
6.327
Verifique que foram aplicado as percentagens para a previsão de vendas da empresa
de $ 135 mil, e supondo que a empresa vai pagar $ 4 mil em dividendos em 2001, resulta na
demonstração de resultados projetada. A contribuição esperada para lucros acumulados é de $
6.327, o que representa um aumento considerável sobre os $ 3.650 no ano precedente.
Considerando Tipos de Custos e Despesas
A técnica usada para preparar a demonstração de resultados projetada,
presume que todos os custos e despesas da empresa são variáveis. Isso significa que o uso das
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proporções históricas (2000) de custos de produtos vendidos, despesas operacionais e
despesas com juros para vendas supõe que, para um dado aumento percentual nas vendas, a
mesma percentagem aumenta nos resultados de cada um desses componentes. Por exemplo, à
medida que às vendas da Empresa X aumentaram em 35% (de $ 100 mil em 2000 para $ 135
mil projetados para 2001), seu custo de produtos vendidos também aumentou em 35% (de $
80 mil em 2000 para $ 108 mil projetados para 2001). Com base nessa hipótese, o lucro antes
do IR da empresa também aumentou em 35% (de $ 9 mil em 2000 para $ 12.150 projetados
para 2001).
Uma implicação abrangente dessa abordagem é o fato de que a empresa não tem
custos fixos, ela não vai receber os benefícios que muitas vezes resultam deles. Portanto, o uso
de custos passados e proporções de despesas geralmente tende a subestimar os lucros quando
as vendas estão aumentando e superestima os lucros quando as vendas estão caindo.
Evidentemente, se a empresa tem custos fixos, esses custos não mudam quando as vendas
aumentam; o resultado é um aumento dos lucros. Ao permanecerem imutáveis quando as
vendas caem, esses custos tendem a diminuir os lucros. A melhor forma de ajustar a presença
de custos fixos na preparação de uma demonstração de resultados projetados é desdobrar os
custos e despesas históricos da empresa em componentes fixos e variáveis.
3.1.3 Projeção do Balanço Patrimonial
Inúmeras abordagens simplificadas estão disponíveis para se preparar o balanço patrimonial
projetado. Provavelmente, a melhor e mais popular é a abordagem criteriosa.
Sob a abordagem criteriosa, os valores de certas contas do balanço são estimados e outros
calculados. O financiamento externo da empresa é usado como uma cifra de equilíbrio ou
"tampão" para "fechar" o balanço.
Para se aplicar a abordagem criteriosa no preparo do balanço patrimonial projetado de 2001 da
Empresa X, um número de hipóteses deve ser feito:
1. Um saldo mínimo de caixa de $ 6 mil é desejável.
2. Presume-se que os títulos negociáveis permaneçam no mesmo patamar atual de $ 4 mil.
3. Duplicatas a receber representam em média 45 dias de vendas. Sendo as vendas anuais da
Empresa X estimadas em $ 135 mil, as duplicatas a receber deveriam ser na média de $ 16.875
(1/8 x $ 135 mil). (45 dias exprimido de forma fracionária representa 1/8 de um ano: 45/360 =
1/8).
4. O estoque final deveria permanecer em um nível aproximado de $ 16 mil, dos quais 25%
(aproximadamente $ 4 mil) devem ser de matéria-prima e os 75% restantes
(aproximada¬mente $ 12 mil) devem consistir de produtos finais.
5. Uma nova máquina custando $ 20 mil será comprada. A depreciação total para o ano é de $
8 mil. Adicionando a aquisição de $ 20 mil aos ativos líquidos existentes de $ 51 mil e
subtraindo a depreciação de $ 8 mil, restam ativos líquidos de $ 63 mil.
6. É esperado que as compras representem aproximadamente 30% das vendas anuais, as quais
nesse caso são de aproximadamente $ 40.500 (0,30 x $ 135 mil). A empresa estima que ela
pode levar 72 dias em média para satisfazer suas duplicatas a pagar. Portanto, as duplicatas a
pagar deveriam ser iguais a um quinto (72 dias divididos por 360 dias) das compras da
empresa, ou $ 8.100 (115 x $ 40.500).
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7. Impostos a pagar são esperados que igualem um quarto dos impostos devido do ano
corrente, o que significa $ 455 (um quarto dos impostos devidos de $ 1.823 mostrados na
demonstração de resultado projetada).
8. Presume-se que os títulos a pagar permaneçam como estão com relação ao nível atual de $
8.300.
9. Nenhuma mudança com relação a outros passivos circulantes é esperado. Eles permanecem
no mesmo nível do ano passado: $ 3.400.
10. O exigível a longo prazo da empresa e seu capital social são esperados que permaneçam
como estão em $ 18 mil e $ 30 mil respectivamente; não há planos de nenhuma
recompra
de capital social da própria empresa.
11. Lucros retidos vão aumentar de seu nível inicial de $ 23 mil (do balanço de 31 de dezembro
de 2000, na Tabela 14.7) para $ 29.327. O aumento de $ 6.327 representa o montante de
reservas de lucros calculados na demonstração de resultado projetada do final do ano de 2001.
Balanço Patrimonial Projetado da Empresa X para dezembro 2006
Ativo
Passivo
Caixa
6.000 Duplicatas a pagar
Títulos negociáveis (bancos)
4.000 Impostos a pagar
Duplicatas a receber
16.875 Títulos a pagar
Estoques
16.000 Outros passivos circulantes
Matéria prima
4.000
Total dos passivos circulantes
Produtos acabados 12.000
Exigível a longo prazo
Total dos ativos circulantes
42.875 Patrimônio Liquido
Ativos permanentes
63.000
Capital social
Lucros retidos
Total Parcial
Financiamento externo necessário
Total dos ativos
105.875 Passivos e Patrimônio Liquido
8.100
455
8.300
3.400
20.255
18.000
30.000
29.327
97.582
8.293
105.875
Um balanço projetado de 2001 para a Empresa X, baseada nessas suposições é apresentadas
anteriormente Um número "tampão" - chamado de financiamento externo necessário - de $
8.293 é necessário para fechar a demonstração. Isso significa que a empresa vai ter de obter
em torno de $ 8.293 de financiamento externo adicional para dar apoio ao nível maior de
vendas de $ 135 mil para 2005
Um valor positivo para o "financiamento externo necessário", como o mostrado na Tabela
14.10, significa que para dar apoio ao nível previsto de operação a empresa deve levantar
fundos externamente usando financiamento de patrimônio líquido e/ou dívida. Uma vez que a
forma de financiamento é determinada, um balanço projetado é modificado para substituir o
"financiamento externo necessário" pelos aumentos planejados nas contas de patrimônio
líquido e/ou dívidas.
Um valor negativo para o financiamento externo necessário indica que o financiamento previsto
da empresa está em excesso com relação às suas necessidades. Nesse caso, fundos estariam
disponíveis para pagar dívidas, recomprar ações ou aumentar os dividendos.
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Uma vez que ações específicas são determinadas, o "financiamento externo necessário" é
trocado no balanço projetado com as reduções planejadas nas contas de patrimônio líquido
e/ou dívidas.
Obviamente, além de ser usada para preparar o balanço projetado, a abordagem criteriosa
também é freqüentemente usada especificamente para estimar as necessidades de
financiamento da empresa.
3.2 ALAVANCAGEM OPERACIONAL
A alavancagem resulta do uso de recursos do custo fixo para aumentar os retornos aos
proprietários da empresa. Geralmente, aumentos na alavancagem resultam em um crescimento
no retorno e no risco, ao passo que diminuição na alavancagem resultam em uma diminuição
no retorno e no risco.
O montante de alavancagem na estrutura de capital da empresa – estrutura de capital
é a combinação da dívida de longo prazo e capital próprio mantidos pela empresa. – pode
alterar significativamente seu valor ao afetar o retorno e o risco.
3.2.1 Conceitos Básicos
Os conceitos de alavancagem são embasados pela Análise do Ponto de Equilíbrio
através da determinação dos custos fixos nas operações da empresa.
O Ponto de equilíbrio dos negócios é fundamentado na existência de custos fixos em
qualquer atividade empresarial. Para que melhor possamos entender esta importante análise é
primordial que iniciemos mostrando algumas considerações sobre custos.
O crescimento das empresas a ampliação do nível de complexidade das relações
econômicas e até mesmo a distância entre o administrador, os ativos e as pessoas por ele
administradas tornaram o gerenciamento dos custos empresariais assunto de extrema
relevância no controle das atividades e no auxílio da tomada de decisão.
A conceituação originas da contabilidade de custos, como instrumento de mensuração
monetária dos estoques, visando a apuração de resultados, foi sensivelmente ampliada nas
últimas décadas, havendo todavia, muitos aspectos a serem desenvolvidos nesse processo
evolutivo.
O aumento da competitividade, fruto especialmente da globalização econômica, e a
elevada concorrência nos mercados tendem a acelerar, cada vez mais, o ritmo as mudanças e
da evolução de técnicas visando ao eficaz gerenciamento dos custos, levando tais questões
para níveis estratégicos de decisão.
3.2.2 O Ponto de Equilíbrio
O primeiro passo para encontrar o ponto de equilíbrio operacional é dividir os custos
dos produtos vendidos e as despesas operacionais entre custos operacionais fixos e variáveis.
Os custos fixos são uma função do tempo e são tipicamente contratuais. Os custos variáveis
são uma função do volume.
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Custos fixos
Os custos fixos apresentam uma grandeza monetária que independe da quantidade
produzida no período de tempo. Exemplos de custos fixos seriam o aluguel do galpão da
fábrica, os funcionários de salários fixos, despesas administrativas, entre outras.
Custos variáveis
Os custos variáveis encontram estreita relação com o volume produzido no período de
tempo objeto de análise. Dentre outros podemos citar as matérias-primas, materiais
secundários, parte de salários em função de produção, parte do consumo de energia, etc.
Conhecer e planejar a forma de alcançar o nível de atividades da empresa que se
encontra na posição de lucro nulo, denominado ponto de ruptura ou ponto de equilíbrio é de
fundamental importância no gerenciamento dos custos e na definição de estratégias
empresariais.
A análise do ponto de equilíbrio também chamada de análise de custo – volume- lucro é usada
pela empresa para:
1. determinar o nível de operações necessárias para cobrir todos os custos operacionais.
2. avaliar a lucratividade associada aos vários níveis de vendas.
O ponto de equilíbrio da empresa é o nível de vendas necessário para cobrir todos os
custos. Nesse ponto, lucros antes dos juros e do imposto de renda se igualam a zero.
Abordagem Algébrica do Ponto de Equilíbrio
Receita de vendas
Menos: custos operacionais fixos
Menos: custos operacionais variáveis
Lucro antes dos juros e de imposto de renda
(P x Q)
-F
- (V x Q)
LAIR
Montando a equação algébrica:
LAIR = (P x Q) - F - (V x Q)
Simplificando a equação:
LAJIR = Q x (P – V) – F
No ponto de equilíbrio os custos se igualam aos lucros, ou seja o LAJIR é igual a zero.
Resolvendo a equação, Temos:
0 = Q x (P – V) - F
Passando o Q para o outro membro da equação, temos:
Q=
F
_________
P-V
Sendo:
P =
Q=
F =
V=
preço de venda por unidade
quantidade de vendas em unidades
custo operacional fixo por período
custo operacional variável por unidade
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Exemplo:
Suponha que uma empresa industrial tenha custos fixos de $2.500, seu preço de venda
por unidade é de $ 10 e seu custo variável por unidade é de $5.
Aplicando a equação, temos:
Q=
$2.500
_______________________
$ 10 - $5
= 500 unidades
Nas vendas de 500 unidades, o lucro antes do imposto de renda deve ser igual a $ 0 .
A empresa terá um LAIR positivo para vendas maiores que 500 unidades e negativo ou perda
para vendas menores que 500 unidades.
Análise da Sensibilidade no Ponto de Equilíbrio
O ponto de equilíbrio pode mudar se mudarem as variáveis envolvidas.Utilizando o
exemplo anterior, vamos considerar as situações seguintes:
1.
2.
3.
4.
Aumento no custo fixo de $ 2.500 para $3.000
Aumento no preço de venda unitário de $10 para 12,50
Aumento no custo variável unitário de $5 para 7,50
Simultaneamente implementando todas as situações anteriores.
$ 3.000
(1)
Q = _______________________ = 600 unidades
$ 10 - $5
(2)
Q=
$2.500
_______________________
= 333 1/3 unidades
$ 12,50 - $5
$2.500
(3)
Q=
_______________________
$ 10 - $7,50
= 1.000 unidades
$3.000
(4)
Q=
_______________________
$ 12,50 - $7,50
= 500 unidades
Comparando os pontos de equilíbrio resultantes, ao valor inicial de 500 unidades,
podemos ver que o aumento do custo (situações 1 e 3) eleva o ponto de equilíbrio, enquanto o
aumento da receita (ação 2) diminui o ponto de equilíbrio.
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Abordagem Gráfica do Ponto de Equilíbrio
Ponto de Equilíbrio em Valores Monetários
Podemos também determinar o ponto de equilíbrio em valores monetários,
especialmente nas empresas em que não se apuram unidades vendidas.
