UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DPS1064 Fundamentos de Economia para Engenharia Curso de Graduação em Engenharia de Produção 3 créditos – 2º semestre de 2011 Prof. Dr. Dipl. Wirt.-Ing. Andreas Dittmar Weise 1 Sumário BILBIOGRAFIA .......................................................................................................... 217 Primeira parte - Introdução .......................................................................................... 4 UNIDADE I – A CIÊNCIA ECONÔMICA .................................................................... 4 1.1 Conceitos e objetivos da ciência econômica ............................................................ 4 1.2 O raciocínio econômico: lógica e metodologia ........................................................ 7 1.3 A evolução do pensamento econômico .................................................................. 16 UNIDADE II – O PROBLEMA ECONÔMICO ........................................................... 19 2.1 As necessidades ilimitadas ..................................................................................... 19 2.2 A escassez de recursos............................................................................................ 23 2.3 As opções e os critérios de escolha ........................................................................ 27 2.4 As soluções alternativas e as curvas de possibilidade de produção ....................... 29 UNIDADE III – O SISTEMA ECONÔMICO ............................................................... 34 3.1 Características, agentes e elementos básicos do sistema econômico ..................... 34 3.2 Os fluxos real e monetário ...................................................................................... 37 3.3 Classificação dos bens e serviços ........................................................................... 40 3.4 Os setores da economia .......................................................................................... 41 3.5 Sistemas econômicos alternativos .......................................................................... 42 Segunda Parte - Elementos de Microeconomia ......................................................... 43 UNIDADE I – OFERTA E DEMANDA ....................................................................... 43 1.1 O mercado .............................................................................................................. 43 1.2 Demanda ................................................................................................................... 44 1.3 Oferta ...................................................................................................................... 54 1.4 Equilíbrio de mercado ............................................................................................ 60 1.5 Aplicações da análise da oferta e da procura .......................................................... 73 UNIDADE II – TEORIA DO CONSUMIDOR ............................................................. 76 2.1 Utilidade Marginal .................................................................................................. 77 2.2 A teoria da escolha ................................................................................................. 84 UNIDADE III – TEORIA DA PRODUÇÃO ................................................................ 98 3.1 Tipos de competição ............................................................................................... 99 3.2 Receitas, custos e lucros na concorrência perfeita ............................................... 104 3.3 Função de produção .............................................................................................. 104 3.4 A firma.................................................................................................................. 111 3.5 Teoria dos jogos ................................................................................................... 118 2 Terceira Parte – Elementos em Macroeconomia ..................................................... 125 UNIDADE I – CONTAS NACIONAIS ....................................................................... 125 1.1 Produto, renda e despesa nacional e seus componentes ....................................... 134 1.2 Renda média e estrutura de distribuição de renda ................................................ 141 UNIDADE II – RENDA NACIONAL E EMPREGO ................................................. 145 2.1 Visão clássica ......................................................................................................... 147 2.2 Visão Kenesiana ................................................................................................... 155 2.3 Visão marxista ........................................................................................................ 157 UNIDADE III – MOEDA E INFLAÇÃO .................................................................... 163 3.1 Moeda: conceitos e funções .................................................................................. 163 3.2 Evolução histórica ................................................................................................ 170 3.3 Inflação ................................................................................................................. 182 UNIDADE IV – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .......................................... 193 4.1 Conceitos e indicadores do desenvolvimento ....................................................... 193 3 Primeira parte - Introdução UNIDADE I – A CIÊNCIA ECONÔMICA 1.1 Conceitos e objetivos da ciência econômica O que trata a economia? Aumento de preços Períodos de crise econômica ou de crescimento Desemprego Setores que crescem mais do que outros Diferenças salariais Crises no balanço de pagamentos Vulnerabilidade externa Valorização ou desvalorização da taxa de câmbio Dívida externa Ociosidade em alguns setores de atividade Diferenças de renda entre as várias regiões do país Comportamento das taxas de juros Déficit governamental Elevação de impostos e tarifas públicas É como: Ciência: explica os fenômenos através da observação empírica Teoria: Procura ordenar os fenômenos (Micro e Macroeconomia) Política: Quais as estratégias a serem aplicadas para atingir determinadas metas: Monetária; Desenvolvimento; e Setor Público. Objetivo do Estudo Econômico Analisar os problemas econômicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. Economia deriva do grego: Aristóteles (384-322 a.C) 4 Oikonomía Óikos – casa Nomos – Lei Significa a administração de uma casa, ou do Estado; Xenofontes (455 a 345 a.C.) foi o primeiro a usar o termo Economia neste sentido. Definições É a ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos; Estuda a atividade produtiva. No que se refere aos problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos limitados. “é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.” Pinho e Vasconcellos (2006, p. 2) A economia contemporânea Sociedade industrial; Características produtivas: Padronização; Especialização; Sincronização; Concentração; Maximização; Centralização. Características Socioeconômicas: Dividida em Classes; Estabilidade; Políticas de desenvolvimento padronizadas; Culturas locais; Valores culturais definidos e inflexíveis Características políticas: Guerra-Fria – Conflito Leste-Oeste (URSS e EUA) A nova economia Informacional: Conhecimento e rapidez. Informação tornou-se produto. Trabalho global: Em escala global (rede de conexões) Hiper-valorização do trabalho Expansão do mercado: A expansão do capital se dá 24 horas. As financeiras utilizam-se da informação como negócio 5 A sociedade global-como foi possível? Pela penetrabilidade: Ao contrário da sociedade industrial as novas tecnologias integram-se rapidamente ao cotidiano do homem do século XXI. Isso proporciona uma realimentação técnica. Consumo em massa: difusão da microeletrônica. Informação em tempo real: Transmissões ao vivo Lógicas de redes: Franquias expandem a mesma marca Flexibilidade: Produção personalizada Integração sistêmica a nível global: propagação do Inglês O que está Globalizado? Informação?: O acesso a informação é igualitário e com equidade. Tecnologia?: Os centros de P & D estão concentrados em áreas e instituições específicas. Trabalho?: cidadãos de países pobres estão fora do “circo global” – Muro da vergonha Cultura?: É ainda possível pensarmos em uma economia regional. Capital?: É o único fator de produção que está livre das amarras geográficas. E por isso procura remuneração em pontos estratégicos de competitividade e lucratividade. A economia da inclusão ou da exclusão? A economia global é planetária? Ou sua operação só diz respeito a segmentos, estruturas econômicas, países e regiões? A economia global caracteriza-se: interdependência; diversificação; inclusão seletiva; segmentação excludente; desintegração da geografia econômica e da história regional. Reflexões sociais e econômicas Desigualdade Regional: A divisão de regiões/países se dá pelo acesso que se tem as novas tecnologias – Perdedoras e Ganhadoras6 A estrutura geo-político-econômica se dá sob três regiões: Europa; América do Norte e Pacífico asiático. Desigualdade Social: A difusão é seletiva tanto social como funcionalmente. O paradigma tecnológico: As transformações tecnológicas nem sempre trouxeram benefícios sociais a todos. Reflexões éticas: A clonagem genética- “a engenharia genética tira os direitos autorais da vida das mãos da Natureza – Deus” Questões econômicas Por que há pobres e ricos? Qual a ligação do dólar com o preço do pão? Por que o Brasil vendia gasolina mais barata para o exterior do que para o mercado nacional? Por que os impostos dos cigarros, automóveis, eletrodomésticos são mais caros? Por que exportar é um dos objetivos principais dos governos? A propaganda Cria necessidades ou apenas informa? Por que o aumento do preço do açúcar faz cair o consumo de café? Os Juros altos reduzem o consumo ou aumentam a poupança? Por que os governos incentivam a poupança? Aumento de salários causa inflação? Por que o superávit na economia japonesa causou protestos dos países ricos? Por que o Brasil tem que ter dólares? É melhor exportar ou consumir internamente? Privatizar é a melhor opção para baixar os preços? O que significa o”Risco Brasil”? Por que o dólar é a moeda mais valorizada do mundo? Por que estudar assuntos de economia? 1.2 O raciocínio econômico: lógica e metodologia 7 O método científico: observação, teoria, observação Dificuldade de testar as teorias nas ciências sociais; A necessidade de se usar a história para observar um fenômeno, fatos associados a ele e sua evolução; Algum detalhe não contemplado na teoria pode alterar os resultados do presente. Métodos de Investigação científica: Dedutivo Parte da elaboração de pressupostos gerais a respeito de um determinado objeto de estudo para atingir o conhecimento do fato isolado, do detalhe. Parte do geral para o particular. Indutivo Parte de observação direta do detalhe para, através de seu conhecimento, estabelecer os princípios gerais que regem a matéria em estudo. Parte do particular para o geral. Economia Descritiva trata da identificação do fato econômico; é a partir dos levantamentos descritivos sobre a conduta dos agentes econômicos que se inicia o complexo de conhecimento sistematizado da realidade no campo da economia positiva; é a tarefa de levantamento e descrição dos fatos que se dedica a economia descritiva; a realidade começa a ser submetida a um criterioso tratamento no sentido de que possam se analisados as relações básicas que se estabelecem entre os diversos agentes que compõem o quadro da atividade econômica. 8 Teoria Econômica (TE) é o compartimento central da economia, compete-lhe dar ordenamento lógico aos levantamentos sistematizados fornecidos pela economia descritiva, produzindo generalizações que sejam capazes de ligar aos fatos entre si, desvendar cadeias de ações manifestadas e estabelecer relações que identifiquem os graus de dependência de um fenômeno em relação a outro; surgiram então em decorrência conjunto de princípios, de teorias, de modelos e de leis fundamentadas nas descrições apresentadas; a teoria econômica adota duas posições distintas na apresentação e análise do fenômeno econômico, estas posições são conhecidas como microeconomia e macroeconomia. Microeconomia: é aquela parte da teoria econômica que estuda o processo de formação de preços e o funcionamento dos mercados, ou seja, comportamento das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-relações; Macroeconomia: estuda o funcionamento do sistema econômico em seu conjunto. Seu propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo, permita conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômica de um determinado país ou de um conjunto de países; Política Econômica (PE) Os desenvolvimentos elaborados no compartimento da teoria econômica têm a finalidade de servir a Política Econômica (PE) nesse terceiro compartimento é que serão utilizados os princípios, as teorias, os modelos e as leis a utilização terá a finalidade de conduzir adequadamente a ação econômica com vistas a objetivos pré-determinados quando empregamos a expressão política econômica governamental estamos nos referindo às ações praticas desenvolvida pelo governo com a 9 finalidade de condicionar, balizar e conduzir o sistema econômico no sentido de que sejam alcançados um ou mais objetivos politicamente estabelecidos Teoria Econômica (TE) para completar existem ainda a Lei da Economia, que é a relação entre um fenômeno e sua causa, Economia política é uma ciência e conseqüentemente possui princípios, normas e leis. as leis podem ser dividas: Leis Naturais; Leis Sociais; Leis Tipicamente Econômicas Leis Naturais: são aquelas de forma global, gerias; exprimem uma relação constante entre a causa e o efeito. Ex: leis físicas são aquelas onde cientistas podem determinar perfeitamente a causa; a água a zero grau congela. Leis Sociais: exprimem a tendência que certos fatos têm em produzir certos efeitos ex: fenômenos econômicos podem garantir a tendência de acontecimento do fato, segundo as condições propostas; a escassez do produto indica um aumento do preço Leis Tipicamente Econômicas: é lei da oferta e da procura – essa lei diz que o preço aumenta não pode dizer quanto (em valores), quando e como acontecera e nem em que medida poderá ser produzida Economia Positiva E Economia Normativa Economia Positiva é o conjunto de métodos e esquemas teóricos que permitem determinar e entender como se dão os fenômenos econômicos. Estuda a atividade econômica como ele é. 10 Economia Normativa parte da constatação de como a realidade é, ou seja, do entendimento dos mecanismos econômicos, para em seguida propor um estado de coisas, considerado melhor pelo observador. Estuda a atividade econômica como ela deveria ser. O papel das hipóteses Facilitam a compreensão do fenômeno Variam se estamos estudando o curto ou o longo prazo A essência do pensamento científico é decidir que hipóteses formular Modelos econômicos Em todas as ciências se utilizam modelos Os modelos dos economistas utilizam-se de equações e gráficos Formulam-se hipóteses para a construção de modelos Todos os modelos simplificam a realidade, retirando pormenores irrelevantes Primeiro modelo: o fluxo circular de renda Hipótese 1: economia é fechada e sem governo. Logo há apenas dois atores, tomadores de decisão, ou ainda dois setores institucionais – famílias e empresas – interagindo na economia Hipótese 2: toda a renda é gasta em consumo; não há poupança Hipótese 3: há apenas dois mercados na economia – o de bens e serviços e de fatores de produção Mercado em termos abstratos é o encontro dos fluxos de oferta e demanda Hipótese 4: as empresas produzem bem e serviços utilizando os insumos (fatores de produção) adquiridos das famílias com a receita das vendas de bens e serviços às famílias Hipótese 5: as famílias consomem os bens e serviços que adquirem das empresas utilizando os pagamentos que as empresas fazem pela aquisição dos insumos pertencentes às famílias. O funcionamento do fluxo O fluxo circular de renda 11 Modelos econômicos Segundo modelo : fronteira de possibilidades de produção Hipótese 1: a economia produz apenas dois bens Hipótese 2: todos os fatores de produção são utilizados na produção de computadores ou de automóveis ou em quantidades alternativas de ambos Fronteira de possibilidades de produção 12 Mostra a combinação de produtos que a economia pode potencialmente produzir A sociedade pode produzir em qualquer ponto sobre a ou dentro da fronteira de possibilidades de produção Diz-se que há eficiência se a sociedade está obtendo tudo o que for possível a partir dos recursos escassos disponíveis B é um ponto de ineficiência D é um ponto inalcançável considerando os recursos disponíveis Deslocamento da Fronteira de possibilidades de produção A fronteira de possibilidade de produção de uma economia pode se deslocar: Isto ocorre caso haja um avanço tecnológico em uma das indústrias. Supondo que isto tenha ocorrido na produção de computadores; a quantidade diária de computadores produzida por cada trabalhador aumenta. Isto beneficia a produção de computadores e também a de carros. Fronteira de possibilidades de produção 13 O economista como formulador de política econômica Economia positiva x normativa Economia positiva: tenta descrever o processo econômico como ele é. Pode ser testada e confirmada ou refutada Economia normativa: tenta prescrever como o processo econômico deveria ser. Sua avaliação não pode ser julgada apenas pelos fatos pois implica também em valores (ética, religião) Diferenças no julgamento científico Diferentes intuições sobre qual a teoria correta Discordam da dimensão dos parâmetros envolvidos Crescimento e inflação Tributo sobre a renda corrente ou sobre o consumo familiar Moeda e inflação Diferenças nos valores Independentemente da teoria as políticas econômicas sugeridas seriam diferentes Aposentadoria diferenciada para os funcionários públicos? Dar ticket ou $ no programa fome zero? Controlar ou não sua utilização? Charlatães e excêntricos Busca de popularidade ou de poder político. Baixar os juros diminui o pagamento da dívida e sobra dinheiro para o governo dar aumento para o funcionalismo Busca de soluções fáceis Se a alíquota do imposto de renda for reduzida a arrecadação aumenta Todos querem a reforma tributária pois com ela se pagará menos impostos e o governo arrecadará mais. A despeito das discordâncias o consenso é maior do que se imagina A despeito disso várias medidas de política econômica consideradas erradas são adotadas Inter-relação da economia com outras áreas do conhecimento 14 Economia, Física e Biologia; Economia, Matemática e Estatística; Economia e Política; Economia e História; Economia e Geografia; Economia, Moral, Justiça e Filosofia Economia, Física e Biologia Estudo sistemático da economia e avanços da física e biologia (Séc. XVIII e XIX) Concepções organicistas (biológicas): Economia se comporta como órgão vivo, daí os termos, órgãos, funções, circulação e fluxos na teoria econômica Concepções mecanicistas (físicas): Economia se comporta como determinadas leis da física, daí os termos estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças e outros Concepção Humanística (atual): Observa do comportamento da atividade humana. Por isso, economia é uma ciência social Economia, Matemática e Estatística Economia também é limitada ao meio físico, dado os recursos escassos Tem relação próxima das quantidades (produção e consumo, exemplos) Depende da matemática e estatística para estabelecer relações entre variáveis econômicas Economia e Política São extremamente interligadas (relação de causalidade – causa e efeito – difícil de estabelecer) A política pode firmar onde se desenvolverá atividades econômicas A economia pode também ditar decisões políticas (corporações estatais, oligopólios, monopólios, latifúndio Economia e História 15 Pesquisa histórica auxilia a economia (facilita compreensão do presente). Fatos econômicos também afetam o desenrolar da história. (Ciclos do ouro, cana de açúcar, revolução industrial, crack de 29, crise do petróleo, crise hipotecária) Economia e Geografia A geografia de uma área pode determinar sua atividade econômica (Colatina, qual sua vantagem geoeconômica?) Áreas de estudos – Economia regional, economia urbana, teorias de localização industrial (APL – Arranjos Produtivos Locais) e demografia econômica. Economia, Moral, Justiça e Filosofia Idade média, economia era vista como parte integrante da filosofia, moral e ética (justiça) Era orientada por princípios morais e de justiça Estudo sistemático econômico teve seu início após a Revolução Industrial do Século XVIII Divisão do Estudo Econômico Microeconomia ou teoria da formação de preços – Examina como consumidores e empresas interagem no mercado, decidindo preços e quantidades para satisfazer ambos. Macroeconomia – Estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados nacionais (PIB, taxa de juros, poupança agregada, outros). Economia Internacional – Analisa relações de residentes e não residentes do país. Além das relações comerciais entre países. Desenvolvimento econômico – Aborda a preocupação com melhoria do padrão de ida da coletividade ao longo do tempo. 1.3 A evolução do pensamento econômico 16 Economia Grega: O desprezo da riqueza. O Homem é espírito. Na economia Platão X Aristóteles Império Romano: O espírito político em contraposição ao econômico Idade Média: a igreja regula as relações de trocas A economia antes da “economia” O mercantilismo: a riqueza provém do comércio O renascimento faz nascer o “espírito capitalista” As idéias metalistas. A moeda surge na vida econômica Os Fisiocratas Os fenômenos econômicos seguem uma ordem natural. Tudo e providencial tudo é natural O Poder da riqueza vem da terra Só os trabalhos agrícolas são produtivos Fundamentos dos Clássicos O individualismo e o egoísmo são bons para todos Somos todos “homos economos” Toda a riqueza provem do trabalho A economia neoclássica A utilidade valora os bens. O marginalismo. É possível atingir o “equilíbrio geral”. ”O Pleno emprego”. “O ponto de equilíbrio”. “A concorrência perfeita” A ética das relações de trocas via mercado é isenta de valor de juízo O preço é justo A Revolução Keynesiana O Pleno emprego é uma impossibilidade teórica e prática A intervenção do Estado é necessária na busca do bem-estar social 17 O combate ao desemprego é tarefa do Estado (investimento) O Pensamento Econômico Contemporâneo Para onde os economistas estão indo? O Credo Neoliberal A Financeirização do mundo O “Fim da História” Cadê o Estado? A Reação social A Regionalização do desenvolvimento O Estado como agente ativo Um “outro” desenvolvimento O sistema econômico Liberais: um modo de produção em que a liberdade impera sobre a planificação Marxistas: um modo de produção em que as forças produtivas definem as classes sociais Características institucionais: Produção orientada para o mercado; Propriedade privada dos meios de produção; Um grande segmento da sociedade que só pode existir pela sua força de trabalho; Comportamento individualista, Maximização de utilidades. “...as idéias dos economistas, tanto quando estão certos como quando estão errados, são muito mais poderosas do que normalmente se imagina. Na 18 verdade, o mundo é governado quase que exclusivamente por elas. Homens práticos, que se julgam imunes a quaisquer influências, geralmente são escravos de algum economista morto...” John Maynard Keynes A Busca de uma ética para a economia de mercado “O mercado auto-regulável foi a inovação que deu origem a uma civilização específica. (...) A nossa tese é que a idéia de um mercado auto-regulável implicava uma rematada utopia. Uma instituição que não pode existir sem aniquilar a substância humana e natural da sociedade...” Karl Polany “A simples colocação de um problema é muito mais essencial do que a solução, que pode ser apenas uma questão de habilidade matemática ou experimental. Fazer novas perguntas, suscitar novas possibilidades, ver velhos problemas sob um novo ângulo são coisa que exigem imaginação criadora e possibilitam verdadeiros adiantamentos na ciência”. Albert Einstein UNIDADE II – O PROBLEMA ECONÔMICO 2.1 As necessidades ilimitadas De acordo com o paradigma clássico o problema relevante a ser considerado pela ciência econômica é o da distribuição do excedente econômico. Dado um determinado volume de riqueza produzida, a partir de uma determinada tecnologia, a questão é saber de que forma se distribuem entre os diversos segmentos da sociedade o resultado da produção, descontado o custo de se produzir. De acordo com o paradigma neoclássico, o principal problema econômico é alocação dos recursos. Dada a escassez de recursos econômicos o objeto da ciência econômica é o estudo de como alocar de forma eficiente recursos que são escassos entre fins alternativos e rivais. 19 Para o paradigma clássico, a questão da eficiência não é um problema, uma vez que a produção é determinada pela tecnologia e pelos recursos disponíveis, que estão previamente dados. Para o paradigma neoclássico, a questão da distribuição não é uma problema, uma vez que a remuneração de cada “fator de produção” é determinada por sua produtividade marginal, a qual se supõe, é decrescente no curto prazo (ou mantidos fixos os demais fatores), não havendo motivo, portanto, para qualquer conflito social. Em qualquer sociedade se encontra a sempre a seguinte tríade de problemas: O QUE E QUANTO PRODUZIR? COMO PRODUZIR? PARA QUEM PRODUZIR? Este aspecto requer uma análise igualmente detalhada e sistematizada, dada a sua importância e vinculação com o equacionamento do problema econômico. Uma primeira questão a responder diz respeito ao volume de necessidades que possamos ter. Evidentemente, um ser humano que vive numa comunidade moderna tem necessidades diversas e em maior quantidade do que alguém que vivia na Idade Média. Uma volta por uma das salas comerciais de um shopping center das grandes metrópoles ou meia hora de televisão comprovam facilmente esta afirmação. Além deste aspecto temporal (hoje o mundo é completamente diferente do que em tempos passados) há que se considerar que, somado ao volume, também a composição das necessidades varia entre habitantes de uma metrópole e de uma pequena cidade do interior do Estado Em que pese a diversidade entre volume e composição das necessidades humanas, é possível detectar várias características comuns: coletivas ou individuais e, dentre estas: absolutas ou relativas. 