GUIA DO TUTOR Volume 2 Matemática 3ª série do Ensino Médio Entre Jovens 3ª série do Ensino Médio: guia do tutor matemática. – São Paulo: Instituto Unibanco/CAEd, 2013. 252 p.; Vol II Realização Instituto Unibanco Presidência Pedro Moreira Salles Vice-Presidência Pedro Sampaio Malan Conselho Antonio Matias Cláudio de Moura Castro Cláudio Luiz da Silva Haddad Marcos de Barros Lisboa Ricardo Paes de Barros Tomas Tomislav Antonin Zinner Thomaz Souto Corrêa Netto Wanda Engel Diretoria Executiva Fernando Marsella Chacon Ruiz Gabriel Amado de Moura Jânio Gomes José Castro Araujo Rudge Leila Cristiane B. B. de Melo Luis Antônio Rodrigues Marcelo Luis Orticelli Superintendência Executiva Ricardo Henriques Gerência de Implementação de Projetos Tiago Borba Gerência de Desenvolvimento e Conteúdo Marta Grosbaum Gerência de Gestão do Conhecimento Camila Iwasaki Coordenação do material Juliana Irani do Amaral Gerência de Administração e Finanças Fábio Santiago Pesquisa e conteúdo CAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação Gerência de Escritório de Projetos José Carlos R. de Andrade Assessoria de Assuntos Estratégicos Christina Fontainha Assessoria de Comunicação Marina Rosenfeld Assessoria de Voluntariado Fabiana Mussato Consultoria responsável CAEd – Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação Agradecimentos especiais Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Secretarias de Estado de Educação do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais e escolas parceiras que contribuíram para a testagem e validação da Metodologia Entre Jovens. SUMÁRIO 9 Apresentação 11 OFICINA 11 FUNÇÃO QUADRÁTICA 29 OFICINA 12 RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO 53 OFICINA 13 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS 71 OFICINA 14 APLICAÇÕES DA TRIGONOMETRIA 97 OFICINA 15 ÁREAS DE FIGURAS PLANAS 123 OFICINA 16 SÓLIDOS GEOMÉTRICOS 143 OFICINA 17 NOÇÕES DE GEOMETRIA ANALÍTICA 163 OFICINA 18 CONTAGEM 185 OFICINA 19 PROBABILIDADE 209 OFICINA 20 TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO 231 MATRIZ DE REFERÊNCIA de matemática DO SAEB PARA a 3ª série dO ENSINO MÉDIO 235 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 239 RESPOSTAS APRESENTAÇÃO Prezado tutor. Dando continuidade ao Guia 1, organizamos esse segundo guia que complementará os temas de matemática a serem trabalhados dentro do Projeto Entre Jovens – 3º ano. Conforme já anunciamos na apresentação do 1º guia, os temas das 20 oficinas não cobrem a grade curricular do Ensino Médio, da mesma forma que, cada uma das oficinas, não esgota o tema por ela abordado. A teoria apresentada em cada oficina serve para que você, tutor, possa revisitar o assunto em tela e, com isso, instrumentalizar-se, do ponto de vista teórico, para uma abordagem adequada do tema proposto. A plataforma estará complementando esse material. Além das atividades propostas nos guias, dependendo da oficina, você encontrará na plataforma uma relação complementar de outras atividades que poderá desenvolver com os alunos. Devese dar ênfase e prioridade às atividades dos guias, mas, havendo tempo, pode-se lançar mão das demais atividades. A plataforma conterá recursos e conteúdos diversos. Além de textos complementares, serão disponibilizados aplicativos que facilitarão a sua compreensão, seja da teoria envolvida, seja dos exercícios propostos. Caso você atue em uma escola que ofereça, por alguns períodos, o espaço do laboratório de informática para sua atividade, apresente os aplicativos aos alunos. Cada oficina deve ser conduzida de forma que o aluno tenha sempre uma postura participativa, sendo permanentemente desafiado, provocado por perguntas e estimulado a tentar, ele próprio, resolver as atividades propostas. Sempre que necessário, revisite os aspectos teóricos e conceituais relacionados às ferramentas a serem empregadas na resolução de uma atividade. Estimule soluções por raciocínios diversos e, ao resolver um problema, procure apontar, sempre que possível, a diversidade de resoluções. Lembre-se que há uma equipe de Agentes de Suporte Acadêmico disponível para ajudá-los na plataforma. Bom trabalho! OFICINA 11 FUNÇÃO QUADRÁTICA Metas: – Apresentar os principais elementos da função quadrática. Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Resolver problemas envolvendo funções quadráticas. Pré-requisito: – Oficina 5 do Guia 1. Projeto Entre Jovens Essa oficina é uma continuação da Oficina 5 do 1º Guia, onde foi estudado equação do 2º grau. Muitos problemas estudados no Ensino Médio recaem em estudos de funções quadráticas: busca de zeros de uma função quadrática, estudo de máximo ou de mínimo, estudo de sinais, dentre outros. Nessa oficina estudaremos função quadrática e seus principais elementos. IR, tem-se Uma função f:IR " IR chama-se quadrática quando, para todo x ∈ f ( x ) = ax 2 + bx + c , R são constantes, com a ≠ 0 . onde a , b , c ∈ I Um problema interessante que recai em estudo de função quadrática é achar dois números conhecendo sua soma s e seu produto p . Se um desses números é x , o outro será s − x , logo 2 x ⋅ (s − x) = p . Efetuando a multiplicação, vem sx − x 2 = 0 . Encontrar p , ou seja, x − sx + p = 2 0 , isto é, achar x (e, portanto s − x ) significa resolver a equação do segundo grau x − sx + p = os valores de x para os quais a função quadrática f ( x ) = x 2 − sx + p se anula. Esses valores são chamados os zeros da função quadrática ou as raízes da equação correspondente. Note que se x for uma raiz da equação x 2 − sx + p = 0 então s − x também será, pois ( s − x )2 − s( s − x ) + p = s 2 − 2sx + x 2 − s 2 + sx + p = x 2 − sx + p = 0 . Portanto as duas raízes dessa equação são os números procurados. Deve-se observar entretanto que, dados arbitrariamente os números s a p , nem sempre existem dois números reais cuja soma seja s e cujo produto seja p . Exemplo 1: Não existem dois números reais cuja soma seja 2 e cujo produto seja 5. Solução: De fato, como o produto 5 é positivo esses números teriam o mesmo sinal. E como sua soma 2 também é positiva esses dois números seriam positivos, logo ambos seriam menores que 2. Seu produto então seria menor do que 4, portanto, diferente de 5. Note que os números procurados podem também reduzir-se a um único, como no caso em que a soma dada é 6 e o produto é 9, pois a equação x 2 − 6 x + 9 = 0 , da qual eles são x − 3) = 0 logo sua única raiz é 3. Já os números cuja soma é 1 e cujo raízes , escreve-se como ( 2 produto é −1 são as raízes da equação x 2 − x − 1 = 0 , que são 1± 5 . 2 Um procedimento útil para estudar a função quadrática é o completamento de quadrado. Basicamente, o método de completar o quadrado já foi empregado na Oficina 5 do Guia 1 e se resume na observação de que 13 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 2 p p2 . x 2 + px = x + − 2 4 Como exemplo, observe que x 2 + 10 x = x 2 + 2 ⋅ 5 ⋅ x + 52 − 52 = x + 5) − 25 ( 2 e, ainda, 3 x 2 + 12 x + 5= 3 ( x2 + 4 x ) + 5= 3[( x + 2)2 − 4] + 5= 3( x + 2)2 − 7 . Em geral, dada a função quadrática f ( x ) = ax 2 + bx + c , escrevemos: 2 2 b b b2 b 4 ac − b2 f ( x= ) a x 2 + x + c= a x + − + c= a x + + a 2a 4 a 2a 4a Como veremos, logo em seguida, é conveniente escrever m = − 4 ac − b2 b e k= . 4a 2a É fácil verificar que k = f ( m) . De fato, 2 b b b f( m) = f − = a − + b − + c 2a 2a 2a 2 2 2 2 ab b b − 2b + 4 ac − b2 + 4 ac 4 ac − b2 f( m) c = − + = = = = k 4 a2 2a 4a 4a 4a Com esta notação, tem-se, para todo x ∈ IR: f ( x ) = a( x − m)2 + k , onde m = − b e k = f ( m) . 2a Esta é a chamada forma canônica do trinômio f ( x ) = ax 2 + bx + c . Exemplo 2: Escreva a função quadrática, definida por f ( x ) = 2 x 2 − 5 x + 3 , em sua forma canônica. Determine o menor valor que a função f assume e quais são suas raízes. Solução: 2 b −5 5 5 5 5 1 − = − =, k =f =2 − 5 + 3 =− , logo a forma canônica Temos m = 2a 2( 2) 4 8 4 4 4 deste trinômio é 2 5 1 f ( x) = 2 x − − . 4 8 Escrevendo o trinômio f ( x ) = 2 x 2 − 5 x + 3 na forma canônica, podemos tirar pelo menos duas conclusões: 5 1 R é − , e esse valor é obtido quando x = . 1) o menor valor de f(x) para todo x ∈ I 4 8 2 2) as raízes da equação f ( x ) = 2 x − 5 x + 3 se obtém escrevendo sucessivamente: 14 Projeto Entre Jovens 2 2 2 5 1. 5 1 5 1 5 1 5 1 ± ± ⇒ x= ⇒ x − =⇒ x − = 2 x − − = 0 ⇒ 2 x − = 4 4 4 4 4 16 4 8 4 8 Logo, essas raízes são x = 1 e x = 3 . 2 2 De um modo geral, a forma canônica f ( x ) = a( x − m) + k nos permite concluir que, quando a > 0 , o menor valor de f ( x ) é k = f ( m) e , quando a < 0 , k = f ( m) é o maior valor de f ( x ) , para qualquer x ∈ IR. A forma canônica nos fornece também, quando b2 − 4 ac ≥ 0 , as raízes da equação ax 2 + bx + c = 0 , pois esta igualdade equivale sucessivamente a a( x − m) = − k, 2 x − m) = − ( 2 x−m= ± k b2 − 4 ac = , a 4 a2 b2 − 4 ac , 2a b2 − 4 ac −b ± b2 − 4 ac x= m± = 2a 2a que é a fórmula resolutiva já vista na Oficina 5. O número ∆= b2 − 4 ac chama-se o discriminante da função quadrática f ( x ) = ax 2 + bx + c . Quando ∆ > 0 , a equação f ( x ) = 0 tem duas raízes reais e quando ∆ =0 , a mesma equação possui uma única raiz, chamada de raiz dupla. Note ainda que ∆ = −4ak , portanto ∆ =0 equivale a k = 0 . Logo, quando ∆ =0 , a forma canônica se reduz a f (= x ) a( x − m)2 , ficando claro então que f ( x ) = 0 somente quando b x = m= − . 2a Vemos ainda que, quando ∆ = −4ak é negativo, a e k têm o mesmo sinal, o qual é, neste IR. Logo, ela nunca se anula, ou seja, a caso, o sinal de f ( x ) = a( x − m)2 + k para qualquer x ∈ não possui raiz real. equação ax 2 + bx + c = 0 Exemplo 3: Mostre que a função quadrática f ( x ) = 2 x 2 − 12 x + 19 não admite raiz real. Solução: Tem-se f ( x )= 2 x 2 − 12 x + 19= 2( x 2 − 6 x + 9) + 1= 2( x − 3)2 + 1. Logo f ( x ) > 0 para todo x . Em particular, não se tem f ( x ) = 0 para x ∈ IR. Sejam a =( − b + ∆ ) / 2a e b =( − b − ∆ ) / 2a as raízes da equação ax 2 + bx + c = 0. Um cálculo imediato nos mostra que a + b = − b / a e a .b = ( b2 − ∆) / 4 a2 = c / a . − b / 2a , é igual ao número m tal que Vemos que a média aritmética das raízes, (a + b ) / 2 = f ( m) é o menor valor do f ( x ) (se a > 0 ) ou o maior (quando a < 0 ). 15 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Vemos também que, quando ∆ ≥ 0 , isto é, quando a equação ax 2 + bx + c = 0 possui as raízes reais a e b , tem-se b ax 2 + bx + c= a x 2 + x + a c 2 = a[ x − (a + b ) x + a .b ] a Logo, ax 2 + bx + c= a( x − a )( x − b ) . Esta é a chamada forma fatorada do trinômio do segundo grau. A forma fatorada fornece imediatamente a seguinte informação sobre o sinal da função quadrática f ( x )= ax 2 + bx + c= 0 : x) = 0 então f ( x) tem sinal oposto ao sinal Se x está situado entre duas raízes da equação f ( x) tem o mesmo sinal de a . de a . Caso contrário, ou x é raiz ou f ( Com efeito, o produto ( x − a )( x − b ) é negativo se, e somente se, x está entre a e b . A afirmação acima inclui o caso em que a equação f ( x ) = 0 não possui raiz real. Então f ( x ) IR. Inclui também o caso em que essa equação possui tem o mesmo sinal de a para todo x ∈ uma raiz dupla a . Então, para todo x ≠ a ; f ( x ) tem o mesmo sinal de a . Vejamos a seguir alguns problemas que envolvem o uso da função quadrática. Exemplo 4: Mostrar que se dois números positivos têm soma constante, seu produto é máximo quando eles são iguais. Solução: b logo y= b − x . Seu produto é Sejam x , y os números em questão, com x + y =, 2 f(x) = x (b − x ) = − x + bx , uma função quadrática de x com coeficiente a =−1 < 0 , logo f ( x ) b b b b − = − = e daí y = b − x = . é máximo quando x = 2a −2 2 2 Exemplo 5: Tenho material suficiente para erguer 20 m de cerca. Com ele pretendo fazer um cercado retangular de 26m2 de área. Quanto devem medir os lados desse retângulo? Solução: 20 Se x e y são as medidas (em metros) dos lados do cercado retangular, temos 2 x + 2 y =, 10 . Pelo exemplo anterior, o maior valor possível para a área xy é 5 × 5 = donde x + y = 25 . Logo, com 20m de cerca não posso cercar um retângulo de 26m2 de área. 16 Projeto Entre Jovens Exemplo 6: Mostrar que se o produto de dois números positivos é constante, sua soma é mínima quando eles são iguais. Solução: Sejam x e y dois números positivos tais que xy = c , onde c é uma constante. Os valores possíveis para a soma s= x + y são aqueles para os quais a equação x 2 − sx + c = 0 possui 2 ∆ = s − 4 ac é maior ou igual a 0. Isto significa s 2 ≥ 4 c , raízes reais, ou seja, o discriminante isto é, s ≥ 2 c . O menor valor possível para a soma s é portanto s = 2 c , que torna ∆ =0 s s e a equação x 2 − sx + c = 0 admite a raiz dupla x = , portanto y = e os números x , y 2 2 são iguais. Exemplo 7: Mostrar que a média aritmética de dois números positivos é sempre maior do que ou igual à média geométrica, sendo igual apenas quando esses números forem iguais. Solução: Sejam a , b os números dados. Ponhamos c = a . Entre todos os números positivos x , y tais que xy = c , a soma x + y é mínima quando x = y , ou seja, x= y= c . (Vide Exemplo 6.) Neste caso, a soma mínima é 2 c . Em particular, como a e b são números positivos cujo produto é c , concluímos que a + b ≥ 2 c ; noutros termos: a + b ≥ ab , com igualdade 2 valendo apenas quando a = b . Exemplo 8: Na figura abaixo, determinar x de modo que a área do paralelogramo inscrito no retângulo seja mínima. Supõe-se que a ≤ b ≤ 3a . Solução: A área do paralelogramo inscrito é f ( x ) = ab − x ( a − x ) − x ( b − x ) = 2 x 2 − ( a + b) x + ab . Os dados do problema impõem que 0 ≤ x ≤ a . O mínimo de f ( x ) é atingido no ponto m= ( a + b) / 4 e vale f ( m) = ab − ( a + b)2 / 8 . A condição b ≤ 3a equivale a ( a + b) / 4 ≤ a ,logo m ≤ a , portanto a solução obtida é legítima. 17 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Exemplo 9: Dois comerciantes formam uma sociedade com o capital de 100 mil reais. Um deles trabalhou 3 dias por semana e o outro 2. Após algum tempo, desfizeram a sociedade e, considerando o capital que cada um entrou e o tempo de trabalho dedicado por cada sócio, cada um recebeu 99 mil reais. Qual foi a contribuição de cada um para o capital da sociedade? Solução: Um dos sócios entrou com x e o outro com 100 − x mil reais. Seus lucros foram 99 − x e 99 − (100 − x ) = x − 1 mil reais, respectivamente. Sem perda de generalidade, podemos supor que a sociedade durou 5 dias. Os lucros de cada um por dia de serviço foram, respectivamente, (99 − x ) / 2 e ( x − 1) / 3 mil reais. Cada mil reais aplicados deu, por dia de serviço, o lucro 99 − x x −1 . = 2x 3(100 − x ) (Esta equação exprime a equitatividade da sociedade.) Dai vem a equação x 2 − 59 x + 29700 = 0 , cujas raízes são 55 e 540. Como 540 > 100, a única raiz que serve é x = 55 . Assim, um sócio contribuiu com o capital inicial de 45 mil reais e o outro com 55 mil reais. Observação: Se, ao montar a equação do problema, tivéssemos chamado de x o capital inicial do sócio que trabalhou 3 dias por semana, teríamos 99 − x x −1 = 3x 2(100 − x ) o que nos levaria a equação x 2 + 395 x − 19800 = 0 ,cujas raízes são 45 e -440. Desprezando a raiz negativa, concluiríamos, ainda, que o sócio que trabalhou 3 dias por semana entrou com 45 mil reais e o outro com 55 mil reais. : → O gráfico de uma função quadrática ff:IR IR, dada por f ( x ) = ax 2 + bx + c , x ∈ IR, é o 22 IR formado pelos pontos ( x , ax 2 + bx + c ), cuja abscissa é um número real subconjunto G ⊂ arbitrário x e cuja ordenada é o valor f(x) que a função assume no ponto x. O gráfico de uma função quadrática é sempre uma curva denominada parábola. 18 Projeto Entre Jovens Veja na plataforma os aplicativos sobre função quadrática. Lá você encontrará recursos dinâmicos que explicitam a relação entre os coeficientes de uma função quadrática com seu gráfico. Esta curva pode ter sua “concavidade” voltada para cima ou para baixo. O que irá determinar o sentido da concavidade é o sinal do coeficiente a. Se a > 0 a concavidade será voltada para cima (1º gráfico). Se a < 0 a concavidade será voltada para baixo (2º gráfico). Note que para se determinar plenamente uma função quadrática é necessário determinar os valores dos três coeficientes a, b e c em f ( x ) = ax 2 + bx + c . Daí a necessidade de se conhecer três pontos de passagem para se determinar a lei da função quadrática. É claro que, ao invés de se informar três pontos de passagem, é possível fornecer três outras informações para se determinar a lei da função quadrática. O valor do coeficiente c informa onde a parábola irá interceptar o eixo das ordenadas (eixo 2 0,c ) = a( 0 )( + b 0) += c c , donde o ponto ( é um ponto do gráfico da função e y) pois f (0) também um ponto sobre o eixo das ordenadas. Em qualquer situação, a função quadrática sempre admite um ponto extremo que é chamado vértice da parábola. A parábola admite um eixo de simetria que é a reta vertical que passa pelo vértice da parábola. A partir da forma canônica da função quadrática, podemos concluir que as coordenadas do vértice V são dadas por: ∆ b xv = − e yv = − . 4a 2a 19 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 E ainda, pode-se concluir que o conjunto imagem da função quadrática é definido por: ∆ R| y ≥ − se a > 0 ; • y ∈ I 4a ∆ • y ∈ I R | y ≤ − se a < 0 . 4 a Veja na plataforma o aplicativo que descreve o conjunto imagem de uma função quadrática, a partir dos valores de seus coeficientes. 20 Projeto Entre Jovens Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: Prove que não existem dois números reais cuja soma seja 2 e cujo produto seja 5. Atividade 2: Escreva a função quadrática, definida por f ( x ) = 2 x 2 − 5 x + 3 , em sua forma canônica. Determine o menor valor que a função f assume e quais são suas raízes. Atividade 3: Mostre que a função quadrática f ( x ) = 2 x 2 − 12 x + 19 não admite raiz real. Atividade 4: Mostrar que se dois números positivos têm soma constante, seu produto é máximo quando eles são iguais. Atividade 5: Tenho material suficiente para erguer 20 m de cerca. Com ele pretendo fazer um cercado retangular de 26m2 de área. Quanto devem medir os lados desse retângulo? Atividade 6: Mostrar que se o produto de dois números positivos é constante, sua soma é mínima quando eles são iguais. Atividade 7: Mostrar que a média aritmética de dois números positivos é sempre maior do que ou igual à média geométrica, sendo igual apenas quando esses números forem iguais. Atividade 8: Na figura abaixo, determinar x de modo que a área do paralelogramo inscrito no retângulo seja mínima. Supõe-se que a ≤ b ≤ 3a . 21 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 9: Dois comerciantes formam uma sociedade com o capital de 100 mil reais. Um deles trabalhou 3 dias por semana e o outro 2. Após algum tempo, desfizeram a sociedade e, considerando o capital que cada um entrou e o tempo de trabalho dedicado por cada sócio, cada um recebeu 99 mil reais. Qual foi a contribuição de cada um para o capital da sociedade? Atividade 10: Resolva as inequações abaixo: a) 6 x 2 − x − 1 < 0 . b) 3 x 2 + 10 x − 30 ≥ 16 x + 15 . x 2 − 2x − 7 c) ≤ 1. x −3 → I R, definida por f ( x) = l x 2 + 2l x + 1, Atividade 11: Considere a função ff::IR . Para que valores reais de l a função f assume somente valores positivos? onde Atividade 12: Num sistema de coordenadas cartesianas, o ponto R se desloca 0,30 , em direção à origem O, com sobre o eixo das ordenadas a partir do ponto () velocidade constante de 1 cm/s e o ponto S se desloca sobre o eixo das abscissas, 2,0 ) , com o dobro da velocidade do ponto R. Eles partem no partindo do ponto ( mesmo instante. Veja a figura abaixo. Em quanto tempo o triângulo ROS atingirá área máxima? 22 Projeto Entre Jovens Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 27 OFICINA 12 RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO Metas: – Introduzir a noção de ângulo. – Apresentar as razões trigonométricas num triângulo retângulo. – Construir um teodolito doméstico para as atividades que necessitam de medição de ângulos. Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Resolver problemas envolvendo razões trigonométricas num triângulo retângulo. Pré-requisito: – Oficinas 8 e 9 do Guia 1. Projeto Entre Jovens Ângulo é a união de duas semirretas de mesma origem. As semirretas são os lados do ângulo e a origem comum é o seu vértice. Se as semirretas que originam o ângulo são AB e AC, tal ângulo é denominado ângulo BAC ou CAB e representado por BÂC ou CÂB, respectivamente. Algumas vezes, quando está claro no texto, é simplesmente denominado ângulo A e representado por Â. Para medir ângulo utilizamos o transferidor, que nada mais é que um círculo graduado em uma unidade qualquer. A figura abaixo ilustra um transferidor graduado em graus. O grau é a 1 fração do círculo e será denotado por 1º . 360 Na figura abaixo vê-se o uso do transferidor para se medir um ângulo. Note que a medição feita nos diz que AÔB = 40º . 31 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Se a medida de um ângulo AOB é q , escrevemos simplesmente AÔB = q . Note que um ângulo separa o plano em duas regiões: uma convexa e outra não-convexa. Há uma exceção que é quando as semirretas formam os lados do ângulo estão sobre uma mesma reta. Neste caso, se as semirretas que formam os lados do ângulo forem opostas, teremos dois ângulos rasos, que medem 180º cada um. Já se as semirretas que formam os lados do ângulo forem coincidentes, teremos um ângulo de medida 0º e outro de medida 360º. Em geral, a cada ângulo podemos associar duas medidas, uma feita sobre a região convexa do plano e a outra feita na região não convexa do plano. Obviamente, a soma dessas duas medidas será igual a 360º. Para evitar ambiguidades, usaremos a seguinte convenção gráfica: Como foi visto na Oficina 8 do Guia 1, se dois triângulos são semelhantes, então existe uma correspondência entre seus vértices tal que os ângulos em correspondência sejam congruentes e os lados em correspondência sejam proporcionais. Assim, por exemplo, se os triângulos ABC e DEF são semelhantes, então deve existir uma AB AC BC . correspondência entre seus vértices, digamos A ↔ D, B ↔ E e C ↔ F, tal que = = DE DF EF 32 Projeto Entre Jovens Lembramos ainda que, para se concluir a semelhança entre dois triângulos, basta que existam dois pares de ângulos congruentes entre esses dois triângulos (veja Oficina 8 do Guia 1, 1º caso de semelhança). Agora, ao fixarmos a medida de um ângulo agudo, digamos q , podemos construir uma infinidade de triângulos retângulos com um ângulo interno medindo q (obviamente o terceiro ângulo medirá 90º −q ), todos semelhantes entre si, já que quaisquer dois desses triângulos teriam dois pares de ângulos congruentes: um par de ângulos retos e um par de ângulos medindo q . Na situação ilustrada acima, os triângulos ABC e DEF são semelhantes pois possuem dois pares de ângulos congruentes: um par de ângulos medindo q e um par de ângulos retos. Daí os AB AC BC . vértices em correspondência são: A ↔ D, B ↔ E e C ↔ F. Segue então que = = DE DF EF Dessas proporções tem-se: AC BC BC EF = ⇔ = (1) DF EF AC DF AB AC AB DE = ⇔ = (2) DE DF AC DF AB BC BC EF = ⇔ = DE EF AB DE (3) A última proporção em (1) é BC = EF . Note que BC é o cateto oposto ao ângulo q e AC AC DF é a hipotenusa do triângulo ABC, enquanto que EF é o cateto oposto ao ângulo q e DF é a hipotenusa do triângulo DEF. Assim, as duas razões dessa proporção correspondem à razão entre a medida do cateto oposto ao ângulo q e a medida da hipotenusa em cada um dos dois 33 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 triângulos. Portanto qualquer triângulo retângulo que possua um ângulo interno medindo q , terá a razão entre as medidas do cateto oposto a q pela da hipotenusa igual ao mesmo valor obtido em (1). Com isso, o valor dessa razão é fixo, ou seja, não depende das dimensões do triângulo. O valor fixo dessa razão é característica do ângulo q e não do triângulo. A esse valor fixo daremos o nome de seno de q , e o denotaremos por senq . Assim, em um triângulo retângulo que admita um ângulo interno (agudo) medindo q , definimos o seno do ângulo q como sendo: medida do cateto oposto a q . senq = medida da hipotenusa AB DE = . Note que AB é o cateto adjacente AC DF ao ângulo q e AC é a hipotenusa do triângulo ABC, enquanto que DE é o cateto adjacente ao ângulo q e DF é a hipotenusa do triângulo DEF. Assim, as duas razões dessa proporção correspondem à razão entre a medida do cateto adjacente ao ângulo q e a medida da hipotenusa em cada um dos dois triângulos. Portanto qualquer triângulo retângulo que possua um ângulo interno medindo q , terá a razão entre as medidas do cateto adjacente a q pela da hipotenusa igual ao mesmo valor obtido em (2). Com isso, o valor dessa razão é fixo, ou seja, não depende das dimensões do triângulo. O valor fixo dessa razão é característica do ângulo q e não do triângulo. A esse valor fixo daremos o nome de cosseno de q , e o denotaremos por cosq . Assim, em um triângulo retângulo que admita um ângulo interno (agudo) medindo q , definimos o cosseno do ângulo q como sendo: Analogamente, a última proporção em (2) é cos q = medida do cateto adjacente a q . medida da hipotenusa BC EF = . Note que BC é o cateto oposto ao AB DE ângulo q e AB é o cateto adjacente ao ângulo q do triângulo ABC, enquanto que EF é o cateto oposto ao ângulo q e DE é o cateto adjacente ao ângulo q do triângulo DEF. Assim, as duas razões dessa proporção correspondem à razão entre a medida do cateto oposto ao ângulo q e a medida do cateto adjacente ao ângulo q em cada um dos dois triângulos. Portanto, qualquer triângulo retângulo que possua um ângulo interno medindo q , terá a razão entre as medidas do cateto oposto a q pela do cateto adjacente a q igual ao mesmo valor obtido em (3). Com isso, o valor dessa razão é fixo, ou seja, não depende das dimensões do triângulo. O valor fixo dessa razão é característica do ângulo q e não do triângulo. A esse valor fixo daremos o nome de tangente de q , e o denotaremos por tgq . Assim, em um triângulo retângulo que admita um ângulo interno (agudo) medindo q , definimos a tangente do ângulo q como sendo: Da mesma forma, a última proporção em (3) é tgq = medida do cateto oposto a q . medida do cateto adjacente a q Replicando o mesmo raciocínio, é possível estabelecer a definição de cotangente, secante e cossecante de um ângulo agudo q . Não o faremos aqui. É oportuno observar que em um triângulo retângulo a hipotenusa é o lado que se opõe ao maior dentre os três ângulos (ao ângulo reto), portanto a hipotenusa é o maior dos lados desse triângulo. Daí resulta então que se q é um ângulo agudo, então senq e cosq são valores compreendidos entre 0 e 1. 