PE
=
F
TV
æ
ç1 S
è
ö
÷
ø
Vamos considerar que no caso de uma empresa que só possuíssemos informações
sobre os custos e faturamento da empresa no mês 1, conforme consta do Quadro.
Custo fixo = 452.000 e Custo variável total = 1.090.000 Receita total no mês 1 = 1.700.000
Para que se possa determinar o ponto de equilíbrio, verificamos qual a participação
percentual dos custos variáveis, nas receitas totais. Para tanto, basta dividir os custos variáveis
totais pelas receitas totais a saber:
1.090.000/ 1.700.000 = 0,641176
Se os custos variáveis consomem 64,1176% da receita, a margem de contribuição, em
termos percentuais, é de 35,8824% ( 1 – 64,1176 = 35,8824%)(como já vimos, seja em
termos unitários ou em termos globais, margem de contribuição é a parte da receita que não é
consumida pelos custos variáveis)
O Ponto de Equilíbrio é a divisão dos custos fixos pela margem de contribuição. Assim,
ponto de equilíbrio em termos monetários, será:
Em nosso exemplo teríamos:
Volume de vendas = 452.000 / { 1 .(1.090.000/ 1.700.000) }
Volume de vendas = 452.000/0,358824 = 1.259.671
O ponto de equilíbrio é um indicador importante para o administrador, no sentido de
adotar estratégias operacionais e mercadológicas. Segundo as necessidades e as possibilidades
da empresa, podemos determinar o ponto de equilíbrio de cada produto, ou linhas de produtos,
estabelecendo políticas de preços, de mercado e de investimentos que assegurem o
crescimento e o desenvolvimento das atividades empresariais.
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Área de significância
Um aspecto relevante nas análises entre Custos- Volumes- Lucros refere-se à
observação da área de significância dos dados. Devemos sempre observar e considerar os
dados dentro de um limite normal de operação da empresa. Muitas vezes a empresa possui um
alta capacidade de produção, mas nunca conseguiu trabalhar com plena utilização dessa
capacidade.
Analisando os dados estatísticos da empresa, podemos definir uma área em que a empresa
estará normalmente operando, denominada Área de significância, e sobre ela deverá estar
direcionada a análise da administração.
3.2.3 Realidades na Análise do Ponto de Equilíbrio
Não obstante a análise do ponto de equilíbrio seja utilizada de forma intensa pelas
empresas, existem algumas deficiências, (que chamamos de realidades), pois na prática é o
que realmente acontece. As principais deficiências são; a suposição de linearidade, as
classificações dos custos e a natureza de curto prazo.
A suposição de linearidade
Geralmente, nem o preço de venda unitário e nem o custo variável unitário independem
do nível do volume de vendas. Na maioria dos casos, os aumentos em vendas além de certo
ponto só conseguem mediante a redução do preço unitário. Isto resulta numa função de receita
curva e não reta. Normalmente, o custo operacional variável unitário cresce a medida que a
empresa aproxima-se de sua capacidade plena. Isto pode resultar de uma queda da eficiência
da mão-de-obra ou de um aumento no custo das horas extras. O gráfico abaixo ilustra melhor a
explicação:
Classificação de custos
Outra deficiência da análise do ponto de equilíbrio é da dificuldade de classificar custos
semivariáveis que são fixos dentro de certas faixas de volume embora variem entre elas.
Natureza de curto prazo
O ponto de equilíbrio pé normalmente aplicado a operações projetadas para um ano.
Caso a empresa tenha grandes investimentos em propaganda ou incorras em outra despesa
importante, e não esperem benefícios no período corrente, essas despesas ainda se agregarão
aos custos operacionais totais do período corrente e elevarão o volume de vendas necessário
para ao ponto de equilíbrio.
Já o benefício desses dispêndios não serão recebidos no período corrente, pode-se questionar a
sua inclusão na análise do ponto de equilíbrio referente a este período. Itens como gastos com
propaganda e pesquisa e desenvolvimento se enquadram nessa categoria.
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3.2.4 Avaliação do Grau de Alavancagem Operacional
Avaliar o grau de alavancagem operacional de um produto ou de uma empresa significa
estabelecer uma relação entre as variações percentuais observadas nos resultados da empresa,
diante de uma variação percentual verificada no volume das vendas. Em fórmula matemática,
teríamos:
GAO=
Variação% no lucro operacional
------------------------------------------------Variação% no volume das vendas
O grau. de alavancagem operacional elevado representa uma situação semelhante à
apresentada no Gráfico do produto A, onde pequenas variações nas quantidades afetam em
grandes proporções os resultados.
O produto B já apresenta um menor grau de alavancagem, indicando que os impactos
sobre os resultados, quando o volume de vendas se altera, não é tão relevante.
Produtos ou empresas com alo grau de alavancagem devem definir estratégias de vendas mais
agressivas, pois pequenas oscilações afetam muito seus lucros empresariais. O risco de tais
empresas e/ou produtos é maior,exigindo melhores resultados operacionais.
Em uma estrutura bem definida de custos fixos e variáveis, a alavancagem operacional
significa melhor utilização de seus ativos, ou recursos, a um determinado custo fixo, a fim de
ampliar os resultados dos investidores.
Convém esclarecer, por oportuno, que o grau de alavancagem operacional não é único,
devendo ser calculado para cada ponto em que se encontra a empresa. Assim, no nível de
venda de 5 mil unidades podemos determinar o grau de alavancagem da empresa nesse
ponto. Se o referencial passa a ser, por exemplo, de 7 mil unidades, a alavancagem seria
diferente.
Determinação do grau de alavancagem (GAO)
A alavancagem operacional resulta da existência de custos fixos operacionais no fluxo
de lucros da empresa. Pode-se definir alavancagem operacional como o uso potencial de
custos fixos operacionais para aumentar os efeitos de mudanças das vendas sobre o lucro da
empresa antes do imposto de renda.
Exemplo:
Utilizando o exemplo anterior, onde a empresa vende seu produto ao preço $10 a
unidade e tem custos operacionais variáveis de $5 por unidade e custos fixos operacionais de
$2.500 por mês.
Supondo-se duas situações:
1. Um aumento de 50% nas vendas (de 1.000 para 1.500 unidades)
2. Uma diminuição de 50% nas vendas (de 1.000 para 500 unidades)
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Verifica-se que um aumento de 50% nas vendas, resulta em um aumento no lucro de
100%.
Verifica-se também que uma diminuição de 50% nas vendas produz uma redução no lucro de
100%
Medição do Grau de Alavancagem
O grau de alavancagem operacional é a medida numérica da alavancagem operacional da
empresa. Ela pode ser derivada da seguinte equação.
GAO =
Variação percentual no lucro
________________________________________
Variação percentual nas vendas
Aplicando os resultados do exemplo anterior, temos:
Situação 1:
Situação 2:
+100
= 2,0
+ 50
_________
- 100
_________
= 2,0
- 50
A alavancagem operacional existe porque o resultado é maior que 1. Para um dado
nível base de vendas, quanto maior o valor resultante , maior o grau de alavancagem
operacional.
Grau de Alavancagem ao nível base de vendas
Existe uma fórmula direta para calcular o grau de alavancagem operacional em nível base de
vendas:
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GAO no nível base de vendas
Substituindo: Q = 1.000,
resultado:
GAO 1.000 UN =
Q x (P – V)
Q = __________________
Q x (P – V) - F
P = $10, V = $5 e F = 2.500 na equação, teremos o seguinte
1.000 x ($10 - $5 )
_____________________________________
1.000 x ($10 - $5) - $2.500
=
5.000
_________
2.500
= 2,0
Grau de alavancagem para vendas em dinheiro
O modelo a seguir é utilizado para empresas que trabalham com vários produtos ou
uma linhas de produtos:
GAO em dinheiro RT =
RT - CVT
_________________
RT – CVT - F
Sendo:
RT = nível base de vendas em dinheiro
CVT = custos operacionais variáveis totais em dinheiro
F = custos operacionais fixos em dinheiro
Utilizando o exemplo anterior onde as vendas em dinheiro são de 10.000 ($10 x 1.000 u), os
custos variáveis são $5.000 ($5 x 1.000u) e os custos fixos 2.500 e substituindo na equação,
temos:
$10.000 - $ 5.000
GAO em $ =
__________________________________
$10.000 - $5.000 – 2.500
=
$ 5.000
= 2,0
$ 2.500
_____________
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4.0 DECISÕES DE INVESTIMENTOS
Os investimentos de longo prazo representam gastos relevantes de
fundos que podem comprometer uma empresa. Em função disso, devem ser
analisados e selecionados adequadamente todos os projetos de investimentos
de longo prazo. Para tanto devem ser mensurados os fluxos de caixa e aplicar
técnicas de decisão específicas.
4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Os investimentos de capital devem ser encarados como um projeto, que,
para tanto, deverá ser composto das seguintes fases:
1 – Planejamento do Orçamento: determina os meios e os objetivos a serem
alcançados como a quantificação desse planejamento.
2 – Avaliação: define os critérios a serem escolhidos, adequados às
características do estudo que está sendo realizado, e a definição do critério
mínimo de aceitação.
3 – Seleção: estabelece a escala das prioridades em função da disponibilidade
dos recursos e o retorno exigido sobre o capital investido.
4 – Execução: implanta e realiza definitivamente o investimento.
5 – Controle: faz o acompanhamento, confrontando o orçamento e a execução,
buscando analisar as distorções ocorridas e registrando as falhas para
correções futuras em novos projetos.
Em resumo, podemos concluir que:
•
Orçamento de capital é o processo de identificação, avaliação e
implantação das oportunidades de investimento de longo prazo de
uma empresa.
•
Procura identificar investimentos que aumentarão a vantagem
competitiva da empresa e a riqueza de seu acionista.
•
A decisão típica de orçamento de capital envolve um investimento
inicial substancial, seguido de uma série de entradas de caixa
menores.
•
Decisões incorretas em relação a orçamento de capital podem levar,
em última instância, à falência da empresa.
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4.1.1 Principais Motivos para Investimentos
As empresas possuem normalmente quatro motivos para investimento de
capital, que são:
· Substituição de ativos obsoletos. substituição de ativos obsoletos ou
gastos por ativos novos
· Aumento da eficiência nas operações é uma alternativa à
substituição. Pode incluir reconstrução o recondicionamento ou a
adaptação de uma máquina ou das instalações existentes.
· Aquisição de ativos para expansão com novos produtos ou em
novos mercados.
· - usualmente através de aquisição de ativos imobilizados, ou
investimentos na busca de novos mercados para os produtos da
empresa.
· Aquisição de outra empresa – Investimentos em outros mercados, ou
expansão das atividades através de parcerias.,etc.
· Cumprimento de exigências legais – para cumprir determinações do
governo, acordos trabalhistas, ou termos de apólice de seguros. São
chamados de gastos obrigatórios, geralmente envolvem projetos que
não produzem fluxos de caixa.
· Outras finalidades: tais como dispêndios, com propaganda; pesquisa e
desenvolvimento, serviços de consultoria à administração e novos
produtos. Outros tais como: Instalação de sistemas de controle de
poluição ou de segurança – são difíceis de avaliar por que produzem
retornos intangíveis, ao invés de fluxos de caixa facilmente mensuráveis.
4.1.2 O processo de orçamento de capital
As Etapas do Processo de Orçamento de Capital
·
·
·
·
·
Geração de propostas
Avaliação e análise
Tomada de decisão – ( nossa ênfase)
Implementação
Acompanhamento
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A geração de propostas deve envolver pessoas em todos os níveis da
organização para estimular o fluxo de Idéias que possa resultar em potenciais
reduções de custos.
A avaliação e análise verificam a adequação do projeto aos planos globais da
empresa, ou seja, a validade econômica. Neste caso são analisados os custos
e benefícios são estimados e convertidos em uma série de fluxos de caixa
que são avaliados em termos de riscos e retornos sobre o capital investido.
A tomada de decisão depende da magnitude do desembolso, em valores
monetários, e da importância do dispêndio de capital que determinam em qual
nível hierárquico da organização a decisão será tomada. O conselho de
administração toma decisões finais de dispêndio de capital que exijam
comprometimento de recursos acima de certo valor e delega autoridade no
caso de dispêndios menores a outros níveis organizacionais.
A implementação é uma fase que do ponto de vista financeiro os
dispêndios são realizados por cada nível hierárquico da empresa:
Do ponto de vista financeiro esta é a fase de realização dos dispêndios que
são realizados por cada nível hierárquico da empresa:
Os dispêndios maiores são controlados mais rigorosamente para garantir
que os insumos estão sendo adquiridos aos preços orçados.
Os dispêndios menores são realizados conforme a rotina da organização
normalmente obedecendo aos níveis de alçada de cada executivo.
O acompanhamento envolve a monitoração dos resultados durante a fase
operacional do projeto que especificamente implica em:
· Comparar os resultados reais, em termos de custos e benefícios, com os
valores estimados; e
· Tomar decisão quando os resultados diferem do que foi projetado.
