“A área Itaqui-Bacanga é endêmica. Nela, há muitos lixões. Por isso, temos muitos casos notificados” Esther Moura, diretora-geral da Unidade Mista Itaqui-Bacanga [email protected] São Luís, Quarta-feira, 18 de maio de 2016 Doenças causadas pelo Aedes aegypti fazem aumentar procura por hospitais Pessoas com sintomas das três doenças transmitidas pelo mosquito - dengue, febre chikungunya e zika vírus estão lotando unidades de saúde; na Unidade Mista Itaqui-Bacanga, movimento de pacientes é constante Biaman Prado N as unidades de saúde de São Luís, é grande a procura por atendimento a pessoas com sintomas das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Área endêmica, a Itaqui-Bacanga está entre as que têm maior número de notificações na capital. Segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (SES), em todo o Maranhão foram notificados mais de 25 mil casos de dengue, febre chikungunya e zika vírus este ano. Ontem, na Unidade Mista do Itaqui-Bacanga, localizada na Avenida dos Portugueses, pacientes com sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes buscavam atendimento médico. Situação cada vez mais comum, segundo a direção da unidade. “No início deste ano, há mais gente buscando atendimento que nos últimos meses do ano passado. Hoje, está até vazia a unidade. Tem dias bem mais cheios”, afirmou Esther Moura, diretora geral. Com sintomas como febre e dores no corpo e nas articulações, José de Ribamar Matias foi até a Unidade Mista do Itaqui-Bacanga, na manhã de ontem, em busca de atendimento médico. “Vim logo porque pode ser só uma virose, mas é melhor saber antes de piorar”, comentou o vigilante. Aos 25 anos, ele faz parte do grupo que tem lotado os hospitais da cidade. “A maioria dos nossos pacientes é idoso e adulto jovem”, informou Esther Moura. Na Unidade Mista Itaqui-Bacanga, procura por atendimento é grande Plantão Na unidade, são feitos cerca de 300 atendimentos por plantão – das 7h às 19h e das 19h às 7h -, totalizando 600 atendimentos a cada 24 horas e, desse total, pelo menos a metade é notificada como suspeita de dengue, febre chikungunya e zika vírus. “Quando esse paciente chega aqui, nós fazemos o primeiro atendimento para aliviar os sintomas, e se a situação clínica dele indicar para uma das três doenças coletamos material que é enviado a laboratório para a confirmação”, explicou Esther Moura. Segundo a diretora da unidade, 40% das notificações são confirma- das após exames laboratoriais. Por causa no aumento da demanda, a unidade teve de aumentar o número de profissionais para atender a população. Agora em cada plantão há dois médicos à disposição. Além do atendimento de emergência, a unidade tem alas de internação para os casos que necessitem de atendimento mais específico, conforme informou a direção da Unidade Mista do Itaqui-Bacanga. “Além daqui, as unidades mistas São Bernardo, Bequimão e Coroadinho tiveram que aumentar o total de profissionais por causa do crescimento da demanda de pacientes”, afirmou Esther Moura. Notificações A SES informou que, de 3 de janeiro até 14 de maio de 2016, foram notificados mais de 25 mil casos das doenças transmitidas pelo Aedes, no Maranhão. A maioria dos casos notificados e confirmados é de dengue. A febre chikungunya aparece em seguida em total de casos notificados. Apesar de ter o menor número de casos notificados, o zika vírus preocupa por causa da microcefalia. De acordo com boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o Maranhão ocupa o 3º lugar no ranking de estados com mais casos confirmados de microcefalia no país. Para eliminar os focos do Aedes aegypti, a Prefeitura de São Luís tem feito mobilizações nos bairros a capital. Desde o início da campanha de combate ao Aedes, já foram realizadas 13 ações do tipo. A última aconteceu sábado, dia 7, nos bairros da Vila Embratel e Residencial Piancó, na área ItaquiBacanga. Durante a mobilização, foram visitados nove mil imóveis nesses dois bairros, distribuídos entre residências e estabelecimentos comerciais. Cerca de 350 agentes comunitários e de endemias fizeram vistorias para identificar e tratar possíveis focos do Aedes na região. O objetivo da ação é reduzir os índices de infestação do mosquito Aedes aegypti na capital maranhense. Toda semana a Prefeitura realiza uma nova etapa da campanha, prioritariamente nas regiões onde há maior incidência de casos de dengue, chikungunya e vírus Zika. Os bairros São Francisco, Ilhinha, São Raimundo, Pontal da Ilha, Vinhais, São Cristóvão, Ipem São Cristóvão, Cohapan, Cohab, Cohatrac e Cidade Operária estão entre os bairros que já receberam a ação de