O 2 - ICB-USP

Propaganda
LABORATÓRIO DE ANAERÓBIOS
Bactérias Anaeróbias e
diagnóstico microbiológico
Prof. Dr. Mario Julio Avila-Campos
http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac
ANAERÓBIOS - ORIGEM
- Origem da Terra - ambiente atmosférico
era totalmente livre de oxigênio.
- Evidências filogenéticas sugerem que os
organismos anaeróbios estritos seriam as
primeiras formas de vida que emergiram
em nosso planeta (Gest, 1980).
Laboratório de Anaeróbios
ANAERÓBIOS - ORIGEM
- O sucessivo aumento da concentração
de oxigênio na atmosfera terrestre causou
a evolução dos sistemas biológicos no
desenvolvimento
transportadoras
de
de
elétrons,
cadeias
e
de
complexos enzimáticos capazes de utilizar
eficientemente o oxigênio como aceptor
final dos elétrons.
Laboratório de Anaeróbios
HISTÓRICO
Hipócrates (400 aC): Tétano
Antony van Leewenhoek (1680): “Animálculos”
Louis Pasteur (1861): Aeróbio e Anaeróbio
Laboratório de Anaeróbios
DEFINIÇÃO
Bactéria anaeróbia
“É todo microrganismo que cresce em
ambiente isento de oxigênio e que realiza suas
funções
metabólicas
vitais
utilizando
compostos diferentes do O2, tais como
sulfatos, carbonatos, nitratos”.
Laboratório de Anaeróbios
SUSCEPTIBILIDADE AO OXIGÊNIO
“ O OXIGÊNIO EXCESSIVO É TÃO PERIGOSO QUANTO
A SUA DEFICIÊNCIA” (Lavoisier, 1785)
[O2]
Organismo
MORTE
* Por quê existem diferenças quanto à sensibilidade ao
oxigênio entre os seres vivos?
* A quê se deve a toxicidade desta substância?
Laboratório de Anaeróbios
RADICAIS LIVRES LETAIS
Sub-produtos do metabolismo bacteriano
que oxidam proteínas, lipídeos e DNA:
- Anion superóxido: O2- Radical hidroxila: OH
- Peróxido de hidrogênio: H2O2
- Óxido nítrico: NO
Tóxicos para células eucarióticas e procarióticas
Laboratório de Anaeróbios
MECANISMOS DE DEFESA CONTRA O OXIGÊNIO
H2 O + O2
O2
Catalase
Fe2+
SOD
O2-
H2O2
NADH + H+
2GSH
Fe3+
*
OH-
H+
H2O
**
O2-
NAD+
GS-SH
H2O
*Reação de Fenton
** Reação de Haber-Weiss
Glutationa peroxidase
Laboratório de Anaeróbios
TOXICIDADE DO OXIGÊNIO
Oxigênio
Altera membrana
citoplasmática
(lipídeos)
Oxidação
enzimática
Oxidação
lipídica
Inibição
enzimática
Metabolismo
inativo
Lise
Morte
Laboratório de Anaeróbios
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A SENSIBILIDADE
AO OXIGÊNIO
- Anaeróbios estritos: não crescem O2 > 0,5%
- Anaeróbios intermediários ou moderados: crescem
de 2 a 8% O2
- Microaerófilos: baixa tensão de O2
- Capnofílicos: adição de 5 - 10% CO2
- Aerotolerantes: crescem em anaerobiose e viáveis
por várias horas na presença de O2.
Laboratório de Anaeróbios
Metabolismo Bacteriano Anaeróbio
Produção de Energia Anaeróbia:
- Não existe participação do oxigênio
- Realizado por três processos:
» Respiração Anaeróbia
» Fermentação
» Fotossíntese
Laboratório de Anaeróbios
Respiração anaeróbia
» Processo de liberação de energia, onde o aceptor
final de elétrons não é o oxigênio, mas sim um
substrato inorgânico: NO3, SO4, CO3.
» Não se observa: Ciclo de Krebs, devido a que A-CoA
em baixo Eh é inativo, nem a Cadeia Respiratória.
» É um processo lento, havendo formação de somente
2 ATP.
NO3
Nitrato redutase
Desnitrificação
NO2
Laboratório de Anaeróbios
N2
Ciclo de Krebs em E. coli Crescida em
Anaerobiose
Glicose
Fosfoenolpiruvato
Etapa
redutiva
Etapa
oxidativa
Oxalacetato
ACoA
Malato
Citrato
Isocitrato
Fumarato
Cetoglutarato
Succinato
Hemina, etc.