4.1.3 Terminologia básica
Projetos mutuamente exclusivos são investimentos que competem de
alguma forma pelos recursos da empresa – uma empresa pode selecionar um
ou outro dos projetos, mas não ambos.
Projetos independentes, por outro lado, não competem pelos recursos da
empresa. Uma empresa pode selecionar um ou o outro, ou ambos, desde que
atendam às exigências mínimas de rentabilidade.
Fundos ilimitados - Se a empresa tiver fundos ilimitados para a realização de
investimentos, então todos os projetos independentes que prometerem
retornos superiores a certo nível poderão ser aceitos e implantados.
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Racionamento de capital - Geralmente, porém, na maioria dos casos, as
empresas operam sob condições de racionamento de capital, possuindo um
número fixo de fundos para aplicar em investimentos e projetos.
4.1.4 Tipos de Fluxos de Caixa
Uma série convencional de fluxos de caixa convencionais é formada por
um gasto inicial seguido por uma única série de entradas anuais iguais,
conforme mostrado na figura abaixo.
Uma série não convencional de fluxos de caixa é aquela na qual um
desembolso inicial é seguido por uma série de entradas e saídas., conforme
mostrado na figura abaixo.
4.2 FLUXOS DE CAIXA DOS INVESTIMENTOS
Para avaliar alternativas de dispêndios de capital, a empresa tem de
determinar os fluxos de caixa relevantes, que são:
•
os fluxos de saída de caixa incrementais após o imposto de renda
(investimento) e os fluxos de entrada de caixa resultantes subseqüentes
associado ao dispêndio de capital proposto.
•
Os fluxos de caixa incrementais representam os fluxos de caixa
adicionais – fluxos de saída ou fluxos de entrada – que devem resultar
de um dispêndio de capital proposto.
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•
Para avaliar as alternativas de investimento são utilizados os fluxos
efetivos de caixa (principio de caixa) não os lucros provenientes da
DRE (princípio da competência) pois nela estão incluídos dispêndios
que não representam efetivas saídas de dinheiro. (depreciação e
amortização)
4.2.1 Componentes do fluxo de caixa
Os fluxos de caixa de qualquer projeto que tenha o padrão
convencional podem incluir três componentes básicos:
•
•
•
Investimento Inicial;
Fluxos de entrada de caixa operacionais;
Fluxo de caixa terminal ou residual.
Investimento Inicial é o fluxo de saída de caixa relevante para um projeto
proposto no tempo zero.
Fluxos de entrada de caixa operacionais, são fluxos incrementais após o
imposto de renda resultante do uso de um projeto durante a sua vida.
Fluxo de caixa residual é o fluxo de caixa não operacional após o imposto de
renda que ocorre no ano final de um projeto. Ele é normalmente atribuível à
liquidação do projeto.
Todos os projetos - seja para expansão, substituição ou modernização –
têm os dois primeiros componentes. Alguns, no entanto, não têm o
componente final, o fluxo de caixa residual.
4.2.2 Fluxos de caixa de expansão e substituição
Desenvolver estimativas de fluxos de caixa relevantes é mais direto no
caso de decisões de expansão. Nesse caso, o investimento inicial, os fluxos
de entrada de caixa operacionais e o fluxo de caixa residual são meramente os
fluxos de saída e entrada de caixa após o imposto de renda associado ao
desembolso proposto.
Identificar os fluxos de caixa relevantes para decisões de substituição
é mais complicado; a empresa tem de determinar o fluxo incremental de saída
de caixa e as entradas de caixa que resultariam da substituição proposta. O
investimento inicial nesse caso é a diferença entre o investimento inicial
necessário para adquirir o novo ativo e quaisquer fluxos de entrada após o
imposto de renda esperado da liquidação hoje do ativo velho (ativo que está
sendo substituído).
Os fluxos de entrada de caixa operacionais são a diferença entre os
fluxos de entrada de caixa operacionais do ativo novo e aqueles do ativo velho.
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O fluxo de caixa residual é a diferença entre os fluxos de caixa após o imposto
de renda esperado com a liquidação dos ativos novos e velhos.
4.2.3 Fluxos de caixa e depreciação
Para fins fiscais e de divulgação de
empresas podem lançar sistematicamente
aquisição de ativos permanentes contra
alocação de custo histórico com o passar
depreciação.
resultados financeiros, as
uma parte dos custos de
as receitas anuais. Essa
do tempo é chamada de
Para fins fiscais, a depreciação dos ativos da empresa é
regulada pela Legislação do Imposto de Renda.
O que é a Depreciação?
Depreciação é o lançamento sistemático de uma parcela dos
custos de ativos fixos (imobilizados) contra as receitas de cada
exercício. Para atender a legislação fiscal a depreciação deve ser
calculada com base nos percentuais de depreciação válidos para o
fisco.
Valor depreciável de um ativo.
O valor depreciável de um ativo ( o valor total a ser
depreciado, ou base de depreciação) é o seu custo integral, incluindo
despesas de instalação.
Obs.: Os valores de terrenos não são depreciáveis. Para determinar o
valor depreciável de imóveis, subtrai-se o valor do terreno do custo
do imóvel. Em outras palavras, somente prédios e outras melhorias
estão sujeitas a depreciação.
Vida útil de um ativo
O prazo durante o qual um ativo pode ser depreciado – sua vida
útil – pode afetar significativamente as séries de fluxo de caixa.
Quanto mais curta for a vida útil, mais rapidamente o fluxo de caixa
gerado pela despesa de depreciação será recebido.
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As quatro primeiras classes de ativos, segundo o Sistema de
Depreciação Acelerada.
Classes de ativos
(prazo de recuperação)
Definição
3 anos
Equipamentos de pesquisa e algumas ferramentas
especiais
5 anos
Computadores, máquinas de escrever, copiadoras,
equipamentos
de
duplicação,
automóveis,
caminhões
leves,
equipamento
tecnológico
qualificado e ativos semelhantes.
Móveis de escritório, luminárias, equipamento
industrial em sua maior parte, ferrovias, instalações
agrícolas e de horticultura com finalidades
específicas
Equipamento utilizado no refino de petróleo ou na
fabricação de produtos derivados do tabaco e alguns
produtos alimentícios.
7 anos
10 anos
Métodos de depreciação
Existe uma variedade de métodos para depreciar ativos,
entretanto os mais conhecidos são o sistema modificado de
recuperação acelerada de custo (MACRS) utilizado para fins fiscais
nos Estados Unidos e o sistema linear ou em linha reta, utilizado no
Brasil.
O método mais acelerado consiste em depreciar o ativo de
forma mais rápida, tem como base a vida útil do ativo, mas
dependendo da vida útil, uma parte significativa do ativo é
recuperada já nos primeiros anos. Por exemplo: um ativo com vida
útil de 3 anos recupera 33% no primeiro ano, e 45% no segundo ano.
O método linear ou em linha reta, é assim chamado em função dos
percentuais de depreciação estar relacionado linearmente a vida útil
do ativo. Para obter os percentuais anuaís, basta dividir o valor do
ativo, inclusive, os custos de instalação, pela vida útil estimada do
ativo. A tabela abaixo mostra os percentuais mais utilizados no Brasil
para depreciação.
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Depreciação linear
Vida útil - % anual
anos
Obras civis
25
3,50
Instalações
10
10,00
Software
4
25,00
Equipamentos 5
20,00
Máquinas
10
10,00
Móveis
e 10
10,00
utensílios
Veículos
5
20,00
Recurso
Nos Estados Unidos é utilizado o sistema MACRS. Abaixo uma
tabela contendo as quatro primeiras classes de ativos e suas
respectivas percentagens de depreciação.
Taxas arredondadas de depreciação por ano de recuperação,
pelo método MACRS para as quatro primeiras classes de
ativos
Porcentagem por ano de recuperação
Anos
de
recuperação
1
3 anos
5 anos
7 anos
10 anos
33%
20%
14%
10%
2
45
32
25
18
3
15
19
18
14
4
7
12
12
12
5
12
9
9
6
5
9
8
7
9
7
8
4
6
9
6
10
6
11
Totais
4
100%
100%
100%
100%
A depreciação e outros encargos não desembolsáveis, protegem
a empresa dos impostos incidentes sobre o lucro, ao diminuir o lucro
tributável.
Pergunta-se:
Se você fosse o proprietário de uma empresa e pudesse
escolher uma taxa de depreciação para um determinado bem, qual
seria?
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Resposta:
Desde que haja lucro tributável positivo, é sempre preferir
lançar o custo de aquisição todo como despesa no ano
(depreciação de 100%).
Desta forma, reduz-se o lucro tributável e pagam-se menos
impostos nesse ano. Um real economizado hoje vale mais do que
um real economizado amanhã
Um exemplo explicará melhor o método:
Uma empresa adquiriu, a um custo de $ 40.000, incluindo despesa
de instalação, uma máquina com prazo de recuperação de cinco anos.
Usando as taxas apropriadas na tabela do MACRS, a empresa
calculou a depreciação de cada ano da seguinte maneira:
Ano
Custo
(1)
Taxas
(2)
1
$ 40.000
20%
Depreciação
(1)x(2)
(3)
$ 8.000
2
40.000
32
12.800
3
40.000
19
7.600
4
40.000
12
4.800
5
40.000
12
4.800
6
40.000
5
2.000
Totais
40.000
100%
40.000
Caso a empresa tivesse utilizado o método de depreciação em linha
reta ou linear (aceito no Brasil). Como ficaria a depreciação? O
quadro abaixo mostra esta situação.
Ano
Custo
(1)
Taxas
(2)
1
$ 40.000
20%
Depreciação
(1)x(2)
(3)
$ 8.000
2
40.000
20
8.000
3
40.000
20
8.000
4
40.000
20
8.000
5
40.000
20
8.000
Totais
40.000
100%
40.000
Depreciação e o fluxo de caixa
Para ajustar a demonstração de resultado de modo a obter os
fluxos de caixa operacionais, todas as despesas não
desembolsadas devem ser somadas ao lucro líquido do exercício.
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Com a redução do lucro tributável, a depreciação e outras
despesas não desembolsadas criam-se um benefício fiscal e
aumenta-se o fluxo de caixa para a empresa.
4.2.4 Custos relevantes
Quando estimar os fluxos de caixa relevantes associados a um
dispêndio de capital proposto a empresa deve conhecer quaisquer custos
incorridos e custos de oportunidade. Esses custos são freqüentemente
ignorados, particularmente ao se determinar fluxos de caixa incrementais.
Custos incorridos são desembolsos de caixa que já foram feitos (isto é
desembolsos passados) e por conseguinte, não têm efeito sobre os fluxos de
caixa relevantes às decisões correntes. Como resultado, custos incorridos não
devem ser incluídos nos fluxos de caixa incrementais de um projeto.
Custos de oportunidade são fluxos de caixa que poderiam ser realizados
através do melhor uso alternativo de um determinado ativo. Eles por
conseguinte, representam fluxos de caixa que não serão realizados como
resultado de se empregar esse ativo no projeto proposto. Devido a esse fato,
quaisquer custos de oportunidade devem ser incluídos como fluxos de saída de
caixa ao se determinar os fluxos de caixa incrementais de um projeto.
Em resumo podemos afirmar que:
•
os gastos já realizados (custos incorridos) são irrelevantes ao processo
de decisão.
•
Entretanto, os (custos de oportunidade), correspondentes a fluxos de
caixa que poderiam ser obtidos na melhor utilização alternativa do ativo
são relevantes.
EXEMPLO:
Uma empresa industrial está considerando modernizar um de seus
equipamentos, uma furadeira modelo X12, que foi comprada há 3 anos por $
237.000, fazendo o seu recondicionamento com o sistema de controle
computadorizado de uma parte de um equipamento obsoleto de sua
propriedade. O equipamento obsoleto poderia ser vendido hoje por $42.000,
mas sem o seu sistema computadorizado ele poderia valer nada.
A empresa industrial está passando pelo processo de estimar os custos
de recondicionamento do sistema da furadeira e os benefícios esperados do
recondicionamento. O custo de $237.000 de compra da furadeira é um custo
incorrido por ele representa um dispêndio de caixa anterior. Ele não será
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incluído como um fluxo de saída de caixa ao se determinar os fluxos de caixa
relevantes para decisão de recondicionamento.
Apesar de a empresa ser proprietária da parte obsoleta do equipamento,
a proposta de uso de seu sistema de controle computadorizado representa um
custo de oportunidade de $42.000. O preço mais alto que ela poderia ser
vendida hoje. Esse custo de oportunidade seria incluído como um fluxo de
saída de caixa associado ao uso do sistema computadorizado de controle.
Em outras palavras, poderíamos dizer que, se o equipamento que possui
o sistema computadorizado de controle é de propriedade da empresa, o
recondicionamento da furadeira, seria custo zero, entretanto isso não é
verdade, pois, a empresa poderia vender o equipamento por $42.000, logo o
custo de recondicionamento da furadeira é $42.000.
Você entendeu melhor agora?
