Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa

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Regionalizações do
Espaço Brasileiro
IBGE
Roberto Lobato Corrêa
Pedro Pinchas Geiger
Apresentação: Monitora Simone Affonso da Silva
Disciplina: Regionalização do Espaço Brasileiro – 2º Semestre de 2016
Profa. Dra. Rita de Cássia Ariza da Cruz
Departamento de Geografia – USP
Divisão Regional do Brasil –
IBGE (1969)
O IBGE foi criado em 1937 e em 1942 propõe a primeira
Divisão Regional do Brasil a ser adotada pela administração
pública brasileira para fins estatísticos.
Em 1969 o IBGE divulga uma nova regionalização, em
substituição à anterior. Fizeram parte da equipe técnica os
geógrafos: Marília Velloso Galvão, Pedro Pinchas Geiger,
Speridião Faissol, Lysia Bernardes e Elza Keller, além da
contribuição de Michel Rochefort.
Divisão Regional do Brasil segundo o IBGE
A região é um conjunto de lugares
onde as diferenças internas são
menores que as existentes entre
este e outro conjunto de lugares,
pressupondo uma certa
homogeneidade.
Mapa 2 – Divisão Regional do Brasil – IBGE, 1969.
Fonte: Silva (2010).
Por serem definidas
estatisticamente a
partir de critérios
selecionados de acordo
com os propósitos de
cada pesquisador, as
regiões são tidas como
construções
intelectuais, não como
uma entidade concreta.
Divisão Regional do Brasil segundo o IBGE
Fundamentos teórico-metodológicos:
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Principal corrente do pensamento geográfico: Geografia Quantitativa.
Principais conceitos e categorias: centro-periferia; espaços funcionais; regiões
homogêneas; pólos de desenvolvimento; desenvolvimento regional;
planejamento territorial etc.
Principais teorias: Teoria da Localidade Central (Walter Christaller); Teoria
dos Pólos de Desenvolvimento (François Perroux); Teoria do
Desenvolvimento (CEPAL).
Método: Análise.
Propósitos: agrupar dados estatísticos, servir ao planejamento e ao ensino.
Critérios: domínios ecológicos; população; regiões agrícolas; indústria;
transportes; atividades terciárias; centralidade.
Contribuições: Desenvolve o debate acerca da hierarquia urbana,
relacionado-o à problemática regional. Atualmente, diversas pesquisas se
dedicam à relação entre Geografia Regional e Geografia Urbana a partir do
conceito de cidade-região
Regionalização do Brasil segundo
Pedro Pinchas Geiger (1964)
 Nasceu em 1923 no Rio de Janeiro
 Possui graduação em Geografia (1943) e doutorado em
Geografia (1970), ambos pela UFRJ
 Atuou como Geógrafo no IBGE de 1942 a 1984
 Professor visitante: Columbia University (1969), University
of Toronto (1973), Université Paris 1 Pantheon-Sorbonne
(1976), University of Texas (1984-1995), USP (1988), UFRJ
(1994-1995 e 2010-atual)
 Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em
Geografia Urbana e Regional, atuando principalmente nos
seguintes temas: Globalização, Redes, Inserção do Brasil no
Mundo, Mercosul, Urbanização Brasileira.
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Mapa 5 – Complexos Regionais – Pedro Pinchas Geiger, 1964.
Fonte: Silva (2010).
A região é o resultado da
organização do espaço
promovida pelas atividades
humanas. É uma expressão
geográfica do desenvolvimento
econômico e social, surgindo
apenas em determinada fase
histórica de um território, de
acordo com os graus de
integração que unem os locais
de determinadas áreas. A
região pode se originar tanto da
homogeneidade dos aspectos
naturais em áreas
subdesenvolvidas como da
polarização econômica de
centros urbanos em áreas
desenvolvidas.
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Fundamentos teórico-metodológicos:
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Principal corrente do pensamento geográfico: Geografia Quantitativa.
Principais conceitos e categorias: espaços homogêneos; espaços polarizados;
hierarquia; desenvolvimento e subdesenvolvimento; divisão territorial do
trabalho; especializações produtivas; pólos de desenvolvimento.
Principais teorias: Teoria da Localidade Central (Walter Christaller); Teoria
dos Pólos de Desenvolvimento (François Perroux).
Método: Análise.
Propósitos: compreender a organização do espaço brasileiro; contribuir com
as discussões acerca da temática regional; fins didáticos.
Critérios: polarização; desenvolvimento sócio-econômico; coesão histórica e
econômica.
Contribuições: Não se restringe aos elementos econômicos, considerando
também os fatores históricos. Busca correlacionar vários fenômenos que
atuam na formação das regiões. Ressalta a distinção entre domínios naturais
e regiões. Articula os conceitos de espaços homogêneos e espaços
polarizados em níveis hierárquicos diferentes, segundo o desenvolvimento
econômico.
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Complexo Regional do Centro-Sul
Este Complexo Geoeconômico não corresponde a uma unidade
geográfica ou histórica, mas reúne o grupo de regiões e espaços mais
diretamente subordinados aos pólos nacionais do Rio de Janeiro e São
Paulo. Possui as principais áreas industriais do país e as modernas
empresas agrícolas, sendo formado por grandes espaços econômicos:

