Regionalização do espaço brasileiro: leituras contemporâneas

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Regionalização do espaço brasileiro: leituras
contemporâneas
Profa. Dra. Rita de Cássia Ariza da Cruz
FLG – 0386 – Regionalização do Espaço Brasileiro
Pressupostos iniciais
• O conhecimento é um produto histórico =
desenvolvimento teórico sobre um objeto
+ conhecimento do objeto
• Autor, obra e época são mutuamente
explicativos. Daí a necessidade de não
dissociar “produtor, produzido e contexto
da produção”. (Moraes, 2005)
Roberto Lobato Corrêa e os 3 Brasis
- nascido em 05 de novembro de 1939 na cidade do Rio de
Janeiro, Brasil.
FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA
1 - Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade do
Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro),
Rio de Janeiro, 1961.
2 - Cértificat de Géographie Humaine et Économique Université de Strasbourg, França, 1965.
3 - Master of Arts, Department of Geography - The University
of Chicago, Estados Unidos, 1974.
4 - Doutor em Geografia - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Brasil, 1999.
ATIVIDADES PROFISSIONAIS
1 - NA FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE.)
(a) Estagiário - 1959-1960
(b) Auxiliar Técnico de Geografia - 1961-1964
(c) Geógrafo - 1964 - 1993
2 - NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
(a) Auxiliar de Ensino - 1971-1978
(b) Professor Conferencista - 1978-1994
(c) Professor Assistente - 1995-1999
(d) Professor Adjunto – depois de 2000
Pressupostos da proposta do
prof. Lobato Corrêa
• Processos sociais e econômicos pós década de
1950 geraram uma nova regionalização
caracterizada por 3 grandes regiões:
• Centro-Sul (MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS, MS,
GO e DF)
• Nordeste (PI, CE, RN, PB, PE, SE, AL e BA)
• Amazônia (PA, AP, AM, RR, AC, RO, MT, TO e
MA)
Regionalização do Brasil segundo Roberto
Lobato Corrêa – 1989.
Fonte: SILVA, Simone Affonso, 2010.
Fundamentos
As grandes regiões são uma expressão da
DTT:
“A nova divisão territorial do trabalho desfaz e refaz a
organização espacial e a cada etapa a desigualdade
sócio-espacial é refeita; a regionalização é refeita,
desfazendo antigas regiões que tiveram existência sob
outros processos e condições.” (Corrêa, 2001)
Elementos da diferenciação espacial
• Distintas especializações produtivas
• Distintos modos e intensidade da
circulação, do consumo e da gestão de
atividades
• Distintos arranjos espaciais
• Distintos níveis de articulação interna
Região Centro-Sul
• Concentração dos principais centros de gestão
econômica e política do país (SP, RJ e Brasília)
• Concentração da produção industrial
• Alto grau de urbanização/metropolização
• Densa rede de circulação
• Principal área agropecuária do país
• Grande mobilidade interna
• Concentração de renda
• Força política
• Maior concentração de K constante
Região Nordeste
• Importância declinante da agropecuária no
contexto nacional
• Perda demográfica
• Atividades mais dinâmicas voltadas “para fora”
• Pequeno grau de articulação interna/pequena
divisão inter-regional do trabalho
• Baixo nível de renda da população
• Menor variedade e densidade das formas
espaciais
• Importância política ‘desmesurada’
Amazônia
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Fronteira do capital
Apropriação dos recursos naturais
Dizimação física e cultural da base social prévia
Receptora de correntes migratórias, sobretudo
de nordestinos
• Investimentos pontuais de capital
• Integração ao Centro-Sul
• Diferentes tipos de conflitos sociais
Milton Santos e os 4 Brasis
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•
O Prof. Dr. Milton Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia,
no dia 03 de Maio de 1926. Geógrafo e livre pensador brasileiro, homem
amoroso, afável, fino, discreto e combativo, dizia que a maior coragem, nos
dias atuais, é pensar, coragem que sempre teve. Doutor honoris causa em vários
países, ganhador do prêmio Vautrin Lud, em 1994 ( o prêmio Nobel da
geografia), professor em diversos países (em função do exílio político causado
pela ditadura de 1964), autor de cerca de 40 livros e membro da Comissão
Justiça e Paz de São Paulo, entre outros.