20 Necessidades coletivas Aí estão enquadradas as necessidades que todo grupo sente, tais como a necessidade de segurança, de defesa, necessidade de educação, de saneamento básico, do cuidado com a saúde etc.. Estas necessidades são supridas em parte ou totalmente pela ação do Estado. Necessidades individuais Compreendem basicamente dois grupos: necessidades absolutas (necessidades biológicas) do ser humano, isto é, relacionadas às exigências de natureza biológica, tais como dormir, respirar, comer, habitar, procriar, vestir etc.. nem sempre têm sua satisfação associada imediatamente a uma solução econômica por exemplo: é o caso da necessidade de respirar, em muitas comunidades, a preservação das áreas verdes e o controle da poluição do ar podem requerer grandes esforços econômicos necessidades individuais compreende as necessidades relativas ou sociais são relativas porque não são idênticas para todos os indivíduos compreendem o conjunto de hábitos, normas, costumes e valores (uso de talheres e pratos, cama para dormir, o hábito da leitura, audiência de uma sinfonia e outros) TIPOS DE NECESSIDADES INDIVIDUAIS COLETIVAS Segurança, defesa, educação, saneamento básico, saúde etc. Absolutas Individuais Dormir, respirar, comer, habitar, procriar, vestir etc. Hábitos, normas, costumes e valores As necessidades dos indivíduos modificam-se a cada novo dia, quer sejam absolutas ou relativas 21 Alguns estudos a esse respeito, em especial o de Abraham Maslow (1908 até 1970), um psicólogo norte-americano, revelam que as necessidades são hierarquizadas, isto é, um indivíduo procura satisfazer suas necessidades em certo momento ou período de sua vida, por etapas consecutivas, uma após outra. Imaginemos uma escada, para dispor tal hierarquização. O primeiro degrau é reservado para as necessidades biológicas ou básicas. Satisfeitas estas necessidades, o indivíduo busca a segurança, em seu mais amplo sentido: segurança no lar, na comunidade, segurança no emprego. A etapa seguinte refere-se à necessidade que o indivíduo sente de viver em comunidade, de ser aceito pelo grupo, de relacionar-se. Na próxima etapa, quer satisfazer seu ego: busca reconhecimento, status, poder. E, nesta evolução motivacional, a última etapa refere-se à auto- realização: o indivíduo abre-se a novos desafios, procura a experimentação de forma decidida (como, subir montanha mais alta; chegar à diretoria da empresa) uma necessidade superior não poderá ser suprida sem a satisfação da necessidade imediatamente anterior outro aspecto revela que a posição do indivíduo na sua hierarquia de necessidades é mutável ao longo do tempo, ou seja, o indivíduo terá projetadas novas hierarquias introduzidas pelas transformações do meio 22 Necessidades 2.2 A escassez de recursos o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez, ou seja, como “economizar” recursos a escassez surge em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição física de recursos nenhum país, mesmo os países ricos, são auto-suficientes, em termos de disponibilidade de recursos produtivos, para satisfazer a todas as necessidades da população O crescimento populacional renova as necessidades básicas; o contínuo desejo de elevação do padrão de vida (necessidade social => melhoria de status) e a evolução tecnológica fazem com que surjam NOVAS necessidades (computadores, freezer,...); Se não houvesse escassez de recursos, ou seja, se todos os bens fossem abundantes (bens livres), não haveria necessidade de estudarmos questões como inflação, crescimento econômico, déficit no balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda; Esses problemas provavelmente não existiriam (e obviamente nem a necessidade de se estudar Economia). recursos de produção escassos são: capital; 23 terra; trabalho; ao lado do conhecimento tecnológico e capacidade empresarial. Assim nasceu o que se chama de capital, conjunto de bens que não se destinam a imediata satisfação da necessidades humanas, porém facilitam a produção ou aquisição de utilidades econômicas. O capital é representado antes de mais nada pelas máquinas, instrumentos, ferramentas, matérias-primas, equipamentos, terras ou prédios possuídos: é o capital fixo ou imobilizado. Mas também é capital o dinheiro ou seu substituto, o crédito. Dinheiro em caixa e cheques ou títulos de créditos, formam o capital ativo. A terra nos oferece gêneros alimentícios e matéria-prima para a produção de novos bens econômicos. Além disso, no sentido de natureza, permite ao homem aproveitar recursos como grandes rios, mares, quedas d'água. Um exemplo é a secular luta pela posse ou propriedade da terra, que constitui uma notável riqueza. Se as necessidades existem e devem ser satisfeitas pelos bens de consumo, os alimentos precisam ser preparados, as roupas costuradas, as casas construídas. Nessas condições, o trabalho é o segundo fator da produção. Com o passar do tempo, o homem primitivo percebeu que seus instrumentos "machado de pedra, arco e flecha" não proporcionavam a pronta satisfação de suas necessidades básicas, mas o ajudavam a obter outras coisas de consumo imediato. resultam os bens e serviços que são oferecidos à sociedade para a solução de suas necessidades e desejos ilimitados. A satisfação de uma necessidade, no sentido aqui tratado, requer a existência de um bem. Mesmo as mais elementares necessidades são satisfeitas por certo tipo de bem. O ar, por exemplo, é o bem que satisfaz a necessidade de respirar. 24 Em circunstâncias normais, quando se caracteriza a abundância, este e outros bens, como a água do mar e a luz do sol, são considerados bens livres. Não constituem, portanto, um problema cuja solução esteja no âmbito da análise econômica. Ocorre, no entanto, que a maioria das necessidades dos indivíduos será satisfeita por bens escassos, cuja obtenção irá requerer certa quantidade de trabalho e, muito provavelmente, também de outros fatores de produção. Estes bens são denominados bens econômicos e compreendem duas categorias de bens: os bens tangíveis, isto é, que se pode apalpar, sendo, portanto, materiais, e os bens intangíveis, que não são de natureza física, onde se enquadram os serviços. Na tentativa de melhor compreensão do fato econômico, a classificação dos bens completa-se com o enquadramento dos bens econômicos tangíveis nas seguintes categorias: Bens finais Aqui são abrigados os bens de consumo, que compreendem os produtos que se destinam ao consumo. Subdividem-se em: bens de consumo não-duráveis (porque possuem existência muito limitada no tempo e geralmente desaparecem ao satisfazer a necessidade, como é o caso dos alimentos); e bens de consumo duráveis (cuja utilização é substancialmente prolongada, como, por exemplo, eletrodomésticos, automóveis etc.) São estes produtos que, como regra geral, promovem a atividade econômica, porque na sua produção são utilizados produtos intermediários, máquinas, fornecimentos de terceiros e um contingente considerável de pessoas direta ou indiretamente ocupadas que, auferindo rendimento, poderão adquirir bens econômicos, realimentando o processo de produção agregada de toda a sociedade. 25 Também fazem parte do grupo de bens finais os chamados bens de capital, que compreendem os bens destinados à produção de novos bens e, por isso mesmo, também conhecidos por “bens de produção”. São as máquinas industriais, ferramentas etc.. É de se notar, ademais, que um mesmo bem pode ser classificado em grupo distinto, segundo a categoria uso. Assim sendo, um automóvel pode ser um bem de consumo durável e, para aquele que o utiliza como forma de prestação de um serviço – táxi, por exemplo, ― este bem é considerado um bem de capital ou bem de produção. Bens intermediários Certos bens, como o aço, o cimento, a cal e uma infinidade de outras mercadorias, requerem transformações antes de se converterem num bem de consumo ou bem de capital. São, portanto, considerados bens intermediários. Os bens econômicos podem ser classificados como: Bens não duráveis x bens duráveis Bens presentes x bens futuros Bens substitutos x bens complementares 26 Bens diretos x bens indiretos Bens de consumo x bens de produção Bens de consumo x bens intermediários x bens de capital 2.3 As opções e os critérios de escolha Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigados a fazer ESCOLHAS (OPÇÕES) entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes; Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO E PARA QUEM produzir? O QUE E QUANTO produzir: a sociedade deve decidir se produz mais bens de consumo ou bens de capital, ou como num exemplo clássico: quer produzir mais canhões ou mais manteiga e, ainda, em que quantidade? Os recursos devem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo, ou bens de capital? COMO produzir: trata-se de uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados métodos de produção capital intensivo? ou mão- de-obra intensivos? Ou terra intensivos? Isso depende da disponibilidade de recursos de cada país. PARA QUEM produzir: a sociedade deve decidir quais os setores que serão beneficiados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários de terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região sul ou norte? ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a renda gerada pela atividade econômica Tendo visto os recursos (escassos) de produção e as necessidades humanas (ilimitadas) vamos organizar nosso aprendizado com relação ao conhecimento das diversas formas de satisfação das necessidades humanas: os bens. Significados da palavra produção: 27 transformação técnica transformação de modo transformação de espaço transformação de tempo. O resultado da atividade produtiva chama-se produto. Consumo é o uso dos bens econômicos com o objetivo de satisfazer diretamente certas necessidades. Os bens usados com este objetivo, e enquanto usados com este objetivo, chamam-se bens de consumo. As atividades produtivas podem ser classificadas de acordo segundo o grau de processamento e elaboração de seus produtos: Setor primário Setor secundário Setor terciário Setor primário (agropecuária) Engloba as atividades que estão em contato direto com a natureza e cuja produção se caracteriza com de bens primários. Dela fazem parte agricultura, pesca silvicultura, pastoreio, extração vegetal, etc. Setor Secundário (indústria) Compreende todas as atividades de modificação e transformação de bens, por meio de processos físicos ou químicos. Compreende a indústria extrativa mineral, manufatureira ou de transformação, da construção civil e a indústria de geração de energia elétrica, produção de gás e tratamento de água e esgoto (serviços industriais de utilidade pública). Setor terciário (serviços) É também chamado setor de serviços. Não compreende a produção física propriamente dita, mas sim a prestação de serviços. Compreende as atividades comerciais, transportes, seguros, serviços financeiros, previdência social, educação, saúde, turismo, serviços governamentais, etc. 28 O ato pelo qual se renuncia a uma parte do possível consumo presente com a intenção de obter um aumento do consumo futuro chama-se poupança. Em sentido estrito, em economia, investimento significa a aplicação de capital em meios que levam ao crescimento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, meios de transporte), ou seja, bens de capital. Por isso, considera-se também investimento a aplicação de recursos do Estado em obras muitas vezes não lucrativas, mas essenciais para formarem a infra-estrutura da economia (saneamento básico, rodovias, portos, aeroportos, etc.) Um conjunto de bens econômicos, disponíveis para um sujeito econômico ou para uma sociedade de sujeitos econômicos, chama-se riqueza. A riqueza pode ser considerada de duas maneiras: Ao conjunto de bens disponíveis num determinado momento do tempo chama-se patrimônio. A riqueza considerada como fluxo de bens ao longo do tempo toma o nome de renda. 2.4 As soluções alternativas e as curvas de possibilidade de produção 29 Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigadas a fazer opções, escolhas entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O Que e Quanto, Como e Para Quem produzir. Para quem produzir: A sociedade deve decidir quais os setores que serão beneficiados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários da terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região Sul ou Norte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a renda pela atividade econômica. Definição de Produto A economia estuda a alocação de recursos escassos para fins ilimitados, ou seja, como obter o máximo de satisfação para os indivíduos a partir de um estoque dado de recursos. Para satisfazer a suas necessidades, o homem envolve-se em um ato de produção. Produção é a atividade social que visa adaptar a natureza para a criação de bens e serviços que permitam a satisfação das necessidades humanas. No ato de produção, existe a combinação de uma série de elementos chamados de fatores de produção, que são os recursos utilizados na produção de bens e serviços. Normalmente, costuma-se separar os recursos em três grandes áreas: Terra, Capital e Trabalho. É a atividade social que visa adaptar a natureza para a criação de bens e serviços que permitam a satisfação das necessidades humanas. Os fatores de Produção são os recursos utilizados na produção de bens e serviços. 30 O Produto é a soma daquilo que foi produzido em país durante determinado período de tempo. O Crescimento Econômico é definido como o aumento do produto em um determinado período de tempo, ou seja, a elevação na produção de bens e serviços que satisfaçam às necessidades humanas Produto real e produto nominal Produto é medido em termos monetários, pois é a forma que possuímos para reduzir os diversos bens e serviços da economia a um denominador comum e com isso podermos agregá-los. O problema é que a moeda está sujeita a perda de valor ao longo do tempo, isto é, na presença de processos inflacionários, o poder de compra da moeda se corrói devido à elevação do nível geral de preços. Produto real e produto nominal Assim, de um ano para o outro, o produto pode variar em termos monetários sem que em termos de quantidade física tenha ocorrido qualquer mudança, ou seja, como Y= Pi x Qi ( onde Pi é o preço e Qi a quantidade das n mercadorias da economia), o valor de Y pode mudar tanto por mudanças em Pi como em Qi, ou em ambos. O que interessa em termos de crescimento é o comportamento de Q; assim, devemos diferenciar entre Produto Real (aquele medido a preços constantes) e Produto Nominal (aquele medido a preços correntes). Como o que se observa é o produto nominal, para retirar os efeitos da inflação sobre a medida do produto utilizamos os chamados “índices de preços” para fazer o “deflacionamento”. Estes índices correspondem a média ponderada das mudanças de preços dos diversos produtos. O principal índice é o deflator implícito do produto (DI), que corresponde à razão entre a soma de todos os preços no instante atual multiplicados pela quantidades no instante atual e a soma de todos os preços no instante anterior multiplicado pelas quantidades do instante atual. 31 A partir do produto real, pode-se observar mais de perto a evolução (crescimento) as economia de um país, comparando-se o produto de um ano em relação a outro. Quando dizemos que o Brasil cresceu 4 %, estamos afirmando que a produção do ano atual (PIP) é 4% maior que o ano anterior em termos reais, isto é, descontada a elevação dos preços dos bens produzidos. O Gráfico nos mostra a taxa de investimento (preços constantes de 2000) anual até 1990 e trimestral desde 1991, bem como a média verificada entre o primeiro trimestre de 1991 e o segundo de 2004, 19,1%. A série formação bruta de capital fixo como proporção do PIB a preços constantes de 2000 tem o seu menor patamar histórico, verificado no segundo trimestre de 2003, 16,4%, sendo que a partir de então apresenta comportamento crescente. Contudo, no segundo trimestre de 2004, a taxa de investimento a preços constantes, 17,3%, continua cerca de 2% abaixo da média verificada do primeiro trimestre de 1991 ao segundo semestre de 2004. A esse respeito, em trabalhos anteriores, foi mostrado que mantida a média do crescimento da produtividade total dos fatores, do trabalho e a taxa média de investimento observada de 1994 a 2001, respectivamente de 1,2%, 2,0% e 19,9%, o crescimento do produto esperado no Brasil seria de 2,8%, 32 atingindo o máximo 3,5% quando se considera o crescimento potencial (esse último só se sustenta no curto prazo). Ressaltamos que a análise anterior só considera parâmetros médios, ou seja, choques em outros fatores podem elevar o crescimento sustentado brasileiro. Como exemplo, um choque positivo na produtividade do capital de 2% por 5 anos elevaria o crescimento sustentado esperado para 3,1% (e o potencial para 4%), sendo que, nos cinco anos de transição, haveria um ganho extra da ordem de 2% no crescimento esperado. Depressão econômica Uma depressão econômica é caracterizada por um estado agravado de recessão, ou seja, um longo período de desemprego em massa, falência de empresas, baixos níveis de produção e investimentos etc., sempre acarretando em conseqüências negativas para a economia mundial. Segundo especialistas, as maiores depressões econômicas da história foram as de 1815, 1873 e 1929. Entre elas, uma das mais graves foi a de 1929, superada somente pela crise financeira mundial de 2008. Em relação ao crash de 29, a teoria mais aceita, diz que o motivo para a crise foi o planejamento mau feito da política monetária dos Estados Unidos. Esse é apenas um dos motivos para as depressões econômicas. Esses longos períodos de crise podem ser causados por diversos fatores, principalmente na esfera macroeconômica. Para exemplificar as diferenças entre uma recessão e uma depressão econômica, podemos citar uma velha piada dos economistas: Uma recessão é quando o seu vizinho perde o emprego, uma depressão é quando você perde o seu também. De fato, recessão é um declínio do Produto Interno Bruto (PIB), por dois ou mais trimestre consecutivo, já a depressão está relacionada com outros aspectos mais amplos, como níveis de emprego, produção industrial, rendimento real, etc. Ao longo da história do capitalismo, podemos perceber momentos bons e de crise, ou seja, ciclos econômicos. 33 Após o sistema capitalista ter se firmado esses ciclos passaram a ser algo constante. De certa forma, depressão econômica é uma falha do sistema capitalista e de sua teórica “mão invisível”. Inclusive, foi nos períodos após grandes depressões que surgiram outras teorias econômicas um pouco diferentes da teoria de Adam Smith, como o keynesianismo e o neoliberalismo. UNIDADE III – O SISTEMA ECONÔMICO 3.1 Características, agentes e elementos básicos do sistema econômico Definição: “Um sistema econômico pode ser definido como forma política, social e econômica de organização de uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam, buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.” Braga e Vasconcellos (2006, p. 4) Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Elementos do sistema econômico 1. Estoque de recursos produtivos 2. Complexo de unidades de produção 3. Conjunto de instituições (jurídicas, políticas, sociais e econômicas) os elementos básicos são: os estoques de recursos produtivos ou fatores de produção, que incluem os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia; o complexo de unidade de produção, construído pelas empresas; e o conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais, que são a base da organização da sociedade. os sistemas econômicos pode ser classificados em dois grandes grupos: o sistema capitalista e sistema capitalista. 34 Socialismo (economia centralizada ou planificada) As características dele são: 1. Também conhecida como economia centralizada ou planificada; 2. As questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento; 3. Predomínio da propriedade pública dos fatores de produção. Capitalismo (economia de mercado) As características são: 1. Propriedade privada dos fatores de produção, dos bens de consumo e do dinheiro; 2. Controle do funcionamento da economia é realizado pelo sistema de preços; 3. O lucro é o grande impulsionador para a ação dos agentes econômicos; 4. Importância da competição entre as empresas e entre os proprietários dos recursos; 5. O papel do governo é limitado. A participação do governo é dada pela relação entre gasto público (G) e PIB (Y). Troca significa que os indivíduos permutam bens entre si. 1. Escambo: trocas realizadas sem dinheiro. Problemas enfrentados: 2. 1. Tempo. 2. Indivisibilidade de alguns bens. 3. Coincidência de necessidades. Dinheiro: é todo o meio de pagamento aceito que pode ser permutado por bens e serviços, além de ser utilizado para saldar dívidas. Tanto nos sistemas capitalistas como socialistas. Livre Iniciativa Economia de livre mercado (Economia de mercado ou Sistema de livre) iniciativa existe quando os agentes econômicos agem de forma livre, sem a intervenção dos governos. 35 É, portanto, um mercado idealizado, onde todas as ações econômicas e ações individuais respeitam a transferência de dinheiro. Bens e serviços são "voluntárias" - o cumprimento de contratos voluntários é, contudo, obrigatório. A propriedade privada é protegida pela lei e ninguém pode ser forçado a trabalhar para terceiros. Economia planificada Economia planificada (economia centralizada ou economia centralmente planejada) é um sistema econômico na qual a produção é previa e racionalmente planejada por especialistas, na qual os meios de produção são propriedade do estado e a atividade econômica é controlada por uma autoridade central que estabelece metas de produção e distribui as matérias primas e as unidades de produção. Como não há mercado em uma economia planificada, não é possível conhecer o preço, e, portanto, não é possível conhecer a demanda, tornando a economia planificada teoricamente impossível. Em uma economia planificada o Planejamento é feito de forma que não haja escassez ou abundância de determinado produto, portanto os preços raramente são modificados. Sua forma mais conhecida é o tipo de economia que foi adotada, durante cerca de 70 anos, pelo regime comunista na União Soviética, bem como pela China. Os socialistas defendem a planificação da economia, em maior ou menor grau. Hoje em dia muito poucos economistas, mesmo socialistas, ainda defendem uma economia totalmente centralizada e planificada, como foi a soviética. Diferentemente do que ocorre na economia planificada ou economia do estado, onde a produção econômica é dirigida pelo Estado, na Economia de mercado a maior parte da produção econômica é gerada pela iniciativa privada; indústria, comércio prestação de serviços são controlados por cidadãos particulares. 36 Ou seja, são empresas do setor privado que detêm a maior parcela dos meios de produção. O Estado tem o papel de regulamentação e fiscalização da economia e atender setores prioritários como: energia, segurança, educação, saúde entre outros. Pode-se então afirmar que nos países, denominados de capitalistas, domina uma economia de mercado, no seu oposto temos os países socialistas onde predomina uma economia primariamente estatal. Entre estes dois domínios opostos, encontramos ainda os denominados sistemas econômicos mistos, cuja finalidade centra-se na harmonização, em diversos âmbitos, o domínio do sector privado (livre iniciativa) e o setor público (empresas estatais). 3.2 Os fluxos real e monetário Fluxo Real: envolve bens, serviços e fatores O fluxo (real) de bens (finais) de consumo e serviços das empresas para os consumidores; Fluxo Monetário: pagamento pelos bens, serviços e fatores envolvidos O fluxo (monetário) de moeda dos consumidores para as empresas. As famílias, as empresas, o mercado de bens de consumo e serviços e o mercado de recursos ou fatores de produção compõem uma economia de livre empresa e formam o centro em torno do qual se desenvolve a economia. Os preços dos bens e serviços interligam os dois fluxos, ou seja, o mercado de produtos para bens e serviços estabelece preços que regulam a quantidade e qualidade de bens produzidos e consumidos. No fluxo monetário as empresas pagam às famílias pelo uso dos recursos por meio de salários (do trabalho), dividendos, juros e lucros (do capital) e aluguel (da terra e de imóveis). Economia de mercado de livre concorrência entre produtores e consumidores estabelecem os preços dos produtos. 37 Braga e Vasconcellos (2006, p. 10) Unindo os fluxos real e monetário da economia, temos o fluxo circular de renda. Braga e Vasconcellos (2006, p. 10) Braga e Vasconcellos (2006, p. 10) O mercado no sistema econômico é formado pelas pessoas que querem comprar e pelas que querem vender bens e serviços, ou seja, os consumidores e os empresários. 38 Oferta x Demanda As curvas de oferta e demanda expressam uma relação entre preços e quantidades. Entretanto, essa relação não é efetiva e sim potencial, pois tanto produtores como consumidores estão apenas expressando as quantidades dos bens que ofertariam ou consumiriam a determinados preços. Para se determinar esse preço e essa quantidade, o mercado deve estar em equilíbrio. Preço de equilíbrio (preço de mercado) É aquele que iguala a oferta à procura, ou seja, o preço pelo qual os bens serão vendidos. ELASTICIDADE Medida da resposta dos compradores e vendedores às mudanças no preço e na renda. Bens com alta elasticidade da demanda (elástica) como refeições em restaurantes, veículos, carne bovina. Bens com baixa elasticidade da demanda (inelástica) como petróleo, ovos, leite, gasolina, insulina. Classificação dos Mercados 39 Concorrência Perfeita é um mercado em que existe um grande número de empresas oferecendo um mesmo produto. Monopólio Puro é um mercado em que existe apenas uma empresa oferecendo um bem, para qual não existe substitutos satisfatórios. Classificação dos Mercados Oligopólio é um mercado em que existe um número de empresas pequeno o suficiente para que as ações de uma afetem as outras. Essas empresas produzem bens diferenciados, mas substituíveis entre si. Concorrência monopolística é um mercado em que há um número razoável de empresas produzindo um mesmo bem, que aos olhos do consumidor são diferenciados. 3.3 Classificação dos bens e serviços Bens de capital: são utilizados na fabricação de outros bens, sem desgaste total no processo. Ex: máquinas, equipamentos, etc. Bens de consumo: buscam atender as necessidades humanas, podendo ser duráveis (geladeira) ou não-duráveis (alimentos). Bens intermediários: são transformados e agregados na produção de outros bens, sendo consumidos no processo produtivo. São chamados de recursos de produção da economia, e são constituídos pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia. Remuneração do fator de produção: Fator de Produção Tipo de remuneração Trabalho Salário Capital Juro Terra Aluguel Tecnologia Royalty 40 Capacidade empresarial* Lucro Gerência dos proprietários 3.4 Os setores da economia A economia de um país pode ser dividida em setores (primário, secundário e terciário) de acordo com os produtos produzidos, modos de produção e recursos utilizados. Estes setores econômicos podem mostrar o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região. Setor Primário O setor primário está relacionado a produção através da exploração de recursos da natureza. Podemos citar como exemplos de atividades econômicas do setor primário: agricultura, mineração, pesca, pecuária, extrativismo, vegetal e caça. É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria de transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, pois depende muito dos fenômenos da natureza como, por exemplo, do clima. A produção e exportação de matérias-primas não geram muita riqueza para os países com economias baseadas neste setor econômico, pois estes produtos não possuem valor agregado como ocorre, por exemplo, com os produtos industrializados. Setor Secundário É o setor da economia que transforma as matérias-primas (produzidas pelo setor primário) em produtos industrializados (roupas, máquinas, automóveis, alimentos industrializados, eletrônicos, casas, etc). Como há conhecimentos tecnológicos agregados aos produtos do setor secundário, o lucro obtido na comercialização é significativo. Países com bom grau de desenvolvimento possuem uma significativa base econômica concentrada no setor secundário. 