Sudeste: reúne as áreas de polarização e industrialização mais
intensas do país. É a partir de suas metrópoles que se realiza a
integração de todo o conjunto nacional.
Subdivisões: Região industrial e urbana; Sudeste Novo; Sudeste Velho
Fluminense-Mineiro; Zona Metalúrgica
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Complexo Regional do Centro-Sul

Sul: é o espaço econômico caracterizado pela “subtropicalidade
natural e cultural”, com diversas regiões originadas de moderna
colonização européia e seus descendentes.
Subdivisões: Planalto Meridional; Campanha; Metrópole de Porto Alegre

Centro-Oeste: é uma espécie de periferia por onde se estendem as
linhas de penetração terrestre para a Amazônia desde o Centro-Sul.
Este vasto espaço econômico ainda é formado dominantemente de
áreas naturais enormes, na maioria de cerrados, onde predomina a
pecuária extensiva destinada a abastecer os mercados do Sudeste.
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Complexo Regional do Nordeste
É marcado pela coesão histórica e econômica, onde se encontram
regiões tradicionais, como a Zona da Mata pernambucana e o
Recôncavo, e regiões mais novas, como a região cacaueira e o Agreste,
que mantém especializações tradicionais. A essas regiões se juntam
espaços menos habitados e menos estruturados. Por não ter passado
por renovações como as verificadas no Centro-Sul, o Nordeste foi
assumindo um caráter de espaço bastante subdesenvolvido. As
grandes cidades, como as polarizações de Recife, Salvador e Fortaleza,
apresentam mais um papel de centros de drenagem do que de irrigação
de suas áreas de influência, e não chegam a modificar substancialmente
as estruturas tradicionais.
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Complexo Regional do Nordeste

Nordeste Oriental: área mais povoada, embora com porções
semiáridas cobertas por caatingas. Possui as grandes capitais
estaduais, os centros comerciais mais importantes e a maior parte da
produção agrícola.
Subdivisões: fachadas de lavouras tropicais de exportação (Zona da Mata);
Agreste e mata seca; Sertão.

Meio Norte: região de transição entre o Sertão e a Amazônia e entre o
Centro-Oeste e a Amazônia, tanto em relação às características físicas
como pela ocupação humana. Ressalta-se o extrativismo de babaçu e a
criação de gado bovino.
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Complexo Regional da Amazônia
Trata-se de um imenso espaço,
[...] na sua maior parte um vazio de população, constituído de grandes
domínios naturais, onde pontos isolados de ocupação humana mantém
ligações tênues, traduzidas principalmente nos fluxos de pequenos volumes
de mercadorias. A extrema macrocefalia é representada pela concentração
de população em Belém e Manaus (GEIGER, 1969, p.15).


Embocadura Amazônica: possui maior densidade populacional,
sobretudo na capital Belém. Economicamente ressalta-se a
exportação de pimenta do reino, a criação de gado bovino e a
exploração de manganês.
Vale Amazônico: apresenta extrativismo vegetal, fazendas mistas
com lavouras de cacau, juta, arroz, mandioca, milho e gado.
Pequenos portos fluviais como Santarém, Óbidos, Parintins e
Itacoatiara são responsáveis pela circulação.
Regionalização do Brasil segundo Pedro Pinchas Geiger
Complexo Regional da Amazônia