combate ao mosquito. VÍDEO NA VERSÃO DIGITAL oestadoma.com NÚMEROS 19.213 casos de dengue foram notificados este ano, no Maranhão 17.272 casos de dengue foram confirmados este ano, no Maranhão 1.941 casos de dengue estão em investigação este ano, no Maranhão 4.031 casos de febre chikungunya foram notificados este ano, no Maranhão 2.438 casos de zika vírus foram notificados este ano, no estado Biné Morais Proliferação de lixões em bairros é risco para a população em SL Espaços geralmente destinados à construção de aparelhos sociais, como praças, creches e quadras, são usados como pontos de descarte de lixo há anos pelas comunidades vizinhas Em tempos em que o mosquito Aedes aegypti se tornou o inimigo público número um da população brasileira, moradores do Conjunto Manoel Beckman, em São Luís, reclamam da presença de um lixão na porta de suas casas. O local virou até tema de um projeto de pesquisa de uma das moradoras da área. Na Forquilha e no Olho d’Água, lixões também são alvo de reclamações. O terreno é dividido em área institucional de 3.450,75 metros quadrados e área verde de 4.590,30 metros quadrados, pertencente ao Residencial Esperança, no Bequimão, entre o Conjunto Manoel Beckman, Residencial Esperança e Vila Sete de Setembro, ladeado pelas ruas B, 10 e 7, respectivamente. No entorno, há residências, áreas comerciais, estação elevatória de esgoto e um terreno baldio. Tem acesso fácil para as avenidas Daniel de La Touche e Jerônimo de Albuquerque. Por essa razão, há um grande fluxo de veículos na Rua B, por ser uma via de acesso entre essas avenidas, e também faz ligação entre a Avenida São Luís Rei França e a Estrada da Vitória. Apesar da localização privilegiada, o terreno tem uso nada nobre, como depósito de lixo por pessoas das localidades do entorno. Quem mora nas proximidades reclama, principalmente por causa da possibilidade de haver criadouros do mosquito Aedes aegypti no local, onde há grande concentração de recipientes que podem acumular água parada. Além disso, a área serve a usuários de drogas e como esconderijo para criminosos. Revoltada e em busca de uma solução para o problema que aflige toda a comunidade, a graduanda do curso de Arquitetura e Urba- nismo Marina Andréa Maia Silva fez do terreno seu objeto de estudo. No projeto de pesquisa entitulado “Praça das Artes do Bequimão”, ela cita outros exemplos de requalificação de logradouros públicos para a redução do vulnerabilidade social de comunidades carentes. Não há preocupação por parte de quem joga lixo na calçada Ela propôs a construção de uma praça pública para o lazer da comunidade, mas que fosse aplicada de forma funcional, com mais objetivos do que o lazer. O projeto de Marina Andréa Maia Silva prevê a construção das seguintes estruturas no terreno: Academia de Artes, Área de Ex- posição, Painel das Flores, Anfiteatro, Playground, Alameda das Palmeiras, Jardim de Aquarela, Bosque das Esculturas e Espaço Arte Modular. “A distribuição da estrutura da praça e a localização da academia foram cuidadosamente planejadas para que não houvesse espaços sem uso na área da praça e ela não acabasse sendo utilizada para o atual fim, seja de venda de drogas ou como local de descarte de lixo”, afirmou. Descarte irregular De forma semelhante, lixões surgiram em outros bairros. Na Forquilha, um terreno está tomado pelo lixo. Segundo os moradores dos condomínios de apartamentos, o espaço era destinado à construção de aparelhos sociais, como uma praça. Mas como isso nunca se concretizou o local passou a receber lixo. Hoje, há dois contêineres de lixo Lixão fica entre Manoel Beckman, Res. Esperança e Vila Sete de Setembro da Prefeitura no local, que sempre estão transbordando. Além disso, são descartadas grandes quantidades de entulho, galhos e móveis velhos no local. Em meio ao lixo, há também muitos depósitos que podem acumular água da chuva facilmente. Por isso a preocupação com a proliferação do Aedes aegypti. Já no Olho d’Água, parte da calçada da Rua do Pimenta está tomada por lixo. O ponto sempre foi utilizado para o descarte de lixo até que o caminhão de coleta passasse recolhendo os sacos, mas a quantidade de lixo aumentou causando mais transtornos para a comunidade. Não há uma preocupação por parte de quem joga lixo na calçada com o horário em que é feita a coleta. O lixo é descartado a qualquer hora do dia, e os pedestres perdem o espaço destinado a eles para os sacos de lixo. É preciso caminhar pelo asfalto para passar pelo trecho da via. A Prefeitura foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta página. GALERIA NA VERSÃO DIGITAL oestadoma.com