UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CENTRO DE DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO REGIONAL RAITONE ARMANDO RECURSOS MINERAIS E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MOÇAMBIQUE Belo Horizonte, MG 2015 ii Raitone Armando RECURSOS MINERAIS E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MOÇAMBIQUE Trabalho apresentado ao curso de pós-graduação em Economia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial a obtenção do Grau de Mestre em Economia. Orientador: Prof. Dr. Bernardo Palhares Campolina Diniz Belo Horizonte 2015 iii Folha de Aprovação iv AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, professor Bernardo Palhares Campolina Diniz, por ter aceitado o convite de orientar-me e ter me proporcionado uma excelente condução do trabalho. À minha família que sempre me incentivou, dando força e carinho. Agradeço especialmente à minha esposa, Teresa Sabado Macurreia e ao meu filho, Nipacane Raitone Armando, que sempre compreenderam e suportaram a minha ausência; aos meus pais Armando Uatoua e Rozinha Moquimaliha; aos meus irmãos, Manuel Armando, Alvina Armando, Alberto Armando, Alice Armando e Aurelina Armando; ao meu sobrinho Dino Moresse e cunhada Carolina Sabado Macurreia. Aos meus sogros, Sabado Macurreia e Deolinda Maquineiro, pelo cuidado e apoio que sempre prestaram à minha esposa durante a minha estadia no Brasil. Aos meus colegas da Escola Superior de Desenvolvimento Rural (ESUDER), amigos e vizinhos no complexo residencial Bimbi-vilanculos, pelo cuidado e apoio que sempre prestaram à minha esposa durante a minha estadia no Brasil. À associação de estudantes moçambicanos em Belo Horizonte, pela recepção e companherismo nos momentos de alegria e tristeza. Agradeço especialmente aos amigos Azido Ribeiro Mataca, Salvador Grande, Destinado Artur, Edson Fernandes Raso, Elísio Mazive, Fernando Pereira, Ângelo Lampeão, Willy Ney Otañez Reyes, Jeremias Chindia, Paulo Lipanga, Elias Manjate, por proporcionarem variados momentos de convívio, durante a minha estadia em Belo Horizonte. Ao programa de pós-graduação em Economia que sempre atendeu as minhas preocupações e me apoiou nos momentos que precisei de ajuda. A todos os professores do Programa de Mestrado e Doutorado em Economia da UFMG: Mônica Viegas Andrade, Gilberto de Assis Libânio, Andre Golgher, Mário Marcos Sampaio Rodarte, Rodrigo Ferreira Simões, Roberto Luís de Melo Monte-Mór, Bernardo Palhares Campolina Diniz, Gustavo de Britto Rocha, Mauro Sayar Ferreira, Rodrigo Jardim Raad, Marco Aurélio Crocco Afonso, Anderson Tadeu Marques Cavalcante, Frederico Gonzaga Jayme Junior, Márcia Siqueira Rapini, Sueli Moro, Ana Maria Hermeto Camilo de Oliveira, Édson Paulo Domingues, Ricardo Machado Ruiz, pelos valiosos conhecimentos proporcionados a minha formação. v Aos professores Bruno de Paula Rocha e Pedro Vasconcelos Maia do Amaral, por terem aceitado o convite para fazerem parte da banca. A todos os funcionários do Cedeplar, da biblioteca da FACE e outras faculdades e escolas da UFMG, setor de informática da FACE, Xerox, que sempre estiveram prontos a ajudar nos momentos necessários. Aos funcionários do programa de pós-graduação da UFMG, especialmente aos do setor de bolsas: Vilma Helena da Silva que sempre esteve pronta a ajudar nos momentos necessários. Aos meus colegas das coortes 2013 e 2014 e demais coortes, pela amizade, carinho e apoio prestado nos estudos durante o meu período de formação. À minha instituição, a Universidade Eduardo Mondlane, por ter me dado a licença para a formação. O meu especial obrigado vai para professor Simião Balane, diretor da Escola Superior de Desenvolvimento Rural, por ter me incentivado para fazer o mestrado. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Brasil em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia de Moçambique (CNPQ/MCT-MZ), por terem financiado os meus estudos, pois sem apoio dessas instituições não seria possível concretizar esse sonho. A todos que de forma direta ou indireta contribuíram a concretização desse grande sonho recebam o meu obrigado. vi LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS Figura 1. Localização da mineração mundial por região de 1850 até o presente ........... 5 Figura 2: Tendência do crescimento do PIB da África nos últimos 30 anos (%) ........... 9 Figura 3. Mapa ilustrativo das principais ferrovias nas regiões Norte, Centro e Sul de Moçambique e suas ligações com o resto da África ........................................... 23 TABELA 1: Reservas mundiais de gás natural (trilhões de metros cúbicos) .............. 27 TABELA 2: Top 5 dos países com maiores reservas de gás natural (trilhões de metros cúbicos) ........................................................................................................ 27 TABELA 3: Reservas africanas de gás natural (em trilhões de metros cúbicos) ......... 28 TABELA 4. Produção mundial de gás natural (bilhões de metros cúbicos)................ 29 TABELA 5: Reservas mundiais de carvão por região (em milhões de toneladas) ....... 29 TABELA 6: Top 7 de países com maiores reservas de carvão (em milhões de toneladas)30 TABELA 7: Reservas africanas de carvão (em bilhões de toneladas) ........................ 30 TABELA 8: Produção mundial de carvão no período de 1992 a 2012 (em milhões de toneladas) ..................................................................................................... 31 TABELA 9. Reservas mundiais de ilmenite, rútilo e zircônio (milhões de toneladas), 2012. ............................................................................................................ 32 TABELA 10: Produção de mundial de ilmenite, rútilo e zircônio nos anos de 2008 e 2012 (em mil toneladas e participação da África e Moçambique, em %) .............. 33 TABELA 11. Reservas mundiais de bauxita (mil toneladas) nos anos 2002 e 2012 .... 34 Tabela 12: Produção mundial de bauxita dos 5 maiores produtores e de Moçambique (em mil toneladas), 1992 e 2012 ...................................................................... 35 Tabela 13. Produção mundial de bentonita, dos 5 maiores produtores e de Moçambique (em mil toneladas), 1992 e 2012 ...................................................................... 36 TABELA 14. Reservas mundiais de grafita (mil toneladas), 2002 e 2012 .................. 37 TABELA 15. Produção mundial de grafita, dos cinco maiores produtores e de Moçambique (em mil toneladas), 1992 e 2012 .................................................. 37 vii TABELA 16. Reservas mundiais de granada (mil toneladas), 2002 e 2012 ................ 38 TABELA 17. Produção mundial de granada, dos 4 maiores produtores e de Moçambique (mil toneladas), 2002 e 2012 ....................................................... 39 TABELA 18. Valor da produção mineral moçambicana no período de 2000 a 2012, a preços de 2005 .............................................................................................. 40 TABELA 19. Exportação de minerais no período de 1994-2012, (excluído o Alumínio)41 TABELA 20. Pagamento de impostos pelas empresas mineradoras (milhões de US$, a preços de 2010) ............................................................................................. 42 TABELA 21. Geração de emprego das cinco maiores empresas mineradoras de Moçambique (2012) ....................................................................................... 43 TABELA 22. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB de Moçambique, 2001-2012 .................................................................................................... 44 Figura 4. Mapa de Moçambique, com ilustração das regiões Norte, Centro e Sul ....... 45 TABELA 23. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Sul de Moçambique, 2000-2009 ................................................................................ 46 TABELA 24. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Centro de Moçambique, 2000-2009............................................................................ 47 TABELA 25. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Norte de Moçambique, 2000-2009 ................................................................................ 48 TABELA 26. Distribuição da produção mineral entre as regiões, 2000-2009 ............. 49 TABELA 27. Comparação da taxa de crescimento médio do setor mineral com a taxa de crescimento da economia regional e nacional no período de 2000-2009. .............. 50 TABELA 28. PIB (a preços de 2005-milhões de US$) e participação do setor mineral de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 .......... 55 TABELA 29. Exportações (a preços de 2005-milhões de US$) e participação do setor mineral de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 ............................................................................................................. 56 TABELA 30. Emprego no setor mineral de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 .................................................................. 57 viii Tabela 31. Participação do setor mineral na receita fiscal de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 ............................................. 57 ix LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADP Atividades Diretamente Produtivas ANEEL Agência Nacional e Energia Elétrica, Brasil BAD Banco Africano de Desenvolvimento BGS Pesquisa Geológica do Reino Unido BM Banco Mundial CEA Comunidade Económica Africana CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CETEM Centro de Tecnologia Mineral de brasil CFM Caminhos de Ferro de Moçambique CFS Capital Fixo Social CMH Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos CNUCED Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento CPF Central de Processamento de Gás de Temane, Moçambique CPI Centro de Promoção de Investimento, Moçambique DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral, Brasil EITI Iniciativa de Transparência nas Indústrias Extrativas (Extractive Industries Transparency Initiative) EMOCHÁ Empresa Moçambicana de Chá ENH Empresa Nacional de Hidrocarbonetos EUA Estados Unidos da América FMI Fundo Monetário Internacional FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Brasil FONDESPA Fundo para o Desenvolvimento Econômico e Social de Venezuela FRELIMO Frente de Libertação de Moçambique GAPO Gabinete de Apoio à Produção GPFG Fundo de Pensões Norueguês (Government Pension Fund – Global) x IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICMM International Council on Mining and Metals IDH Indice de Desenvolvimento Humano INE Instituto Nacional de Estatística de Moçambique LAM Linhas Aéreas de Moçambique MDIC Mistério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Brasil MINPET Ministério dos Petróleos de Angola MIREM Ministério de Recursos Minerais de Moçambique MME Ministério de Minas e Energia do Brasil MPRDA Mineral And Petroleum Resources Development Act MZN Metical, moeda moçambicana OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ONU Organização das Nações Unidas PEA Perspectivas Econômicas em África PIB Produto Interno Bruto PRE Programa de Reabilitação Econômica de Moçambique PRES Programa de Reabilitação Econômica e Social de Moçambique RENAMO Resistência Nacional de Moçambique SECEX Secretaria de Comércio Exterior -Brasil UN COMTRADE United Nations Commodities Trade Statistics Database US$ Dólar americano USGS Pesquisa Geológica dos Estados Unidos xi SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1 1 MINERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .................................. 4 Visão geral da indústria mineira no mundo ............................................................. 5 1.1 1.1.1 Experiência da América Latina ........................................................................... 6 1.1.2 Experiência da África ........................................................................................ 8 1.1.2.1 Experiência da África do Sul ........................................................................ 10 1.1.2.2 Experiência de Angola ................................................................................. 11 Teorias de desenvolvimento econômico................................................................ 12 1.2 1.2.1 Teoria dos pólos de crescimento ....................................................................... 12 1.2.2 Efeitos em cadeia de Hirschman ....................................................................... 14 1.2.3 A causação circular e acumulativa de Myrdal .................................................... 15 1.2.4 A visão da CEPAL e a teoria de dependência ..................................................... 16 Mineração e Desenvolvimento............................................................................. 17 1.3 1.3.1 Mineração como um trampolim para o desenvolvimento ..................................... 17 1.3.2 Mineração como uma atividade nefasta ............................................................. 18 2 MINERAÇÃO E O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MOÇAMBIQUE ........................................................................................... 21 2.1 Período colonial ..................................................................................................... 21 2.2 Da Independência ao fim da Guerra Civil (1975-1992)........................................... 24 2.3 Período pós-guerra civil (1992-2012) ................................................................... 25 2.4 História e situação atual da mineração em Moçambique ......................................... 26 2.4.1 Gás Natural .................................................................................................... 26 2.4.2 Carvão mineral ............................................................................................... 29 2.4.3 Areias Pesadas................................................................................................ 31 2.4.4 Bauxita .......................................................................................................... 33 xii 2.4.5 Bentonita ....................................................................................................... 35 2.4.6 Grafita ........................................................................................................... 36 2.4.7 Granada ......................................................................................................... 38 2.5 Produção mineral e desenvolvimento econômico de Moçambique no período de 1992 a 2012 39 2.5.1 Contribuição da mineração para o crescimento econômico das regiões ................. 44 3 ESTUDO COMPARATIVO DA ECONOMIA MINERAL DE MOÇAMBIQUE, ANGOLA, ÁFRICA DO SUL E BRASIL........................................................ 52 CONCLUSÕES .................................................................................................. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 60 xiii RESUMO Os recursos minerais são parte importante da economia de muitos países, contribuindo com uma parcela significativa do PIB, do emprego, da renda, da geração de impostos e para o desenvolvimento econômico e social. A literatura tem dividido opiniões entre analistas de desenvolvimento econômico. Alguns apontam que a presença de recursos minerais num país é um trampolim para o desenvolvimento econômico, e outros defendem que a presença de recursos minerais é maldição. O objetivo deste estudo é analisar o processo de desenvolvimento da economia moçambicana ao longo dos últimos 20 anos e, de maneira mais específica o papel que a economia mineral teve e poderá ter neste processo de desenvolvimento econômico. Para o alcance deste objetivo comparou-se a evolução da produção mineral entre o resto da economia das regiões Sul, Centro e Norte e da economia do país, no período de 1992 a 2012. Os resultados indicam que, o setor mineral vem crescendo mais que a economia nacional e das regiões Sul, Centro e Norte, no entanto, contribui com menos de 2% no PIB, com apenas 3% na receita fiscal e emprega menos de 0,1% do total da força de trabalho nacional. Embora nos últimos anos a produção mineral esteja a ganhar peso na economia de Moçambique, a sua participação mundial, tanto em reservas, como em produção é de apenas 0,1%, com a exceção das areias pesadas (ilmenite, rútilo e zircônio) que têm a sua participação variando entre 1 a 9%. As recentes descobertas de grafita e gás natural na região Norte de Moçambique, colocarão o país em posição de destaque mundial num futuro próximo, o que vai exigir dos governantes melhorias no quadro legislativo e gestão dos royalties no sentido de reverter à situação atual de baixa contribuição na renda e produtividade da mão de obra nacional. Palavras-chave: Recursos minerais, Desenvolvimento econômico, Moçambique xiv ABSTRACT Mineral resources are a backbone of the economy of many countries; they contribute significantly in share of GDP, employment, income, generating taxes, and for economic and social development. Literature has divided opinions among economic development analysts. Some point out that the existence of mineral resources in a country is a springboard for economic development, and others argue that the presence of mineral resources is a curse. The aim of this study is to analyze the development process of the Mozambican economy over the past 20 years and more specifically the role that the mineral economy has had and may have in this process of economic development. To achieve this goal, we compared the evolution of mineral production between the rest of the economy of the South, Centre and North regions and the country's economy from 1992 to 2012. The results indicate that the mineral sector has been growing more than the national economy and that of the South, Central and North regions; however, this sector contributes less than 2 % of GDP, with only 3% in tax revenue and employs less than 0.1% of the total national workforce. Although lately the mineral production is becoming a cornerstone in Mozambique's economy, its global market share in both reserves and production is only 0.1 %, excepting heavy minerals (ilmenite, rutile and zircon) that have their participation ranging from 1 to 9 %. Recent discoveries of graphite and natural gas in the North of Mozambique will put the country on a world leading position in the near future, which will require improvements of the legislative framework and management of royalties to reverse the current situation of low contribution in income and productivity of the national workforce. Keywords: Mineral resources, Economic development, Mozambique. 