Afluentes do Amazonas: a população se distribui de forma dispersa
ao longo dos rios, numa disposição linear. Cada vale é uma unidade
independente, que se liga ao mundo exterior pela navegação fluvial.
A economia é voltada para exploração extrativista, sendo a borracha
e a castanha do pará os produtos mais importantes.
Roraima: presença de uma pobre criação de gado nas áreas de
campo e pequenos garimpos de ouro e diamante.
Anecúmeno Amazônico: “corresponde à massa florestal não
habitada por populações conscientemente integradas na nação
brasileira” (GEIGER, 1964, p.52).
Os três complexos regionais apresentam uma nítida hierarquia entre si:
no comando tem-se o Centro-Sul, ao qual se sujeitam o Nordeste e a
Amazônia, embora o primeiro apresente uma relativa autonomia.
Regionalização do Brasil segundo
Roberto Lobato Corrêa (1989)
 Nasceu em 1939 no Rio de Janeiro
 Possui graduação em Geografia pela UFRJ (1961), mestrado
em Geografia Urbana pela University of Chicago (1974) e
doutorado em Geografia pela UFRJ (1999)
 Atuou como Geógrafo no IBGE de 1959 a 1993
 Professor assistente na UFRJ (1995-atual)
 Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em
Geografia Urbana, atuando principalmente nos seguintes
temas: espaço, cultura, rede urbana, geografia cultural e
redes.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
A região é o resultado da Lei
de Desenvolvimento Desigual
e Combinado, que promove a
divisão do trabalho e a
associação de relações de
produção distintas. Por
conseguinte, surge uma
problemática (embates que se
estabelecem entre as elites
regionais e o capital externo à
região e os conflitos entre as
diferentes classes sociais) e
uma paisagem, que juntas
conferem a especificidade de
cada região. Esta é tida como
uma entidade concreta, pois é
a partir de uma interpretação
da realidade que se dá o
Mapa 4 – Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa – 1989.
processo de regionalização.
Fonte: Silva (2010).
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Fundamentos teórico-metodológicos:
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
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