4.2.5 Orçamento de capital internacional, considerações gerais
Apesar dos mesmos princípios básicos de orçamento de capital serem
usado para projetos domésticos e internacionais, vários fatores adicionais têm
de ser abordados ao se avaliar oportunidades de investimento estrangeiros.
O orçamento de capital internacional difere da versão doméstica, pois:
· Fluxos de entrada e saída de caixa ocorrem em uma moeda estrangeira.
· Investimentos estrangeiros se defrontam potencialmente com um significativo
risco político.
Ambos os riscos podem ser minimizados através de um planejamento
cuidadoso.
Riscos de câmbio a longo prazo pode ser minimizado ao financiar pelo
menos parcialmente o investimento internacional nos mercados de capital
locais, invés de usar o capital em unidades monetárias da companhia
subsidiária. Esse passo assegura que as receitas do projeto, os custos
operacionais e os custos de curto prazo serão na moeda local.
Riscos de câmbio de curto prazo ( valor em dinheiro de fluxos de caixa em
moeda local, por exemplo), podem ser protegidos usando títulos especiais e
estratégias, tais como, instrumentos de mercado futuro, pré-indexados e
opções.
Riscos políticos podem ser minimizados usando estratégias, tanto financeiras
como operacionais. Por exemplo, ao estruturar o investimento como uma joint
venture e selecionar um sócio bem relacionado, a companhia estrangeira pode
minimizar o risco de que suas operações sejam importunadas ou tomadas. As
empresas também podem se proteger de ter seus resultado bloqueados por
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governos locais ao estruturar o financiamento de tais investimentos como
dívida em vez de patrimônio. Pagamentos de serviço da dívida são demandas
legalmente exigíveis, enquanto resultado de patrimônio (tais como dividendos)
não o são.; mesmo se os tribunais locais não apóiam as reivindicações da
companhia estrangeira, a companhia pode ameaçar levar adiante seu caso em
cortes estrangeiras.
4.3 O PROCESSO DE CÁLCULO DO INVESTIMENTO INICIAL
O termo investimento inicial como usado aqui se refere aos fluxos de saída de
caixa relevantes a serem considerados ao se avaliar dispêndios de capital
potenciais. Considerando que o fluxo de caixa convencional o investimento
inicial ocorre no tempo zero – o momento no qual o dispêndio é feito. O
investimento inicial é calculado ao se subtrair todos os fluxos de caixa que
ocorrem no tempo zero.
4.3.1 Custo do ativo instalado
O custo do ativo instalado é encontrado ao se adicionar o custo do ativo aos
seus custos de instalação. O custo do novo ativo é o fluxo de saída líquido que
sua aquisição exige. Normalmente nos estamos preocupados com a aquisição
de um ativo mobilizado para o qual um preço de compra definido é pago.
O que são os custos de instalação?
São quaisquer custos adicionados necessários para colocar um ativo em
operação. Eles são considerados parte do dispêndio de capital da empresa.
A Receita Federal exige que a empresa adicione os custos de instalação
ao preço de compra de um ativo para determinar seu valor depreciável, que é
lançado na despesa por um período de anos.
Os custos do novo ativo instalado é calculado ao se adicionar o custo do
ativo aos seus custos de instalação, que é igual ao seu valor depreciável.
Como determinar o investimento inicial?
Custo do novo ativo instalado =
Custo do novo ativo
+Custos de instalação
(-) Resultados após o imposto de renda da venda do ativo velho=
Resultados da venda do ativo velho
+/- imposto de renda sobre a venda do ativo velho =
± Variação no capital circulante liquido
______________________________________________________________________
= Investimento Inicial
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4.3.2 Venda do ativo substituído
Os resultados após o imposto de renda da venda do ativo velho diminui
o investimento inicial da empresa no novo ativo. Esses resultados são a
diferença entre os resultados da venda do ativo velho e quaisquer impostos
aplicáveis e restituições de impostos relacionados a sua venda. Os resultados
da venda do ativo velho são os fluxos de entrada de caixa líquido que ele
proporciona. Esse montante é livre de quaisquer custos incorridos no processo
de remoção do ativo. Incluídos nesses custos de remoção, estão os custos de
limpeza, tais como os relacionados à remoção e à disposição de lixos químicos
e nucleares. Esses custos podem não ser insignificantes.
Os resultados da venda do ativo velho são normalmente sujeitos a
algum tipo de imposto.
Esse imposto de renda sobre a venda de um ativo velho depende:
·
·
·
da relação entre o preço de venda;
preço de compra inicial e;
valor contábil
O que é o preço de venda do ativo?
É o valor pelo qual o ativo velho seria vendido no mercado.
O que é o preço de compra inicial?
É o preço pelo qual o ativo velho foi instalado (preço de compra + gastos
com instalação)
O que é o valor contábil?
O valor contábil de um ativo é o valor pelo qual ele foi contabilizado, deduzida a
depreciação acumulada.
Valor contábil = custo do ativo instalado – depreciação acumulada
Como a Receita Federal orienta sobre o Imposto de Renda no caso da
venda de ativos usados?
O fisco federal considera quatro situações ao se vender um ativo. Essas
situações dependem da relação entre o preço de venda do ativo, seu preço de
compra inicial e seu valor contábil. Vejam as seguintes situações. O ativo é
vendido:
1. Por mais que seu preço de compra inicial
2. Por mais que o seu valor contábil, mas menos do que o seu preço de
compra inicial;
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3. Por seu valor contábil
4. Por menos que seu valor contábil
Para melhor entender vamos voltar ao exemplo anterior e analisar cada
situação:
Um empresa fabricante de produtos eletrônicos, adquiriu há dois anos
uma máquina ferramenta com um custo do ativo instalado de $ 100.000. O
ativo estava sendo depreciado de forma acelerada (MACRS), usando um
período de recuperação de 5 anos , 20% e 32% do ativo instalado seriam
depreciados nos anos 1 e 2 respectivamente. Em outras palavras 52%
(20%+32%) do custo de $100.000 ou $52.000 (0,52 x $100.000)
representariam a depreciação acumulada ao final do ano 2.
1º Passo: Cálculo do valor contábil do ativo;
Valor contábil = $100.000 - $52.000 = $48.000
Situação 1 – Venda de um ativo por mais que o seu preço de compra
inicial
Se a empresa vende o ativo por $ 110.000, ocorrem os seguintes
eventos:
1) a empresa realiza um ganho de capital de $10.000 ($110.000 - $100.000)
que será tributado como lucro normal.
2) A empresa também realiza um lucro normal em forma de depreciação
recuperada, que é a porção do preço de venda que está acima do valor
contábil e abaixo do preço de compra inicial. Neste caso $52.000
($100.000 - $48.000).
Veja o resumo no quadro abaixo:
Ganho de capital
Depreciação Recuperada
Totais
Valores
10.000,00
52.000,00
62.000,00
Alíquota
0,40
0,40
Imposto de renda
4.000,00
20.800,00
24.800,00
Sem levar em consideração por quanto tempo o ativo foi mantido o ganho
de capital é tributado como lucro normal.
Situação 2 – Venda do ativo por mais do que seu valor contábil, mas por
menos do valor de compra inicial.
Supondo que a empresa venda o ativo por R$ 70.000,00, ou seja mais
que o seu valor contábil, entretanto menos que o seu preço de compra inicial.
Neste caso ocorre o seguinte evento:
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1) A empresa realiza um na forma de depreciação recuperada de $22.000
($70.000 - $48.000)
Ganho de capital
Depreciação Recuperada
Total
Valores
zero
22.000
Alíquota
Imposto de renda
0,40
$8.800
$8.800
Esse montante em imposto de renda, $8.800 deve ser considerado no
cálculo do investimento inicial do novo ativo.
Situação 3 – Venda do ativo por seu valor contábil
Supondo que a venda do ativo tenha sido realizada por R$ 48.000,00, ou
seja, pelo seu valor contábil, a empresa empata seu investimento. Não há
ganho ou perda
Ganho de capital
Depreciação Recuperada
Totais
Valores
zero
zero
zero
Alíquota
0,40
0,40
Imposto de renda
zero
zero
zero
Situação 4 – A empresa vende um ativo por menos do que seu valor
contábil
Suponha que o ativo seja vendido por R$ 30.000,00 ou seja, por menos
que o seu valor contábil, ela realiza uma perda de $18.000 ($48.000 - $30.000).
Ganho de capital
Perda
Compensação futura
Valores
zero
$ 18.000
Alíquota
0,40
0,40
Imposto de renda
zero
$7.200
$7.200
Se ativo é depreciável e usado nos negócios, a perda pode ser usada
para compensar o lucro normal. Se o ativo não é depreciável, ou não é usado
nos negócios, a perda pode ser usada apenas para compensar ganhos de
capital. Em qualquer um dos casos a perda vai poupar $7.200 ($18.000 x 0,40)
para a empresa em imposto de renda e se o lucro normal corrente ou ganhos
de capital não são suficientes para compensar a perda, a empresa pode ser
capaz de aplicar essas perdas em imposto de renda anteriores e futuros.
4.3.3 Variação no capital de giro da empresa.
O capital de giro , é o montante através do qual os ativos circulantes da
empresa excedem seus passivos circulantes. As variações no CCL
normalmente acompanham as decisões de dispêndios de capital.
Se uma empresa adquire novas máquinas para expandir o seu nível de
operações, os níveis de caixa, as contas a receber, o estoque, as contas a
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pagar e outras contas a pagar vão aumentar. Esses aumentos resultam da
necessidade de mais dinheiro para dar apoio ao aumento de compras feitas
para atender à maior demanda de produtos.
É importante lembrar que aumentos nos valores das contas: caixa,
contas a receber e estoques são usos de dinheiro (fluxos de saída de caixa ou
investimentos) e aumentos nos valores das contas a pagar e outras contas a
pagar são fontes de dinheiro (fluxos de entrada de caixa ou financiamento).
Enquanto as operações em expansão continuarem, espera-se um maior
investimento em ativos circulantes ( dinheiro, contas a receber e estoques),
assim como um maior financiamento de passivos circulantes (contas a pagar e
outras contas a pagar).
A diferença entre a variação em ativos circulantes e variação em
passivos circulantes, seria a variação no capital circulante líquido geralmente,
ativos circulantes crescem mais do que passivos circulantes, resultando em um
aumento no investimento no capital circulante liquido que seria tratado como
fluxo de saída inicial.
Se a variação no capital circulante liquido fosse negativa seria mostrada
como um fluxo de entrada inicial. A variação no capital circulante liquido – sem
levar em consideração se foi um aumento ou diminuição - não é tributável, pois
ela meramente envolve um acumulo líquido ou uma redução das contas
circulantes.
Em outras palavras, pode-se dizer que se uma empresa adquire um
equipamento novo, abre uma filial, lança um novo produto no mercado, planeja
uma campanha de marketing para posicionar sua marca, etc. ela estará
realizando um investimento, que certamente resultará em um aumento de suas
vendas.
Considerando-se que as vendas são geralmente a prazo, logo ela
precisará de mais capital para financiar suas vendas (contas a receber), talvez
ela venha a precisar contratar mais funcionários e precisará de caixa para
suportar o maior valor da folha de pagamentos, também maiores vendas
implicam normalmente em maior volume de estoques, logo ela precisara de
financiamento para investir mais em estoques, logo uma variação no CCL é
inevitável e, deve ser considerado como parte do investimento no projeto.
Exemplo:
Uma empresa , esta contemplado expandir suas operações, para isso
precisa adquirir um novo equipamento e, em função da aquisição. Os analistas
financeiros esperam que as variações nas contas circulantes mostradas na
tabela abaixo ocorram e sejam mantidas durante a expansão.
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TABELA DE CÁLCULÇO D0 CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO
Conta circulante
Variação no saldo (em$)
Caixa
Duplicatas a receber
+ 4.000
+10.000
Estoques
(1) Ativos circulantes
+ 8.000
Duplicatas a pagar
Outras contas a pagar
+7.000
+2.000
+22.000
(2) Passivos circulantes
Variação no CCL
+9.000
+13.000
Ao analisar a tabela verifica-se que a operação resultaria em um aumento de
$13.000 do capital de giro líquido. Neste caso será considerado no montante
de investimentos iniciais do projeto.
4.3.4 Cálculo do Investimento Inicial
Uma maneira prática de mostrar o cálculo do investimento inicial é ilustrar
com um exemplo.
Uma empresa, está tentando determinar o investimento inicial necessário
para substituir uma máquina antiga por um modelo novo e mais sofisticado. O
preço de compra da máquina é $ 380.000; $ 20.000 adicionais serão
necessários para instalá-la. A depreciação ocorrerá de acordo com o sistema
de depreciação acelerada, com o prazo de recuperação de cinco anos. A
máquina atual (antiga) foi comprada há três anos, ao custo de $ 240.000, e
estava sendo depreciada pelo MACRS, com prazo de recuperação de cinco
anos. A empresa encontrou um comprador disposto a pagar $ 280.000 por
essa máquina, e ele se encarregará de transportá-la à sua própria custa. A
empresa espera que um aumento de $ 35.000 dos ativos circulantes e de $
18.000 dos passivos circulantes acompanhe essa substituição. Tais variações
resultarão em um crescimento de $ 17.000 ($ 35.000 – $ 18.000) do capital de
giro líquido. Tanto os rendimentos ordinários quanto os ganhos de capital são
tributados à alíquota de 40%.
