UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ELEMENTOS FINITOS APLICADOS À ESTRUTURAS TRABALHO SIMULAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS Simulação de uma mola de compressão Autores: Robinson Ferrari Barbosa Mat: 2003017156 Sidney Calheira Barbosa Mat: 2004018008 Professor: Estevam Las Casas Belo Horizonte 09 de Junho de 2007. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 03 2. OBJETIVO ...................................................................................................................... 03 3. REVISÃO TEÓRICA ...................................................................................................... 04 3.1 História.......................................................................................................................... 04 3.2 Como a mola funciona ................................................................................................. 05 3.3 Conceito....................................................................................................................... 06 3.4 Constante elástica ....................................................................................................... 07 3.5 Tensão de trabalho e tensão admissível .................................................................... 09 3.6 A tensão atuante nas molas helicoidais ....................................................................... 10 4. O PROJETO DA MOLA ................................................................................................ 13 4.1 PRATO (BASE INFERIOR) ......................................................................................... 16 5. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ..................................................................................... 18 6. PROPRIEDADES DO MATERIAL ................................................................................ 19 7- CÁLCULOS E RESULTADOS ANALÍTICOS ............................................................... 20 8- CÁLCULOS E RESULTADOS NUMÉRICOS .............................................................. 21 9. CONCLUSÕES E ANÁLISES ....................................................................................... 24 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 25 1. INTRODUÇÃO 2 A mola helicoidal é fundamental para que o automóvel torne-se confortável, pois ela absorve o impacto que o carro recebe ao transpor alguma irregularidade da pista. Atualmente existem várias empresas que produzem exclusivamente essa peça, destacam-se Mubea e Thyssenkrupp dentre outras. Existem diversos tipos de molas helicoidais: cilíndrica, side load, barril (mola telescópica) e cônica. A principal característica dessas molas é o Rate (constante da mola K). Esta constante pode ser considerada como o “DNA” da mola, porque para cada mola existe um Rate específico. O cálculo das tensões em uma mola torna-se um problema complexo, porque as dimensões desta variam conforme ela é comprimida. Neste trabalho será realizada uma analise de elementos finitos para calcular as tensões na mola a partir do uso de alguns softwares: Solid Edge, Femap, NX Nastran. 2. OBJETIVO Calcular as tensões da mola com um carregamento de 3400N utilizando o método de elementos finitos através dos softwares: para o cálculo o programa NX Nastran; para o modelamento das malhas o programa Femap; para projetar a mola o programa Solid Edge. 3 3. REVISÃO TEÓRICA 3.1 História Os primeiros registros históricos sobre a existência de molas helicoidais, datam do século XVII e foram feitos por Robert Hooke em 1673, quando do estabelecimento da famosa Lei de Hooke ( a deformação é proporcional à tensão ). No entanto, o próprio Hooke menciona existência de molas helicoidais desde a idade do Bronze, o que nos leva a afirmar que este tipo de aparato mecânico é quase como a roda : ninguém sabe o nome do inventor ou quando surgiu, mas foi de vital importância no desenvolvimento tecnológico da humanidade. Até chegar aos dias de hoje onde a mola helicoidal é empregada em suspensões, como pode ser observado na figura abaixo: Fig. 3.1.1 – Mola helicoidal, usada como suspensão de automóveis 4 3.2 Como a mola funciona Para entendermos como funciona uma mola devemos entender inicialmente a Lei de Hooke e os conceitos de elasticidade e plasticidade. limite de ruptura limite de escoamento te ns ão limite elástico deformação Fig. 3.2.1 - Diagrama de Hooke: Tensão x deformação O diagrama acima ilustra genericamente a aplicação de esforços num corpo de prova em aço. Até o ponto denominado “limite de proporcionalidade” ou “limite elástico”, as deformações são proporcionais às tensões aplicadas e se cessarmos a aplicação do esforço, o corpo de prova retorna ao seu estado inicial. Após o limite elástico, a deformação aumenta de modo não proporcional e cessando a aplicação do esforço o corpo já não retorna ao seu estado inicial. Após o limite de escoamento, o material entra no “regime plástico”, isto significa que pode ser deformado de forma definitiva. Molas são elementos essencialmente elásticos, ou seja, trabalham absorvendo energia e a devolvendo quando cessa a aplicação da força. 