Piruvato
Inexistente em anaeróbios
Laboratório de Anaeróbios
Glutamato, etc.
Fermentação
- Não há aceptor final de elétrons,
Respiratória, e transporte de elétrons.
Cadeia
- Há pequena liberação de energia pelo processo
denominado Fosforilação ao nível do substrato.
- Compostos orgânicos funcionam como aceptores e
doadores de eletrons.
» Tipos de Fermentação:
1. Fermentação láctica: Acidifica produtos lácteos
- Fermentação homoláctica: produz só ác. láctico
- Fermentação heteroláctica: ác. láctico, acético, fórmico, etc.
2. Fermentação alcoólica: Produz álcool
Laboratório de Anaeróbios
Fotossíntese
- Processo dependente da luz solar, utilizado por
plantas e algumas bactérias.
- A luz solar é transformada em Energia Química,
utilizada para reduzir o CO2 para carboidrato.
Plantas, algas,
cianobactérias
Luz solar
Redução
CO2
Carboidrato
- Bacterioclorofila (Membrana plasmática)
- Clorofila (Cloroplastos)
6 CO2 + 12 H2O + energia luminosa
C6H12O + 6 O2 + 6 H2O
Laboratório de Anaeróbios
Anaeróbios como
microbiota indígena,
residente ou autóctone
Laboratório de Anaeróbios
Sabe-se pouco da associação
hospedeiro-microbiota indígena
Interação dinâmica
Para a microbiota, a interação fornece:
nutrientes, ambiente estável,
temperatura
constante,
proteção e transporte.
Para o homem, a interação traz:
benefícios nutricionais, estimulação
do sistema imune, e regulação da
colonização endógena e exógena.
Laboratório de Anaeróbios
TIPOS DE MICROBIOTA
1. MICROBIOTA INDÍGENA, RESIDENTE OU
AUTÓCTONE
Bactérias indígenas: > 1% da microbiota total
Bactérias suplementares: < 1% da microbiota total
2. MICROBIOTA EXÓGENA, ALÓCTONE OU
TRANSITÓRIA
Laboratório de Anaeróbios
MICROBIOTA INDÍGENA: COLONIZAÇÃO
NASCIMENTO: MICROBIOTA
CERVICAL MATERNA
MICROBIOTA
INDÍGENA,
AUTÓCTONE, RESIDENTE
GRUPO MICROBIANO DE
CADA SÍTIO CORPORAL
COMUNIDADE CLIMAX
Pele, C. bucal, T.
gastrointestinal, T.
respiratório
Laboratório de Anaeróbios
Brook (1979); Drasar et al. (1991)
Adquisição da Microbiota
Recém nascido
Cesárea ?
Parto normal
Mamadeira ?
Organismos do
canal vaginal
Predomínio de
Anaeróbios
Leite em pó ?
Leite de cabra ?
Início da colonização
microbiana Laboratório de Anaeróbios
ESTABELECIMENTO DA MICROBIOTA INDÍGENA
Recém nascido
Sucessão microbiana
Cavidade bucal
24 h
Aeróbios
Trato intestinal
2 h Eh-positivo
Bactérias maternas/ambiente
E. coli/estreptococos
Facultativos
6 meses
Anaeróbios
(108-1011 céls/g fezes)
24 h
Aeróbios:difteróides
- Estrógeno materno
- Glicogênio
7-15 dias Eh-negativo
Colonização-anaeróbios:
Lactobacillus, pH
15-30 dias
Bifidobacterium, Clostridium,
Bacteroides
Laboratório de Anaeróbios
Trato vaginal
Microbiota~adulto
Funções da microbiota residente
Protege e regula a
microbiota residente
Produção de substâncias
antagonistas: bacteriocinas
Auto-antagonismo
Iso-antagonismo
Laboratório de Anaeróbios
Hetero-antagonismo
Fatores que influenciam a colonização de bactérias
anaeróbias
⇒ Presença de oxigênio ~ Eh
⇒ Falta de enzimas: superóxido dismutase, catalase, peroxidase
⇒ Excesso de radicais livres
⇒ Capacidade de sobreviver no interior do corpo humano
⇒ Esporos presentes em alimentos, meio-ambiente
Laboratório de Anaeróbios
Principais Bactérias Anaeróbias de Interesse
Médico
Medicina
Veterinária
Humana
Clínica
Clostridium
Actinomyces
Propionibacterium
Fusobacterium
Bacteroides
Odontológica
Porphyromonas
Prevotella
Treponema
Peptostreptococcus
Actinomyces
Laboratório de Anaeróbios
Diagnóstico Laboratorial
de Bactérias Anaeróbias
Laboratório de Anaeróbios
Aparelho Respiratório:
Infecções do aparelho
respiratório superior,
pneumonia necrotizante,
abscesso pulmonar,
pneumonia aguda.