34 Projeto Entre Jovens É possível estabelecer relações entre essas três razões trigonométricas. Para obtermos essas relações, considere o triângulo retângulo abaixo. 1. Como o triângulo MPQ é retângulo em P, do Teorema de Pitágoras segue que: 2 MQ = MP 2 + PQ2 . Dividindo os dois membros dessa última igualdade por MQ2 obtém-se: MQ2 MP 2 PQ2 = + MQ2 MQ2 MQ2 2 MP PQ = 1 + MQ MQ 2 MP corresponde ao quociente entre a medida do cateto MQ adjacente ao ângulo a pela medida da hipotenusa. Ora, essa razão, por definição é o cosa . Por PQ outro lado, a razão corresponde ao quociente entre a medida do cateto oposto ao ângulo MQ a pela medida da hipotenusa. Ora, essa razão, por definição é o sena . Assim, de Mas no triângulo MPQ, a razão 2 2 MP PQ = 1 + obtém-se: MQ MQ = 1 cos a ) +( sena ) ou, equivalentemente, ( sena ) +( cos a ) = 1. ( 2 2 2 2 Essa última igualdade é conhecida como relação trigonométrica fundamental. É comum sena ) por sen2a e ( cosa representar ( 2 por ) 2 cos2 a . Dessa forma a relação trigonométrica fundamental se reescreve como: sen2a + cos2 a = 1. PQ . Podemos dividir numerador e denominador MP de uma fração por um mesmo número não nulo que a fração não se altera. Dividiremos então numerador e denominador dessa última fração pela medida da hipotenusa. Assim obtemos: 2. Agora observe no triângulo MPQ que tga = PQ PQ MQ tg = a = MP MP MQ Mas PQ MP = sena e = cos a . Portanto: MQ MQ 35 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 PQ PQ MQ sena tg = a = = MP MP cos a MQ Logo, tga = sena . cos a 3. No triângulo MPQ pode-se estabelecer ainda que sen = b medida do cateto oposto a b MP = = cos a , ou seja, senb = cos a . medida da hipotenusa MQ cos = b medida do cateto adjacente a b PQ = = sena , ou seja, cos b = sena . medida da hipotenusa MQ tg = b medida do cateto oposto a b MP 1 1 1 = = = , ou seja, tgb = . medida do cateto adjacente a b PQ MP tga tga PQ 90º , tem-se Assim sempre que tivermos dois ângulos agudos complementares, isto é, a + b = que: senb = cos a , cos b = sena e tgb = 1 . tga Exemplo 1: Sabendo que a tangente de um angulo agudo a é igual a 2, calcule o valor de sena e cosa . Solução: sena = 2 , ou seja, sena = 2cos a . Substituindo essa última igualdade na relação cos a 1, obtemos 4 cos2 a + cos2 a = 1. trigonométrica fundamental sen2a + cos2 a = tga Temos= Portanto, cos2 a = 1/ 5 . Como as razões trigonométricas de ângulos agudos são números positivos, obtemos cos= a Finalmente, = sena 2cos = a 1 = 5 5 . 5 2 5 . 5 Para certos ângulos agudos, as razões trigonométricas podem ser obtidas diretamente, explorando propriedades de certos triângulos retângulos notáveis. Um triângulo equilátero, por exemplo, permite obter as razões 30º e 60º , enquanto um quadrado fornece as relações trigonométricas da 45º . Para os demais ângulos, a solução consiste em obter estes valores em tabelas ou, mais modernamente, em calculadoras (que usam métodos numéricos baseados nas séries de Taylor das funções trigonométricas). 36 Projeto Entre Jovens Como os ângulos agudos de 30º, 45º e 60º são mais frequentemente utilizados, registramos os valores de sua razões trigonométricas na tabela abaixo. seno cosseno tangente 30º 1 2 3 2 3 3 45º 2 2 2 2 1 60º 3 2 1 2 3 Sugerimos, entretanto, que seja elaborada uma atividade onde os alunos sejam levados a construir triângulos retângulos que tenham esses ângulos internos e que, a partir das medidas dos lados desses triângulos, o aluno calcule as razões trigonométricas em questão. Sugestão: Para os ângulos de 30º e 60º, basta construir um triângulo equilátero e, em seguida, traçar uma de suas alturas. Com isso se conseguirá um triângulo retângulo cujos ângulos internos agudos medirão 30º e 60º. Para o ângulo de 45º, basta construir um triângulo retângulo isósceles que se obterá assim um triângulo retângulo cujos ângulos agudos medirão 45º. Em seguida o aluno deverá medir os catetos e as hipotenusas desses triângulos e efetuar as razões trigonométricas. Para as atividades de aplicação, recomendamos que seja confeccionado um teodolito, que é um instrumento que permite medir ângulos. Apresentamos aqui uma maneira de se construir um teodolito caseiro. Recomendamos fortemente que os alunos sejam estimulados a construírem seus teodolitos pois várias atividades interessantes podem ser desenvolvidas com esse instrumento. Ele é um instrumento que permite medir ângulos e, com isso, várias atividades envolvendo estimativas de distâncias inacessíveis poderão ser realizadas. Veja abaixo como construir um teodolito com material barato e de maneira simples. Material necessário • um copo de plástico (a) com tampa (b). Um copo de requeijão com tampa é adequado; • xerox de um transferidor colado numa base quadrada de papelão (c); 37 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 • um pedaço de arame fino com cerca de 15 centímetros de comprimento (d) ou palito de churrasco; • um pedaço com a mesma medida de um tubo de alumínio de antena de TV ou um canudo ou um corpo de caneta (e). O toque de precisão A tampa do copo servirá de base para a rotação do teodolito e deverá ser colada, de cabeça para baixo, de modo que seu centro coincida com o centro do transferidor, o que dará mais precisão ao teodolito. Para encontrar o centro da tampa, trace nela dois diâmetros. E faça um furo onde eles se cruzarem. Tampas desse tipo geralmente trazem ranhuras na borda que podem ajudá-lo a encontrar o ponto certo. Use o arame fino como guia para alinhar o centro da tampa com o centro do transferidor (veja no destaque). O ponteiro O arame fino será o ponteiro do teodolito que permitirá fazer a leitura em graus no transferidor. Para instalá-lo, faça dois furos diametralmente opostos na lateral do copo, próximo de sua boca (use o diâmetro marcado na tampa como guia para fazer esses furos), e passe o arame pelos furos deixando-o atravessado no copo. 38 Projeto Entre Jovens A mira O tubo de antena será a mira por onde você avistará os pontos a serem medidos. Cole o tubo na base do copo, de forma que ele fique paralelo ao ponteiro (arame fino). Para refinar essa mira, cole na extremidade do tubo dois pedaços de linha formando uma cruz. Veja na ilustração. Pronto para usar Finalize encaixando o copo na tampa. A versão caseira funciona como o aparelho verdadeiro. Com ele, você mede, a partir da sua posição, o ângulo formado entre dois outros pontos. Na horizontal ou na vertical, basta alinhar a indicação 0° do transferidor com um dos pontos e girar a mira até avistar o outro ponto. O ponteiro indicará de quantos graus é a variação. Há outras formas de se elaborar um teodolito. Algumas fornecem instrumentos bem mais precisos. Não deixe de consultar a plataforma Moodle para conhecer outras possibilidades de construção. 39 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Exemplo 2: Como os gregos estimaram o raio da Terra. Solução: Sobe-se em uma montanha de altura h, próxima ao mar, e mede-se o ângulo q entre a reta TH, que passa por T (no alto da montanha) e por um ponto no horizonte H, com a reta TO que determina a direção vertical no ponto T. Veja figura abaixo. Do triângulo THO tem-se: sen = q OH R = OT R + h R + h) senq = R ⇔ Rsenq + hsenq = R ⇔ R − Rsenq = hsenq ( R( 1− senq ) = hsenq R= hsenq . 1− senq Portanto, conhecendo-se as medidas de h e q , pode-se determinar o valor de R, que representa o raio da Terra. Exemplo 3: Ao soltar uma pipa, um menino usou os 100 metros de linha de seu carretel. O ângulo que a linha forma com a horizontal é igual a 18°. A que altura está a pipa? Veja ilustração abaixo. 40 Projeto Entre Jovens Solução: Para resolver o problema, vamos admitir que a linha fica em linha reta (na verdade, ela forma uma pequena “barriga” devido ao próprio peso da linha). A partir da figura temos: h − 1,6 = sen18º 100 h − 1,6 = 100 ⋅ sen18º h − 1,6 = 100 × 0,3090 = h 30,90 + 1,6 = 32,5 metros. 41 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: Sabendo que a tangente de um ângulo agudo a é igual a 2, calcule o valor de sena e cosa . Atividade 2: Como os gregos estimaram o raio da Terra? Atividade 3: Ao soltar uma pipa, um menino usou os 100 metros de linha de seu carretel. O ângulo que a linha forma com a horizontal é igual a 18°. A que altura está a pipa? Veja ilustração abaixo. Atividade 4: Um piloto decola de certa cidade A com seu avião, devendo alcançar a cidade B após duas horas de voo na rota 28º (veja bússola). Porém, duas horas após a decolagem, o piloto notou que, por engano, tinha tomado a rota 280º. Supondo que o avião tenha combustível suficiente, qual deverá ser o novo rumo para que ele consiga atingir a cidade B? 42 Projeto Entre Jovens Atividade 5: Um engenheiro precisa projetar uma piscina em forma de um trapézio retângulo conforme ilustra figura abaixo. Qual deverá ser a medida do lado MN dessa piscina? Atividade 6: Jorge é proprietário de um pequeno terreno que tem um barranco. Um corte de seu terreno está representado na figura abaixo. Ele deseja medir a largura de seu terreno que, na figura, é representada por x. Para tanto, finca uma estaca no alto do barranco na qual amarra um barbante (ponto A). Estica o barbante até um ponto B no solo de tal modo que ele faça 60º com a horizontal. Em seguida, mede a distância de B até C, encontrando 15,5 m, e o comprimento do barbante, encontrando 23 m. Qual a largura do terreno de Jorge? 43 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 7: Um avião levanta voo em A e sobe fazendo um ângulo constante de 15° com a horizontal. A que altura estará e qual a distância percorrida quando sobrevoar uma torre situada a 2 km do ponto de partida? (Dados: sen 15° = 0,26; cos 15° = 0,97 e tg 15° = 0,27) Atividade 8: Determine o valor de x no seguinte caso: Atividade 9: Com base na figura abaixo, calcule senb , cos b e tgb . Atividade 10: Pedro fabricou uma bicicleta, tendo rodas de tamanhos distintos, com o raio da roda maior (dianteira) medindo 3 dm, o raio da roda menor medindo 2 dm e a distância entre os centros A e B das rodas sendo 7 dm. As rodas da bicicleta, ao serem apoiadas no solo horizontal, podem ser representadas no plano (desprezando-se os pneus) como duas circunferências, de centros A e B, que tangenciam a reta r nos pontos P e Q, como indicado na figura. 44 Projeto Entre Jovens a) Determine a distância entre os pontos de tangência P e Q e o valor do seno do ângulo BPQ. b) Quando a bicicleta avança, supondo que não haja deslizamento, se os raios da roda maior descrevem um ângulo de 60°, determine a medida, em graus, do ângulo descrito pelos raios da roda menor. Calcule, também, quantas voltas terá dado a roda menor quando a maior tiver rodado 80 voltas. 45 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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Matemática – Volume 2 ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 51 OFICINA 13 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS Metas: – Estudar a unidade radiano e o ciclo trigonométrico. – Apresentar as principais funções trigonométricas. Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Lidar com a unidade radiano. • Reconhecer seno e cosseno de um arco no ciclo trigonométrico. • Resolver problemas envolvendo funções trigonométricas. Pré-requisito: – Oficina 12 do Guia 2. Projeto Entre Jovens Para estendermos a noção de seno, cosseno e tangente para números reais, torna-se necessário introduzirmos uma outra unidade de medida de ângulos: o radiano. A medida de um ângulo em radianos é a razão entre o comprimento do arco subentendido por um ângulo central que tem a medida do ângulo dado e o comprimento do raio dessa circunferência. Um número muito frequente que surge em trigonometria é o número p . Este número corresponde ao comprimento de uma semi-circunferência de raio 1. Dessa forma, uma circunferência de raio 1 tem comprimento C = 2p e, consequentemente, para uma circunferência de raio R, tem-se C = 2p R (já que duas circunferências quaisquer são sempre semelhantes). C = p , tem-se que p é a razão entre o comprimento de qualquer circunferência Escrevendo 2R e o seu diâmetro, valendo aproximadamente 3,14159265. Cada arco em uma circunferência é subentendido por um ângulo central (ângulo com vértice no centro da circunferência) cujos lados passam pelos pontos que são as extremidades do arco. Dizermos que a medida de um arco é dada pela medida do ângulo central subentendido por esse arco. Se o ângulo central AÔB mede q , dizemos que a medida do arco AB é q . Introduziremos agora outra unidade de medida de ângulos: o radiano. A medida de um ângulo em radianos é a razão entre o comprimento do arco subentendido por um ângulo central em uma circunferência pela medida do raio dessa circunferência. s s' Assim, na figura abaixo, AÔB = radianos = radianos. R R' 55 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Em particular podemos concluir que se um arco de comprimento s é subentendido por um ângulo central de medida q radianos em uma circunferência de raio R, então: q= s , donde s= q ⋅ R . R Uma bela tentativa de medir o raio da Terra deve-se a Erastóstenes no terceiro século antes de Cristo. Medidas foram feitas nas cidades de Assuã e Alexandria, no Egito, que estão aproximadamente no mesmo meridiano terrestre, e por rara felicidade, Assuã esta quase sobre o trópico de Câncer. Isto quer fizer que no primeiro dia do verão, ao meio dia, os raios solares são perfeitamente verticais. Naquele tempo, uma unidade comum para medir distâncias grandes era o estádio. O estádio era o comprimento da pista de corrida utilizada nos jogos olímpicos da Antiguidade (de 776 a 394 aC.) e era equivalente a 1/10 de milha, ou seja, aproximadamente 161 m. Exemplo 1: No dia do solstício de verão, Erastóstenes verificou que, ao meio dia, o sol brilhava diretamente dentro de um poço profundo em Assua e, em Alexandria, a 5000 estádios ao norte de Assuã, alguém mediu o ângulo que os raios solares faziam com a vertical, encontrando 1/50 do circulo. Com base nestes dados, calcule o raio da Terra. Solução: Está sendo assumido que os raios solares chegam à superfície da Terra paralelamente. Embora isso não seja uma verdade mas, para efeito do exercício e da estimativa que se quer, é uma 1 360º 7,2º . Note que, como q e hipótese aceitável. Pela situação descrita temos= que q = 50 a são ângulos alternos internos determinados por paralelas, segue que a= q= 7,2º . 56 Projeto Entre Jovens Uma circunferência pode ser percorrida em dois sentidos. Quando um deles é selecionado e denominado positivo, dizemos que a circunferência está orientada. Selecionaremos o sentido anti-horário como sendo o positivo e numa circunferência de raio unitário fixaremos um ponto A, que será o ponto de origem dos arcos. Essa circunferência orientada com raio unitário será representada por S1 . Numa circunferência unitária orientada como acima, um arco pode ser positivo ou negativo, dependendo se o arco é marcado, a partir do ponto A, no sentido positivo (anti-horário) ou negativo (horário). Ao lidarmos com uma circunferência unitária, tem-se que a medida em radianos de um arco coincide com o comprimento desse arco pois s = q ⋅ R ⇔ s = q ⋅1⇔ s = q . Essa é a vantagem de se lidar com a unidade radiano em uma circunferência de raio unitário. Assim, a medida de um arco em radiano corresponde ao seu comprimento em uma circunferência unitária. 57 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Até o momento definimos seno, cosseno e tangente para ângulos agudos (pois precisamos de um triângulo retângulo que admita tal ângulo como ângulo interno). Como esses ângulos podem ser medidos em radianos, ficam definidos então o seno, o cosseno e a tangente para p os números reais no intervalo 0, , que correspondem às medidas, em radianos, dos arcos 2 que são subentendidos por ângulos agudos. Agora vamos estender as funções trigonométricas seno, cosseno e tangente para todos os números reais de forma a que sejam mantidas as relações senx . sen2 x + cos2 x = 1 e tgx = cos x E :IR → S1 , conforme Esta generalização será feita da seguinte maneira: definimos uma função E: descrito a seguir. Dado um número real x, percorremos sobre S1 , no sentido positivo se x > 0 e no sentido x) é negativa se x < 0 , um arco de comprimento igual a x, a partir do ponto A. A imagem E ( o ponto de S1 que alcançamos após percorremos o arco de comprimento x. Note que se x > 2p será necessário dar mais de uma volta em S1 no sentido positivo, para x) . atingir E ( Note que os números 0, ±2p , ±4p , ±6p , ... , ±2kp , para k um inteiro qualquer, serão levados pela função E sobre o próprio ponto A de S1 . Nesse sistema de coordenadas definimos: cos x1 = abscissa de P1 senx1 = ordenada de P1 tgx1 = 58 senx1 , se cos x1 ≠ 0 cos x1 Projeto Entre Jovens e, analogamente, cos x2 = abscissa de P2 senx2 = ordenada de P2 tgx2 = senx2 , se cos x2 ≠ 0 cos x2 Note que o que determinará o seno, o cosseno e a tangente de um número real x será o ponto P de S1 que estará associado a x pela função E. Mas há uma infinidade de números reais associados a um mesmo ponto P de S1 . Os números da forma x ± 2kp , com k um inteiro qualquer são ditos côngruos (a diferença x) =E ( x + 2kp ) =P , isso significa entre eles é sempre um múltiplo inteiro de 2p . Como E ( que as funções seno e cosseno são periódicas com período 2p . Assim, conhecendo-se o 0,2p , passamos a saber como essas funções se comportamento da função no intervalo [] comportam em todos os intervalos seguintes ou anteriores, cujo comprimento seja 2p . Assim 0,2p que, portanto, corresponde ao podemos restringir o estudo dessas funções ao intervalo [] estudo das coordenadas de um ponto que dá exatamente uma volta em S1 . Como os valores assumidos pelas funções seno e cosseno são dadas pelas coordenadas de um ponto de S1 , seus sinais dependem do quadrante em que se encontra esse ponto. 59 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Temos então que os sinais das funções seno, cosseno e tangente, nos quatro quadrantes serão: seno cosseno tangente 1º quadrante + + + 2º quadrante + – – 3º quadrante – – + 4º quadrante – + – Vamos agora buscar relacionar o seno e o cosseno de um arco no 2º, 3º e 4º quadrante com arcos do 1º quadrante. A partir das figuras acima podemos concluir que: sen ( p −q) , já que P e Q têm a mesma • Se q ∈ 2º quadrante: senq = − cos ( p −q ) , já que P e Q têm abscissas ordenada, e cos q = simétricas; −sen ( q −p ) , já que P e Q têm • Se q ∈ 3º quadrante: senq = − cos ( q −p ) , já que P e Q têm ordenadas simétricas, e cos q = abscissas simétricas; −sen ( 2p − q ) , já que P e Q têm • Se q ∈ 4º quadrante: senq = cos q cos ( 2p − q ) , já que P e Q têm ordenadas simétricas, e = abscissas iguais; 60 Projeto Entre Jovens senx , tgx só é definida quando cos x ≠ 0 . Como cos x cos x = 0 para os pontos de S1 cuja abscissa é nula, segue que cos x = 0 para os pontos de É importante reforçar que, como tgx = e () coordenadas ( 0,1) 0, −1 . Esses pontos são imagens, pela função E, dos números reais da p 3p p + 2kp e = + 2kp , k ∈ , respectivamente ou, simplesmente, x= + kp , x forma x= 2 2 2 k ∈ . Podemos agora falar nos gráficos das funções trigonométricas seno, cosseno e tangente: : → I R, definida por f ( x) = senx . Função seno:f f:IR : → I Função cosseno:f f:IR R, definida por f ( x) = cos x . p Função tangente: f : x ∈ | x ≠ + kp , k ∈ → , definida por f ( x) = tgx . 2 Note que as funções seno e cosseno só assumem valores no intervalo [ −1,1] , enquanto que a função tangente assume todos os valores reais possíveis. Por esta razão dizemos que o −1,1] , enquanto que o conjunto conjunto imagem das funções seno e cosseno é o intervalo [ imagem da função tangente é o conjunto de todos os números reais. 61 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Conhecendo-se os gráficos dessas funções básicas, é possível esboçar com facilidade gráficos de funções mais gerais, como por exemplo, , ou . Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre gráficos de funções trigonométricas. 62 Projeto Entre Jovens Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: No dia do solstício de verão, Erastóstenes verificou que, ao meio dia, o sol brilhava diretamente dentro de um poço profundo em Assua e, em Alexandria, a 5000 estádios ao norte de Assuã, alguém mediu o ângulo que os raios solares faziam com a vertical, encontrando 1/50 do círculo. Com base nestes dados, calcule o raio da Terra. Atividade 2: Encontre as três menores soluções positivas da equação p cos 3 x − = 0. 4 Atividade 3: Verifique que as igualdades abaixo valem para todo valor de p x ≠ 2kp ± , onde k é um número inteiro qualquer (Tais desigualdades são 2 chamadas de identidades trigonométricas). a) cos x 1− senx = 1+ senx cos x 1− tg2 x 2 2 b) cos x − sen x =2 1+ tg x Atividade 4: Quantos são os valores distintos de sen kp , para k inteiro? 5 63 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 5: Para que valores de x se tem : a) cos x > 1 2 b) senx > 1 2 2 Atividade 6: Calcular m para que exista um ângulo x com cos x = e m −1 . tg = x m−2 Atividade 7: Nas desigualdades tem-se alguns valores do seno, do cosseno e tangente de certos números reais. Classifique como verdadeira ou falsa cada dessas desigualdades. a) sen2 > 0 b) cos 4 < 0 c) sen3 > sen2 d) cos3 > cos2 e) tg5 > tg6 f) cos p > cos1 4 g) cos 3 < 0 Atividade 8: Determine o conjunto dos números reais x para os quais tg2 x = 3 . p Atividade 9: Determine para que valores de x a função y = 5 − cos x + 5 assume seu valor máximo. Atividade 10: Para cada uma das funções definidas abaixo, esboce seus gráficos e dê seus respectivos conjuntos imagens. p : → I R, definida por f ( a)f f:IR x) = 1+ 2cos x + 3 1 p : → I b) fg:IR R definida por g ( x) =−1+ cos x − 2 4 64 Projeto Entre Jovens Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ 68 Projeto Entre Jovens ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 69 OFICINA 14 APLICAÇÕES DA TRIGONOMETRIA Meta: – Apresentar algumas aplicações básicas da trigonometria. Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Resolver problemas envolvendo cálculos de distâncias ou alturas. Pré-requisitos: – Oficinas 8 e 9 do Guia 1. – Oficinas 12 e 13 do Guia2. Projeto Entre Jovens As razões trigonométricas têm aplicações diversas e algumas delas serão objeto dessa oficina. Quando necessitamos estabelecer a medida de um comprimento, utilizamos algum instrumento que nos permita realizar essa medição: régua, fita métrica, trena, etc. Entretanto, há situações em que se deseja efetuar medidas envolvendo objetos que não estão diretamente acessíveis. Para todas as atividades dessa oficina foram desenvolvidos applets que ilustram e simulam dinamicamente a situação proposta. Visite a plataforma e verifique esses aplicativos. Procure utilizar o laboratório de informática da escola, se possível, ou verifique se a escola dispõe de um datashow e um computador que você possa utilizar nos encontros com os alunos. Exemplo 1: Medir a largura de um rio sem atravessá-lo. Estando no ponto A às margens de um rio, estimar a largura do rio, sem atravessá-lo, utilizando somente trena e teodolito. Solução: Suponhamos, por exemplo, que estejamos do ponto A e identifiquemos o ponto C, na margem oposta, de forma a que a distância entre os pontos A e C forneça uma boa aproximação para a largura do rio. Tomando uma direção perpendicular a AC, caminhamos em linha reta uma determinada distância, digamos k metros. O ponto onde pararmos será o ponto B, que estará na mesma margem que A. Uma vez em B, utilizamos um teodolito e medimos o ângulo b , formado pelos segmentos BA e BC. 73 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Uma vez conhecidos a distância entre os pontos A e B, que no caso é k, e a medida do ângulo b , podemos obter a medida do segmento inacessível AC utilizando razões trigonométricas em um triângulo retângulo. Nesse caso, conhecemos a medida do ângulo b e a medida do cateto adjacente a esse ângulo no triângulo retângulo ABC. O que desejamos achar é a medida do cateto oposto ao ângulo b . A razão trigonométrica que relaciona os dois catetos AC d = ⇔ d = k ⋅ tgb . Conhecidos b e k, calcula-se d, que é é a tangente. Temos que tgb = AB k uma estimativa para a largura do rio. Recomendamos, entretanto, a fazer com os alunos essa atividade envolvendo valores específicos e não valores literais, conforme fizemos nessas notas. Ou seja, escolha adequadamente valores para k e b e efetue as contas. Sugestão: Considere, por exemplo, que se obteve a medição b = 72º e distância k como sendo 20 metros. Nesse caso se obtém = tgb tg72º ≅ 3,08 . Reproduzindo todo o argumento elaborado acima para esses valores particulares, chegaremos a d ≅ 20 ⋅ 3,08 = 61,6 , ou seja, d é aproximadamente 61 metros. Exemplo 2: Estando no ponto A, às margens de um rio, estimar a largura do rio sem atravessá-lo, utilizando somente trena e teodolito. Solução: Podemos usar um ponto qualquer C de referência na outra margem do rio e, partindo de um ponto A qualquer na margem do rio, desloca-se ao longo de sua margem, em linha reta, até completar uma distância k, chegando assim a um ponto que chamaremos de B. A partir do ponto B, com o auxílio de um teodolito, mede-se o ângulo b e, em seguida, retorna-se ao ponto de origem A e mede-se o ângulo a , conforme indicado na figura. 