1 INTRODUÇÃO Os recursos naturais são parte importante da economia de muitos países, contribuindo com uma parcela significativa do PIB, do emprego, da renda, da geração de impostos e para o desenvolvimento econômico e social. Moçambique é potencialmente rico em recursos minerais energéticos, com destaque para o gás natural, carvão mineral,ilmenite, zircônio, rútilo e minerais (MIREM, 2014). A história da mineração em Moçambique começa desde o período colonial com a descoberta de ouro na província de Manica pelos portugueses. Nas últimas duas décadas de colonização, a mineração teve um marco histórico evidente com a descoberta de gás natural na província de Inhambane e exploração do carvão mineral em Tete (MIREM, 2014). Após a independência de Moçambique em 1975, as empresas que antes pertenciam aos portugueses passaram para o Estado moçambicano, no entanto, a sua produção reduziu drasticamente a partir da década de 1980 e outras chegaram a fechar por completo. Entre as razões apontadas para redução da produção e/ou os fechamentos das empresas destacam-se, a escassez de recursos financeiros e mão-de-obra qualificada para trabalhar nas empresas e a guerra civil (MOSCA, 2005). A estabilidade política, conseguida a partir do acordo geral da paz com o fim da guerra civil em 1992, permitiu que o país recebesse muito apoio do exterior, o que impulsionou a recuperação econômica e social (MOSCA, 2005). Entre o influxo de capital externo para Moçambique, destaca-se o investimento direto externo, no qual o setor de mineração teve uma participação expressiva (CASTEL-BRANCO, 2012). O primeiro e maior investimento realizado no setor de mineração após a independência foi da Mozambique Aluminium (MOZAL) realizado em 1997, seguido da SASOL Lta em 2000, da KENMARE em 2002, da VALE em 2007, da RIVERSDALE em 2009, do RIO TINTO em 2010, e da ANADARKO em 2010 (MIREM, 2014). Os recentes investimentos na mineração em Moçambique não só foram favorecidos pela estabilidade política, mas também pelo cenário internacional do mercado de commodities. No cenário internacional, observou-se o aumento dos preços das commodities no início da 2 primeira década do século XXI, em especial para os minerais, impulsionado pelo rápido crescimento das economias emergentes, com destaque para China e Índia. Em resposta à demanda de recursos minerais no mercado internacional, as empresas mineradoras procuraram aumentar a sua oferta explorando novos depósitos minerais, onde a África e em especial Moçambique foi um dos destinos preferidos. Experiências do passado têm dividido opiniões entre analistas de desenvolvimento econômico. Alguns (Ex: DAVIS, 1995; MOORE, 2004; STIJNS, 2006) apontam que a presença de recursos minerais num país é um trampolim para o desenvolvimento econômico, e outros (Ex: AUTY, 1993; ROSS, 1991, 2001; MEHLUM, MOENE E TORVIK, 2002; KARL, 2004; KUMAS, 2013) defendem que a presença de recursos minerais é uma maldição. Algumas teorias de desenvolvimento são bases para sustento de cada um desses argumentos apresentados. Neste trabalho foram escolhidas as teorias de pólos de desenvolvimento, a teoria de dependência, a causação circular e cumulativa de Myrdal e os efeitos em cadeia de Hirschman que se acreditam serem mais eleitas para explicar a relação entre recursos minerais e desenvolvimento econômico. Assim, o objetivo dessa dissertação é analisar o processo de desenvolvimento da economia moçambicana ao longo dos últimos 20 anos e de maneira mais específica o papel que a economia mineral teve e poderá ter neste processo de desenvolvimento econômico. Para o alcance desse objetivo comparou-se a evolução da produção mineral com o resto da economia das regiões de concentração desses recursos e da economia nacional, no período de 1992 a 2012. Alcançar esse objetivo significa responder a seguinte questão: Qual é o papel que a economia mineral teve no processo de desenvolvimento da economia moçambicana, nos últimos 20 anos? Com isso espera-se contribuir para o entendimento da importância e da dinâmica do setor mineral para o desenvolvimento econômico de Moçambique. Além desta introdução, o trabalho é estruturado em 3 capítulos. No primeiro capítulo faz se o resgate da literatura teórica e empírica que relaciona a abundância dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico. Este capítulo é dividido em três seções. Na primeira seção, faz se um breve resgate da história da mineração com enfoque para as experiências de alguns 3 países da América Latina e África; na segunda seção, faz o resgate de algumas teorias de desenvolvimento econômico, com enfoque para as teorias de desenvolvimento regional e na última seção, faz se a relação dos recursos minerais e desenvolvimento econômico. No segundo capítulo, descreve se o processo de desenvolvimento econômico de Moçambique, procurando contextualizar a produção mineral como parte desse processo desde o período colonial até ao presente. No terceiro capítulo, compara se a contribuição do setor mineral de Moçambique com o de Angola, da África do Sul e do Brasil. Por último são apresentadas as conclusões da presente dissertação. 4 1 MINERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Este capítulo tem o objetivo de resgatar a literatura sobre desenvolvimento econômico e sua relação com recursos minerais. O capítulo inicia com uma breve visão geral da mineração no mundo, destacando-se as suas tendências atuais em termos da concentração geográfica das reservas, da produção e do consumo. Esta seção dividide-se em duas subseções. Na primeira subseção 1.1.1, procura-se dar enfoque as experiências da América Latina, com destaque para Venezuela, México, Chile e Brasil; na segunda subseção 1.1.2, enfoque vai para as experiências da África, com destaque para Angola e África do Sul. Posteriormente, na seção 1.2, procura-se resgatar algumas das teorias de desenvolvimento econômico, com destaque para a teoria de pólos de crescimento, efeitos em cadeia de Hirschman, a causação circular e cumulativa de Myrdal e a teoria de dependência na perspectiva da Cepal. Finalizando, na seção 1.3, tem-se o entrosamento das teorias de desenvolvimento regional com a abundância de recursos minerais, destacando as duas grandes visões de mineração como uma benção e como uma maldição. Mineração é uma atividade de natureza fundamentalmente econômica que consiste em extração dos minerais existentes nas rochas e/ou no solo (AMARAL e LIMA FILHO, s/d)1. Segundo Oliveira et al (2007), recursos minerais são substâncias naturais formadas por processos geológicos encontradas na crosta terrestre. Estes podem ser energéticos, utilizados para a produção de energia elétrica, calorífica ou mecânica (por exemplo: petróleo, carvão, gás, urânio); metálicos, explorados para a obtenção de um determinado elemento metálico que faz parte da sua constituição (por exemplo: ouro, prata, cobre, alumínio, ferro) e não metálicos, principalmente utilizados na construção civil e em processos industriais de natureza muito diversa (por exemplo: mármore, calcário, granitos, areia, argila, quartzo). Os minerais são distribuídos de forma desigual e, ao contrário dos produtos agrícolas ou florestais, não podem reproduzir ou serem substituídos (MUDD, 1976). 1 Antônio José Rodrigues do Amaral, Clóvis Ático Lima Filho. Disponível em: http://www.dnpm-pe.gov.br/Geologia/Mineracao.php. Acesso em: 20 set. 2014 5 Os maiores produtores mundiais de bens minerais são os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Rússia, Brasil, África do Sul, China e União Europeia (ICMM, 2012). 1.1 Visão geral da indústria mineira no mundo A história de mineração mostra que, o centro da indústria mineral mundial moveu se gradualmente. Primeiro foi na Europa, depois os Estados Unidos e recentemente América Latina e África têm se destacado (ICMM, 2012). Figura 1. Localização da mineração mundial por região de 1850 a 2009 Fonte: ICMM (2012). O crescimento da exploração e interesse de mineração na África, América Latina e parte da Ásia tem sido estimulado por vários fatores como, o esgotamento dos depósitos minerais de fácil acesso na Europa e nos EUA; avanços tecnológicos que levaram à viabilidade da mineração de depósitos antes inacessíveis em regiões menos desenvolvidas; o desenvolvimento de grandes navios oceânicos que permitiram o transporte de maiores quantidades de minerais entre continentes; a demanda de minerais cada vez crescente, principalmente em países emergentes como a China e Índia (ICMM, 2012). No entanto, a fundição e refinaria continuam localizadas principalmente nos países desenvolvidos, embora a China vem se destacando na produção de cobre refinado e alumínio (ICMM, 2012). 6 Em seguida são apresentadas experiências de alguns países da América Latina e da África, onde a produção e exportação de minerais têm desempenhado um papel de destaque no desenvolvimento econômico dessas regiões. Na região da América Latina, destaque vai para os países: Venezuela, México, Chile e Brasil. Na África, o destaque vai para os países: Angola e a África do Sul. 1.1.1 Experiência da América Latina A história de formação econômica de alguns países latinos americanos é semelhante à de muitos países africanos. Tanto os países da América Latina como da África, passaram por um processo de colonização que se caraterizou pela exploração de recursos naturais, especialmente de metais preciosos, recursos florestais e terras para agricultura (UNESCO, 2010). A exportação de produtos primários desempenhou um papel importante no processo de industrialização da América Latina, e os recursos minerais se destacaram, especialmente nos países como Venezuela, México, Chile, Peru e Bolívia (FURTADO, 2007). Assim, um entendimento da importância que os recursos minerais tiveram e continuam tendo no desenvolvimento econômico desses países pode ser útil para os países africanos, em especial para Moçambique que recentemente vem descobrindo muitos recursos minerais. Na venezuela, o petróleo representava cerca de metade das exportações mundiais desse combustível após a segunda guerra mundial, tendo passado para um terço em 1960 e, um décimo em 1970. Esta redução foi causada pela oferta crescente do pertóleo dos países do Oriente Médio, do Norte da África e da União Soviética (FURTADO, 2007). O aumento do preço de petróleo na década de 1970 permitiu ao governo venezuelano aumentar a sua receita fiscal com a cobrança de royalties e impostos, e motivou a nacionalização das empresas petrolíferas (SILVA, 2009). O royalty poderia ser pago em dinheiro ou em petróleo, o que capacitava o Estado para desenvolver uma indústria nacional de refinação e participar diretamente da exportação (FURTADO, 2007). 7 Nas décadas de 1980 e de 1990, o preço do petróleo foi baixo, resultando na queda da renda petrolífera, desvalorização da moeda doméstica, aumento da dívida externa, fuga de capitais, aumento do desemprego, redução do poder de compra dos trabalhadores (SILVA, 2009). No início da década de 2000, os preços de petróleo voltaram a aumentar, e a participação da renda petrolífera na receita fiscal aumentou. Em 2004, foi criado o Fundo para o Desenvolvimento Econômico e Social do País (FONDESPA) que passou a ser a principal fonte de financiamento das Missiones Bolivarianas, voltadas para programas sociais que não tinham espaço para atendimento do modelo anterior (MARTINS, 2008). No México, a indústria de petróleo desempenhou um papel fundamental na rápida industrialização que se processou a partir dos anos 1940 (FURTADO, 2007). Segundo USGS (2012), México está entre os principais produtores mundiais de commodities minerais. Em 2012, o país foi líder mundial na produção de prata, o segundo produtor de bismuto e fluorita; o terceiro produtor de celestita e sulfato de sódio; o quarto produtor de chumbo e o quinto produtor de zinco. Estimativas da USGS (2012) indicam que a produção mineral representou 10% do total da produção do setor industrial e 3% do produto interno bruto do país, e gerou cerca de 330 mil empregos em 2012. A mineração é 100% feita por empresas privadas e estrangeiras. Estimou-se que, em 2012, o país contava com 287 empresas, destas, 205 de Canadá, 46 dos Estados Unidos, 9 da China, 6 da Austrália, e as restantes de outros países. As Concessões de produção são atribuídas por 50 anos e são renováveis por mais 50 anos (USGS, 2012). No Chile, a produção de cobre cresceu intensamente a partir de finais do primeiro conflito mundial. Em 1925-9 o cobre representava 40% das exportações chilenas (FURTADO, 2007). Embora o cobre seja o mineral mais importante para a economia chilena, também produz e exporta quantidades substanciais de nitrato de potássio, nitrato de sódio, lítio, iodo, e molibdênio (USGS, 2012). A partir da crise mundial o governo chileno se empenhou num esforço de interiorização da indústria do cobre através do aumento da carga tributária e incentivo a compra de insumos no país. Alguns anos depois, a elevada carga tributária levou as companhias a reduzirem os seus 8 investimentos no Chile, e consequentemente redução da produção mineira (FURTADO, 2007). No Brasil, a mineração começou no século XVIII, dominado pela exportação de ouro e alguma produção de diamante, extraído no atual estado de Minas Gerais (PIRES, 2010). O ciclo de produção do ouro mudou o centro de atividade econômica do Brasil para o CentroSul e migrantes chegaram de todas as partes do país. Surgiram muitas novas cidades nas regiões de mineração que faziam às vezes de centros de serviços para as atividades de extração, desenvolveu-se um setor artesanal e surgiram grupos bancários privados (BAER, 2003). A mineração teve consideráveis efeitos de encadeamento, em particular nos Estados de Minas Gerais e São Paulo. A demanda por alimentos nas cidades e centros de mineração representou um estímulo à produção agrícola; o uso de animais de carga no transporte de ouro para os portos aumento a procura por mulas em várias regiões fornecedoras no Sul (BAER, 2003). No entanto, Brasil não é considerado uma economia de base mineradora, embora alguns estados da federação, como o Pará, Minas Gerais sejam tipicamente mineradoras, pois, nestes estados a participação da produção mineral no PIB e nas exportações passa do percentual dos 25 % (ENRIQUEZ, 2007). Nos últimos anos, em especial a partir da década de 1990, o setor vem crescendo de forma significativa, resultado do aumento da demanda por minerais no mercado internacional e da descoberta de novas reservas (JOHN, 2011). 1.1.2 Experiência da África A África é o continente mais pobre do mundo, embora rico em recursos naturais. O desafio para os países africanos é transformar os seus recursos em desenvolvimento econômico e social (PEA, 2013). Desde princípios da década de 1980, a África tem vindo a crescer e a recuperar o seu atraso econômico. Estima-se um crescimento do PIB na média de 4% no período de 1981 a 2011, com pode ser verificado na figura 2. 