O Prof. Milton Santos formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA
(Universidade Federal da Bahia), foi professor em Ilhéus e Salvador, autor de
livros, que surpreenderam os geógrafos brasileiros e de todo o mundo, pela
originalidade e audácia: "O Povoamento da Bahia" (48), "O Futuro da
Geografia" (53), "Zona do Cacau" (55) entre muitos outros. Em 1958, já
voltava da Universidade de Estrasburgo, da França, com o doutorado em
Geografia, trabalhou no jornal "A Tarde" e na CPE (Comissão de Planejamento
Econômico-BA), precursora da Sudene, foi preso em 1964 e exilado. Passou o
período entre 1964 a 1977 ensinando na França, Estados Unidos, Canadá, Peru,
Venezuela, Tânzania; escrevendo e lutando por suas idéias. Foi o único
brasileiro e receber um "prêmio Nobel", o Vautrin Lud, que é como um Nobel
de Geografia. Outras de suas magistrais obras são: "Por Uma Outra
Globalização" e "Território e Sociedade no Século XXI" (editora Record) .
Milton Santos, este grande brasileiro, morreu em São Paulo-SP, no dia 24 de
Junho de 2001, aos 75 anos, vítima de câncer. Por Claudio Cordovil. Dispnível
em www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Educacao/MiltonSantos.htm)
Pressupostos da proposta do
prof. Milton Santos
As diferenciações no território:
“ A noção de desigualdade territorial persiste nas
condições atuais. Todavia, produzir uma tipologia de
tais diferenciações é, hoje, muito mais difícil do que
nos períodos históricos precedentes. As
desigualdades territoriais do presente têm como
fundamento um número de variáveis bem mais vasto,
cuja combinação produz uma enorme gama de
situações de difícil classificação (Santos, 2001)
Esboço da proposta
Regionalização do Brasil segundo Santos e
Silveira, 1999.
Fonte: SILVA, Simone Affonso, 2010.
Região Concentrada
• O meio técnico-científico-informacional se implantou
sobre um meio mecanizado, portador de um denso
sistema de relações, decorrente, em parte de uma
urbanização importante, ao padrão de consumo das
empresas e das famílias e a uma vida comercial mais
intensa;
• Atividades ligadas à globalização, belts modernos,
aumento da importância dos capitais fixos, dos capitais
constantes e da circulação.
Região Centro-Oeste
• Área de “ocupação periférica” recente;
• O meio técnico-científico-informacional se estabelece
sobre um território praticamente “natural” ou “prétécnico”, onde a vida de relações era rala e precária;
• Região produtora de uma agricultura globalizada, com
alto consumo de fertilizantes e defensivos agrícolas e
utilização de tecnologia de ponta.
Nordeste
• Área de povoamento antigo, onde a constituição de um
meio mecanizado se deu de forma pontual e pouco
densa;
• Agricultura alicerçada sobretudo no trabalho, com baixos
níveis de mecanização;
• Numerosos núcleos
urbanização “raquítica”
urbanos,
mas
com
uma
Amazônia
• Última a ampliar sua mecanização;
• Forte participação do transporte aéreo de cargas em
função de sua geografia;
• Sua ocupação decorre de um conhecimento fundado
em modernos satélites e radares;
• Existências de áreas de agricultura moderna e “cidadescogumelo”;
• Convivência entre sistemas de movimento modernos e
rápidos e sistemas de movimento lentos (estes a serviço
de atividades tradicionais).
Lobato e Santos: leituras em confronto
Referências Bibliográficas
BEZZI, Meri Lourdes. Região: uma revisão historiográfica –
da gênese aos novos paradigmas. 1995. (Tese)
Doutorado em Geografia. UNESP.
CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias geográficas. RJ:
Bertrand Brasil, 2001.
MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia – pequena
história crítica. 15ª ed.São Paulo: Hucitec, 1997.
SANTOS, Milton & SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil no
início do século XXI. RJ: Record, 2001.
SILVA, Simone Afonso da. Regionalizações do espaço
brasileiro. Trabalho de Graduação Individual, 2010.
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