74 Projeto Entre Jovens A largura do rio é dada aproximadamente pela medida da altura CH relativa ao lado AB, no triângulo ABC. No triângulo retângulo AHC temos tga = BHC , temos tgb = h tgα h tg CH . Logo, AH = h HB tgα e, finalmente, CH , enquanto que, no triângulo retângulo AH e BH = h . Como AH + HB = k , temos tgβ . Note que k é conhecido pois foi escolhido e tga e tgb também são conhecidos pois os ângulos a e b foram medidos. Recomendamos, entretanto, a fazer com os alunos essa atividade envolvendo valores específicos e não valores literais, conforme fizemos nessas notas. Ou seja, escolha adequadamente valores para k , a e b e efetue as contas. Sugestão: Considere, por exemplo, que se obteve a medição b = 48º , a = 74º e a distância tgb tg48º ≅ 1,11, = tga tg74º ≅ 3,49 . k como sendo 50 metros. Nesse caso se obtém = Reproduzindo todo o argumento elaborado acima para esses valores particulares, chegaremos a , ou seja, h é aproximadamente 42 metros. Exemplo 3: Medir uma altura inacessível. Estimar a altura h de um poste, sem escalá-lo, sendo conhecidos a altura da visão do observador, que é 1,6 m, empregando somente trena e teodolito. Veja a ilustração a seguir. Solução: Considere a situação onde precisamos estimar a altura de algo (prédio, árvore, etc) que temos acesso à sua base. Para fixar as ideias, consideraremos o cenário em que precisamos estimar a altura de um poste. Veja a ilustração a seguir. 75 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Para isso nos afastamos uma distância d do poste, a nossa escolha, e do ponto onde nos localizamos, medimos o ângulo a de visão da ponta mais alta do posto com a horizontal tomada na altura de nosso olho. Digamos que o nosso olho esteja a 1,6 metros do chão. Com isso já são conhecidos d e a . Portanto temos as seguintes informações sintetizadas na ilustração abaixo. No esquema acima temos um triângulo retângulo ABC, do qual conhecemos a medida de um de seus ângulos agudos, a medida do cateto adjacente à esse ângulo e queremos obter a medida do cateto que lhe é oposto. Dentre as razões trigonométricas em um triângulo retângulo, a que relaciona os dois catetos é a tangente. Portanto obtemos: tg= a BC h − 1,6 = , ou seja, h − 1,6 =d ⋅ tga , AB d donde h = 1,6 + d ⋅ tga . Como d e a são conhecidos, determina-se assim o valor de h, que representa a altura do poste. Recomendamos, entretanto, a fazer com os alunos essa atividade envolvendo valores específicos e não valores literais, conforme fizemos nessas notas. Ou seja, escolha adequadamente valores para d e a e efetue as contas. Sugestão: Considere, por exemplo, que se obteve a medição a = 32º e distância d como sendo tga tg33º ≅ 0,65 . Reproduzindo todo o argumento elaborado 5 metros. Nesse caso se obtém= acima para esses valores particulares, chegaremos a h= 1,6 + 5 × 0,65 = 1,6 + 3,25= 4,85 metros. 76 Projeto Entre Jovens É óbvio que, em lugar de um poste, poder-se-ia considerar um prédio, uma construção ou um objeto qualquer que o procedimento seria o mesmo. Entretanto, se o objeto cuja altura queremos estimar for muito grande, uma torre por exemplo, podemos desconsiderar a altura do observado e considerá-lo como um ponto sobre o chão pois, para efeito de estimar a altura de um objeto muito alto, 1,6 metros a mais ou a menos não compromete o valor da estimativa. Já para um poste 1,6 m faz muita diferença já que essa medida pode representar cerca de um terço de seu tamanho, daí não se poder desprezar a altura da vista do observador. Exemplo 4: Medir uma altura inacessível – parte 2. Estando situado no ponto A, às margens de um rio, estimar a altura de um prédio que se encontra na margem oposta desse rio, conforme ilustrado na figura abaixo, fazendo uso somente de trena e teodolito. Solução: Considere agora a situação onde precisamos estimar a altura de algo (prédio, montanha, árvore, etc) que não só esteja inacessível mas como também sua base esteja inacessível. Para fixar as ideias, consideraremos o cenário em que estamos em uma das margens de um rio e precisamos estimar a altura de um prédio que se encontra na margem oposta. Veja ilustração a seguir. 77 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 A partir de um ponto A da margem em que nos encontramos, observamos o prédio e medimos o ângulo de visão a que temos de um ponto C em sua base a um ponto P em seu topo. O objetivo então é estimarmos a medida do segmento PC que representará a altura do prédio. Em seguida, caminhamos em direção ao prédio, no alinhamento AC, por k metros e paramos. Seja B esse ponto. A partir de B medimos novamente o ângulo de visão b que temos do ponto C ao ponto P do prédio. Esquematizamos na figura abaixo as informações que dispomos e a medida h a ser determinada. No triângulo retângulo ACP, conhecemos a medida do ânguloa , parte do cateto AC, que é adjacente ao ânguloa , e desejamos calcular a medida do cateto oposto ao ângulo a . Como a razão trigonométrica que relaciona os dois catetos é a tangente, obtemos: PC h h tg = a = = , ou seja, h=( k + BC ) ⋅ tga . AC AB + BC k + BC Agora, observando o triângulo BCP, temos: tg= b Substituindo BC= PC h h = , ou seja, BC= . BC BC tgb h na relação h=( k + BC ) ⋅ tga , obtemos: tgb tga h tga tga h= k + ⇔ h −h⋅ = − k ⋅ tga ⇔ h ⋅ 1− ⋅ tga ⇔ h=k ⋅ tga + h ⋅ tgb tgb tgb tgb tgb − tga tgb tga ⋅ tgb = k ⋅ tga ⇔ h = k ⋅ tga ⋅ ⇔h=k⋅ h⋅ tgb tgb − tga tgb − tga k ⋅ tga = Como k, tga e tgb são conhecidos é possível, portanto, determinar o valor de h, que fornece a estimativa de altura para o prédio. Recomendamos, entretanto, a fazer com os alunos essa atividade envolvendo valores específicos e não valores literais, conforme fizemos nessas notas. Ou seja, escolha adequadamente valores para k e para os ângulos a e b de maneira a que se chegue a uma equação do segundo grau com coeficientes numéricos para que fique mais significativo para os alunos. Sugestão: Considere, por exemplo, que se obteve nas medições a = 25º e b = 30º e a distância percorrida k tenha sido de 50 metros. Nesse caso se obtém = tga tg25º ≅ 0,47 e = tgb tg30º ≅ 0,58 . Reproduzindo todo o argumento elaborado acima para esses valores particulares, chegaremos a h =k ⋅ tga ⋅ tgb 0,47 ⋅ 0,58 0,2726 ≅ 50 ⋅ =50 ⋅ ≅ 50 ⋅ 2,478 =123,9 m. tgb − tga 0,58 − 0,47 0,11 Logo, o prédio tem aproximadamente 124 m. 78 Projeto Entre Jovens É oportuno considerar que, como estamos estabelecendo uma estimativa da altura do prédio, não faz sentido responder que o prédio tem uma altura aproximada de 123,9 metros. Isso seria uma estupidez. É óbvio que, em lugar de um prédio, poder-se-ia considerar uma montanha, uma construção ou um objeto qualquer que o procedimento seria o mesmo. Chamamos a atenção para o fato de que nessa aplicação, por se tratar da estimativa da altura de um prédio, desprezamos a altura da vista do observador pois, nesse caso, o comprimento que estamos estimando é muito maior do que a medida que desprezamos. Demonstraremos agora que os comprimentos dos lados de um triângulo são proporcionais aos senos dos ângulos opostos. Para tal é necessário recordarmos que a área de um triângulo é dada pelo semiproduto entre das medidas de dois de seus lados pelo seno do ângulo por eles formado, ou seja, a área S de um triângulo ABC é dada por 1 1 1 = S bc ⋅ sena = , S ac ⋅ senb ou= S ab ⋅ seng 2 2 2 onde a, b, c, a , b e g são os elementos indicados na figura abaixo. De fato, traçando a altura BH do triângulo ABC tem-se: 1º caso: a é um ângulo agudo. h Do triângulo AHB da figura 1 obtemos sena = , ou seja, h= c ⋅ sena . Daí segue que: c 1 1 1 S= b ⋅ h= b⋅( c ⋅ sena ) = bc ⋅ sena . 2 2 2 79 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 2º caso: a é um ângulo obtuso. h p −a ) =, ou seja, h =c ⋅ sen ( p −a ) =c ⋅ sena . Do triângulo AHB da figura 2 obtemos sen ( c Daí segue que: 1 1 1 = S= b ⋅ h= b⋅( c ⋅ sena ) bc ⋅ sena . 2 2 2 3º caso: a é um ângulo reto. 1 b ⋅ h= 2 1 S bc ⋅ sena . Logo, em qualquer caso, tem-se= 2 1 S ac ⋅ senb e= S Analogamente, prova-se que= 2 Podemos agora demonstrar a lei dos senos. Do triângulo ABC da figura 3 obtemos S= 1 1 1 b ⋅ c= b ⋅ c ⋅ 1= bc ⋅ sena . 2 2 2 1 ab ⋅ seng . 2 Teorema 1: Em um triângulo ABC qualquer vale a relação a b c . = = sena senb seng Demonstração: 1 1 S bc ⋅ sena , por b a relação= S ac ⋅ senb e por c a relação Multiplicando por a a relação= 2 2 1 = S ab ⋅ seng obtemos: 2 1 a abc a ⋅= S abc ⋅ sena ⇔ = 2 sena 2S b ⋅= S 1 b abc abc ⋅ senb ⇔ = 2 senb 2S c ⋅= S 1 c abc abc ⋅ seng ⇔ = 2 seng 2S Daí podemos então concluir que 80 a b c = = . sena senb seng Projeto Entre Jovens Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre lei dos senos que estão disponíveis. Exemplo 5: Calcular a distância de um ponto a outro que esteja inacessível. Estimar a distância do ponto A em uma praia a um ponto P em uma ilha, utilizando somente trena e teodolito. Veja a figura abaixo. Solução: Considere agora a situação onde precisamos estimar a distância de um ponto a outro que esteja inacessível. Para fixar as ideias, consideremos o cenário onde estejamos interessados em estimar a distância de um ponto A em uma praia à uma palmeira P, que se encontra em uma ilha que pode ser avistada a partir desse ponto A. Veja a ilustração abaixo. 81 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Como essa medida não pode ser feita diretamente, a partir do ponto A, que marcamos fixando uma estaca na areia, caminhamos em linha reta d metros e paramos num ponto que chamaremos de B e do qual possamos avistar os pontos A e P. Marcaremos também o ponto B fixando uma estaca na areia. A partir do ponto B, medimos o ângulo de visão b que temos do ponto A ao ponto P. Em seguida retornamos ao ponto A e medimos o ângulo de visão a que temos do ponto B ao ponto P. Note que, ao conhecermos os ângulos a e b , passamos a 180º , donde g= 180º − ( a + b) . Aplicando conhecer também o ângulo g , já que a + b + g = então a lei dos senos ao triângulo ABP obtemos: AP AB AB ⋅ senb . = , donde AP = senb seng seng Recomendamos, entretanto, a fazer com os alunos essa atividade envolvendo valores específicos e não valores literais, conforme fizemos nessas notas. Ou seja, escolha adequadamente valores para d e para os ângulos a e b de maneira a que se chegue a um valor numérico para a medida de AP. Sugestão: Considere, por exemplo, que se obteve nas medições a = 82º e b = 70º e a distância 82º +70º ) = 28º , donde percorrida d tenha sido de 500 metros. Nesse caso se obtém g = 180º − ( = seng sen28º ≅ 0,47 e = senb sen70º ≅ 0,94 . Reproduzindo todo o argumento elaborado acima para esses valores particulares, chegaremos a: = AP AB ⋅ senb 500 ⋅ 0,94 470 = = = 1000 metros. seng 0,47 0,47 Vamos demonstrar agora a lei dos cossenos. Teorema 2: Seja ABC um triângulo qualquer com lados medindo a, b e c e ângulos internos opostos as esses lados medindo , e , respectivamente. Então são válidas as seguintes relações: Demonstração: Vamos demonstrar a relação a2 = b2 + c 2 − 2bc ⋅ cos a . Tracemos a altura BH, relativa ao lado AC. Consideraremos dois casos: 1º caso: o ângulo a é agudo. Faremos BH = h e AH = x , conforme ilustrado na figura a seguir. 82 Projeto Entre Jovens Aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo BHC e ao triângulo BHA obtemos: a2 = h2 + ( b − x) ⇔ a2 = h2 + b2 − 2bx + x 2 2 c 2 = h2 + x 2 ⇔ h2 = c 2 − x 2 () a2 = c 2 − x 2 + b2 − 2bx + x 2 ⇔ a2 = b2 + c 2 − 2bx Agora, no triângulo BHA obtemos: cos a = AH x = ⇔ x = c ⋅ cos a . AB c Substituindo x= c ⋅ cos a na última relação concluímos: a2 = b2 + c 2 − 2bc ⋅ cos a 2º caso: o ângulo a é obtuso. Faremos BH = h e AH = x , conforme ilustrado na figura abaixo. Aplicando o Teorema de Pitágoras ao triângulo BHC e ao triângulo BHC e ao triângulo BHA obtemos: a2 = h2 + ( b + x) ⇔ a2 = h2 + b2 + 2bx + x 2 2 c 2 = h2 + x 2 ⇔ h2 = c 2 − x 2 () a2 = c 2 − x 2 + b2 − 2bx + x 2 ⇔ a2 = b2 + c 2 + 2bx Agora, no triângulo BHA obtemos: AH x cos ( 180º −a ) = = ⇔ x = c ⋅ cos ( 180º −a ) . AB c 180º −a ) = − cos a , segue que x =−c ⋅ cos a Como cos ( Substituindo x =− c ⋅ cos a na última relação concluímos: a2 = b2 + c 2 − 2bc ⋅ cos a . 83 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Observe que se o ângulo A for reto, a lei do cosseno se reduz ao Teorema de Pitágoras. Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre lei dos senos que estão disponíveis. Exemplo 6: Determinar a distância entre dois pontos inacessíveis. Dispondo de uma trena e de um teodolito, estimar a distância entre dois pontos P e Q, cada um em uma ilha diferente, a partir de um ponto A em uma praia de onde se possa avistar os pontos P e Q. Veja a ilustração abaixo. Solução: Considere agora a situação onde precisamos estimar a distância entre dois pontos que estejam inacessível. Para fixar as ideias, consideremos o cenário onde estejamos interessados em estimar a distância entre dois pontos P e Q, cada um em uma ilha diferente, a partir de um ponto A em uma praia de onde se possa avistar os pontos P e Q. Veja a ilustração abaixo. 84 Projeto Entre Jovens Como essa medida não pode ser feita diretamente, a partir do ponto A, que marcamos fixando uma estaca na areia, caminhamos em linha reta d metros e paramos num ponto que chamaremos de B e do qual possamos avistar os pontos A, P e Q. Marcaremos também o ponto B fixando uma estaca na areia. A partir do ponto B, medimos o ângulo de visão b que temos do ponto A ao ponto P e também o ângulo de visão e que temos do ponto A ao ponto Q. Em seguida retornamos ao ponto A e medimos o ângulo de visão a que temos do ponto B ao ponto P e também o ângulo de visão d que temos do ponto B ao ponto Q. Note que, ao conhecermos os ângulos a e b , passamos a conhecer também o ângulo g , já 180º podemos concluir que g= 180º − ( a + b) bem como, ao conhecermos que a + b + g = 180º , os ângulos d e e , passamos a conhecer também o ângulo q pois, já que d + e + q = d + e) . podemos concluir que q= 180º − ( Aplicando então a lei dos senos ao triângulo ABP obtemos: AP AB AB ⋅ senb d ⋅ senb = ⇔ AP= ⇔ AP= . senb seng seng seng Aplicando agora a lei dos senos ao triângulo ABQ obtemos: AQ AB AB ⋅ sene d ⋅ sene = ⇔ AQ= ⇔ AQ= . sene senq senq senq Observando agora o triângulo APQ temos: Note que já conhecemos as medidas AP e AQ. Logo, aplicando a lei dos cossenos ao triângulo APQ obtemos: 2 PQ= AP 2 + AQ2 − 2 ⋅ AP ⋅ AQ ⋅ cos ( a − g) . Como todos os termos do 2º membro são conhecidos, podemos obter a medida do segmento PQ que será dada por 85 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 PQ = AP 2 + AQ2 − 2 ⋅ AP ⋅ AQ ⋅ cos ( a − g) . Mais uma vez recomendamos que faça com os alunos essa atividade envolvendo valores específicos e não valores literais, conforme fizemos nessas notas. Ou seja, escolha adequadamente valores para d e para os ângulos a , b , d e e de maneira a que se chegue a um valor numérico para a medida de PQ. Sugestão: Considere, por exemplo, que se obteve nas medições a = 82º , b = 70º , d = 55º e e = 95º e a distância percorrida d tenha sido de 500 metros. 82º +70º ) = 28º , donde = seng sen28º ≅ 0,47 e Nesse caso se obtém g = 180º − ( = senb sen70º ≅ 0,94 . Reproduzindo todo o argumento elaborado acima para esses valores particulares, chegaremos a: AP AB AB ⋅ senb 500 ⋅ 0,94 470 = ⇔ AP = = = = 1000 metros. senb seng seng 0,47 0,47 q= 180º − ( e +d= 180º − ( 95º +55º = 30º , donde Por outro lado, obtém-se ) ) = senq sen30º = 0,5 e = sene sen95º ≅ 0,996 . Reproduzindo todo o argumento elaborado anteriormente para esses valores particulares, chegaremos a: AQ AB AB ⋅ sene 500 ⋅ 0,996 498 = ⇔ AQ = = = = 996 metros. sene senq senq 0,5 0,5 Agora como a − g= 82º −28º= 54º , aplicando a lei dos cossenos no triângulo APQ obtemos: PQ = = PQ AP 2 + AQ2 − 2 ⋅ AP ⋅ AQ ⋅ cos ( a − g) 1000 ) + () 996 − 2 ⋅ ( 1000 ) ⋅ ()( 996 ⋅ cos 54º ) ( 2 PQ= 2 1992016 − 1992000 ⋅ 0,588 PQ = 820720 PQ ≅ 906 metros 86 Projeto Entre Jovens Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: Medir a largura de um rio sem atravessá-lo. Estando no ponto A às margens de um rio, estimar a largura do rio, sem atravessálo, utilizando somente trena e teodolito. Atividade 2: Medir a largura de um rio sem atravessá-lo – parte 2. Estando no ponto A às margens de um rio, estimar a largura do rio, sem atravessálo, utilizando somente trena e teodolito. Atividade 3: Medir uma altura inacessível. Estimar a altura h de um poste, sem escalá-lo, sendo conhecidos a altura da visão do observador, que é 1,6 m, empregando somente trena e teodolito. Veja a ilustração a seguir. 87 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 4: Medir uma altura inacessível – parte 2. Estando situado no ponto A, às margens de um rio, estimar a altura de um prédio que se encontra na margem oposta desse rio, conforme ilustrado na figura abaixo, fazendo uso somente de trena e teodolito. Atividade 5: Calcular a distância de um ponto a outro que esteja inacessível. Estimar a distância do ponto A em uma praia a um ponto P em uma ilha, utilizando somente trena e teodolito. Veja a figura abaixo. 88 Projeto Entre Jovens Atividade 6: Determinar a distância entre dois pontos inacessíveis. Dispondo de uma trena e de um teodolito, estimar a distância entre dois pontos P e Q, cada um em uma ilha diferente, a partir de um ponto A em uma praia de onde se possa avistar os pontos P e Q. Veja a ilustração abaixo. Atividade 7: Um observador O situado no topo de uma montanha vê dois outros A e B situados no nível do mar. Os observadores A e B medem os ângulos a e b que as linhas AO e BO formam com o plano horizontal e o observador O mede o ângulo AÔB = q . Conhecendo-se a distância d entre os observadores A e B, calcule a altura da montanha. Atividade 8: Um balão foi visto simultaneamente de três estações A, B e C sob ângulos de elevação de 45º, 45º e 60º, respectivamente. Sabendo que A está 3 km a oeste de C e que B está 4 km ao norte de C, determine a altura do balão. Atividade 9: Um corredor A está sobre uma reta r e corre sobre ela no sentido AX. Um corredor B não está em r e, correndo em linha reta, pretende alcançar A, vide figura abaixo. Sendo a partida simultânea, que direção deve tomar B se as velocidades de ambos são conhecidas? 89 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 a) Considere BAX = 110º , velocidade de A igual a 8m/s e velocidade de B igual a 9m/s. Determine o ângulo que a trajetória de B deve fazer com a reta BA para que o encontro seja possível. b) Considere BAX = 110º , velocidade de A igual a 8m/s, velocidade de B igual a 8,1 m/s e AB=50 m. Sendo B um corredor inteligente, determine que distância ele percorreu até alcançar A. Atividade 10: Considerando ainda a figura da atividade 9, seja BAX = 60º . O corredor A tem velocidade 15% maior que a de B. Porém, o corredor B é inteligente, planejou cuidadosamente sua trajetória, e alcançou o corredor A no ponto C da reta r. Calcule o ângulo ABC . Observação: você vai encontrar dois valores para o ângulo ABC . Ambos são possíveis? Por que ocorre isto? 90 Projeto Entre Jovens Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ 91 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 95 OFICINA 15 ÁREAS DE FIGURAS PLANAS Meta: – Apresentar a noção de área de uma região do plano. Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Resolver problemas envolvendo o cálculo de áreas de figuras planas. Pré-requisitos: – Oficinas 8 e 9 do Guia 1. – Oficinas 12 e 14 do Guia 2. Projeto Entre Jovens Para essa oficina você encontrará na plataforma Moodle vários aplicativos interessantes. Todos os tópicos trabalhados nessa oficina têm aplicativos associados. Sugerimos fortemente que se você, tutor, está atuando em uma escola que dispõe de laboratório de informática e que seja permitido o uso do laboratório para realizar as atividades com os alunos, procure apresentar os aplicativos aos alunos. Uma outra opção seria utilizar um datashow e um computador para exibir os aplicativos para os alunos nos encontros. Verifique se a escola dispõe de um datashow e um computador que possa ser utilizado no encontro com os alunos. Medir uma grandeza significa compará-la com uma outra de mesma espécie tomada como unidade. Nessa oficina vamos tratar de medir a porção do plano ocupada por uma figura. Esta medida é a sua área. Para encontrar a área de uma figura F devemos comparar sua superfície (a porção do plano que ela ocupa) com a de uma outra figura tomada como unidade. O resultado dessa comparação será um número que deverá exprimir quantas vezes a figura F contém a unidade de área. A unidade de área Adotamos como unidade de área o quadrado cujo lado mede uma unidade de comprimento. Ele será chamado de quadrado unitário. Se o lado do quadrado for de 1 cm, a unidade de área será chamada de centímetro quadrado e representada por cm2 . Naturalmente que, para cada unidade de comprimento, existe uma unidade de área correspondente. Assim, o metro quadrado ( m2 ), o milímetro quadrado ( mm2 ), o quilometro quadrado ( km2 ) são outras unidades de área utilizadas quando forem convenientes para a figura que se deseja medir. Dissemos que a área de uma figura exprime quantas vezes essa figura contém a unidade de área. Isto é fácil de perceber, por exemplo, quando desejamos conhecer a área de um retângulo cujos lados medem 5 cm e 3cm. A área do retângulo Já sabemos que se as medidas dos lados de um retângulo são números inteiros, sua área é o produto desses números. Mas, o que ocorre se as medidas dos lados do retângulo são números racionais? Por exemplo, como se calcula a área de um retângulo cujos lados medem 10 cm? Algum aluno afoito vai dizer: multiplique esses dois números! Na verdade, 4,8 cm e 3 isto está certo, mas por que esse produto fornece a área? 99 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Nosso retângulo é assim: Naturalmente que não podemos ver quantas vezes o quadrado unitário cabe dentro do nosso retângulo. Vamos então fazer o seguinte. Em primeiro lugar, escrever as medidas dos lados do retângulo como frações de mesmo denominador. Isto é sempre possível quando elas são números racionais. 4,8 = 48 24 72 10 50 = = e = 10 5 15 3 15 Em segundo lugar, vamos dividir o lado do quadrado unitário em pedacinhos de tamanho 1/15 e, traçando por cada ponto de divisão paralelas aos lados, vemos o quadrado unitário dividido em 152 = 225 quadradinhos. 1 Assim, a área, de cada quadradinho é cm². Agora, vamos cobrir a superfície do nosso 225 retângulo com esses quadradinhos. 100 Projeto Entre Jovens Cabem 72 quadradinhos na base do retângulo e 50 quadradinhos na altura. Logo, o número de quadradinhos em que o retângulo ficou dividido é 72 × 50 . Assim, a área do retângulo é 1 igual a este número multiplicado pela área de cada quadradinho, que é cm². Dai, a érea 225 do retângulo será: S = 72 × 50 × 1 72 50 10 = × = 4,8 × = 16 cm². 225 15 15 3 De fato, a área do nosso retângulo de medidas racionais é realmente o produto das medidas desses lados. Note que, apesar de termos feito apenas um exemplo, sua solução contém toda a ideia da demonstração para retângulos de medidas racionais. Podemos demonstrar que a, área de um retângulo cujas medidas dos lados são números reais positivos quaisquer é o produto delas. Não faremos isso aqui. Concluindo, a área de um retângulo é o produto das medidas de seus lados. Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre áreas de retângulos que estão disponíveis. Área do paralelogramo Conhecida a área do retângulo, podemos calcular a área de um paralelogramo. Consideremos o paralelogramo ABCD da figura a seguir com base AB = a e altura h . A figura, a seguir, mostra o retângulo AECF que contém o paralelogramo. 101 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Seja BE = x . A área o paralelogramo é igual a área; do retângulo subtraída das áreas de dois triângulos iguais ( BEC e DFA ) que, juntos, formam um outro retângulo. Mas do segundo membro dessa igualdade podemos concluir que ( a + x )h − xh =. ah A área do paralelogramo é, portanto, o produto da base pela altura. S = ah . Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre áreas de paralelogramos que estão disponíveis. Área do triângulo Para obter a área de um triângulo ABC, escolha um lado para chamar de base. Seja então BC a base. Suponha que a base tenha comprimento a e que a altura relativa a essa base tenha tamanho h . Pelo vértice oposto A, trace paralelas aos lados AB e BC formando o paralelogramo ABCD. É claro que a área do triângulo ABC é a metade da área do paralelogramo ABCD. Daí a área do triângulo é a metade do produto da base pela altura, isto é, S= ah . 