Abdômen: abscessos intraabdominais, abscesso
hepático, peritonite.
Pele e Tecidos Moles:
feridas profundas
infectadas, abscessos
profundos, septicemia,
gangrena, celulite.
Laboratório de Anaeróbios
Sistema Nervoso Central
e Cabeça: Infecções
periodontais, otite média
crônica, abscesso
cerebral, sinusite crônica.
Tórax: endocardite,
bacteremia, abscessos.
Trato Genital Feminino:
abscesso tubo-ovariano,
abscesso pélvico, aborto
séptico, endometrite
Participação de
anaeróbios em
processos
infecciosos
Gengivite
Veillonella spp.
Periodontite
Porphyromonas spp. e
Treponema spp.
Laboratório de Anaeróbios
Prevotella spp. e Porphyromonas spp.
Infecção endodôntica
Laboratório de Anaeróbios
Peptococcus spp. e Peptostreptococcus spp.
Endocardite
Laboratório de Anaeróbios
Bacteroides fragilis
Fascite necrosante
Laboratório de Anaeróbios
Celulite
Indícios clínicos de infecção por anaeróbios
Secreção de odor pútrido
Tecidos: gás, necrose, crepitação, fluorescência, formação
de pseudomembrana
Endocardites com hemocultura negativo
Infecções pelo uso de aminoglicosídeos
Infecções após mordidas humanas ou animais; aborto
séptico, infecção após cirurgia gastrintestinal, etc.
Laboratório de Anaeróbios
Indícios bacteriológicos de infecção por anaeróbios
Morfologia única na coloração de Gram.
Resistência a canamicina ou neomicina (100 µg/ml) ou
vancomicina (7,5 µg/ml).
Produção de gás, odor pútrido em culturas.
Colônias produzem fluorescência sob luz UV.
Laboratório de Anaeróbios
Considerações para Isolamento de Anaeróbios
1. São infecções mistas e natureza endógena.
2. Espécimes a serem obrigatoriamente pesquisadas:
- Lesões associadas com trato gastrintestinal ou
trato genital feminino;
- Septicemia;
- Infecções crônicas do trato respiratório superior
(sinusites, otite média);
Laboratório de Anaeróbios
- Lesão supurativa do trato respiratório inferior
(pneumonia).
- Meningites associadas com infecções crônicas do
trato respiratório superior (fluido cérebro-espinal).
- Abscessos superficiais e profundos (cerebral).
- Infecções dentais.
- Lesões por queimaduras e mordidas.
Laboratório de Anaeróbios
Esquema de Isolamento e Identificação
Espécime
Gram
Meio seletivo
Cultura pura
Importantissimo!!
Teste respiratório
Identificação
Susceptibilidade a antimicrobianos
Laboratório de Anaeróbios
Coleta e transporte de espécimes clínicos
Soluções ou meios pré-reduzidos
Hemocultura em meio PRAS
Laboratório de Anaeróbios
Coleta e transporte de espécimes em seringas
Para líquidos corporais, pus, sangue, etc.
Laboratório de Anaeróbios
Procedimento de incubação em anaeróbiose
Câmara de Anaerobiose
Jarra de Anaerobiose ou GasPak
Laboratório de Anaeróbios
Identificação Presuntiva
Laboratório de Anaeróbios
Identificação definitiva
Sistema Mini-API (bioMérieux)
Laboratório de Anaeróbios
Kit Rapid 32-A
Genética e Biologia molecular
√ Análise plasmídial
√ Enzimas de restrição ou endonucleases:
√ Sondas genéticas
√ PCR
Laboratório de Anaeróbios
Considerações Finais
A rotina laboratorial para anaeróbios é
trabalhosa e de elevado custo;
A maioria é exigente em termos atmosféricos e
nutricionais;
Fazem parte da microbiota residente humana e
animal, e podem produzir infecções endógenas.
http://www.icb.usp.br/bmm/mariojac
Laboratório de Anaeróbios
Download