Principal corrente do pensamento geográfico: Geografia Crítica.
Principais conceitos e categorias: modos de produção; relações de
produção; divisão do trabalho; classes sociais; materialismo histórico;
capitalismo; formação sócio-espacial; organização espacial etc.
Principais teorias: Teoria Marxista (Karl Marx); Lei de Desenvolvimento
Desigual e Combinado (Leon Trotsky).
Método: Análise.
Propósitos: compreender a organização do espaço brasileiro; contribuir
com as discussões acerca da temática regional; fins didáticos.
Critérios: especializações produtivas; circulação, consumo e gestão das
atividades; organizações espaciais; níveis de articulação interna, interregional e internacional.
Contribuições: Ao aplicar as discussões da Geografia Crítica à problemática
regional, o autor ressalta além dos fatores econômicos que influem no
processo de regionalização também a dimensão política, ignorada até
então.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Centro-Sul
É a “core area” do país, o coração econômico e político da nação.
I) Especializações produtivas
A concentração dos principais centros de gestão econômicos e
políticos, como as sedes das grandes corporações privadas, das
empresas estatais e do próprio aparelho do Estado. Destacam-se as
cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, sendo a metrópole
paulista o grande centro de gestão e acumulação do país.
A grande concentração industrial e o intenso processo de
urbanização possibilitaram o início do desenvolvimento de uma ampla
megalópole, compreendendo São Paulo, Santos, Sorocaba, o Vale do
Paraíba, Campinas, Piracicaba e Ribeirão Preto e Rio de Janeiro.
A região Centro-Sul corresponde também à principal área
agropecuária do país, primeiramente pela enorme variedade de sua
produção e em segundo lugar pelo valor e volume da produção. “É a
região que apresenta a mais nítida divisão territorial do trabalho,
originando áreas especializadas ou com forte tendência à
especialização produtiva” (CORRÊA, 2005, p.203).
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Centro-Sul
É a “core area” do país, o coração econômico e político da nação.
II) Circulação, consumo e gestão das atividades
A região possui uma densa rede de circulação, na qual destacam-se
os principais nós do país, como os portos de Santos, Rio de Janeiro,
Vitória, Paranaguá e Rio Grande, os mais importantes aeroportos
brasileiros, a rede rodoferroviária mais densa e a rede de meios de
comunicação mais moderna e utilizada.
É a principal área receptora das correntes migratórias interregionais, que fluem para as grandes metrópoles.
O desenvolvimento capitalista mais acentuado traduz-se na
concentração de renda no Centro-Sul, levando a um alto nível de
consumo e no desenvolvimento das atividades terciárias. Contudo,
existe também uma concentração de renda interna.
Equivale à principal área política do país, apresentando a maior
efervescência política, além de conflitos sociais mais numerosos e
evidentes.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Centro-Sul
É a “core area” do país, o coração econômico e político da nação.
III) Organizações espaciais
Possui a maior concentração de capital constante, como resultado
de uma intensa e complexa ação humana: concentração de estradas,
cidades, hidrelétricas e outras formas espaciais ocupam densamente o
território. Tratam-se das formas mais modernas que conferem elevado
valor ao espaço. Como estas formas definem a organização espacial, é
no Centro-Sul que temos sua maior complexidade e densidade.
IV) Níveis de articulação interna, inter-regional e internacional
A densidade da rede de circulação e comunicação revela o forte
grau de integração intra-regional, além de ser a partir da região Centrosul que ocorre a articulação nacional.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Nordeste
É caracterizada como a região das perdas: econômica,
demográfica e também política
I) Especializações produtivas
Declínio da agropecuária no contexto nacional, com a menor
importância da cultura canavieira e a queda na participação relativa na
produção do algodão, os dois produtos mais tradicionais e
importantes. O cacau, produzido majoritariamente na Bahia, também
possui peso declinante na economia agropecuária do país pela
limitação de sua produção. Os outros produtos que conferem ao
Nordeste uma especialização produtiva são de pequena expressão
nacional, como o agave, a mamona e as frutas produzidas através de
moderna tecnologia.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Nordeste
É caracterizada como a região das perdas: econômica,
demográfica e também política
II) Circulação, consumo e gestão das atividades
As perdas demográficas são notórias. O nordeste tem se
caracterizado como uma das maiores áreas de expulsão do país, sendo
o destino da maioria dos migrantes e a região Centro-Sul,
especialmente as metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro. Após a
década de 1970, a Amazônia também voltou a ser uma região de
atração de nordestinos, sobretudo o leste do Pará e a pré-Amazônia
maranhense. A mobilidade demográfica também ocorre no âmbito
intra-regional, com fluxos migratórios para as capitais estaduais,
principalmente as metrópoles de Salvador, Recife e Fortaleza.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Nordeste
É caracterizada como a região das perdas: econômica,
demográfica e também política
A região apresenta os mais baixos níveis de renda, de escolaridade
e qualidade de vida, além de elevado índice de mortalidade infantil. É
uma região pobre, entretanto, destaca-se um poderoso grupo de
elevada renda, espacializada nas orlas litorâneas das grandes cidades,
onde há concentração da riqueza regional geradas através do capital
mercantil e fundiário.
No plano político, a região possui um poder demasiadamente
maior que a sua importância econômica.
As perdas também se traduzem pelo fato das atividades
econômicas mais dinâmicas serem controladas de fora da região,
estando igualmente voltadas para fora. A ação da Sudene e a
implantação de grandes projetos esvaziaram o Nordeste do controle de
suas atividades mais modernas, destacando-se os grandes
empreendimentos que passaram a utilizar os recursos naturais e