2 Vale registrar que na Oficina 14, provamos que a área de um triângulo também pode ser calculada quando se conhece a medida de dois de seus lados e a medida do ângulo por eles formado. 102 Projeto Entre Jovens Neste caso tem-se: = S 1 1 1 bc ⋅ sena ou= S ac ⋅ senb ou= S ab ⋅ seng . 2 2 2 Uma terceira maneira de se calcular a área de um triângulo é através da Fórmula de Heron. Ela é útil quando se conhece as medidas dos três lados do triângulo. Se a, b e c são as medidas dos lados de um triângulo, então sua área S é dada por: S= p( p − a) p − b) p − c) , onde p = ( ( a+ b+ c . 2 Não demonstraremos essa fórmula nessas notas. Para uma demonstração da Fórmula de Heron, consulte a plataforma. Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre áreas de triângulos que estão disponíveis. Área do trapézio Consideremos agora o trapézio ABCD com base maior AB = a , base menor CD = b e altura h como na figura a seguir. Traçando o segmento CE paralelo a AD , o trapézio ABCD ficou dividido no paralelogramo AECD de base b e altura h e no triangulo CEB de base a − b e altura h . Somando estas áreas encontramos: 103 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 bh + ( a − b)h 2bh + ah − bh ( a + b)h . = = 2 2 2 A área do trapézio é, portanto, o produto da base média pela altura. S= ( a + b)h . 2 (Chamamos de base média de um trapézio ao segmento de reta que une os pontos médios dos lados opostos não-paralelos. Sua medida é a média aritmética das bases.) Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre áreas de trapézios que estão disponíveis. Propriedades importantes Propriedade 1: A área de um triângulo não se altera quando sua base permanece fixa e o terceiro vértice percorre uma reta paralela a base. Na figura acima, a reta r é paralela a BC . Os triângulos A1BC , A2BC , A3BC , A4 BC e A5 BC têm a mesma área pois possuem a mesma base BC e mesma altura h. 104 Projeto Entre Jovens Propriedade 2: Em um triângulo, uma mediana divide sua área em partes iguais. De fato, observando a figura a seguir, sendo M o ponto médio do lado AB, os dois triângulos interiores possuem bases de mesma medida e mesma altura. Logo, possuem mesma área. Quando duas figuras possuem mesma área, dizemos que elas são equivalentes. Portanto, o enunciado desta propriedade pode ser: “Uma mediana divide o triângulo em dois outros equivalentes”. Exemplo 1: O triângulo ABC da figura abaixo tem área igual a 30 cm². O lado BC está dividido em quatro partes iguais pelos pontos D , E e F , e o lado AC está dividido em três partes iguais pelos pontos G e H . Qual é a área do triângulo GDE ? Solução: Observe na figura a seguir, o triângulo ABC com as cevianas BG e BH. Ceviana é qualquer segmento de reta que une um vértice do triângulo a um ponto qualquer interior ao lado oposto. Pela propriedade 2 os triângulos BAG, BGH e BHG tem mesma, área. Cada um tem portanto área igual a 10 cm² e o triângulo BGC tem área igual a 20. Observe agora o triângulo BGC com as cevianas GD, GE e GF. 105 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Pela mesma propriedade, os triângulos GBD, GDE, GEF e GFG têm mesma área. Logo, cada um deles tem área 5 cm². Com isso a área do triângulo GDE é igual a 5cm². Repare que a solução do problema não necessitou de fórmulas. Uma propriedade simples e convenientemente aplicada foi suficiente para resolver a questão. Propriedade 3: Se dois triângulos têm a mesma altura então a razão entre suas áreas é igual a razão entre suas bases. De fato, se dois triângulos têm a mesma altura h e bases medindo a e a ' , então suas áreas são: ah a' h S= e S' = . A razão entre suas áreas é dada por: 2 2 ah S ah 2 a = 2 = × = . S ' a' h 2 a' h a' 2 Propriedade 4: A razão entre as áreas de triângulos semelhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança. Observe na figura a seguir dois triângulos semelhantes com bases a e a ' , e alturas h , e h ' . Sendo os dois triângulos semelhantes, a razão entre as suas bases é a mesma razão entre as suas alturas. Esse número é a razão de semelhança das duas figuras: = k 106 a h. = a' h' Projeto Entre Jovens Porém, se S e S’ são as áreas desses dois triângulos temos ah S a h = 2 = × = k × k = k2 . S ' a' h' a' h' 2 Considere, por exemplo, o seguinte problema elementar: Os dois triângulos da figura abaixo são semelhantes. Se a área do menor é igual a 8 cm², qual é a área do maior? Para esta pergunta, alunos têm uma tendência irresistível de responder rapidamente que a área do triângulo maior é 24 cm². Porem isto não é 1 verdade. A razão de semelhança dos dois triângulos é k = e, portanto, a 3 1 razão entre suas áreas é . Daí, se a área do menor é igual a 8 cm², a área 9 do maior é 72 cm². A propriedade 4 que mostramos para triângulos vale naturalmente para polígonos, pois estes podem ser divididos em triângulos. Mas, é importante saber que esta propriedade vale para quaisquer figuras semelhantes. A razão entre as áreas de figuras semelhantes quaisquer é igual ao quadrado da razão de semelhança. Não faremos aqui a demonstração dessa afirmação geral. Exemplo 2: Em algum momento na primeira metade do século passado, uma pessoa chamada Afrânio tinha um valioso terreno desocupado perto do centro da cidade do Rio de Janeiro. Com a urbanização da cidade, ruas novas foram abertas e o terreno de Afrânio ficou reduzido a um triangulo ABC, retângulo em B, ainda de grande valor pois o lado AB media 156 metros. Pois bem, Afrânio morreu e em seu testamento os advogados encontraram as instruções para dividir o terreno igualmente entre seus dois filhos. Era assim: “um muro deve ser construído perpendicularmente ao lado AB de forma que os dois terrenos resultantes da divisão tenham mesma área; o que tem a forma de um trapézio será do meu filho mais velho e o outro será do mais novo”. Os advogados não foram capazes de decidir em que posição deveria ficar o murro. Em que posição, relativamente ao lado AB do terreno, o murro deve ser construído? 107 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Solução: Na figura abaixo, MN é o muro que deve ser construído perpendicularmente ao lado AB. Seja, AM = x de forma que o triângulo AMN e trapézio MBCN tenham mesma área S. Os x . Como a triângulos AMN e ABC são semelhantes e a razão de semelhança entre eles é 156 razão entre suas áreas é o quadrado da razão de semelhança, devemos ter: 2 Área AMN S x . = = Área ABC 2S 156 Extraindo a raiz quadrada de ambos os lados ficamos com 1 x , = 2 156 0 que dá= x 156 = 78 2 ≅ 110 m. O muro deve ser construído a 110 metros a partir de A. 2 Área do círculo O número p é a razão entre o comprimento de uma circunferência e seu diâmetro. Esta razão dá sempre o mesmo valor, ou seja, independe da circunferência porque duas circunferências quaisquer são sempre semelhantes. Todas as circunferências são semelhantes entre si. Se C é o comprimento da circunferência de raio R então, por definição, C =p . 2R Mas, o que é o comprimento de uma circunferência? Nós sabemos o que é o comprimento de um segmento mas temos apenas uma ideia intuitiva do que seja o comprimento de uma circunferência. Podemos pensar em passar um barbante bem fino em volta da circunferência, esticá-lo e medir seu comprimento com uma régua. Isto dá uma boa ideia do que seja o comprimento da circunferência mas este método experimental permite apenas avaliar (com pouca precisão) essa medida. Vamos tornar mais preciso este conceito. O comprimento da circunferência é, por definição, o número real cujas aproximações por falta são os perímetros dos polígonos regulares inscritos e cujas aproximações por excesso são os perímetros dos polígonos regulares circunscritos. 108 Projeto Entre Jovens Observe a figura acima. Você vê uma circunferência com um decágono regular inscrito e outro circunscrito. Pense agora nesta situação com polígonos regulares de n lados. Se C é o comprimento da circunferência, pn o perímetro do polígono inscrito e Pn o perímetro do circunscrito temos, por definição, pn < C < Pn . Quando n cresce, os valores de pn aumentam, os de Pn diminuem e ambos se aproximam cada vez mais de C . Sendo R o raio da circunferência, as razões pn P e n quando n cresce, vão se aproximando, 2R 2R C , ou seja, de p . 2R Veja, a seguir, estas aproximações para alguns valores de n . uma por um lado e outra pelo outro de n pn 2R Pn 2R 6 3,00000 3,46411 12 3,10582 3,21540 24 3,13262 3,15967 48 3,13935 3,14609 96 3,14103 3,14272 192 3,14145 3,14188 384 3,14156 3,14167 Repare no quadro acima, que os valores das duas colunas vão se aproximando mas, para polígonos de 384 lados só conseguimos certeza nas três primeiras decimais. 109 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre aproximações para o número p que estão disponíveis. O número p é um número irracional aproximadamente igual a 3, 1416. O uso da letra grega p para representar a razão entre o comprimento da circunferência e seu diâmetro deve-se a Euler, que a adotou em 1737. Continuando com a ideia dos polígonos, a área do circulo é o número real cujas aproximações por falta são as áreas dos polígonos regulares inscritos. Imaginemos um polígono regular com n lados ( n bem grande) inscrito na circunferência de raio R. Dividamos o polígono em triângulos isósceles iguais, todos com vértice no centro da circunferência. Cada triângulo tem dois lados iguais a R, um lado igual a a , lado do polígono, e altura h relativa a essa base. A área do polígono é ah ( na)h pn .h = An n= . = 2 2 2 onde pn é o perímetro do polígono. Quando n cresce indefinidamente, pn tende ao comprimento da circunferência e h tende ao raio. A área do circulo é então: 2p R.R 2 S = p R2 . S= Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre áreas de círculos que estão disponíveis. 110 Projeto Entre Jovens Áreas de setores A área de um setor de um círculo é proporcional ao ângulo central ou ainda, proporcional ao comprimento de seu arco. Para justificar isto, basta observar que, dobrando o ângulo central, a área do setor dobra, triplicando o ângulo central a área do setor triplica, e assim por diante. Assim, se o ângulo central tem medida a em graus, a área do setor é a .p R2 . 360º Por outro lado, como a área do setor também é proporcional ao comprimento L do seu arco, podemos exprimir essa área assim: S= = S L LR = .p R2 . 2p R 2 Visite a plataforma e verifique os aplicativos sobre áreas de setores que estão disponíveis. 111 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: O triângulo ABC da figura abaixo tem área igual a 30 cm². O lado BC está dividido em quatro partes iguais pelos pontos D , E e F , e o lado AC está dividido em três partes iguais pelos pontos G e H . Qual é a área do triângulo GDE ? Atividade 2: Em algum momento na primeira metade do século passado, uma pessoa chamada Afrânio tinha um valioso terreno desocupado perto do centro da cidade do Rio de Janeiro. Com a urbanização da cidade, ruas novas foram abertas e o terreno de Afrânio ficou reduzido a um triangulo ABC, retângulo em B, ainda de grande valor pois o lado AB media 156 metros. Pois bem, Afrânio morreu e em seu testamento os advogados encontraram as instruções para dividir o terreno “igualmente” entre seus dois filhos. Era assim: “um muro deve ser construído perpendicularmente ao lado AB de forma que os dois terrenos resultantes da divisão tenham mesma área; o que tem a forma de um trapézio será do meu filho mais velho e o outro será do mais novo”. Os advogados não foram capazes de decidir em que posição deveria ficar o murro. Em que posição relativamente ao lado AB do terreno o murro deve ser construído? Atividade 3: Três lotes quadrados delimitam um lago em forma de um triângulo retângulo, conforme indicado na figura abaixo. Sabe-se que as medidas das áreas desses três lotes somam 800m². Qual a medida do maior dos lados desses três lotes? 112 Projeto Entre Jovens Atividade 4: Um pequeno restaurante possui um salão de jantar, uma cozinha e dois banheiros, todos em forma de quadrado. A cozinha e o salão de jantar possuem a mesma área. No exterior do restaurante há uma varanda cujas dimensões estão representadas na figura abaixo. Qual a medida da área interna desse restaurante? Atividade 5: Um terreno pentagonal foi repartido em quatro lotes de forma a = FG = 40 m, AF = 10 m e FC = 60 m, conforme indicado na figura abaixo. que BF Qual a área do terreno pentagonal? Atividade 6: O logotipo de uma empresa é formado por um retângulo de dimensões 2,5cm de largura e 2 cm de altura 2cm, no qual se encontram pintados 4 triângulos retângulos idênticos, cujos catetos são paralelos aos lados do retângulo. Veja a ilustração abaixo. Qual é a área de cada um desses triângulos? 113 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 7: Em um supermercado existem duas câmeras de vídeo instaladas nos pontos A e B. Há duas gôndolas posicionadas perpendicularmente a parede, uma de 15 metros e a outra de 10 metros de comprimento, distantes 3 metros entre si. A região na cor cinza corresponde à área em que as câmeras não conseguem captar imagem. Veja a planta baixa na ilustração. Qual é a área da região que as câmeras não conseguem captar? Atividade 8: Um lote retangular está dividido em quatro terrenos retangulares. As medidas das áreas de três deles estão indicadas na figura abaixo. Qual é a área do lote? Atividade 9: O quadrado da figura abaixo foi dividido num quadrado menor rodeado por quatro retângulos iguais. O perímetro de cada um dos retângulos mede 22 cm. Qual a área do quadrado grande? Atividade 10: No paralelogramo ABCD, o lado AD mede 15 cm, o lado AB mede 5 cm e a distância do vértice A ao lado CD é 12 cm. Veja a figura abaixo. Qual é a distância x do vértice A ao lado BC ? 114 Projeto Entre Jovens Atividade 11: Considere no paralelogramo ABCD as regiões R, S, T e U determinadas pelo segmento DM que une D ao ponto médio M de BC e pela diagonal AC. Se a área de ABCD mede 60 cm², determine as áreas das regiões R, S, T e U. Atividade 12: Considere o triângulo equilátero e o quadrado como na figura abaixo, ambos com lados medindo a. Calcule a área da parte hachurada. Atividade 13: A secção transversal de uma carroceria de caminhão que transporta 5 tubulações cilíndricas é um retângulo que acomoda exatamente as seções das 5 tubulações, como na figura abaixo. Sendo o raio das tubulações igual a r, quais as dimensões do retângulo dessa seção? 115 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 14: Na figura abaixo se encontram representadas duas circunferências. O raio da maior circunferência é 2 m. Calcule área da região hachurada. Atividade 15: Na figura abaixo, o ponto O é o centro do círculo de raio r, AT é p tangente ao círculo e MT é perpendicular a AT e o ângulo central AÔM mede 3 radianos. Calcule a área da região hachurada. 116 Projeto Entre Jovens Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Resolver problemas envolvendo o volume e área de superfícies dos principais sólidos geométricos. Pré-requisito: – Oficina 15. Projeto Entre Jovens Nessa oficina consideraremos os principais sólidos geométricos. Nosso foco será o cálculo do volume e da área da superfície desses sólidos. Noção de Volume Uma ideia intuitiva de volume seria: Volume de um sólido é a quantidade de espaço por ele ocupada. Muitas comparações são óbvias, outras não. No caso de uma panela e de uma garrafa, podese encher a garrafa com água e despejar dentro da panela. Para comparar volumes de objetos impermeáveis podemos mergulhá-los, um de cada vez, em um reservatório contendo água até o bordo e comparar a quantidade de água que transbordou. Se tivermos um reservatório cilíndrico de vidro, podemos colar em sua parede uma escala de nossa escolha e, com ela, medir volumes de pequemos objetos impermeáveis, como uma pedra de formato irregular, por exemplo. Este tipo de experiência é um elemento motivador para o estudo dos volumes e pode ate ser eventualmente de alguma utilidade prática, mas na maioria dos problemas que teremos que enfrentar, é totalmente inútil. Por exemplo, o mestre de obras precisa saber o volume de concreto que será utilizado na construção das colunas, vigas e lajes de um edifício. A forma e as dimensões de cada um destes objetos estão na planta e o cálculo do volume deve ser feito antes que o edifício exista. Alguns objetos são pequenos demais, ou grandes demais, ou são inacessíveis ou, simplesmente, não existem concretamente. Sentimos então a necessidade de obter métodos para o cálculo de volumes, pelo menos de objetos simples, conhecendo sua forma e suas dimensões. Para medir esta grandeza chamada volume, devemos compará-la com uma unidade e, tradicionalmente, a unidade de volume é o cubo cuja aresta mede uma unidade de comprimento, denominado de cubo unitário. Por exemplo, se um cubo tem 1 cm de aresta, seu volume é a unidade chamada de centímetro cúbico ( cm3 ). Assim, o volume de um sólido deve ser um número que represente quantas vezes ele contém o cubo unitário. Volume do bloco retangular Imaginemos inicialmente um bloco retangular com dimensões 4 cm, 3 cm e 2 cm. Qual é o seu volume? 125 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Observando o desenho, não há dúvida que este bloco pode ser dividido em 4 × 3 × 2 = 24 3 cubos unitários e, portanto, seu volume é de 24 cm . A maioria dos livros didáticos brasileiros usa um exemplo como este para “concluir” que o volume de um paralelepípedo retângulo qualquer é o produto de suas dimensões. Este chute é difícil de aceitar. O que ocorre se as dimensões do bloco não forem inteiras? Continua valendo o produto? Por quê? Está certo que em muitas ocasiões o professor não pode fazer em sala de aula uma demonstração completa de cada um dos conteúdos exigidos no programa do Ensino Médio. Mas, se não o fizer, deve oferecer algo mais que a fórmula pronta ou o decreto publicado no livro didático. Vejamos um exemplo. Exemplo 1: Calcule o volume do bloco retangular de 5,6 cm de comprimento, 4,7 cm de largura e 2,0 cm de altura. Solução: Para resolver este problema, dividamos cada aresta do cubo unitário (com 1 cm de aresta) em 10 partes iguais.Traçando pelos pontos de divisão planos paralelos às faces, dividimos esse cubo unitário em 1000 cubinhos de aresta 1/10. 126 Projeto Entre Jovens Naturalmente que o volume de cada cubinho é v = 1/1000 , e é fácil contar quantos destes cubinhos enchem o bloco retangular dado: são 54 × 47 × 20 cubinhos. Logo, o volume do bloco retangular é igual ao número de cubinhos multiplicado pelo volume de 1 cubinho, ou seja, 54 × 47 × 20 × 1 54 47 20 = × × = 5,6 × 4,7 × 2,0 cm³. 1000 10 10 10 Para o caso geral, onde as medidas das arestas do bloco retangular são números reais positivos quaisquer, o volume é ainda o produto dessas medidas. Não faremos essa demonstração nessas notas. Consideramos portanto estabelecido que o volume de um bloco retangular cujas arestas medem x, y e z, é dado por V = xyz . Em particular, o volume do cubo, ou hexaedro regular, cuja aresta mede a, é dado por V = a3 . Sólidos semelhantes Seja B(x, y, z) um bloco retangular de dimensões x, y e z. Os blocos B(x,y,z) e B’(x’,y’,z’) são semelhantes se, e somente se, x ' = kx , y ' = ky e z ' = kz para algum número real positivo k, chamado razão de semelhança (ou fator de ampliação). Os volumes de B e B’ são tais que v ( B´) = kx ⋅ ky ⋅ kz = k 3 xyz = k 3v (B) , ou seja, multiplicando as arestas de B por k, seu volume ficou multiplicado por k 3 . Este resultado vale naturalmente para poliedros retangulares semelhantes P e P’, e levando em conta a definição de volume, vale também para dois sólidos semelhantes quaisquer: A razão entre os volumes de sólidos semelhantes é o cubo da razão de semelhança. 127 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Este é um importante resultado. Entretanto não faremos sua demonstração nessas notas. Recomendamos consultar a demonstração desse resultado na plataforma. O Princípio de Cavalieri O cálculo dos volumes dos diversos sólidos só vai avançar com esta nova ferramenta. Imagine inicialmente um sólido qualquer S apoiado em um plano horizontal H. Imagine também que S tenha sido cortado por planos paralelos a H em fatias muito finas, todas de mesma altura. Observe então que o sólido S pode mudar de forma quando deslizamos ligeiramente cada fatia em relação com a que está abaixo dela. Podemos assim obter outro sólido S’, diferente de S, mas com o mesmo volume de S, uma vez que eles são constituídos das mesmas fatias. Esta ideia inicial já nos conduz a dois importantes resultados. a) Dois prismas de mesma base e mesma altura têm mesmo volume. b) Duas pirâmides de mesma base e mesma altura possuem mesmo volume. As situações que acabamos de apresentar constituem um caso bastante particular do princípio que vamos enunciar. Aqui, fatias que estão na mesma altura nos dois sólidos são congruentes. 128 Projeto Entre Jovens Mas, em uma situação mais geral, considerando dois sólidos quaisquer A e B, se as duas fatias que estiverem na mesma altura tiverem mesma área então, como possuem mesma espessura, terão muito aproximadamente volumes iguais. Tanto mais aproximadamente quanto mais finas forem. Sendo o volume de cada sólido a soma dos volumes das respectivas fatias, e a aproximação entre os volumes das fatias podendo tornar-se tão precisa quanto se deseje, concluímos que os volumes de A e B são iguais. O Principio de Cavalieri é enunciado da seguinte forma: Sejam A e B dois sólidos. Se qualquer plano horizontal secciona A e B segundo figuras planas de mesma área, então estes sólidos têm volumes iguais. O Princípio de Cavalieri não pode ser demonstrado com apenas os recursos da Matemática elementar. Ele deve ser incorporado à teoria como um axioma, mas os argumentos anteriores são bastante intuitivos e convincentes. Volume do Prisma Considere um prisma de altura h, cuja base seja um polígono de área A, contido em um plano horizontal. Construímos ao lado um paralelepípedo retângulo com mesma altura h e de forma que sua base seja um retângulo de área A. Se cortarmos esses dois prismas (o paralelepípedo é também um prisma) por um plano horizontal, teremos seções de área A1 e A2 em cada prisma. Mas num prisma, essas seções são congruentes à base e, portanto, têm área igual a A, isto é, A1 = A = A2. Logo, pelo Princípio de Cavalieri, esses dois prismas têm mesmo volume, e como o volume do paralelepípedo retângulo é A × h, temos que Volume do prisma = [área da base] × [altura] 129 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Volume do Cilindro No cilindro, toda seção paralela à base, é congruente com essa base. Esse fato, permite concluir, pelo Princípio de Cavalieri, que o volume do cilindro é o produto da área de sua base pela sua altura. Se o cilindro tem altura h e base de área A contida em um plano horizontal, imaginamos um prisma qualquer (ou em particular um paralelepípedo retângulo) de altura h, com base de área A contida no mesmo plano. Se um outro plano horizontal secciona os dois sólidos segundo figuras de áreas A1 e A2, então A1 = A = A2 e por consequência, os dois têm o mesmo volume. Logo o volume do cilindro é também o produto da área da base pela altura. Volume do cilindro = [área da base] × [altura] Volume da Pirâmide e do Cone Os volumes de pirâmide e cone são obtidos usando também o Princípio de Cavalieri. Volume da pirâmide = Volume do cone = 1 [área da base] × [altura] 3 1 [área da base] × [altura] 3 Volume da Esfera O volume da esfera também é obtido através do Princípio de Cavalieri. Utiliza-se os volumes do cilindro e do cone para se concluir o volume da esfera. Para uma esfera de raio R, tem-se: Volume da esfera = 4 3 pR . 3 Não faremos a dedução dessas três últimas fórmulas nessas notas. Consulte na plataforma suas demonstrações. 130 Projeto Entre Jovens Áreas de sólidos geométricos As áreas dos poliedros são simples de serem calculadas pois suas faces são polígonos (triângulos, retângulos, pentágonos , hexágonos, etc) cujas áreas calcula-se com relativa facilidade. Já o cilindro, o cone e a esfera, têm suas áreas calculadas da seguinte forma: Sólido Lateral Cilindro de altura h e raio da base R 2p Rh Cone de altura h e raio da base R (e geratriz ) p R h2 + R2 ou p R Esfera de raio R ----- Área Total 4p R2 Cilindro: Cone: Consulte as demonstrações dessas fórmulas na plataforma. Exemplo 2: Um artesão, para pintar a superfície de esferas de raio 2 cm, estima gastar 0,05 cm³ de tinta por cada cm² de superfície. A tinta a ser utilizada é vendida em latas em forma de cilindro circular reto, cujo diâmetro mede 4 cm e cuja altura mede 5 cm. Nessa questão, despreze todas as espessuras envolvidas. a) Qual é o número mínimo de latas de tinta necessário para pintar 500 esferas? b) Cada esfera será acondicionada em uma caixa cúbica cujas arestas medem 5 cm. O espaço interno da caixa, não ocupado pela esfera, será totalmente preenchido por um material de proteção. Qual é a medida do menor volume desse material necessário para acondicionar as 500 esferas? 131 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Solução: a) Sendo r = 2 cm o raio da esfera, a área da superfície de cada esfera é: = Se 4= p r 2 4= p 22 16p cm 2 . Como gasta-se 0,05 cm³ de tinta para pintar cada cm² de superfície, para pintar cada esfera serão gastos: Te = 0,05 ⋅ 16p = 0,8p cm³ de tinta. Sendo R= 4 = 2 cm o raio e h = 5 cm a altura da lata de tinta, o volume de cada lata é: 2 VL = p R2h = p ⋅ 22 ⋅ 5 = 20p cm 3 . A razão entre o volume de tinta necessário para pintar as 500 esferas e o volume de cada lata de tinta é: 500 ⋅ Te 500 ⋅ 0,8p = = 20 . VL 20p Portanto, serão necessárias 20 latas de tinta para pintar as 500 esferas. b) Sendo Vc e Ve os volumes da caixa e da esfera, respectivamente, temos que: 3 V= 5= 125 cm 3 = e Ve c 4 3 4 3 32 = pr = p2 p cm 3 . 