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Processo de cálculo do Investimento Inicial
Custo da máquina instalada proposta
Custo,da máquina proposta
380.000
+ Custo da instalação
20.000
Total do custo instalado
400.000
- Resultado após o imposto de renda
Resultado da venda da máquina atual
- Imposto de renda sobre a venda
280.000
84.160
Total de resultado após o imposto
+ Variação no capital circulante líquido
= Investimento inicial
195.840
17.000
221.160
4.3.5 Cálculo das Entradas Operacionais de Caixa
Os benefícios esperados de um gasto de capital estão incorporados em
suas entradas de caixa operacionais, ou seja entradas de caixa incrementais
depois do imposto de renda.
Por que depois do importo de renda?
Os benefícios esperados dos gastos propostos devem ser medidos
depois do imposto de renda, pois a empresa não tirará proveito de quaisquer
benefícios até que tenha saldado seus compromissos com o governo. Esses
compromissos dependem do rendimento tributável da empresa, e por isso é
necessário deduzir os impostos antes de fazer comparações entre
investimentos propostos para que a avaliação seja coerente.
Por que entradas de caixa?
Todos os benefícios esperados de um projeto proposto devem ser
medidos sob a forma de fluxos de caixa. As entradas de caixa representam
quantias que podem ser gastos, e não apenas “lucros contábeis”. Por isso
devem ser consideradas as entradas efetivas de caixa, nas datas previstas e a
depreciação e outras despesas não desembolsáveis (amortização e exaustão),
deduzidas na demonstração de resultados da empresa, devem ser somadas ao
lucro líquido depois do imposto de renda.
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Abaixo é mostrado um modelo
operacionais de caixa.
sintetizado de cálculo das entradas
Cálculo das entradas de caixa operacionais
Com a máquina proposta
Receita
Despesas
Resultado
antes
depreciação e do Imposto
Renda
Depreciação
Lucro líquido antes
Imposto de Renda
Imposto (alíquota 0,40)
Depreciação
Entradas operacionais
caixa
da
de
do
de
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano4
Ano 5
Ano 6
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
0
0
220.000
220.000
220.000
220.000
220.000
0
80.000
128.000
76.000
48.000
48.000
20.000
140.000
92.000
144.000
172.000
172.000
(20.000)
56.000
80.000
36.800
128.000
57.600
76.000
68.800
48.000
68.800
48.000
(8.000)
20.000
164.000
183.200
162.400
151.200
151.200
8.000
2.200.000
1.990.000
2.300.000
2.110.000
2.400.000
2.230.000
2.400.000
2.250.000
2.250.000
2.120.000
0
0
210.000
190.000
170.000
150.000
130.000
0
28.800
28.800
12.000
0
0
0
181.200
161.200
158.000
150.000
130.000
0
28.800
28.800
12.000
0
0
0
137.520
125.520
106.800
90.000
78.000
0
Com a máquina atual
Receita
Despesas
Resultado
antes
depreciação e do Imposto
Renda
Depreciação
Lucro líquido antes
Imposto de Renda
Depreciação
Entradas operacionais
caixa
da
de
do
de
Projeção das receitas
Receitas e despesas excluindo depreciação da empresa.
Ano
1
2
3
4
5
Com a máquina proposta
Receitas
Despesas
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
2.520.000
2.300.000
Ano
1
2
3
4
5
Com a máquina atual
Receitas
Despesas
2.200.000
1.990..000
2.300.000
2.110.000
2.400.000
2.230.000
2.400.000
2.250.000
2.250.000
2.120.000
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Cálculo da depreciação
Custo
(1)
Ano
Taxa depreciação
(2)
Depreciação
(1) x (2)
(3)
20%
32%
19%
12%
12%
5%
100%
$ 80.000
128.000
76.000
48.000
48.000
20.000
400.000
Com a máquina proposta
1
2
3
4
5
6
Totais
$ 400.000
400.000
400.000
400.000
400.000
400.000
Com a máquina atual
1
$ 240.000
12%
$ 28.800
2
240.000
12%
28.800
3
240.000
5%
12.000
4
Como a máquina atual está no final do terceiro
0
Ano da recuperação do seu custo, no momento em que a 0
5
análise é feita, ela só tem três anos finais de depreciação.
6
0
Total
69.600
$ 69.600 representa o valor contábil da máquina no final do terceiro ano.
O que são fluxos de caixa incrementais?
Os fluxos de entrada de caixa incrementais são as diferenças entre o
fluxo de entrada de caixa do projeto proposto e o fluxo da entrada de caixa do
projeto atual.
Fluxo de caixa residual
É o fluxo de caixa resultante do encerramento e da liquidação de um
projeto ao final de sua vida econômica. Ele representa o fluxo de caixa após o
imposto de renda, excluído fluxos de entrada de caixa operacionais, ocorridos
no final do projeto. O fluxo de caixa residual é na maioria das vezes positivo.
O fluxo de caixa residual é calculado conforme mostra a tabela abaixo:
Processo de cálculo do fluxo de caixa residual (em$)
Resultados após o imposto de renda da venda da máquina
proposta.
Resultado da venda da máquina proposta
(-) Imposto sobre a venda da máquina proposta
Total de resultados após o imposto de renda
Resultados após o imposto de renda da venda da máquina atual
Resultado da venda da máquina atual
± Impostos sobre a venda da máquina atual
Total dos resultados após o imposto de renda
+ Variação no CCL
Fluxo de caixa residual
50.000
12.000
38.000
0
0
0
17.000
55.000
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4.4 O CUSTO DO CAPITAL
O custo de capital reflete a remuneração mínima exigida pelos
proprietários de fontes de recursos, sejam eles credores ou acionistas.É o
critério usado para decidir se um investimento proposto permitirá aumentar
ou reduzir o preço da ação da empresa. Formalmente, o custo de capital é a
taxa de retorno que uma empresa deve conseguir nos projetos em que
investe para manter o valor de mercado de sua ação.
Considerações Gerais
§
§
§
Risco econômico – supõe-se que o risco de que a empresa não seja
capaz de cobrir os custos operacionais é constante, ou seja, a aceitação
de um projeto não afeta a sua capacidade de cobrir os custos
operacionais.
Risco financeiro – supõe-se que o risco de que a empresa não seja
capaz de saldar os compromissos financeiros é constante, ou seja, os
projetos são financiados de tal maneira que a capacidade de cobertura
de custos de financiamento da empresa não se altera.
Custos relevantes são aqueles após o imposto de renda.Em outras
palavras, o custo de capital é medido depois do imposto de renda. Essa
hipótese é coerente com o enfoque adotado na tomada de decisões de
orçamento de capital.
Por que precisamos determinar o custo médio ponderado de capital de
uma empresa?
Exemplo 1
Suponha que a empresa ABC tenha a seguinte oportunidade de
investimento:
–
–
–
–
Investimento inicial = R$ 100.000
Duração = 20 anos
TIR = 7%
Custo da fonte mais barata de financiamento = 6%
Considerando o caso descrito, o administrador financeiro deveria
realizar o investimento.
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Exemplo 2
Suponha que a empresa ABC tenha a seguinte oportunidade de
investimento:
–
–
–
–
Investimento inicial = R$ 100.000
Duração = 20 anos
TIR = 12%
Custo da fonte mais barata de financiamento = 14%
Considerando o caso descrito, o administrador financeiro deveria rejeitar
o investimento, mesmo reconhecendo que é mais atraente do que o
anterior.
Qual a importância do custo de capital?
§
§
§
Como é ilustrado pelos exemplos anteriores, o uso apenas da TIR para
avaliar oportunidades de investimento não é suficiente.
No longo prazo, a empresa deve fazer investimentos que maximizem
seu valor.
Isso só pode ser conseguido quando a empresa aceita projetos que
oferecem retornos superiores ao seu custo médio ponderado de
capital.
4.4.1 Fontes Específicas de Capital
Existem quatro fontes básicas de fundos de longo prazo para a empresa:
·
·
·
·
Capital de terceiros de longo prazo;
Emissão de ações preferenciais;
Emissão de ações ordinárias e,
Retenção de lucros
Balanço Patrimonial
Passivos Circulantes
Ativos
Dívida de Longo Prazo
Patrimônio líquido
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4.4.1.1 Custo do Capital de Terceiros de Longo Prazo
Custo das obrigações
O custo de capital de terceiros de longo prazo é o custo após o
imposto de renda hoje, de levantar recursos emprestados de longo prazo. Por
questões de conveniência, vamos supor que os fundos sejam captados por
meio da venda de obrigações e que os pagamentos de juros das obrigações
sejam anuais.
A maioria das dividas de longo prazo é assumida por meio da venda de
obrigações. Os recebimentos líquidos com a venda de uma obrigação ou de
qualquer título são os fundos efetivamente recebidos com ela.
Os custos de lançamento - os custos totais de emissão e venda de um título –
reduzem os recebimentos líquidos proporcionados pela venda.
Quais são esses custos?
Os custos se aplicam a todos os lançamentos públicos de títulos: obrigações,
ações preferenciais e ações ordinárias.
Incluem dois componentes:
(1) Custos e underwritting – remuneração recebida pelos bancos de
investimento para realizar a venda dos títulos; e
(2) Custos administrativos – despesas do emitente, como gastos com
serviços de assistência jurídica e contábil, impressão e outros.
EXEMPLO:
Uma empresa vai emitir obrigações com taxa de juros de 9%, prazo de 20 anos
e valor de face de R$ 1.000 ao preço de R$ 980. Além disso, os custos de
lançamento correspondem a 2% do valor de face. Qual o seu custo de capital?
Cálculo do Custo de Capital de Terceiros
Valor de face
$ (1.000,00)
Custo de lançamento (%)
2,00%
Custo de lançamento ($)
$ 20,00
Preço de lançamento
$ 980,00
Recebimento líquido
$ 960,00
Juros (%)
9,00%
Juros $
(90,00)
Prazo de vencimento
20 anos
Custo antes do imposto de renda
9,45%
96
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Cálculo com o uso da calculadora HP12C
Dados
20
960
90
1.000
i
Função
n
PV
CHS PMT
CHS PV
9,452
O Reflexo do imposto de renda no custo de capital de terceiros
Os juros pagos pela utilização do capital de terceiros são dedutíveis para
fins do imposto de renda devido, reduzem o lucro tributável da empresa. Esse
custo é encontrado aplicando-se o modelo abaixo.
ki = k d ´ (1 - T )
Utilizando-se o cálculo do exemplo anterior, supondo que a alíquota de
imposto de renda da empresa seja de 40%, o custo de capital depois de
imposto de renda é:
ki = 9,45% ´ (1 - 0, 4) = 5,67%
Custo das ações preferenciais
A ação preferencial representa um tipo especial de participação de
propriedade da empresa. Ela proporciona aos acionistas preferenciais o direito
de receber seus dividendos estipulados antes da distribuição de quais quer
lucros aos acionistas ordinários. Como a ação preferencial representa uma
forma de propriedade, o dinheiro recebido com sua venda tende a ser
conservado por prazo indeterminado.
Como são pagos os dividendos das ações preferenciais?
Existem duas maneiras básicas de pagar os dividendos das ações
preferenciais:
(1) A primeira é especificar os dividendos em “x reais por ano” . Quando os
dividendos são especificados dessa maneira , costuma-se dizer que a
“ação é uma ação preferencial com dividendo de x dólares”. Portanto,
uma ação preferencial com dividendo de $4` deve pagar dividendos de
R$ 4 por ação preferencial.
(2) Os dividendos preferenciais são especificados sob forma de uma taxa
anual. Essa taxa representa a porcentagem do valor de face da ação
que corresponde ao dividendo anual. Por exemplo, uma ação
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preferencial com dividendo de 8%, com valor de face de $ 50, deverá
pagar um dividendo anual de $ 4 por ação (0,08 x valor de face de $ 50
= $ 4.
Cálculo do custo da ação preferencial
O custo de ações preferenciais (kP) é o quociente entre o dividendo
da ação e o recebimento líquido com a venda pela empresa.
K P = DP / (PP - F ) = DP / N P
Onde:
Kp = custo das ações preferenciais
Dp = dividendo anual em reais na equação
Np = recebimento líquido com a venda das ações
F = custo de lançamento
Tal como ocorreu no caso de capital de terceiros, o custo de emissão de
novas ações preferenciais será superior ao retorno proporcionado pelas ações
preferenciais já existentes, pois a empresa terá de pagar aos bancos de
investimento pelo serviço de colocação dos títulos no mercado.
EXEMPLO
Uma empresa está analisando a possibilidade de emitir uma ação
preferencial a 10%, que espera vender pelo valor de face de $ 87. O custo de
emissão e venda está previsto em $ 5 por ação.
1 Passo: é calcular o custo da ação é determinar o valor em reais do dividendo
anual = 8,70 (0,10 x $ 87).