5 3.3 Conceito Existem 2 tipos de solicitações mecânicas básicas : tração e compressão. A compressão é um estado de tensões puro e numa linguagem simples, isto significa que o material ou está comprimido ou não está! Já o estado de tração pode ter origem em diversos tipos de esforços: • tração pura • flexão • torção • flambagem As molas helicoidais trabalham basicamente sujeitas à torção e com alguns esforços adicionais de flexão, como será visto mais adiante. Portanto podemos afirmar que uma mola helicoidal é uma barra de torção enrolada sobre um eixo imaginário e as figuras abaixo nos ajudam a entender e aceitar esta afirmação. Fig. 3.3.1 – Esquema de mola funcionando como barra de torção 6 Fig. 3.3.2 – Esquema de mola funcionando com barra de flexão 3.4 Constante elástica A constante elástica é realmente o CPF ou RG da mola, é ela que determina a relação entre a carga aplicada e a deformação. A propósito, não custa nada aprendermos que “rate” é uma palavra inglesa cujo significado é relação. 300 k 200 300 Observando-se as figuras abaixo, teremos uma visão didática do significado do “rate”. Fig. 3.4.1 – Constante k da mola (“rate). 7 300 300 200 L (mm) Fig. 3.4.2 – Gráfico Tensão x Deformação – Determinação da constante K. Cálculo da constante de deformação linear. R= (1) F ΔL ΔL = L1 − L2 = 100 ( 2) 300kgf N = 29,41 mm 100mm (3) O “rate” é a característica mais importante da mola porque é ele que irá influir decisivamente nas condições de conforto e estabilidade do veículo onde será montada a mesma. Ao contrário da carga que pode ser deslocada e retrabalhada, o rate é praticamente imutável e é definido à partir do instante em que a mola é calculada. A constante elástica da mola é definida pela seguinte equação: R= G.d 4 8.N i .Dm 3 (4) 8 onde: d = Diametro da barra Dm = Diametro médio do corpo R = Rate (constante da mola) N i = Número de Espiras Ativas G = Modulo de Elasticida de Transversa l 3.5 Tensão de trabalho e tensão admissível O segundo fator mais importante no desempenho da mola é a tensão de trabalho, é ela que irá determinar a durabilidade e confiabilidade da peça durante o uso. Para entendermos com clareza o que é a tensão, abordaremos inicialmente o fato de que cada material possui seus limites específicos de resistência e que no caso dos aços estes limites também variam de acordo com o tratamento térmico aplicado. Entenda-se por resistência, a capacidade de suportar esforços sem se deformar ou mesmo romper e vale examinarmos novamente o diagrama de Hooke. limite de ruptura tensão limite de escoamento limite elástico deformação Fig. 3.5.1 - Diagrama de Hooke 9 Vale também visualizarmos um peso de 100 kgf sendo suportado por uma haste de aço de diâmetro 3mm , conforme figura abaixo. A haste está claramente sendo submetida à uma tensão Ø3 de tração a qual é designada pela letra grega б ( sigma ). O valor da tensão corresponde à carga aplicada dividida pela área resistente. Fig. 3.5.2 – Haste em deformação por um peso de 100 kgf 3.6 A tensão atuante nas molas helicoidais Conforme já visto anteriormente, os diversos tipos de tensões combinadas,:flexão, torção, cizalhamento e flambagem, conduzem sempre a um dos 2 estados básicos de tensão : tração ou compressão. As molas helicoidais, que de agora em diante denominaremos apenas molas, trabalham sob esforços preponderantes de torção, acrescidos de componentes de flexão, os quais podem ser maiores ou menores dependendo da geometria da peça. A figura abaixo, mostra de modo simplificado o que são esforços combinados. Neste caso dizemos que o material está submetido à flexo-torção. 10 Fig 3.6.1 – Esquema de mola sobre flexo-torção. Fig. 3.6.2 – Figura esquemática de uma mola sob flexo-torção. F ζ máx. Dm/2 d Fig. 3.6.2 – Estado de tensão esquemático de uma mola sob flexo-torção. 11 Toda força multiplicada por uma distância, resulta num “momento“ ou torque, analisandose a espira isoladamente teremos encontrando a equação 2. τ= 8.D m .P1 π .d 3 (5) onde: τ = Tensão de cisalhamento P1 = C arg a de controle Dm = Diametro médio do corpo d = Diametro da barra 12 4. O PROJETO DA MOLA O procedimento para projetar a mola utilizando o programa Solid Edge, será exemplificado nos itens a seguir: • Utilizando uma planilha de cálculo, obteve-se os pontos (x;y;z) da mola, a partir dos dados abaixo: h0 = 340mm d = 8,5mm Dm = 130mm Di = 68mm α = 625° Com essa planilha foi construída a linha média (figuras 4.1 e 4.2): Fig. 4.1 – Importando os dados para construção da linha média. 