3 3 3 O volume de material de proteção necessário em cada caixa será a diferença: Vc − Ve = 125 − 32 p 3 3 cm . Portanto, o volume de material de proteção necessário para acondicionar as 500 esferas é: 32 3 500 ⋅ 125 − p cm . 3 132 Projeto Entre Jovens Volume x Capacidade: Segundo Imennes (2002) em seu dicionário matemático a “Capacidade é volume interno de um recipiente. Duas unidades de medida de capacidade muito usadas são o litro e o mililitro. Dizemos, por exemplo, que certa jarra tem capacidade para 1,5 litro de água”. Já Centurión (2003) indica que quando consideramos garrafas, copos, tambores, na maior parte das vezes o volume do objeto, em si não importa. O que importa é o volume que ele pode conter, ou seja, a Capacidade do objeto. Neste mesmo livro define o “Volume de um objeto é a medida do espaço que ele ocupa”. 133 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: Calcule o volume do bloco retangular de 5,6 cm de comprimento, 4,7 cm de largura e 2,0 cm de altura. Atividade 2: Um artesão, para pintar a superfície de esferas de raio 2 cm, estima gastar 0,05 cm³ de tinta por cada cm² de superfície. A tinta a ser utilizada é vendida em latas em forma de cilindro circular reto, cujo diâmetro mede 4 cm e cuja altura mede 5 cm. Nessa questão, despreze todas as espessuras envolvidas. a) Qual é o número mínimo de latas de tinta necessário para pintar 500 esferas? b) Cada esfera será acondicionada em uma caixa cúbica cujas arestas medem 5 cm. O espaço interno da caixa, não ocupado pela esfera, será totalmente preenchido por um material de proteção. Qual é a medida do menor volume desse material necessário para acondicionar as 500 esferas? Atividade 3: Antônio colou pelas faces 7 cubinhos idênticos conforme ilustrado na figura abaixo. Qual o número mínimo de cubinhos, idênticos aos já utilizados, que Antônio deverá acrescentar à essa formação de maneira a completar um cubo? 134 Projeto Entre Jovens Atividade 4: Cortamos um canto de um cubo, como mostrado na seguinte figura. Qual das representações abaixo corresponde ao que restou do cubo? Atividade 5: Para montar um cubo, Guilherme recortou um pedaço de cartolina branca e pintou de cinza algumas partes, como na figura ao lado. Qual das figuras abaixo representa o cubo construído por Guilherme? Atividade 6: A figura ao lado mostra três dados iguais. Qual é o número da face que é base inferior da coluna de dados? Atividade 7: Uma garrafa cilíndrica está fechada, contendo um líquido que ocupa quase completamente seu corpo, conforme mostra a figura. Suponha que, para fazer medições, você disponha apenas de uma régua milimetrada. a) Para calcular o volume do líquido contido na garrafa, qual o número mínimo de medições que precisam ser realizadas? b) Para calcular a capacidade total da garrafa, lembrando que você pode virá-la, qual o número mínimo de medições a serem realizadas? 135 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 8: Uma piscina tem 10 m de comprimento, 6 m de largura e 1,6 m de profundidade. a) Calcule seu volume em litros. b) Determine quantos ladrilhos quadrados com 20 cm de lado são necessários para ladrilhar essa piscina. Atividade 9: Uma garrafa de bebida com 30 cm de altura tem uma miniatura perfeitamente semelhante com 10 cm de altura. Se a miniatura tem 50 ml de volume, qual é o volume da garrafa original? Atividade 10: Um tanque subterrâneo tem a forma de um cone invertido com 12 m de profundidade. Este tanque está completamente cheio com 27.000 litros de água e 37.000 litros de petróleo. Calcule a altura da camada de petróleo. Atividade 11: Um copo cilíndrico tem 3 cm de raio e 12 cm de altura. Estando inicialmente cheio d’água o copo é inclinado até que o plano de sua base faça 45º com o plano horizontal. Calcule o volume de água que permaneceu no copo. Atividade 12: Um copo cônico de papel foi feito a partir de um setor de 12 cm de raio e ângulo central de 120º. Calcule o volume desse copo. 136 Projeto Entre Jovens Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ 137 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 141 OFICINA 17 NOÇÕES DE GEOMETRIA ANALÍTICA Metas: – Apresentar conceitos básicos de Geometria Analítica Plana. – Equacionar reta e circunferência. Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: •Equacionar uma reta, dado dois pontos ou um ponto e o coeficiente angular. •Equacionar uma circunferência dados centro e raio ou dados três pontos de passagem. Pré-requisitos: – Oficinas 10 e 12. Projeto Entre Jovens A Geometria Analítica no plano baseia-se na ideia de representar os pontos da reta por números reais e os pontos do plano por pares ordenados de números reais. Dentro dessa concepção, as linhas no plano são descritas por meio de equações. Isso permite tratar algebricamente muitas questões geométricas e, reciprocamente, interpretar de forma geométrica certas situações algébricas. Admitiremos conhecidos os fatos mais elementares da Geometria como, por exemplo, que por dois pontos dados passa uma, e somente uma reta; que por um ponto dado fora de uma reta passa uma única paralela e uma única perpendicular à essa reta, etc. Coordenadas no plano x, y ) , onde x e y são números reais. Indica-se por IR o conjunto formado pelos pares ordenados ( 2 x, y ) e ( x ', y ' ) em IR , tem-se: Dados ( 2 x, y ) =( x ', y ' ) se, e somente se, ( x = x' e y = y'. x, y ) . O número x chama-se a primeira coordenada e o número y a segunda coordenada do par ( 3,5 ) e o par ( 5,3) são diferentes pois a primeira coordenada de ( 3,5 ) é3 Note que o par ( 5,3) é 5. enquanto que a primeira coordenada de ( Um sistema de eixos ortogonais num plano é um par de eixos Ox e Oy, que são perpendiculares e têm a mesma origem O. Um plano munido de um sistema de eixos ortogonais põe-se, de modo natural, em 2 correspondência biunívoca com IR . Dado o ponto P do plano, baixamos por ele paralelas aos eixos Ox e Oy. Essas paralelas cortam os eixos em pontos cujas coordenadas são x e y 2 x, y ) ∈ IR2 . respectivamente. Ao ponto P do plano faz-se então corresponder o par ordenado ( 2 x, y ) ∈ Reciprocamente, a cada par ordenado ( IR2 corresponde o ponto P do plano, interseção da paralela a Oy traçada pelo ponto de coordenada x, com a paralela a Ox, traçada a partir do ponto de Oy, cuja coordenada é y. Os números x e y chamam-se as coordenadas (cartesianas) do ponto P relativamente ao sistema de eixos ortogonais fixado: x é a abscissa e y a ordenada de P. Os eixos ortogonais decompõem o plano em quatro regiões, chamadas quadrantes. O primeiro quadrante é formado pelos pontos que têm ambas coordenadas positivas. O segundo, pelos pontos cuja abscissa é negativa e a ordenada é positiva. O terceiro, pelos pontos cuja abscissa e ordenada são negativas. O quarto quadrante, pelos pontos que têm abscissa positiva e ordenada negativa. 145 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 É evidente que os pontos do eixo Ox das abscissas têm coordenadas da forma ( x ,0 ) e os do 0, y ) . O ponto O, origem dos eixos, tem coordenadas eixo das ordenadas Oy são da forma ( 0,0 ) . ( Distância entre dois pontos. x1, y1 e P2 = ( x 2 , y2 ) , queremos obter a expressão da distância d () P1, P2 Dados os pontos P1 = () x1, y2 ) . em termos das coordenadas de P1 e P2 . Para isso, introduzimos o novo ponto Q = ( 146 Projeto Entre Jovens Como P1 e Q têm a mesma ordenada, o segmento PQ é horizontal (paralelo ao eixo Ox). 1 Analogamente, o segmento P2Q é vertical (paralelo a Oy). Portanto PP 1 2 é a hipotenusa do triângulo retângulo PP 1 2Q . Os catetos desse triângulo medem x1 − x2 e y1 − y2 . Resulta então do Teorema de Pitágoras que d () P1, P2 = x1 − x2 + y1 − y2 , ou seja, 2 2 d () P1, P2 = ( x1 − x2 ) +( y1 − y2 ) . 2 2 Equação da circunferência. a, b) e o número real r > 0 , obter a descrição da circunferência C, de Dados o ponto A = ( centro A e raio r. A circunferência C, de centro A e raio r é, como se sabe, o conjunto dos pontos do plano x, y ) pertence à circunferência C se, e situados à distância r do ponto A. Assim, o ponto P = ( P, A = r . somente se, d () Levando em conta a fórmula da distância entre dois pontos no plano, podemos escrever = C x, y ) ∈ | ( x − a) +( y − b= ( )r} { 2 2 2 . Equivalentemente, podemos dizer que o ponto P = ( x, y ) pertence à circunferência C se, e somente se, x − a) +( y − b) = r2 . ( 2 2 Diz-se então que a relação acima é a equação da circunferência de centro ( a, b ) e raio r. r2 . Em particular, a equação da circunferência de raio r e cento na origem é x 2 + y 2 = Toda equação que puder ser reescrita na forma ( x − a) +( y − b) = r 2 , para certos a, b ∈ IR e 2 2 para um certo r > 0 , representará a circunferência de centro ( a, b ) e raio r. Essa é a ideia central em Geometria Analítica: associar a cada curva uma equação que relaciona a abscissa com a ordenada de cada ponto dessa curva. Uma vez obtida essa equação, as propriedades geométricas da curva podem ser deduzidas por métodos algébricos. 147 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Exemplo 1: Determine a equação da circunferência que tem centro no ponto = A −1,1) . que passa pelo ponto B = ( 2, −3 e () Solução: Se a circunferência tem centro no ponto A e passa pelo ponto B, então o raio dessa circunferência é dado pela distância entre os pontos A e B. Nesse caso, tem-se: d ()( A, B = ( 2) −( −1) +( −3) −( 1) = 9 + 16= ( ) ) 2 2 25= 5 . Com isso, temos que o raio da circunferência procurada é 5. x, y ) pertença à circunferência em questão, é necessário e suficiente Para que um ponto P = ( P, A = 5 . Daí, tem-se que: d () , que d () P , A = () x −2 +( y −( −3) = () x −2 +( y + 3) ) 2 donde 2 2 2 x −2 +( y + 3) = 5 , ou seja, () x −2 +( y + 3) = 25 . () 2 2 2 2 Exemplo 2: Determine quantas são as soluções do sistema de equações: x 2 + y 2 − 2 x + 2 y = 2 2 2 −16 x + y − 8 x − 6 y = Solução: É evidente que o problema pode ser resolvido por meios exclusivamente algébricos. Uma solução elegante pode, no entanto, ser obtida observando que as soluções de um sistema de equações com duas incógnitas são os pontos de interseção das curvas representadas pelas equações. Nesse caso, cada equação representa uma circunferência, já que cada uma pode x − a) +( y − b) = r2 . ser escrita na forma ( 2 2 Para tal, basta somar a cada membro da equação os valores necessários para “completar quadrados” no membro esquerdo. Essa técnica já foi empregada nas Oficinas 5 e 11. 2 pode ser escrita como Assim, x 2 + y 2 − 2 x + 2 y = x 2 − 2 x + 1 + y 2 + 2 y + 1 = 2 + 1 + 1, ou seja, x − 1 + () y +1 = 22 . () 2 2 Da mesma forma, x 2 + y 2 − 8 x − 6 y = −16 é equivalente a x 2 − 8 x + 16 + y 2 − 6 y + 9 = −16 + 16 + 9 , ou seja, x − 4) +( y − 3) = 32 . ( 2 148 2 Projeto Entre Jovens A posição relativa entre duas circunferências depende da relação entre os raios e a distância 1, −1) e raio r1 = 2 e a segunda entre os seus centros. A primeira circunferência tem centro A= ( 1 4,3) e raio r2 = 3 . tem centro A2 = ( A distância d entre os centros é dada por: d = d( A1, A2 ) = () 4 − 1 + () 3 + 1 = 9 + 16 = 2 2 25 = 5 . Como r1 + r2 = 2 + 3 = 5 , temos que d= r1 + r2 e daí concluímos que as circunferências são tangentes exteriormente e que, portanto, o sistema dado tem exatamente uma solução. Equação da reta. Um princípio básico da Geometria Euclidiana diz que por dois pontos distintos no plano passa uma, e somente uma reta. x1, y1 e P2 = ( x 2 , y2 ) dois pontos distintos do plano. Sejam P1 = () Se x1 = x2 , a reta que passa por esses dois pontos é vertical e é formada por todos os pontos do plano cuja abscissa é igual a x1 (ou x2 , tanto faz). Logo a equação dessa reta é x = x1 . Se y1 = y2 , a reta que passa por esses dois pontos é horizontal e é formada por todos os pontos do plano cuja ordenada é igual a y1 (ou y2 , tanto faz). Logo a equação dessa reta é y = y1 . Suponha agora x1 ≠ x2 e y1 ≠ y2 . Seja P = ( x, y ) um ponto do plano. 149 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 O ponto P = ( x, y ) pertencerá à reta que passa pelos pontos P1 = () x1, y1 e P2 = ( x 2 , y2 ) se, e somente se, os ângulos b e q forem iguais, onde b é o ângulo de inclinação do segmento PP 1 2 com a horizontal e q é o ângulo de inclinação do segmento P2P com a horizontal. Considerando os pontos auxiliares Q e R conforme ilustrados na figura acima, obtemos dois triângulos retângulos: PP 1 2Q e P2PR . Portanto os triângulos PP 1 2Q e P2PR são semelhantes se, e somente se, b = q . PR P2R , ou seja, Mas da semelhança entre os triângulos PP = 1 2Q e P2PR concluímos que P2Q PQ 1 y − y2 x − x2 . = y2 − y1 x2 − x1 Essa é, portanto, a condição necessária e suficiente para que o ponto P = ( x, y ) esteja sobre a x1, y1 e P2 = ( x 2 , y2 ) . reta que passa pelos pontos P1 = () x1, y1 e P2 = ( x 2 , y2 ) são dados, suas coordenadas x1 , x2 , y1 e y2 Note que, como os pontos P1 = () são conhecidas. Substituindo então os valores de x1 , x2 , y1 e y2 na igualdade y − y x − x2 2 , = y y x x − − 2 1 2 1 obtemos uma equação nas incógnitas x e y, que será a equação da reta. Exemplo 3: Obter a equação da reta que passa pelos pontos M = (2,3) e N = (-1,6). Solução: x, y ) estará sobre a reta que passa pelos pontos M = ( 2,3) e N = () −1,6 se, Um ponto P = ( −1) y − 6 x +1 y −6 x −( = , ou seja, y − 6 =− x − 1, o que equivale a e somente se, = , donde 3 −3 6−3 ( −1) −2 x + y =. 5 x, y ) pertence à reta que passa por M e N é equivalente a dizer que Portanto dizer que P = ( a soma de suas coordenadas for igual a 5, isto é, que x + y =. 5 Essa é a equação da reta procurada. 150 Projeto Entre Jovens Retomando a proporção y − y2 x − x2 y − y2 y2 − y1 , note que ela pode ser reescrita por: . = = y2 − y1 x2 − x1 x − x2 x2 − x1 Note que essas duas razões correspondem a tgq e a tgb , respectivamente. Ou seja, o valor comum dessas razões são iguais à tangente do ângulo de inclinação formado entre a reta e o eixo das abscissas, que recebe o nome de coeficiente angular da reta, conforme já visto na y − y1 , ou Oficina 10. Designando então o coeficiente angular da reta por a, temos que a = 2 x2 − x1 seja, o coeficiente angular é dado pela razão entre a diferença das ordenadas e a diferença das abscissas dos pontos de passagem da reta. Com isso podemos escrever: y − y2 = a , ou seja, x − x2 y − y2 = a ( x − x2 ) . Perceba então que, se conhecemos o coeficiente angular de uma reta e as coordenadas de um ponto de passagem, podemos equacionar rapidamente essa reta utilizando a última equação acima. x − x2 ) chegamos a y − y2 = ax − ax2 , ou seja, Desenvolvendo a equação y − y2 = a ( y = ax + y2 − ax2 . Fazendo = b y2 − ax2 , chegamos a = y ax + b , que é a equação da reta na forma já vista na Oficina 10. Exemplo 4: Obter a equação da reta que passa pelos pontos R = (1, –3) e tem coeficiente angular igual a –2. Solução: x − x2 ) , onde ( x 2 , y2 ) são as coordenadas de Como a equação da reta é dada por y − y2 = a ( um ponto de passagem e a é o seu coeficiente angular, segue então que: y − y2 = a( x − x2 ) ⇒ y −( −3) =− 2) x −1 ⇒ y + 3 = −2 x + 2 ⇒ 2 x + y = −1. ( () Como o coeficiente angular de uma reta determina a inclinação dessa reta em relação ao eixo Ox, segue que, para sabermos se duas retas são paralelas, basta calcularmos seus coeficientes angulares e compará-los. Se forem iguais as retas são paralelas. Se forem distintos elas não serão paralelas. 151 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Exemplo 5: Verifique se as retas r1 e r2. de equações r1: 2x -3y = 5 e r2: 15y = 10x + 3, são paralelas. Solução: Designemos por a1 e a2 os coeficientes angulares das retas r1 e r2 , respectivamente. Temos que: 2 x − 3 y = 5 ⇒ −3 y = −2 x + 5 ⇒ y = 15 y = 10 x + 3 ⇒ y = 2 5 2 x − ⇒ a1 = 3 3 3 10 3 2 1 2 x+ ⇒ y= x + ⇒ a2 = 15 15 3 5 3 Como a1 = a2 , segue que as retas r1 e r2 são paralelas. Pelo que vimos, a condição para que duas retas no plano sejam paralelas é que elas possuam o mesmo coeficiente angular. Qual seria a condição para que duas retas sejam perpendiculares? Se uma delas é horizontal (equação da forma y = b ) então a outra é vertical (equação da forma x = c ) e não há mais o que dizer. Quando as retas são não verticais e não horizontais, a condição para que sejam perpendiculares é que o produto de seus coeficientes angulares seja igual a -1. Isto é, se uma reta tem coeficiente angular igual a a1 e a outra tem coeficiente angular igual a a2 , a condição para que sejam paralelas é: a1 × a2 = −1 ou, equivalentemente, a1 = − 1 . a2 Não demonstraremos esse fato nessas notas. Recomendamos consultar a demonstração desse fato na plataforma. 152 Projeto Entre Jovens Distância de ponto a reta. Um expediente muito útil em vários exercícios é a determinação da distância de um ponto a uma reta. A ideia é equacionar a reta perpendicular à reta dada, passando pelo ponto dado e achar a interseção dessas duas retas para, em seguida, calcular a distância desse último ponto obtido ao ponto dado. Enfim esse é o procedimento que nos permite chegar ao cálculo da distância de um ponto à uma reta. Para melhor entendimento, consideremos a reta r de equação ax + by = c e x 0 , y0 ) . A distância d ( P, r ) , do ponto P à reta r é dada por um ponto P = ( ax + by0 − c d( P, r ) = 0 . a2 + b2 Não demonstraremos esse fato nessas notas. Recomendamos consultar a demonstração dessa fórmula na plataforma. 153 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: Determine a equação da circunferência que tem centro no ponto = A () 2, −3 e que passa pelo ponto B = ( −1,1) . Atividade 2: Determine quantas são as soluções do sistema de equações: 2 2 2 x + y − 2 x + 2 y = 2 2 −16 x + y − 8 x − 6 y = 2,3) e Atividade 3: Obter a equação da reta que passa pelos pontos M = ( N = () −1,6 . Atividade 4: Obter a equação da reta que passa pelos pontos R= coeficiente angular igual a −2 . 1, −3 e tem () 5 e Atividade 5: Verifique se as retas r1 e r2 , de equações r1 : 2 x − 3 y = r2 :15 = y 10 x + 3 , são paralelas. Atividade 6: Considere a circunferência C de equação () x −1 + ( y + 2) = 25 e a reta r de equação x = 4 . O objetivo dessa questão é obter a equação de uma circunferência l , tangente exterior à circunferência C, e com centro sobre a reta r. Escolha um ponto que possa ser o centro da circunferência l . 2 2 a) Determine a medida do raio da circunferência l . b) Encontre a equação da circunferência l . Atividade 7: Determine a equação da circunferência que passa pelos pontos P =( −2, −1) , Q=( 0,0 ) e R=( 1,2) . 154 Projeto Entre Jovens Atividade 8: Na malha quadriculada abaixo, cujos quadrados têm lados medindo 10 metros, encontra-se o mapa de um tesouro. Sobre o tesouro, sabe-se que encontra-se na direção determinada pelos dois pinheiros e está a 110 metros a leste do muro. Qual a distância aproximada do tesouro até a margem do rio? Atividade 9: Determinar o raio da circunferência inscrita em um triângulo retângulo de catetos 3 e 4. Atividade 10: Considere a reta r determinada pelos pontos P e Q e a circunferência l de centro C, que passa pelo ponto A, conforme representados no plano cartesiano abaixo. Determine a equação da reta s, perpendicular à reta r, tangente à circunferência l e que contém pontos do 2º quadrante. 155 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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Matemática – Volume 2 ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: •Resolver problemas de contagem. Projeto Entre Jovens Nessa oficina abordaremos dois tipos de coleções de objetos: as ordenadas (listas ou sequências) e as não ordenadas (conjuntos). Uma lista é uma sequência ordenada de objetos. A ordem em que os elementos figuram na lista é significativa. A lista (1,2,3) é diferente da lista (3,2,1). A lista pode conter elementos repetidos, como por exemplo, (3,2,3). Duas listas são iguais se tiverem o mesmo comprimento e se os elementos nas posições correspondentes nas duas listas forem iguais. As listas (a,b,c,d) e (x,y,z,w) são iguais se e somente se a = x, b = y, c = z e d = w. Exemplo 1: Quantas listas de dois elementos são possíveis quando há n escolhas para o primeiro elemento e m escolhas para o segundo elemento? Solução: Suponha que os elementos possíveis na primeira posição da lista sejam os inteiros de 1 a n, e que os elementos possíveis na segunda posição sejam os inteiros de 1 a m. Construímos uma tabela com todas as possibilidades: Há n linhas (para cada primeira escolha possível), e cada linha contém m valores. Assim, o número possível de tais listas é: Há aqui um princípio geral que está por trás desse raciocínio, que é o princípio fundamental que norteará todas as técnicas de contagem que estabeleceremos. 165 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Princípio Fundamental da Contagem. Enunciado 1: Consideremos listas de dois elementos em que há m escolhas para o primeiro elemento e, para cada uma dessas escolhas, há n escolhas do segundo elemento. Então o número de tais listas é m x n . Enunciado 2: Se há m modos de tomar uma decisão D1 e, uma vez tomada a decisão D1, qualquer que seja ela, há n modos de tomar a decisão D2, então o número de modos de tomar sucessivamente as decisões D1 e D2 é dado por m x n. O Princípio Fundamental da Contagem, também conhecido como Princípio Multiplicativo, se generaliza para uma lista de k elementos ou, analogamente, para uma sucessão de k decisões a serem tomadas. Exemplo 2: Com 3 homens e 3 mulheres, de quantos modos se pode formar um casal? Solução: Vamos designar o três homens por H1 H2 e H3 e as três mulheres por M1 M2 e M3. Podem ser formados os seguintes casais: (H1,M1), (H1,M2) (H1,M3), (H2,M1), (H2,M2), (H2,M3), (H3,M1), (H3,M2) e (H3,M3). Contando todos os casais podemos concluir que nove casais podem ser formados. Entretanto listar todas os casais e contá-los só foi possível pelo fato de serem somente três homens e três mulheres. Se o problema envolvesse 20 homens e 20 mulheres seria bastante trabalhoso e demorado listar todos os casais para contá-los em seguida. Inclusive, o que se deseja conhecer é a quantidade de casais que podem ser formados e não quais são os casais que podem ser formados. Dessa forma, se for possível contar a quantidade de casais sem listá-los, tanto melhor. Para isso utilizamos o Princípio Fundamental da Contagem. Vamos nos colocar na posição de quem é o responsável por formar os casais. Formar um casal equivale a tomar as decisões: D1 : Escolha de um homem para formar o casal (3 modos). D2 : Escolha da uma mulher para formar o casal (3 modos). Note que o número de modos de se tomar a decisão D2 independe de qual tenha sido a 9 de formar um casal. decisão D1 . Logo há 3 × 3 =modos Exemplo 3: Uma bandeira é formada por 8 listras que devem ser coloridas usando-se apenas as cores verde, azul e cinza. Se cada listra deve ter apenas uma cor e não podem ser usadas cores iguais em listras adjacentes, de quantos modos se pode colorir a bandeira? 166 Projeto Entre Jovens Solução: Vamos nos colocar na posição de quem irá colorir essa bandeira. Inicialmente devemos escolher uma listra para ser pintada primeiro. Digamos que seja a 1ª listra da bandeira. Temos três opções de cores para ser utilizada nessa listra: verde, azul e cinza. Escolhamos uma dessas três cores e colorimos essa 1ª listra. Uma vez pintada essa listra, escolheremos uma cor para colorir a segunda listra. Isso pode ser feito de 2 modos pois podemos escolher dentre as três cores disponíveis, uma dentre as duas que não foram utilizadas ao colorirmos a 1ª listra. Para a 3ª listra, novamente temos 2 modos de escolhermos uma cor para colori-la. Continuamos com esse procedimento até colorirmos a 8ª listra. Resumindo então, há 3 modos de escolher a cor da primeira listra e, a partir daí, 2 modos de escolher a cor de cada uma das outras 7 listras, qualquer que seja a cor escolhida para a listra anterior. Portanto, pelo Princípio Fundamental da Contagem, a resposta é 3 × 27 = 384 . Exemplo 4: Quantos são os números formados por três dígitos distintos? Solução: Vamos nos colocar na posição da pessoa que irá escrever o número de três dígitos distintos. O primeiro dígito pode ser escolhido de 9 modos, pois não pode ser igual a 0. O segundo dígito pode ser escolhido de 9 modos, pois não pede ser igual ao primeiro dígito. O terceiro dígito pode ser escolhido de 8 modos, pois não pode ser igual nem ao primeiro nem ao segundo 648 . dígitos. Pelo Princípio Fundamental da Contagem, a resposta é 9 × 9 × 8 = Você já deve ter percebido nesses exemplos qual é a estratégia para resolver problemas de contagem. 1) Postura: Devemos sempre nos colocar no papel da pessoa que deve fazer a ação solicitada pelo problema e ver que decisões devemos tomar. No Exemplo 3, nós nos colocamos no papel da pessoa que deveria escrever o número de três dígitos; no Exemplo 2, nós nos colocamos no papel da pessoa que deveria colorir a bandeira; no Exemplo 1, nós nos colocamos no papel da pessoa que deveria formar o casal. 2) Divisão: Devemos, sempre que possível, dividir as decisões a serem tomadas em decisões mais simples. Formar um casal foi dividido em escolher o homem e escolher a mulher; colorir a bandeira foi dividido em colorir cada listra; formar um número de três dígitos foi dividido em escolher cada um dos três dígitos. Vamos voltar ao exemplo anterior – Quantos são os números de três dígitos distintos? – para ver como algumas pessoas conseguem, por erros de estratégia, tornar complicadas as coisas mais simples. 