41 A exportação destes produtos também gera riquezas para as indústrias destes países. Setor Terciário É o setor econômico relacionado aos serviços. Os serviços são produtos não meterias em que pessoas ou empresas prestam a terceiros para satisfazer determinadas necessidades. Como atividades econômicas deste setor econômicos, podemos citar: comércio, educação, saúde, telecomunicações, serviços de informática, seguros, transporte, serviços de limpeza, serviços de alimentação, turismo, serviços bancários e administrativos, transportes, etc. Este setor é marcante nos países de alto grau de desenvolvimento econômico. Quanto mais rica é uma região, maior é a presença de atividades do setor terciário. Com o processo de globalização, iniciado no século XX, o terciário foi o setor da economia que mais se desenvolveu no mundo. 3.5 Sistemas econômicos alternativos Evolução dos Sistemas Econômicos Em sua evolução foi marcada por duas características: Especialização Sistema de produção segundo o qual cada indivíduo se concentra em um número limitado de atividades Troca Permuta Obs: Através da especialização e da troca, as nações puderam dispor de maior produção, e elevação do padrão de vida. Economia de direção central é aquela em que o governo toma as decisões importantes acerca da produção e da repartição. Neste tipo de economia o governo possui a maior parte dos bens de produção (terra e capital); também possui e 42 dirige a atividade das empresas na maior parte dos ramos de atividade; é o empregador da maioria dos trabalhadores e quem dirige a sua atividade, decidindo também como a produção da sociedade deve ser divida pelos diversos bens e serviços, Ex: A economia que funcionou na União Soviética. Economia de mercado é aquela em que os indivíduos e as empresas privadas tomam as decisões mais importantes acerca da produção e do consumo Economia mista é aquela que se situa entre a economia de mercado e a economia de direção central. Atualmente, a maior parte das sociedades funciona numa economia mista. Refira-se que serviços como a educação, o policiamento ou o controlo da poluição são geralmente proporcionados pelo Governo. Segunda Parte - Elementos de Microeconomia UNIDADE I – OFERTA E DEMANDA 1.1 O mercado Oferta e Demanda são as duas palavras mais usadas por economistas É as forças que fazem os mercados funcionarem A microeconomia moderna lida com a oferta, demanda e o equilíbrio do mercado Os termos oferta e demanda referem-se ao comportamento das pessoas... ...quando eles interagem entre si nos mercados Mercado: local onde compradores e vendedores se encontram para trocar mercadorias ou serviços Possibilita ganho através da especialização e comércio Qualquer instituição, mecanismo ou acordo que facilite o comércio O mercado é um grupo de compradores e vendedores de um bem ou serviço Compradores determinam a Demanda Vendedores determinam a Oferta Preço 43 Indica o quanto consumidores querem que determinado produto ou serviço seja produzido Determinado através de um processo de descoberta Preços relativos. Computado dividindo-se o preço absoluto de um bem por outro Tipos de Mercado Mercado Competitivo: Muitos compradores e vendedores Não é controlado por nenhum indivíduo individualmente Quando existe o estabelecimento de uma “banda” curta de preços que compradores e vendedores agem sobre ela Perfeitamente Competitivo Produtos homogêneos Compradores e vendedores aceitam o preço determinado Muitos compradores e vendedores de forma que ninguém pode influenciar, sozinho, o mercado Monopólio: Um vendedor que controla o preço de mercado Oligopólio: Poucos vendedores onde não há concorrência agressiva Competição Monopolística Muitos vendedores Produtos ligeiramente diferenciados Cada vendedor pode determinar o preço do seu produto 1.2 Demanda Definição “... Como a quantidade de determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir em certo período de tempo.” Montoro Filho (2006, p. 66) 44 Lei da Demanda Existe uma relação inversa/ negativa entre preço e quantidade demandada Matematicamente, Dx = f(Px, Pz, R, G, Demais fatores) Onde, Dx = a demanda do bem x; Px = o preço do bem x; Pz = o preço dos demais bens R = renda G = preferências, hábitos Para estudar a influência de cada fator sobre a demanda é necessário fazer uma simplificação, que é considerar cada efeito, cada variável, separadamente, fazendo a hipótese de que tudo o mais permaneça constante. Esta hipótese é também conhecida como a cláusula do coeteris paribus. Assim, considerando que a quantidade demandada depende apenas do preço do bem, teríamos que: Dx = f(Px) Tudo o mais permanecendo constante Esquema de Demanda É uma tabela que mostra a relação entre o preço de um bem e a quantidade demandada àquele preço 45 Preço Quantidade $ 0.00 12 $ 0.50 10 $ 1.00 8 $ 1.50 6 $ 2.00 4 $ 2.50 2 $ 3.00 0 Curva da Demanda É uma curva com inclinação negativa relacionando preço à quantidade demandada Determinantes da Demanda 46 Que fatores determinam a quantidade de sorvete que você quer comprar? Que fatores determinam a quantidade de sorvete que você pode comprar? 1) Preço de mercado 2) Renda do indivíduo 3) Preço de produtos similares 4) Gosto 5) Expectativa 6) Número de consumidores Curva da Demanda Mostra a quantidade máxima de um determinado bem que consumidores estão desejando adquirir a diversos níveis de preço (ceteris paribus) Mostra o preço máximo que indivíduos estão dispostos a pagar por uma unidade adicional de produto (ceteris paribus) Ceteris Paribus Frase em latim que significa “todas as outras coisas estando iguais”, isto é, quando da análise a única coisa que estará se alterando será a variável que se estiver analisando. Determinantes da Demanda Preço de Mercado: Existe uma relação inversa entre preço e quantidade demandada (Lei da Demanda) 47 Determinantes da Demanda Renda: aumento de renda aumenta a demanda por um bem “normal” Determinantes da Demanda Renda: aumento de renda diminui a demanda por um bem “inferior” Determinantes da Demanda 48 Preços de Bens Relacionados: Quando a queda de preço de um bem reduz a demanda por outro, os bens são chamados de “substitutos” Preços de Bens Relacionados: Quando a queda de preço de um bem aumenta a demanda por outro, os bens são chamados de “complementares” . Relação entre quantidade demandada e número de consumidores Na maioria dos casos ela é positiva Pode ser influenciada pela idade de uma população, por exemplo Quem compra ingressos para assistir Nelson Gonçalves, Sandy & Júnior, etc. Esquema de Demanda e Curva de Demanda Esquema de Demanda: tabela que mostra o preço de um bem e a quantidade demandada Curva de Demanda: linha com inclinação negativa relacionando preço a quantidade demandada Ceteris Paribus ... Todas as demais variáveis relevantes são consideradas constantes, com exceção das que estão sendo analisadas naquele momento Mudança na quantidade demandada x Mudança na demanda Mudança na quantidade demandada: move-se sobre a curva da demanda quando há mudança de preço Mudança na demanda: a curva inteira se move para a esquerda ou direita Mudança na Quantidade Demandada 49 Mudança na Quantidade Demandada Mudança na Demanda 50 Quantidade Demandada e Demanda Variável Uma Mudança na Variável Causa um(a)... Preço Movimento ao longo da curva da demanda Renda Deslocamento da curva Preço de bem relacionado Deslocamento da curva Gostos Deslocamento da curva Expectativa Deslocamento da curva Número de Compradores Deslocamento da curva Derivando a Demanda de Mercado 51 Bens Substitutos Se o aumento do preço do bem i aumentar a demanda do bem x, então os bens i e x são chamados substitutos ou concorrentes. Bens Complementares Se a redução do preço do bem i ocasionar um aumento da demanda do bem x, então os bens i e x são chamados complementares. Portanto, bens complementares são aqueles que são consumidos conjuntamente. 52 Relação entre a demanda de um bem e a renda do consumidor Em geral, existe uma relação crescente e direta entre a renda e a demanda por um bem ou serviço. Bem Normal Tipo de bem cuja quantidade demandada varia diretamente a variações na renda do consumidor, coeteris paribus. Bem de Consumo Saciado Dada uma variação na renda do consumidor, a quantidade demandada não se altera, coeteris paribus. Bem Inferior Tipo de bem cuja quantidade demandada varia inversamente a variações na renda do consumidor, coeteris paribus. Relação entre a demanda de um bem e a renda do consumidor Exercício 1: 53 Exercício 2: 1.3 Oferta Definição “... como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam por unidade de tempo.” Montoro Filho (2006, p. 73) Matematicamente, Ox = f(Px, Pz, C.F.P, T, Nº Empresas no mercado) Onde Ox = quantidade ofertada do bem x; 54 Px = o preço do bem x; Pz = o preço dos outros bens C.F.T= custo dos fatores de produção, T = tecnologia Lei da Oferta É a quantidade de produtos que vendedores desejam e podem produzir para vender a diversos níveis de preço Oferta de sorvete Determinantes da Oferta Preço de mercado Preço dos insumos Tecnologia Expectativa Número de produtores Esquema de Oferta 55 É uma tabela que mostra a relação entre o preço de um bem e a quantidade ofertada àquele preço Preço Quantidade $ 0.00 0 $ 0.50 0 $ 1.00 1 $ 1.50 2 $ 2.00 3 $ 2.50 4 $ 3.00 5 Curva da Oferta Existe uma relação direta (positiva/ crescente) entre preço e quantidade (Lei da Oferta) Esquema de Oferta e Curva da Oferta Esquema de Oferta: tabela que mostra o preço de um bem e a quantidade ofertada Curva da Oferta: linha com inclinação positiva relacionando preço a quantidade demandada 56 Mudança na Quantidade Ofertada x Mudança na Oferta Mudança na Quantidade Ofertada: move-se sobre a curva da oferta quando há mudança de preço Mudança na Oferta: a curva inteira se move para a esquerda ou direita Mudança na Quantidade Ofertada 57 Mudança na Oferta Quantidade Ofertada e Oferta Variável Uma Mudança na Variável Causa um(a)... Preço Movimento ao longo da curva da oferta Preço dos Insumos Deslocamento da curva Tecnologia Deslocamento da curva Expectativa Deslocamento da curva Número de Compradores Deslocamento da curva Derivando a Oferta de Mercado 58 Exercício 3: Exercício 4: Exercício 5: 59 Exercício 6: 1.4 Equilíbrio de mercado Preço de Equilíbrio: preço onde as duas curvas se cruzam. A quantidade demandada e ofertada são iguais. Quantidade de equilíbrio: quantidade determinada pela intersecção das curvas de oferta e demanda. 60 Chegando ao Equilíbrio Excesso de Oferta: preço acima do equilíbrio, a quantidade ofertada é maior que a quantidade demandada. Excesso de Demanda: preço abaixo do equilíbrio, a quantidade ofertada é menor que a quantidade demandada. 61 Excesso de Oferta Preço acima do equilíbrio, a quantidade ofertada é maior que a quantidade demandada. Vendedores terão que baixar o preço para aumentar as vendas, voltando então ao equilíbrio. Excesso de Demanda Preço abaixo do equilíbrio, a quantidade ofertada é menor que a quantidade demandada. Vendedores aumentarão os preços, voltando então ao equilíbrio. Análise Estática Comparativa Determina se determinado evento muda a demanda, a oferta ou ambas ou se há apenas um movimento sobre uma das curvas ou sobre ambas Determina se as curvas movem para a direita ou esquerda Determina como essas mudanças afetam o preço e a quantidade de equilíbrio Exemplo: Consumo do sorvete com a chegada de uma onda de calor Deslocamento da Curva ou Movimentos Sobre a Curva 62 A um deslocamento da curva de oferta dá-se o nome de mudança na oferta A um movimento sobre a curva de oferta dá-se o nome de mudança na quantidade ofertada A um deslocamento da curva de demanda dá-se o nome de mudança na demanda A um movimento sobre a curva de demanda dá-se o nome de mudança na quantidade demandada Aumento de renda real (aumento do poder aquisitivo) eleva a demanda pelo bem x Portanto, há um deslocamento da curva de demanda para a direita, para D‟D‟. Novo equilíbrio com preço e quantidade maiores. Diminuição dos preços das matérias-primas. Portanto, há um deslocamento da curva de oferta para a direita, para O‟O‟. Novo equilíbrio com preço menor e quantidade maior 63 Exemplo: Onda de calor. O que acontece? O que acontece com o preço e a quantidade de equilíbrio? Oferta Inalterada Aumento Oferta Diminuição Oferta Demanda Inalterada P igual Q igual P diminui Q aumenta P aumenta Q diminui Aumento Demanda P aumenta Q diminui P ambíguo Q aumenta P aumenta Q ambíguo Diminuição Demanda P diminui Q diminui P diminui Q ambíguo P ambíguo Q diminui Diminuição da Oferta Número de produtores e/ou vendedores diminui A tecnologia se deteriora Custos aumentam 64 Impostos aumentam Subsídios diminuem O preço de produtos alternativos aumentam O preço de produtos complementares diminuem Aumento da Oferta Número de produtores e/ou vendedores aumenta A tecnologia melhora Custos diminuem Impostos diminuem Subsídios aumentam O preço de produtos alternativos diminuem O preço de produtos complementares aumentam O tempo Muito Curto Prazo: consumidores e produtores não têm tempo de fazer quaisquer ajustes Longo Prazo: consumidores e produtores podem considerar alternativas e fazer substituição no consumo ou na produção Efeito Tempo na Demanda 65 Economistas utilizam o modelo de oferta e demanda para analisar mercados competitivos A curva de demanda mostra como a quantidade demandada de um bem depende do seu preço Além do preço, a renda, os gostos, as expectativas e os preços de outros produtos (substitutos ou complementares) podem também determinar a quantidade demandada de um produto O equilíbrio de mercado é atingido quando a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada, ou graficamente falando, as duas curvas se cruzam no eixo XY Em economias de mercado, os preços são os sinalizadores que guiam como os indivíduos e firmas devem alocar os recursos Elasticidade-preço da demanda Em qual grau a quantidade demandada responde a uma variação de preços? Elasticidade-preço da demanda é a variação percentual de quantidade demandada do bem x para cada unidade de variação percentual no preço do bem x. Em outras palavras, a elasticidade-preço da demanda indica quantos por cento vai variar (ou reduzir) a quantidade 66 demandada de um bem para cada um por cento de variação no seu preço. Matematicamente, Elasticidade no ponto e no arco A elasticidade no arco pode ser compreendida como a média aritmética das quantidades e dos preços entre os pontos A e B. Definições I- Demanda inelástica, quando ηD > -1 ou |ηD| < 1 % Var.Q < % Var.P II – Demanda de elasticidade unitária, quando ηD = 1 ou |ηD|=1 67 % Var.Q = % Var.P III – Demanda elástica, quando ηD <-1 ou |ηD| > 1 % Var.Q > % Var.P Casos extremos Relação entre receita total e elasticidade Fatores que influenciam a elasticidade-preço da demanda 1. A existência de bens substitutos 68 É de se esperar que, quanto melhores substitutos tiver o bem, maior será sua elasticidade, pois será mais fácil para o consumidor trocar um determinado bem, se eu preço aumentar. 2. O peso do bem no orçamento Se for pouco substituível, quanto menor o peso do bem no orçamento, menor será sua elasticidade. 3. Essencialidade do bem Quanto mais essencial for o bem, menor deverá ser sua elasticidade-preço. Elasticidade-preço cruzada da demanda Muito parecido com o conceito de elasticidade-preço da demanda, no caso da elasticidade-preço cruzada compara-se variações percentuais da quantidade demandada de um bem com variações percentuais de preço de outro bem. Formalmente, a elasticidade-preço cruzada entre os bens x e y é a variação percentual de quantidade demandada do bem x para cada unidade de variação percentual do preço y. Matematicamente, Elasticidade-preço cruzada da demanda Esta razão pode assumir valores negativos e positivos ou, ainda, ser igual a zero. Se o resultado for < 0, isto é, negativo, os dois bens são complementares. Se o resultado for > 0, isto é, positivo, os dois bens são substitutos ou sucedâneos. Se o resultado for = 0, os dois bens não guardam qualquer relação de consumo entre si. Elasticidade-preço cruzada da demanda 69 Exemplo: Suponha que X seja manteiga e Y seja margarina (dois produtos tipicamente substitutos). Se o preço de Y subir (+), a quantidade demandada de manteiga deve aumentar ( + ). Logo, dividindo-se um valor positivo por outro positivo, o resultado será um valor positivo e, portanto os bens são substitutos. Elasticidade-renda da demanda do bem x Elasticidade-renda da demanda É a variação percentual da quantidade demandada de um bem x para cada unidade de variação percentual da renda do consumidor. Matematicamente, Dependendo do valor do coeficiente da elasticidade-renda obtido, o bem será classificado em bem inferior, ou bem normal ou bem superior. Assim, por exemplo, suponha que a renda dos consumidores tenha se elevado, num certo período de R$ 1.000,00 para R$ 1.300,00, em conseqüência, a quantidade demandada dos bens A, B, C e D, se alteraram de Qd0 para Qd1, conforme a tabela a seguir: Bens Q0 Q1 A 20 18 B 25 30 C 30 78 D 10 15 E 40 40 Utilizando a fórmula acima, podemos calcular a elasticidade-renda para os cinco bens acima, assim: 70 Elasticidade-preço de oferta do bem x Do mesmo modo que a elasticidade de demanda, a elasticidade de oferta define-se como a variação percentual na quantidade ofertada do bem x para cada unidade de variação percentual no preço do bem x. Matematicamente, Dadas as equações de demanda e oferta para o mercado de tilápia: Qd = 10 – 3 P + 1,5 I Qs = - 5 + 5 P – 0,5 T Determine o ponto de equilíbrio para o mercado de tilápia quando: Situação inicial: I0 = 100 e T0 = 50 Situação final: I1 = 200 e T1 = 30 71 Mudança nas Curvas de Oferta e Demanda 72 Dada a equação de demanda de um bem: Qd s 3.000Ps 1.000R 0,05Pop 1.500Pc Calcule a Er quando: Q = 8.000.000 R = 10.000 dQds 1.000 dR Er dQds R . dR Q Er 1.000 10.000 1,25 8.000.000 Um aumento da renda em 1% levará ao aumento da quantidade demandada em 1,25%, sendo portanto um bem normal. Dada a equação de demanda para o bem S: Qd s 3.000Ps 1.000R 0,05Pop 1.500Pc Calcule a ESC quando: Qs = 9.500.000 Pc = 3.500 ESC 1.500 3.500 9.500.000 ESC 0,55 0 Um aumento do preço do bem C em 1% levará ao aumento da quantidade demandada do bem S em 0,55%, sendo portanto um bem substituto. 1.5 Aplicações da análise da oferta e da procura Aplicações importantes da teoria de mercado podem ser notadas diariamente. Por exemplo, se a oferta de um bem aumentar, coeteris paribus, o preço de equilíbrio deve cair. A teoria de preços desenvolvida, apesar de elementar, é muito poderosa em sua aplicação a uma série de situações concretas. Garantias de preços mínimos Políticas de preços mínimos 73 Quando o governo garante preços mínimos, pretensamente justos, visando proteger os produtores de flutuações de mercado. 2 casos devem ser considerados: preço de equilíbrio superior ao preço mínimo preço de equilíbrio inferior ao preço mínimo Preço de equilíbrio superior ao preço mínimo Como o preço mínimo é inferior ao preço de mercado, ninguém vai usar essa garantia, pois é melhor para o produtor vender diretamente ao mercado, no qual recebe P0, do que recorrer às autoridades e ganhar PM por unidade. Preço de equilíbrio inferior ao preço mínimo Como o preço mínimo é superior ao preço de mercado, haverá excesso de oferta, pois os produtores preferirão vender ao preço PM ao preço P0, pois PM>P0. Nesse caso, o excesso de oferta será a diferença QS – QD. 74 Neste caso, o governo pode intervir no mercado de duas formas: 1. programa de compras – o governo compra o excedente ao preço PM (a curva de demanda se desloca para a direita). 2. programa de subsídios – o governo permite que os preços caiam, mas, para manter a receita dos produtores, paga-lhes um subsídio, exatamente igual à diferença entre o preço mínimo e o preço de mercado. Controle de preços e racionamento A política de preços mínimos visa defender o produtor. Já a política de controle de preços tem por objetivo defender o consumidor, pois nesses casos o governo fixa um preço máximo pelo qual a mercadoria poderá ser vendida. Este preço deve ser, portanto, inferior ao preço de equilíbrio, o que ocasionará necessariamente um excesso de demanda. Como os preços não podem subir, serão necessários outros mecanismos para distribuir a quantidade ofertada entre os demandantes. 75 Formas de resolver o problema do excesso de demanda: 1. Filas: o primeiros são contemplados 2. Vendas por “debaixo do pano” 3. Mercado negro (que surge quando as autoridades não dispõem de meios adequados para fiscalizar as vendas) 4. Racionamento UNIDADE II – TEORIA DO CONSUMIDOR Introdução O núcleo conceptual da Teoria do Consumidor é o princípio de que a decisão dos agentes económicos resulta de uma comparação entre o benefício da sua acção (i.e., o ganho de bem-estar que origina) com o custo de a implementar (i.e., o dispêndio de recursos escassos disponíveis) Bentham (1748-1832) desenvolve o utilitarismo como o fundo ético do Homem que responde a todas as questões acerca do que fazer, do que admirar e de como viver. Jeremy Bentham (1789), Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação. Insere-se no movimento filosófico de libertação do Homem da esfera do sagrado. O princípio da optimização resulta directamente da teoria da Selecção Natural, Charles Darwin (1809-82): os indivíduos mais optimizadores têm maior probabilidade de sobreviver, de ter filhos e de transmitir essa ética aos seus filhos (e concidadãos). Na teoria do consumidor assumimos que: 76 O indivíduo escolhe um cabaz formado com uma certa quantidade de dois bens ou serviços estando sujeito ao rendimento que tem disponível. Os indivíduos possuem informação e raciocínio perfeitos (o que é público). 2.1 Utilidade Marginal Preferências e gostos Princípio da Utilidade Cada indivíduo tem necessidades que, quando satisfeitas, lhe permitem viver numa situação de maior conforto, de maior bem-estar. Em termos económicos, as necessidades humanas são satisfeitas com a apropriação e fruição de bens e serviços. A utilidade (i.e., o valor económico) dos bens e serviços resulta da sua capacidade em satisfazer as necessidades humanas. Se um objeto não satisfaz nenhuma necessidade humana, então não tem utilidade De entre as coisas com utilidade, a afetação das que estão disponíveis em quantidades ilimitadas não são um problema porque o indivíduo consegue sempre apropriar a quantidade suficiente para satisfazer as suas necessidades. A utilidades das coisas (i.e., o seu valor econômico) é subjetiva, pois depende dos gostos e preferências da pessoa que as vai consumir/fruir. A aceitação deste princípio moral inviabiliza a existência de uma economia centralizada eficiente. Princípio da Comparabilidade Sendo o cabaz A = (a1, a2) que contém as quantidades a1 e a2 de dois b&s o ser humano é capaz de o comparar com qualquer outro cabaz B = (b1, b2) formado por quantidade diferentes dos mesmos b&s. O indivíduo considera que o cabaz B é pior, análogo ou melhor, que o cabaz A. 77 Se A for pior que B, o indivíduo pretere o A a B Se A for análogo a B, o indivíduo está indiferente entre A e B Se A for melhor que B, o indivíduo prefere o cabaz A ao B Princípio da Transitividade da Comparação traduz que as escolhas do consumidor são consistentes. e.g, se A é melhor que B e B é melhor que C, então A é melhor que C. Vamos codificar “melhor que” por >; “análogo a” por =; e “pior que” por <; Exercício 1: Considere os cabazes A, B, C e D. Como se compara A com C e D? i) Se A = B, B > C e C = D ii) Se A = B e B = C iii) Se A ≤ B, B ≤ C e C = D iii) Se A ≤ B, B = C e C ≥ D Solução: i) A > C e A>D ii)A = C iii)A ≤ C e A ≤ D iv)Não se sabe. Princípio da Insaciabilidade O ser humano prefere sempre apropriar uma maior quantidade (ou qualidade) de bens ou serviços. Em termos de quantidade, não será um princípio sempre aceitável e.g., a quantidade de comida que queremos consumir tem um limite. Ficamos empanturrado Não queremos engordar No entanto, preferíamos sempre comida mais saborosa (i.e., de maior qualidade). 78 Curva de indiferença Delimitação dos melhores/piores Pensando em termos de dois bens ou serviços, a insaciabilidade vai-nos permitir começar a comparar os cabazes Sendo o cabaz A = (a1, a2) e o cabaz genérico B = (b1, b2), posso delimitar os subdomínios em que B é melhor que A e em que é pior que A No local dos “melhores”, tenho mais de ambos os bens Na fronteira tenho igual quantidade de um bem e maior quantidade de outro bem A > B se (a1 = b1 e a2 > b2) ou (a1 > b1 e a2 = b2) ou (a1 > b1 e a2 > b2) No local dos “piores”, tenho menos de ambos os bens Na fronteira tenho igual quantidade de um bem e menor quantidade de outro bem A < B se (a1 = b1 e a2 < b2) ou (a1 < b1 e a2 = b2) ou (a1 < b1 e a2 < b2) Taxa marginal de substituição 79 Sendo o cabaz A = (a1, a2), existe k que faz o cabaz B = (a1 + ; a2 + .k) análogo ao cabaz A é uma quantidade infinitesimal e k uma constante de valor negativo k é negativo porque aumento a quantidade de um b&s e diminuo a do outro b&s. Caso contrário, não observava a insaciabilidade Curva de indiferença Se eu continuar a aplicar a “substituição” de um pouco do bem 1 por um pouco do bem 2 (e vice-versa), vou traçando uma linha que contêm todos os cabazes análogos ao cabaz A. Como para o indivíduo os cabazes que formam essa linha são equivalentes, esta denomina-se por curva de indiferença e separa a zona dos capazes melhores que A da zona dos cabazes piores que A. A taxa marginal de substituição, k, entre o bem 1 e o bem 2 indica a inclinação da curva de indiferença em cada ponto, i.e., a derivada da curva de indiferença A curva de indiferenças é a quantidade de um bem em função da quantidade de outro bem que mantém o mesmo nível de bem-estar: y = f(x, u*) 80 Evolução da taxa marginal de substituição com a quantidade Para termos uma “teoria bem comportada” é necessário que qualquer linha que una dois cabazes da curva de indiferença passe apenas pela zona dos cabazes melhores que A. em termos matemáticos, a CI será convexa A convexidade obriga a que a taxa marginal de substituição (a inclinação da CI) diminua da esquerda para a direita. A convexidade é aceitável em termos económicos já que traduz que se tiver pouco do bem 1, apenas trocarei uma unidade desse bem por uma quantidade grande do bem 2 (k será grande em grandeza). se tiver muito do bem 1, estarei disponível para trocar uma unidade desse bem por uma quantidade mais pequena do bem 2 (k será menor em grandeza). 81 Mas, a um nível de teoria mais avançada, poderemos ter CI “mal” comportadas: Posso caracterizar as preferências do indivíduo por um conjunto de curvas de indiferença. Comparando duas curvas de indiferença, as que estão à direita e acima contêm cabazes que são preferíveis aos que se encontram nas curvas de indiferenças à esquerda e abaixo As curvas de indiferença nunca se intersectam. 82 Poderíamos avançar com uma análise das escolhas do consumidor usando apenas a as curvas de indiferença. No entanto, a modelização matemática obriga a atribuir um número a cada curva de indiferença Uma curva de indiferença com cabazes melhores terá associado um número maior. A esse número chama-se nível de utilidade e com ele constrói-se uma Função de Utilidade que dá as curvas de indiferença de forma implícita. C.I .q a2 (a1 , q) : U (a1 , a2 ) q Podemos obter a taxa marginal de substituição num determinado cabaz sem explicitar a forma funcional da curva de indiferença que lá passa. Usa-se o teorema da derivação da função implícita. U ( x,por y) q Sendo y(x) dada implicitamente Tem-se Leio taxa de substituição de x por y Substituo uma unidade de x por U ( x, y ) dy x TMSxy U ( x, y ) dx y K = TMSxy unidades de y. 83 2.2 A teoria da escolha Sob o princípio da insaciabilidade, o consumidor será otimizador Irá escolher o cabaz que lhe permita atingir o maior nível de utilidade. Em termos gráficos, considerado um determinado nível de rendimento, vamos considerar um exemplo de uma curva de indiferença de nível de utilidade U1. No caso representado, qualquer cabaz à direita da CI e abaixo da RO é ainda possível de adquirir não esgotam o rendimento disponível Existem nessa área cabaz melhores que os que se localizam em U1, (os contidos na zona azul). Princípio da insaciabilidade Então, o cabaz óptimo obriga a considerar outra CI mais à direita e acima desta, por exemplo a CI de nível de utilidade U2 > U1. No entanto, ainda é possível a aquisição de cabazes melhores que os da curva U2 (a zona vermelha da Figura a seguir). 