2 Passo: calcular os recebimentos líquidos por ação com a venda proposta
são iguais ao preço de venda menos os custos de lançamento ($ 87 - $ 5 = $
82).
3Passo: Aplicar o modelo de cálculo, inserindo o dividendo anual, Dp , igual a
$8,70, e os recebimentos líquidos Np, $ 82 na equação.
KP =
$8,70
= 10,6%
($82)
4.4.1.2 Custo do Capital Próprio
O custo do capital próprio é o retorno exigido pelos investidores nas
ações ordinárias. Existem duas fontes de financiamento com ações ordinárias.
98
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(1) Retenção do lucros e
(2) Novas emissões de ações ordinárias
Além disso, há duas maneiras diferentes de estimar o custo de capital
próprio: o modelo de avaliação com crescimento constante e o modelo de
formação de preços de ativos (CAPM).Os modelos de avaliação com
crescimento constante baseiam-se na premissa de que o valor de uma ação é
dado pelo valor presente de todos os dividendos futuros.
Custo das ações ordinárias
a) Utilizando o modelo de crescimento constante ou modelo de Gordon
Ks =
D1
+ g
Po
Sendo:
Po = Valor da ação
D1 = dividendo por ação esperado ao final do ano 1
Ks = retorno exigido da ação ordinária
g = taxa
EXEMPLO
Uma empresa deseja determinar o custo do capital próprio. O preço de
mercado de sua ação ordinária é igual a $ 50. A empresa espera pagar um
dividendo de $ 4 no final do próximo ano, 2004. Os dividendos pagos aos
acionistas nos últimos seis anos são os seguintes:
Ano
2003
2002
2001
2000
1999
1998
Dividendo
3,80
3,62
3,47
3,33
3,12
2,97
Verifica-se que a empresa pagou dividendos por cinco períodos.
1º Passo Calcular a taxa de crescimento “g” Com o uso da HP12C
Dados
3,80
2,97
5
função
Enter
¸
y/x
Visor
3,80
1,28
0,20
99
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x
1
100
y
x
1,05
0,05
5,05
Obs.: o número 5 refere-se aos 5 períodos de pagamento de dividendos.
2º Passo Aplicar o modelo de Gordon
Ks =
$4
+ 5 =
$50
Ks =
D1
+ g
Po
8% + 5% = 13%
Custo das ações ordinárias usando o CAPM
O CAPM difere dos modelos de avaliação com crescimento constante
no sentido de que considera explicitamente o risco da empresa, refletido
em seu beta. Por outro lado, os modelos de avaliação com crescimento
constante não consideram o risco explicitamente.Esses modelos usam o
preço de mercado (P0) como reflexo das preferências por risco e retorno
dos investidores no mercado. Embora os dois enfoques sejam teoricamente
equivalentes, os modelos de avaliação com crescimento constante
costumam ser preferidos porque os dados são de mais fácil obtenção.
K S = RF + b ´ (k M + RF )
Sendo:
Ks = retorno exigido
RF = taxa de retorno livre de risco
Km = retorno da carteira de mercado de ativos (retorno do mercado)
EXEMPLO:
Uma empresa deseja agora calcular seu custo de capital próprio, utilizando o
modelo de formação de preços de ativos (CAPM). A empresa considera que a
taxa livre de risco é igual a 7%, o beta da empresa é igual a 1,5; e que o
retorno do mercado é igual a 11%.
Aplicando a equação do CAPM, temos:
Ks = 7% + [ 1,5 x (11% - 7%) = 7% + 6% = 13%
100
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Vejam que o resultado é igual ao encontrado com o modelo de Gordon
Custo dos lucros retidos
Vamos supor que uma empresa necessite de financiamento com um
certo montante de capital próprio. Ela tem duas alternativas em relação aos
lucros retidos:
1. Pode emitir ações ordinárias adicionais com esse montante e, ainda,
pagar dividendos aos acionistas com os lucros retidos ou aumentar o
seu capital próprio retendo lucros (deixando de pagar os dividendos em
dinheiro) no montante necessário.
2. aumentar o capital próprio retendo lucros (deixando de pagar os
dividendos em dinheiro) no montante necessário.
No entendimento puramente contábil a retenção do lucro aumenta o
capital próprio exatamente da mesma maneira que a venda de ações ordinárias
adicionais.
Podemos concluir que o custo dos lucros retidos, para a empresa, é
igual ao custo de uma emissão equivalente e integralmente subscrita de ações
ordinárias adicionais.
Os acionistas só consideram aceitável a retenção de lucros pela
empresa se esperam obter pelo menos o retorno exigido nos fundos
reinvestidos.
Custo de novas ações ordinárias
O custo de novas emissões de ações ordinárias, é determinado calculando-se
o custo de capital próprio, depois de considerados o underpricing e os custos
de lançamento. Normalmente, para que uma emissão de novas ações seja
vendida, precisa haver underpricing – venda a um preço inferior ao seu preço
de mercado.
Por que as novas ações são vendidas abaixo do preço?
Por diversos motivos:
1) quando o mercado está em equilíbrio (ou seja, a quantidade
demandada de ações é igual a quantidade ofertada), uma
demanda por ações adicionais só pode ser gerada com um preço
mais baixo.
101
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2) Quando são emitidas novas ações, a participação de cada um na
propriedade da empresa é diluída, o que justifica um valor mais
baixo para a ação.
3) Muitos investidores encaram a emissão de novas ações como um
sinal de que a administração está recorrendo ao financiamento
com
ações
ordinárias
porque
acredita
que
estão
supervalorizadas. Ao reconhecerem essa informação, comprarão
ações somente a um preço inferior ao valor corrente de mercado.
Podemos usar o modelo de crescimento constante de dividendos, como ponto
de partida. o custo de novas ações ordinárias (kn) será
Kn =
D1
+ g
Nn
Onde:
Kn = Custo de emissão
D1 = dividendo esperado de $ 4
Nn = valor dos recebimentos líquidos descontado o underpricing
g = taxa de crescimento dos dividendos
Continuando com o exemplo anterior, quanto o dividendo esperado
era de $4 o preço corrente de mercado da ação era de $50 e uma taxa de
crescimento dos dividendos de 5% .
Supondo que as ações serão vendidas por $47, ($50 - $3) considerando um
underpricing de $3. . os custos de lançamento estão estimados a $2,50 por
ação. No total, o underpricing e custos de lançamento chegam a $5,50.
Subtraindo $5.50 do preço atual da ação, chegamos a recebimentos líquidos
de $44,50 por ação.
Aplicando o modelo teremos:
Kn =
$4,00
+ 0,05 = 0,09 + 0,05 = 0,140 x 100 = 14%
$44,50
O custo de obtenção de capital próprio da empresa com a emissão de novas
ações é igual a 14%.
O Custo Médio Ponderado de Capital
O custo médio ponderado de capital (ka) reflete o custo médio esperado
para os fundos de longo prazo e é calculado multiplicando o custo específico
de cada modalidade de financiamento por sua proporção na estrutura de
capital da empresa.
k a = (wi ´ ki ) + (w p ´ k p ) + (ws ´ k s ou n )
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Onde:
Wi = proporção de capital de terceiros na estrutura de capital
Wp = proporção de ações preferenciais na estrutura de capital
Ws = proporção de capital próprio na estrutura de capital
EXEMPLO
Os custos de capital calculados para a empresa utilizada como exemplo
forma os seguintes:
Custo de capital de terceiros = 5,6% (já descontado o imposto de renda)
Custo das ações preferenciais = 10,65%
Custo dos lucros retidos
=
13,00%
Custo das novas ações ordinárias = 14,%
EXEMPLO:
Suponha que a empresa espera acumular um volume substancial de
lucros retidos disponíveis ($300.000), planeja usar seu custo de lucros retidos,
como custo de capital próprio. O custo médio ponderado de capital da empresa
é calculado na tabela abaixo.
Fonte
de
capital
Capital de terceiros
de longo prazo
Ações preferenciais
Capital próprio
CMPC
Peso
(1)
Custo
(2)
0,40
5,6%
0,10
0,50
10,6%
13,0%
Custo ponderado
(1) x (2)
(3)
2,2%
1,1%
6,5%
9,8%
4.4.1.3 Custo Marginal e Decisões de Investimento
O CMPC costuma aumentar à medida que o volume de capital novo
cresce em dado período. Isso ocorre porque as empresas precisam elevar o
retorno oferecido aos investidores de modo a interessar para eles fornecer
capital adicional e compensar o maior risco decorrente dos maiores volumes de
capital obtidos. Além disso, o custo eventualmente subirá quando a empresa
não contar mais com os lucros retidos, mais baratos, e for obrigada a obter
novo capital próprio, mais caro.
Custo marginal ponderado de capital CMgPC
O custo marginal ponderado de capital é o custo médio ponderado de
capital associado ao real seguinte de financiamento novo. A determinação dos
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pontos de quebra da curva de CMgPC permite descobrir em que níveis de
financiamento novo, o CMPC aumentará em função dos fatores mencionados
anteriormente.
Determinação dos pontos de quebra
PQ =
VF j
Wj
Onde:
PQj = ponto de quebra da fonte de financiamento
VFj = volume de fundos disponível da fonte de financiamento j a um dado custo
Wj = peso da fonte de financiamento j na estrutura de capital (em formato decimal)
EXEMPLO
Ao esgotar seus lucros retidos disponíveis de $ 300.000 ( Kr = 13%), a empresa
precisa usar um financiamento mais caro, obtido com a emissão de novas
ações ordinárias (kn 14%), para satisfazer suas necessidades de capital
próprio. Além disso a empresa espera obter apenas $ 400.000 de capital de
terceiros ao custo de 5,6%. O endividamento adicional terá um custo, depois do
imposto de renda (Ki) de 8,4%. Portanto há dois pontos de quebra:
(1) quando são esgotados os $300.000 de lucros retidos ao custo de 13%
,e
(2) quando é ultrapassado o limite de $400.000 de capital de terceiros de
longo prazo a 5,6%
Os pontos de quebra podem ser encontrados inserindo esses valores e os
pesos correspondentes da estrutura de capital.
Aplicando o modelo temos:
PQ =
VF j
Wj
$300.000
= $ 600.000
0,50
$400.000
PQ capital de terceiros de longo prazo =
= $ 1.000.000
0,40
PQ capital próprio =
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Cálculo do CMgPC
Uma vez determinados os pontos de quebra, o passo seguinte é calcular o
custo médio ponderado de capital no intervalo de financiamento novo total
entre pontos de quebra.
1) calculamos o CMPV para um nível de financiamento novo total entre
zero e o primeiro ponto de quebra.
2) Determinamos o CMPC para um nível de financiamento novo total entre
o primeiro e o segundo ponto de quebra;
Para cada um dos intervalos de financiamento novo total entre os
pontos de quebra, certos custos de tipos de capital l de terceiros e capital
próprio) se elevarão. Isso fará com que o custo médio ponderado de capital
suba a um nível superior ao intervalo precedente.
Com essas informações, pode-se calcular o CMgPC da empresa como
se apresenta na tabela seguinte:.
Custo médio ponderado de capital para cada intervalo de
financiamento novo total da empresa.
Intervalo de
Financiamento
total
Fontes de capital
Peso
Capital de Terceiros
40%
Ações Preferenciais
10%
Capital próprio
50%
Custo médio ponderado de capita - CMPC
Capital de Terceiros
40%
$600.000 a $
Ações Preferenciais
10%
1.000.0000
Capital próprio
50%
Custo médio ponderado de capital – CMPC
Capital de Terceiros
40%
Ações Preferenciais
10%
Acima de $1.000.000
Capital próprio
50%
Custo médio ponderado de capital - CMPC
$0 a $ 600.000
Custo
novo
5,6 %
10,6 %
13,%
5,6%
10,6%
14%
8,4 %
10,6 %
14%
Custo
ponderado
2,2%
1,1%
6,5%
9,8%
2,2%
1,1%
6,5%
10,3%
3,4%
1,1%
7,%
11,5%
Observe que os custos médios ponderados de capital (CMPC), cresce a
medida que a empresa preciosa utilizar novas fontes de financiamento.
Custo marginal CMgPC na escala de oportunidades de investimento EOI
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Escala de oportunidades de investimento da empresa
Taxa interna de
retorno –TIR
(1)
15,0%
14,5%
14,0%
13,0%
12,0%
11,0%
10,0%
Oportunidades de
investimento
A
B
C
D
E
F
G
Investimento inicial $
(2)
100.000
200.000
400.000
100.000
300.000
200.000
100.000
Investimento
acumulado $
(3)
100.000
300.000
700.000
800.000
1.100.000
1.300.000
1.400.000
Escala do CMgPC
CMPC
A
15%
B
C
D
13,0%
E
11,5%
11,5%
10,3%
10,58
F
G
9,8%
9,5%
500
1.000
1.500
Investimento ou novo financiamento?
A análise deve ser realizada começando por aquele que tiver maior
diferença entre a TIR e o custo do capital, descendo até aquele em que a TIR
é igual ao custo do capital que resulta no VPL máximo para os projetos
independentes o que é coerente com os objetivos do acionistas da empresa.