167 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Começando a escolha dos dígitos pelo último dígito, há 10 modos de escolher o último dígito. Em seguida, há 9 modos de escolher o dígito central, pois não podemos repetir o dígito já usado. Agora temos um impasse: de quantos modos podemos escolher o primeiro dígito? A resposta é “depende”. Se não tivermos usado o 0, haverá 7 modos de escolher o primeiro dígito, pois não poderemos usar nem o 0 nem os dois dígitos já usados nas demais casas; se já tivermos usado o 0, haverá 8 modos de escolher o primeiro digito. Um passo importante na estratégia para resolver problemas de contagem é: 3) Não adiar dificuldades. Pequenas dificuldades adiadas costumam se transformar em imensas dificuldades. Se uma das decisões a serem tomadas for mais restritiva que as demais, essa é a decisão que deve ser tomada em primeiro lugar. No Exemplo 3, a escolha do primeiro dígito era uma decisão mais restrita do que as outras, pois o primeiro dígito não pode ser igual a 0. Essa é portanto a decisão que deve ser tomada em primeiro lugar e, conforme acabamos de ver, postergá-la só serve para causar problemas. Exemplo 5: O código Morse usa duas letras, ponto e traço, e as palavras têm de 1 a 4 letras. Quantas são as palavras do código Morse? Solução: 4 palavras de duas letras, pois há dois modos de escolher Há 2 palavras de uma letra; há 2 × 2 = 8 a primeira letra e dois modos de escolher a segunda letra; analogamente, há 2 × 2 × 2 = 16 palavras de 4 letras. O número total de palavras é palavras de três letras e 2 × 2 × 2 × 2 = 2 + 4 + 8 + 16 = 30 . Exemplo 6: Considere os divisores inteiros e positivos do número 360. a) Quantos são eles? b) Quantos desses divisores são pares? c) Quantos são ímpares? d) Quantos são quadrados perfeitos? Solução: Para investigar os divisores de um número, devemos considerar sua fatoração em números primos, que é 360 = 23 × 32 × 5 . a) Os divisores inteiros e positivos de 360 são os números da forma 2a × 3b × 5g , com a ∈ {0,1,2,3} , b ∈ {0,1,2} e g = {0,1} . Vamos nos colocar na posição da pessoa que irá formar um divisor de 360. Formar um divisor de 360 implica em escolher um expoente para a potência de base 2, dentre 4 valores possíveis e, em seguida, escolher um expoente para a potência de base 3, dentre 3 valores possíveis e, por último, escolher um expoente para a potência de 24 base 5, dentre 2 valores possíveis. Pelo Princípio Fundamental da Contagem, há 4 × 3 × 2 = maneiras de escolher os expoentes a , b e g . Há, portanto, 24 divisores. 168 Projeto Entre Jovens b) Para o divisor ser par, a não pode ser 0. Com isso, temos 3 × 3 × 2 = 18 divisores pares. c) Para o divisor ser ímpar, a deve ser 0 pois o número não poderá apresentar fator primo 6 divisores impares. Claro que poderíamos ter achado essa resposta igual a 2. Há 1× 3 × 2 = subtraindo (a) − (b). d) Para que um divisor seja um quadrado perfeito, os expoentes a , b e g devem ser pares. Há portanto 2 × 2 × 1 =4 divisores que são quadrados perfeitos. Exemplo 7: Quantos são os números pares de três dígitos distintos? Solução: Vamos nos colocar na posição da pessoa que irá formar um número par de três dígitos distintos. Há 5 modos de escolher o último dígito (das unidades). Note que começamos pelo último dígito, que é o mais restrito; o último dígito só pode ser 0, 2, 4, 6 ou 8. Em seguida, vamos ao primeiro dígito (das centenas). De quantos modos se pode escolher o primeiro digito? A resposta é “depende”: se não tivermos usado o 0, haverá 8 modos de escolher o primeiro dígito, pois não poderemos usar nem o 0 nem o dígito já usado na última casa; se já tivermos usado o 0, haverá 9 modos de escolher o primeiro dígito, pois apenas o 0 não poderá ser usado na primeira casa. Esse tipo de impasse é comum na resolução de problemas e há dois métodos para vencê-lo. 1º método: consiste em voltar atrás e contar separadamente. Contaremos separadamente os números que terminam em 0 e os que não terminam em 0. Comecemos pelos que terminam em 0. Há 1 modo de escolher o último dígito, 9 modos de escolher o primeiro e 8 modos de 72 números terminados em 0. escolher o dígito central. Há 1× 9 × 8 = Para os que não terminam em 0, há 4 modos de escolher o último dígito, 8 modos de escolher o 256 números que não terminam primeiro e 8 modos de escolher o dígito central. Há 4 × 8 × 8 = em 0. Note que executamos duas contagem: os números terminados em 0 e depois os números que não terminam em 0. Nessas duas contagens efetuadas, não há possibilidade de termos contado um mesmo número em ambas. Logo, nenhum dos 72 números da primeira contagem foi considerado dentre os 256 números da segunda contagem. Contamos assim dois conjuntos disjuntos de números. Com isso, a resposta é 72 + 256 = 328. 2º método: consiste em ignorar uma das restrições do problema, o que nos fará contar em demasia. Depois descontaremos o que houver sido contado indevidamente. Primeiramente, fazemos de conta que o 0 pode ser usado na primeira casa do número. Procedendo assim, há 5 modos de escolher o último dígito (só pode ser 0, 2, 4, 6 ou 8), 9 modos de escolher o primeiro dígito (não podemos repetir o dígito usado na última casa - note que estamos permitindo o uso do 0 na primeira casa - e 8 modos de escolher o dígito central. 360 números, aí incluídos os que começam por 0. Há 5 × 9 × 8 = Agora vamos determinar quantos desses números começam por zero; são esses os números que foram contados indevidamente. Há 1 modo de escolher o primeiro dígito (tem que ser 0), 4 modos de escolher o último (só pode ser 2, 4, 6 ou 8 – lembre-se que os dígitos são distintos) e 8 modos de escolher o dígito central (não podemos repetir os dígitos já usados). 32 números começados por 0. Há 1× 4 × 8 = 328 . A resposta é 360 − 32 = 169 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 É claro que este problema poderia ter sido resolvido com um truque. Para determinar quantos são os números pares de três dígitos distintos, poderíamos fazer os números de três dígitos distintos menos os números ímpares de três dígitos distintos. Para os números de três dígitos distintos, há 9 modos de escolher o primeiro dígito, 9 modos de escolher o segundo e 8 modos 648 números de três dígitos de escolher o último. Há 9 × 9 × 8 = distintos. Para os números impares de três dígitos distintos, há 5 modos de escolher o último dígito, 8 modos de escolher 0 primeiro 320 números e 8 modos de escolher o dígito central. Há 5 × 8 × 8 = impares de três dígitos. 328 A resposta é 648 − 320 =. Dois problemas particulares ocorrem com frequência na elaboração de listas. Esses problemas envolvem a elaboração de uma lista de comprimento k, em que cada elemento da lista é selecionado entre n possibilidades. No primeiro problema, contamos todas essas listas; no segundo problema, contamos as listas sem elementos repetidos. Quando se admite repetições, temos n escolhas para o primeiro elemento da lista, n escolhas para o segundo elemento da lista e assim por diante, até n escolhas para o último elemento da lista. Ao todo, há listas possíveis. Quando não se admite repetições, temos o problema seguinte. Exemplo 8: (Problema das permutações simples) De quantos modos podemos ordenar em fila n objetos distintos? Solução: A escolha do objeto que ocupará a primeira posição pode ser feita de n modos, independente de qual tenha sido essa escolha, a escolha do objeto que ocupará a segunda posição pode ser feita de n − 1 modos; qualquer que tenha sido essa escolha, a escolha do objeto que ocupará a terceira posição pode ser feita de n − 2 modos, etc; a escolha do objeto que ocupará a última posição pode ser feita de 1 modo. Pelo Princípio Fundamental da Contagem a resposta é n( n − 1)( n − 2)...1 = n! . Cada ordem que se atribui aos objetos é chamada de uma permutação simples dos objetos. Assim, por exemplo, as permutações simples das letras a , b e c são ( abc ),( acb),( bac ),(bca),(cab) e ( cba) . Portanto, o número de permutações simples de n objetos distintos, ou seja, o número de ordens em que podemos colocar n objetos distintos é Pn = n! . Diante do exposto acima, temos que o número de listas de comprimento k, cujos elementos são escolhidos de um conjunto de n elementos possíveis, é 170 Projeto Entre Jovens nk caso permitam repetições = n! caso não permitam repetições Exemplo 9: Quantos são os anagramas da palavra “PRATO”? Quantos começam por consoante? Solução: Cada anagrama corresponde a uma ordem de colocação dessas 5 letras. O número de 5! = 120 . anagramas é P= 5 Para formar um anagrama começado por consoante devemos primeiramente escolher a consoante (3 modos) e, depois, arrumar as quatro letras restantes em seguida a consoante 72 anagramas começados por consoante. ( 4! = 24 modos). Há 3 × 24 = Exemplo 10: De quantos modos podemos arrumar em fila 5 livros diferentes de Matemática, 3 livros diferentes de Estatística e 2 livros diferentes de Física, de modo que livros de uma mesma matéria permaneçam juntos? Solução: Podemos escolher a ordem das matérias de 3! modos. Feito isso, há 5! modos de colocar os livros de Matemática nos lugares que lhe foram destinados, 3! modos para os de Estatística e 2! modos para os de Física. A resposta é 3!× 5!× 3!× 2! = 6 × 120 × 6 × 2 = 8640 . Exemplo 11: De quantos modos podemos dividir 7 objetos em um grupo de 3 objetos e um de 4 objetos? Solução: Um processo de fazer a divisão é colocar os objetos em fila; os 3 primeiros formam o grupo de 3 e os 4 últimos formam grupo de 4. Há 7! modos de colocar os objetos em fila. Entretanto, note que filas como abc.defg e bac.gjde são filas diferentes e geram a mesma divisão em grupos. Cada divisão em grupos foi contada uma vez para cada ordem dos objetos dentro de cada grupo. Há 3!× 4! modos de arrumar os objetos em cada grupo. Cada divisão em grupos foi contada 3!× 4! vezes. A resposta é 7! = 35 . 3!× 4! 171 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Nesse último exemplo nos deparamos com uma situação nova. Dividir 7 objetos em um grupo de 3 objetos e um de quatro objetos, a ordem dos objetos é irrelevante, ou seja, o grupo formado pelos objetos (a,b,c) e o grupo formado pelos objetos (b,c,a) é o mesmo grupo de objetos. Eles são indistinguíveis enquanto grupo de três objetos. Na verdade não estamos mais diante de uma lista de objetos, mas sim diante de um conjunto de objetos, que é mais apropriadamente denotado por {a,b,c}. Cada seleção de p objetos dentre n objetos disponíveis é chamada de uma combinação simples de classe p dos n objetos. Representamos o número de combinações simples de classe p de n elementos por Cnp ou np . ( ) Exemplo 12: (Problema das combinações simples) Enunciado 1: De quantos modos podemos selecionar p objetos distintos entre n objetos distintos dados? Enunciado 2: Quantos subconjuntos de p elementos podem ser formados a partir de um conjunto com n elementos? Solução: Para resolver o problema das combinações simples basta notar que selecionar p entre os n objetos, equivale a dividir os n objetos em um grupo de p objetos, que são os selecionados, e um grupo de n − p objetos, que são os não-selecionados. Esse é o problema do Exemplo 11 e a resposta é Cnp = n! . p!( n − p)! Exemplo 13: Com 5 homens e 4 mulheres, quantas comissões de 4 pessoas: a) com exatamente 2 homens, podem ser formadas? b) com pelo menos 2 homens, podem ser formadas? Solução: a) Para formar a comissão devemos escolher 2 dos homens e, para completar a comissão, 2 das mulheres. Há portanto C52 × C42 = 10 × 6 = 60 comissões. b) Há comissões com: 2 homens e 2 mulheres, 3 homens e 1 mulher, 4 homens. A resposta é C52 × C42 + C53 × C41 + C54 = 10 × 6 + 10 × 4 + 5 = 105 . 172 Projeto Entre Jovens Um erro muito comum aparece no raciocínio a seguir: Como a comissão deve ter pelo menos 2 homens, a primeira coisa a ser feita é escolher dois homens para a comissão, o que pode ser feito de C52 = 10 modos. Em seguida devemos escolher mais duas pessoas, homens ou mulheres, para a comissão, o que pode ser 210 . feito de C72 = 21 modos. A resposta é 10 × 21 = Qual é o erro? Algumas comissões foram contadas mais de uma vez. Por exemplo, a comissão Arnaldo, Carlos, Eduardo e Beatriz foi contada 3 vezes. Realmente, o processo de contagem usado escolhia, em uma primeira etapa, dois homens para garantir que fosse satisfeita a exigência de pelo menos dois homens na comissão. Foi contada uma vez quando Arnaldo e Carlos são os homens escolhidos na primeira etapa (e Eduardo e Beatriz são escolhidos na segunda etapa); outra vez quando na primeira etapa são selecionados Arnaldo e Eduardo e, finalmente, uma terceira vez quando Carlos e Eduardo são escolhidos na primeira etapa. Se todas as comissões houvessem sido contadas 3 vezes, não haveria grandes problemas, bastaria dividir por 3 o resultado da contagem. Mas há comissões que foram contadas uma única vez e outras que foram contadas 6 vezes. Por exemplo, a comissão Arnaldo, Carlos, Beatriz e Maria só foi contada uma vez e a comissão Arnaldo, Carlos, Eduardo e Paulo foi contada 6 vezes. Exemplo 14: Quantos são os anagramas da palavra “BANANA”? Solução: A resposta não é 6! = 720 . O fato de haver letras repetidas faz com que o número de anagramas seja menor do que seria se as letras fossem diferentes. Solução 1: Para formar um anagrama de “BANANA’ devemos colocar as seis letras (que não são todas diferentes) em 6 lugares. Para isso devemos escolher 3 dos 6 lugares para colocar as letras A, o que pode ser feito de C63 = 20 modos; em seguida devemos escolher 1 dos 3 lugares restantes para colocar a letra B, o que pode ser feito de 3 modos; finalmente, há apenas um modo de colocar as duas letras A nos seis lugares restantes. A resposta é 20 × 3 × 1 =60 . Solução 2: Se as letras fossem diferentes a resposta seria 6!. Como as três letras A são iguais, quando as trocamos entre si obtemos o mesmo anagrama e não um anagrama distinto, o que aconteceria se fossem diferentes. Isso faz com que na nossa contagem de 6! tenhamos contado o mesmo anagrama varias vezes, 3! vezes precisamente, pois há 3! modos de trocar as letras A entre si. Problema análogo ocorre com as duas letras N, que podem ser trocadas 6! = 60 . entre si de 2! modos. A resposta é 3!2! De modo geral, o número de permutações de n objetos, dos quais a são iguais a A, b são iguais a B, g são iguais a C, etc., é Pna ,b ,g... = n! . a !b !g!... 173 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Exemplo 15: Quantos são os anagramas da palavra “ANAGRAMA” que não possuem duas vogais adjacentes? Solução: Vamos primeiramente arrumar as consoantes e, depois, vamos entremear as vogais. O 4! = 24 . Arrumadas número de modos de arrumar em fila as consoantes N, G, R e M é P= 4 as consoantes, por exemplo na ordem NGRM , devemos colocar as 4 vogais nos 5 espaços da figura: __N__G__R__M_ Como não podemos colocar duas vogais no mesmo espaço, quatro dos espaços serão ocupados, cada um com uma letra A, e um espaço ficará vazio. Temos C54 = 5 modos de escolher os quatro espaços que serão ocupados. 120 . A resposta é 24 × 5 = Exemplo 16: Há 5 pontos sobre uma reta R e 8 pontos sobre uma reta R1 paralela a R. Quantos são os triângulos e os quadriláteros convexos com vértices nesses pontos? Solução: Para formar um triângulo ou você toma um ponto em R e dois pontos em R ' , ou toma um ponto em R ' e dois pontos em R . O número de triângulos é 5 × C82 + 8 × C52= 140 + 80= 220 Também poderíamos tomar 3 dos 12 pontos e excluir dessa contagem as escolhas de pontos 3 − C83 − C53 = 286 − 56 − 10 = 220 . colineares, o que daria C13 Para formar um quadrilátero convexo, devemos tomar dois pontos em R e dois em R ' , que pode ser feito de C52 × C82 = 10 × 28 = 280 modos. Exemplo 17: De quantos modos 5 crianças podem formar uma roda de ciranda? Solução: À primeira vista, parece que, para formar uma roda com as cinco crianças, basta escolher uma ordem para elas, o que poderia ser feito de 5! = 120 modos. Entretanto, as rodas ABCDE e EABCD são iguais, pois na roda o que importa é a posição relativa das crianças entre si e a roda ABCDE pode ser “virada” na roda EABCD. 174 Projeto Entre Jovens Como cada roda pode ser “virada” de cinco modos, a nossa contagem de 120 rodas contou 24 . cada roda 5 vezes e a resposta é 120 ÷ 5 = De modo geral, o número de modos de colocar n objetos em círculo, de modo que disposições que possam coincidir por rotação sejam consideradas iguais, isto é, o número de permutações circulares de n objetos é ( PC )= n n! = ( n − 1)! . n 175 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: Quantas listas de dois elementos são possíveis quando há n escolhas para o primeiro elemento e m escolhas para o segundo elemento? Atividade 2: Com 3 homens e 3 mulheres, de quantos modos se pode formar um casal? Atividade 3: Uma bandeira é formada por 8 listras que devem ser coloridas usando-se apenas as cores verde, azul e cinza. Se cada listra deve ter apenas uma cor e não podem ser usadas cores iguais em listras adjacentes, de quantos modos se pode colorir a bandeira? Atividade 4: Quantos são os números formados por três dígitos distintos? Atividade 5: O código Morse usa duas letras, ponto e traço, e as palavras têm de 1 a 4 letras. Quantas são as palavras do código Morse? Atividade 6: Considere os divisores inteiros e positivos do número 360. a) Quantos são eles? b) Quantos desses divisores são pares? c) Quantos são ímpares? d) Quantos são quadrados perfeitos? Atividade 7: Quantos são os números pares de três dígitos distintos? Atividade 8: (Problema das permutações simples) De quantos modos podemos ordenar em fila n objetos distintos? Atividade 9: Quantos são os anagramas da palavra “PRATO”? Quantos começam por consoante? Atividade 10: De quantos modos podemos arrumar em fila 5 livros diferentes de Matemática, 3 livros diferentes de Estatística e 2 livros diferentes de Física, de modo que livros de uma mesma matéria permaneçam juntos? 176 Projeto Entre Jovens Atividade 11: De quantos modos podemos dividir 7 objetos em um grupo de 3 objetos e um de 4 objetos? Atividade 12: (Problema das combinações simples) De quantos modos podemos selecionar p objetos distintos entre n objetos distintos dados? Atividade 13: Com 5 homens e 4 mulheres, quantas comissões de 4 pessoas: a) com exatamente 2 homens, podem ser formadas? b) com pelo menos 2 homens, podem ser formadas? Atividade 14: Quantos são os anagramas da palavra “BANANA”? Atividade 15: Quantos são os anagramas da palavra “ANAGRAMA” que não possuem duas vogais adjacentes? Atividade 16: Há 5 pontos sobre uma reta R e 8 pontos sobre uma reta R ' paralela a R. Quantos são os triângulos e os quadriláteros convexos com vértices nesses pontos? Atividade 17: De quantos modos 5 crianças podem formar uma roda de ciranda? Atividade 18: De quantos modos 5 homens e 5 mulheres podem se sentar em 5 bancos de 2 lugares, se em cada banco deve haver um homem e uma mulher? Atividade 19: De quantos modos o número 720 pode ser decomposto em um produto de dois inteiros positivos? Aqui consideramos naturalmente, 8 × 90 como sendo o mesmo que 90 × 8 . Atividade 20: As placas dos veículos são formadas por três letras (de um alfabeto de 26) seguidas por 4 algarismos. Quantas placas poderão ser formadas? 177 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 21: Quantos são os anagramas da palavra “CAPÍTULO”’: a) possíveis? b) que começam e terminam em vogal? c) que têm as vogais e as consoantes intercaladas? d) que têm as letras C, A, P juntas nessa ordem? e) que têm as letras C, A, P juntas em qualquer ordem? f) que têm a letra P em primeiro lugar e a letra A em segundo? Atividade 22: De quantos modos é possível colocar 8 pessoas em fila de modo que: a) duas dessas pessoas, Vera e Paulo, não fiquem juntas? b) duas dessas pessoas, Vera e Paulo, não fiquem juntas e duas outras pessoas, Helena e Pedro, permaneçam juntas? Atividade 23: Permutam-se de todas as formas possíveis os algarismos 1,2,4,6,7 e escrevem-se os números formados em ordem crescente. Determine: a) que lugar ocupa o número 62417. b) que número ocupa o 66º lugar. Atividade 24: De quantos modos podemos formar uma roda de ciranda com 6 crianças, de modo que duas delas, Vera e Isadora, não fiquem juntas? Atividade 25: Um determinado sistema de segurança tem uma tranca protegida por uma senha de 6 dígitos, formada por duas vogais, seguidas de 4 algarismos de 0 a 9. Qual o total de senhas possíveis para essa tranca? 178 Projeto Entre Jovens Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ 179 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 183 OFICINA 19 PROBABILIDADE Meta: – Apresentar os principais conceitos associados a probabilidade. Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Resolver problemas envolvendo probabilidade. Pré-requisito: – Oficina 18. Projeto Entre Jovens A teoria das probabilidades proporciona meios para analisar situações em que os eventos ocorrem aleatoriamente. Em matemática, uma probabilidade é simplesmente um número associado a um conjunto. Nas aplicações, o conjunto é um evento ou ação de resultado incerto, e o número é uma medida de quão frequente, de quão viável ou possível é o evento. Imagine que um médico lhe tenha receitado um remédio para certo mal. O médico poderia dizer que a probabilidade de o remédio produzir efeito é de 94%. Isso significa que, se um grande número de pacientes tomar o remédio contra aquele mal, esperaríamos que 94% deles ficassem curados, mas não os 6% restantes. As probabilidades são números reais entre 0 e 1. Um evento com probabilidade 1 é um evento cuja ocorrência é certa, e um evento com probabilidade 0 é um evento impossível. As probabilidades entre 0 e 1 refletem a plausibilidade relativa entre esses dois extremos. Eventos improváveis têm probabilidades próximas de 0, e eventos altamente prováveis têm probabilidades próximas de 1. Nessa oficina vamos introduzir as ideias fundamentais da teoria da probabilidade discreta. Os problemas de probabilidade discreta são, em geral, problemas de contagem reformulados na linguagem das probabilidades. Utilizaremos um jogo para introduzir as noções básicas de probabilidade. 1. O Jogo Este jogo utiliza dois dados e é disputado por dois jogadores, João e Maria. Os resultados abaixo valem os pontos indicados e resultados diferentes destes não são pontuados. Resultado Pontuação (4; 1) ou (1; 4) (4; 2) ou (2; 4) (4; 3) ou (3; 4) (4; 4) (4; 5) ou (5; 4) (4; 6) ou (6; 4) 1 2 3 4 5 6 Cada jogador poderá efetuar até dois lançamentos. Se não conseguir nenhuma face 4 no primeiro lançamento dos dois dados, efetua-se o segundo lançamento com os dois dados novamente. Se conseguiu pelo menos uma face 4 no primeiro lançamento, reserva este dado e decide se lança ou não o outro dado mais uma vez. Vence o jogo quem obtiver a maior pontuação. Caso os dois jogadores obtenham a mesma pontuação o procedimento todo é repetido. Comentários sobre o jogo: Num primeiro momento todos os alunos deverão jogar. Depois de realizado o jogo, você tutor pode fazer os questionamentos abaixo: • O jogador deverá sempre aproveitar o segundo lançamento? • O segundo jogador possui maior possibilidade de vencer o jogo? Estamos supondo a utilização de dados com faces equiprováveis. Se o jogador conseguiu (4; 1) ou (1; 4), isto é, 1 ponto no primeiro lançamento, é conveniente lançar o segundo dado mais uma vez, não existe neste caso possibilidade de piorar sua pontuação. Agora se o jogador 187 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 obteve 3 pontos, (4; 3) ou (3; 4) no primeiro lançamento e decidir lançar o segundo dado mais uma vez, então ele terá uma chance em 6 de permanecer com a mesma pontuação, duas chances em 6 de piorar sua pontuação; ou seja; obter a face 1 ou a face 2 no lançamento do segundo dado e possui três chances em 6 (faces 4, 5 ou 6) de melhorar sua pontuação. O jogador poderá não marcar pontos ou ter pontuação zero, isto ocorre se nos seus dois possíveis lançamentos ele não conseguiu nenhuma face 4. Primeiramente, João efetua um ou dois lançamentos, posteriormente é a vez de Maria efetuar o seu jogo. Assim Maria está numa posição melhor de decidir se aproveita ou não o seu segundo lançamento, ela já conhece a pontuação obtida por João. Para tornar o jogo mais justo deve existir uma alternância entre João e Maria para ser o primeiro a jogar. Para a resolução dos problemas, o trabalho deve ser realizado em grupo. Depois da solução de cada problema, um grupo é escolhido para apresentar sua solução. Posteriormente, uma pequena plenária pode ser realizada para discutir a solução apresentada, bem como outras soluções alternativas. 2. Experimento aleatório, espaço amostral e evento Os conceitos de Experimento Aleatório, Espaço Amostral e Evento serão sistematizados através das soluções dos problemas a seguir. Exemplo 1: Considerando-se apenas o primeiro lançamento dos dois dados, João terá maior chance em conseguir 1 ponto ou 6 pontos? Justificar sua resposta. Solução: Os alunos deverão apresentar suas soluções utilizando-se de sua própria linguagem. Você tutor não deve neste momento apresentar definições ou conceitos. O objetivo do problema é fazer com que os próprios alunos sistematizem o conceito matemático que se pretende estudar. Você deve sim explorar o fato que embora no lançamento de dois dados não sejamos capazes de prever o resultado (Experimento Aleatório), somos capazes de descrever todos os resultados possíveis (Espaço Amostral). Temos os resultados possíveis { (1; 1), (1; 2), ... , (1; 6), (2; 1), (2; 2), ... , (2; 6), ... , (6; 1), (6; 2), ... , (6; 6)}, ou seja, 36 elementos. Uma representação destes 36 pontos em um eixo cartesiano pode também ser bastante útil. João obtém 1 ponto quando ocorre (1; 4) ou (4; 1) (Evento). Assim terá duas chances em 36 de marcar 1 ponto. De maneira análoga, terá duas chances em 36 de marcar 6 pontos, isto ocorrerá nos casos (4; 6) ou (6; 4) (Evento). Conclusão, João possui a mesma chance de marcar 1 ponto ou 6 pontos considerando-se apenas o primeiro lançamento dos dois dados. 