84 No entanto, ainda é possível a aquisição de cabazes melhores que os da curva U2 (a zona vermelha da figura anterior). Na melhor das hipóteses, o consumidor pode escolher um cabaz sobre a CI cujo nível de utilidade é U3 > U2 > U1. No caso limite, a CI é tangente à RO e o cabaz óptimo encontra-se exactamente no ponto de tangencia. Em termos matemáticos, no cabaz óptimo teremos que a taxa marginal de substituição é igual inclinação da Recta Orçamental: TMSxy = –px/py. Generalização a cabazes em IRn: Em IR 2 , U '2 p U' U' 2 1 2 U '1 p1 p1 p2 Em IR n i, U 'i k pi 85 Há ainda necessidade de que se verifique a restrição orçamental. Esta forma é muito mais simples de memorizar. Esta condição também garante que, apesar de a função de utilidade ser diferente de consumidor para consumidor, É possível para todos os consumidores igualar o preço de mercado à sua utilidade marginal. Apesar da função de utilidade ser diferente, utilidade marginal será igual para todos A menos de um factor de escala. Formalização matemática do problema de optimização: A escolha do cabaz óptimo obriga a utilizar a (primeira) condição de optimização que foi obtida de forma gráfica. No entanto, podemos formalizar o problema de optimização do consumidor em termos matemáticos e resolvê-lo. Este modelo de extremos com uma equação de ligação pode ser tratado genericamente utilizando a equação Lagrangeana. ( x, y) : V MaxU ( x, y), sa x. p x y. p y r L U ( x, y ) .( x. p x y. p y r ) U x U y Lx 0 U x . p x 0 p Ly 0 U y . p y 0 x p y L 0 x. p x y. p y r x. p x y. p y r Também podemos resolver este problema de optimização por incorporação da equação de ligação na função a optimizar. Desta forma determina-se a quantidade dos bens, x :de V um MaxU ( x, r /e.g., p y x:x. px / p y ) Restrição orçamental Alteração do preço e do rendimento Determinação da curva de demanda individual Função de utilidade indireta Curva de Engel 86 Excedente do consumidor Aplicações Restrição orçamental É sabido que, o estudo da Economia está dependente da circunstância de a quantidade disponível de bens e serviços ser limitada e inferior às necessidades. O consumidor tem um rendimento nominal (i.e., em euros) que aplica na aquisição de bens ou serviços cujos preços de mercado são dados (o agente é price taker). O rendimento disponível das famílias tem origem principalmente nos salários, sendo também importantes os rendimentos do capital (e.g., dividendos e juros) e as transferências do estado (e.g., rendimento de inserção social). Tal como consideramos para as curvas de indiferença, tomemos o exemplo de um cabaz genérico com dois bens ou serviços, A = (a1, a2). A restrição orçamental virá dada por p1.a1 + p2.a2 ≤ r Restrição orçamental Reta orçamental, RO A linha fronteira entre a zona dos cabazes que o indivíduo pode adquirir e a zona dos cabazes que o indivíduo não pode adquirir p1.a1 + p2.a2 = r. Motivado pela insaciabilidade, o indivíduo esgota o rendimento, adquirindo apenas os cabazes sobre a RO 87 Podemos explicitar a RO, a2 = r/p2 – a1.p1/p2 a intersecção com o eixo vertical é r/p2, Traduz o máximo que eu posso comprar do bem 2 a intersecção com o eixo horizontal é r/p1, Traduz o máximo que eu posso comprar do bem 1 Efeito na RO da alteração do rendimento Quando o rendimento aumenta (e os preços se mantêm), o indivíduo pode consumir cabazes mais recheados. Em termos gráficos, este acontecimento traduz-se por um deslocamento da RO para a direita e para cima. O declive (dado por –p1/p2), não se altera. Quando o rendimento diminui, passa-se exactamente o contrário: a RO deslocando-se para a esquerda e para baixo, mantendo-se o declive. Efeito na RO da alteração dos preços Quando um preço se altera, a intersecção com o eixo que representa o bem ou serviço respectivo também se altera mas em sentido contrário. Esse facto resulta de o ponto de intersecção ser a quantidade que eu posso comprar e por isso inversamente proporcional ao preço, r/p Quanto mais barato for o bem ou serviço, maior quantidade posso comprar. 88 Vejamos uma alteração da RO quando o preço do bem representado no eixo dos yy diminui (mantendo-se o rendimento e o preço do bem representado no eixo dos xx). Se o preço do bem y aumentasse, observava-se o contrário O ponto de intersecção ficaria mais próximo da origem mutatis mutandis Expressão latina que traduz “mudando o que tem que ser mudado”. É aplicado na comparação de situações que são diferentes mas entre as quais existe alguma analogia. e.g., o ser humano é, mutatis mutandis, anatomicamente igual ao rato. Pela comparação das situações, vemos que uma alteração do rendimento é equivalente a uma alteração proporcional e de sinal contrário de todos os preços. e.g., o aumento do rendimento em 1% é equivalente à descida de ambos os preços em 1%. 89 Alteração do preço e do rendimento Efeito de uma alteração do preço resulta uma alteração em sentido contrário na quantidade consumida do bem ou serviço respectivo mas também poderá ocorrer uma alteração na quantidade consumida dos outros bens (para mais ou para menos). Do aumento do preço resulta sempre numa diminuição da quantidade consumida do bem correspondente. Bens substitutos: Quando o aumento do preço do bem X induz um aumento da quantidade procurada do bem Y Bens complementares: induz uma diminuição da quantidade procurada do bem Y Bens independentes: Se a quantidade procurada do bem Y se mantém. 90 Alteração do preço e do rendimento Efeito de uma alteração do rendimento: Quando o rendimento disponível aumenta, acontece um deslocamento da recta orçamental para a direita (e para cima) o indivíduo melhora. O aumento do rendimento induz um aumento das quantidades adquiridas dos bens ou serviços considerados no cabaz também pode acontecer que diminuam a quantidade procurada de um (ou de alguns) dos bens ou serviços (mas nunca de todos). Alteração do preço e do rendimento Bens ou serviços normais: A quantidade consumida aumenta com o rendimento. 91 Bem de primeira necessidade: Se a quantidade adquirida aumentar pouco (se a elasticidade da quantidade relativamente ao rendimento for menor que 1) Bem de luxo: Se a quantidade adquirida aumentar muito (se a elasticidade da quantidade relativamente ao rendimento for maior que 1) Bens ou serviços inferiores: A quantidade consumida diminui com o rendimento. e.g., a quantidade de passageiros nos transportes públicos aumenta nos períodos de crise. Determinação da curva de demanda individual Quando falamos do modelo empírico do mercado, referi que a curva de demanda de mercado (que não é directamente observável) resulta da soma das curvas de demanda individuais dos agentes económicos. Se da teoria resultarem curvas de demanda individuais com propriedades adequadas (decrescentes com o preço), fica justificada a existência da curva de demanda de mercado (decrescente com o preço). Vamos obter a curva da demanda resolvendo o problema de maximização da utilidade considerando o preço do bem x como variável e o preço do bem y e o rendimento disponível como parâmetros (variáveis exógenas). U x U y X ( p) : px p y x. p y. p r y x A obtenção de uma curva de demanda particular vai estar dependente dos gostos e preferências do indivíduo e do seu rendimento disponível. Função de utilidade indireta A este nível de formalização não pode-se provar propriedades genéricas mas apenas no concreto de uma função de utilidade. O cabaz que o indivíduo vai adquirir está dependente do seu rendimento (e dos preços). 92 Se pode determinar a função de utilidade indirecta como o nível de utilidade que o indivíduo atinge para cada rendimento (sob a suposição de que escolhe o cabaz óptimo). V (r ) Max{U ( x1 , x2 ), s.a. p1.x1 p2 x2 r} A função de utilidade indirecta é crescente com o rendimento (que resulta do principio da insaciabilidade). V ' (r ) 0 Esta função é útil como passo intermédio, por exemplo, no estudo do comportamento sob risco e na Teoria de Produção. Curva de Engel A função que relaciona a quantidade adquirida com o rendimento. Na Macroeconomia esta curva é denominada por Curva de Consumo e é assumido que é positiva e crescente com o rendimento. C = C0 + k.R, C0 é o consumo autónomo e k a propensão marginal ao consumo (0 < k < 1). Excedente do consumidor Como a função procura resulta do problema de maximização da utilidade do indivíduo, então existe uma relação entre essa função e a função de utilidade (que é uma escala do bem-estar do indivíduo) que não é observável. U 'y U 'x U ' y U U 'x px k. px px py py x Excedente do consumidor Sendo que U é uma função, então px deixa de ser um valor para ser a função de procura explicitada em ordem ao preço (função de procura inversa). e.g., se a função de procura fosse dada por x(p) = A + B.p, a função inversa viria dada em por p(x) = (x – A)/B. Excedente do consumidor 93 A partir da observação do mercado, não conseguimos estimar U(0) nem k. No entanto, podemos construir uma função utilidade equivalente à que desconhecemos partindo apenas da função de procura: Porque a função de utilidade é ordinal Esta função que traduz o ganho de utilidade denomina-se por Excedente do Consumidor. Excedente do consumidor O excedente do consumidor quantifica em termos monetários (i.e., R$) quando o indivíduo aumenta o seu bem-estar por poder ir ao mercado e comprar a quantidade x do bem ou serviço. Aplicações Vamos aplicamos a teoria do consumidor a alguns exemplos de políticas do governo. Estas políticas, por actuarem ao nível dos preços e das quantidades transaccionadas, denominam-se por microeconómicas. Apresenta-se ainda a taxa de juro e como esta actua na estabilização da economia. Aplicações Vamos aplicamos a teoria do consumidor a alguns exemplos de políticas do governo. 94 Estas políticas, por actuarem ao nível dos preços e das quantidades transaccionadas, denominam-se por microeconómicas. Apresenta-se ainda a taxa de juro e como esta atua na estabilização da economia. Função de oferta de trabalho Podemos imaginar a economia como dois agentes económicos, uma empresa e uma família, A família procura (e consome) bens e serviços e oferece (produz) trabalho e A empresa procura (e consome) trabalho e oferece (produz) bens e serviços. Para a família (ou famílias), o aumento do consumo tem um efeito positivo no seu nível de bem-estar enquanto que o aumento das horas de trabalho tem um efeito negativo no bem-estar. Podemos construir um modelo da família. Pressupondo que i) Agregam-se todos os b&s numa mercadoria compósita, X, cujo preço unitário é 1 (é o numerário), ii) A família nasce com a quantidade L0 de tempo disponível, que pode usar como lazer, L, ou vender como trabalho, T = L0 – L, cujo preço unitário é w (o salário real unitário). A função de oferta de trabalho resolverá. ( X , L) : V MaxU ( X , L), sa X ( L0 L).w 95 Função de oferta de trabalho A recta orçamental vem dada por X ( L0 L).w é gasto todo o salário na aquisição do bem X ao preço unitário. Explicita-se como L = L0 – X/w intersecta o eixo do lazer em L0 e o eixo dos bens e serviços em L0.w Taxa de juro, consumo e poupança 96 O princípio da insaciabilidade parece excluir que a Teoria do Consumidor possa explicar a existência de poupança. Esse resultado depende de termos considerado que a decisão do agente não tem em atenção o futuro o modelo também é válido sob o pressuposto de que o indivíduo tem vida infinita e que os valores assumidos pelas variáveis se mantêm constantes para sempre. Para estudar a influência da taxa de juro no consumo e na poupança, precisamos considerar vários períodos. Vamos considerar 2 períodos A análise começa no último período de vida e depois andamos para traz no tempo. Está metodologia denomina-se por Backward Induction. O princípio da insaciabilidade garante que o indivíduo gastará S + r0 na aquisição do bem ou serviço compósito X0 ao preço p0. O índice zero traduz que já não lhe resta mais nenhum período de vida. X 0 (S r0 ). p0 Apesar de o modelo incorporar o que se vai passar no período futuro (o período de índice zero), a decisão quanto ao consumo e à poupança é tomada no período presente (o período de índice um). A forma de diminuir o consumo (e controlar a inflação) é através de uma subida da taxa de juro (neste caso, inicialmente o indivíduo pretendia endividarse mas o aumento da taxa de juro faz com que equilibrasse o orçamento). Risco O risco surge de o indivíduo não ter conhecimento perfeito do que vai acontecer no período futuro. Assim, os modelos que o incorporam traduzem a relaxação de que existe conhecimento público e perfeito. Existe quem distinga risco de incerteza mas não tem relevância. Vamos considerar um modelo de uma lotaria simples. No entanto, este modelo é de aplicação mais genérica (o que faremos no capítulo da teoria do produtor). 97 Na matemática Financeira tratam modelos mais complicados A teoria do consumidor com risco obriga a que a função de utilidade seja semi-cardinal. Não basta que atribua um número maior aos cabazes melhores mas tem que dar uma medida da proporção relativa do valor dos cabazes. e.g., terá que dizer que o A é 3 vezes melhor que o B. Lotaria: O indivíduo pretende escolher entre a quantia r certa (sem risco) e uma lotaria da qual pode ganhar o valor P0 com a probabilidade q ou P1 com a probabilidade (1 – q). A decisão vai ser em termos de valor esperado. Sendo V(r) a função de utilidade indirecta V (r ) Max U ( x, y), sa x. px y. py r O indivíduo vai comparar V(r) com a utilidade esperada da lotaria e escolher a opção a que corresponder maior valor: se V (r ) V ( P0 ).q V ( P1 ).(1 q) Lotaria; senão r Vamos supor a situação em que o rendimento fixo (sem risco) é igual ao rendimento esperado (médio) da lotaria (com risco). Se o indivíduo preferir o rendimento fixo, é avesso ao risco (risk averse); se estiver indiferentes, é neutro ao risco (risk neutral), se preferir a lotaria, é atraído pelo risco (risk lover). UNIDADE III – TEORIA DA PRODUÇÃO A Teoria da Produção preocupa-se com o lado da oferta do mercado, ou seja, com os produtores, que vão oferecer aos consumidores os bens e serviços por eles produzidos. Na teoria da produção, não há interesse em definir a empresa do ponto de vista jurídico ou contábil. Para a teoria da produção a empresa se resume apenas em uma unidade técnica de produção. Preocupa-se com a relação técnica ou tecnológica entre quantidade física de produtos (outputs) e fatores de produção (inputs). 98 Relação da quantidade física de produtos com os preços dos fatores de produção. Trata tanto do aspecto físico (quantidades), como também com os preços dos insumos. Produção – processo de transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produtos para a venda no mercado. Métodos ou processos de produção – Forma como os insumos são combinados, a fim de produzir um bem ou serviço. 1. Processo de produção simples – um só produto. 2. Processo de produção múltiplo – mais de um produto. 3.1 Tipos de competição se fala da estrutura do mercado se classifica: Competição Pura (Perfeita) Monopólio Oligopólio Competição Monopolística Competição Pura (Perfeita) Características: 1. O mercado é formado por um grande número de consumidores e vendedores/produtores; 2. Cada agente econômico age como se os preços fossem dados, isto é, as firmas são tomadoras de preços; 3. O produto é homogêneo ou pouco diferenciado, ou seja, possui as mesmas características; 4. Os fatores de produção fluem livremente entre as firmas, permitindo a livre entrada e saída das firmas no mercado; e 5. Todos os agentes econômicos (consumidores e produtores) possuem conhecimento completo e perfeito do mercado, principalmente preço dos bens, serviços e fatores de produção (informação perfeita). 99 Já que existem muitas firmas operando no mercado e vendendo o mesmo produto (homogêneo), a curva de demanda é altamente elástica (mas não perfeitamente elástica). Preços sob Competição Pura O preço de mercado é determinado pela interação da oferta e demanda. Nenhum indivíduo pode influenciar preço devido ao grande número de compradores e vendedores com conhecimento perfeito das condições de mercado. Sob tais condições: P = RMe = RMa Maximização de Lucro de Longo Prazo 100 No mercado de competição perfeita, cada produtor de peixe ajusta o nível de produção buscando maximizar lucro. Lucro = RT – CT Max. Lucro: RMa = CMa = P Se P > CMe: Lucro Extraordinário Novos produtores entrarão na indústria Aumento da oferta do produto Diminuição do preço de mercado P = CMe, Lucro Puro (equilíbrio de longo prazo). Monopólio Um monopólio existe quando apenas uma única firma atua em um mercado bem definido. O monopólio é o oposto da competição perfeita: Inexistência de competição direta ou rivalidade entre as firmas; Inexistência de substitutos próximos para o produto. Exemplo: energia elétrica, água potável distribuída pela rede geral, combustível fóssil e seus derivados. Um monopólio encara competição apenas indiretamente através dos produtores de outros bens (substitutos ou mesmo não-relacionados) que competem pela renda do consumidor. Exemplo: A empresa de fornecimento de energia elétrica detém o monopólio de geração e distribuição de energia elétrica para os usuários, não havendo substituto próximo para este recurso. Porém, esta empresa enfrenta competição estabelecida entre os fornecedores de serviços 101 básicos (água, saneamento, limpeza pública, serviços de saúde), que disputam a parcela da renda do consumidor alocada para este tipo de gastos. Características do Monopólio: A firma monopolista determina a quantidade e o preço do produto a ser vendido aos consumidores, portanto o preço varia em função da quantidade produzida. OBS: Na competição perfeita, o preço de equilíbrio não varia com a quantidade produzida pela firma, pois é constante. Substitutos próximos são raros ou indisponíveis. Não existe liberdade para novas firmas entrarem no mercado, que pode ser determinada pelo controle do mercado de matéria-prima, leis ou patentes. Condições para existência de um monopólio: Barreiras à Entrada: Existem leis e impedimentos legais tais como patentes que previnem a livre entrada e saída. Ex: O monopólio da prospecção e exploração da Petrobrás determinada por lei. Economias de Escala: A natureza das curvas de custo médio de longo prazo da indústria pode permitir apenas uma única firma operar. Ex: A energia elétrica somente torna-se economicamente viável (custos médios baixos) se existir apenas uma rede de distribuição operada por uma única empresa. Propriedade de Recursos Vitais ou Superiores: Se uma firma possui todas as ofertas conhecidas de matéria-prima ou tecnologia necessárias para fazer um dado produto, novos rivais não podem efetivamente entrar no mercado. Ex: O monopólio tecnológico da Microsoft para o ambiente Windows impede a entrada de novas empresas no mercado de softwares compatíveis. Mercado de Capital Imperfeito: Ex: (1) Os custos elevados da indústria de prospecção e exploração de petróleo eliminam concorrentes do setor de exploração de petróleo; (2) Grandes somas de dinheiro tipicamente são requeridas para iniciar projetos de aqüicultura. 102 Oligopólio Oligopólio é a estrutura de mercado formada por poucas firmas no mercado que reconhecem sua interdependência quanto à estratégia de preço. Características do Oligopólio: 1. Um número pequeno de grandes firmas cada uma detendo uma fatia considerável do mercado e afetando os preços e a política de preços das outras firmas. 2. O produto produzido não tem substitutos próximos. 3. Existe entrada limitada de novas firmas na indústria. 4. Existe pouco incentivo para as firmas oligopolísticas formarem um cartel, porém reconhecem sua interdependência, o que reduz a pressão da competição por preço. Competição Monopolística Competição monopolística é uma estrutura de mercado que combina as características da competição perfeita e do monopólio, incluindo: 1. Muitas firmas pequenas, cada uma detendo uma pequena fatia do mercado com pouca influência na determinação do preço. 2. O produto apresenta certo grau de diferenciação, porém o produto de uma firma é um bom substituto para os produtos das outras firmas. 3. Pouco ou nenhum incentivo para formar cartel, cada um geralmente ignora a existência das outras firmas. 4. Existem poucas barreiras à entrada de outras firmas no mercado. Cartéis e Fusões Um cartel é formado por meio de um acordo entre firmas independentes para agirem conjuntamente com relação às suas decisões de mercado. Se um cartel tem o controle absoluto de todas as firmas na indústria, pode operar como um monopólio. Uma fusão é a junção formal de duas ou mais firmas juridicamente diferentes em uma entidade de negócio única. Integração horizontal (duas firmas que vendem um mesmo tipo de produto) 103 Integração vertical (duas firmas que encontram-se em estádios diferentes da cadeia produtiva). 3.2 Receitas, custos e lucros na concorrência perfeita O Objetivo principal da empresa consiste em maximizar seus investimentos, ou seja, ter lucro. Lucro = Receitas (R) - Custos (C) Receitas é o valor monetário recebido ($) pela comercialização de bens e serviços. Custos são os gastos ligados à produção de bens e serviços vendidos durante um período de tempo. 3.3 Função de produção É a relação que mostra a quantidade física obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção em determinado período de tempo. 104 Supõe-se que foi atendida a eficiência técnica (máxima produção possível, em dados níveis de mão-de-obra, capital e tecnologia). Função Oferta = Relaciona a produção com os preços dos fatores de produção. Função Produção = Relaciona a produção com as quantidades físicas dos fatores de produção. Função de produção simplificada N = Quantidade utilizada de mão-de-obra. K = Quantidade utilizada de capital. q = f (N,K) Todas a variáveis (f,N,K) são expressas num fluxo no tempo (produção mensal, anual), em certo nível tecnológico. Fatores fixos e fatores variáveis de produção Fatores variáveis – aqueles cuja quantidade se altera quando o volume de produção altera. Ex.: O capital físico e as instalações da empresa Fatores fixos - aqueles cuja quantidade não se altera quando o volume de produção altera. Ex.: Mão-de-obra e as matérias-primas utilizadas Curto e longo prazos 105 Curto prazo para a siderúrgica e diferente do curto prazo da padaria. Longo prazo – todos os fatores de produção da função produção são considerados variáveis. Análise de curto prazo q = f (N,K) Observaremos dois fatores de produção dentro da função de produção simplificada. N = mão-de-obra (fator variável) K = capital (fator fixo) Veremos que a quantidade produzida irá depender somente da quantidade utilizada do fator variável. q = f (N) Produto total Produto total é a quantidade obtida utilizando o fator variável e mantendo fixa a quantidade utilizada dos outros fatores. Produtividade média do fator É a quantidade total produzida, dividida pela quantidade utilizada desse fator. Produtividade média da mão-de-obra: Pmen = quantidade do produto número de trabalhadores Produtividade média do capital: Pmek = quantidade do produto número de capital Produtividade marginal do fator 106 É a relação entre variações do produto total e as variações da quantidade produzida do fator. Produtividade marginal da mão-de-obra: çã é ã Produtividade média do capital: çã é Produtividade média e marginal do fator (agricultura) á çã é á Lei dos rendimentos decrescentes Elevando-se a quantidade do fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos outros fatores, a produção inicialmente aumentará a taxas crescentes, a seguir a produção continuará a crescer, porém a taxas decrescentes. 107 108 Os estágios de produção Análise de longo prazo Sempre há a variação de todos os fatores de produção, inclusive no tamanho da empresa. Isoquanta de Produção 109 Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST) A proporção de substituição que permite manter o mesmo nível de produção. Em termos geométricos a TMST é dado pela tangente à isoquanta. Estando o trabalho no eixo das abcissas, a TMST traduz quantas unidades de capital eu tenho que aumentar para poder diminuir a quantidade de trabalho numa unidade e manter o mesmo nível de produção. É equivalente à TMS da Teoria do Consumidor 110 Função implícita e a TMST: Sendo que a equação q = f(L, K) define implicitamente a isoquanta de nível q, então, posso usar o teorema da derivação da função implícita. Obtemos a TMST diretamente as partir das derivadas parciais da função de produção TMSTL,K = – f’L/ f’K. Economias de escala ou rendimentos de escala Rendimentos de escala – ocorre quando a variação do produto total é mais que proporcional que a variação quantidade utilizada dos fatores de produção. Ex: aumentando a utilização dos fatores de produção em 20%, o produto total (produção de uma empresa) irá crescer 30%. Rendimentos constantes de escala – ocorre quando a variação do produto total é igualmente proporcional que a variação quantidade utilizada dos fatores de produção. Ex: aumentando a utilização dos fatores de produção em 10%, o produto total (produção de uma empresa) irá crescer 10%. Rendimentos decrescentes de escala (deseconomias de escala) – ocorre quando a variação do produto total é menos do que proporcional à variação quantidade utilizada dos fatores de produção. Ex: aumentando a utilização dos fatores de produção em 10%, o produto total (produção de uma empresa) irá crescer 5%. Causas geradoras da economia de escala Maior especialização da mão-de-obra; Existência de indivisibilidade. (ex: não dá para comprar um “meio forno” em uma siderúrgica, ou seja, adquiri-se um forno com grande aumento de produção) 3.4 A firma 111 O objetivo básico da firma é a maximização dos seus resultados quando realiza sua atividade produtiva. O preço constituirá a despesa total que a firma realizará para poder dar andamento à produção Essa despesa é normalmente denominada custo total de produção Teoria dos Custos O conceito de custo, tal como ele é entendido pelos economistas, difere grandemente do conceito de custo utilizado na contabilidade das empresas. Porque os contadores, ao elaborarem a contabilidade de lucros e perdas de uma empresa qualquer, levam em consideração somente os custos explícitos, que consistem nas despesas explicitas realizadas pela firma para adquirir ou contratar recursos. Exemplo: as despesas com salários, encargos sociais dos empregados, energia, água, aluguel, seguro, impostos sobre vendas etc. Custo de Oportunidade 112 Grau de sacrifício exigido ao optar-se pela produção de um bem em termos da produção alternativa sacrificada. Também chamado custo alternativo ou custo implícito (por não envolver desembolso monetário) Custos Fixo e variável O produto total é uma função dos fatores fixos e variáveis. O Custo Total de produção é igual ao custo fixo (o custo dos fatores fixos) mais o custo variável (o custo dos fatores variáveis) Custo Fixo: Não varia com os níveis de produção Custo Variável: Custo que varia à medida que varia o nível de produção 113 A função de produção vs. função custo Retornos crescentes e custo Com retornos crescentes, o produto está crescendo em relação ao fator variável e custo variável e, o custo total decrescerá com aumentos no produto Retornos decrescentes e custo 114 Com retornos decrescentes, o produto está decrescendo relativamente ao uso do fator variável e de seu custo e o custo total aumentará com aumentos no produto. A relação entre produto marginal e custo marginal Suponha que um salário (w) seja fixado em relação ao número de trabalhadores. Então: CMg ΔCV Δ(wL) ΔL 1 w w( ) ΔQ ΔQ ΔQ PMg L Conclui-se que um produto marginal baixo (PMg) eleva o custo marginal (CMg) e vice-versa. A relação entre custo variável médio e o produto médio do fator trabalho CVMe CV (wL) L 1 w w( ) Q Q Q PMe L Conclui-se que uma baixa produtividade média (PMe) eleva o custo variável médio (CVMe) e vice-versa O formato das funções de custo depende da tecnologia de produção, já que aquelas funções são derivadas das funções de produção. 