13 Fig. 4.2 – Linha média da mola em estudo. Após a construção da linha média foi definido o diâmetro da barra como mostra a figura abaixo. Fig. 4.3 – Construção do diâmetro da barra. Em seguida foi projetada a mola como mostra as figuras abaixo: 14 Fig. 4.4 – Desenho da mola a ser analisada. Fig. 4.5 – Vista de planta da mola em estudo. 15 4.1 PRATO (BASE INFERIOR) O prato é projetado para restringir os graus de liberdade da mola, e assim possibilitando que a mola tenha apenas um movimento o vertical. Dimensões do prato: Fig. 4.1.1 – Vista de planta do prato de restrição da mola. Fig. 4.1.2. – Vista frontal do prato de restrição. E assim, a partir dos dados acima foi projetado o prato de acordo com a figura que se segue: 16 5. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA O problema consiste em fazer a simulação da montagem da mola entre os platôs da suspensão do veículo e comprimí-la, conforme é feito em teste padrão. Para isso, comprime-se a mola, de sua altura inicial livre (~350 mm) através de uma carga de 3400N. Para analisar o problema através de simulação numérica modelou-se a mola com 17600 elementos finitos hexagonais, a partir da geratriz da mola (figura 4.4). Modelou-se os pratos superior e inferior, como superfícies que entram em contato com a mola (Fig.4.1.3). Foi imposto deslocamento forçado (direção vertical), nas superfícies de contato que representam o prato superior, fazendo com que a mola seja comprimida de sua altura inicial com a aplicação da carga de referência. Desta forma, obteve-se saída de resultados que serão analisados neste trabalho, para o estágio de compressão imposto a mola. 17 6. PROPRIEDADES DO MATERIAL Material utilizado para construir a mola é o aço SAE 5160. Como mostra a figura abaixo. Fig. 6.1. – Dados sobre o material da mola. Fig. 6.2. – Propriedades mecânicas do material da mola. 18 7. CÁLCULO E RESULTADO ANALÍTICO τ= 8.(121,5 + 8,5).2360 = 1397 MPa π .8,5 3 (6) CARACTERÍSTICA Total de espiras Diametro da barra Altura de controle Carga de controle Altura em Pmax. Altura em Pmin. Diam. Interno lado 1 ang. D1i Diam.Interno lado 2 ang. D2f Diam.Interno corpo assentamento lado 1(#) assentamento lado 2 (#) Passo da base lado 1 Passo da base lado 2 Centro de força inf. Alt. final no contr. do rate Tensão em Pmax SÍMBOLO UNIDADE VALOR it d L1 P1 Lpmax Lpmin. D1i alfa1 D2f alfa2 DI ß1 ß2 Pb1 Pb2 kmp Lf ( ) mm mm N mm mm mm graus mm graus mm graus graus mm mm mm mm 5,75 8,5 130 3400 186 249 68 225 85 225 121,5 225 100 0 0 0 136 Tau1 N/mm2 1397 Tabela dos resultados analítico 19 8- CÁLCULOS E RESULTADOS NÚMERICOS Considerando o tipo de problema a ser analisado, optou-se por utilizar uma análise não-linear com contato, devido a dificuldade de aplicar simplificadamente as condições de contorno no modelo de elementos finitos da mola. Assim, os resultados das análises que propiciam uma avaliação da condição estrutural da mola são: Imagem da malha utilizada para analisar as tensões. Figura 7.1 (mola com a base) 20 Imagem das tensões mínima e máxima principal e máxima cisalhante mostrada na estrutura deformada da mola, para a condição de carregamento imposta. Figura 7.2 (gráfico das tensões) 21 Ponto de máxima tensão Figura 7.3 (detalhe do ponto de tensão máxima) 22 8. CONCLUSÕES E ANÁLISES A partir dos resultados fornecidos pelas análises, concluí-se que: • Os valores de tensão máxima cisalhante obtidos são inferiores ao valor da tensão torcional máxima admissível. Assim, pode-se afirmar que o componente resiste às condições analisadas por este trabalho, pois o método como a tensão máxima cisalhante é calculada é mais complexo que o método como a tensão torcional admissível é calculada [1], • A forma final das tensões encontradas, segundo os resultados das análises, corresponde às tensões na mola prática, conforme cálculos desenvolvidos pela Krupp Hoesch. • As tensões do resultado da compressão da mola estão muito próximas aos valores encontrados na prática (erro máximo em torno de 10%), para o caso analisado. • Conclui-se então que a simulação atende às espectativas quando comparado às análises experimentais e a fundamentação teórica porque a tensão numérica da mola é inferior ao da tensão teórica. 23 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Popov, E.,P., - Introdução à Mecânica dos Sólidos, Ed. Edgard Blücher – SP – 1978 [2] UGS CORPORATION, Help FEMAP. [3] UGS CORPORATION, Help NX NASTRAN [4] UGS CORPORATION, Help SOLID EDGE [5] Shigley, Joseph E., Projeto de Engenharia mecânica, Ed. Bookman, SP, 2005, 7ª ed. 24