188 Projeto Entre Jovens Exemplo 2: Considerando-se apenas o primeiro lançamento dos dois dados, João terá maior chance em conseguir 5 ou 4 pontos? Justificar sua resposta. Solução: Da mesma forma que no problema 1, você deve explorar o fato que dos 36 resultados possíveis, João marcará 5 pontos quando ocorrer (4; 5) ou (5; 4), ou seja, terá duas chances em 36 de marcar 5 pontos. Entretanto, João marcará 4 pontos somente no caso de ocorrer a face 4 nos dois dados; ou seja; no caso (4; 4). Assim terá apenas uma chance em 36 de marcar 4 pontos. Conclusão, João possui maior chance de marcar 5 pontos do que 4 pontos considerando-se apenas o primeiro lançamento dos dois dados. Após o trabalho com problemas do tipo dos exemplos 1 e 2, você terá mais facilidade para sistematizar os conceitos de Experimento Aleatório, Espaço Amostral e Evento. 3. Definição de probabilidade Até o presente momento o termo probabilidade não foi mencionado, este conceito será sistematizado nesta seção. Entretanto, os conceitos de Espaço Amostral e Evento, já sistematizados anteriormente, podem e devem ser utilizados. Exemplo 3: Se João obteve 1 ponto no primeiro lançamento ele deverá utilizar o segundo lançamento para melhorar sua pontuação? Justificar sua resposta. Solução: No primeiro lançamento, João obtém 1 ponto se ocorre um dos dois casos: (4; 1) ou (1; 4). Pelas regras do jogo, João deve reservar o dado com a face 4 e lançar novamente o segundo dado. Neste caso, terá 5 chances em 6 de melhorar sua pontuação. Os casos favoráveis são: faces 2, 3, 4, 5, ou 6, em seis casos possíveis. Ainda, João terá uma chance em 6 de continuar com 1 ponto e nenhuma chance de piorar sua pontuação. Conclusão: João deve aproveitar o lançamento do segundo dado com o objetivo de melhorar sua pontuação. Exemplo 4: Se João obteve 3 pontos no primeiro lançamento, quais são suas chances em melhorar, piorar ou manter inalterada sua pontuação se utilizar o segundo lançamento? Solução: Da mesma forma que no problema 3, João terá 3 chances em 6 de melhorar sua pontuação; 2 chances em 6 de piorar sua pontuação e 1 chance em 6 de manter sua pontuação inalterada. Portanto, neste caso é mais conveniente que João utilize o segundo lançamento. Entretanto, deve-se observar que João poderá piorar sua pontuação. 189 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Para as soluções dos exemplos 1, 2, 3 e 4 já estamos, intuitivamente, calculando a probabilidade (de Laplace): número de casos possíveis . A) p = Probabilidade de = A P= ( números de casos favoráveis No caso do exemplo 4, concluímos que João possui uma probabilidade de 33,3 % (2/6) de piorar sua pontuação e uma probabilidade de 66,7% (3/6 + 1/6) de manter ou melhorar sua pontuação. Assim, neste caso é recomendável que João aproveite o seu segundo lançamento. Com o objetivo de familiarizar os alunos com a definição de probabilidade, os seguintes problemas poderão ser utilizados. Exemplo 5: Qual a probabilidade de João não obter a face 4 no primeiro lançamento? Solução: = p número de casos possíveis 25 = . números de casos favoráveis 36 Exemplo 6: Se João obteve 4 pontos no primeiro lançamento, qual a probabilidade de aumentar, diminuir ou permanecer com esta pontuação se utilizar o segundo lançamento? Solução: 2 1 3 1 = de aumentar sua pontuação, probabilidade p2= = 6 3 6 2 1 de diminuir sua pontuação e probabilidade p3 = de permanecer com a mesma pontuação. 6 1 Neste caso, João possui uma probabilidade de 50% de diminuir sua pontuação e uma 2 1 1 probabilidade de 50% + de manter ou melhorar sua pontuação, se decidir pela utilização 3 6 do segundo lançamento. João terá probabilidade p= 1 4. Soma e produto de probabilidades O objetivo desta seção é trabalhar com problemas que envolvam soma e/ou produto de probabilidades. Geralmente os alunos têm muitas dificuldades em saber quando devem somar ou multiplicar probabilidades. Em linhas gerais, se necessitamos que exigências sucessivas sejam satisfeitas, então usamos o produto. Agora, quando podemos satisfazer uma exigência ou outra, então usamos a soma. A partir desta seção e considerando os resultados dos problemas anteriores, assumimos que quando João obtém 1, 2 ou 3 pontos no primeiro lançamento, então ele realiza o segundo lançamento com apenas um dado para tentar melhorar sua pontuação, observar que embora 190 Projeto Entre Jovens menor, existe a possibilidade de João piorar sua pontuação. No caso em que obtém 4, 5 ou 6 pontos no primeiro lançamento então ele pára. Obviamente, se não conseguiu nenhum ponto no primeiro lançamento, lança novamente os dois dados. O caso de Maria é diferente, tendo em vista que quando da realização do seu jogo, ela já sabe a pontuação obtida por João, possui assim melhores condições de decidir se aproveita ou não o seu segundo lançamento. Exemplo 7: Qual a probabilidade de João marcar 1 ponto neste jogo? Solução: Para João marcar um ponto e considerando as observações feitas anteriormente, vários casos devem ser considerados: (i) João não obteve nenhuma face 4 no primeiro lançamento e obteve 1 ponto no segundo lançamento dos dois dados. Neste caso, p1 = 25 2 × = 0,0385802 . 36 36 (ii) João obteve 1 ponto no primeiro lançamento e a face 1 no lançamento do segundo dado. 2 1 × = 0,0092592 . Neste caso, p2 = 36 6 (iii) João obteve 2 pontos no primeiro lançamento e a face 1 no lançamento do segundo dado. 2 1 × = 0,0092592 . Neste caso, p3 = 36 6 (iv) João obteve 3 pontos no primeiro lançamento e a face 1 no lançamento do segundo dado. 2 1 Neste caso, p4 = × = 0,0092592 . 36 6 Portanto a probabilidade de João marcar 1 ponto será dada por: p = p1 + p2 + p3 + p4 = 6,63% . Se João obtém 4, 5 ou 6 pontos no primeiro lançamento, então o jogo é interrompido e consequentemente nestes casos ele não poderá marcar 1 ponto. O objetivo deste problema é o de estudar os conceitos de soma e produto de probabilidades. Você deve destacar que para o cálculo das probabilidades p1 , p2 , p3 e p4 , duas exigências sucessivas devem ser atendidas, destacar o papel do “e”, por isso multiplicamos. Agora para o cálculo da probabilidade p de João marcar 1 ponto, deve-se destacar o papel do “ou”, neste caso poderá ocorrer uma situação ou outra que mesmo assim João continuará a marcar 1 ponto, por isso somamos. Analogamente ao problema 7, podemos mostrar que a probabilidade de João marcar 2 pontos é igual a probabilidade de marcar 3 pontos e é dada por p = 6,63% . 191 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Exemplo 8: Qual a probabilidade de João marcar 4 pontos neste jogo? Solução: Vários casos devem ser considerados: (i) João não obteve nenhuma face 4 no primeiro lançamento e obteve 4 pontos no segundo 25 1 × = 0,0192901. lançamento dos dois dados. Neste caso, p1 = 36 36 (ii) João obteve 1 ponto no primeiro lançamento e a face 4 no lançamento do segundo dado. Neste caso, p2 = 2 1 × = 0,0092592 . 36 36 (iii) João obteve 2 pontos no primeiro lançamento e a face 4 no lançamento do segundo dado. 2 1 × = 0,0092592 . Neste caso, p3 = 36 36 (iv) João obteve 3 pontos no primeiro lançamento e a face 4 no lançamento do segundo dado. 2 1 × = 0,0092592 . Neste caso, p4 = 36 36 1 p5 = 0,0277777 . (v) João obteve 4 pontos no primeiro lançamento. Neste caso, = 36 Portanto a probabilidade de João marcar 4 pontos será dada por: p = p1 + p2 + p3 + p4 = 7,48% . Quando João obtém 5 ou 6 pontos no primeiro lançamento, então o jogo é interrompido e consequentemente nestes casos, ele não poderá marcar 4 pontos. Podemos mostrar que João possui a mesma probabilidade de marcar 5 ou 6 pontos, a qual é dada por p = 12,19% . Exemplo 9: Qual a probabilidade de João não marcar pontos neste jogo? Solução: p= 25 25 625 × = = 0,4822531 48,22% . 36 36 1296 Temos que a soma das probabilidades de João marcar 1 ponto, 2 pontos, ... , 6 pontos e não marcar pontos é igual a 1. 192 Projeto Entre Jovens 5. Probabilidade condicional O cálculo de probabilidades condicionais está relacionado ao cálculo da probabilidade de um evento ocorrer sabendo-se que um outro evento já ocorreu a priori. Este conceito será sistematizado através da resolução dos problemas a seguir. Exemplo 10: Considerando-se apenas o primeiro lançamento, qual a probabilidade de João marcar 3 pontos, sabendo-se que ele obteve em pelo menos um dos dois dados uma face 4? Solução: Explore inicialmente que o Espaço Amostral mudou. Quando lançamos dois dados temos um Espaço Amostral S constituído de 36 resultados possíveis, neste caso, a informação que João obteve em pelo menos um dos dois dados a face 4, reduz o espaço amostral para { (1; 4), (4; 1), (2; 4), (4; 2), (3; 4), (4; 3), (4; 4), (4; 5), (5; 4), (4; 6), (6; 4) } – 11 elementos, (Espaço Amostral Reduzido - S ). Assim a probabilidade de João marcar 3 pontos deve agora ser calculada neste novo espaço amostral e João obtém 3 pontos se ocorrer (3; 4) ou (4; 3); ou seja; a probabilidade de João marcar 3 pontos sabendo-se que obteve pelo menos uma face 4 2 será: p = . 11 A representação de S e S e dos casos favoráveis (3; 4) e (4; 3) num eixo cartesiano facilita em muito o entendimento do conceito de Probabilidade Condicional. Exemplo 11: Considerando-se apenas o primeiro lançamento, qual a probabilidade de João marcar 3 pontos, sabendo-se que o número da face do primeiro dado é maior do que a do segundo? Solução: Da mesma forma que no problema 10, temos agora o Espaço Amostral Reduzido, S = { (2; 1), (3; 1), (3; 2), (4; 1), (4; 2), (4; 3), (5; 1), (5; 2), (5; 3), (5; 4), (6; 1), (6; 2), (6; 3), (6; 4), (6; 5) } – 15 elementos. Destes 15 elementos, João pode marcar 3 pontos em apenas um deles, quando ocorrer (4; 3). Assim, a probabilidade de João marcar 3 pontos no primeiro lançamento, sabendo-se que o número da face do primeiro dado é maior do que a do segundo 1 . é p= 15 Nos dois problemas anteriores, estamos calculando a probabilidade de João marcar 3 pontos, entretanto, a informação fornecida a priori, altera o valor da probabilidade. A partir daqui é possível começar a sistematizar o conceito de probabilidade condicional. No problema 11, definimos os eventos: A = {João marcou 3 pontos no primeiro lançamento dos dois dados } e B = {O número da face do primeiro dado é maior do que a do segundo}. Temos neste caso, B = {(2; 1), (3; 1), (3; 2), (4; 1), (4; 2), (4; 3), (5; 1), (5; 2), (5; 3), (5; 4), (6; 1), 193 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 15 B) = . (6; 2), (6; 3), (6; 4), (6; 5)} – 15 elementos. Assim, P ( 36 1 Agora, A = {(3; 4), (4; 3)} e A| B = {(4; 3)}. Assim, P () A| B = . 36 Das probabilidades calculadas acima e do resultado do problema 11, obtemos: 1 A B) 1 36 P ( . P () A| B= = = 15 15 P( B) 36 A relação acima não se verifica apenas para o caso particular do exemplo 11. Na verdade, essa relação é a definição do conceito de probabilidade condicional, admitindo-se que P(B) > 0. A B) e P( B) são calculadas considerando-se o Espaço Observar que as probabilidades P ( Amostral S, enquanto que a probabilidade condicional P(A|B) é calculada em termos do espaço amostral reduzido S . 6. Outros problemas Consideraremos agora outros problemas envolvendo probabilidade e buscar um tratamento mais formal. O interesse dos matemáticos no estudo sistemático de probabilidades é relativamente recente e tem suas raízes no estudo dos jogos de azar. Um problema clássico, que tem origem em autores do século XV e que despertou o interesse de autores como Pascal e Fermat, é o Problema dos pontos: Dois jogadores apostaram R$ 10,00 cada um em um jogo de cara-ecoroa, combinando que o primeiro a conseguir 6 vitórias ficaria com o dinheiro da aposta. O jogo, no entanto, precisou ser interrompido quando um dos jogadores tem 5 vitórias e o outro tem 3. Qual é a divisão justa da quantia apostada? Parece razoável que a quantia apostada seja dividida de forma proporcional à chance (ou probabilidade) de vitória de cada jogador. O cálculo destas probabilidades se baseia, como veremos mais adiante, na hipótese de que a moeda seja honesta, ou seja, de que haja iguais chances, em um lançamento, de sair cara ou coroa. Esta crença, por sua vez, corresponde à seguinte ideia intuitiva: em uma sequência longa de lançamentos, esperamos observar, aproximadamente, o mesmo número de caras e coroas. De modo mais geral, suponhamos quem um determinado experimento tenha n resultados possíveis w1, w2 ,..., wn ,, o conjunto Ω destes possíveis resultados é chamado de espaço amostral. Suponhamos, ainda, que julguemos que, ao repetir o experimento um grande número de vezes, esperemos que o resultado wi ocorra em uma certa fração pi das realizações do experimento. Dizemos, então, que a probabilidade de se observar wi é igual a pi . Evidentemente, devemos 1. Uma vez estabelecidos os valores para as ter pi > 0 para cada i é, além disso, p1 + ... + pn = probabilidades de cada resultado possível, podemos definir a probabilidade de qualquer evento A (ou seja, de qualquer subconjunto de Q) como a soma das probabilidades dos resultados em A. 194 Projeto Entre Jovens Mas como encontrar os valores das probabilidades pi ? No caso geral, estes valores são obtidos de forma experimental. Mas ha certos casos em que é razoável supor que todos os resultados são igualmente prováveis e que, portanto, a probabilidade de cada um deles é igual a 1/ n . Por exemplo, ao lançar um dado perfeitamente cúbico não há nenhuma razão para esperar que uma face apareça com mais frequência que qualquer das outras. Logo, a probabilidade associada a cada face é igual a 1/6. Modelos probabilísticos que têm esta característica são chamados de equiprováveis e estão frequentemente associados a jogos de azar. Nos modelos probabilísticos equiprováveis, a probabilidade associada a um evento A com p elementos é 1 p = . Muitas vezes se exprime este fato dizendo que a probabilidade de um evento n n é igual á razão entre o número de casos favoráveis ao evento e o número de casos possíveis. igual a p. Exemplo 12: Qual é a probabilidade de se obter um resultado maior que 4 ao se lançar um dado honesto? Solução: O espaço amostral é Ω ={1,2,3,4,5,6} , com todos os resultados tendo probabilidade 1/ 6. Desejamos calcular a probabilidade de evento A = {5,6} , que é dada por P( A) =2 × 1 1 = . 6 3 Observe que no lançamento de 2 dados cúbicos, com suas faces numeradas de 1 a 6, são 11 os possíveis resultados de soma: 2, 3, 4, 5, ... , 11,12. Um erro muito comum, ao se perguntar a um aluno sobre a probabilidade de se obter soma 4 no lançamento de dois dados é ele dar nº de casos favoráveis 1 = . Esse erro consiste em se tratar esse modelo com nº de casos possíveis 11 sendo equiprovável já que o aluno tende a não perceber que as probabilidades de ocorrência das diferentes somas possíveis no lançamento de dois dados são distintas. por resposta: Como forma de desfazer esse equívoco propomos uma atividade que passamos a descrever. Peça aos alunos que confeccionem tabuleiros 11× 11 conforme o ilustrado abaixo. 195 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Serão necessários dois dados e 11 peças para marcação (podem ser feijões, por exemplo). A regra é a seguinte. Podem jogar de 2 a 11 jogadores. Cada jogador escolhe com qual número irá concorrer, dentre os números de 2 a 12. Depois de que cada jogador escolheu seu número, cada um posiciona sua peça sobre a casa de partida que contém o número com o qual irá concorrer. Em seguida um dos participantes lança um par de dados. O valor da soma dos dois resultados obtidos define qual jogador movimentará sua peça uma casa em direção à casa de chegada. Em seguida lança-se novamente os dois dados e observa-se a soma dos resultados e, o jogador que estiver concorrendo com o valor dessa soma avança sua peça uma casa em direção à casa de chegada. O jogo continua, repetindo o procedimento descrito acima até que um dos jogadores consiga fazer com que sua peça alcance a casa de chegada, no outro lado do tabuleiro. A atividade deve ser jogada várias vezes (o ideal é pelo menos umas 20 vezes) e devem ser anotados os resultados de cada jogada. Para isso divida os alunos em dois ou três grupos e ponha esses grupos a jogar. Após várias repetições do jogo os alunos perceberão que quem escolhe o número 7 tende a ganhar um maior número de vezes, enquanto que, quem escolhe 2 ou 12, tende a ganhar um menor número de vezes. Diante dessa constatação, discuta com os aluno o que está por trás desses resultados, mostrando para eles que os resultados com soma sete são os mais freqüentes e os com soma 2 ou 12 são os menos freqüentes. A tabela apresentada a seguir ilustra essa situação. 196 Projeto Entre Jovens Exemplo 13: Ao lançar um dado duas vezes, qual é a probabilidade de se obter soma 5? Solução: O espaço amostral é formado por todos os pares de resultados possíveis. Como em cada lançamento há 6 possibilidades, o número de casos possíveis é 6 × 6 = 36 , todos com a mesma probabilidade de ocorrência. Destes, aqueles em que a soma é 5 são (1,4), (2,3), (3,2) e (4,1). Veja quadro acima. Logo, o número de casos favoráveis ao evento é 4 e sua probabilidade é 4 1. = 36 9 Exemplo 14: Em uma urna há 5 bolas vermelhas e 4 pretas, todas de mesmo tamanho e feitas do mesmo material. Retiramos duas bolas sucessivamente da urna, sem repô-las. Qual é a probabilidade de que sejam retiradas duas bolas vermelhas? Solução: Precisamos inicialmente encontrar um espaço amostral apropriado para descrever os resultados dos experimentos. Com tudo o que observamos é a cor de cada bola retirada (as bolas de mesma cor são indistinguíveis entre si), poderíamos ser tentados a escolher o espaço amostral {vv , vp, pv , pp} , formado pelos pares de cores observadas. Esta escolha não está errada, mas não é conveniente para a solução do problema. O que ocorre é que o modelo probabilístico baseado neste espaço amostral não é equiprovável (é obvio, por exemplo, que duas bolas vermelhas saiam com mais frequência que duas bolas pretas, já que há mais bolas vermelhas). Para obter um espaço equiprovável, devemos considerar individualmente as 9 bolas presentes na urna. Ou seja, o espaço amostral é o conjunto de todos os pares de bolas distintas, que 72 elementos. Como todas as bolas são iguais (a menos da cor), todos estes pares tem 9 × 8 = tem a mesma probabilidade de sair. Para calcular o número destes pares em que ambas as bolas são vermelhas, devemos observar que a primeira bola vermelha pode ser escolhida de 5 modos, enquanto a segunda pode ser qualquer uma das 4 restantes. Logo, o número de casos favoráveis é igual a 5 × 4 = 20 . Portanto, a probabilidade de que sejam retiradas duas bolas 20 5 vermelhas é igual a = . 72 18 197 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Exemplo 15: Pedro e João combinaram de lançar uma moeda 4 vezes. Pedro apostou que, nestes 4 lançamentos, não apareceriam 2 caras seguidas; João aceitou a aposta. Quem tem maior chance de ganhar a aposta? Solução: O espaço amostral apropriado é formado por todas as sequências possíveis de resultados. Como em cada lançamento sai cara (C) ou coroa (K), há 2 possibilidades; logo, o número total de possibilidades é igual a 2 × 2 × 2 × 2 = 16 . Todas estas sequências têm a mesma probabilidade de ocorrência, já que o resultado de um lançamento não afeta os demais e há a mesma chance de sair cara ou coroa. Vamos verificar quais destas sequências levam a vitória de Pedro. • se só saírem coroas (K K K K ), é claro que Pedro vence. • se só sair uma cara (OKKK,KGKK,KKCK,KKKC), Pedro também vence. • com duas caras, Pedro vence nos casos KCKC, OKCK e CKKO. • quando saem três ou mais caras, Pedro perde. Logo, o número de sequências favoráveis a Pedro é igual a 8 e sua probabilidade de vitória é 8 1 igual a = . Portanto, Pedro e João têm a mesma chance de vitória. 16 2 Exemplo 16: Qual é a forma justa de dividir os R$ 20,00 apostados no problema dos pontos? Solução: O jogador 1 tem 5 vitórias, faltando apenas uma para vencer o jogo. O jogador 2 tem apenas 3 vitórias, necessitando de mais 3 para vencer. Portanto, para que 2 vença, ele tem que vencer três partidas seguidas. Há 2 × 2 × 2 = 8 possibilidades para os resultados destas partidas e 1 apenas um destes é favorável a vitória de 2. Logo 2 vence com probabilidade , enquanto a 8 7 probabilidade de vitória de 2 é . Logo, 1 deve ficar com R$ 17,50 e 2 com R$ 2,50. 8 Uma possível objeção quanto a solução acima é o fato de construirmos nosso espaço amostral com base nas três partidas restantes, quando o jogo pode, na verdade, terminar em uma, duas ou três partidas. Fizemos isto para obter um espaço amostral para o qual o modelo é equiprovável. Note que usar este espaço amostral é equivalente a supor que, mesmo que 1 tenha vencido na primeira ou segunda partida, eles continuam a disputar, como “amistosos”, as partidas seguintes. É claro quem isto não modifica, em nada, as chances de vitória de cada jogador. Vimos acima que a ideia intuitiva de probabilidade de um evento está ligada à frequência observada deste evento quando o experimento é realizado um grande número de vezes. Esta relação pode ser estabelecida de modo preciso, através de um teorema conhecido como a Lei dos Grandes Números. Embora, por vezes, ela não seja e muito bem entendida, a Lei dos Grandes Números é um instrumento fundamental para estabelecer uma via de mão dupla entre modelos probabilísticos teóricos e os experimentos aleatórios. 198 Projeto Entre Jovens Resolva as atividades propostas abaixo. O Jogo Este jogo utiliza dois dados e é disputado por dois jogadores, João e Maria. Os resultados abaixo valem os pontos indicados e resultados diferentes destes não são pontuados. Resultado Pontuação (4; 1) ou (1; 4) (4; 2) ou (2; 4) (4; 3) ou (3; 4) (4; 4) (4; 5) ou (5; 4) (4; 6) ou (6; 4) 1 2 3 4 5 6 Cada jogador poderá efetuar até dois lançamentos. Se não conseguir nenhuma face 4 no primeiro lançamento dos dois dados, efetua-se o segundo lançamento com os dois dados novamente. Se conseguiu pelo menos uma face 4 no primeiro lançamento, reserva este dado e decide se lança ou não o outro dado mais uma vez. Vence o jogo quem obtiver a maior pontuação. Caso os dois jogadores obtenham a mesma pontuação o procedimento todo é repetido. O jogador poderá não marcar pontos ou ter pontuação zero, isto ocorre se nos seus dois possíveis lançamentos ele não conseguiu nenhuma face 4. Este jogo deve ser utilizado para resolver as atividades de 1 a 11. Atividade 1: Considerando-se apenas o primeiro lançamento dos dois dados, João terá maior chance em conseguir 1 ponto ou 6 pontos? Justificar sua resposta. Atividade 2: Considerando-se apenas o primeiro lançamento dos dois dados, João terá maior chance em conseguir 5 ou 4 pontos? Justificar sua resposta. Atividade 3: Se João obteve 1 ponto no primeiro lançamento ele deverá utilizar o segundo lançamento para melhorar sua pontuação? Justificar sua resposta. Atividade 4: Se João obteve 3 pontos no primeiro lançamento, quais são suas chances em melhorar, piorar ou manter inalterada sua pontuação se utilizar o segundo lançamento? 199 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 5: Qual a probabilidade de João não obter a face 4 no primeiro lançamento? Atividade 6: Se João obteve 4 pontos no primeiro lançamento, qual a probabilidade de aumentar, diminuir ou permanecer com esta pontuação se utilizar o segundo lançamento? Atividade 7: Qual a probabilidade de João marcar 1 ponto neste jogo? Atividade 8: Qual a probabilidade de João marcar 4 pontos neste jogo? Atividade 9: Qual a probabilidade de João não marcar pontos neste jogo? Atividade 10: Considerando-se apenas o primeiro lançamento, qual a probabilidade de João marcar 3 pontos, sabendo-se que ele obteve em pelo menos um dos dois dados uma face 4? Atividade 11: Considerando-se apenas o primeiro lançamento, qual a probabilidade de João marcar 3 pontos, sabendo-se que o número da face do primeiro dado é maior do que a do segundo? Atividade 12: Qual é a probabilidade de se obter um resultado maior que 4 ao se lançar um dado honesto? Atividade 13: Ao lançar um dado duas vezes, qual é a probabilidade de se obter soma 5? Atividade 14: Em uma urna há 5 bolas vermelhas e 4 pretas, todas de mesmo tamanho e feitas do mesmo material. Retiramos duas bolas sucessivamente da urna, sem repô-las. Qual é a probabilidade de que sejam retiradas duas bolas vermelhas? Atividade 15: Pedro e João combinaram de lançar uma moeda 4 vezes. Pedro apostou que, nestes 4 lançamentos, não apareceriam 2 caras seguidas; João aceitou a aposta. Quem tem maior chance de ganhar a aposta? 200 Projeto Entre Jovens Atividade 16: Qual é a forma justa de dividir os R$ 20,00 apostados no problema dos pontos? Atividade 17: Uma caixa contém cinco bolas numeradas de 1 a 5. Dela são retiradas ao acaso duas bolas. Qual a probabilidade de que o maior número assim escolhido seja o 4? Atividade 18: Uma função f : A → B é dita crescente quando: ∀x1, x2 ∈ A, x2 > x1 ⇒ f ( x2 ) >f( x1 ) . 