9 Figura 2: Tendência do crescimento do PIB da África nos últimos 30 anos (%) Fonte: Leibfritz and flaig (2013). Statlink http://dx.doi.org/10.1787/888932806942 Segundo Bond & Fajgenbaum (2013), uma das vias de transformar os recursos naturais, em particular, os recursos minerais é o investimento da renda gerada na mineração em setores de maior absorção da mão-de-obra não qualificada, como a agricultura. Segundo esses autores, o investimento no setor agrícola garante a disponibilidade de alimentos baratos para o consumo interno e maior renda para os agricultores. No entanto, Bond & Fajgenbaum (2013) reconhecem que os países africanos tem baixa dotação de infraestruturas, o que tem aumentado os custos de investimentos e reduzido os lucros tributáveis, os governos africanos tem fraca capacidade de negociação com os investidores estrangeiros e má gestão da renda mineral repassada ao Estado. Bond & Fajgenbaum (2013) propõem algumas ações que podem ser tomadas para garantir a apropriação de parcelas crescentes das rendas de mineração, nomeadamente: investimentos em infraestruturas de suporte do setor mineral, para reduzir os custos de investimentos das mineradoras e garantir maiores lucros tributáveis; maior transparência e prestação de contas para reduzir as oportunidades de corrupção; criação de fundos de estabilização e de riqueza que permitem a compensação dos ciclos econômicos e equidade intergeracional. Em síntese, a economia africana tem vindo a crescer nos últimos anos, e os recursos minerais tem se destacado nesse processo. No entanto, o continente continua sendo o mais pobre do mundo, pois, muitos governos africanos não têm conseguido transformar os recursos que tem em desenvolvimento econômico e social dos seus países. 10 Na próxima seção são apresentadas experiências de mineração de dois países africanos, nomeadamente Angola e África do Sul, que servirão como base de comparação com Moçambique. 1.1.2.1 Experiência da África do Sul África do Sul é um país localizado no extremo sul da África, entre os oceanos atlântico e índico, limitado a norte pela Namíbia, Botsuana e Zimbábue; a leste pelo Moçambique e Suazilândia; e com o Lesoto, um país encravado no interior do território sul africano (MDIC, 2009a). A mineração começou a atrair maior atenção no século XIX com a descoberta de cobre em 1846, diamante em 1866, prata em 1885 e do ouro em 1886. A propriedade desses recursos foi motivo de brigas entre povo nativo e colonizadores ingleses e holandeses2. Em 1898 foi aprovada a primeira de minas, que excluía a população negra e/ou mestiça do direito de exploração e venda de qualquer mineral3. Em todas leis e emendas que se seguiram a esta, deram direitos mineiros apenas aos brancos, até a década de 1990, com a abolição do regime apartheid em 1994. Dois anos depois das eleições, foi aprovada a nova constituição da África do Sul, onde o no.3 do artigo 9 do capítulo 2, defende igualdade perante a lei, independentemente do sexo, raça, sexo, gravidez, estado civil, origem étnica ou social, cor, orientação sexual, idade, deficiência, religião, consciência, crença, cultura, linguagem e nascimento4. Desde então, as políticas de minas foram reformuladas, com destaque para a aprovação da lei 28 de 2002, lei de desenvolvimento de recursos minerais e petrolíferos. Esta lei reconhece que os recursos minerais e petrolíferos são a herança comum dos sul africanos. 2 Embaixada da República da África do Sul no Brasil. ÁFRICA DO SUL: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA. Disponível em:< http://www.africadosul.org.br/historia.html#diamante>. Acesso em: 25 nov. 2014 3 4 http://ozcase.library.qut.edu.au/qhlc/documents/qr_mini_mining_1898_62_Vic_No24.pdf Cosntituição da república da África do Sul 1996. Disponível em: <http://www.gov.za/documents/constitution/chapter-2-bill-rights#9>. Acesso em: 25 nov. 2014 11 África do Sul é desde o século XIX um dos maiores produtores de ouro, diamante, carvão, mas nos últimos anos tem se destacado na produção de outros minerais, como ferro e metais de platina (STATS SA, 2014). Estivamativas da Stats SA (2014) indicam que a produção de ouro representava 45% do PIB mineral no período de 1995-1999, tendo reduzido para 17% no período de 2000-2011, enquanto o carvão manteve –se entorno de 23%, o minério de ferro aumentou de 3% para 14%, e os metais de platina aumentaram de 12% para 27% no mesmo período. Essa tendência mostra que África do Sul diversificou a sua produção e exportação de minerais nos últimos vinte anos, deixando de ser dependente de ouro e carvão. 1.1.2.2 Experiência de Angola Angola é um país da costa ocidental de África, limitado a norte e a nordeste pela república democrática do Congo, a leste pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo oceano atlântico (MDIC, 2009b). A atividade de prospeção e pesquisa de Hidrocarbonetos iniciou-se em 1910, mas a primeira descoberta de petróleo aconteceu em 1962 e logo em 1973 já era o principal produto de exportação. Em 1976 foi criada a Sonangol- Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, empresa pública, em sucessão da portuguesa ANGOL, dando continuidade a produção de petróleo após a independência do país5. O diamante é o segundo mineral mais importante para a economia angolana. As primeiras descobertas de diamantes datam de 1912, no riacho Mussalala; seguindo as de kimberlito Camafuca, em 1952 e do rio Cuango, em 1955. Em 1981, foi criada a empresa nacional de diamantes de Angola (ENDIAMA E. P), em sucessão da Diamang, como concessionária exclusiva dos direitos mineiros no domínio dos diamantes6. Nos últimos anos, o crescimento da economia angolana tem sido impulsionado pela expansão do setor petrolífero e a retomada de outras atividades econômicas interrompidas pela guerra 5 http://www.minpet.gov.ao/Institucionais/Historico.aspx 6 http://www.endiama.co.ao/quem-somos/a-empresa/1 12 civil (MDIC, 2010). O petróleo e os diamantes juntos representam cercam de metade do PIB do país (OECD, 2012). O grau de concentração das exportações angolas é dos mais altos do mundo, onde o petróleo é responsável por cerca de 95% da exportações, deixando o país vulnerável a variações de petróleo e do efeito da “doença holandesa” (BM, 2013). 1.2 Teorias de desenvolvimento econômico Esta seção se propõe a discutir a ideia do desenvolvimento econômico, a fim de analisar quais os desafios que são colocados às sociedades cujas bases produtivas estão assentadas no uso de recursos naturais, em particular, recursos minerais. Para este trabalho foram selecionadas (i) a teoria de pólos de crescimento, (ii) efeitos em cadeia de Hirschman, (iii) a causação circular e cumulativa de Myrdal, (iv) a teoria de dependência. A teoria de pólos de crescimento e os efeitos em cadeia de Hirschman poderão ajudar a perceber se a indústria mineral tem desempenhado papel motriz para as restantes indústrias das regiões de ocorrência e do país em geral comparando as taxas de crescimento deste setor e do resto da economia. A causação circular e cumulativa de Myrdal ajudará a entender a visão de que a indústria mineral é um enclave para o resto da economia, e a hipótese de que a presença desses recursos é maldição para as regiões mineradoras e do país em geral. A teoria de dependência contribuirá na comparação entre as experiências de Moçambique no modo de inserção na economia mundial com outros países onde o setor de mineração tem um peso econômico significativo. 1.2.1 Teoria dos pólos de crescimento O conceito de polo de crescimento foi originalmente proposto pelo economista francês François Perroux (1950). Segundo este autor, o crescimento não ocorre de forma homogênea no espaço, mas manifesta-se em pontos de crescimento, com intensidades variáveis, expandese por diversos canais e com efeitos finais variáveis sobre toda a economia. 13 Perroux considera as indústrias como as unidades que promovem o crescimento, distinguindoas em motrizes- aquelas que aumentam as vendas e as compras de serviços de outras, e as indústrias movidas- as que têm suas vendas aumentadas em função das indústrias motrizes, criando assim pólos de crescimento. A indústria motriz é caraterizada por um ter um crescimento acima da média do setor, tecnologia avançada, alta elasticidade demanda por seus produtos e fortes ligações interindustriais que podem ser de dois tipos: Forward linkage (ligações a montante) e backward linkage (ligações a jusante). A cada atividade econômica não primária induzirá tentativas para suprir, através da produção interna, os inputs indispensáveis àquela atividade, criando assim ligações a montante. E a atividade que, por sua natureza, não atenda exclusivamente às procuras finais, induzirá a tentativa de utilizar a produção como inputs, criando ligações a jusante (PERROUX, 1967). A propagação do crescimento da indústria motriz ao resto da economia não se dá apenas por via de compras e vendas de produtos para e de empresas a elas ligadas tecnologicamente, como também pela geração de emprego direto e renda com impato na demanda de produtos diversos, induzindo o crescimento das demais indústrias (FERREIRA, LEOPOLDI, AMARAL, 2014). Boudeville (1970) amplia a discussão ao nível da região. Para o autor, existe uma interdependência não apenas ao nível das indústrias, como também entre regiões. As regiões não devem ser consideradas entidades independentes no território nacional, mas como partes do todo, ligadas às demais unidades regionais e subordinadas a concepção nacional do bem comum (BOUDEVILLE, 1970). Uma região é motriz em face de outra região ou de várias outras, ou ainda em face do conjunto nacional quando, a resultante líquida de todos os efeitos (de expansão e de contração) aumenta de modo duradouro a taxa de crescimento do consumo e investimento dessas outras regiões ou da nação como todo (BOUDEVILLE, 1970). O conceito de pólo de crescimento pode ser estendido para os níveis continental e mundial, onde alguns países ou regiões são descritos como pólos de crescimento regional ou global por causa de suas atividades econômicas significativas e ligações a outros países ou regiões e forte impato que eles exercem sobre o crescimento em outras áreas (OGUNLEYE, 2012). 14 Segundo Paelink (1997), uma empresa, por exemplo, a de mineração, pode estar geograficamente situada no lugar onde se acham disponíveis os recursos, mas considerar que tal empresa está completamente “deslocalizada” quanto ao conjunto de seus fluxos de bens e serviços comercializáveis com outras regiões e outros países. Segundo este autor, o crescimento regional é condicionado pela (i) a intensidade dos fluxos de rendas pessoais e; (ii) a intensidade das relações técnicas e comerciais entre empresas localizadas na região. Para além dos efeitos assinalados, a unidade motriz gera desequilíbrios econômicos e sociais, quer em termos de salários dos trabalhadores deste em relação a outras regiões; transfere mãode-obra e separa-a das suas unidades de origem; concentra cumulativamente, em determinado local e dentro de determinado ramo, o investimento, o tráfico, a inovação técnica e econômica, sem necessariamente alargar a vantagem de outros locais (PERROUX, 1967). 1.2.2 Efeitos em cadeia de Hirschman Hirschman critica a visão de alguns autores como Rosenstein-Rodan, Nurkse, Lewis, Scitovsky de que o crescimento acontece de forma equilibrada. Esta teoria salienta a necessidade de as diversas partes de uma economia em desenvolvimento acertarem os passos para evitar as dificuldades de suprimento. Hirschman mostra que, faltam em geral, recursos para o desenvolvimento simultâneo em muitas frentes de batalha. Em outras palavras, se um país estivesse em condições de aplicar a doutrina do desenvolvimento equilibrado, então, preliminarmente, não seria um país subdesenvolvido. Para este autor, deve se procurar conservar do que eliminar os desequilíbrios, de que são sintomas de lucros e perdas na economia competitiva. A limitação de recursos, obriga a uma escolha de projetos de uma variedade ampla de setores: administração pública, educação, saúde, transporte, energia, agricultura, indústria, crescimento urbano, etc. (HIRSCHMAN, 1961). Aos planejadores públicos é importante identificar setores-chave capazes de propagar os efeitos sistêmicos acima da média da economia (HIRSCHMAN, 1961). Assim, pode se entender que Hirschman propõe que os investimentos sejam direcionados para os setores ou atividades de maior lucratividade ou com capacidade de induzir a lucratividade de outros setores ou indústrias, que no contexto de Perroux, seriam as indústrias motrizes. 15 De acordo, ainda, com Hirschman (1961), as decisões de investimentos dependem da natureza do setor, mais especificamente da distinção entre Capital Fixo Social (CFS) e Atividades Diretamente Produtivas (ADP). CFS é, geralmente, definido pelo conjunto dos serviços básicos, sem os quais as ADP (primária, secundária e terciária) não podem funcionar, ou seja, o CFS compreende todos os serviços públicos (justiça, segurança, saúde e educação) e os serviços de infraestrutura (transporte, energia e comunicação), normalmente desempenhados ou regulados pelo Estado; e as ADP envolvem todo tipo de atividade geradora de produtos e serviços, normalmente supridos pelo mercado. Ferreira & Toyoshima (2002), argumentam que, os investimentos em CFS são feitos com base na perspectiva de desenvolvimento do país, e isso pode não ocorrer da maneira como se espera, o que acarretará em ociosidade no CFS com custos de manutenção e depreciação desnecessários, o que significa que, a adoção dessas seqüência pode não ser a mais eficiente. 1.2.3 A causação circular e acumulativa de Myrdal Myrdal não atribui validade à teoria da convergência da riqueza e desenvolvimento das nações, destacando como característica marcante da situação internacional a crescente desigualdade econômica entre os países. O autor critica a noção de equilíbrio estável nas mudanças do sistema social. Para Myrdal, o sistema social não se move espontaneamente, entre forças na direção de um estado de equilíbrio, mas constantemente, se afasta dessa posição. Em geral, uma transformação não provoca mudanças compensatórias, mas, antes, as que sustentam e conduzem o sistema, com mais intensidade, na mesma direção da mudança original e em virtude da causação circular, o processo social tende a tornar-se acumulativo e, muitas vezes, a aumentar aceleradamente, sua velocidade (MYRDAL, 1960). Myrdal (1960) sustenta a sua hipótese de causação circular e acumulativa com base nos seguintes exemplos: (i) Suponha que em determinada comunidade, uma fábrica se incendeie, o efeito imediato seria a firma deixar de operar e os trabalhadores perderem emprego, esse resultado diminuiria a renda e a demanda, por seu turno, a diminuição da demanda reduzirá as rendas e causará desemprego em todos outros negócios da comunidade, cujos produtos e serviços eram vendidos à firma e seus empregados. 16 Quando a redução da renda na comunidade resulta na diminuição da receita fiscal, o Estado é estimulado a elevar a taxa de tributação para cobrir as despesas públicas e manter os padrões de vários serviços públicos. Esta ação estimula os investidores locais a abandonar a região e desestimula os investidores de fora a virem para a região, o que resulta cada vez mais em menos investimentos e redução de renda para a região, criando um círculo vicioso (MYRDAL, 1960). Todavia, o processo acumulativo também funciona se a mudança inicial for favorável. (ii) A decisão de localizar uma indústria em determinada comunidade proporciona possibilidades de emprego e rendas elevadas, os negócios locais podem florescer a medida que aumenta a demanda para seus produtos e serviços, os lucros em elevação aumentam as poupanças, ao mesmo tempo que elevam, ainda mais os investimentos; a mão de obra, o capital e a iniciativa são atraídos de fora para aproveitarem as oportunidades de expansão, e assim cria se um círculo virtuoso (MYRDAL, 1960). Assim, se as forças do mercado não forem controladas por uma política intervencionista, as atividades econômicas na região em desenvolvimento, tenderão a proporcionar remuneração bem maior que a média, ampliando as desigualdades regionais (MYRDAL, 1960). Em geral, em condições de baixo nível de desenvolvimento econômico, com efeitos propulsores relativamente fracos, as forças competitivas do mercado tenderão, em causação circular, a promover constantemente desigualdades regionais, tais desigualdades conterão o desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, enfraquecerão a base de poder das medidas de políticas igualitárias (MYRDAL, 1960). 