Partindo desse pressuposto a empresa deverá aceitar os projetos A, B,
C, D e E que estaria coerente com interesses dos acionista.
106
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4.5 AVALIAÇÃO DOS INVESTIMENTOS
Até aqui nos detivemos à compreensão mais genérica do orçamento
dentro das organizações, não é mesmo? Mas certamente você deve estar
ansioso em aprender os métodos que nós, Administradores Financeiros,
devemos dominar para determinar a escolha correta dos investimentos,
concorda? Pois bem, pós a classificação dos projetos tecnicamente aceitáveis
do ponto de vista operacional (nos casos de projetos produtivos), é
imprescindível que a escolha, também, considere aspectos econômicos. E é a
administração financeira que fornece os critérios de decisão, para a escolha
entre as alternativas de investimento. Infelizmente, alguns métodos utilizam
conceitos pouco consistentes e frágeis do ponto de vista econômico-financeiro.
Por esta razão, é muito importante ter cuidado com o uso de alguns destes
métodos e, principalmente, conhecer suas limitações.
Após terem feito estimativas de fluxos de caixa relevantes, como foi
mostrado no tópico anterior, às empresas os analisam para julgar se um projeto
é aceitável ou para classificar projetos. Existem diferentes técnicas disponíveis
para a realização dessas análises. Os enfoques mais usados integram
procedimentos de cálculo do valor do dinheiro no tempo, considerações de
risco e retorno e conceitos de avaliação para selecionar gastos de capital
compatíveis com o objetivo de maximização da riqueza dos proprietários da
empresa.
As principais técnicas utilizadas para análise de investimento de capital
são: Período de retorno – Payback , Valor Presente Líquido - VPL e a Taxa
Interna de Retorno – TIR
4.5.1 Período de Retorno - Payback
Um dos métodos muito utilizado é o payback ou método do tempo de
recuperação do investimento. O payback mede número de anos necessários
para recuperar o investimento inicial Se o período de payback encontrado
representa um período de tempo aceitável para a empresa, o projeto será
selecionado.
Entendendo melhor:
•
O período do payback mede simplesmente quanto tempo (em anos e/ou
meses) é necessário para a empresa recuperar o investimento inicial em
um projeto.
•
O período de payback máximo aceitável é fixado pela administração da
empresa, de acordo com os objetivos financeiros.
107
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Os critérios de decisão do payback
•
•
Se o período de payback for menor do que o período máximo aceitável
de recuperação, o projeto deverá ser aceito.
Se o período de payback for maior do que o período máximo aceitável
de recuperação, o projeto deverá ser rejeitado.
Prós e Contras do payback
•
•
•
O período de payback é largamente utilizado por empresas de grande
porte para avaliar pequenos projetos, e por empresas de pequeno porte
para avaliar a maioria de seus projetos.
É simples, intuitivo e leva em conta fluxos de caixa, e não lucros
contábeis.
Também leva implicitamente em conta a distribuição de fluxos de caixa
no tempo, sendo usado como complemento de outros métodos, como os
de valor presente líquido e taxa interna de retorno.
Uma empresa metalúrgica de médio porte que atualmente está analisando
dois projetos. O projeto A exige investimento inicial de $ 42.000 e o projeto B
requer investimento inicial de $ 45.000. As entradas operacionais de caixa
relevantes projetadas são apresentadas na Tabela abaixo.
Dados de gastos de capital da Empresa
Projeto A
Projeto B
Investimento
$42.000
$45.000
Inicial
Ano
Entradas operacionais
de caixa
1
14.000
28.000
2
14.000
12.000
3
14.000
10.000
4
14.000
10.000
5
14.000
10.000
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Projeto A
14.000
14.000
14.000
14.000
14.000
12.000
10.000
10.000
10.000
42.000
Projeto B
28.000
45.000
As linhas do tempo representam os fluxos operacionais convencionais
dos projetos A e B
Prós e Contas do período de payback
•
•
•
Uma importante deficiência do período de payback é que o período
apropriado de recuperação é um número determinado subjetivamente.
Também ignora o objetivo de maximização de riqueza, pois não se
baseia em fluxos de caixa descontados, e, assim, não fornece qualquer
indicação de que um projeto acrescenta ou não valor à empresa.
Portanto, o payback não considera integralmente o valor do dinheiro no
tempo.
EXEMPLO:
Uma empresa tem duas oportunidade de investimento o Projeto X e o Projeto
Y, cujos dados são apresentados na tabela abaixo: O período de retorno do
109
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projeto X é igual a dois anos; e do projeto Y é de 3 anos. Considerando o
enfoque do payback. Podemos achar que o projeto X é preferível ao projeto Y.
Entretanto se analisarmos além do período de recuperação, veremos que o
projeto X proporciona apenas $ 1.200 a mais ( 1.000 no ano 3 + 100 no ano 4
+ 100 no ano 5). Ao passo que o projeto Y retorna $ 7.000 a mais ($4.000 no
ano 4 + $3.000 no ano 5). Co base nessa informação, o projeto Y parece
preferível ao projeto X. isso mostra que a análise pelo payback ignorou as
entradas de caixa que ocorrem depois do final do prazo de recuperação.
Fluxos de caixa relevantes e períodos de payback dos
projetos da empresa.
Projeto X
Projeto Y
Investimento Inicial
10.000
10.000
Ano
Entradas operacionais de caixa
1
5.000
40.000
2
5.000
2.000
3
1.000
3.000
4
100
4.000
5
100
3.000
Período de Payback
2 anos
3 anos
4.5.2 O Valor Presente Líquido - VPL
O método do valor presente, também conhecido pela terminologia método
do valor atual, caracteriza-se, essencialmente, pela transferência para o
instante presente de todas as variações de caixa esperadas, descontadas à
taxa mínima de atratividade. Em outras palavras, seria o transporte para a data
zero de um diagrama de fluxos de caixa, de todos os recebimentos e
desembolsos esperados, descontados à taxa de juros considerada. Como já
abordado na disciplina de Matemática Financeira, você sabe que não podemos
proceder soma simples dos fluxos de caixa, tendo em vista que o dinheiro tem
valor no tempo. E, portanto, os valores mesmo que nominalmente iguais
apresentam valores reais distintos. Essa técnica leva tal aspecto em conta.
Não menos importante, o método avalia o projeto ao longo de toda sua
vida útil, incluindo todos os fluxos de caixa líquidos do projeto na análise,
procedimento não tratado pelo payback, lembra? Assim você pode perceber
que o método do valor presente líquido (VPL), é ancorado nas técnicas de fluxo
de caixa descontado (FCD). Para implementar essa abordagem, será preciso:
encontrar o valor presente de cada fluxo de caixa, incluindo-se entradas e
saídas, descontadas ao custo de capital do projeto; somar esses fluxos de
caixa descontados, essa soma é definida como o VPL do projeto; e se o VPL
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for positivo, o projeto deve ser aceito, ao passo que, se o VPL for negativo,
deve ser rejeitado. Se os dois projetos são mutuamente exclusivos, aquele com
o VPL mais alto deve ser o escolhido, desde que o VPL seja positivo.
•
O valor presente líquido (VPL) é obtido subtraindo-se o investimento
inicial de um projeto, depois do imposto de renda, do valor presente de
suas entradas de caixa, depois do imposto de renda.
n
VPL = å
t =1
FCt
- FC 0
(1 + k )t
Critérios de decisão
Se VPL > 0, o projeto deverá ser aceito.
Se VPL < 0, o projeto deverá ser rejeitado.
Se VPL = 0, é indiferente aceitar ou rejeitar o projeto.
Usando os dados da empresa, mostrado no exemplo anterior (tabela abaixo)
vamos supor que o custo de capital da empresa seja de 10%. Com base nos
fluxos de caixa e no custo de capital (retorno exigido) fornecido, o VPL pode
ser calculado como é mostrado na figura abaixo.
Dados de gastos de capital da Empresa
Projeto A
Projeto B
Investimento
$42.000
$45.000
Inicial
Ano
Entradas operacionais
de caixa
1
14.000
28.000
2
14.000
12.000
3
14.000
10.000
4
14.000
10.000
5
14.000
10.000
111
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Aplicando o modelo:
n
VPL = å
t =1
FCt
- FC 0
(1 + k )t
VPL A =
14.000
14.000
14.000
14.000
14.000
+
+
+
+
- 42.000 = 11.071
1
2
3
4
(1 + 0,1) (1 + 0,1) (1 + 0,1) (1 + 0,1) (1 + 0,1)5
VPL B =
28.000
12.000
10.000
10.000
10.000
+
+
+
+
- 45.000 = 10.924
1
2
3
4
(1 + 0,1) (1 + 0,1) (1 + 0,1) (1 + 0,1) (1 + 0,1)5
Solução com o uso da calculadora HP 12C
Projeto A
Dados
- 42.000
14.000
5
10
NPV
Função
CHS CF0
CF1
nj
i
11.071,01
Projeto B
Dados
- 45.000
28.000
12.000
10.000
3
10
NPV
Função
CHS CF0
CF1
CF2
CF3
Nj
i
10.924,40
4.5.3 A Taxa Interna de Retorno- TIR
Por definição, a taxa interna de retorno de um projeto é a taxa de juros para a
qual o valor presente das receitas torna-se igual aos desembolsos. Isso
significa dizer que a TIR é aquela que torna nulo o valor presente líquido do
projeto. Pode ainda ser entendida como a taxa de remuneração do capital. A
112
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TIR deve ser comparada com a TMA ou CMPC para a conclusão a respeito da
aceitação ou não do projeto. Uma TIR maior que a TMA indica projeto atrativo.
Se a TIR é menor que a TMA, o projeto analisado passa a não ser mais
interessante.
•
A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que iguala o valor
presente líquido das saídas ao valor presente das entradas.
•
A TIR é a taxa intrínseca de retorno do projeto.
n
FC 0 = å
t =1
FCt
(1 + TIR )t
Critérios de decisão
Se TIR > k, o projeto deverá ser aceito.
Se TIR < k, o projeto deverá ser rejeitado.
Se TIR = k, é indiferente aceitar ou rejeitar o projeto.
Cálculo da TIR
Utilizando os mesmos exemplos anteriores, na tabela abaixo:
Dados de gastos de capital da Empresa
Projeto A
Projeto B
Investimento
$42.000
$45.000
Inicial
Ano
Entradas operacionais
de caixa
1
14.000
28.000
2
14.000
12.000
3
14.000
10.000
4
14.000
10.000
5
14.000
10.000
O cálculo da TIR de forma manual pode ser realizado pelo método de
tentativa e erro, ou seja, desconta-se os projetos por vária taxas até encontrar
taxas que levem o VPL o mais próximo de zero possível e obtém-se uma TIR
aproximada. Pode-se fazer uma interpolação para aproximar ainda mais a taxa,
113
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entretanto na era da informação é mais adequado calcular a TIR com o uso de
uma calculadora financeira ou de uma planilha eletrônica.
Cálculo com uso da HP 12c
Procede-se da mesma forma utilizada para o cálculo do VPL, após devemos
acionar as teclas de cor laranja f IRR, que obteremos a TIR, conforme
mostramos abaixo:
Projeto A
Dados
- 42.000
14.000
5
10
NPV
f IRR
Função
CHS CF0
CF1
nj
i
11.071,01
19,9%
Projeto B
Dados
- 45.000
28.000
12.000
10.000
3
10
NPV
F IRR
Função
CHS CF0
CF1
CF2
CF3
Nj
i
10.924,40
21,7%
4.6 PERFIS DO VPL
•
Os perfis de VPL são gráficos que representam os VPLs de projetos em
função de taxas de desconto e constituem excelente instrumento de
comparação de projetos.
Para preparar perfis de VPL dos dois projetos da Bennett Company, A e B, o
primeiro passo é construir um conjunto de coordenadas combinando taxas de
desconto e VPL e a seguir representá-los graficamente, como é mostrado na
tabela e na figura a seguir.
114
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Projeto A
($14.000 + $14.000 + $14.000+$14.000+$14.000) - $42.000 = $28.000
Projeto B
($28.000 + $12.000 + $10.000 + $10.000 + $10.000 ) - $45.000 = $25.000
Os valores presentes dos dois projetos
O gráfico mostra que qualquer taxa de desconto inferior a
aproximadamente 10,7%, o VPL do projeto A é superior ao do Projeto B. Além
disso, o VPL do projeto B é maior. Como os perfis do valor presente líquido
dos projetos A e B se cruzam em um VPL positivo, as TIRs dos projetos geram
classificações conflitantes sempre que forem calculadas a taxas de desconto
inferiores a 10,7%
Classificações Conflitantes
Às vezes ocorrem classificações conflitantes de dois ou mais projetos
usando o VPL e a TIR por causa de diferenças em termos de magnitude e
distribuição de fluxos de caixa no tempo.
A causa subjacente de classificações conflitantes é a hipótese implícita a
respeito do reinvestimento de entradas de caixa intermediárias – entradas de
caixa que ocorrem antes do final do projeto.O VPL supõe que as entradas
intermediárias são reinvestidas ao custo de capital, enquanto a TIR supõe que
são reinvestidas à própria TIR.