1,2,3,4,5} 1,2,3,4,5,6,7} e B ={ . Sejam A = { a) Quantas funções f : A → B crescentes podem ser definidas? b) Escolhendo aleatoriamente uma das funções f : A → B crescentes que podem 5) =6? ser definidas, qual é a probabilidade de se ter f ( c) Escolhendo aleatoriamente uma das funções f : A → B crescentes que podem 5) =4? ser definidas, qual é a probabilidade de se ter f ( 201 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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Jovens ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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Objetivos: – Ao término dessa oficina o aluno deverá ser capaz de: • Ler e interpretar informações apresentadas em gráficos e/ou tabelas. • Resolver problemas envolvendo cálculo de médias. Projeto Entre Jovens Inicialmente, convém enfatizar que na Matemática estamos acostumados a fazer gráfico de funções, como o gráfico da função seno, por exemplo. Estes gráficos são distintos dos que serão citados nessa oficina, não somente com respeito a forma de fazer (desenhar) o gráfico como também aos objetivos a que se propõem. Entretanto, no contexto do que aqui estamos apresentando, usaremos os termos gráficos e representações gráficas de forma análoga. Na verdade, representações gráficas podem ser consideradas como a arte de apresentação de dados. Há várias boas razões para se usar representação gráfica em lugar de uma explicação textual: (i) uma figura substitui muitas palavras; (ii) é mais rápido entender as informações correspondentes a elas; (iii) uma representação gráfica podem enfatizar ou esclarecer determinados pontos; (iv) uma figura pode despertar mais o interesse do leitor do que um texto. Existem vários tipos de representações gráficas, assim, um ponto importante quando da escolha de um deles é saber qual o tipo de variável que será exibido: Variáveis Variáveis qualitativas, que também são chamadas de categóricas, têm estados, níveis ou categorias que são definidas por um conjunto de subclasses mutuamente exclusivas e exaustivas. Estas subclasses podem ser ordenadas ou não-ordenadas. Exemplo de variável qualitativa ordenada: nível de escolaridade dos pais dos alunos de um dado colégio. Exemplo de variável qualitativa não-ordenada: diferentes regiões geográficas do Brasil. Nas variáveis quantitativas os níveis são expressos numericamente. Há dois tipos de variáveis quantitativas: discretas e contínuas. Geralmente as discretas (números inteiros) estão associados a problemas de contagem e as contínuas (números reais) a resultados de mensurações sobre o mundo físico. Exemplo de variável quantitativa discreta: número de alunos de dado colégio. Exemplo de variável quantitativa contínua: altura dos alunos da 5ª série. A representação de dados estatísticos usualmente é feita por meio de tabelas ou de gráficos. Entre os gráficos mais comumente encontradas são: (i) lineares, (ii) colunas, (iii) barras, (iv) setorgrama, (v) cartograma e (vi) pictórico. 211 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Gráfico linear Gráfico de colunas Gráficos de barras Gráfico de setores 212 Projeto Entre Jovens Cartograma – Densidade Demográfica do Brasil Pictograma – População dos Estados Unidos Gráficos e tabelas constituem-se ferramentas úteis para representação e apresentação de dados. São fáceis de fazer e representações gráficas podem ser extremamente criativas. Geralmente informações que constam em uma tabela podem ser exibidas em uma específica representação gráfica ou vice-versa. Esse é um tema muito fértil a aplicações e que você, tutor, deve explorar propondo atividades práticas envolvendo pesquisas e levantamentos com os alunos. Os resultados desses levantamentos devem ser organizados em uma tabela e, posteriormente, gráficos representativos desses levantamentos devem ser elaborados pelos alunos. Em muitas situações, é desejável obter descrições mais resumidas do comportamento de uma variável, através de um ou mais números. Nessas situações utilizam-se medidas estatísticas que podem sintetizar as informações mais importantes dos valores assumidos por uma variável. Dentre as medidas estatísticas mais utilizadas, destacam-se a média aritmética, a mediana e a moda, que são medidas de tendência central, e ainda o desvio padrão e os quartis, que são medidas de dispersão. Destacaremos a média aritmética. Uma média de uma lista de números é uma valor que pode substituir todos os elementos da lista sem alterar uma certa característica da lista. Se essa característica é a soma dos elementos da lista, obtém-se a média aritmética. A média aritmética simples da lista de n números x1 , x2 , ..., xn é um valor x tal que x1 + x2 + + x n = x + x + x = nx . 213 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Portanto, a média aritmética simples da lista de n números x1 , x2 , , x n é definida por É importante registrar que há outros tipos de médias possíveis, tais como a média geométrica e a média harmônica. A título de ilustração, apresentaremos também a média geométrica. Se a característica a ser mantida for o produto dos elementos da lista, obtém-se a média geométrica. A média geométrica simples dos n número inteiros positivos x1 , x2 , , x n é um valor g tal que Portanto, a média geométrica simples dos de n números positivos x1 , x2 , , x n é definida por A média geométrica só definida para números positivos pois, caso contrário, tem-se o risco da média geométrica não existir. De fato, não se pode definir a média geométrica entre −3 e 3, por exemplo. De qualquer forma, é importante perceber que, quando se troca um conjunto de valores por sua média, perdem-se informações sobre o conjunto de valores. De fato, consideres os dois conjuntos formados por seis números: C1 = {0, 1, 4, 10, 6, 9} e C2 = {5, 5, 5, 5, 5, 5}. Note que as médias aritméticas dos números que constituem os conjuntos C1 e C2 são dadas 0 + 1+ 4 + 10 + 6 + 9 5+5+5+5+5+5 por xC1 = = = 5 e xC2 = 5 , ou seja, os dois conjuntos de 6 6 valores apresentam médias aritméticas iguais a 5 mas o conjunto C1 tem seus elementos bem mais dispersos que o conjunto C2 . Assim, a informação da média de um conjunto de valores diz pouco sobre esse conjunto de valores pois, ao trocarmos cada coleção de termos por sua média, estamos perdendo informações. Em geral utiliza-se outras medidas que servem para medir o grau de dispersão do conjunto de valores. A medida de dispersão mais utilizada é o desvio padrão, que mensura o quanto os valores se distanciam da média aritmética. Entretanto, não abordaremos medidas de dispersão nessas notas. A moda é o valor mais frequentemente observado de uma variável. A moda é uma medida de maior interesse para variáveis qualitativas, variáveis numéricas discretas e para vairáveis numéricas agrupadas em classes. A mediana de uma lista de n elementos (ou dados) ordenadamente dispostos (em ordem crescente ou decrescente) é o valor que ocupa a posição central, se n é ímpar e, se n for par, a mediana é a média aritmética dos dois termos centrais. 214 Projeto Entre Jovens Exemplo 1: João obteve nota final igual a 58 pontos em matemática. Essa nota é obtida calculando-se a média aritmética entre as quatro notas bimestrais, cada uma valendo 100 pontos. João está em recuperação em matemática, pois a nota final mínima para aprovação é 60 pontos. A nota obtida na recuperação, que vale 100 pontos, substitui a menor nota bimestral do aluno, que no caso de João é 54 pontos. Qual a menor nota que João poderá obter na recuperação para que venha a ser aprovado em matemática? Solução: João obteve quatro notas bimestrais: n1, n2, n3 e 54, sendo que 54 é a menor delas. n + n + n3 + 54 Como a média final de João foi 58 pontos, isso significa que 1 2 = 58 . 4 Seja x a menor nota que João poderá obter na recuperação para ser aprovado. Então essa nota x deve ser tal que, após substituir a nota 54, deve tornar a média das notas igual a 60. Assim devemos ter De n1 + n2 + n3 + x = 60 . 4 n + n + n3 54 n1 + n2 + n3 + 54 + = 58 , ou seja, = 58 podemos concluir que 1 2 4 4 4 n1 + n2 + n3 54 232 − 54 178 . =58 − = = 4 4 4 4 Por outro lado, de Substituindo n1 + n2 + n3 + x n + n + n3 x 60 . = 60 temos 1 2 + = 4 4 4 n1 + n2 + n3 178 = nessa última igualdade obtemos: 4 4 178 x + = 60 4 4 178 + x = 240 ou x = 62 . Exemplo 2: Em uma classe de 20 rapazes e 30 moças, foi realizada uma avaliação. A média das notas das moças foi 8 e a média das notas dos rapazes foi 7. Qual foi a média das notas da classe? Solução: Para se calcular a média das notas da classe, é necessário conhecer a soma de todas as notas dessa classe, que tem 50 (= 20 + 30) alunos. Se eram 20 rapazes e a média de suas notas foi 7, então a soma de todas as notas dos rapazes 140 . Por outro lado, se eram 30 moças e a média de suas notas foi 8, então foi igual a 20 × 7 = 240 . a soma de todas as notas das moças foi igual a 30 × 8 = Como a soma de todas as notas foi 380 (= 140 + 240) e a classe tem 50 alunos, a média das notas dessa classe foi: 215 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 = x 380 = 7,6 . 50 Um erro muito comum nesse tipo de problema é o aluno responder 7,5 pois simplesmente calcula a média entre os valores 7 e 8. Esse raciocínio só funcionaria se o número de rapazes e de moças nessa turma fossem iguais. Exemplo 3: A média das alturas dos cinco jogadores titulares de um time de basquete é igual a 1,98 m. O treinador deseja substituir um jogador de modo que a média de altura do time aumente para, no mínimo, 2 m. Nessa substituição, qual deve ser a diferença mínima, em centímetros, entre a altura do jogador que entrará e a altura do jogador que sairá? Solução: Denotando por S a soma das alturas dos cinco jogadores titulares em centímetros tem-se: S = 198 ⇒ S= 990 . Agora, denotando por y e x as alturas dos jogadores que vão entrar e 5 sair, respectivamente, devemos ter, no mínimo: S − x) +y ( = 5 200 ⇒ 990 + ( y − x) = 1000 ⇒ y − x= 10 . Portanto, a diferença entre as alturas do jogador que entrar e do jogador que sair deve ser, no mínimo, igual a 10 cm. Exemplo 4: Um professor fez o levantamento das notas de uma turma com 20 alunos, obtidas em uma prova cujo valor era 10 pontos. Veja o gráfico abaixo. Freqüência 5 4 3 2 1 0 345 6789 Notas Depois de confeccionado esse gráfico, o professor percebeu ter errado a nota de um dos alunos e verificou que, feita a correção dessa nota, a média das notas dessa turma aumentaria em 0,2 ponto e a moda passaria a ser 7 pontos. Qual passou a ser média das notas após a correção? Qual era o valor da nota que estava errada? 216 Projeto Entre Jovens Solução: Note que, antes da correção, a soma das notas era: 1× 3 + 2 × 4 + 4 × 5 + 4 × 6 + 4 × 7 + 3 × 8 + 2 × 9 = 125 e, sendo 20 alunos nessa turma, tem125 x = 6,25 . Com o acréscimo de 0,2 ponto na média, essa se que a média das notas era= 20 passou a ser 6,25+0,2 = 6,45. Entretanto, o acréscimo de 0,2 ponto na média corresponde a um 125 125 4 125 + 4 + 0,2 = + = . Com acréscimo de 4 pontos na soma das notas pois: x + 0,2 = 20 20 20 20 isso, a nota que foi corrigida, sofreu uma alteração de 4 pontos para cima. Se com essa correção a moda passou a ser 7, é porque a nota 7 passou a ser a mais frequente. Assim, a nota que sofreu a correção passou a valer 7. Como a correção foi de 4 pontos, a nota que estava errada 3 valia 7 − 4 =. 217 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Resolva as atividades propostas abaixo. Atividade 1: João obteve nota final igual a 58 pontos em matemática. Essa nota é obtida calculando-se a média aritmética entre as quatro notas bimestrais, cada uma valendo 100 pontos. João está em recuperação em matemática, pois a nota final mínima para aprovação é 60 pontos. A nota obtida na recuperação, que vale 100 pontos, substitui a menor nota bimestral do aluno, que no caso de João é 54 pontos. Qual a menor nota que João poderá obter na recuperação para que venha a ser aprovado em matemática? Atividade 2: Em uma classe de 20 rapazes e 30 moças, foi realizada uma avaliação. A média das notas das moças foi 8 e a média das notas dos rapazes foi 7. Qual foi a média das notas da classe? Atividade 3: A média das alturas dos cinco jogadores titulares de um time de basquete é igual a 1,98 m. O treinador deseja substituir um jogador de modo que a média de altura do time aumente para, no mínimo, 2 m. Nessa substituição, qual deve ser a diferença mínima, em centímetros, entre a altura do jogador que entrará e a altura do jogador que sairá? Atividade 4: Um professor fez o levantamento das notas de uma turma com 20 alunos, obtidas em uma prova cujo valor era 10 pontos. Veja o gráfico abaixo. Freqüência 5 4 3 2 1 0 3 4 5 6 7 8 9 Notas Depois de confeccionado esse gráfico, o professor percebeu ter errado a nota de um dos alunos e verificou que, feita a correção dessa nota, a média das notas dessa turma aumentaria em 0,2 ponto e a moda passaria a ser 7 pontos. Qual passou a ser média das notas após a correção? Qual era o valor da nota que estava errada? Atividade 5: Um aluno compara as notas das 6 provas de Português que fez em 2004 e de outras 6, da mesma matéria, que fez em 2005. Ele repara que em 5 provas ele obteve as mesmas notas nos dois anos. Na outra prova a nota foi 86 em 2004 e 68 em 2005. Em 2004 a média aritmética das seis notas foi 84. Qual foi a média em 2005? 218 Projeto Entre Jovens Atividade 6: O professor de Matemática aplicou em sua turma um teste com cinco questões de múltipla escolha onde cada questão valia um ponto. A nota de cada aluno no teste foi a soma das notas das questões por ele acertadas. Após corrigir o teste, o professor produziu a seguinte tabela, contendo a porcentagem de acertos em cada questão: Questão 1 2 3 4 5 % de acertos 50% 40% 60% 20% 10% Qual foi a média das notas nesse teste? Atividade 7: Na sala de Pedrinho foi aplicada uma prova de matemática com 5 questões de múltipla escolha valendo um ponto cada. A distribuição dessas notas obtidas encontra-se representada no gráfico abaixo. Quantidade de alunos Distribuição de notas na prova de matemática 10 8 6 4 2 0 0 1 2 3 4 5 Notas Pedrinho que não pôde comparecer na escola no dia da aplicação dessa prova, a realizou no mês seguinte. Qual a nota mínima que Pedrinho deverá tirar para que a média das notas dessa turma aumente? Atividade 8: A média de idade dos 24 professores da “Escola Ensinar” é 40 anos. Rita, que tem 35 anos de idade, acaba de ser contratada como mais uma professora dessa escola. Qual a nova média de idade dentre os professores da “Escola Ensinar”? 219 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 9: Uma empresa fez um levantamento em todos os seus setores determinando o percentual de mulheres em cada setor da empresa. O resultado desse levantamento é mostrado no gráfico abaixo. Em quantos desses setores o percentual de homens é maior que o percentual de mulheres? Setror 7 Setor 6 Setor 5 Setor 4 Setor 3 Setor 2 Setor 1 0 20 40 60 80 Atividade 10: Os resultados de uma pesquisa das cores de cabelo de 1200 pessoas são mostrados no gráfico abaixo. Quantas pessoas possuem o cabelo preto? Atividade 11: A fim de melhorar a aparência, 175 mil brasileiros enfrentaram anestesia, bisturi e o desconforto de um pós-operatório no ano de 2000. Esse desejo coletivo de conseguir um corpo mais bonito levou nosso pais ao segundo lugar no ranking dos campeões em cirurgias estéticas, só perdendo para os Estados Unidos”. Fonte: Revista Saude!,out. 2002. O gráfico seguinte apresenta o total das cirurgias plásticas mais realizadas, no Brasil, em 2000. 220 Projeto Entre Jovens a) Quantas cirurgias para redução ou aumento de mamas foram realizadas nesse ano? b) No gráfico, qual e o ângulo central do setor circular que representa as cirurgias de face? Atividade 12: Uma prova continha cinco questões, cada uma valendo 2 pontos. Em sua correção, foram atribuídas a cada questão apenas as notas 0 ou 2, caso a resposta estivesse, respectivamente, errada ou certa. A soma dos pontos obtidos em cada questão forneceu a nota da prova de cada aluno. Ao final da correção, produziu-se a seguinte tabela, contendo a porcentagem de acertos em cada questão: Qual a média das notas da prova? Atividade 13: Em certa eleição foram obtidos os seguintes resultados: Qual o número de votos obtidos pelo candidato vencedor? 221 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Atividade 14: Observe os gráficos a seguir, que representam, em reais, as vendas e os lucros anuais de uma empresa no período de 1990 a 1995. De acordo com os gráficos, calcule: a) a média, em milhões de reais, das vendas dessa empresa no período considerado; b) a razão entre o lucro e a venda em 1992. 222 Projeto Entre Jovens Atividade 15: Num curso de inglês, a distribuição das idades dos alunos e dada pelo gráfico seguinte. Com base nos dados do gráfico, determine: a) o número total de alunos do curso. b) o número de alunos com no mínimo 19 anos. 223 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Anotações ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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Matemática – Volume 2 ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 228 Projeto Entre Jovens ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 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________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________ 229 MATRIZ DE REFERÊNCIA DE MATEMÁTICA DO SAEB PARA A 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO MATRIZ DE REFERÊNCIA* MATEMÁTICA - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO TEMAS E SEUS DESCRITORES I. Espaço e Forma D1 Identificar figuras semelhantes mediante o reconhecimento de relações de proporcionalidade. D2 Reconhecer aplicações das relações métricas do triângulo retângulo em um problema que envolva figuras planas ou espaciais. D3 Relacionar diferentes poliedros ou corpos redondos com suas planificações ou vistas. D4 Identificar a relação entre o número de vértices, faces e/ou arestas de poliedros expressa em um problema. D5 Resolver problema que envolva razões trigonométricas no triângulo retângulo (seno, cosseno, tangente). D6 Identificar a localização de pontos no plano cartesiano. D7 Interpretar geometricamente os coeficientes da equação de uma reta. D8 Identificar a equação de uma reta apresentada a partir de dois pontos dados ou de um ponto e sua inclinação. D9 Relacionar a determinação do ponto de intersecção de duas ou mais retas com a resolução de um sistema de equações com duas incógnitas. D10 Reconhecer, dentre as equações do 2o grau com duas incógnitas, as que representam circunferência. II. Grandezas e Medidas D11 Resolver problema envolvendo o cálculo de perímetro de figuras planas. D12 Resolver problema envolvendo o cálculo de área de figuras planas. D13 Resolver problema envolvendo a área total e/ou volume de um sólido (prisma, pirâmide, cilindro, cone, esfera). III. Números e Operações/Álgebra e Funções D14 Identificar a localização de número reais na reta numérica. D15 Resolver problema que envolva variação proporcional, direta ou inversa, entre grandezas. D16 Resolver problema que envolva porcentagem. D17 Resolver problema envolvendo equação do 2º grau. D18 Reconhecer expressão algébrica que representa uma função a partir de uma tabela. D19 Resolver problema envolvendo uma função do 1º grau. D20 Analisar crescimento/decrescimento, zeros de funções reais apresentadas em gráficos. D21 Identificar o gráfico que representa uma situação descrita em um texto. D22 Resolver problema envolvendo P.A./P.G. dada a fórmula do termo geral. D23 Reconhecer o gráfico de uma função polinomial de 1º grau por meio de seus coeficientes. D24 Reconhecer a representação algébrica de uma função do 1º grau dado o seu gráfico. D25 Resolver problemas que envolvam os pontos de máximo ou de mínimo no gráfico de uma função polinomial do 2º grau. D26 Relacionar as raízes de um polinômio com sua decomposição em fatores do 1º grau. D27 Identificar a representação algébrica e/ou gráfica de uma função exponencial. D28 Identificar a representação algébrica e/ou gráfica de uma função logarítmica, reconhecendo-a como inversa da função exponencial. D29 Resolver problema que envolva função exponencial. D30 Identificar gráficos de funções trigonométricas (seno, cosseno, tangente) reconhecendo suas propriedades. D31 Determinar a solução de um sistema linear associando-o a uma matriz. D32 Resolver problema de contagem utilizando o princípio multiplicativo ou noções de permutação simples, arranjo simples e/ou combinação simples. D33 Calcular a probabilidade de um evento. IV. Tratamento da Informação D34 Resolver problemas envolvendo informações apresentadas em tabelas e/ou gráficos. D35 Associar informações apresentadas em listas e/ou tabelas simples aos gráficos que as representam e vice-versa. * Foi utilizado a Matriz de Referência do SAEB para Matemática - 3º ano do Ensino Médio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Projeto Entre Jovens BARBOSA, J. L. M. Geometria Euclidiana Plana. 3ª edição. Coleção Professor de Matemática. SBM, Rio de Janeiro, 2006. BOYER, C. B. História da Matemática. Tradução de Elza F. Gomide. São Paulo: Edgard Blücher, 1974. LIMA, Elon Lages et al. A Matemática do Ensino Médio. Vol 1,2 e 3. Coleção Professor de Matemática. SBM, Rio de Janeiro, 1996. LIMA, Elon Lages. Coordenadas no Plano. Coleção Professor de Matemática. SBM, Rio de Janeiro, 1992. LIMA, Elon Lages et al. Temas e Problemas Elementares. 2ª edição. Coleção Professor de Matemática. SBM, Rio de Janeiro, 2006. LIMA, Elon Lages et al. Temas e Problemas. 2ª edição. Coleção Professor de Matemática. SBM, Rio de Janeiro, 2003. CARMO, M. P. et al. Trigonometria e Números Complexos. 3ª edição. Coleção Professor de Matemática. SBM, Rio de Janeiro, 2005. MORGADO, A. C. et al. Análise Combinatória e Probabilidade. 6ª edição. Coleção Professor de Matemática. SBM, Rio de Janeiro, 2004. REZENDE, E. Q. F et al. Geometria Euclidiana Plana e Construções Geométricas. São Paulo: Editora da UNICAMP, 2000. SANTOS, J. P. O. et al. Introdução à Análise Combinatória. 4ª edição. Editora Ciência Moderna. Rio de Janeiro, 2007. 237 RESPOSTAS Projeto Entre Jovens Oficina 11: Função Quadrática. Atividade Resposta 2 02 5 1 1 3 f ( x) = 2 x − − , − , 1 e . 8 4 4 8 05 Não é possível 08 a+ b 4 09 55 mil e 45 mil reais 10 −∞, −1] ( 3,4 ] a) − , , b) ( −∞, −3] [ 5, +∞ ) , c) ( 11 l ∈( 0,1) 12 14,5 s 1 1 3 2 Oficina 12: Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo. Atividade Resposta 2 5 e 5. cos a = 5 5 01 sena = 02 R= 03 32,5 m. 04 64º. 05 20 m. 06 27 m. 07 d ≅ 2062 m, h = 540 m. hsenq . 1− senq 08 82 . 09 sena = 10 a) PQ = 4 3 dm, sen BPQ = . 13 b) 90º e 120 voltas. 3, 4 3 cos a = , tga = . 5 5 4 13 241 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Oficina 13: Funções Trigonométricas Atividade 01 Aproximadamente 6.409 km. 02 p 7p 11p . , e 4 12 12 04 5. 05 a) 06 5. 07 a) V 08 09 10 242 Resposta b) b) V c) F d) F e) F . . 3 1 a) [] −1,3 b) − , − 2 2 f) V . g) V Projeto Entre Jovens Oficina 14: Aplicações da Trigonometria Atividade 01 Resposta d= k ⋅ tgb ou aproximadamente 61 m. ou aproximadamente 42 m. 02 03 h = 1,6 + d ⋅ tga ou aproximadamente 4,85 m. 04 h= 05 AP = 06 PQ = 07 k ⋅ tga ± k 2 ⋅ tg2a + 4tgb ⋅ tga ou aproximadamente 47 m. 2 AB ⋅ senb ou aproximadamente 1 km. seng ou aproximadamente 906 m. AP 2 + AQ2 − 2 ⋅ AP ⋅ AQ ⋅ cos ( a − g) d ⋅ tga ⋅ tgb 2 2 tg a + tg b − 2 ⋅ tga ⋅ tgb ⋅ cos q . 08 Aproximadamente: 6676 m ou 2696 m. 09 a) arc sen sen110º 10 arc sen 0,575 3 . 8 9 b) Aproximadamente 761 metros. ( ) 243 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Oficina 15: Área de Figuras Planas. Atividade 244 Resposta 01 5 cm². 02 110 m a partir de A. 03 20 m. 04 40 m². 05 3.400 m². 06 0,25 cm². 07 9 m². 08 143 m². 09 121 cm². 10 4 cm. 11 R = 25 cm², S = 20 cm², T = 10 cm² e U = 5 cm². 12 a2 . 8 3+4 13 4r e 2r 14 2 m². 15 r 2 3 3 2p − . 4 2 3 3 +1 . () Projeto Entre Jovens Oficina 16: Sólidos Geométricos. Atividade Resposta 01 5,6 × 4,7 × 2,0 cm³ 02 a) 20 03 20. 04 E 05 C 06 4 07 a) 2 08 a) 96.000 litros 09 1350 ml. 10 3 m. 11 81p cm³. 12 128p 2 ≅ 189 cm³. 3 b) 500 ⋅ 125 − 32 3 p cm 3 b) 3 b) 2780 245 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Oficina 17: Noções de Geometria Analítica. Atividade 01 x −2 +( y + 3) = 25 . () 02 Uma. 03 x+y= 5. 04 2x + y = −1. 05 São paralelas. 07 2 2 2 2 5 5 25 . x + 2 + y − 2 = 2 08 46,6 m. 09 1. 10 246 Resposta y =− x + 2 . Projeto Entre Jovens Oficina 18: Contagem. Atividade Resposta 01 m× n. 02 9. 03 384. 04 648. 05 30. 06 a) 24 07 328. 08 n! 09 72. 10 8640. 11 35. 12 b) 18 c) 6 d) 4 n! . ! p!( n − p) 13 a) 60 14 60. 15 120. 16 220 e 280. 17 24. 18 5!) ( . 19 15. 20 263 ⋅ 104 . 21 a) 8! b) 12 ⋅ 6! c) 2 ⋅ 4!⋅ 4! d) 6! e) 3!⋅ 6! f) 6! 22 a) 8!− 2 ⋅ 7! 23 a) 81º 24 72. 25 52 ⋅ 104 . b) 105 2 b) 2 ⋅ 7!− 4 ⋅ 6! b) 46.721 247 Guia do Tutor Matemática – Volume 2 Oficina 19: Probabilidade. Atividade 01 Mesma chance de conseguir 1 ou 6 pontos. 02 Maior chance de conseguir 5 pontos. 03 Deve aproveitar o segundo lançamento. 04 1 1 e 1. 2, 3 6 05 25 . 36 06 1, 1 e 1. 3 2 6 07 6,63% 08 7,48% 09 48,22% 10 11 12 13 14 248 Resposta 2 . 11 1 . 15 1. 3 1. 9 5 . 18 15 Pedro e João têm a mesma chance de vitória. 16 Um deve ficar com R$ 17,50 e o outro com R$ 2,50. 17 1 . 10 18 a) 21 b) 5 c) 0. 21 Projeto Entre Jovens Oficina 20: Tratamento da Informação. Atividade Resposta 01 62. 02 7,6. 03 10 cm. 04 6,45 e 3. 05 81. 06 1,8. 07 3. 08 39,8. 09 5. 10 288. 11 a) 52.500 12 4,4. 13 182. 14 a) 3 milhões/ano 15 a) 20 b) 72º b) 1 10 b) 8 249