1.2.4 A visão da CEPAL e a teoria de dependência Criada em 1948, pelas Nações Unidas, a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL). A visão da cepal parte do pressuposto de que, o sistema econômico mundial é composto por centros e periferias. Os centros se identificam com as economias desenvolvidas exportadores de produtos manufaturados e importadores de produtos primários dos países da periferia (BIELSCHOWSKY, 2000). Na periferia, em geral, no primeiro momento, as novas técnicas são implantadas nos setores exportadores de produtos primários e em algumas atividades econômicas diretamente 17 relacionadas com a exportação, as quais passam a coexistir com setores atrasados, no que toca à penetração das novas técnicas (FURTADO, 2007). O impato dos setores de exportação sobre o restante da economia pode ser mensurado mediante os seguintes aspetos: a contribuição do setor na produtividade média de trabalho e sua influência no salário médio, geração de renda e seu perfil de distribuição, importância relativa dos investimentos de infraestrutura induzidos pelo desenvolvimento do setor, e sua capacidade de criar encadeamentos a montante e a jusante (SUNKEL, 197_). Na relação de economias desenvolvidas com as de produção primária, as primeiras tendem a se beneficiar num grau relativamente maior do que as últimas, uma vez que: i) os setores de produção primária para exportação, geralmente sob controle estrangeiro, tendem a ter pouca ligação com a economia local mas geram lucros que promovem o desenvolvimento na economia em que reside a empresa matriz, e ii) os preços dos produtos primários são instáveis e desfavoráveis em relação aos preços dos produtos manufaturados, o que deteriora os termos de trocas dos produtos primários (SUNKEL, 197_). O controle do progresso tecnológico e a possibilidade de impor padrões de consumo dos países cêntricos, passa a condicionar a estrutura do aparelho produtivo de outras, as quais se tornam dependentes-países periféricos. Assim, os bens consumidos pela minoria rica nos países periféricos são quase sempre importados dos países cêntricos, o que incentiva novos investimentos em indústrias de substituição dessas importações, em prejuizo de investimentos que beneficiem a massa popular (FURTADO, 2007). 1.3 Mineração e Desenvolvimento Esta seção objetiva resgatar a contribuição do setor mineral para o desenvolvimento econômico. Segundo Enriquez (2007), a presença de recursos minerais pode ser benção ou maldição para a economia de um país. 1.3.1 Mineração como um trampolim para o desenvolvimento As nações ricas em recursos naturais foram vistas durante muito tempo como abençoadas por Deus ou força superior, pelo entendimento de que elas obtiveram sua riqueza a partir da exploração desses recursos. De acordo com essa corrente, a mineração seria um trampolim para o desenvolvimento, por ser um dos setores produtivos com maiores possibilidades de gerar vultosos recursos financeiros (VIANA, 2012). 18 Muitos depósitos minerais localizam se em regiões remotas, nessas condições, a exploração mineral envolve a construção de infraestruturas como ferrovias, rodovias, aeroportos, portos, fornecimento de energia, e uma variedade de facilidades sociais incluindo escolas, hospitais e tudo que pode ser financiado como parte dos custos da mineração, o que cria oportunidades de diversificação da economia local (MUDD, 1976). Segundo Stijns (2006), em comunidades remotas, o nível de educação dos indivíduos muitas vezes não é alto o suficiente para preencher todos os possíveis postos de trabalho dentro da mina, assim, o objetivo de substituir os estrangeiros com a população local significa que os trabalhadores nacionais têm que ser treinados, o que contribui para a formação do capital humano local. Karl (2007) contrasta a ideia de que a educação é um meio da mineração contribuir para o desenvolvimento econômico, argumentando que países que dependem de recursos naturais, negligenciam o desenvolvimento dos seus recursos humanos, dedicando atenção e despesas inadequadas à educação, pois, os governos inundados com o dinheiro fácil, podem perceber as necessidades mais urgentes do que os investimentos de longo prazo na educação. Um país pode transformar os recursos naturais em desenvolvimento econômico usando a renda da riqueza natural para investir em outros setores potencialmente importantes para a economia, tanto para o consumo interno como para exportação contribuindo desse modo para a diversificação econômica e melhoria de vida da população (MOORE, 2004). Wright & Czelusta (2007), apresentam um exemplo dos Emirados Árabes Unidos (UAE), onde os governantes estão investindo a renda do petróleo em outros setores econômicos, com destaque para o setor de turismo em Dubai, como forma de diversificar a economia. Contudo, em especial após a Segunda Guerra Mundial, essa visão começou a mudar, pois se observou que os países detentores de significativos recursos minerais não estavam crescendo a taxas esperadas, dando origem a visão de que a mineração é uma atividade nefasta (VIANA, 2012). 1.3.2 Mineração como uma atividade nefasta Maldição dos recursos naturais, também conhecido como o paradoxo da abundância refere-se ao paradoxo em que os países e regiões, com uma abundância de recursos naturais especificamente recursos não renováveis, como os minerais, tendem a ter menor 19 desenvolvimento econômico e social se comparados a países com menos recursos naturais (AUTY, 1993). Esta hipótese pode acontecer por diversos motivos, como a perda de competitividade de outros setores econômicos da economia, causada pela valorização da taxa de câmbio com as receitas dos recursos; a volatilidade da receita do setor de recursos naturais devido à exposição às oscilações das commodities no mercado internacional; má gestão governamental dos recursos; e corrupção (AUTY, 1998). Mehlum, Moene e Torvik (2002) observaram que os tigres asiáticos (Coréia, Taiwan, Hong Kong e Cingapura) são todos pobres em recursos naturais, enquanto os perdedores de desenvolvimento econômico (Nigéria, Zâmbia, Serra Leoa, Angola, Arábia Saudita e Venezuela) são todos ricos em recursos naturais. Segundo Enriquez (2007) grande parte da renda mineral vai para as empresas multinacionais ou para o governo, o que gera problemas de intermediação financeira e de alocação de poupança. Para este autor, os indicadores de economias de base mineral revelam má distribuição da renda, pouca diversificação econômica, ganhos das exportações concentrados apenas nos produtos primários, além de taxas de crescimento dos setores não minerais serem inferiores aos de outras economias não mineradoras. Auty (1998) argumenta que as características adversas de desenvolvimento de economias ricas em recursos naturais tendem a ser mais pronunciada nos países menores, justificado pelo peso que os recursos naturais têm na economia desses países. Uma experiência clássica aconteceu na Holanda, e ficou conhecida como “doença holandesa”. Segundo Enriquez (2007), a denominação “doença holandesa” foi inspirada na experiência de produção de gás natural da Holanda, no mar do Norte, nos anos 1970. A doença ocorreu devido à alta lucratividade do segmento mineral, possibilitado pela renda diferencial da mineração, o que provocou excessiva valorização cambial e reduziu a competitividade das atividades não minerais. Os setores não minerais perdem competividade no mercado internacional porque a inflação de salários do setor mineral se propaga para toda a economia, obrigando os restantes setores a pagar salários equivalentes aos da indústria mineral para não perder a mão de obra qualificada, o que eleva os custos de produção (ENRIQUEZ, 2007). No entanto, o efeito de 20 transferência de mão de obra dos setores exportadores menos competitivos para o setor mineral pode, na realidade, ser pouco significativo, visto que as indústrias extrativas geralmente empregam poucas pessoas (VERÍSSIMO, et al, 2012). A renda adicional gerada pelo recurso abundante, em benefício dos vários agentes econômicos faz com que a demanda por bens dos setores não exportadores (como o comércio de varejo, os serviços pessoais e a construção habitacional, também, denominados de bens não comercializáveis), aumente, provocando uma alta geral de preços no país. Assim, parte dos recursos são destinados para produzir bens não comercializáveis. Em consequência o setor manufatureiro perde parte dos recursos que são alocados no setor mineral e no setor de bens não comercializáveis (VERÍSSIMO, et al, 2012). É possível concluir que, as reservas minerais não são distribuídas de forma igual dentro das nações ricas em recursos minerais, por isso a necessidade de entender algumas teorias de desenvolvimento regional para explicar porque algumas regiões ou países prosperam com a exploração de recursos minerais enquanto outros estagnam. A mineração vem contribuindo para o desenvolvimento econômico de muitos países, desde o século XVI até ao presente. No entanto, é necessário que a exploração desses recursos seja acompanhada com boas políticas de gestão, pois, quando mal geridas, podem culminar em conflitos sociais, pobreza e desigualdades de renda. 21 2 MINERAÇÃO E O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MOÇAMBIQUE Neste capítulo contextualizamos as teorias de desenvolvimento econômico discutidas no capítulo 1 ao caso moçambicano, procurando enquadrar a produção mineral como parte do processo de desenvolvimento econômico tanto das regiões de ocorrência como do país em geral, desde o período colonial até o ano de 2012. O capítulo está dividido em 5 seções. Na seção 2.1, inicia-se com um breve histórico sobre o processo da ocupação colonial, formação econômica e da conquista da independência em 1975. Na seção 2.2, segue-se com a descrição das transformações econômicas e políticas ocorridas desde a independência até o fim da guerra civil em 1992, destacando as influências da guerra civil e dos regimes políticos socialistas e capitalistas na estrutura econômica. Na seção 2.3, tem-se descrição de alguns progressos econômicos observados depois da assinatura do acordo geral da paz, destacando as tendências do investimento direto estrangeiro para o setor mineral. Na seção 2.4, procura-se mapear a descoberta das reservas e a produção dos principais recursos minerais de Moçambique e sua comparação com o resto do mundo. Finalizando, na seção 2.5, procura-se analisar a contribuição da produção dos recursos minerais no desenvolvimento econômico do país, e em particular das regiões Sul, Centro e Norte de Moçambique. 2.1 Período colonial O ano de 1498 é aceite historicamente como da chegada dos portugueses em Moçambique, mas a colonização efetiva data da segunda metade do século XIX (TAIMO, 2010). O objetivo essencial era, sobretudo, o comércio do ouro e do marfim com o interior. O comércio de ouro realizou-se, principalmente no reino Monomotapa abrangendo a província de Manica; o marfim foi comercializado principalmente no Norte, na província de Niassa (MOSCA, 2005). Além do interesse em ouro e marfim, os portugueses introduziram as culturas oleaginosas como o amendoim, o gergelim e o girassol que comercializavam para a indústria europeia. Enquanto, os asiáticos introduziram culturas como o arroz, o coqueiro, a banana, a mangueira, cana-de-açucar (MOSCA, 2005). 22 No Centro do país, a companhia da Zambézia e outras como as companhias de Boror, de Luabo, de Sena sugar states dedicaram-se a grandes plantações de coqueiro, açúcar e chá, enquanto no Norte era produzido algodão e a região Sul serviu de reserva de mão-de-obra para as minas da África do Sul. A transferência de parte dos salários dos trabalhadores moçambicanos das minas da África do Sul em forma de ouro constituía a maior receita do Estado em Moçambique (MOSCA, 2005). Além da produção e exportação de produtos agrícolas para a Europa, e dos trabalhos nas minas da África do Sul, o setor de transporte foi dos mais importantes para a economia do país. Segundo Mosca (2005), cerca de metade das divisas de Moçambique eram geradas pelos serviços de transportes e portos para os países vizinhos. A rede ferroviária é composta de várias linhas estruturadas em torno de três corredores que ligam os portos moçambicanos com os países do hinterland. O Corredor de Nacala, no Norte, liga o porto de Nacala com a ferrovia do Malawi. Na região central, o corredor da Beira liga o porto da Beira com a ferrovia do Zimbábue, e as minas de carvão de Tete. No Sul, o corredor de Maputo liga o porto de Maputo com as ferrovias da África do Sul, Zimbábue, e Suazilândia (CFM, 2010). 23 Figura 3. Mapa ilustrativo das principais ferrovias nas regiões Norte, Centro e Sul de Moçambique e suas ligações com o resto da África Fonte: Porto e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM)- 100 anos da Estação Ferroviária de Maputo. Maputo, 2010 A indústria extrativa não era dos setores econômicos mais importantes. A principal indústria extrativa era de exploração de carvão mineral em Moatize, na província de Tete. Em 1972 existiam 126 estabelecimentos de indústria extrativa, sendo 62 de pedra, argila e areia, 48 de sal, 15 de minérios não ferrosos e 1 de carvão, mas o valor total da produção não ultrapassava 1,5 milhões de dólares americanos (MOSCA, 2005). O final da década de 1950 e início de 1960 foram marcados por reações à dominação colonial em muitos países africanos. Em Moçambique, o movimento Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), fundado em 1962, iniciou a luta armada de libertação nacional em 1964, e terminou com a independência nacional em 1975 (ROSÁRIO, 2012). 24 2.2 Da Independência ao fim da Guerra Civil (1975-1992) As políticas econômicas introduzidas pelo governo de Moçambique depois da independência (1975) visavam transformar as relações sociais de produção e tornar Moçambique independente do sistema mundial capitalista. A estratégia consistia em construir um sistema socialista onde a coletivização da produção da agricultura familiar, o reassentamento das populações em aldeias comunais e o investimento no setor estatal de produção seriam os grandes motores da transformação (O’LAUGHLIN, 1981). Os grandes monopólios constituídos por grandes plantações, parcelas de terra abandonadas pelos portugueses e as grandes empresas de fornecimento de energia eléctrica, água e telecomunicações foram transformadas em Empresas Estatais. Por exemplo, as grandes plantações de chá na província da Zambézia deram origem à empresa moçambicana de chá (EMOCHÁ); a empresa de transporte aéreo, a Direção de Exploração dos Transportes Aéreos (DETA), deu origem às Linhas Aéreas de Moçambique (LAM); os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) manteve o mesmo nome (MATSINHE, 2011). Em 1976 surgiram os primeiros indícios de desestabilização em Moçambique, cujo desenvolvimento atingiu a forma de uma guerra civil alargada a todo o país, opondo o governo e a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), tendo terminado em 1992, com a assinatura do acordo geral de paz (MATSINHE, 2011). A destruição de infraestrutura causada pela guerra civil assumiu proporções enormes. Mosca (2005) estimou que, entre 1980 e 1986, o PIB decresceu em mais de 30%, as despesas militares chegaram a representar entre 12 e 18% do PIB; e no período de 1984 a 1993, a dívida externa aumentou em quase 500%, 63% dos investimentos direto estrangeiros foram cancelados, foram destruídos cerca de 14 % dos sistemas de irrigação, 23% de lojas, 58% de escolas primárias e 40% da população havia sido deslocada em função da guerra. Em 1983, iniciou uma nova onda na história de criação do Estado nacional moçambicano. Políticas neoliberais foram incorporadas no Programa de Ajustamento Estrutural (PAE) em 1987 (MOSCA, 2005). No âmbito do PAE foi implementado o Programa de Reabilitação Econômica (PRE), e as empresas estatais foram privatizadas aos nacionais e estrangeiros. As indústrias estatais maiores foram compradas por companhias multinacionais, as pequenas e médias fora 25 adquiridas por membros individuais, sobretudo os membros do partido no poder (MATSINHE, 2011). Em 1991, o Programa de Reabilitação Econômica (PRE) foi transformado em PRESPrograma de Reabilitação Econômica e Social, o favoreceu para o aumento considerável da ajuda externa nos setores sociais como educação, saúde, água e saneamento, alimentos e infraestruturas sociais resultando na melhoria de vida da população (MOSCA, 2005). 2.3 Período pós-guerra civil (1992-2012) A assinatura do Acordo Geral da Paz, sobretudo em matéria política e de segurança, foi importante para a confiança dos agentes econômicos nacionais e internacionais. Segundo Mosca (2005) até 1997 tinham aprovados pelo Centro de Promoção de Investimento (CPI) cerca de 3,5 biliões de dólares americanos em investimentos distribuídos por mais de 901 projetos, sendo 56% do investimento para a indústria, 15% para agricultura, 8% para o turismo e 7% para a construção (MOSCA, 2005). O ano de 1997 marcou a virada com o grande investimento do megaprojeto Mozambique Aluminium (MOZAL), que importa toda a matéria-prima da Austrália e exporta a totalidade do produto acabado para a Europa (MOSCA, 2005). Depois do grande investimento no setor da indústria de transformação, seguiram se outros investimentos que deram um impulso significativo na economia moçambicana, com destaque para gás, em 2004; areias pesadas, em 2007; e carvão mineral, em 2011 (MIREM, 2014). Nos últimos anos, enquanto os fluxos de ajuda externa tendem a diminuir, o fluxo de capital privado externo se expandiu com enfoque na extração de recursos, sobretudo minerais, e madeiras (CASTEL-BRANCO, 2012). Entre 2000 e 2010, os fluxos externos de capital privado representaram cerca de 87% do total do investimento privado em Moçambique, sendo: 54% em forma de investimento direto estrangeiro (IDE); 33% em forma de empréstimos do setor bancário internacional; 5% em forma de investimento direto nacional (IDN) e 8% em empréstimos da banca nacional (CASTEL-BRANCO, 2012). 