utilizar o baixo custo da força de trabalho.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Nordeste
É caracterizada como a região das perdas: econômica,
demográfica e também política
III) Organizações espaciais
A região apresenta menor variedade e densidade das formas
espaciais, já que possui um menor acúmulo de obras do homem sobre
o território, sejam elas cidades, vias de comunicação, hidrelétricas,
campos agrícolas modernos, dentre outros. Logo, o território é menos
valorizado.
IV) Níveis de articulação interna, inter-regional e internacional
O grau de articulação interna é pequeno devido ao controle das
atividades econômicas ser feito por agentes externos à região, além do
fato delas serem voltadas para satisfação de necessidades externas.
O nordeste possui pequena divisão intra-regional do trabalho, e
juntamente com a forte integração-dependente ao Centro-Sul, temos o
direcionamento das principais vias de comunicação para a “core area”
do país.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Amazônia
É uma fronteira do capital; uma região submetida ao capital
financeiro e industrial, nacional e internacional
I) Especializações produtivas
As grandes empresas nacionais e internacionais se apropriam dos
recursos naturais, como os minerais (ferro, bauxita, manganês, etc.), a
madeira e a própria terra, vista como reserva de valor para exploração
futura, como a implantação pastoril.
II) Circulação, consumo e gestão das atividades
As correntes migratórias para a região correspondem ao fluxo de
migrantes constituídos pelos excedentes da chamada modernização
dolorosa do Centro-Sul. Os principais destinos tem sido Rondônia e
Mato Grosso, e em menor escala o Acre e Roraima. Outro fluxo
importante é o de nordestinos, por sua vez excedentes do atraso e da
pobreza do mundo rural, que se dirigem ao Maranhão e Pará.
Há diferentes tipos de conflitos sociais, envolvendo: a grande
empresa capitalista, o latifundiário capitalista, a população indígena, os
pequenos produtores, os seringueiros e os garimpeiros.
Regionalização do Brasil segundo Roberto Lobato Corrêa
Região Amazônia
É uma fronteira do capital; uma região submetida ao capital
financeiro e industrial, nacional e internacional
III) Organizações espaciais
Há investimentos pontuais de capital, como a construção de
hidrelétricas, aeroportos, portos, núcleos de mineração e de
transformação industrial. Estes investimentos viabilizam a integração
regional ao sistema capitalista por meio do consumo de produtos
industrializados e da criação de condições para a produção capitalista.
IV) Níveis de articulação interna, inter-regional e internacional
A integração ao mercado do Centro-Sul envolve tanto matériasprimas como produtos industrializados. A construção de vias de
comunicação ligando a Amazônia ao Centro-Sul é a expressão dessa
integração, como a rodovia Belém-Brasília e as rodovias ligando
Santarém, Porto Velho e Manaus à “core area” do país.
Assim, o Centro-Sul penetra na Amazônia e desestrutura, em
grande parte, a circulação que assumia o padrão dentrítico,
convergente para Belém, a tradicional metrópole regional.
Considerações Finais
Pedro Pinchas Geiger versus Roberto Lobato Correia
No tocante ao recorte regional, as propostas de regionalização são
demasiadamente semelhantes, uma vez que ambas dividem o Brasil
em três macrorregiões, inclusive nomeadas da mesma forma:
Amazônia, Nordeste e Centro-Sul.
Mapa 5 – Complexos Regionais –
Pedro Pinchas Geiger, 1964.
Fonte: Silva (2010).
Mapa 4 – Regionalização do Brasil
segundo Roberto Lobato Corrêa – 1989.
Fonte: Silva (2010).
Pedro Pinchas Geiger versus Roberto Lobato Correia
A regionalização de Geiger marca uma passagem entre a Geografia
Quantitativa e a Geografia Crítica. Ela apresenta conceitos e teorias que
também foram utilizadas no âmbito dos fundamentos teórico-metodológicos
da Divisão Regional do Brasil do IBGE de 1969, notadamente as influências da
Geografia Urbana em temas como a polarização e a própria hierarquia urbana.
Por outro lado, ela também aborda temas ligados à Geografia Critica por
considerar os fatores históricos como elementos importantes na formação das
regiões e não listar somente fenômenos passíveis de quantificação, além de
levantar uma discussão sobre a divisão territorial do trabalho e a consequente
especialização produtiva que pode levar às diferenciações espaciais.
Por outro lado, na regionalização de Corrêa, devido à grande influência da
Geografia Crítica, os fatores históricos e a divisão territorial do trabalho são
centrais, havendo significativo destaque à dimensão social, que de certa forma
supera a visão meramente econômica das diferenciações espaciais.
Referências
CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Editora Ática, 2003. 7ª ed.
____________. A organização Regional do Espaço Brasileiro. In: CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias
Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 3ª ed. p. 197-210.
GEIGER, Pedro Pinchas. Organização Regional do Brasil. In: Revista Geográfica, Rio de Janeiro, Tomo
XXXIII, nº61, p.25-53, Jul./Dez. de 1964.
______. Esbôço Preliminar da Divisão do Brasil nas chamadas “Regiões Homogêneas”. In: Revista
Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.29, nº2, p.59-64, Abr./Jun. de 1967a.
______. Regionalização. In: Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v.31, nº1, p.5-25, Jan./Mar.
1969.
IBGE. Panorama Regional do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1967b.
______. Subsídios à Regionalização. Rio de Janeiro: IBGE, 1968.
______.
Divisão Territorial
Brasileira.
2002.
Documento
eletrônico
disponível
em:
<ww1.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/metodologia/anexos/desenho/Anexo_C_6
_3_1_1_DTB.doc>. Acessado em janeiro de 2009.
______. Regiões de Influência das Cidades. Rio de Janeiro: IBGE, 2008d.
SILVA, Simone Affonso da. Regionalização do Brasil: uma análise comparativa entre as propostas do
IBGE, Roberto Lobato Corrêa e Milton Santos e Maria Laura Silveira. Trabalho de Graduação
apresentado para o Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Bacharel em Geografia. São Paulo: FFLCHUSP, 2010.
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