115 Curvas de Custos 116 117 3.5 Teoria dos jogos A Teoria dos Jogos é uma teoria matemática criada para se modelar fenômenos que podem ser observados quando dois ou mais “agentes de decisão” interagem entre si. Ela fornece a linguagem para a descrição de processos de decisão conscientes e objetivos envolvendo mais do que um indivíduo. A Teoria dos Jogos é usada na aplicabilidade de assuntos diversos tais como eleições, economia, balança de poder, evolução genética, etc. Após 1940 se estendeu as Relações Internacionais e até na área da psicologia. É uma teoria matemática pura, que pode e tem sido estudada como tal. A Teoria dos Jogos não é um modelo de Relações Internacionais, ela deve ser entendida como um modelo para as Relações Internacionais. Sua popularidade nos estudos da disciplina de Relações Internacionais vem aumentando especialmente no período pós – Guerra Fria. História Registros antigos sobre Teoria dos Jogos são desde o séc. XVIII. Mas só início do séc. XIX, é que teremos o trabalho de estudo de mais destaque de Augustin Cournot sobre duopólio. 118 Em 1913, Ernst Zermelo publicou um teorema dizendo que o jogo de xadrez é estritamente determinado. Ou seja, em cada estágio do jogo os jogadores terão estratégias que os conduziram à vitória ou ao empate. Outro grande matemático que se interessou em jogos foi Emile Borel, que reinventou as soluções minimax e publicou quatro artigos sobre jogos estratégicos. Ele achava que a guerra e a economia podiam ser estudadas de uma maneira semelhante. Em seu início, a teoria dos jogos chamou pouca atenção. O grande matemático John Von Neumann mudou esta situação. Em 1928 ele demonstrou que todo jogo finito de soma zero com duas pessoas possui uma solução em estratégias mistas. A demonstração original usava topologia e análise funcional e era muito complicada de se acompanhar. Em 1937, ele forneceu uma nova demonstração baseada no teorema do ponto fixo de Brouwer. O teorema do Ponto Fixo de Brouwer tem grande aplicação em problemas econômicos com racionamento, onde é possível fixar um nível de consumo/produto e daí estabelecer um vetor de preços capaz de compatibilizar esse nível. John Von Neumann, que trabalhava em muitas áreas da ciência, mostrou interesse em economia e, junto com o economista Oscar Morgenstern, publicou 119 o clássico “The Theory of Games and Economic Behaviour” em 1944 e, com isto, a teoria dos jogos invadiu a economia e a matemática aplicada. Em 1950, o matemático John Forbes Nash Jr. publicou quatro artigos importantes para a teoria dos jogos não-cooperativos e para a teoria de barganha. Nash provou a existência de um equilíbrio de estratégias mistas para jogos não-cooperativos, denominado equilíbrio de Nash, e sugeriu uma abordagem de estudo de jogos cooperativos a partir de sua redução para a forma não-cooperativa. Nos artigos “The Bargaining Problem” e “Two-Person Cooperative Games” , ele criou a teoria de barganha e provou a existência de solução para o problema da barganha de Nash. A teoria dos jogos pode ser definida como a teoria dos modelos matemáticos que estuda a escolha de ótimas decisões sob condições de conflito. O elemento básico em um jogo é o conjunto de jogadores. Cada jogador tem um conjunto de estratégias. E cada jogo tem suas próprias regras que dão condições para que ele comece, além de definir as jogadas consideradas “legais” durante as diferentes fases do jogo. Quando cada jogador escolhe sua estratégia, temos então uma situação ou perfil no espaço de todas as situações (perfis) possíveis. 120 Cada jogador tem interesse ou preferências para cada situação no jogo. Em termos matemáticos, cada jogador tem uma função, utilidade, que atribui um número real (o ganho ou payoff do jogador) a cada situação do jogo. Os jogos são fundamentalmente diferentes de decisões tomadas em um ambiente neutro. Um jogador deve reconhecer a sua interação com as de outros jogadores inteligentes e com a capacidade de tomar decisões. Desse modo a escolha que fizer, deverá ser levado em conta tanto as possibilidades de conflitos quanto as de cooperação em qualquer interação estratégica. No âmbito das relações Internacionais, (prever comportamento dos jogadores); muitas decisões do tipo militar e governamental dependem das expectativas dos demais atores (Estados). Sendo assim a Teoria dos Jogos, busca prever de que tipo de jogo o jogador (Estado entendido como racional e sem divisões políticas internas) está jogando. Em suma, a Teoria analisa o comportamento do jogador que crê que seus adversários são racionais e atuam visando maximizar seus poderes e o modo como ele deverá levar em consideração o comportamento deles, ao tomar suas decisões com o objetivo de maximizar o seu próprio objetivo. A essência de um jogo está na interdependência estratégica: a seqüencial e a simultânea. PRIMEIRA: Os jogadores movem-se em seqüência, estando cada um deles conscientes das ações um dos outros. SEGUNDA: Os jogadores agem ao mesmo tempo, cada um deles ignorando as ações um dos outros. Em um jogo seqüencial os princípios gerais que devem guiar um jogador é o de prever o futuro e racionar o passado. O jogador antecipa as conseqüências das suas decisões iniciais e utiliza essa informação para definir a sua melhor opção em cada momento do jogo. Assim como num jogo de xadrez, ele tem que pensar como seu adversário irá reagir se ele fizer determinada jogada e como ele próprio reagirá depois desta jogada. Como as coisas irão ficar? Os meus objetivos serão alcançados desta forma? São as perguntas que o jogador deverá fazer antes da jogada. 121 Em jogos simultâneos, os ganhos de um jogador, ao final do jogo, vão depender das escolhas feitas por ele mesmo e das de seu rival, já que eles estão agindo estrategicamente e interagindo por intermédio de suas escolhas. Sendo assim, cada um deverá imaginar-se um no lugar do outro e tentar calcular o resultado. Nesse tipo de jogo, é possível verificar o padrão das escolhas, no qual cada jogador tem duas escolhas a fazer. O primeiro jogador escolhe uma das duas e o segundo só pode, pressupondo a racionalidade, escolher o melhor para si, dada a escolha do primeiro. Veja alguns exemplos de jogos clássicos: Jogos de soma zero Jogos de soma não zero Dilema Do Prisioneiro Jogos com vários jogadores Chicken Game Jogos de soma zero Num jogo de soma zero entre A e B, aquilo que A ganha, B perde. Como as situações da vida real que contenham os jogos de soma zero se aplica: Incluem corridas Eleitorais entre dois candidatos a um lugar no congresso, por exemplo. Deve-se referir-se que existe uma só recompensa . Mas que as partes em contenda podem gastar somas muito variadas para tentarem chegar à vitória. O que é uma Estratégia Minimax? É uma Estratégia de precaução e aplica-se apenas aos jogos de Soma Zero. A Estratégia minimax pode não ser a Estratégia ótima. Ela é um pouco emocionante e interessante. O jogo de soma zero entre duas pessoas, a estratégia racional assenta no princípio minimax: 122 Como ambas as partes podem convergir para mesmo ponto de estabilidade? Jogos de soma não zero Um jogo de soma não zero não é exclusivamente um jogo de competição, no sentido de que para um jogador ganhar, o outro tem de perder. Os jogos de soma não zero podem envolver dois ou mais jogadores. Existe espaço neste tipo de jogos tanto para elementos de competição, como para elementos de cooperação. No fim do jogo, ambas ou várias partes podem obter vantagens de ordens diferentes. Num jogo de soma não zero existem, com freqüência, diferentes recompensas. O jogo de soma não zero entre duas pessoas pode ser jogada de forma cooperativa ou não cooperativa. O mesmo jogo pode, ser de soma zero e, noutras de soma não zero. Como é o caso do jogo de Medricas (chicken). O Dilema do Prisioneiro Os jogos (tanto no dilema do Prisioneiro como do Medricas) foram concebidos como o objetivo de determinar se as diferenças de gênero influenciam a escolha entre comportamento cooperativo e o competitivo. O exemplo mais conhecido de jogo de soma não zero é o dilema do prisioneiro. Exemplos de qual forma o Dilema do Prisioneiro se aplica: Se permanecerem ambos em silêncio, ou se negarem todas as acusações, leva uma sentença de 60 dias na prisão local. Caso um deles confesse e o outro permaneça calado, O Prisioneiro terá uma pena comutada de 1 ano e o outro será mandado para a prisão por 10 anos. Se ambos confessarem serão condenados de 5 a 8 anos de prisão. A melhor Estratégia é o acordo tácito de silêncio, mas na ausência de comunicação não podem confiar um no outro. 123 Como sugeriu Arthur Stein, O estado de natureza descrito por Hobbes e por outros autores é uma situação, como descreve a terminologia da teoria dos jogos, em que os indivíduos são dominados por uma estratégia de abandono de ação comum em favor da realização das suas ações individuais competitivas e conflitantes. Robert Axelrod que usa o dilema do prisioneiro em muitas situações, e apesar da falta de incentivos individuais à cooperação, os jogadores acabam por optar pelo comportamento cooperativo devido à possibilidade de se virem a encontrar de novo. É preferível cooperar no presente com alguém capaz de um comportamento recíproco no futuro. Axelrod sugere que o Dilema do Prisioneiro é aplicável ao desenvolvimento de estratégias cooperativas que podem ser aplicadas em um amplo aspecto de situações que vai da escolha individual ao panorama empresarial e ao domínio internacional. O Dilema do Prisioneiro tornou-se um caso exemplar da literatura dos jogos, sendo que existe uma extensa bibliografia composta por artigos, livros e outros estudos. Revistas como: The American Political science Review, World politics e International Studies Quarterly publicam regularmente, durante muitos anos, artigos sobre a matéria. Jogos Com Vários Jogadores Envolve 3 ou mais jogadores onde todos são independentes O número de jogadores influencia o número de jogadas Não existe uma teoria definida para este tipo de jogo Os jogadores acabam formando coligações entre si Chicken Game (Jogo do Covarde) Origina-se de um “racha”, onde dois carros vão em direção um do outro. E aquele que desviar é o covarde e perde o jogo. Ou seja, o resultado termina por ser de soma zero. Caso nenhum dos carros desvie o resultado acaba sendo de soma não zero. É um jogo onde os agentes buscam ganhar, pressionando o oponente a desistir. 124 Pode ser um jogo cooperativo ou não-cooperativo e com resultado de soma zero ou soma não zero. Exemplo: Crise dos Mísseis entre EUA e a antiga URSS, em 1962. Terceira Parte – Elementos em Macroeconomia UNIDADE I – CONTAS NACIONAIS Introdução Precursores da teoria econômica Antigüidade Mercantilismo Fisiocracia Os clássicos Neoclássicos Keynesianos Pós-keynesianos Período recente Antigüidade Grécia Antiga: Aristóteles (384-322 a.C.) – oikonomía / Platão (427-347 a.C.) e Xenofonte (440-335 a.C.) Roma não deixou nenhum escrito notável na área de Economia Séculos seguintes até a época dos descobrimentos – questões referentes à justiça e moral – lei da usura e lucro justo Mercantilismo 1ª escola econômica - A partir do séc. XVI Para os mercantilistas, a riqueza de um país era dada pelo seu estoque de metais preciosos. Com isso, buscava estabelecer os princípios de como fomentar o comércio exterior no intuito de entesourar tais metais 125 Estímulo a guerras, exacerbação do nacionalismo, presença do Estado em assuntos econômicos Fisiocracia (organicistas) Séc. XVIII – reação ao Mercantilismo A riqueza consistia em bens produzidos com ajuda da natureza em atividades econômicas como a lavoura, a pesca e a mineração. Em suma, só a terra teria a capacidade de multiplicar a riqueza Obra: Tableau Économique – François Quesnay – divisão da economia em setores Séc. XX (anos 1940) – Leontief – Sistema I/O Clássicos Predominaram entre o final do século XVIII e início do século XIX, consolidando a economia como corpo científico próprio Lançaram as bases do liberalismo econômico, em que prevaleceram as forças de mercado, sem intervenção governamental Seus expoentes foram Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, Jean-Baptiste Say Neoclássicos Escola que se desenvolveu a partir da segunda metade do séc. XIX e início do séc. XX Formulação analítica em Economia e pelo uso intensivo da Matemática – alocação ótima dos recursos Teoria do valor-utilidade: o valor dos bens é formado a partir do grau de satisfação Marshall, Walras, Schumpeter, Pareto, Pigou, Edgeworth, entre outros A teoria Keynesiana John Maynard Keynes (1883-1946) 126 Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda – 1936 Lei de Say vs. Princípio da demanda efetiva. Segundo a Lei de Say (“A oferta cria sua própria demanda”) o aumento da produção transformar-se-ia em renda dos trabalhadores e empresários, que seria gasta na compra de outras mercadorias e serviços. Isto é negado pelo princípio da demanda efetiva que afirma que não existem forças de auto-ajustamento na economia, sendo, portanto necessária uma intervenção do governo através de uma política de gastos públicos. Debates teóricos sobre o trabalho de Keynes duram até hoje. Destacam- se 3 grupos: os monetaristas, os fiscalistas e os pós-keynesianos Monetaristas: a melhor política que a autoridade monetária tem em seu poder é manter um controle da oferta de moeda, mantendo apenas um leve crescimento da mesma para compensar o crescimento econômico Fiscalistas: acreditam que a política fiscal pode ser utilizada como um instrumento de suavização do ciclo econômico Pós-keynesianos: enfatizam o papel da especulação financeira e, como Keynes, defendem um papel ativo do Estado na condução da atividade econômica. Abordagens alternativas Marxistas Escola baseada nos trabalhos de Karl Marx, desenvolvidos na segunda metade do século XIX. Fazem uma crítica ao capitalismo, observando que o desenvolvimento tecnológico em regimes capitalistas levaria à marginalização dos trabalhadores. Baseiam sua análise a partir da luta entre capitalistas e trabalhadores. Os marxistas têm como seu pilar a obra de Karl Marx, calcada no Valor Trabalho, na apropriação de excedente produtivo (mais-valia) e seu impacto no processo de acumulação de capital e na evolução das relações entre classes sociais. Institucionalistas 127 Criticam o alto grau de abstração da teoria econômica e o fato de ela não incorporar em sua análise as instituições sociais. Seus grandes expoentes são John Kenneth Galbraith e Thornstein Veblen. Definição “Macroeconomia é o segmento da ciência econômica que se ocupa do estudo dos agregados econômicos no curto prazo. É a teoria da renda, do emprego, da moeda, da taxa de juros da flutuação do nível de preços.” Metas de Política Macroeconômica Alto nível de emprego (Aumentar Produção) Estabilidade de preços (Controlar Consumo) Distribuição de renda socialmente justa (?) Crescimento econômico (Aumentar Produção) Por que estudar Macroeconomia? Para explicar, buscar soluções, para algumas questões, como: Por que déficit na Balança de Pagamentos? Por que inflação? Por que existe o desemprego? Por que a taxa de investimento é baixa? Instrumentos de Política Macroeconômica A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva e despesas planejadas para atingir as metas. Política Fiscal Política Monetária Política Cambial e Comercial Política de rendas Política Fiscal 128 Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos (Política Tributária) e o controle de suas despesas (Política de Gastos). Através destas políticas o governo pode aumentar ou diminuir o consumo e o investimento. Política Fiscal Exemplos: Normalmente aumenta tributos e/ou corta despesas Crescimento e emprego Diminuir tributos e/ou aumentar gastos Combate a inflação Distribuição de renda Impostos progressivos, gasto do governo em setores/regiões mais atrasados, etc. Política Monetária Refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e de taxas de juros. Os instrumentos são: Emissões de moedas Reservas compulsórias Políticas de Redesconto Open Market Regulamentação sobre crédito e taxa de juros Emissões de moedas O Banco Central tem o controle sobre as emissões de moedas e deve colocar em circulação o volume de notas e moedas necessárias para o bom funcionamento da economia Reservas Obrigatórias Os bancos guardam certa parcela de seus depósitos no Banco Central para atender a seu movimento de caixa e a compensação de cheques 129 Política de Redesconto Visto que o “Bacen” é o banco dos bancos, ele pode emprestar para eles e cobrar um juros sobre esse empréstimo Operações de Open Market Essa operação consiste em vendas e compras, por parte do Banco Central, de títulos governamentais no mercado de capitais Quando o governo vende títulos ele tira dinheiro de circulação, quando compra coloca mais moeda na economia Regulação e Controle de Crédito O governo ainda pode criar regulamento específico sobre Crédito: Juros, regras pra financiamento, etc. Política Cambial e Comercial São políticas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia Política Cambial: Refere-se ao controle do governo sobre a taxa de câmbio. Política Comercial: diz respeito aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou estímulo às importações – incentivos fiscais, creditícios, cotas, etc. Política de Rendas São denominados Políticas de Rendas medidas que afetam diretamente a renda: Salários, Lucros, Juros, Alugueis A característica especial desta categoria é a de que os agentes econômicos ficam proibidos de levar a cabo o que fariam em respostas as influências de mercado Normalmente são usadas como políticas de combates a inflação Então: 130 A Macroeconomia é utilizada como instrumento de previsão (fazer previsões) Ex ante Valores previstos, projetados, planejados, a priori O que julgamos que vai ocorrer no início de um período São os valores considerados na teoria macroeconômica (TMA). Ex post Valores realizados, ocorridos a posteriori. São valores medidos após sua ocorrência. São as variáveis consideradas na contabilidade social (CSO). Objetivos da Macroeconomia OBTER COMBATER Crescimento econômico Recessão Emprego Desemprego Estabilidade de preços Inflação Disponibilidade de crédito Crise de financiamento Elevação dos investimentos Especulação Tipologia de Mercados Mercado de bens e serviços Mercado de trabalho Mercado monetário Mercado de títulos 131 Mercado de divisas Formulação de Modelos Variáveis exógenas (explicativa) → parâmetros/funções → Variáveis endógenas (explicada) Ex. (investimento e consumo) → (Demanda Agregada) Variável exógena é uma variável que atua sobre um parâmetro ou função, e que vai determinar a variável endógena Ex: DA = C + I ; DA é a variável endógena É portanto a variável exógena que explica a endógena A formulação de modelos tem por objetivo, através de variáveis exógenas, que atuam sobre um parâmetro ou função, determinar a variável endógena, de forma a possibilitar a previsão da economia Economias Aberta e Fechada Economia Fechada: Não há comércio com outros países Economia Aberta: Uma economia que comercializa livremente com outros países Economia Aberta Uma economia aberta interage com outras economias de duas maneiras: Ela vende e compra produtos e serviços de outros mercados Ela compra e vende ativos de capital nos mercados financeiros mundiais O Brasil é uma economia aberta O Fluxo de Bens Exportações Bens e serviços produzidos domesticamente e vendidos no exterior. Nas exportações se inclui o gasto do exterior em 132 bens e serviços produzidos domesticamente, que são vendidos em outro país Importações Bens e serviços produzidos no exterior e vendidos domesticamente. Nas importações se inclui o gasto doméstico na compra de bens e serviços produzidos no exterior e que são vendidos domesticamente Exportação Líquida ou Saldo da Balança Exportação – Importação Déficit na Balança Quando se importa mais do que exporta Crédito na Balança Quando se exporta mais do que importa Fatores que Influenciam as Exportações e Importações O gosto dos consumidores por bens domésticos ou importados O preço dos bens e serviços no mercado doméstico e no exterior A taxa de câmbio A renda dos indivíduos nos países O custo de transporte As políticas governamentais com relação ao comércio internacional Investimento Externo Líquido Diferença entre ativos externos adquiridos por indivíduos locais e ativos domésticos adquiridos por estrangeiros Quando indivíduos locais compram mais ativos no exterior do que estrangeiros compram ativos locais, existe uma saída líquida de capital da economia local Se estrangeiros compram mais ativos brasileiros, do que brasileiros compram ativos no exterior, haverá uma entrada líquida de capital na economia doméstica 133 Investimento Externo Líquido – Variáveis que Afetam A taxa de juros real dos ativos estrangeiros A taxa de juros real dos ativos domésticos Os riscos econômicos e políticos de possuir ativos de outros países As políticas governamentais que afetam a propriedade de ativos locais por cidadãos estrangeiros Investimento Externo Líquido Exportações líquidas (EL) e investimento externo líquido (IEL) estão proximamente ligados Para a economia como um todo: EL = IEL Isso é verdade porque para cada transação de um lado também afeta o outro lado pelo mesmo valor Poupança e Investimento Já vimos que o PIB é dado por: Y = C + I + G + El Poupança Nacional então é dada por: Y – C – G = I + El Poupança Nacional = Investimento Doméstico + Investimento Externo 1.1 Produto, renda e despesa nacional e seus componentes Conceitos Básicos Produto Y – valor total da produção (de bens e serviços finais) em determinado período de tempo. Isto é o mesmo que o total dos valores brutos menos os consumos intermediários. 134 Consumo C – valor dos bens e serviços absorvidos pelos indivíduos para a satisfação de seus desejos. Nela inclui o consumo pessoal e o consumo do governo. Poupança S – renda não consumida. Renda R – remuneração dos fatores de produção. É dado por: R = W+J+L+A. Para evitar dupla contagem somente deve incluir na renda os juros e aluguéis pagos às pessoas físicas. W - salários - remuneração do fator de produção trabalho (comissões, honorários de profissionais liberais, ordenados dos executivos, mesmo que não assalariados) J - juros - prêmio pago aos detentores de recursos por abrir mão da preferência pela liquidez A - aluguéis - remuneração dos proprietários dos recursos naturais L - lucros - remuneração do fator de produção capital Investimento I – acréscimo de estoque físico de capital, compreendendo a formação de capital fixo mais variação de estoques. Parte da formação bruta de capital, também denominada investimento bruto, destina-se a repor a retirada de circulação de equipamentos e instalação. O valor dessas retiradas é a Depreciação. Assim, o investimento líquido é o bruto menos depreciações. Absorção A – corresponde a C+I. Despesa D - agrega os possíveis destinos do produto, o. s., as suas formas de aquisição: trata-se da absorção interna mais o saldo da BC. A contabilidade Nacional chega a 2 identidades fundamentais: Produto = renda = despesa Poupança = investimento Fluxo circular da renda 135 Economia Aberta com Governo Para qualquer empresa, o lucro se apura por meio da seguinte identidade: L = vendas de b e s – compra de b e s +IL LL = Excedente Operacional (EO) +receitas financeiras – despesas financeiras Pela ótica do produto um conceito importante é o excedente operacional. Pela ótica da renda um conceito importante é o lucro líquido. EO = LL+Jpagos-Jreceb LL = LR+LD+A LR = lucro retido, LD = lucro distribuído, A = aluguéis pagos à indivíduos Produto bruto = renda bruta Produto bruto – depreciação = produto líquido PIB= YB = RLX+W+J+A+LD+D+LR PIB – RLX = PNB. Neste caso, se o país for devedor líquido o PIB é maior do que o PNB. PIB a preço de mercado: PIBpm = RLX+ W+J+A+LD+D+LR+Outras receitas do G + TDe –TRe +TI-Sub TDe = impostos diretos das empresas TRe = transferências do governo para as empresas TI = Impostos indiretos Sub = subsídios Déficit Público e o seu Financiamento O déficit público é expresso por: 136 Dg = Investimento público – saldo do governo em conta corrente = Ig – (T-G) Déficit Operacional = déficit público real+imposto inflacionário. Trata-se do déficit público antes da inclusão do imposto inflacionário como receita do governo. O déficit público pode ser financiado pelo aumento da base monetária e pelo aumento da dívida líquida do setor público. Dessa forma: Déficit público = aumento da base monetária+ aumento da dívida líquida do governo. Mas há outras fontes de expansão da base monetária como a expansão do crédito ao setor privado e a acumulação de reservas cambiais. Assim: Déficit público = aumento da base monetária+ aumento da dívida líquida do governo A equação acima deduzida em termos nominais também é válida em termos reais: Déficit público real = aumento real da base monetária+ aumento real da dívida líquida do governo Produto Agregado O Produto Interno Bruto, ou PIB, é a medida do produto agregado das contas nacionais. O PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos em uma economia durante um determinado período. O PIB é a soma do valor adicionado na economia em um dado período. O PIB é a soma de toda a renda gerada na economia em um determinado período. 137 Siderúrgica (Empresa 1) Receitas de vendas Despesas Salários Lucro Montadora (Empresa 2) $ 100 $ 80 $ 80 $ 20 Receita de vendas Despesas Salários Compra de aço Lucro $ 210 $170 $ 70 $ 100 $ 40 EXEMPLO : Considere uma economia composta por duas empresas: Produto Agregado Siderúrgica (Empresa 1) Montadora (Empresa 2) Receitas de vendas Despesas Salários $ 100 $ 80 $ 80 Lucro $ 20 Receita de vendas Despesas Salários Compra de aço Lucro $ 210 $170 $ 70 $ 100 $ 40 O PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos em uma economia durante um determinado período Companhia siderúrgica e montadora Receitas de vendas Despesas (salários) Lucro $ 210 $ 150 $ 60 Bens e serviços finais = $ 210 = PIB . O PIB é a soma do valor adicionado na economia em um dado período. Valor adicionado = $ 100 + ($ 210 - $ 100) = $ 100 + $ 110 = $ 210 = PIB Composição do PIB no Brasil por tipo de renda 138 1997 2001 Renda do Capital (%) 42 41 Renda do Trabalho (%) 43 42 Impostos Indiretos (%) 15 17 Taxa de Desemprego A força de trabalho (L) trabalhadores empregados (N) e desempregados (U): é a soma dos L = N + U onde os desempregados são as pessoas sem trabalho que tomaram alguma providência efetiva de procura de trabalho no período de referência (por exemplo, 4 semanas). A taxa de desemprego (u) é a razão entre os desempregados e a força de trabalho: u = U/L PIB Nominal e Real O PIB nominal é a soma das quantidades de bens finais multiplicada por seus preços correntes onde: Pn, t e Qn, t são respectivamente preço e quantidade do bem n na data t O PIB nominal também é chamado de PIB a preços correntes O PIB real é a soma das quantidades de bens finais multiplicada por seus preços constantes . N Real(s) t PIB Pn, s Qn, t n 1 onde: Pn, s e Qn, t são respectivamente preço e quantidade do bem n na data s (para preços) e t (para quantidades). O PIB real também é chamado de PIB a preços constantes, ou PIB ajustado pela inflação. Por exemplo, PIB em dólares de 1996. 