26 2.4 História e situação atual da mineração em Moçambique A história de mineração em Moçambique é marcada com o início da exploração de ouro na província de Manica, e descoberta de hidrocarbonetos nas províncias de Inhambane e Sofala. A exploração de hidrocarbonetos em Moçambique data dos primórdios dos anos 1900 com a descoberta de Bacias Sedimentares na parte continental de Moçambique. A partir dos anos 1948 diversas companhias estrangeiras começaram pesquisas de hidrocarbonetos nas áreas onshore (continente). As pesquisas resultaram na descoberta de gás de Pande em 1961, gás de Buzi em 1962 e a gás de Temane em 1967 (MIREM, 2014). Em 1972, a atividade de pesquisa foi interrompida por causa da guerra de libertação nacional, tendo retomado em 1980, com a criação da Secretária de Estado do Carvão e Hidrocarbonetos (SECH), cujo objetivo era definir estratégias e retomar as atividades de pesquisa no País. E um ano mais tarde (1981), foi aprovada a primeira Lei de Petróleos (Lei 3/81) e criada a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (CMH, 2012). Entre 1991 e 2001 desenvolveu-se o projeto de utilização do gás natural produzido em Pande e Temane na produção de energia eléctrica para uso doméstico e industrial nos distritos de Inhassoro, Govuro e Vilanculos (MIREM, 2014). Atualmente, o país produz gás natural e carvão mineral em grandes escalas; ilmenite, zircônio e rútilo, materiais de construção em escala média; ouro, bauxita, bentonita, grafite, granada, pedras preciosas, águas marinhas, turmalinas, e sal marinho em pequena escala (LETHO & GONÇALVES, 2008). Em seguida é apresentada a situação atual das reservas e produção dos principais minerais, em especial, os considerados de importância econômica para o país como gás natural, carvão mineral, ilmenite, rútilo e zircônio, bauxita, bentonita, granadas, e grafite. 2.4.1 Gás Natural O Gás Natural é um combustível fóssil que se encontra no subsolo, compostos prodominantemente de metano e quantidades menores de etano, propano e outros hidrocarbonetos de maior peso molecular (VIEIRA et al, 2005). 27 Em 1992, as reservas mundiais somaram 118 trilhões de metros cúbicos, tendo passado para 155 em 2002 e 187,3 em 2012, e cerca de 70% estão nas regiões Europa–Eurásia e Oriente Médio. E apenas 8% estão na África. TABELA 1: Reservas mundiais de gás natural (trilhões de metros cúbicos), 1992, 2002 e 2012 Região Oriente Médio Europa e Eurásia África Ásia Pacífico América do Norte América do Sul e Central Mundial 1992 44 39,6 9,9 9,4 9,3 Participação Mundial 37,4% 33,7% 8,4% 8,0% 7,9% 5,4 117,6 4,6% 100,00% 2002 71,8 42,1 13,8 13 7,4 Participação Mundial 46,4% 27,2% 8,9% 8,4% 4,8% 2012 80,5 58,4 14,5 15,5 10,8 Participação Mundial 43,0% 31,2% 7,7% 8,3% 5,8% 7 155 4,5% 1 7,6 187 4,1% 100,0% Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2013 Em termos de países, as maiores reservas estão na Rússia, Irã e catar. Turcomenistão e Estados Unidos vêm se destacando nos últimos anos (tabela2). TABELA 2: Top 5 dos países com maiores reservas de gás natural (trilhões de metros cúbicos) Participação País Rússia Irã Catar Arábia Saudita Emirados Árabes Unidos 2002 Participação Mundial País 2012 Mundial 29,8 26,7 25,8 6,6 19,2% 17,2% 16,6% 4,3% Irã Rússia Catar Turcomenistão 33,6 32,9 25,1 17,5 17,9% 17,6% 13,4% 9,3% 6,1 3,9% Estados Unidos 8,5 4,5% Fonte:World Energy Resources: A Summary World Energy Council 2013 Em Moçambique, as reservas comprovadas de gás natural estão estimadas em 5,6 trilhões de metros cúbicos. Até 2012 tinham sido comprovadas apenas 0,13 trilhões de metros cúbicos de reservas de gás nas províncias de Inhambane e Sofala e recentemente (2013-2014) foram descobertas 5,47 trilhões de metros cúbicos na bacia de Rovuma, província de Cabo Delgado (MIREM, 2014). 28 A principal companhia que atualmente está explorando o gás natural é a Sasol Ltd, companhia sul africana. Em 2004 iniciou a exploração do gás de Temane e em 2009 o de Pande. O gás produzido em Pande e Temane é transportado por um gasoduto de 865 km de comprimento, até o terminal da Sasol Gás em Secunda, na África do Sul e na porção moçambicana o gasoduto é ramificado para a província e cidade de Maputo para o consumo doméstico e industrial (MIREM, 2014). Embora a exploração do gás natural venha tendo uma importância cada vez maior na economia de Moçambique, este representa apenas 0,1% das reservas mundiais, e 0,9% das reservas africanas (Tabela 3). No entanto, a expectativa é de que esta porcentagem venha a aumentar com o início da exploração do gás da bacia do Rovuma, prevista para 2018 (MIREM, 2014). TABELA 3: Reservas africanas de gás natural (em trilhões de metros cúbicos) País 1992 Participação 2002 Participação Mundial 3,7 3,7 1,3 0,4 0,13 37,4% 37,4% 13,1% 4,0% 1,3% 3,1% 3,1% 1,1% 0,3% 0,1% 5,0 4,5 1,5 1,7 0,1 36,2% 32,6% 10,9% 12,3% 0,9% 3,2% 2,9% 1,0% 1,1% 0,1% 5,20 4,50 1,50 2,00 0,13 Outros 0,8 8,1% 0,7% 1,0 7,1% 0,6% 1,30 9,0% 0,7% África 9,9 100,0% 8,4% 13,8 8,9% 14,50 100,0% 7,7% 100,0% Mundial Participação Africana Nigéria Argélia Líbia Egito Moçambique Africana 2012 Africana Mundial 35,9% 31,0% 10,3% 13,8% 0,9% 2,8% 2,4% 0,8% 1,1% 0,1% Fonte:World Energy Resources: A Summary World Energy Council 2013 A tabela 4 apresenta a evolução da produção de gás natural em Moçambique e no mundo nos últimos dez anos. Nota se que a produção de gás natural em Moçambique mais que duplicou no período de 2004 a 2012, tendo aumentado de 1,3 bilhões de metros cúbicos, em 2004, para 3,5 bilhões de metros cúbicos em 2012. Este aumento significou uma variação na participação da produção africana de 0,8% em 2004 para 1.7% em 2012. 29 TABELA 4. Produção mundial de gás natural (bilhões de metros cúbicos) 2002 Mundial 2523,9 África 138,2 Moçambique 0,002 2004 2691,6 156,4 1,295 2006 2880,1 192,5 2,689 2008 3054 212,2 3,037 2010 3192,3 214,3 3,261 2012 3363,9 216,2 3,5 Fonte: World Energy World Energy Council 2013 2.4.2 Carvão mineral O carvão é uma mistura de componentes orgânicos fossilizados ao longo de milhões de anos. O seu conteúdo de carbono, varia de acordo com o tipo e o estágio dos componentes orgânicos. A turfa constitui um dos primeiros estágios do carvão, com teor de carbono na ordem de 45%; seguido da lenhite com teor variando de 60% a 75%; o carvão betuminoso (hulha), 75% a 85% e o antracito com teor de carbono superior a 90% (ANEEL, 2003). A geração de energia é o principal uso do carvão. O carvão representa 25% do consumo mundial de energia primária e cerca de 40% da energia elétrica mundial é gerada a partir do carvão (BGS, 2012). Em 1992 as reservas mundiais somaram 1032 bilhões de toneladas, tendo reduzido para 984,5 bilhões em 2002 e 861 bilhões em 2012. As maiores reservas estão nas regiões da Europa, Ásia e América do Norte, juntas representaram cerca de 90% das reservas mundiais. A participação africana, além de não ser expressiva vem reduzindo nas últimas duas décadas, tendo variado de 6% em 1996, para 5,6% em 2002 e 3,7% em 2012, sinalizando um esgotamento das suas reservas (tabela 5). TABELA 5: Reservas mundiais de carvão por região (em bilhões de toneladas), 1996, 2002 e 2012 Europa e Eurásia Ásia Pacífico América do Norte África América do Sul e Central Oriente Médio Mundial 1996 ... ... 250 62 Participação ... .... 24,2% 6,0% 2002 355 292 258 55 Participação 36,1% 29,7% 26,2% 5,6% 2012 305 266 245 32 Participação 35,4% 30,9% 28,5% 3,7% 10 0,2 1032 1,0% 0,0% 100,0% 22 2 984 2,2% 0,2% 100,0% 13 1,2 861 1,5% 0,1% 100,0% Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2002, 2012; World Energy Outlook, 1998. (...)=sem informação 30 Em termos de países, os Estados Unidos, a China e Rússia têm as maiores reservas mundiais. Estes três países juntos detinham 52,9% das reservas de carvão, em 2002, e 59,1% em 2012. A África do Sul, único país africano entre os top 7 de 2002 perdeu a sétima posição a favor da Ucrânia com 3,9% (equivalente a 33,9 bilhões de toneladas). TABELA 6: Top 7 de países com maiores reservas de carvão (em bilhões de toneladas) País 2002 EUA Rússia China Índia Austrália Alemanha 250 157 115 84 82 66 25,4% 15,9% 11,6% 8,6% 8,3% 6,7% 7 África do Sul 50 5,0% 1 2 3 4 5 6 Participação País 2012 Participação EUA Rússia China Austrália Índia Alemanha 237 157 115 76 61 41 27,6% 18,2% 13,3% 8,9% 7,0% 4,7% Ucrânia 34 3,9% Fonte:BP Statistical Review of World Energy 2002, 2012 Em 2002, a reservas africanas somaram 55,4 bilhões de toneladas, onde África do Sul detinha 89,4% (equivalente a 49,5 bilhões de toneladas) contra 0,4% (equivalente a 0,2 bilhões de toneladas) de Moçambique. Dez anos depois, a República da África do Sul aumentou a sua participação de 89,4% em 2002, para 95,2%, em 2012, embora a quantidade absoluta tenha reduzido de 49,5 bilhões para 30,2 bilhões. No mesmo período, Moçambique aumentou a sua participação de 0,4% para 0,7% (tabela 7). TABELA 7: Reservas africanas de carvão (em bilhões de toneladas) País 2002 Participação 2012 Participação África do Sul 49,5 89,4% 30,2 95,2% Zimbabwe 0,5 0,9% 0,5 1,6% Moçambique 0,2 0,4% 0,2 0,7% Resto da África 5,1 9,3% 0,8 2,6% África 55,4 100,0% 31,7 100,0% Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2002, 2012 A tabela 8 apresenta a produção mundial, africana e moçambicana de carvão nas últimas duas décadas. Tomando o ano de 1992 como base, a produção mundial permaneceu estagnada por 31 uma década. Somente a partir de 2006 é que se registrou um aumento expressivo de cerca de 12%, e 74% em 2012. A produção africana de carvão aumentou nas últimas duas décadas, de 182 milhões de toneladas em 1992 para 265 milhões em 2012, o que representa um crescimento de cerca de 46%. Moçambique exporta carvão desde a década de 1960, tendo interrompido durante a guerra civil (CIP, 2009). E apenas retomou em 2011(MIREM, 2014). Embora a produção moçambicana tenha aumentado de 650 mil toneladas em 2011 para 3 milhões em 2012, esta representou apenas 1,1% da produção da África e 0,04% da produção mundial. TABELA 8: Produção mundial de carvão no período de 1992 a 2012 (em milhões de toneladas) Mundial África Moçambique 1992 4519 182 .... 1998 4 229 231 0,1 2002 3670 226 0,04 2011 6460 258 0,65 2012 7865 264 3 Fonte:BP Statistical Review of World Energy 2012; USGS -Minerals Yearbook- Mozambique 1995-2012. (...)=sem informação. 2.4.3 Areias Pesadas As areias pesadas são classe de depósitos de minérios importante fonte de Zircônio, titânio, tório, tungstênio, elementos de terras raras, o diamante, safira, granada, e metais preciosos ou pedras preciosas ocasionalmente (LUZ, SAMPAIO, ALMEIDA, 2004). Em Moçambique, areias pesadas são ricas em ilmenite, zircônio e rútilo. A ilmenite é um minério de ferro e titânio utilizado na produção de pigmentos que são usados nas indústrias plásticas e de tintas. O zircônio é utilizado na indústria cerâmica. O rútilo é essencial para a produção do metal titânio, que é utilizado em indústrias de alta tecnologia, como por exemplo, no fabrico de aviões (KENMARE plc, 2009). Em 2012, as reservas mundiais provadas de ilmenite somaram 650 milhões de toneladas, dos quais 18,4% encontravam-se na África, com destaque para África do Sul (9,7%), Madagascar (6,6%) e Moçambique (2,5%). As reservas mundiais provadas de rútilo somaram 42,1 milhões de toneladas, dos quais 29,8% encontravam-se na África, com destaque para África do Sul (19,7%), Serra Leoa (9%) e Moçambique (1,1%). As reservas mundiais provadas de 32 zircônio somaram 49,6 milhões de toneladas, dos quais 30,6% encontravam-se na África, com destaque para África do Sul (28,2%) e Moçambique (2,4%). Moçambique é o 9º em reservas de ilmenite, com 2,5% das reservas mundiais (16 milhões de toneladas); o 7º em reservas de rútilo, com 1,1% das reservas mundiais (480 mil toneladas) e o 5º em reservas de zircônio, com 2,4% das reservas mundiais (1,2 milhões de toneladas). TABELA 9. Reservas mundiais de ilmenite, rútilo e zircônio (milhões de toneladas), 2012. Ilmenite Rútilo Zircônio País Reservas Participação País Reservas Participação País Reservas Participação China 200 30,8% Austrália 18 42,8% Brasil 21 42,3% Austrália 100 15,4% África do Sul 8,3 19,7% África do Sul 14 28,2% Índia 85 13,1% Índia 7,4 17,6% Ucrânia 4 8,1% África do Sul 63 9,7% Serra Leoa 3,8 9,0% Índia 3,4 6,9% Brasil 43 6,6% Ucrânia 2,5 5,9% Moçambique 1,2 2,4% Madagascar 40 6,2% Brasil 1,2 2,9% China 0,5 1,0% Noruega 37 5,7% Moçambique 0,5 1,1% EUA 0,5 1,0% Canada 31 4,8% Outros 0,4 1,0% Outros 5 10,1% Moçambique 16 2,5% Mundial 42 100,0% Mundial 49,6 100,0% Ucrânia 5,9 0,9% EUA 2 0,3% Vietname 1,6 0,2% Outros 26 4,0% Mundial 650 100,0% Fonte: USGS- Mineral Commodity Summaries 2014 A tabela 10 apresenta a produção de ilmenite, rútilo e zircônio produzido em Moçambique e sua comparação com a produção mundial e africana. A África contribui com pouco mais de 30% da produção total mundial dos três minerais (ilmenite, rútilo e zircônio), sendo Moçambique com 1% na produção de rútilo, 3% de zircônio e entre 6 a 9% de ilmenite. 33 TABELA 10: Produção de mundial de ilmenite, rútilo e zircônio nos anos de 2008 e 2012 (em mil toneladas e participação da África e Moçambique, em %) 2008 Produção Participação 100% Mundial 5900 30% Ilmenite África 1794 6% Moçambique 329 100% Mundial 700 31% Rútilo África 218,5 1% Moçambique 6,6 100% Mundial 1314 33% Zircônio África 437 3% Moçambique 33 2012 Produção Participação 100% 6500 39% 2537 9% 575 100% 800 31% 248 1% 6,5 100% 1483 33% 494,5 3% 46 Fonte: British Geological Survey statistical report: World Mineral Production 2008, 2012 2.4.4 Bauxita A bauxita é constituída por óxido de alumínio hidratado de composições variáveis. Algumas bauxitas têm composição que se aproxima à da gibbsita, todavia, em sua maioria formam uma mistura, contendo impurezas como: sílica, óxido de ferro, titânio e outros elementos. A bauxita é usada nas indústrias de alumínio, química (sulfato de alumínio), de abrasivos, de cimentos argilosos e outros (MME, 2009). Em 2002, as reservas mundiais de bauxita eram de 22 bilhões de toneladas, Guiné e Austrália detinham cerca de 54% do total das reservas mundiais. Em 2012, as reservas passaram para 28 bilhões de toneladas, Guiné e Austrália continuaram sendo líderes, embora o seu peso tenha reduzido para 47,8% (tabela 11). 34 TABELA 11. Reservas mundiais de bauxita (mil toneladas) nos anos 2002 e 2012 País Guine Austrália Jamaica Brasil Índia China Suriname Venezuela Rússia EUA Outros Mundial 2002 Participação País 7400 33,6% Guine 4400 20,0% Austrália 2000 9,1% Brasil 1800 8,2% Vietnam 770 3,5% Jamaica 700 3,2% Indonésia 580 2,6% Índia 320 1,5% China 200 0,9% Grécia 20 0,1% Suriname 4300 19,6% Venezuela 22000 100,0% Rússia Serra Leoa Cazaquistão EUA Outros Mundial 2012 Participação 7400 26,4% 6000 21,4% 2600 9,3% 2100 7,5% 2000 7,1% 1000 3,6% 900 3,2% 830 3,0% 600 2,1% 580 2,1% 320 1,1% 200 0,7% 180 0,6% 160 0,6% 20 0,1% 2950 10,5% 28000 100% Fonte: USGS - Mineral Commodity Summaries (2003, 2013). Nas últimas duas décadas, a produção de bauxita variou de 105 milhões de toneladas, em 1992, para 263 milhões de toneladas, em 2012. Os maiores produtores mundiais de bauxita são Austrália, Guiné, Jamaica, Brasil, China, Indonésia e Índia. Pouco mais de 75% da produção mundial de bauxita é concentrada em cinco países, conforme apresentado na tabela 12. Em Moçambique, a bauxita ocorre nas províncias de Manica e da Zambézia (LÄCHELT, 2004). Não foi possível obter as estimativas exatas das reservas de bauxita em Moçambique. A principal empresa exploradora de bauxita em Moçambique é a Mina Alumina Lda, localizada na Vila de Manica, com capacidade de 12 mil toneladas por ano. O país contribuiu com apenas 0,012% da produção mundial de bauxita em 1992, tendo reduzido para 0,005% em 2012, embora tenha aumentado de 8 mil toneladas para 13 mil em termos absolutos (tabela 12). 35 Tabela 12: Produção mundial de bauxita dos 5 maiores produtores e de Moçambique (em mil toneladas), 1992 e 2012 País Austrália Guine Jamaica Brasil Índia China Indonésia Moçambique Mundial Produção 41391 15800 10900 9370 4900 ... ... 8 105000 1992 Participação 39% 15% 10% 9% 5% ... ... 0,01% 100% Ranking 1 2 3 4 5 ... ... ... ... Produção 73000 ... ... 34000 20000 48000 30000 13 263000 2012 Participação 28% ... ... 