115
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Coordenadas de taxa de desconto para os
projetos A e B
Valor presente líquido
Taxa de desconto Projeto A
Projeto B
0%
$28.000
$25.000
10,9%
11.071
10.924
19,9%
0
21,7%
0
EXEMPLO:
Um projeto exige investimento inicial de $170.000 deve gerar entradas
operacionais de caixa de $52.000, $78.000 e $100.000 ao final de cada um dos
próximos três anos. O VPL do projeto (ao custo de capital da empresa, ou seja,
10%) é igual a 16.867 e sua TIR é 15%. Está claro que o projeto é aceitável
(VPL = 16.867 > $ 0 e TIR = 15% > custo de capital de 10%).
A tabela a seguir mostra o cálculo do valor futuro do projeto ao final de
sua duração de três anos, supondo taxas de retorno de 10% (seu custo de
capital) e de 15% (sua TIR). Um valor futuro de $248.720 resulta do
reinvestimento ao custo de capital de 10% (total da coluna 5) e um valor futuro
de $ 258.496 resulta do reinvestimento à TIR de 15% (total da coluna 7).
Se o valor futuro, em cada caso apresentado na tabela , fosse visto
como o retorno obtido, daqui a três anos, com o investimento inicial de
$170.000, os fluxos de caixa seriam os apresentados na tabela. À taxa de
reinvestimento de 10%, o VPL continua igual a %16.867; reinvestimento à TIR
de 15% produz um VPL de % 24.213.
Com esse resultado, fica claro que a técnica do VPL pressupõe
reinvestimento ao custo de capital (10%, nesse exemplo). (Com reinvestimento
de 10%, a TIR seria igual a 13,5%.) Por outro lado, a técnica da TIR pressupõe
a capacidade de poder reaplicar as entradas intermediárias de caixa a ela. Se o
reinvestimento não ocorrer a essa taxa, a TIR será diferente de 15% . O
reinvestimento a uma taxa inferior a TIR resultaria em uma TIR abaixo daquela
calculada (a 13,5%, por exemplo, se a taxa de reinvestimento fosse somente
de 10%). O reinvestimento a uma taxa aquém da TIR resultaria em uma TIR
inferior à calculada.
116
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Comparações de taxa de reinvestimento em um projeto
Taxa de reinvestimento
Número
de Taxa de reinvestimento
anos
de
rendimento (t)
Ano Entradas
10%
[3-(1)]
de caixa
FVF10%,t valor futuro
[(2)´(4)]
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
1
$ 52.000
2
1,210
$ 62.920
2
78.000
1
1,100
85.800
3
100.000
0
1,000
100.000
Valor futuro no final do ano 3
$248.720
15%
FVF15%,t
(6)
1,323
1,150
1,000
valor futuro
[(2)´(6)]
(7)
$ 68.796
89.700
100.000
$258.496
*VPL a 10% = $ 16.867
TIR = 15%
ª O investimento inicial nesse projeto é de $ 70.000.
Fluxos de caixa de projetos após reinvestimento
Investimento inicial
10%
15%
Investimento inicial
$ 170.000
Ano
Entradas operacionais de caixa
1
$
0
$ 0
2
0
0
3
248.720
258.496
VPL 10%
TIR
$ 16.867
13,5%
$ 24.213
15,0%
Em geral, os projetos com investimentos de magnitudes semelhantes e
entradas menores nos primeiros anos tendem a ser preferidos a taxas de
desconto mais baixas. Os projetos com entradas de caixa maiores nos
primeiros anos tendem a ser preferidos a taxa de desconto mais elevadas? Por
quê? Porque, a taxas de desconto mais elevadas, as entradas de caixa mais
distantes tendem a ser penalizadas em termos de valor presente. Por exemplo:
A uma taxa alta de desconto – 20%, por exemplo -, o valor presente de $1
recebido ao final de cinco anos é de apenas $ 0,40, enquanto $ 1 recebido ao
final de 15 anos vale menos de $ 0,07.
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EXEMPLO
Descobriu-se que os projetos A e B da empresa eram classificados de maneira
conflitante com o custo de capital da empresa (10%). Se verificarmos as
entradas de caixa da cada projeto apresentadas na tabela, verifica-se que
embora os projetos exijam investimento iniciais semelhantes, possuem séries
de entradas de caixa bastante distintas. Vê-se na tabela que o projeto B
apresenta entradas iniciais maiores do que o projeto A, seria preferível a este
projeto, a taxas de desconto mais altas. A tabela mostra que é isso que
acontece. A qualquer taxa de desconto acima de 10,7%, o VPL do projeto B é
maior que o projeto A. Sem dúvida, a magnitude e a distribuição das entradas
de caixa dos projetos no tempo afetam sua classificação.
Preferências associadas a taxas de desconto extremas e séries
distintas de entradas de caixa
Séries de entradas de caixa
Entradas iniciais Entradas iniciais
Taxa de desconto
menores
maiores
Baixa
Preferíveis
Não preferíveis
Alta
Não preferíveis
Preferíveis
Qual o melhor método?
É difícil escolher um enfoque em detrimento do outro porque os pontos
fortes teóricos e práticos dos enfoques são diferentes. É mais prudente,
portanto, considerar o VPL e a TIR em cada uma dessas dimensões.
Em bases puramente teóricas, o VPL é melhor, porque: O uso do VPL
implicitamente supõe que as entradas intermediárias de caixa são reaplicadas
ao custo de capital da empresa. O uso da TIR supõe que são reaplicadas à
geralmente elevada taxa por ela especificada.
Além disso algumas propriedades matemáticas podem fazer com que um
projeto com séries não convencionais de fluxos de caixa não tenha TIR igual a
zero ou tenha mais de uma TIR real. Esse problema não ocorre com o enfoque
do VPL.
As evidência indicam que, apesar da superioridade do VPL, os
administradores financeiros prefiram usar a TIR. Essa preferência se deve à
predisposição geral dos executivos para as taxas de retorno, e não para os
retornos monetários. Como as taxas de juros, de rentabilidade e outras são
mais freqüentemente expressas sob a forma de taxas anuais de retorno, o uso
da TIR faz sentido para os tomadores de decisão financeiras. Eles tendem a
considerar o VPL menos intuitivo porque não mede benefícios em relação ao
montante aplicado.
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4.7 DECISÕES DE INVESTIMENTO EM CONDIÇÕES DE RISCO
Estudamos no tópico anterior técnicas aplicadas em um ambiente
desprovido de incertezas. Todos os fluxos de caixa relevantes dos projetos,
não consideravam um certo volume de riscos. Na realidade, situações em que
o risco de cada projeto é igual são raras. Os fluxos de caixa de projetos em
geral possuem níveis distintos de risco e a aceitação de um projeto afeta o
risco geral da empresa.
Estratégias para Gerenciar o Risco
Os enfoques comportamentais são utilizados para obter uma noção do
nível de risco em um projeto. Outros enfoques levam o risco de um projeto
explicitamente em conta.
Serão vistos nessa parte as seguintes estratégias:
· Riscos de entradas de caixa
· Análise de sensibilidade
· Análise de cenários;
· Simulação;
a) Riscos de entradas de caixa
No contexto dos projetos de investimento (orçamento de capital) discutidos
o risco refere-se a possibilidade de que um projeto se mostre inaceitável,
dentro dos critérios de decisão, ou seja VPL menor que zero ou TIR maior que
o custo de capital, ou seja, o risco é grau de variabilidade dos fluxos de caixa.
Nos projetos convencionais de orçamento de capital, o risco resulta quase
inteiramente da incerteza a respeito das entradas futuras de caixa, porque a
saída inicial de caixa (investimentos) geralmente é conhecida.
Em resumo os riscos resultam:
§
Esses riscos resultam de diversos fatores, entre eles, a incerteza a
respeito de receitas, despesas e impostos futuros.
§
Portanto, para aferir o risco de um projeto, o analista precisa medir o
risco das entradas de caixa.
EXEMPLO:
119
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Uma empresa varejista de pneus, tem custo de capital de 10% e está
analisando a possibilidade de investir em um de dois projetos mutuamente
exclusivos, A ou B. Cada um deles exige investimento inicial de $ 10.000 e
ambos devem gerar entradas de caixa anuais iguais durante 15 anos.
Para que algum dos projetos sejam aceitáveis, de acordo com a técnica do
Valor Presente Liquido – VPL, este precisa ser maior que zero .
Vamos calcular agora a entrada de caixa de equilíbrio, ou seja, o nível mínimo
de entrada de caixa necessário para que os projetos da
empresa sejam
aceitos.
Usando a HP 12C
Dados
10.000
14.000
15
10
PMT
Função
CHS PV
CF1
n
i
1.314,74
Os valores obtidos indicam que, para que os projetos sejam aceitáveis,
devem gerar entradas de caixa de pelo menos $ 1.315. Dado o nível de
equilíbrio para as entradas de caixa, o risco de cada projeto pode ser avaliado
determinando-se a probabilidade de que as entradas de caixa sejam iguais ou
superiores ao nível de equilíbrio.
O uso de técnicas estatísticas, que não fazem parte de nosso estudo
nesse momento permitem determinar essas probabilidades. Por ora podemos
supor que essa análise estatística produz o seguinte:
1)
2)
Probabilidade do Fluxo de caixa do projeto A ser maior que
$1.315 – 100%
Probabilidade do Fluxo de caixa do projeto B ser maior que
$1.315 –65%
Como há certeza (100% de probabilidade) de que o projeto A terá valor
presente líquido positivo, diferentemente do projeto B, que apresenta somente
65% de probabilidade de que isso aconteça, conclui-se que o primeiro projeto é
menos arriscado que o segundo.
b) Análise de Sensibilidade
A análise de sensibilidade é um enfoque comportamental que utiliza
diversos valores possíveis de uma variável, como as entradas de caixa, para
avaliar seu impacto sobre o retorno da empresa, medido aqui pelo VPL. Essa
técnica é freqüentemente empregada quando se deseja uma noção da
variabilidade do retorno em resposta a mudanças de uma variável-chave.
120
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Em orçamento de capital, um dos enfoques mais comuns da análise de
sensibilidade consiste em estimar os VPLs associados à estimativas
pessimistas (pior), mais provável (esperada) e otimista (melhor) das entradas
de caixa. A amplitude pode ser determinada subtraindo-se o VPL do resultado
pessimista do VPL do resultado otimista.
O critério de decisão neste caso é a amplitude, que pode ser
determinada subtraindo-se o VPL do resultado pessimista do VPL do resultado
otimista.
EXEMPLO:
Continuando com o exemplo anterior, a empresa varejista de pneus, tem
custo de capital de 10% e está analisando a possibilidade de investir em um de
dois projetos mutuamente exclusivos, A ou B. Cada um deles exige
investimento inicial de $ 10.000 e ambos devem gerar entradas de caixa anuais
iguais durante 15 anos.
Como administrador financeiro, você recebeu a estimativa pessimista, a
mais provável e a otimista das entradas anuais de caixa de cada projeto, de
acordo com a tabela abaixo;
Investimento
inicial
Pessimista
Mais provável
Otimista
Cenários
Pessimista
Mais provável
Otimista
Amplitude
Projeto A
R$ 10.000
Projeto B
R$ 10.000
R$ 1.500
R$ 0
R$ 2.000
R$ 2.000
R$ 1.000
R$ 4.000
Valores Presentes Líquido
R$ 1.409
(R$ 10.000)
R$ 5.212
R$ 5.212
R$ 9.015
R$ 20.424
R$ 7.606
R$ 30.424
Fica claro que o projeto A é menos arriscado que o projeto B, dados
que os projetos tem o mesmo VPL mais provável ($5.212). Um executivo com
aversão ao risco poderia preferir projeto A..
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c) Análise de cenários
É um enfoque comportamental semelhante à análise de sensibilidade,
mais seu escopo é mais amplo. Ela avalia o impacto sobre o retorno da
empresa de alterações simultâneas de diversas variáveis, como entradas de
caixa, saídas de caixa e custo de capital.
Ao utilizar a análise de cenários, uma empresa poderia avaliar o impacto
tanto da inflação elevada (cenário1) como da inflação baixa (cenário 2) sobre o
VPL de um projeto, Cada cenário afetará as entradas de caixa, saídas de caixa
e o custo do capital, resultando,portanto, em diferentes níveis de VPL. O
responsável pela tomada de decisões poderá usar essas estimativas de VPL
para aferir o risco associado ao nível de inflação.
d) Simulação
A Simulação é um enfoque comportamental com base estatística que
aplica distribuições de probabilidades predeterminadas, juntamente com a
geração de números ao acaso, para estimar resultados com risco.
Vinculando os diversos componentes do fluxo de caixa em um modelo
matemático e repetindo o processo várias vezes, o administrador financeiro
pode construir uma distribuição de probabilidades dos resultados de um
projeto.
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BIBLIOGRAFIA
§
§
Básica:
§ Gitman, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12ª Ed.
São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2009. (Cap. 10).
§
Complementar:
§ Assaf Neto, A. Curso de Administração Financeira . São
Paulo: Atlas, 2009.
i
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