139 A B C Produção Ano 1 Ano 2 6 11 7 4 10 12 Preço Ano 1 Ano 2 R$0,50 0,40 0,30 1,00 0,70 0,90 PIB Nominal (ano 1)=0,50*6+0,30*7+0,70*10=R$12,10 PIB Nominal (ano 2)=0,40*11+1,00*4+0,90*12=R$19,20 PIB Real (ano 2 base ano 1)=0,50*11+0,30*4+0,70*12=R$15,10 O Deflator do PIB O deflator do PIB no ano t (Pt ) é a razão entre o PIB nominal e o PIB real no ano t : Pt PIB nom.t $ Yt PIB realt Yt Logo, o PIB nominal é igual ao PIB real $ Yt Pt Yt multiplicado pelo deflator do PIB: O deflator fornece o preço médio do produto agregado – dos bens finais produzidos na economia. No exemplo, Deflator do PIB (ano2)=19,20/15,10=1,27 Pib Real e nominal do Brasil, 1994-2003 1,6 1,4 R$ Trilhões 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 O crescimento do PIB 140 taxa de crescimento do PIB no ano t (DPIBt ) é dada por: PIBt PIBt PIBt 1 PIBt 1 que pode ser calculada em termos nominais ou reais. Horizontes de observação Os economistas fazem distinção entre três horizontes: No curto prazo (poucos anos), a demanda por bens e serviços determina o produto. No médio prazo (uma ou duas décadas), o nível de tecnologia e a grandeza do estoque de capital determinam o produto. No longo prazo, o progresso tecnológico e a acumulação de capital são os determinantes do crescimento econômico. No curto prazo: o comportamento cíclico do nível de atividade econômica 1.2 Renda média e estrutura de distribuição de renda 141 Se tomarmos a conta de produção de uma economia fechada e sem governo, estudada anteriormente, veremos que temos, do lado do débito da conta, a renda ou produto nacional bruto e, do lado do crédito, a indicação da forma concreta tomada por essa renda (quanto foi consumido e quanto foi investido). Temos que: Retomando a última identidade da renda, vemos que: – E, logo, O termo O multiplicador indica a magnitude do aumento no nível de renda em – Keynes chamou de multiplicador. decorrência seja de um aumento em Ca, seja de um aumento em I. Fluxo circular da renda 142 143 Cerca de um terço da população brasileira é pobre (ou 53,9 milhões de pessoas). Quanto aos muito pobres (ou indigentes), a proporção é de um oitavo (ou 21,9 milhões de pessoas). 144 UNIDADE II – RENDA NACIONAL E EMPREGO Evolução e “Escolas” Primórdios GREGOS Xenofontes: princípio de gestão dos bens. 145 Aristóteles: Crematística – aspectos práticos das transações comerciais (preços, moeda, etc.). ROMANOS: preocupações limitadas com o tema. IDADE MÉDIA: comércio mediterrâneo; “preço justo”; usura; formação de corporações e bancos. Mercantilismo (1450-1750) Preceitos de administração pública para aumentar a riqueza do “príncipe”; Reflete as transformações de uma sociedade onde o comércio passa a ter um papel cada vez mais importante; “Políticas comerciais mercantilistas” Referências: Colbert, Cantillion e Petty Criação Científica da Economia (1750-1870) Marcos iniciais: “Quadro Econômico” (1758), de Quesnay; a “Riqueza das Nações” (1776), de Adam Smith. Fisiocracia: “ordem natural”, “distribuição”, “vínculos entre riqueza e trabalho”. Escola Clássica: Adam Smith, David Ricardo, Malthus, Stuart Mill, Say – “valor”, “origem da riqueza”, “distribuição da riqueza”. Marx: tradição clássica revista, criando uma tradição de pensamento crítico. Reação Neoclássica (1870-1929) Revolução Marginalista: “recursos escassos x usos alternativos”; “valor de utilidade”. O “neoclassicismo” ou “marginalismo” desloca a temática da discussão do valor e distribuição da tradição clássica (“valor-trabalho”) para a visão do valor utilidade e dos custos de produção. Destaques: Escola Austríaca (Menger, Jevons, Böhm-Baverk); Escola de Viena (Walras e o “equilíbrio geral”); Marshall e a Escola de Cambridge (“equilíbrio parcial”). Em oposição, surgem a Escola Histórica Alemã e as escolas da tradição marxista. A Revolução Keynesiana 146 Keynes (1888 – 1946) torna-se um marco da moderna economia, onde a ênfase na gestão macroeconômico passa a ser central. Síntese neoclássica (Hicks, Samuelson etc.) – anos 1950 e 1960. Monetarismo (Friedman) – oposição aos Keynesianos; Novo-Classicismo (Lucas) – década de 1970; Novos Keynesianos – década de 1980; Heterodoxos – “pós-keynesianos”, “marxianos”, “institucionalistas” etc. 2.1 Visão clássica François Quesnay * 1694 (França) - † 1774 Médico do rei Luiz XV 1758: Tableau Économique – marca o início da Escola Fisiocrática. Princípios: ordem natural e ordem providencial, solidamente ligadas à terra, que propõem serenidade ao período de inquietação econômica e política. Procurou criar uma ciência econômica à semelhança das ciências naturais. Para ele, a economia se reduzia a números, nada teria a ver com questões morais e seria independente do processo histórico humano. Considera direitos naturais o direito à vida com liberdade e o direito à propriedade sem restrições. François Quesnay – 1. Ordem Natural Os fenômenos econômicos processam-se livre e independentemente de qualquer coação exterior, segundo uma ordem imposta pela natureza e regida 147 por leis naturais (idéia de equilíbrio estacionário, retomada por Walras no séc. XIX). A sociedade se compõe de três classes: i) produtiva, formada pelos agricultores, ii) classe dos proprietários imobiliários/nobreza, e iii) estéril (comerciantes, artesãos/membros das corporações urbanas). A circulação de riquezas ocorre entre essas diferentes classes (idéia do fluxo circular de renda retomada por economistas modernos). François Quesnay – 2. Ordem Natural A ordem natural é uma ordem providencial, pois é desejada por Deus. Por ser providencial é a melhor possível, e, portanto, deve ser deixada livre para o alcance do progresso econômico e social (raiz da doutrina liberal – laissez-faire). Uma síntese do pensamento mercantilista Não há nas concepções mercantilistas o desenvolvimento de uma teoria do valor. A idéia geral é de que o lucro tem origem no ato de troca. Disso resulta a importância dada ao comércio (e à balança comercial favorável); E o fato das grandes companhias de comércio evitarem, ao máximo, a concorrência (defendem o monopólio e o exclusivo comercial). Fisiocratas Fisiocracia provém do grego: phisis (natureza), cratos (poder), o que significa “poder da natureza”. Grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as idéias mercantilistas e formulou, pela primeira vez, de maneira sistemática e lógica, uma teoria do liberalismo econômico. Os fisiocratas eram discípulos intelectuais de François Quesnay. Quesnay critica os mercantilistas: 148 Ele protesta contra uma política que havia abandonado a agricultura para pensar apenas em estimular a indústria e o comércio externo; Protesta também contra a proibição da livre circulação de cereais; e Critica também a idéia de que as riquezas de uma nação se regulam pela massa de riquezas pecuniárias (estoques de divisas). Para os fisiocratas só é produtivo o trabalho que produz produto líquido e, uma vez que só existe produto líquido na agricultura, só o trabalho agrícola é produtivo. Por outro lado, a produtividade do trabalho agrícola não é uma virtude que lhe seja particular: não passa de um sinal da produtividade da natureza. Quesnay formulou um instrumento teórico para o estudo das relações econômicas entre as classes sociais que compõem o sistema: o quadro econômico. A idéia principal é de que os processos de produção e do consumo podem e devem ser estudados no sistema econômico em seu conjunto. Quesnay pretende demonstrar que a vida econômica funciona como uma máquina ou, o que para ele é a mesma coisa, como um organismo vivo. Assim se explica desde o início o respeito que mostra pelo funcionamento espontâneo da máquina e a sua recusa a intervir na sua marcha. Economia como um “sistema vivo” Diferenciação de “trabalho produtivo” e “trabalho improdutivo” Organicidade também das Classes Sociais Excedente é gerado pela Produção Questões não resolvidas: (quais?) Adam Smith * 1723 (Escócia) - † 1790 149 Segunda metade do século XVIII: início da 1ª Revolução industrial Professor de “Filosofia moral” da Universidade de Glasgow 1759: A Teoria dos Sentimentos Morais 1776: A Riqueza das Nações A Economia entendida como a ciência que se ocupa da “Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações” Trabalho (entendido como atividade produtiva) é a fonte de riqueza das nações. A produtividade diferenciada entre países é tida como a explicação dos diferentes níveis de riqueza entre as nações. A produtividade é causada pela “eficácia do trabalho”, e esta provém da divisão do trabalho (e não das propriedades naturais da terra): Pelo aumento da destreza de cada trabalhador Pela economia de tempo decorrente da “racionalização do processo de trabalho” Pela invenção de um grande número de máquinas... permitindo a um só homem fazer o trabalho de muitos Princípios de “A Riqueza das Nações” São duas as condições prévias para a divisão do trabalho: extensão do mercado (decorrente da “propensão natural à troca” e da facilidade de transportes) e abundância de capitais (derivados dos lucros conseguidos a partir do “produto líquido do trabalho” e utilizados como “capacidade de comandar trabalho”). A política mais favorável à ampliação dos mercados e do capital é a da liberdade do comércio. A maneira como o produto do trabalho é dividido entre os salários, renda fundiária e lucro é o que torna uma nação mais ou menos rica. “O valor de qualquer mercadoria, para a pessoa que a possui...e que tenciona trocá-la por outras, é igual à quantidade de trabalho que lhe permite adquirir. Logo, o trabalho é a medida do real valor de troca de todas as mercadorias” “Não se vêem povos pobres em terras vastíssimas, potencialmente férteis, em climas dos mais benéficos? E, inversamente, não se encontra, por vezes, uma 150 população numerosa vivendo na abundância em um território exíguo? Ora, se essa é a realidade, é por existir uma causa sem a qual os recursos naturais nada são, por assim dizer; uma causa que, ao atuar, pode suprir a ausência de recursos naturais. Em outros termos, uma causa geral e comum de riqueza, causa que, atuando de modo desigual entre os diferentes povos, explica as desigualdades de riqueza de cada um deles; essa causa dominante é o trabalho.” “Segundo seja maior ou menor a proporção existente entre o produto do trabalho – ou aquilo que no estrangeiro se adquire em troca desse produto – e o número de consumidores, encontrar-se-á a nação mais ou menos abastecida de todas as espécies de coisas necessárias ou cômodas de que necessite.” (“Introdução e Plano de Obra” in A Riqueza das Nações” David Ricardo *1772 (Londres) - † 1823 Período de conflitos entre os interesses da agricultura (protegidos pelas Corn-Laws) e da indústria 1817: Princípios de Economia Política e Tributação Visão Geral “Em diferentes estágios da sociedade... as proporções do produto destinadas a cada uma dessas classes [o proprietário da terra, o dono do capital, e os trabalhadores] sob os nomes de renda, lucro e salário, serão essencialmente diferentes, o que dependerá principalmente da fertilidade do solo, da acumulação de capital e da população, e da habilidade, da engenhosidade e dos instrumentos empregados”. “Determinar as leis que regulam essa distribuição [distribuição da renda fundiária, do lucro e dos salários] constitui o problema primordial da Economia Política” David Ricardo (Princípios da Economia Política e da Tributação) 1. Teoria do Valor 2. Teoria da Renda 151 3. Teoria da Evolução Econômica 1. Teoria do Valor Assim como Smith, Ricardo vê no trabalho (entendido como a soma de todos os trabalhos exigidos para se chegar finalmente à produção da riqueza) a principal fonte de valor. Ricardo rejeita a utilidade – a capacidade que dada coisa tem de satisfazer nossas necessidades – como causa e medida do valor. Distingue duas categorias de bens: 1. Bens não suscetíveis de reprodução: o valor destes tem por causa e efeito a sua raridade; seu valor oscila à mercê da oferta e da demanda, sem ponto algum de equilíbrio (pouco relevantes para a economia). 2. Bens suscetíveis de reprodução indefinida, a um mesmo preço de custo. “O valor de uma mercadoria, ou a quantidade de qualquer outra pela qual pode ser trocada, depende da quantidade relativa de trabalho necessário para sua produção, e não da maior ou menor remuneração que é paga por esse trabalho” Visão 1: Valor é medido pelo trabalho, como um princípio universal. O capitalista paga o trabalho (Dúvida: de onde vem o excedente?) Visão 2: O Valor de uma mercadoria é determinado pelo trabalho presente e pelo trabalho pretérito (incorporado a ferramentas, instrumentos, edifícios...); pela “durabilidade do capital”; pelos diferentes períodos de “rotação do capital” A variação do “valor de mercadorias” distintas difere da variação do “valor dos salários” pois os processos produtivos têm diferentes proporções de trabalho(salários) e capital. Preço é definido pelos salários pagos pelos capitalistas, mais a taxa de lucros que o capitalista recebe para usar seu capital. Visão 3: Preço de Mercado difere do Preço Natural pela influência da Oferta e da Procura. ( Preço de Mercado tende ao Preço Natural) 152 Esta visão é aplicada ao valor dos salários, em que “o preço natural do trabalho” é aquele “necessário para permitir que os trabalhadores em geral subsistam e perpetuem sua descendência...” portanto depende “não da quantidade de dinheiro que ele possa receber como salário, mas da quantidade de alimentos, gêneros de primeira necessidade e confortos materiais que, devido ao hábito, se tornaram para ele indispensáveis e que aquele dinheiro poderá comprar” Apoia-se – e debate – a visão de Malthus – economista inglês contemporâneo sobre crescimento populacional e salários 2. Teoria da Renda "Desenvolvimento da Renda Fundiária e dos Lucros em razão do aumento de Capital" David Ricardo, 1815 Tabela 1 Taxa de Lucro Excedente Bruto por Fração de Terra da "pior terra" Capital por fração de Terra Período 1o 2o 3o 4o F1 F2 F3 F4 F1 F2 F3 F4 (E.B. / Cap.) 200 200 200 200 * 210 210 210 * * 220 220 * * * 230 100 100 100 100 * 90 90 90 * * 80 80 * * * 70 50% 43% 36% 30% "Desenvolvimento da Renda Fundiária e dos Lucros em razão do aumento de Capital" Período Capital por fração de Terra F1 F2 F3 F2 F3 F4 Tabela 2 Taxa de Lucro da "pior terra" (E.B. / Cap.) * * * 50% * * 43% * 36% Excedente Bruto por Fração de Terra, dividido em Lucro e Renda F1 F4 100 1o 200 * * * Lucro 100 2o 200 210 * * Lucro 86 3o 200 210 220 * Lucro 72 Renda 0 100 90 Renda 14 Lucro 90 Renda 18 Lucro 76 100 90 100 4o 200 210 220 230 Lucro Renda 0 80 Renda 14 Lucro 80 90 Renda Lucro Renda 0 80 Renda Lucro 70 Renda Lucro Renda 153 30% "Desenvolvimento da Renda Fundiária e dos Lucros em razão do aumento de Capital" Tabela 3 Período 1o 2o 3o 4o Capital Total Exced. Bruto Tot. * Lucro Total Renda Total Taxa de Lucro** Taxa de Renda** 200 100 100 0 50% 0% 410 190 176 14 43% 3,4% 630 270 228 42 36% 6,7% 860 340 259 81 30% 9,4% * Produto Total após os pagamentos dos Custos ** Taxas médias, sobre o capital total, da Economia da Nação Obs: Lucro Total, recebido pelos proprietarios de capital; Renda Total, recebida pelos proprietários fundiários O crescimento populacional obriga a exploração de terras cada vez menos férteis, o que encarecerá cada vez mais os custos de produção e o preço final dos produtos. Em função da lei de unidade de preços, os proprietários das terras de primeira categoria (com custos de produção menores) obtém um lucro suplementar: a renda diferencial. O aumento populacional implica, portanto, o aparecimento de novas rendas e o aumento das taxas de rendas antigas. O total da venda dos produtos agrícolas se destina à remuneração dos proprietários de terras (renda), remuneração do trabalho (salário) e remuneração do capitalista (lucro). À medida que aumenta a parcela atribuída à renda diminui-se a parcela de salários e lucros. David Ricardo “A elevação da renda é sempre o efeito da riqueza crescente do país e da dificuldade de garantir alimento à sua população aumentada. É um sintoma e nunca causa da riqueza.” “No desenvolvimento natural das sociedades, os salários, enquanto forem regulados pela lei da oferta e da procura, tendem a baixar, pois o número de trabalhadores continuará a crescer um pouco mais rapidamente do que a procura da mão-de-obra.” 3. Teoria da Evolução da Economia A Acumulação de Capital é reduzida pelo aumento da Renda Diferencial 154 Pela compressão dos lucros Pelo acréscimo de salários – que aumentam em valor quando ocorre aumento nos alimentos – simultâneo ao não aumento do valor dos manufaturados, que não aumentam por causa dos alimentos. A Economia tende a um “estado estacionário”, em que caem tanto a acumulação de capital como o crescimento da população. A maquinaria (introduzida pela expectativa do industrial de obter lucros) pode conduzir a: Incremento considerável do produto líquido (mesmo com baixa do valor do produto bruto) Deslocamento do trabalho, reduzindo emprego e “prejudicando os interesses das classes trabalhadoras” O Crescimento Econômico é viabilizado pela liberdade de Comércio Internacional. 2.2 Visão Kenesiana John Maynard Keynes *1883 (Cambridge) - † 1946 Período de guerras, alto inflação, grande depressão de1929 obras: The economic consequences of peace; Treatise on money; General theory of employment, interest and money (1936) Keynesianismo é a teoria econômica consolidada pelo economista inglês John Maynard Keynes em seu livro Teoria geral do emprego, do juro e da moeda (General theory of employment, interest and money) Consiste numa organização político-econômica, oposta às concepções neoliberalistas, fundamentada na afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia, com objetivo de conduzir a um sistema de pleno emprego. 155 Tais teorias tiveram enorme influência na renovação das teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado. Atribuiu ao Estado o direito e o dever de conceder benefícios sociais que garantam à população um padrão mínimo de vida como a criação do saláriomínimo, do salário-desemprego, da redução da jornada de trabalho e assistência médica gratuita. O Keynesianismo ficou conhecido também como "Estado de Bem- Estar Social" A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulador como pensavam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espírito animal" dos empresários. É por esse motivo, e pela ineficiência do sistema capitalista em empregar todos que querem trabalhar que Keynes defende a intervenção do Estado na economia. John Maynard Keynes, em 1926, postulou sua teoria que rompia totalmente com a idéia liberalista do “deixai fazer”, afirmando que o Estado deveria sim, interferir na sociedade, na economia e em quais áreas achasse necessário. Assim, essa corrente baseada na intervenção do Estado, denominada Welfare State, reinou após o fim da Segunda Guerra Mundial, isso aliado ao fato da grande necessidade de recuperação dos países envolvidos na guerra. O objetivo do keynesianismo era manter o crescimento da demanda em paridade com o aumento da capacidade produtiva da economia, de forma suficiente para garantir o pleno emprego, mas sem excesso, pois isto provocaria um aumento da inflação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controle da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos salariais. Há rigidez dos preços e salários O pleno emprego é apenas um nível possível (não de equilíbrio), Este pode ser variável Não há mecanismos automáticos que conduzam ao equilíbrio O Estado é ator ativo e intervém no processo econômico 156 A moeda pode ser usada pelo Estado para financiar os seus gastos e influenciar o nível do produto Conseqüências Visão keynesiana Equilíbrio abaixo de pleno emprego As políticas monetária e orçamental apóiam níveis elevados do produto e de emprego 2.3 Visão marxista Karl Marx * 1818 (Prússia) - † 1883 2ª metade do século XIX: 2ª Revolução Industrial Economista, sociólogo e filósofo Obras: A ideologia alemã; Manifesto do Partido Comunista; Grundrisse; O Capital e muitas outras Concepção dialética/materialismo dialético: movimento e contradições econômicas na história da humanidade Capitalismo – modo de produção voltado para a produção de mercadorias, sob as seguintes condições: Propriedade privada dos meios de produção; da força de trabalho; do produto final; Divisão social do trabalho Objetivo da produção: a troca (o mercado) Retoma a teoria do valor-trabalho de Smith e Ricardo: Valor de Uso Mercadoria (duplo caráter) Valor de Troca E avança ao afirmar: 157 Valor de uso: resultado do trabalho humano concreto, útil, individual Valor de troca: resultado do trabalho humano abstrato, geral Para que haja troca, as mercadorias devem possuir: Diferentes valores de uso (produzidas por espécies de trabalho diferentes, utilidades diferentes) Mesmo valor de troca (equivalentes) O valor de troca é o que iguala as mercadorias e o valor de uso é o que as diferencia. Trabalho = é o denominador comum de todas as mercadorias, que permite comprá-las e trocá-las em determinadas proporções O valor das mercadorias é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para a sua produção. Trabalho socialmente necessário Trabalho médio (produtividade média) Daí ser o tempo “socialmente” necessário. O produto de um trabalhador lento não vale mais do que o de um trabalhador rápido. Qual a origem da forma dinheiro de valor? O dinheiro surge historicamente... Antes do dinheiro (escambo): troca direta, sem intermediário Alfaiate utiliza o casaco como meio de troca Ex.: 2 mesas = 1 casaco Casaco tem valor de uso e é também equivalente 3 pares de sapatos 1 casaco = 20 metros de algodão 10 gramas de ouro Dificuldade deste tipo de troca Dependente dos outros produtores quererem adquirir casacos… Com a prática diária, os indivíduos foram se orientando em direção a uma mercadoria reconhecidas como equivalente geral; Isso aconteceu independente/e do planejamento consciente e da consciência dos produtores isolados; 158 Assim surgiu o dinheiro (inicialmente, o ouro): mercadoria aceita como equivalente geral ou comum para todas as outras mercadorias Ouro tornou-se a mercadoria-dinheiro, assumindo papel duplo: Metal precioso útil para fazer artigos Equivalente geral (maleabilidade da troca) A troca passou, assim, a ser fundida em duas partes: Na circulação simples: Transformação da mercadoria em dinheiro (venda) Transformação do dinheiro em mercadoria (compra) M1 – D – M2 Neste caso, a troca se dá em busca do valor de uso No capitalismo, o objetivo é a acumulação, é obter mais dinheiro ao final. Neste modo de produção, a circulação simples não faz sentido: D–M–D Essa circulação só faz sentido se: D – M – D‟ Sendo D‟ > D. OBS: Isso explica por que o capitalista não produz se não tiver lucros V D–M Cc ....... P – M‟ – D‟ C Cf D – Dinheiro inicial M – Mercadoria V – Capital variável (mão-de-obra) – trabalho vivo C – Capital Constante, que subdivide em Cc – capital circulante P – Produção Cf – capital fixo – trabalho morto D‟ – Dinheiro final M‟ – Mercadoria nova (com maior valor agregado) Por estar num ciclo de valorização, o dinheiro empregado é denominado de capital 159 A valorização do capital se verifica no processo produtivo É durante o processo produtivo que se verifica a valorização do capital; O capital constante: tem ser valor transferido sem modificação para o produto acabado; O trabalho vivo: cria (agrega) novo valor ao processo de produção, por meio do seu valor de uso; O resultado do trabalho (vivo) não é apropriado integralmente pelo trabalhador (agora, força de trabalho), mas passa a ser de propriedade do capitalista; A parte apropriada denomina-se mais-valia. É o excedente que permite a acumulação (é o lucro do capitalista); Deste modo, o excedente não é criado no processo de troca e sim durante o processo produtivo. Quem cria a mais-valia? A força-de-trabalho. Mais-valia: trabalho excedente produzido pela “mercadoria força de trabalho”. 160 Seu uso é o trabalho, e o trabalho cria valor novo, além do que ele custa para se reproduzir A mercadoria força-de-trabalho É mercadoria porque, como as demais: 1. Tem valor de uso: o trabalho 2. Tem valor de troca: tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção e reprodução (expresso nos meios de subsistência) Como se dá a apropriação e a ampliação da mais-valia (ou excedente/ou lucro)? Jornada de Trabalho: 8h 6h Trabalho necessário 2h 8h Mais-trabalho Como aumentar a mais-valia? mais-valia absoluta: aumento da jornada de trabalho (mais horas de trabalho) – há limites para este aumento mais-valia relativa: jornada de trabalho constante (intensificação do ritmo) Grau de exploração á á No exemplo anterior: 2h de trabalho excedente de 100 trabalhadores: mais-valia: 2x100 = 200h; cada trabalhador recebe por 6h de trabalho: Valor da força-de-trabalho (v): 6 x 100 = 600h 161 Taxa de mais-valia = 200/600 = 33% Valor do produto do trabalho: 8 horas Valor da força-de-trabalho: 6 horas Valor da mais-valia (excedente/lucro): 2 horas O valor da força-de-trabalho é, então, menor do que o valor do produto do trabalho. A diferença é o excedente, a mais-valia que é apropriada pelo capitalista Composição Orgânica do Capital O processo de valorização do capital não se esgota na acumulação. Há um fator externo que atua como forte estímulo à expansão do capital: a centralização do capital, decorrente da forte concorrência inter-capitalista. Há Investimentos em novas tecnologias Neste processo, ocorre o crescimento do capital constante em relação ao variável (aumento da composição orgânica do capital) É a relação entre: ç Taxa de Lucro É o “incentivo ao crescimento econômico”. É a relação entre: Sendo, CO = c/v (composição orgânica do capital) e Tx = s/v (taxa de mais valia) assim, Tendência à queda da taxa de lucro Com a concorrência inter capitalista, preços por mercadoria caem: 1. aumento da composição orgânica do capital aumenta mais que proporcionalmente 2. taxa de mais valia aumenta menos que proporcionalmente 162 Portanto: queda tendencial da taxa de lucro Para reduzir a tendência à queda da taxa de lucro 1. aumento da jornada de trabalho e maior intensificação do trabalho; 2. depressão dos salários abaixo do valor da força-de-trabalho (exercito de reserva); 3. barateamento dos elementos do capital constante (tecnologia); 4. comércio exterior (novos mercados) UNIDADE III – MOEDA E INFLAÇÃO 3.1 Moeda: conceitos e funções Definição: “Conjunto de ativos da economia que as pessoas usam regularmente para comprar bens e serviços de outras pessoas” (Mankiw); “Moeda é um ativo financeiro de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços, que tem poder liberatório instantâneo. Sua aceitação é garantida por lei.” (Vasconcelos). Moeda como tudo aquilo que é geralmente aceito para liquidar as transações, isto é, para pagar pelos bens e serviços e para quitar obrigações. Com a Introdução da Moeda, esta passa a desempenhar a função de unidade de conta ou denominador comum do valor, isto é, fornece o “ referencial” para que os valores das demais mercadorias sejam cotados. A moeda é o ativo utilizado para realizar as transações porque é o que possui maior liquidez. Liquidez é a capacidade de um ativo converter-se rapidamente em poder de compra, isto é, transformar-se em mercadorias. A moeda apresenta 3 principais funções: A) Meio ou instrumento de troca: algo que os compradores dão aos vendedores quando querem comprar algo. Sem ele haveria a necessidade da dupla coincidência de desejos e o problema da indivisibilidade. 