13% 8% 18% 11% 0,005% 100% Ranking 1 ... ... 3 5 2 4 ... ... Fonte: USGS - Mineral Commodity Summaries (1993, 2013). (...)=sem informação 2.4.5 Bentonita A bentonita é uma argila constituída principalmente pelo argilomineral montemorilonita, do grupo esmectita. O bentonita é usado como absorvente de dejetos de animais domésticos, agente tixotrópico de fluidos de perfuração de poços de petróleo e de água, aglutinante de areias na indústria de fundição, aglomerante na pelotização de minério de ferro, descorante de óleos vegetais, minerais e animais, entre outras (MME, 2009). Em Moçambique, os depósitos ocorrem na província de Maputo, especialmente no distrito de Boane (LÄCHELT, 2004). Conforme pode ser verificado na tabela 13, a produção mundial de bentonita vem aumentando desde 1992, tendo passado de 10 milhões de toneladas em 1992, para 16,2 milhões de toneladas em 2012. Os Estados Unidos são os maiores produtores, tendo contribuído com 2,95 milhões de toneladas em 1992, representando cerca de 29,5% do total da produção mundial; com 4,8 milhões de toneladas em 2012, representando cerca de 29,6% do total da produção mundial. Em Moçambique a principal empresa exploradora é a Minerais industriais de Moçambique Lda, com capacidade de 30 mil toneladas por ano. O país contribuiu com apenas 0,005 % da produção mundial de bentonita em 1992, tendo aumentado para 0,02% em 2012. 36 Tabela 13. Produção mundial de bentonita, dos 5 maiores produtores e de Moçambique (em mil toneladas), 1992 e 2012 País 1992 2012 Produção Participação Ranking Produção Participação Ranking EUA Rússia Grécia Alemanha Japão China Turquia Índia México Moçambique Mundial 2954 2000 600 581 534 ... ... ... ... 0,5 10000 30% 20% 6% 6% 5% ... ... ... ... 0,005% 100% 1 2 3 4 5 ... ... ... ... ... ... 4800 ... 1300 ... ... 3500 ... 1081 957 25 16200 30% ... 8% ... ... 22% ... 7% 6% 0,02% 100% 1 ... 3 ... ... 2 ... 4 5 ... ... Fonte: BGS-World Mineral Production 1992-2012. (...)=sem informação 2.4.6 Grafita A grafita corresponde a uma das três formas alotrópicas do carbono. As outras são os carbonos amorfos e os diamantes. Ao contrário do diamante, a grafita é um condutor eléctrico. É usado em eletrônica, eletrodos, baterias, na fundição de aço e como material refratário (MME, 2009). As reservas mundiais de grafita, calculadas pelo USGS em 2002 e 2012, somaram 74 milhões de toneladas em 2002 e 77 em 2012, representando um aumento de 4%. A China detinha cerca de 86,5% do total das reservas mundiais em 2002, tendo reduzido para 71,4% em 2012. Além da China, outros países que tem se destacado são a Índia, México e Madagascar (tabela 14). Em Moçambique, os depósitos de grafita ocorrem nas províncias de Tete, Nampula e Cabo Delgado. Destes, apenas o depósito de Cabo Delgado foi explorado no período de 1992-1999 (MIREM, 2012). Não foi possível obter valores exatos sobre as reservas de grafita que Moçambique tinha até 2012, no entanto, a empresa mineradora australiana Triton Minerals anunciou no jornal do Sapo.noticias7, em outubro de 2014, ter descoberto o maior depósito do mundo de grafita na 7 http://www.sapo.pt/noticias/mineira-australiana-anuncia-descoberta-maior-_544930f5593f12015f0008a2 37 região do monte Nicanda, na província de Cabo Delgado, estimado em 115,9 milhões de toneladas, e que poderá colocar Moçambique entre os maiores produtores mundiais no futuro. TABELA 14. Reservas mundiais de grafita (mil toneladas), 2002 e 2012 País China México Madagascar Índia Brasil Outros Mundial 2002 Participação País 64000 86,5% China 3100 4,2% Índia 940 1,3% México 800 1,1% Madagascar 360 0,5% Brasil 5100 6,9% Outros 74000 100,0% Mundial 2012 Participação 55000 71,4% 11000 14,3% 3100 4,0% 940 1,2% 360 0,5% 4588 6,0% 77000 100,0% Fonte: USGS - Mineral Commodity Summaries (2003, 2013). Desde 1992 a 2012, conforme pode ser verificado na tabela 15, China vem sendo o maior produtor de grafita do mundo e tem contribuído com pouco mais de 60% do total da produção mundial. A Índia é o segundo maior produtor, com 12% do total da produção mundial. Os restantes países com notável contribuição são a Ucrânia, o Brasil, o Canadá, o México e a Correia do Norte. A maior produção observada em Moçambique até 2012, não passou de 0,2% do total da produção mundial. TABELA 15. Produção mundial de grafita, dos cinco maiores produtores e de Moçambique (em mil toneladas), 1992 e 2012 País China Índia Ucrânia México Correia do Norte Brasil Canada Moçambique Mundial 1992 Produção Participação Ranking 300 73 50 48 38 ... ... ... 670 45% 11% 7% 7% 6% ... ... ... 100% 1 2 3 4 5 ... ... ... Produção 750 150 ... ... 30 75 26 2 1.100 Fonte: BGS-World Mineral Production 1992-2012. (...)=sem informação 2012 Participação Ranking 68% 14% ... ... 3% 7% 2% 0,2% 100% 1 2 ... ... 4 3 5 ... ... 38 2.4.7 Granada A granada é da classe de silicatos com diversas quantidades de magnésio, ferro ou cálcio (XAl2Si3O12), em que X = Ca3, Mg3, Fe3, Mn3, Fe2, Cr2. A sua ocorrência é comum em muitas rochas, alguns dos melhores cristais surgem em xisto, serpentinas, calcários metamórficos, gneisses e pegmatitos graníticos. Usado como um abrasivo, para filtragem de água, lixa para madeira e metais (HANKIN, 1998). As reservas mundiais de granada somaram cerca de 13 milhões de toneladas, em 2002, e 20 milhões de toneladas, em 2012, representando um aumento de 53,8%. Os Estados Unidos e a China detêm as maiores reservas mundiais, e juntos concentravam pouco mais de 50% do total das reservas (tabela 16). Não foi possivel obter estimativas das reservas de granada existentes em Moçambique, mas, segundo Lächelt (2004), a granada vem sendo explorado nas províncias de Niassa, Zambézia, Tete e Nampula. TABELA 16. Reservas mundiais de granada (mil toneladas), 2002 e 2012 País EUA Austrália Índia Outros Mundial 2002 5000 1000 90 6500 13000 Participação 38,5% 7,7% 0,7% 50,0% 100,0% País EUA China Outros Mundial 2012 5000 6700 6500 20000 Participação 25,0% 33,5% 32,5% 100,0% Fonte: USGS - Mineral Commodity Summaries (2003, 2013). Em 2002, a produção mundial de granada, foi cerca de 285 mil toneladas, sendo Austrália o maior produtor com 127 mil toneladas, representando cerca de 44,5% do total da produção, seguido pela Índia com 63 mil toneladas (22%), Estados Unidos da América com 47 mil toneladas (16,5%) e China com 27 mil toneladas (9%). A produção moçambicana representou apenas 0,0004% da produção mundial. Em 2012, a produção mundial de granada estimou-se em 1,7 milhões de toneladas, representando um aumento de cerca de 600% em relação à produção de 2002, sendo Índia, o maior produtor com cerca de 800 mil toneladas (47%) em 2012, seguido da China com 510 mil toneladas (30%), Austrália com 260 mil toneladas (15%) e Estados Unidos com 56 mil 39 toneladas (3%). A produção de granada de Moçambique aumentou consideravelmente em relação a 2002, tendo passado de 0,0004% para 0,01% do total mundial de (tabela 17). TABELA 17. Produção mundial de granada, dos quatro maiores produtores e de Moçambique (mil toneladas), 2002 e 2012. País Austrália Índia EUA China Moçambique Mundial 2002 2012 Produção Participação Ranking Produção Participação Ranking 127 45% 1 260 15% 3 63 22% 2 800 47% 1 47 16% 3 56 3% 4 27 9% 4 510 30% 2 0,17 0,0012 0,0004% ... 0,01% ... 285 100% ... 1700 100% ... Fonte: USGS - Mineral Commodity Summaries (2003, 2013), INE-Moçambique. (...)=sem informação 2.5 Produção mineral e desenvolvimento econômico de Moçambique no período de 1992 a 2012 Depois de apresentada a produção de cada um dos principais minerais de Moçambique e sua comparação com o resto do mundo, em seguida é analisada a contribuição da produção mineral na economia nacional e das regiões Sul, Centro e Norte do país. No geral a produção mineral vem crescendo desde a década de 1990, em especial com a produção de mármore, cimento, granada, bauxita e mais recentemente com a produção de gás natural, carvão mineral, ilmenite, zircônio e rútilo. A participação do setor mineral no PIB aumentou de 0,5% em 2000 para 1,6% em 2012 (tabela 18). A economia de Moçambique como um todo aumentou o seu PIB de 2,5 bilhões de dólares americanos em 1992 para 10,5 bilhões em 2012 (a preços de 2005). Em moeda nacional, esses valores correspondem a 56,7 bilhões de meticais em 1992 e 220 bilhões de meticais em 2012, (ao câmbio médio anual de 20058 = 22 MT/USD). 8 http://www.oanda.com/lang/pt/currency/historical-rates/ 40 TABELA 18. Valor da produção mineral moçambicana no período de 2000 a 2012, a preços de 2005. Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 PIB Produção Mineral (Bilhões de meticais) (Bilhões de meticais) 86 0,4 97 0,4 106 0,6 114 0,7 130 1 141 1 158 1,5 166 1,7 181 1,9 177 1,9 182 2 203 2,4 220 3,5 Participação 0,5% 0,5% 0,5% 0,6% 0,9% 0,9% 1,0% 1,1% 1,1% 1,1% 1,1% 1,2% 1,6% Fonte: INE Moçambique (PIB por setor de atividade 2000-2013). A partir dos dados de PIB disponíveis no site do banco mundial e com os dados de exportação de commodities da UN COMTRADE, foi possível calcular a participação dos recursos minerais nas exportações totais de Moçambique dos últimos 20 anos. O cálculo excluiu a exportação de alumínio por se entender que este recurso não é parte da riqueza do solo moçambicano, pois, a matéria prima é totalmente importada da Austrália. Assim, pode ser verificado na tabela 19, que as exportações cresceram ao longo dos 20 anos, tendo aumentado de 9% do PIB em 1992, para 40,6% em 2012. É possível notar que as exportações minerais aumentaram de 19 milhões de dólares americanos, em 1992, para 88 milhões, em 2004 e 983 milhões, em 2012, impulsionados pela exploração e exportação de gás natural, areias pesadas e carvão mineral. As previsões indicam que esta percentagem poderá aumentar nos próximos anos, pois há indicações de que as duas maiores empresas de carvão que estão operando no país, estão investindo na construção de ferrovias que poderão aumentar o escoamento do carvão, além da exploração do gás de Rovuma, previsto para começar em 2018 (RADON, 2013). 41 TABELA 19. Exportação de minerais no período de 1994-2012, (excluído o Alumínio) Ano 1992 2002 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 PIB Nacional (constante 2005, milhões US$) 2524 5249 6054 6579 6994 7504 8016 8524 9128 9796 10521 Exportações Totais (constante 2005, milhões US$) 232 1244 1964 2087 2381 2716 2725 2787 2993 3604 4281 Exportações Exportação Totais Mineral (% do PIB) (constante 2005, milhões US$) 9,2 19 23,7 20 32,5 88 31,7 120 34,0 176 36,2 159 34,0 208 32,7 171 32,8 386 36,8 475 40,7 983 Exportação de minerais (% da exp. total) 8,2 1,6 4,5 5,7 7,4 5,9 7,6 6,1 12,9 13,2 23,0 Fonte: Elaboração própria com base nos dados do banco mundial e UN Comtrade (4-digit heading of Harmonized System 1988/92), disponíveis nos site: http://data.worldbank.org/; http://comtrade.un.org/db/default.aspx A contribuição da riqueza produzida pelos megaprojetos na economia nacional está relacionada com o grau de retenção e absorção dessa riqueza pela economia e não apenas pela quantidade de riqueza produzida (CASTEL-BRANCO, 2008). De acordo com as leis de mina (Lei n o14/2002) e de petróleo (Lei n o 3/2001) de Moçambique, vigente até ao ano de 2012, o governo é dono de todos os recursos minerais. A exploração destes é por regime de concessão, por períodos de até 25 anos. Em Moçambique, as empresas de mineração pagam um imposto de 32% sobre o lucro; um imposto de superfície que varia de US$10 a US$100/ km2 e royalties, em porcentagens que variam por tipo do mineral, sendo petróleo, 10%; gemas e gás natural, 6%; diamante, ouro e pedras preciosas, 10%; metais, 5%; carvão e outros minerais, 3% (Lei n.o 11/2007; Lei n.o 12/2007). O governo concede isenção de direitos aduaneiros, na importação de equipamentos relacionados à prospecção, pesquisa e exploração mineira durante os primeiros cinco anos (Lei n.o 13/2007). A tabela 20 apresenta a participação dos impostos do setor mineral no total das receitas fiscais do governo moçambicano, para os anos de 2008 a 2010. A escolha desse período foi 42 condicionada a disponibilidade de dados. Observa-se a partir da tabela, que a mineração contribue pouco para a receita fiscal. TABELA 20. Pagamento de impostos pelas empresas mineradoras (milhões de US$, a preços de 2010) Receita fiscal total Receitas de mineração declaradas Participação 2008 1267 9 1% 2009 1459 40 3% 2010 1989 59 3% Fonte: Elaboração própria com base nos relatórios da ERNST & YOUNG (2012), Conta geral do estado dos anos 2008, 2009, 2010. Os valores convertidas da moeda nacional ao dólar a câmbio de 27,00MZN/1US$ correspondente a média anual de 2010. De 1993 a 2011 aprovou cerca de 3170 projetos de investimento, estimados em 38 bilhões, que geraram cerca de 387 mil empregos novos. Cerca de 26% do investimento total foi absorvido no setor de recursos minerais9. A tabela 21 apresenta empregos diretos para moçambicanos gerados no setor de recursos minerais observados ano de 2012 nas cinco maiores empresas. Assumido que este é o total do emprego permanente acumulado nos últimos anos, pode se inferir que o setor criou menos de 6 mil empregos, o que representa menos de 1% do total de emprego gerado nesse período e menos de 0,2% do total da força de trabalho potencial (estimada em 10 milhões, segundo o banco mundial). 9 CENTRO DE PROMOÇÃO DE INVESTIMENTO (CPI).Tendências do Investimento Privado em Moçambique. Disponível em: <http://www.amecon.co.mz/docs/palestras/tendencias1-041124.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2015. E noticias online da macauhub do dia 2012/02/17. Disponível em: <http://www.macauhub.com.mo/pt/2012/02/17/centro-de-promocao-de-investimentos-de-mocambique-pretendeatrair-17-mil-milhoes-de-dolares-em-investimento/>. Acesso em: 02 jan. 2015 43 TABELA 21. Geração de emprego das cinco maiores empresas mineradoras de Moçambique (2012) Empresa Kenmare plc. Vale Rio Tinto Sasol Ltda. Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) e filiadas Total Emprego direto 1014 900 600 740 285 3539 Fonte: Kenmare-Annual Report and Accounts 2013; http://www.enh.co.mz, CONSTABLE, David E. Opening remarks. Inauguration of the CPF expansion, Mozambique.Wednesday, 30 May 2012. O Estado moçambicano recebe 5% do gás produzido, que por sua vez é vendido a empresa moçambicana, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), que faz a sua distribuição para a região Sul de Moçambique, especialmente para Vilanculos e Arquipélago do Bazaruto e a Matola Gás Company, que faz a distribuição em determinadas indústrias da Matola e arredores de Maputo10. Como pode ser verificado na tabela 22, o setor mineral cresceu 21,4% em média, no período de 2000 a 2012, enquanto a economia nacional crescia a 8,2%. Em média, o setor mineral contribuiu com 1% na taxa de crescimento real da economia no mesmo período. No período de 2001 a 2003, a mineração cresceu 18% em média, em 2004 teve um salto para 71% marcado com a exploração de gás natural, e em 2005 a produção ficou estabilizada, tendo voltado a registrar saltos de crescimento nos anos de 2006 e 2011, com a produção de areias pesadas e carvão, respectivamente. 10 http://www.cmh.co.mz/index.php?option=com_content&view=article&id=11&Itemid=59 44 TABELA 22. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB de Moçambique, 2001-2012 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Média PIB nacional Taxa de (milhões de crescimento meticais) do PIB 85768 96804 12,9% 105944 9,4% 113839 7,5% 124561 9,4% 133276 7,0% 145516 9,2% 155918 7,1% 166553 6,8% 177249 6,4% 182442 2,9% 203161 11,4% 219160 7,9% 8,2% PIB mineral Nacional (milhões de meticais) 397 440 566 657 1128 1135 1452 1731 1855 1910 2007 2386 3516,23 Taxa de crescimento do PIB mineral Contribuição da mineração no crescimento do PIB 10,8% 28,7% 16,1% 71,6% 0,7% 27,8% 19,3% 7,2% 3,0% 5,1% 18,9% 47,4% 21,4% 0,5% 0,6% 0,6% 1,0% 0,9% 1,1% 1,2% 1,2% 1,1% 1,1% 1,3% 1,7% 1,0% Fonte: Elaboração própria com base nos dados do INE 2.5.1 Contribuição da mineração para o crescimento econômico das regiões Na seção anterior, vimos como o setor mineral contribuiu para o desenvolvimento econômico do país, especificamente da contribuição deste setor para produto interno bruto, receita fiscal do estado, emprego, exportações, taxa de crescimento. Nesta seção é feita uma discussão focalizada as regiões Sul, Centro e Norte do país. Em função da disponibilidade de dados de PIB regional, a nossa análise concentrou-se para o período de 2000 a 2009, consciente de que, a realidade pode ter mudado depois desse período porque alguns projetos de mineração entraram em funcionamento a partir de 2011, como é o caso de carvão mineral na região centro do país. O país é dividido em três regiões, nomeadamente Sul, Centro e Norte. A região Sul compreende as províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, onde a cidade de Maputo é a maior da região e a capital do país. A região Centro compreende as províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia, onde a cidade de Beira é a maior da região. A região Norte compreende as 45 províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, onde a cidade de Nampula é a maior da região11. Figura 4. Mapa de Moçambique, com ilustração das regiões Norte, Centro e Sul Fonte:https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&v ed=0CAcQjRw&url=http%3A%2F%2Fwww.juspax.co.mz%2Fondeactuamos.htm&ei=azTVVLn4Kqy1s ASy7IJw&bvm=bv.85464276,d.cWc&psig=AFQjCNEBtp8G0P1xhFq3nyPl7it7GRyfZQ&ust=1423344662 653710 Não foi possível incluir todos minerais produzidos por região no cálculo do PIB mineral regional, apenas escolhemos aqueles de maior impacto econômico, sendo gás para a região Sul; carvão para a região Centro; ilmenite, zircônio, rútilo, para a região Norte. Os resultados da análise são apresentados nas tabelas 23, 24, 25, 26 e 27. A tabela 23 apresenta a contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Sul de Moçambique. A partir desta tabela, observa-se que o setor mineral cresceu 6969% no período de 2000 a 2009 e teve uma participação média de 8,7% no PIB da região. Nota-se uma 11 http://www.portaldogoverno.gov.mz/Mozambique 46 inflexão no ano de 2004, onde o crescimento foi de cerca de 62450%, pois, nesse ano começou a produção de gás na província de Inhambane. TABELA 23. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Sul de Moçambique, 2000-2009 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Média PIB da região Taxa de PIB mineral Taxa de Contribuição da Participação Sul (milhões de crescimento do da região Sul crescimento mineração no do PIB meticais) PIB da região (milhões de do PIB crescimento do mineral no Sul meticais) mineral PIB PIB da região 37513 3 0,01% 42374 13,0% 5 67% 0,04% 0,01% 46084 8,8% 10 100% 0,13% 0,02% 48850 6,0% 10 0% 0,0% 0,02% 57803 18,3% 6255 62450% 69,75% 10,8% 65863 13,9% 8278 32% 25,1% 12,6% 71577 8,7% 12988 57% 82,4% 18,2% 76165 6,4% 10007 -23% -65% 13% 82121 7,8% 14669 47% 78,3% 17,9% 88263 7,5% 12867 -12% -29,3% 14,6% 10% 6969% 17,9% 8,7% Fonte: calculado com base nos dados do INE (PIB real da região sul, a preços de 2003), e do banco mundial (Produção do gás natural e condensado, preços de 2003=5,63US$/milhão de Btu), convertido na moeda nacional ao câmbio de 2003 (=23MZN/1US$). A tabela 24 apresenta a contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Centro de Moçambique. A partir desta tabela, observa-se que o setor mineral cresceu 16,7% em média no período de 2000 a 2009 e teve uma participação média de 0,7% no valor do PIB, e 1,6% na taxa de crescimento do PIB da região. 47 TABELA 24. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Centro de Moçambique, 2000-2009 PIB da região Centro (milhões de meticais) Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Média 28467 31889 35108 37528 40364 43953 48208 51861 54775 58491 Taxa de crescimento do PIB da região Centro 12,0% 10,1% 6,9% 7,6% 8,9% 9,7% 7,6% 5,6% 6,8% 8,3% PIB mineral da região centro (milhões de meticais) 164 161 171 230 349 345 378 416 505 604 Taxa de Contribuição Participação crescimento da do PIB do PIB mineração mineral mineral no PIB da no PIB da região região Centro Centro -1,8% 6,2% 34,5% 51,7% -1% 9,6% 10,0% 21,4% 19,6% 16,5% -0,1% 0,3% 2,4% 4,2% -0,1% 0,8% 1,0% 3,0% 2,7% 1,6% 0,5% 0,5% 0,5% 0,6% 0,9% 0,8% 0,8% 0,8% 0,9% 1,0% 0,7% Fonte: calculado com base nos dados do INE-Moçambique (PIB regional e produção de carvão, cimento e ouro no centro do país), e do BGS (preços de 2003. Carvão=38,5US$/ton, ouro=364,8US$/troy ounce, cimento=76US$/ton), convertido na moeda nacional ao câmbio de 2003 (=23MZN/1US$). A tabela 25 apresenta a contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Norte de Moçambique. A partir desta tabela, observa-se que o setor mineral cresceu 33,4% em média no período de 2000 a 2009, com crescimentos negativos registados nos anos de 2001 e 2005 provavelmente contribuídos pela irregularidade da atividade mineral artesanal das pedras preciosas; e um crescimento expressivo no ano de 2006 e 2007 explicado pelo início da exploração de areias pesadas de Moma. O setor teve uma participação média de 1,9 % no valor do PIB, e uma contribuição de 6,3% no crescimento do PIB da região. 48 TABELA 25. Contribuição da mineração para o crescimento do PIB da região Norte de Moçambique, 2000-2009 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Média PIB Taxa de PIB mineral da região crescimento da região Taxa de Contribuição Norte do PIB da Norte crescimento da mineração (milhões de região (milhões de do PIB no PIB da meticais) Norte meticais) mineral região Norte 19169 155 21299 11,1% 154 -1,9% -0,1% 23191 8,9% 166 7,8% 0,6% 24814 7,0% 211 27,1% 2,8% 26515 6,7% 332 57,4% 7,1% 28552 7,7% 326 -1,8% -0,3% 31448 10,0% 592 81,6% 9,2% 34295 9,0% 1014 71,3% 14,8% 37320 8,8% 1501 48,8% 16,1% 39839 6,7% 1671 11,3% 6,7% 8,5% 33,4% 6,3% Participação do PIB mineral no PIB da região Norte 0,8% 0,7% 0,7% 0,8% 1,3% 1,1% 1,9% 3,0% 4,0% 4,0% 1,9% Fonte: calculado com base nos dados do INE-Moçambique (produção de cimento, a preço de 2003=2000MZN/ton) e do USGS (produção de zircônio, rútilo, ilmenite no período de 2006-2009, a preços de 2003. Zircônio=395US$/ton, rútilo=430US$/ton, ilmenite=93US$/ton), e convertido na moeda nacional ao câmbio de 2003 (=23MZN/1US$) A tabela 26 apresenta a distribuição da produção mineral entre as regiões no período de 2000 a 2009. A partir da tabela, nota-se que, em média, 54% da produção mineral concentrou-se na região Sul, seguido pela região Centro com 22% e Norte com 23%. É possível dividir este período em dois momentos, sendo o primeiro de 2000 a 2003 e o segundo de 2004 a 2009. No primeiro, a produção mineral concentrava-se nas regiões Centro e Norte, enquanto no segundo, a região Sul torna-se líder. O início da exploração do gás natural fez com que as regiões Centro e Norte tivessem uma queda drástica na participação nacional. No entanto, nota-se uma ligeira recuperação da região Norte a partir do ano de 2007, pois, nesse ano teve início da exploração de areias pesadas de Moma. Do mesmo modo, é possível que a região Centro tenha recuperado a sua participação a partir do ano de 2011, com início da exploração do carvão mineral de Tete. Espera-se que a região Norte seja líder na produção mineral nos próximos anos quando começarem as explorações de grafita e gás natural de Cabo Delgado, previstas para 2018. 49 TABELA 26. Distribuição da produção mineral entre as regiões, 2000-2009 Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Média Participação do PIB mineral da região Sul no PIB mineral Nacional 1% 2% 3% 2% 90% 93% 93% 87% 88% 85% 54% Participação do PIB mineral da região Centro no PIB mineral Nacional 51% 50% 49% 51% 5% 4% 3% 4% 3% 4% 22% Participação do PIB mineral da região Norte no PIB mineral Nacional 48% 48% 48% 47% 5% 4% 4% 9% 9% 11% 23% Fonte: Elaboração própria Em síntese, o setor mineral cresceu mais que o resto da economia das regiões e do país, sendo mais expressivo na região Sul, onde o crescimento do setor mineral foi de cerca de 697 vezes maior que o crescimento da economia da região. O menor crescimento do setor foi registrado na região Centro, onde cresceu apenas 2 vezes maior da economia regional (tabela 27). O fato de o setor mineral ter crescido mais que a economia das regiões e do país em geral não significa necessariamente que este tenha contribuído mais para a renda local e nacional que os restantes setores, uma vez que o capital é maioritariamente estrangeiro e o gerou pouco emprego. 50 TABELA 27. Comparação da taxa de crescimento médio do setor mineral com a taxa de crescimento da economia regional e nacional no período de 2000-2009. Região Taxa de Taxa de crescimento crescimento Rácio do PIB do PIB (B/A) Regional mineral (A) (B) Sul 10% 6969% Centro 8,3% 16,5% Norte 8,5% 33,4% Moçambique 8,2% 21,4% Observação o setor mineral cresceu mais que a 696,9 economia regional o setor mineral cresceu mais que a 2 economia regional o setor mineral cresceu mais que a 3,9 economia regional o setor mineral cresceu mais que a 2,6 economia nacional Fonte: Elaboração própria É importante destacar alguns impactos sociais que a mineração tem causado nas comunidades locais, especialmente, o desalojamento das famílias das regiões de exploração e as consequências na vida das pessoas. Estudos mostram que, os casos de carvão mineral de Tete e de areias pesadas de Moma são os mais alarmantes. Em Tete foram reassentadas cerca de 3 mil famílias atribuindo dois hectares de terras agrícolas para cada família e outras 360 famílias receberam compensação financeira direta. Embora tenham se observado melhorias na vida das famílias, em especial para o saneamento do meio; melhoria das vias de acesso, às famílias sofreram perturbações significativas no gozo de vários direitos econômicos e sociais, como atividades complementares, com destaque para a criação de gado e venda de carvão vegetal, lenha, frutas e legumes (HRW, 2013). Situação similar foi observada no distrito de Moma, onde segundo Selemane (2010), depois do reassentamento, os problemas mantiveram-se os mesmos: falta de água, hospital, mercado e escola por perto, além das casas construídas no bairro de reassentamento serem de baixa qualidade. Deste capítulo conclui-se que, a história de mineração em Moçambique começou com a exploração de ouro pelos portugueses. No entanto a sua importância econômica teve lugar com a exploração de carvão mineral e gás natural no início da década de 1960. A produção ficou interrompida na década de 1980 com a guerra civil entre a Renamo e a Frelimo. 51 Depois da assinatura do acordo geral da paz, retomaram-se as pesquisas e os investimentos no setor mineral. Como resultado, novos minerais foram descobertos, com destaque para areias pesadas de Moma, gás natural de Rovuma. Nos últimos dez anos, o setor mineral vem crescendo mais que a economia nacional e das regiões de exploração, a expectativa é que esse crescimento seja ainda maior num futuro próximo. 52 3 ESTUDO COMPARATIVO DA ECONOMIA MINERAL DE MOÇAMBIQUE, ANGOLA, ÁFRICA DO SUL E BRASIL Este capítulo apresenta uma análise comparativa entre quatro países, nomeadamente Moçambique, Angola, África do Sul e Brasil com o objetivo de comparar o desempenho econômico do setor mineral desses países no que concerne a contribuição do setor para o produto interno bruto, a receita fiscal do estado, o emprego e as exportações. As escolhas de Angola, África do Sul e Brasil como referências de comparação foram pensadas no contexto das facilidades de interação entre Moçambique e estes países favorecida por vários fatores, tais como, a vizinhança de Moçambique com a África do Sul e as suas relações históricas do trabalho dos moçambicanos nas minas de África do Sul; Angola e Brasil pelas suas proximidades culturais e históricas dado que todos são colônias portuguesas; Angola e Moçambique fazem parte dos principais destinos do investimento direto brasileiro na África, entre outros. Assim, espera-se que Moçambique aproveite desses países às boas práticas de gestão de recursos minerais. Nos termos do artigo 5 da Lei no 14/2002, Lei de minas, em Moçambique, os recursos minerais são propriedade do Estado. Segundo esta lei, o direito de reconhecimento, prospecção, pesquisa e exploração dos recursos minerais obtêm-se através de um dos seguintes títulos mineiros e autorizações: licença de reconhecimento; licença de prospecção e pesquisa; concessão mineira; certificado mineiro; e senha mineira; com vigências variando de 1 a 25 anos, prorrogáveis por igual período. A empresas mineradoras são cobradas impostos sibre a produção (royalties), com alíquotas variando de 3 a 10%, sendo 10% para o petróleo, 6% para gemas e gás natural, 10% para diamante, ouro e pedras preciosas, 5% para metais bases e, 3% para carvão e outros minerais. Do valor arrecadado do royalty, 2,5% é destinado aos distritos produtores de bens minerais e os restantes para o governo central (Lei no 11/2007, Lei no 12/2007). Na nova Lei de petróleo (Lei no 27/2014), prevê que as taxas de royalties relativos a gás natural e petróleo sejam reduzidas em 50% quando a produção se destina para o desenvolvimento da indústria local. 53 Nos termos do artigo 16.o da Constituição da República de Angola de 2010, os recursos naturais sob a jurisdição de Angola são propriedade do Estado, que determina as condições para a sua concessão, pesquisa e exploração12. O direito de exploração é concedido mediante título de exploração sob a forma de contrato, por um período de até trinta e cinco anos, incluindo o período de prospecção e avaliação, fim dos quais caducam e a mina reverte a favor do Estado (artigo 133 do livro II, do exercício de direitos mineiros, do código mineiro de Angola)13. Os minerais como diamantes, ouro, petróleo e minerais radioactivos são considerados estratégicos para a economia angolana (artigo 21 do livro I, dos direitos mineiros em geral, do código mineiro de Angola). Os direitos mineiros de prospecção, exploração, tratamento e comercialização destes, podem ser atribuídos em exclusividade a uma entidade pública específica; como é o caso das empresas Sonangol E.P, para o petróleo e da ENDIAMA E. P, para os diamantes. No entanto, as concessionárias com o direito de exclusividade não podem exercer diretamente o seu direito mineiro, apenas podem fazê-lo mediante a constituição de empresas por si totalmente detidas (artigo 23 do livro I, dos direitos mineiros em geral, do código mineiro de Angola). Em cada título de exploração é cobrado royalty, que pode ser pago em dinheiro ou em espécie, quando tal modalidade convier ao Estado angolano. As taxas do royalty variam de 2 a 5% sobre o valor dos recursos minerais, sendo: a) minerais estratégicos: 5%; b) pedras e minerais metálicos preciosos: 5%;c) pedras semi-preciosas: 4%; d) minerais metálicos não preciosos: 3%; e) materiais de construção de origem mineira e outros minerais: 2% (artigo 257.º do livro IV, do regime tributário e aduaneiro, do código mineiro de Angola). Além dos royalties, é cobrado o imposto de rendimento para a indústria mineira, a taxa de 25%, dos quais 5% revertem a favor da autarquia de localização da mina (artigo 245.º do livro IV, do regime tributário e aduaneiro, do código mineiro de Angola). 12 http://faolex.fao.org/docs/pdf/ang72591POR.pdf 13 http://faolex.fao.org/docs/pdf/ang119489.pdf. 54 Na África do Sul, a coleção de royalty na minerais tinha sido usada como um instrumento de obtenção de receitas excedentes de exploração mineral, mas a sua forma de coleção mudou com o tempo, especialmente com o fim do regime de Apartheid (OSHOKOYA, 2012). Nos ternos da lei 28/2002, Mineral and Petroleum Resources development, o direito de exploração é concedido mediante título de exploração, por período de até trinta anos, prorrogável por períodos adicionais que não excedam trinta anos de cada vez. Segundo a mesma lei, o royalty é calculado sobre o valor acrescentado, “an ad valorem royalty regime”, a taxas que variam de 0,5% a 5% para minerais refinados e 5% a 7% para minerais não refinados. No Brasil, nos termos da Emenda Constitucional nº 6 de 13 de julho da república federativa do Brasil, no seu artigo 20, os recursos minerais são bens da união. É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, a participação nos resultados da exploração mineira. Segundo a Lei Nº 1453, de 2007, Art. 6º, a compensação financeira pela exploração de recursos minerais (royalty), para fins de aproveitamento econômico, é de até 6% sobre o valor da produção, sendo: a) minério de alumínio, manganês, sal-gema e potássio: 6%; b)ferro, fertilizante, carvão e demais substâncias minerais: 4%; c) pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis, carbonados e metais nobres: 0,4%; e d) ouro: 2%, quando extraído por empresas mineradoras, isentos os garimpeiros14. Nos quatros países em análise, os recursos minerais são bens do Estado/união, e no geral, a exploração destes é feita por regime de concessão, e os royalties variam de 0,5% a 10%, com alíquotas maiores para os recursos minerais energéticos. Em seguida é apresentada a participação da produção mineral na economia de cada país, no período de 1992 a 2012. A tabela 28 apresenta a participação do setor mineral no PIB de cada um dos países. Nota-se que a participação do setor mineral no PIB vem crescendo desde a década 1990 nos quatro países em análise. Moçambique é o país com menor participação do setor mineral, onde a 14 http://www2.dnpm.gov.br/conteudo.asp?IDSecao=67&IDPagina=84&IDLegislacao=476. 