163 Ocorreria também a perda de muito tempo pra viabilizar as trocas diretas. B) Unidade de conta (medida): É um padrão de medida que se usa para anunciar preços e registrar débitos. Serve para comparar e agregar o valor de mercadorias diferentes. (caminhão com uvas); O preço, portanto, é a expressão monetária do valor de troca de um bem. C) Reserva de valor: Algo que as pessoas podem usar para transferir poder de compra do presente para o futuro. Representa uma forma de poupança. A moeda serve de reserva de valor para uma pessoa mas não para toda uma sociedade (Falácia ou sofisma da composição). Tipos de Moeda: Moeda Mercadoria: Determinada mercadoria é usada como moeda. Um tipo de moeda-mercadoria é a moeda metálica, isto é, o ouro, a prata, etc... metais preciosos ou semipreciosos que foram usados como moeda; Moeda Papel: Corresponde a uma nota de papel que expressa determinado valor de ouro, isto é, possui lastro, em determinada mercadoria; Papel Moeda ou Moeda Fiduciária: Notas de papel emitidas pelo governo que não possuem lastro em nenhuma mercadoria, isto é , não existe uma garantia física sustentando, o valor da moeda e sua aceitação se deve à imposição legal do governo. Lastro: Ativo ou mercadoria que respalda o valor da moeda, isto é, no qual a moeda-papel pode ser convertida. O exemplo mais tradicional é o lastro ouro, segundo o qual as notas de papel representam determinada quantidade de ouro. Outro tipo de lastro são as reservas internacionais do país, isto é, os ativos/moedas que podem ser usados nas transações internacionais, pôr exemplo, o dólar. 164 Velocidade de circulação da moeda: número de transações liquidadas com a mesma unidade monetária, ou seja é o numero de „giros‟ que a moeda dá, gerando renda, em dado período. Motivos para demandar moeda Transação; Precaução; Especulação; A demanda por moeda depende tanto da renda como da taxa de juros nominal. Quanto maior (menor) for a renda maior (menor) será a demanda por moeda. Quanto maior (menor) for a taxa de juros nominal, menor (maior) será a demanda por moeda. Oferta de moeda A oferta de moeda é sinônimo de meio de pagamento: “estoque de moeda disponível para uso da coletividade a qualquer momento”. Com esse conceito classifica-se o meio de pagamento quanto a liquidez que apresenta. Liquidez: “Facilidade com que um ativo pode ser convertido em meio de troca da economia.” Classificação do meio de pagamento; M1 – composto por meio de pagamento de liquidez imediata (haveres monetários): Papel moeda em poder do público (PP); Saldo dos depósitos a vista (DV). M1 PP DV M2 – acrescenta ao M1 os depósitos de curto prazo: Depósitos especiais remunerados, Depósitos de poupança, Títulos emitidos por instituições depositárias M 2 M1 depósitos _ de _ curto _ prazo Depósitos a vista (DV) = Reservas (R) + Empréstimos (EB) 165 As reservas (R) que os bancos constituem sobre os depósitos são de dois tipos: 1. reservas compulsórias: são a parcela dos depósitos que os bancos são obrigados legalmente a depositar em suas contas ao Banco Central para poderem fazer frente a suas obrigações. 2. reservas voluntárias: são recursos que os bancos mantêm junto ao Banco Central por opção, ou seja, não existe obrigação legal Classificação do meio de pagamento; 1. M3 – Acrescenta os depósitos de médio prazo: Quotas de fundos de renda fixa Operações compromissadas com a SELIC M 3 M 2 depósitos _ de _ médio _ prazo 2. M4 – Acrescenta os ativos de prazo mais longo: Títulos do governo de alta liquidez M 4 M 3 depósitos _ de _ longo _ prazo Criação e destruição de moeda Ocorre “criação de moeda” quando aumenta o M1. De igual modo, “destruição de moeda” ocorre quando o saldo de M1 cai. Exemplos: Exportadores trocam US$ por R$ no Banco Central. Empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado. Banco central vende US$ aos importadores. Pagamento de um empréstimo bancário. Compra de títulos do governo. Depósito em conta corrente. Saque de um cheque. Criação Destruição Apenas transferência Oferta de Moeda pelo Banco Central O objetivo principal do Banco Central é regular a moeda e o crédito, em níveis compatíveis com as metas (inflação) estabelecidas pela autoridade monetária. 166 definir as condições de liquidez da economia: quantidade ofertada de moeda, nível de taxa de juros entre outros. Funções: Banco dos Bancos: É onde os bancos comerciais depositam seus fundos, transfere recursos de um banco para outro, além de emprestar aos bancos comerciais. Funções: Banco emissor: É o responsável e tem monopólio da emissão de moeda. Banco do governo: Recursos do governo ficam em grande parte depositados no BACE. O Bacen também é o responsável por implementar a política monetária. Banco depositário das reservas internacionais: responsável pela defesa da moeda nacional, administração do câmbio e das reservas de divisas internacionais no país. Os Bancos comerciais também podem modificar a quantidade de moeda pelo fato de poderem emprestar mais do que têm em depósito (carta patente). O multiplicador da oferta de moeda: Oferta de Moeda pelo Banco Central Trata-se de um Progressão Geométrica. 1 PG a 1 q Onde a soma dos termos da PG: a = primeiro termo da progressão geométrica q = razão da P.G (percentual livre para empréstimos). No exemplo: 167 1 PG a 1 q 5.000 1 R$7.142,00 1 0,3 Taxa de juros Taxa de juros é o que se ganha pela aplicação de recursos durante determinado período de tempo, ou alternativamente, aquilo que se paga pela obtenção de recursos de terceiros durante determinado período de tempo. Determinação da taxa de juros Teoria do fundos emprestáveis De acordo com teoria de fundos emprestáveis o que determina é a oferta e a demanda Taxa de juros Principais taxas de juros são: Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custodia) TR (Taxa Referencial de Juros) TBF (Taxa Básica de Financiamento) TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) Estrutura de taxa de juros e sistema financeiro são os instrumentos que as instituições usam para garantir ao máximo que recebam seu dinheiro de volta. Taxa de Juros Real Taxa de Juros Real corresponde a taxa de juros nominal recebida, descontada a perda de valor da moeda, ou seja, a inflação do período. Taxa de Juros Nominal Ganho monetário que se obtém em determinado aplicação financeira, ou o custo monetário de determinado empréstimo. Indexação: Mecanismos de proteção dos valores monetários (contratos nominais) das perdas decorrentes da inflação. Correção monetária: Correção dos valores nominais por dado índice de preços de modo a compensar a perda de valor da moeda corrente da inflação. Operações Prefixadas: em que a taxa nominal de juros é dada e a taxa real só conhece ex post, uma vez verificada a inflação do período. 168 Operações Pós-Fixadas: em que se define a taxa de juros real ex ante e acrescenta-se a correção monetária para determinar a taxa nominal de juros que só é conhecida ex post Velocidade da Moeda A velocidade da moeda refere-se à velocidade com que a moeda passa de carteira em carteira em uma economia. V = (P x Y) ¸ M Onde V = velocidade da moeda P = Nível de preços Y = quantidade de produção (renda) M = quantidade de moeda Reescrevendo nós obtemos a equação das trocas: MxV=PxY A equação das trocas relaciona a quantidade de moeda em uma economia (M) com o valor nominal da produção (P x Y) equação das trocas mostra que um aumento da quantidade de moeda em uma economia deverá: O nível de preços sobe, ou A produção cresce, ou A velocidade da moeda diminui 169 Teoria Quantitativa da Moeda A velocidade da moeda é relativamente estável no longo prazo Um mudança proporcional no valor nominal da produção relaciona-se com mudanças na quantidade do moeda pelo banco central Como a moeda é neutra, a moeda não afeta a produção Mudanças na oferta de moeda que induzem mudanças no valor nominal da produção também reflete na alteração do nível de preços Quando o banco central aumenta rapidamente a oferta de moeda, o resultado é o aumento da inflação 3.2 Evolução histórica Brasil Colonial Brasil Imperial Brasil Republicano Brasil Colonial Principais marcos do período colonial: A Carta Pero Vaz de Caminha: primeiro documento oficial sobre o Brasil Expedições de Martim Afonso – 1530 expedições exploradoras poderes para nomear funcionários e doar terras de sesmaria Colonização interesse de franceses, holandeses e ingleses leva Portugal a iniciar a colonização Principais marcos do período colonial: Capitanias Hereditárias – 1534/1759 primeiro sistema administrativo implantado no Brasil regime baseado no patrimonialismo da Coroa estrutura política e administrativa era permeada por distribuição de cargos devido a critérios de afeição e troca de favores 170 Principais marcos do período colonial: Capitanias Hereditárias – 1534/1759 era uma concessão de exploração de serviços concedida a particulares direitos régios, justiça, distribuição de terras, arrecadação de dízimos e fundação de povoações o regime fracassou apenas Pernambuco e São Vicente prosperaram MAS, dificultou o estabelecimento de estrangeiros na colônia Principais marcos do período colonial: Capitanias Hereditárias – 1534/1759 171 Governo Geral 1548/1759 objetivos: apoiar melhor e com mais segurança as capitanias centralizou o poder, mas não terminou com as capitanias criação dos cargos de ouvidor geral, provedor mor da fazenda e capitão mor da costa regime patrimonialista e com centro decisório em Portugal traços da época até hoje existentes na AP brasileira: presença dominante do Estado elite econômica associada e dependente do Estado proteção contra concorrência controle administrativo dos preços limite artificial da oferta vantagens e subsídios na compra de matéria prima estes aspectos geraram um “capitalismo protegido”: privatista na propriedade e semi-estatal na gestão Vice-reinado em 1574 o Brasil foi dividido em 2 vice-reinos 1580 – União Ibérica não havia preocupação em divisa de terras 172 1581 – governo do Brasil unificado em Salvador 1640 – fim da União Ibérica 1640 a 1718 – título de vice-rei usado apenas por governadores de alta fidalguia após 1720 passou a ser utilizado por todos Administração do Marquês de Pombal secretário de estado do rei D. José I, de Portugal novo impulso administrativo e comercial à colônia: transferência da capital para o Rio de Janeiro (proximidade das minas e dos conflitos de fronteira do sul) criação do subsídio literário (imposto para as aulas régias) autorização do casamento com indígenas favorecimento das indústrias de origem agrícola (anil, cochonilha e laticínios) impulso á construção naval expulsão dos jesuítas de Portugal e províncias extinção das Capitanias Hereditárias (transformadas em capitanias gerais) criação das Juntas de Justiça nas comarcas (sede das capitanias), impulsionando o crescimento de vilas Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal Transferência da Família Real Portuguesa – 1808 fugindo das tropas de Napoleão 1808 a 1821- heranças deixadas: burocracia, patrimonialismo, distribuição de cargos e centralização do poder 173 Política Interna elevação do Brasil a Reino Unido e sede da Coroa abertura dos portos brasileiros aumento de arrecadação, revogação do monopólio, desenvolvimento da agricultura e comércio, acordos comerciais internacionais instalação de serviços públicos criação do Banco do Brasil e de ministérios remuneração dos servidores públicos (diferenciada dos portugueses) Política Externa declaração de guerra à França anexação da Guiana Francesa (restituída em 1817) subordinação às orientações administrativas e econômicas inglesas recebimento de diplomatas estrangeiros no Brasil assinatura de tratados de paz assinatura de tratados de navegação restituição da Guiana Francesa fim do tráfico de escravos Retorno da Família Real para Portugal - 1821 derrota de Napoleão em 1817 volta da estabilidade política na Europa D. Pedro permanece como regente Brasil mantém sua estrutura política passa a ter deputados na Corte de Lisboa portugueses tentam retomar o pacto colonial o Brasil declara-se independente em 1822 Brasil Imperial Primeiro reinado – 1822/1831 Dom Pedro I monarquia com aspecto democrata 174 apesar do patrimonialismo, alguns anseios populares eram acatados vilas são promovidas a cidades maior importância política e administrativa 1824 – primeira Constituição inspirada nas constituições francesa e estadunidense Poder Executivo fortemente centralizado 1824 – primeira Constituição fiscalização permanente do Imperador – Poder Moderador devia velar pela harmonia entre os poderes Senado vitalício – indicado pelo Imperador Câmara de Deputados eleita a cada 4 anos podia ser dissolvida pelo imperador Dom Pedro I Primeiro reinado – 1822/1831 período marcado por: guerras internas e externas insolvência do Banco do Brasil crescimento da dívida pública tratados de comércio com França e Inglaterra criação dos Conselhos Gerais das Províncias criação do Supremo Tribunal de Justiça necessidade de assumir o trono português, pacificar revolução em Portugal e os conflitos internos no Brasil: 175 levaram à abdicação em favor de Pedro II, que no tempo não tinha a maioridade Segundo reinado – 1831/1889 Fase das Regências – 1831/1840 Regência Trina Provisória Regência Trina Permanente 1831/1835 Ato Adicional à Constituição – 1834 experiência de república e de sistema parlamentarista Assembléias Legislativas Provinciais regência una, eleita pelo voto popular limitação do Poder Moderador para o regente Fase da Antecipação da Maioridade – 1840/1850 decretada em 1840 visou combater as revoltas enfatizou o parlamentarismo com forma de governo Dom Pedro II Fase da Prosperidade – 1871/1889 o Grande Gabinete - Visconde do Rio Branco Lei do Ventre Livre reforma de pessoal e serviço dos Correios normas para promoção dos militares novo quadro de pessoal dos empregados do Tesouro e da Fazenda primeiro recenseamento geral da população escolas públicas primárias na Corte tratados com o Paraguai 176 imigração de estrangeiros naturalização de estrangeiros Brasil Republicano Primeira República – 1889/1930 Constituição de 1891 República representativa federativa retorno aos três poderes reorganização dos serviços da administração federal Segunda República (Era Vargas) – 1930/1945 período do Estado Burocrático Carta de 1934 Estado Novo – 1937 consolidação de normas trabalhistas reforma do ensino médio e superior criação de novos territórios reforma jurídica Getúlio Vargas Terceira República – 1945/1964 grande impulso econômico plano rodoviário redemocratização dos três poderes construção da Usina Siderúrgica Nacional aproveitamento hidrelétrico lei de financiamento de serviços públicos municipais Grande impulso econômico plano rodoviário 177 redemocratização dos três poderes construção da Usina Siderúrgica Nacional aproveitamento hidrelétrico lei de financiamento de serviços públicos municipais Governo Juscelino Kubitscheck plano de metas para energia, transporte, educação, indústria, etc crescimento da produção industrial construção de Brasília normas e contratação do servidor público, contagem de tempo de serviço, plano de assistência e plano de classificação de cargos imposto único de combustíveis e lubrificantes líquidos Juscelino Kubitsheck Quarta República – 1964/1985 Estado autoritário-burocrático eleição indireta e 5 presidentes militares criação do Banco Central correção monetária normas sobre participação dos municípios nas cotas dos tributos da União criação do Conselho Interministerial de Preços criação das empresas Nacionais de Turismo, Telecomunicações e Aeronáutica programa estratégico de desenvolvimento – orçamento plurianual de investimentos 178 Quinta República – 1985/... Estado gerencial retorno às eleições diretas administrações com foco neoliberal privatizações José Sarney tornou-se presidente após o adoecimento e posterior morte de Tancredo Neves, entre março e abril de 1985. Sarney foi eleito vicepresidente da República na chapa de Tancredo Neves por eleição indireta, superando o candidato Paulo Maluf. Seu mandato se caracterizou pela consolidação da democracia brasileira, mas também por uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação histórica e moratória. O Plano Cruzado Na área econômica, o governo Sarney adotou uma política considerada bastante heterodoxa. Entre as medidas de maior destaque estão o Plano Cruzado, em 1986: congelamento geral de preços por 12 meses, e a adoção do "gatilho salarial" (reajuste automático de salários sempre que a inflação atingia ou ultrapassava os 20%). O Plano Cruzado a princípio teve efeito na contenção dos preços e no aumento do poder aquisitivo da população. Milhares de consumidores passaram a fiscalizar os preços no comércio e a denunciar as remarcações, ficando conhecidos como "fiscais do Sarney“. No decorrer do ano o Cruzado foi perdendo sua eficiência, com uma grave crise de abastecimento, a cobrança de ágio disseminada entre fornecedores e a volta da inflação. O governo manteve o congelamento até as eleições estaduais de 1986, tentando obter os maiores dividendos políticos possíveis do plano. José Sarney 179 Fernando Affonso Collor de Mello, conhecido simplesmente como Fernando Collor, (Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1949) é um empresário e político brasileiro, atualmente filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro. Foi o primeiro presidente da República eleito pelo voto direto após o Regime Militar, em 1989, pelo período de 1990 e 1992. O governo foi marcado pela implementação do Plano Collor, pela abertura do mercado nacional às importações e pelo início do Programa Nacional de Desestatização. Renunciou ao cargo em razão de um processo de impeachment fundamentado em acusações de corrupção. Teve seus direitos cassados por oito anos, e só seria eleito para cargo público novamente em 2006, tomando posse como senador por Alagoas em 2007. Fernando Collor Itamar Franco Em 1992, Collor foi acusado de corrupção e sofreu um processo de impeachment pelo Congresso Nacional e se licencia do governo. Itamar assume, interinamente a presidência em 2 de outubro de 1992, sendo formalmente aclamado presidente em 27 de dezembro de 1992, quando Collor renunciou à presidência. O Brasil estava no meio de uma grave crise econômica, tendo a inflação chegado a 1100% em 1992, e alcançado quase 6000% no ano seguinte. Itamar trocou de ministros da economia várias vezes, até que Fernando Henrique Cardoso assumisse o Ministério da Fazenda. Em fevereiro de 1994, o governo Itamar lançou o Plano Real, elaborado pelo Ministério da Fazenda a partir de idealização do economista Edmar Bacha, que estabilizou a economia e acabou com a crise hiperinflacionária. Beneficiado pelo sucesso do plano, Fernando Henrique Cardoso passou a ser o candidato oficial à sucessão de Itamar, e foi eleito presidente em outubro de 1994, assumindo a presidência em 1 de janeiro de 1995. 180 Itamar Franco Fernando Henrique Cardoso (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1931) é um sociólogo, professor universitário e político brasileiro. Foi presidente do Brasil por dois mandatos consecutivos, de 1° de janeiro de 1995 a 31 de dezembro de 2002. É co-fundador e, desde 2001, presidente de honra do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira). No primeiro mandato FHC conseguiu a aprovação de uma emenda constitucional que criou a reeleição para os cargos eletivos do Executivo, sendo o primeiro presidente brasileiro a ser reeleito. Em seu governo houve diversas denúncias de corrupção, dentre as quais merecem destaque as acusações de compra de parlamentares para aprovação da reeleição e de favorecimento de alguns grupos financeiros no processo de privatização de empresas estatais. Fernando Henrique Cardoso Luiz Inácio Lula da Silva é um político brasileiro e foi presidente da República Federativa do Brasil, por dois mandatos consecutivos, de 1° de janeiro de 2003 a 31 de dezembro de 2010 A gestão é caracterizada por um governo de continuidade da estabilidade econômica da administração de Fernando Henrique, e uma balança comercial crescentemente superavitária. Em seu governo, a dívida interna passou de 731 bilhões de reais (em 2002) para um trilhão e cem bilhões de reais em dezembro de 2006, diminuindo, todavia a proporção da dívida sobre Produto Interno Bruto com relação à década de 1990. 181 Concomitantemente, a dívida externa teve uma queda de 168 bilhões de reais, fruto principalmente da valorização do Real frente ao dólar e das volumosas compras de dólares realizadas pelo Banco Central, utilizadas em parte para recomprar a dívida (a exemplo do que foi feito com o C-Bond). Também é marcada por manter o corte de investimentos públicos, a exemplo da gestão anterior. Durante o governo Lula houve incremento na geração de empregos. Segundo o IBGE, de 2003 a 2006 a taxa de desemprego caiu e o número de pessoas contratadas com carteira assinada (mais 985 mil) cresceu, enquanto o total de empregos sem carteira assinada diminuiu 3,1%. Já o total de pessoas ocupadas cresceu 8,6% no período de 2003 a 2006. Luiz Inácio Lula da Silva Dilma Rousseff, é uma economista e política brasileira e é presidente da República Federativa do Brasil desde 1° de janeiro de 2011 Dilma Rousseff 3.3 Inflação Conceito: processo de alta generalizada dos em determinado preços de uma economia, período, com redução do poder de compra. John Law (1716): criou bancos com emissão de moeda sem lastro: 182 inflação desenfreada; quebra do sistema bancário; e perda de confiança na moeda e no crédito. Tipos de inflação Inflação rastejante: até 10% ao ano “lubrifica” a economia (estimula) Inflação alta: acima de 20% ao ano Hiperinflação: acima de 50% ao mês Alemanha: jan. 1923: US$ 1/18 mil marcos nov. 1923: US$1/4,2 trilhões de marcos Distorções do processo inflacionário Mudança dos preços relativos (bens e fatores) Afeta as relações de troca Afeta a distribuição de renda Déficit da balança comercial Afeta a realocação de fatores Interfere na formação das expectativas (Incerteza e riscos) Indicadores de inflação IGP-DI: Índice Geral de Preços Disp interna Calculado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Compreende a média ponderada do IPA (peso 6), IPC-RJ (peso 3) e INCC (peso 1). Calculado pela FGV-RJ entre 1 a 30 de cada mês. Exclui a variação de preços dos produtos exportados. Correção de valores nos contratos em geral. IGP-M: Índice Geral dos Preços do Mercado Calculado pela FGV-RJ. Composto por: IPA (60%), IPC (30%) e INCC (10%). Coleta: 21 do mês anterior e 20 do mês corrente. Divulgação: dia 30. É um dos índices mais utilizados no Brasil. 183 Correções de títulos do Tesouro Nacional e Depósitos Bancários com renda pós fixadas acima de um ano. Contratos de aluguel e reajuste de tarifas de energia elétrica. IPA: Índice de preços por atacado Calculado pela FGV-RJ. Média ponderada da variação dos preços por atacado de bens duráveis e não duráveis de consumo; bens de produção (matérias-primas, veículos, máquinas e equipamentos); produtos agrícolas; produtos da indústria de transformação. Determinação das planilhas de custos das firmas INPC: Índice Nacional Preços ao Consumidor Calculado pelo IBGE entre 01 e 30 de cada mês (famílias das Reg Metrop c/rendas entre 1 e 8 SM). Ponderação: SP, 28,46%; RJ, 12,52%; Belo Horizonte, 11,36%; Salvador, 9,10%; Porto Alegre, 7,83%; Recife, 7,10%; Brasília, 6,92%; Fortaleza, 5,61%; Belém, 4,20%. Orientar os reajustes de salários dos trabalhadores dos setores público e privado. IPCA: Índice de Preços Consumidor Ampliado. Calculado pelo IBGE nas mesmas áreas do INPC, mas as famílias pesquisadas são as com rendas entre um e quarenta salários mínimos. Corrigir as demonstrações financeiras das companhias abertas e servir de referência para o estabelecimento de metas de inflação do BCB. INCC: Índice Nacional do Custo da Construção Calculado pela FGV-RJ. Mede a variação mensal de preços de um conjunto de produtos e serviços residenciais (como mão-de-obra), obras públicas de engenharia civil e infra-estrutura em 18 dos principais municípios do País. Planilhas de custos do setor de construção civil. 184 Valores nominais e valores reais Valores nominais: são os apresentados a preços correntes (preços do período em que os bens foram produzidos). Ex. Uma dívida de R$ 1.000 em 1995 quanto vale hoje? R$ 1.000 comprava mais coisas em 1995 do que hoje. O dinheiro se desvalorizou. É 185 preciso acrescentar a inflação do período. Se ela foi 30%, então a dívida será R$ 1.300. Valores reais: transformado a preços do período. Taxa de Juros Nominal = Taxa de Juros Real + Inflação Causas da inflação 186 Inflação de demanda Pressões de YD : C, I, G C depende da renda, juros, disponib. Crédito; Teoria quantitativa da moeda: M.V = P.Q Monetaristas: controle de M e juros; Fiscalistas: Redução dos gastos públicos G e aumento dos impostos T Inflação de custos: Repasse aos preços do aumento de salários e de outros insumos (energia, matérias-primas, serviços, peças de reposição, impostos ...); Inflação salarial: YS = f(w/p) ... Lucros ↑ ou ↓; Inflação de lucros: poder de mercado: grau de oligopólio, inelasticidade preço do bem ... Espiral inflacionária salário-preço Controle de preços e salários pelo Governo Se o diagnóstico for inflação de demanda: Política monetária: 1. redução meios pagamen. (Dep. compuls; Oper merc abert; Redesconto); 2. Elevação das taxas de juros (C↓e Inv↓); 3. Compressão do Crédito (idem). Política fiscal: 1. Corte dos gastos públicos; 2. elevação de impostos. Se o diagnóstico for inflação de custos: As Políticas monetárias e fiscais são ineficazes Inflação resulta: poder de barganha sindicatos ou do poder de mercado das firmas Curva de Philipps: conflito entre inflação e desemprego: 1. Corte de G: inflação↓, mas desemprego ↑ 2. Aumento G: desemprego↓, mas inflação ↑ Hiper-Inflação e Imposto Inflacionário É a inflação maior que 50% em um único mês 187 Na maioria dos países é causada quando o governo imprime muita moeda para pagar o seus gastos 188 Quando o governo aumenta a sua receita através da impressão de moeda, é dito que ele impôs um imposto inflacionário sobre a economia. A inflação só termina quando o governo institui reformas fiscais, como o corte de gastos. Inflação e desenvolvimento Inflação provocada p/Governo na tentativa de aumentar a taxa de crescimento Poupança forçada: w/p ↑ o Inv ↑ e taxa cresc ↑ Inflação e ciclo econômico: Fase ascendente: Credito ↑ Inv ↑ cresc c/P ↑ Recessão: P ↓ e Q ↓ desemprego aumenta justifica-se o aumento dos gastos públicos Estruturalistas e a inflação Estrangulamentos da oferta causam inflação: Estradas, portos, hidrelétricas, indust básicas, mão-de-obra especializada: gastos G↑ e P↑ Principais estrangulamentos da economia: Oferta inelástica alimentos: custo vida↑ e P↑ Escassez de divisas: Import↓ e P↑ Restrição orçamentária: emissão, MP↑ e P↑ Poup insuficiente: Inv excessos demanda ↑ Principais estrangulamentos da economia: Escassez de mão-de-obra especializada e sindicatos fortes: salários tendem ↑ e P↑ efeito-demonstração do consumo espiral inflacionária salários-custos: P↑ Inflação importada: P imp ↑ e P↑ (Não acreditam nas teorias monetaristas de combate à inflação; não acreditam na teoria quantitativa da moeda). Políticas de combate à inflação no BR 189 Tratamento de choque: a inflação caiu de 100% em 1964 p/34,5% em1965 e 20% 1969; Políticas gradualistas (inflação mais baixa); Hiperinflação: 2.489% 1990 (INPC); Planos econômicos com baixas taxas de crescimento do PIB: 1% a.a. 1991 e -0,5% 1992; 4.9% 1993, 5,9% 1994 e 2,7% 1995 e menos; Combate à inflação reduz o crescimento econ. Choques de oferta e os Planos Choques do petróleo 1973 e 1979; II PND 1974-1978 a inflação subiu mais (Substit imp aço, metais não ferrosos e energia); Inflação: 110% (1980) p/235% em 1985; Correção monetária: alimentava a inflação; Inflação inercial: repetição da inflação passada em razão da correção monetária de ativos e contrato. Planos heterodoxos Plano Cruzado (1986): congelamento de preços e salários: pressão de custos e inflação de demanda (w↑ e G↑); desabastecimento, ágios e maquiagem de produtos; Plano Bresser, Plano Verão (1987 a 1989); Plano Collor I e II (confisco da poupança): G ↑ Síntese: Congelamento não deu certo pela ausência de políticas de austeridade (monetárias e fiscais). Plano Real URV: Unidade Referencial de Valor: Os preços passaram a flutuar em torno desse índice (acomodação dos preços relativos); Conversão dos preços em reais após 4 meses; Proibida a indexação de preços e salários; Inflação: 1.094% (1994) p/ 1,7% a.a. (1998); Âncora cambial: US$ 1/R$ 1 (bandas); 190 Déficits bal comerc ↑, mas K exter ↑ (juros ↑). Regime de “Metas para a Inflação” Início junho 1999: 20% para 9,8% em 2000; Fixa-se a taxa de inflação desejada, com juros altos (contenção do consumo): aumenta o afluxo de capital externo (dólares); Critérios para definir a taxa interna de juros: iN = i* + DtCe + RP ... Taxa de juros SELIC iR = iN – IPCA = 15,24% – 4,23% = 11,02% (IGPA últimos 12 meses; meta: 4,25% a.a., +-2%) RANKING DOS JUROS REAIS (16/9/05) 1. Brasil: 11,6%; 2. Turquia: 9,0%; 3. China: 6,4%; 4. Hungria: 6,0%; 5. México: 5,4%; 6. Polônia: 4,8%; 7. África Sul: 3,5%; 8. Índia: 3,5%; 9. Austrália: 3,1%; 10. Israel: 2,6%; França: 0,5%; Japão e Canadá: 0,4% a.a. EUA: 0% taxas negativas: Portugal: - 0,6%; Argentina: - 6%. Relação Entre Moeda, Inflação e Taxa de Juros No longo prazo, uma mudança no crescimento da moeda não deve afetar a taxa de juros real, dessa forma, a taxa de juros niominal da economia deve ter uma relação de um para um com a inflação Quando o banco central aumenta a taxa de crescimento da moeda, o resultado é tanto o aumento da inflação como o aumento da taxa de juros nominal da economia. É o chamado Efeito Fisher. 191 A Falácia da Inflação Falácia: “A inflação reduz a renda e diminui o padrão de vida dos indivíduos”; Fato: “O preço inflacionado de um indivíduo, é a receita inflacionada de outro indivíduo”. A não ser que as receitas sejam fixadas em termos nominais, os preços mais altos pagos por consumidores é exatamente contra-balançado com o aumento de receita pelos vendedores . Os Custos da Inflação Existem pelo menos seis custos provenientes da inflação: Sola de Sapato; Menu; Aumento da variabilidade dos preços relativos; Aumento de imposto; Confusão e inconveniência; Redistribuição arbitrária de riqueza. Sola de Sapato A inflação reduz o valor real da moeda, dessa forma os indivíduos tentarão minimizar a quantidade de moeda em seu poder. Com isso os indivíduos têm que ir mais vezes aos bancos para aplicar a sua renda em fundos de investimento. Idas mais vezes aos bancos, reduzem a quantidade de tempo disponível para atividades produtivas. 192 Menu Em tempos inflacionários é necessário estar sempre atualizando as listas de preços. Esse é um processo que consome muitos recursos, tirando esses recursos de atividades produtivas . Aumento da variabilidade dos preços relativos Em tempos de inflação, apesar dos preços estarem sempre subindo, há uma demora, curta é verdade, entre os aumentos; nesse período outros preços da economia estarão subindo tornando impossível a comparação dos preços relativos. Aumento de imposto Com a inflação, salários eventualmente reajustados são tratados, muitas vezes, como ganho real. Conseqüentemente com a taxação progressiva, salários nominais maiores pagarão mais imposto. Confusão e inconveniência Com inflação é necessário estar sempre fazendo ajustes e correções para podermos comparar custos, receitas e lucro real. O tempo gasto fazendo esses ajustes poderia ser gastos produzindo mais bens e serviços. Redistribuição arbitrária de riqueza Com inflação incorretamente prevista ou completamente imprevista, riqueza é redistribuída entre credores e devedores monetários. Essa redistribuição pode ser considerada inaceitável sob outras circunstâncias. UNIDADE IV – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 4.1 Conceitos e indicadores do desenvolvimento Crescimento e a riqueza das nações – objeto da economia desde sua origem; Preocupação dos clássicos: Smith, Ricardo, Marx, Schumpeter, Escola CEPAL (Celso Furtado): aumento da produtividade, crescimento, riqueza e acumulação --- “bem estar”. 193 Desenvolvimento econômico – disciplina específica pós 2ª Grande Guerra Contexto reconstrução; Descolonização e novos Estados Nacionais; Planejamento econômico (guerra, reconstrução-Plano Marshall e URSS – planejamento centralizado x mercado). 1ª questão – o que é desenvolvimento? 2 ª questão – como medir Questões complexas, embora idéia intuitiva de desenvolvimento Riqueza material – renda per capita. Distribuição da Riqueza (desigualdade). Desenvolvimento social, cultural, etc . Valores (liberdade, justiça, etc.). Definição: “Crescimento econômico é um crescimento contínuo da renda total e per capita ao longo do tempo.” Pinho e Vasconcellos (2006, p. 366) “Desenvolvimento econômico faz “parte da teoria econômica dedicada ao estudo da melhoria do padrão de vida da coletividade ao longo do tempo. Analisa o progresso tecnológico, estratégias de crescimento, entre outros assuntos. Pinho e Vasconcellos (2006, p. 368) ou com outros palavras: Crescimento Econômico: Ampliação do valor do Produto Interno Bruto, passível de medição pelas Contas Nacionais; Desenvolvimento Econômico: Elevação da Qualidade de Vida da população e redução das diferenças econômicas e sociais entre seus membros. Crescimento Econômico: Evolução positiva do PIB, ou da Renda Nacional, ou da Demanda Final do sistema econômico de um país. Desenvolvimento Econômico: Transformação Estrutural da Economia de um país por mudanças na estrutura técnica, nas relações entre setores econômicos, na capacitação da PEA (População Economicamente Ativa). 194 Subdesenvolvimento: Situação caracterizada por elementos econômicos e sociais que compõem uma “estrutura econômica social” Desenvolvimento: Processo de mudança permanente nos elementos econômicos e sociais que caracterizam um “sistema econômico” Transição do Subdesenvolvimento para o Desenvolvimento Não depende apenas da passagem do tempo – exige políticas específicas; Não depende apenas do Mercado; Implica em transformações nas relações de produção, sob a perspectiva técnica e sob a perspectiva da organização social. Permanência das Economias Subdesenvolvidas Gênese e desenvolvimento do modo de produção capitalista criam “economias centrais” e “economias periféricas” e permite a reprodução sofisticada do Subdesenvolvimento: 1. Elites Políticas beneficiadas pelo modelo 2. Modelo de Transformações Econômicas baseado na Substituição de Importações: Fase 1: Produção de Bens de Consumo Não Durável (importa-se bens duráveis e demais) Fase 2: Produção de Bens de Consumo Não Duráveis e Duráveis (importa-se máquinas e insumos) Fase 3: Produção de Bens de Consumo e de Bens de Capital, as “máquinas de fazer máquinas” (importa-se tecnologia). 3. 4. Organização Social excludente: Educação não universal Necessidades Básicas não satisfeitas Evolução Demográfica (como tratá-la?) Organização Política imatura: Partidos Políticos “indefinidos ideologicamente” Organizações da Sociedade Civil frágeis, Sindicatos excessivamente dependentes do Poder do Estado O “Círculo Vicioso”: Nações Desenvolvidas-Nações subdesenvolvidas 195 As Nações Desenvolvidas criam Nações Subdesenvolvidas? Colonialismo Imperialismo como Etapa Superior do Capitalismo As Nações Independentes (por ex: Inglaterra x EUA, Inglaterra x Canadá, Portugal x Brasil e, ainda, o Japão) As Nações Subdesenvolvidas são essenciais às Nações Desenvolvidas? Argumentos x História: A acumulação dos países centrais depende dos ganhos na periferia, é fato? A autonomia da periferia inviabiliza o funcionamento do Centro, é fato? A Constituição de um Sistema Econômico (de um país capitalista) 1. A Organização de um Mercado Interno Fortalecimento da Divisão Social do Trabalho Fortalecimento da Divisão Técnica do Trabalho Constituição de uma classe de Trabalhadores Assalariados 2. A Utilização adequada dos Fatores de Produção Ações políticas através dos órgãos e planos plurianuais Causas: atividade econômica aumento de capital melhoria bem estar econômico acumulação de conhecimento Objetivos do desenvolvimento: Elevação padrão de vida Bem estar social Crescimento econômico social Estabilidade econômico-politico-administrativa Etapas: 1ª - sociedade tradicional: economia não evolui, não cresce 2ª - pré condições arranco: primeiros passos, infra estrutura 3ª - arranco (take off): industrialização intensa, comex, associativismo 4ª - maturidade: produz e consome em massa 5ª - consumo em massa: bem estar social, tecnologia 196 Fatores de Produção Recursos Naturais Características Naturais Recursos do Solo e do Subsolo População e Força de Trabalho Volume Populacional Densidade e Distribuição Geográfica Composição por Faixas Etárias Qualificação Capital Capacidade de comandar trabalho, capacidade de Investir Tecnologia Apropriação da Natureza Aumento da Produtividade Racionalização do uso da Força de Trabalho Indicadores do Nível de Desenvolvimento 1. 2. Vitais: Expectativa de Vida Mortalidade Infantil Estrutura Etária Taxa de Crescimento Populacional (a) Econômicos (Estruturais) Força de Trabalho Qualificação Contingente Feminino Recursos Naturais Nível e Formas de Exploração Nível de Conhecimento Capital Investimento per capita Desagregação em Infra-estrutura e Capacidade produtiva Caracterização da Propriedade do Capital 197 Estrutura da Produção Composição Setorial Nível Tecnológico / Produtividade Integração Intersetorial Integração Internacional Contribuição Setorial para a Balança de Pagamentos Estrutura de Distribuição da Renda Estratificação Salários, Lucros, Impostos (b) Indicadores Econômicos (Demanda Final Disponível) Distribuição de Renda per Capita Bens de Consumo Não Durável e Durável disponíveis (alimentos, têxteis, eletrodomésticos) Bens de Investimento (cimento, energia, ferro & aço, equipamentos) Infra-estrutura Disponível (capacidade de transportes, malha ferroviária e rodoviária, energia, telecomunicações) Serviços Sociais disponíveis (educação por nível de qualificação, assistência médica, serviços culturais...) 3. Sociais Estratificação Classes Sociais/Renda Estratificação Étnica/Renda Mobilidade Social Participação Política Estrutura da Propriedade dos Meios de Produção... Como medir a “Qualidade de Vida” da População de um país ? Utilizando variáveis “proxi” como: 1. PIB per capita 2. Distribuição do PIB sob as óticas da 1. Demanda Final 2. Distribuição da Renda (Índice de GINI) 3. Linha de Pobreza 4. Índice de Desenvolvimento Humano IDH (hoje um indicador universal de qualidade de vida) 5. IDH municipal – IDHM 198 Posição em 1996 1 2 .... 7 8 9 10 País PNB PNB per ( US $ bilhões) capita (US$) 7 433.5 28 020 8 5 149.2 .... 906.1 709.6 569.9 563.2 40 940 .... 750 4 400 19 020 14 350 2 ... 81 31 18 22 Estados Unidos Japão .... China Brasil Canadá Espanha Posição Quadro 1 - A proxi PNB per capita Dúvida: valores em (US$) conseguem comparar a produção de diferentes países ? Os valores em US $ usam as taxas de cambio oficiais, definidas por metodologias adotadas pelos países e acordadas com o FMI Como eliminar diferenças dos preços relativos internos a cada país? Como criar uma “moeda” que leve em conta os preços internos e facilite a comparabilidade? Solução: o “US$ PPC - paridade do poder de compra” (internacionalmente US$ PPP - purchasing power parity) Corrigindo os valores em (US$) “O Dólar PPC á calculado por meio de uma taxa de câmbio que leva em conta as diferenças de preços de mercadorias análogas entre países, permitindo a comparação das situações reais de capacidade de compra da moeda local com relação ao dólar americano, e portanto, uma medida mais realista do PIB do país e da Renda da população” (visão PNUD). A moeda local, convertida em “dólares ppc”, tem o mesmo poder de compra de uma cesta de bens e serviços no mercado doméstico, que o poder de compra em dólares americanos da mesma cesta de bens e serviços no mercado dos Estados Unidos (visão Banco Mundial). (Adotado pelo PNUD e pelo Banco Mundial. Em 2001 calculava-se “dólar ppp - ou ppc, em português” para 118 países – de um total de 220 distintas entidades políticas nacionais. Cálculo do “Dólar PPP” 199 Taxa de Câmbio Oficial (FMI) Dólar x Real: 1 US$ = 2. 90 R$ 100 US$ = 290 R$ (2002) Cesta de Mercadorias e Serviços “Padrão”: CMSP Taxa de Câmbio Oficial (FMI) Dólar x Real: 100 US$ = 110 Pesetas 100 US$ = 160 Dólar Canadense 100 US$ = 830 yuan 100 US$ = 125.40 ienes Cesta de Mercadorias e Serviços “Padrão”: CMSP Quadro 2 - Comparação US $ x US$ PPC Valores 2002 US$ oficial US$ PPC Fator de Conversão de medidas em US$ para medidas em US$ PPC EUA 1.00 1.00 1.00 Japão 125.40 146.20 0.86 …. …. …. …. China 8.30 1.80 4.61 Brasil 2.90 1.00 2.90 Canadá 1.60 1.20 1.33 Espanha 1.10 0.80 1.38 Quadro 3 - Comparação PNB per capita (US $ x US$ PPC) 200 País Posição em 2002 PNB per capita (US$) Posição em 2002 PNB per capita (US$ PPC) Estados Unidos 6 35 400 4 35 400 Japão 7 34 010 10 27 380 .... ... .... .... .... China 136 960 125 3 750 Brasil 91 2 830 86 7 450 Canadá 23 22 390 11 28 930 Espanha 40 14 580 36 21 210 A Distribuição do PIB como proxy de estratégias de desenvolvimento 1. 2. A proxi “Distribuição da Demanda Final” Distribuição de Renda por Curvas de Lorenz (Ex.: Renda em uma nação igualitária) Estrato 0 I II III IV V Variáveis Acumuladas População (%) Renda (%) 0.0 0.0 20.0 20.0 40.0 40.0 60.0 60.0 80.0 80.0 100.0 100.0 201 Curvas de Lorenz Distribuição de Renda - Nação A (igualitária) 120.0 Renda (%) 100.0 80.0 60.0 40.0 20.0 0.0 0 02 04 06 08 001 População (%) Nação A(Igualitária) Estrato 0 I II III IV V Total (Nação igualitária e nação B) Variáveis por Estrato Estrato População (%) Renda (%) 0.0 0.0 0 20.0 5.0 I 20.0 5.0 II 20.0 15.0 III 20.0 30.0 IV 20.0 45.0 V 100.0 100.0 Variáveis Acumuladas População (%) Renda (%) 0.0 0.0 20.0 5.0 40.0 10.0 60.0 25.0 80.0 55.0 100.0 100.0 202 2. Curvas de Lorenz e Cálculo do Índice de Gini 3. Índice de Gini (Nação Igualitária e Brasil, em 1996) Estrato 0 I II III IV V Total Variáveis por Estrato Estrato População (%) Renda (%) 0.0 0.0 0 20.0 2.5 I 20.0 5.7 II 20.0 10.1 III 20.0 18.5 IV 20.0 63.2 V 100.0 100.0 Variáveis Acumuladas População (%) Renda (%) 0.0 0.0 20.0 2.5 40.0 8.2 60.0 18.3 80.0 36.8 100.0 100.0 Curvas de Lorenz Distribuição de Renda - Nação A (igualitária) x Nação B 120.0 Renda (%) 100.0 80.0 60.0 40.0 20.0 0.0 0 02 04 06 08 001 População (%) Nação A(Igualitária) Nação B GBrasil = 0, 605; G max = 1.0 ; G min. = 0.0 203 Quadro 5 - Linha de Pobreza 4. Metodologia para Cálculo do IDH O Índice de Desenvolvimento Humano resulta da combinação de três dimensões: 1. Longevidade (medida pela esperança de vida ao nascer) 2. Educação (medida pela combinação da taxa de alfabetização de adultos, com peso 2/3, e da taxa combinada de matrícula nos três níveis de ensino, com peso 1/3) 3. Renda (medida pelo PIB per capita, expresso em dólares PPC, ou paridade do poder de compra). Para que os indicadores possam ser combinados em um índice único, eles são transformados em índices parciais, cujos valores variam entre 0 e 1. A fórmula geral para a construção desses índices é: Note-se que os valores limites (pior/mínimo e melhor/máximo) não coincidem com o pior e o melhor valores da amostra observada; são parâmetros relativamente estáveis, definidos pelo PNUD, e permitem as comparações entre regiões e entre países. Índice de Longevidade O Índice de Longevidade (ILj) do país j, cuja esperança de vida ao nascer é Vj, é obtido através da aplicação direta da fórmula geral descrita antes, ou seja: 204 Para a aplicação da fórmula básica, adota-se como pior e melhor valores para a esperança de vida, respectivamente, 25 e 85 anos. Índice de Educação Para obter o Índice de Educação (IEj) do país, cuja taxa de alfabetização de adultos é Aj e cuja taxa combinada de matrícula é Mj (três níveis, de 7 a 22 anos), primeiro transformamos as duas variáveis em índices usando a fórmula geral anterior, utilizando 0% e 100% como os valores limites: e combinamos os dois índices, com os pesos de 2/3 e de 1/3: Índice de Renda A construção do Índice de Renda (IRi) do país j, cujo PIB per capita é conhecido, é um pouco mais complexa, e parte da hipótese de que a contribuição da renda para o desenvolvimento humano apresenta rendimentos decrescentes. Essa hipótese é incorporada ao cálculo do IDH através da função logarítmica: O maior valor é $40.000 PPC e o pior, $100 PPC. Todos os valores são em dólar Paridade Poder de Compra, para garantir comparabilidade entre países, sendo que o valor da taxa de dólar PPC é dado pelo Banco Mundial. 205 Índice De Desenvolvimento Humano O IDH do país j, cujos índices de longevidade, educação e renda são, respectivamente, ILj, IEj e IRj é a média aritmética simples dos três índices: O IDH varia entre os valores 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1 mais alto será o nível de desenvolvimento humano do país. Para classificar os países em três grandes categorias o PNUD estabeleceu as seguintes faixas: 0 < IDH < 0,5 0,5 ≤ IDH < 0,8 0,8 ≤ IDH < 1 Baixo Desenvolvimento Humano Médio Desenvolvimento Humano Alto Desenvolvimento Humano 4.2 Fatores do desenvolvimento História: Anos 50: Industrialização Anos 60: Reformas Anos 70: Estilos (e discussão sobre endividamento versus fortalecimento exportador) Anos 80: Crise da dívida/ ajuste/estabilização Anos 90: Transformação produtiva com equidade ANOS 50: Industrialização Teoria estruturalista inaugural Caracterização das economias “periféricas” por contraste às “centrais”: Baixa diversidade produtiva (complementaridade intersetorial e integração vertical reduzidas) e especialização em bens primários; Forte heterogeneidade tecnológica e oferta ilimitada de mão-de- obra com renda próxima à subsistência; 206 Estrutura institucional (Estado, estrutura fundiária latifundiários e empresarial, etc.) pouco vocacionados para o investimento e o progresso técnico Análise das relações “centro-periferia”, com base nesse contraste Implicações: a industrialização é a forma de superar a pobreza e de reverter a distância crescente entre a periferia e o centro, mas é problemática: Baixa diversidade → necessidade de investimentos simultâneos em muitos setores - processo é muito exigente em matéria de poupança e de divisas Especialização em bens primários → a capacidade de geração de divisas é limitada, e a pressão por divisas é elevada Heterogeneidade tecnológica → a produtividade média é baixa e é pequeno o excedente como proporção da renda Atraso institucional → desperdício de parte do excedente através de investimentos improdutivos e de consumo supérfluo, baixo estímulo ao investimento e ao progresso técnico, etc. Anos 60: reformas Fatos estilizados, fins dos 50/início dos 60: Estrangulamento externo/inflação Urbanização/ crescente miséria urbana Revolução cubana/Aliança para o Progresso Diagnóstico: Há fortes barreiras à sustentação do crescimento e à inclusão social. A industrialização não elimina a heterogeneidade tecnológica e a dependência, apenas altera a forma como essas características passam a se expressar. O subdesenvolvimento é um processo de crescimento em estruturas heterogêneas. Seus segmentos modernos são comandados por capitais externos e seus associados internos (conglomerados multinacionais vistos como os atoreslíderes da nova modalidade de dependência), justapostos a uma vasta estrutura atrasada, e incapazes de integrá-la à modernidade. Mensagem: É necessário redistribuir a renda, reformar o Estado e controlar os centros de decisão para promover o desenvolvimento Anos 70s: debate sobre “estilos” (e sobre adequação à crise internacional) Fatos estilizados, fins dos 60/70s : 207 Crescimento acelerado, e acentuação das desigualdades sociais durante o auge expansivo de 1965-73 Crise mundial de 1973/74, e endividamento crescente Diagnóstico: A interação entre “estruturas” de demanda e de oferta está determinando um “modelo” de crescimento perverso (que se dinamiza através de concentração da renda), não necessariamente pouco dinâmico Mensagem: É necessário recuperar a democracia, como pré-requisito para viabilizar politicamente a mudança de estilo Reação à crise internacional e ao endividamento Alerta contra excessos de endividamento, em função do perigo de elevação dos juros dos empréstimos, e em função de possíveis cenários pouco favoráveis quanto à evolução dos mercados de exportação. Recomendação em favor de agressividade exportadora (via complementaridades entre ganhos de escala por mercado interno e promoção de exportações) Anos 80: Deslocamento do eixo de análise, das questões de longo prazo à “trilogia” dívida/ inflação/ajuste Diagnóstico dos anos 80: recessão é forma inócua de tratar a crise da dívida, além de socialmente injusta. A forma correta de ajustar é pela via do investimento, do crescimento, e da diversificação das exportações Mensagem: renegociar dívida para ajustar com crescimento. Anos 90: a agenda da “transformação produtiva com equidade” Fatos estilizados relevantes(a): Retorno dos fluxos de capitais externos Generalização das reformas liberalizantes Estabilização de preços, melhoria no quadro fiscal, deterioração no balanço de transações correntes Fatos estilizados relevantes(a): Volatilidade de capitais em condições de fragilidade na institucionalidade financeira Crescimento moderado e muito instável 208 Recuperação insuficiente nos investimentos, crescente heterogeneidade produtiva, intensificação da especialização produtiva em commodities (salvo no México, onde a especialização é em “maquiladores”) Alguma melhoria nos índices de pobreza, piora nas taxas e na qualidade do emprego, nenhum progresso na distribuição de renda. Transformação produtiva com equidade: uma agenda de reflexão sobre a “transição” dos 90 Recuperação da perspectiva de médio e longo prazos, nos dois trilhos clássicos da CEPAL: crescimento/ progresso técnico e emprego/distribuição de rendas Posição crítica “moderada” frente as reformas: em busca de uma nova agenda de políticas para enfrentar o baixo dinamismo, os problemas sociais e as insuficiências do mercado (reformar as reformas) Em busca de “história real” para poder interpretar o comportamento das economias no novo paradigma Atualidade da contribuição cepalina: subdesenvolvimento como processo evolutivo específico de estruturas produtivas e sociais heterogêneas Análise das debilidades da estrutura institucional, produtiva e social, e de suas implicações em termos de políticas econômicas Análise das barreiras à criação, incorporação e difusão de progresso técnico Análise de interações entre crescimento e distribuição de renda (estudo de padrão ou estilo de desenvolvimento) Análise da inserção internacional e da vulnerabilidade externa População e PIB Mundial: Longo Prazo Visão de longo prazo (ano 0 até o ano 2000) mostra diferenças importantes entre períodos e grupos de países; Performance econômica do mundo muito melhor no segundo milênio que no primeiro; 209 Entre ano 1000 e 1998 a população cresceu 22 vezes e a renda per capita 13 vezes; Entre ano 0 e o ano 1000, a população cresceu 15% e a renda per capita teve uma pequena redução. População e PIB Mundial: Longo Prazo No segundo milênio – dois grandes períodos: antes e depois de 1820: Entre 1000 e 1820 renda per capita cresceu 50%; Pós 1820 – a renda per capita cresceu 8,5 vezes (população 5,6 vezes); Mas essa trajetória foi muito distinta entre países e regiões. Dinâmicos: Europa Ocidental, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Japão (PIB per capita 19 vezes). População e PIB Mundial: Longo Prazo Crescimento lento: América Latina, Europa Oriental, Ásia (exceto Japão) e África (PIB per capita 5,4 vezes) “gap” entre dois grupos aumentou sensivelmente: no ano 1000 a renda per capita do primeiro grupo era menor que a do segundo; em 1820 era 2 vezes maior, em 1998 era 7 vezes maior No ano 1000 a Ásia (sem Japão) produzia 2/3 do PIB mundial e a Europa Ocidental menos de 9%; em 1820 essas proporções eram 56% e 24%; em 1998 a Ásia era responsável por 30% e a Europa Ocidental por 46% População Mundial – 0 dc a 1998 210 PIB per capita mundial – 0 dc a 1998 Mudanças populacionais O crescimento da população mundial no último milênio foi conseqüência de mudanças significativas na natalidade e na mortalidade. A queda da mortalidade foi o aspecto mais importante, especialmente após 1820. Também existem fortes diferenças entre os grupos de países e internamente a cada grupo, em termos de expectativa de vida, mas essas diferenças são muito menores que as diferenças de renda 211 Expectativa de vida e mortalidade: 33 dc a 1869 Taxa de natalidade e Expectativa de Vida 1820 – 1998/99 População da Europa Ocidental: comparação entre primeiro e segundo milênio dc 212 Crescimento Acelerado: fenômeno recente Desigualdade interna nos diferentes países Desigualdade menor em países de renda per capita elevada Desigualdade maior nos países de renda „média‟ Hipótese complexa; a distribuição piora e depois melhora quando a renda per capita se eleva (?) 213 Trajetórias de cada país são resultado de uma combinação complexa do arranjo econômico, social e político interno Correlações entre Renda e Variáveis selecionadas Renda e esperança de vida Renda e analfabetismo Renda e Mortalidade infantil Forte correlação entre renda e essas variáveis Correlação maior para rendas baixas e médias Renda per capita Versus Esperança de vida 214 Renda per capita e escolaridade Renda per capita e Mortalidade infantil 215 Agenda: Características Estruturais Demografia – taxa natalidade – mortalidade e transição demográfica (razão de dependência) Estrutura ocupacional – correlação entre emprego na agricultura e Renda per capita – mas percentual elevado nos serviços para qualquer faixa de renda per capita (informalidade, menor desenvolvimento industrial, etc.) Urbanização - correlação com Renda per capita (mas também depende da estrutura social e política) Comércio Internacional Composição da pauta comercial (bens primários) – „vantagens comparativas‟? Deterioração dos termos de troca: questão em aberto Importações: menor diferença entre ricos e pobres Questão complexa – multifacetada – “problema recente” Diversas dimensões Crescimento econômico – da renda e da renda per capita (explicar o crescimento) Outras dimensões – cada vez mais relevantes Riqueza material – renda per capita Distribuição da Riqueza (desigualdade) Desenvolvimento social – mobilidade Desenvolvimento cultural – compreender/ transformar o mundo Valores (liberdade, justiça, equidade, democracia) 216 BILBIOGRAFIA FREEMAN, C.; SOETE, L. A economia da inovação industrial. 3. ed. Campinas: Unicamp, 2008. MANKIW, N. G. Introdução a economia. São Paulo: Thomson, 2007. PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de economia. 5.ed. São Paulo: Thomson, 2005. PINHO, D. B.; Vasconcelos, M. A. S. Manual de economia. 5. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2003. WESSELS, W. J. Economia. 2. ed. 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