55 participação máxima atingida foi de 1,7% em 2012, contrariamente a Angola, aonde a participação do setor mineral chegou a atingir 47% do PIB. TABELA 28. PIB (a preços de 2005-milhões de US$) e participação do setor mineral de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 Moçambique África do Sul Angola Brasil PIB nacional 1992 2002 2012 2525 5249 10521 165559 218016 307313 14707 20458 55920 604721 799797 1136556 PIB mineral 1992 2002 2012 0,68 28,04 178,86 3337 3785 32000 2659 5624 26283 6195 15508 51145 PIB mineral (% do PIB nacional) 1992 2002 2012 0,0 0,5 1,7 2,0 1,7 10,4 18,1 27,5 47,0 1,0 1,9 4,5 Fonte: Banco mundial, UN Comtrade, MDIC/SECEX-Brasil, Ministérios de Recursos minerais e de Petróleo de Angola, Ministério de recursos minerais de África do Sul O aumento da produção mineral nas últimas décadas, também é refletido na participação deste setor nas exportações de cada país (tabela 29). Nos quatro países, a participação do setor mineral nas exportações é mais expressiva que a sua participação no PIB. Por exemplo, para Moçambique, a participação máxima do setor mineral no PIB foi de 1,7% enquanto nas exportações chegou a atingir 23% em 2012. Um detalhe que também é de realce nesses países, é de que além de terem uma pauta de exportação dependente de commodities minerais, também são menos diversificados em termos de tipo de minerais que estes exportam. A exportação mineral de Moçambique é dominada por gás natural, carvão e areias pesadas (ilmenite, rútilo e zircônio); a de Angola é dominada pelo petróleo e diamantes; a de África do Sul é dominada por ouro, carvão e platina; e a do Brasil é dominada por minério de ferro e petróleo. A pouca diversificação da pauta de exportação de minerais aumenta a vulnerabilidade destes países aos choques externos, especialmente a variação dos preços das commodities no mercado internacional. 56 TABELA 29. Exportações (a preços de 2005-milhões de US$) e participação do setor mineral de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 Exportações totais Moçambique África do Sul Angola Brasil 1992 232 36486 7900 51526 2002 2012 1244 4281 60523 70311 4263 75139 95906 159260 Exportações minerais 1992 ... 2951 7742 2002 2012 2,44 983 10218 24029 4121 69871 14163 40818 Exportações minerais (% das exportações totais) 1992 2002 2012 ... 0,2 23 8,1 16,9 34,2 98 96,7 93 0,0 14,8 25,6 Fonte: Banco mundial, UN Comtrade, MDIC/SECEX-Brasil, Ministérios de Recursos minerais e de Petróleo de Angola, Ministério de recursos minerais de África do Sul. (...)=sem informação A renda mineral retida no país de produção fornece a imagem real de quanto o setor contribui para o desenvolvimento econômico. Vários são os mecanismos pelos quais a renda mineral é retida no país, entre estes, está à remuneração de trabalhadores nacionais, remuneração do capital nacional, pagamento de royalty, efeito multiplicador em empreendimentos locais dowstream e upstream (MUDD, 1976). Nos quatro países, o setor mineral gerou pouco emprego, variando de 0,6% a 5% do total da força de trabalho total (tabela 30). Em países como Moçambique e Angola, onde a mão-deobra especializada é relativamente escassa, a situação pode ser pior, pois epera-se que os poucos empregos gerados sejam na sua maioria de baixa remuneração. Mas para o caso específico de Angola, essa situação pode ser compensada pela maior participação do Estado nos subsetores de petróleo e diamantes. No Brasil e África do Sul, onde o setor mineral tem uma história relativamente mais antiga do que a de Moçambique, espera-se que a mão de obra especializada nacional seja relativamente maior e tenha uma participação maior do capital nacional, o que significa que parte significativa dos lucros e salários são retidos nesses países. 57 TABELA 30. Emprego no setor mineral de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 Força de trabalho total 1992 Moçambique 6494994 África do Sul 12333497 Angola 4113309 Brasil 70325864 2002 9247730 2012 11617705 Emprego no setor mineral 1992 ... 2002 ... 2012 7000 Emprego no setor mineral (% da força de trabalho total) 1992 2002 2012 ... ... 0,06 17665892 19083339 663670 415988 524632 5,38 2,35 5530010 7628708 ... 25278 ... 0,46 87724102 104745358 ... 960000 805000 ... 1,09 2,75 0,00 0,77 Fonte: Banco Mundial; Ministérios de Recursos minerais e energia, de Petróleo, de Trabalho de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil. (...)=sem informação Segundo Cawood (2010), existem diferentes tipos de instrumentos de tributação de mineração utilizados pelos governos para capturar a renda de mineração, sendo, o imposto sobre a produção (royalty) o mais destacado. A tabela 31 apresenta a participação dos royalties na receita fiscal de cada país. Nota-se que a participação dos royalties na receita fiscal foi muito baixa, com exceção de Angola, aonde foi próximo de 80%. Tabela 31. Participação do setor mineral na receita fiscal de Moçambique, África do Sul, Angola e Brasil, nos anos 1992, 2002 e 2012 Moçambique África do Sul Angola Brasil Receita fiscal Receita fiscal Total mineral (milhões de US$) (milhões de US$) 1992 2002 2012 1992 2002 2012 ... 1989 ... ... 40 5757 25197 66308 111 612 1092 ... 7979 46616 ... 6362 36749 ... 36825 177425 ... 92 936 Participação (%) 1992 ... 1,9 ... ... 2002 ... 2,4 79,7 0,3 2012 2 1,7 78,8 0,5 Fonte: Brasil: SIAFI - STN/CCONT/GEINF; Contas gerais do estado moçambicano, angolano e Sul africano. Valores em moedas nacionais convertidas em dólar americano ao câmbio de cada ano. (...)=sem informação Deste capítulo, pode-se concluir que Angola é o país que mais depende dos recursos minerais, tanto para o PIB quanto para as exportações. Nos quatros países, o setor mineral gerou pouco emprego e contribui pouco para a receita federal, com a exceção da Angola, onde o setor participou com cerca de 79% nas receitas fiscais. A legislação do setor mineral varia de país para país, em termos de alíquotas e políticas de distribuição para as comunidades locais. 58 CONCLUSÕES As reservas minerais distribuem se de forma desigual entre os países e regiões. Com o tempo, algumas regiões vêm perdendo suas reservas enquanto outras se destacam. Assim como, alguns governos têm aproveitado os recursos minerais para o desenvolvimento econômico e social dos seus países enquanto outros têm permanecido na miséria. Em Moçambique, a produção mineral começou com a exploração de ouro pelos portugueses mas e ganhou sua importância econômica com a descoberta de carvão mineral e gás natural na década de 1960. Na década de 1980, a exploração mineral ficou quase interrompida devido à guerra civil (1976-1992). Após a guerra civil, o país ganhou estabilidade política que favoreceu a entrada de muito investimento direto estrangeiro, onde o setor mineral foi um dos mais beneficiados. Nos últimos vinte anos, o setor mineral vem crescendo mais que a economia nacional e das regiões Sul, Centro e Norte, no entanto, a sua contribuição na receita fiscal é de apenas 3% e emprega menos de 0,1% da mão-de-obra nacional, indicação de que pouco contribui para o aumento da produtividade da mão-obra local e da renda nacional. Expectativas indicam que, num futuro próximo, o setor mineral poderá ganhar peso maior na economia do país, particularmente com o início da exploração e exportação de grafite e gás na província de Cabo Delgado. Embora o setor mineral esteja a ganhar peso na economia de Moçambique nos últimos anos, a sua participação mundial, tanto em reservas, como em produção é de apenas de 0,1%, com a exceção das areias pesadas (ilmenite, rútilo e zircônio) que têm a sua participação variando entre 1 a 9%. As exportações minerais representam 23% das exportações totais, e com expectativas de que esse participação venha a aumentar nos próximos anos, com a exploração de grafita e gás na província de Cabo Delgado, o que põe em risco a valorização da moeda nacional e perda da competividade de outros produtos de exportação, com destaque para tabaco, casta de caju, açucar, banana, camarão e energia elétrica. A exploração de recursos minerais em Moçambique poderá ter efeitos diferenciados entres as regiões. Por exemplo, na região Sul, o mineral de maior importância econômica é o gás 59 natural, e parte dos royalties é pago em produto. O gás usado nas indústrias da província de Maputo poderá contribuir para a redução de custo em energia eléctrica, atraindo novos investimentos para a região. No Norte, os recursos minerais de maior importância econômica localizam-se distantes dos principais centros econômicos do país, o que torna pouco atrativo para os trabalhadores fixarem suas residências neste distrito, o que significa que parte considerável dos salários são gastos em regiões de origem, assumindo que maior número de trabalhadores moçambicanos qualificados vêm das regiões urbanas. 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Atlas de Energia Elétrica do Brasil. 3 ed. Brasília. 2008. 236 p ALAYLI, M.A. (2005). Resource rich countries and weak institutions: the resource curse effect. Retrieved December 8, 2008. AMARAL, A. J. R.; LIMA FILHO, C. Á.. Mineração. Disponível em: <http://www.dnpmpe.gov.br/Geologia/Mineracao.php>. Acesso em: 20 set. 2014. ANGOLA. Constituição (2010). Luanda: Assembleia Constituinte. 2010. Disponível em: <http://www.governo.gov.ao/Arquivos/Constituicao_da_Republica_de_Angola.pdf>. Acesso em: 2 Out. 2014. 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PIB- permitiu visualizar o peso que o setor mineral tem na economia das regiões e do país, e fazer comparações com outros países. Principais fontes de dados: Fontes nacionais credenciadas (Instituto nacional de estatística, ministério de recursos minerais e energia, Indústria e Comércio) e organizações internacionais com destaque para USGS, BGS, BANCO MUNDIAL. Construção de tabelas: (O trabalho tem 31 tabelas que mostram diferentes temáticas como: reservas, produção, exportação, emprego, receita fiscal, PIB, especialização produtiva): Primeiro: Preenchiam se algumas colunas ou linhas com dados adquiridos nas fontes consultadas. Por exemplo. Reservas africanas de carvão: valores das colunas 2 e 4 da tabela 7. Segundo: Faziam-se os cálculos necessários para as informações específicas de cada tabela. Por exemplo: participação da África do Sul, Zimbábue, Moçambique nas reservas africanas de carvão: Valores das colunas 3 e 5 da tabela 7. Algumas fórmulas aplicadas no preenchimento das tabelas. taxa de crescimento anual do PIB do país ( fórmula usada para calcular os valores da coluna 3 da tabela 22) taxa de crescimento anual do PIB mineral para o país (fórmula usada para calcular os valores da coluna 5 da tabela 22) 69 taxa de crescimento anual do PIB regional (fórmula usada para calcular os valores da coluna 3 das tabelas 23, 24 e 25) taxa de crescimento anual do PIB mineral da região j (fórmula usada para calcular os valores da coluna 5 das tabelas 23, 24 e 25) cj =(PIBmj-ano2 - PIBmj-ano1)/(PIBtj-ano2 – PIBtj-ano1) Contribuição do setor mineral na taxa de crescimento anual do PIB regional (fórmula usada para calcular os valores da coluna 6 das tabelas 23, 24 e 25). cn =(PIBmt-ano2 - PIBmt-ano1)/(PIBn-ano2 – PIBn-ano1) Participação do setor mineral na taxa de crescimento do PIB nacional (fórmula usda para calcular os valores da coluna 6 da tabela 22). ej (%) = PIBmj*100/ PIBtj participação do PIB mineral no PIB da região j (fórmula usada para calcular os valores da coluna 7 das tabelas 23, 24 e 25). emtn (%)= PIBmt*100/ PIBn participação da produção do setor mineral no PIB nacional (fórmula usada para calcular os valores da coluna 4 da tabela 18). ej (%)= participação do PIB mineral no PIB da região j emtn (%)= participação da produção do setor mineral no PIB nacional emj (%)= distribuição da produção mineral entre as regiões cj = contribuição da mineração no crescimento anual do PIB da região j cn = contribuição da mineração no crescimento anual do PIB do país Comparação da taxa de crescimento do PIB do setor mineral com a taxa de crescimento do PIB regional e nacional (tabela 27). comparação da taxa de crescimento do setor mineral com a economia regional ( fórmula usada para calcular os primeiros três valores da coluna 4 da tabela 27). 70 significa que o setor mineral cresceu na mesma proporção da economia regional; significa que o setor mineral cresceu menos que a economia regional; significa que o setor mineral cresceu mais que a economia regional comparação da taxa de crescimento do setor mineral com a economia nacional (fórmula usada para calcular o último valor da coluna 4 da tabela 27). significa que o setor mineral cresceu na mesma proporção da economia nacional; significa que o setor mineral cresceu menos que a economia nacional; significa que o setor mineral cresceu mais que a economia nacional Cálculo dos valores da coluna 4 (PIB mineral por região) nas tabelas 23, 24 e 25. Região Sul Principal mineral (2000-2009): Gás Natural Preenchimento: coluna 1=dados da USGS - Mineral Commodity Summaries 2001-2010; coluna 2= coluna 1* 37300; coluna 3= coluna 2*5,63 U$S; coluna 4= coluna 3* 23 MZN; coluna 5= coluna 4/1000.000. O valores da coluna 6 correspondende aos valores da coluna 4 da tabela 24. Produção de gás Ano valor em U$S milhões de métros cúbicos (valor em meticais ao câmbio médio Milhões de meticais milhões de (a preços de Btu 2003) anual de 2003) 2001 1 37300 209999 4829977 5 2002 2 74600 419998 9659954 10 2003 2 74600 419998 9659954 10 2004 1295 48303500 271948705 6254820215 6255 2005 1714 63927716,43 359913043,5 8278000000 8278 2006 2689 100299700 564687311 12987808153 12988 2007 2072 77280098,85 435086956,5 10007000000 10007 2008 3037 113280100 637766963 14668640149 14669 2009 2664 99366746,47 559434782,6 12867000000 12867 2010 3261 121635300 684806739 15750554997 15751 Fonte: USGS - Mineral Commodity Summaries 2001-2010, (1000 m3=37,3 milhão de Btu, relação consultada em: http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/servicos/formulas-deconversao/conversoes-de-precos-para-gas-natural.htm). 71 Região Centro Principais minerais (2000-2009): Cimento, ouro Preenchimento: coluna 2=dados da USGS - Mineral Commodity Summaries 2001-2010; coluna 3= (coluna 2)*76 U$S/ton (preço de cimento no mercado internacional); coluna 4=dados do INE-Moçambique; coluna 5= (coluna 4)*35,3 ounce; coluna 6= (coluna 5)*364,8 U$S/troy ounce (preço de ouro no mercado internacional); coluna 7= (coluna 3)+(coluna 6); coluna 8=(coluna 7)*23MZN/U$S/1000.000. O valores da coluna 8 correspondende aos valores da coluna 4 da tabela 24. Cimento Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 (Toneladas) 90000 88333 95000 120667 190000 186667 201667 221667 248000 259000 Ouro Valor(U$S) (Kg) 6840000 22 6713333 22 7220000 17 9170667 63 14440000 56 14186667 63 15326667 85 16846667 95 18848000 242 19684000 511 Valor (Troy ounce) 777 777 600 2224 1977 2224 3001 3354 8543 18038 Valor (U$S) 283304 283304 218916 811279 721137 811279 1094582 1223357 3116340 6580372 Total (U$S) (milhões MZN) 7123304 164 6996637 161 7438916 171 9981945 230 15161137 349 14997945 345 16421249 378 18070023 416 21964340 505 26264372 604 Região Norte Principais minerais: Cimento, ilmenite, rútilo e zircônio Preenchimento: coluna 2= coluna 2=dados da USGS - Mineral Commodity Summaries 20012010; coluna 3= (coluna 2)*76 U$S/ton (preço de cimento no mercado internacional); coluna 4, 6 e 8= dados do Annual report da Empresa Kenmare, relativos aos anos 2006, 2007, 2008 e 2009; coluna 5=(coluna 4)*93 U$S/ton; coluna 7= (coluna 6)*430 U$S/ton; coluna 9= (coluna 8)*395 U$S/ton; coluna 10= coluna 3+coluna 5+ coluna 7+ coluna 9; coluna 11 =(coluna 10)*23 MZN/U$S/1000.000. O valores da coluna 11 correspondende aos valores da coluna 4 da tabela 25. 72 Cimento Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Ilmenite Valor (Toneladas) (U$S) (Toneladas) 90000 6840000 0 88333 6713333 0 95000 7220000 0 120667 9170667 0 190000 14440000 0 186667 14186667 0 201667 15326667 0 221667 16846667 140515 248000 18848000 328875 259000 19684000 471500 rútilo Valor (U$S) (Toneladas) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13067895 8782 30585375 6552 43849500 1800 zircônio Valor (U$S) (Toneladas) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 26347 3776260 26347 2817360 32985 774000 21100 Total Valor Valor Valor (milhões (U$S) (U$S) MZN) 0 6840000 157 0 6713333 154 0 7220000 166 0 9170667 211 0 14440000 332 0 14186667 326 10407065 25733732 592 10407065 44097887 1014 13029075 65279810 1501 8334500 72642000 1671 Preenchimento da tabela 26. emj (%) = PIBmj*100/ PIBmt distribuição da produção mineral entre as regiões (fórmula usada para calcular os valores das colunas 2, 3 e 4 da tabela 26) Onde: j= regiões Sul, Centro e Norte PIBmj = PIB mineral da região j PIBmt= PIB mineral de todas as regiões PIBtj=PIB total da região j PIBn=PIB total nacional 73 PIB (em milhões de meticais) Sul 3 5 10 10 6255 8278 12988 10007 14669 12867 Média PIB mineral Centro Norte 164 155 161 154 171 166 230 211 349 332 345 326 378 592 416 1014 505 1501 604 1671 País 322 320 347 451 6936 8949 13958 11437 16675 15142 Participação Sul 1% 2% 3% 2% 90% 93% 93% 87% 88% 85% 54% Centro Norte 51% 48% 50% 48% 49% 48% 51% 47% 5% 5% 4% 4% 3% 4% 4% 9% 3% 9% 4% 11% 22% 23%