Resumo A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES: O PAPEL DO ADMINISTRADOR, SOB A VISÃO SOCRÁTICA O objetivo deste artigo é mostrar que a Ética, como vem sendo construída nas organizações, nada mais é que um instrumento regulador de ações para determinados níveis na empresa, não representando o real sentido do seu propósito, qual seja à busca da felicidade no meio social onde está inserida. Através de histórico de vida, mostramos aspectos reais de como a ética vem sendo implementada nas organizações, das conseqüências geradas e da falsa ideologia que ela passou a apresentar, sucumbindo seu objetivo maior às regras de comportamentos impostas para se controlar, “moralmente”, grupos de funcionários em uma organização. Assim, buscamos, através de pesquisa exploratória, identificar o real sentido da Ética, observando autores que tratam a Ética a partir de quem consideramos ser seu pai: Sócrates. O resultado deste trabalho nos mostrou uma nova possibilidade para a construção da Ética, num sentido menos denotativo, porém mais filosófico e etimológico. Assim, entender quem foi Sócrates, sua vida, a dialética por ele utilizada, representa pela ironia e a maiêutica, parece dar novos rumos para a formação de profissionais críticos, que possam trabalhar, ou re-trabalhar, a Ética dentro das organizações atuais, cuja preocupação social passa a ser um tema não só utilizado como “falsa ideologia”, mas a ser encarado como realmente importante para nossa sociedade. FLÁVIO IBELLI CALLEGARI MARCELO SOCORRO ZAMBON Prof. Dr. Gabriele Cornelli Enangrad – Maio de 2003 Artigo: A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES: O PAPEL DO ADMINISTRADOR, SOB A VISÃO SOCRÁTICA MARCELO SOCORRO ZAMBON FLÁVIO IBELLI CALLEGARI Prof. Dr. Gabriele Cornelli Enangrad – Maio de 2003 INTRODUÇÃO Este artigo tem a finalidade de mostrar uma nova visão sobre a construção da ética nas organizações. Esta visão, do ponto de vista da Dialética Socrática, se deve porque quando se trata da ética empresarial a primeira noção que se tem é que esta deve ser norteadora das relações existentes entre a empresa e seus funcionários, a empresa e os clientes e, finalmente, a empresa e a sociedade. O motivo que serviu como pano de fundo para discutir a ética baseada numa abordagem filosófica, maior que uma abordagem convencional, foi justamente o fato de constatarmos a existência de uma fissura entre o dizer e o fazer, apoioado, provavelmente, por “falsa ideologia”. Tal fato vem permeando toda sociedade moderna, pois o discurso apresenta-se desequilibrado, pois existe uma lacuna que separa o que é dito (as afirmações ideológicas) e o que efetivamente é praticado (o que é feito está distante do discurso anterior em muitos casos). A ética está presente na família, na escola, na política, nas organizações, porém, de que forma é uma incógnita e estaria ela sendo construída como um mecanismo norteador de ações sócio-culturais ou apenas construindo como mecanismo obrigatório para impor restrições nas relações entre o capital e o ser humano? Logo, será que a ética não está contaminada pela realidade capitalista, por exemplo, de acúmulo de bens e capital financeiro? Esta fissura entre o dizer e o fazer, talvez seja muito bem representada pelo conhecido “faz-de-conta”. Como exemplo de como isto acontece de uma forma geral, mas muito bem observado nas relações do capital, quando observamos que funcionários de uma organização fazem de conta que estão trabalhando a serviços dos clientes, mesmo que os processos e instrumentos utilizados neste trabalho dêem muito mais ênfase à performance da empresa, visto que tentam cumprir metas periódicas cada vez mais aviltantes. Fica claro que esta “ética” vem sendo implementada, na maioria das organizações, como código, de forma a constituir mecanismos para criar determinadas restrições aos funcionários de como são e devem ser executadas as funções operacionais. Uma forma de provar que estes códigos são, ou podem ser, facilmente quebrados pelos executivos, ocorre quando, de alguma forma, o rompimento deste se torna algo “vital” para a sobrevivência da empresa. Cabe lembrar que os objetivos organizacionais são diferentes dos objetivos pessoais, e neste caso o que se tem é o estabelecimento de modelos éticos organizacionais, ou seja, montados e geridos pelas organizações e que devem ser seguidos pelas pessoas, embora estas pessoas não têm o poder de mudá-lo ou corrigi-lo sempre que se vir necessário. Por sua vez, a direção das organizações e os executivos têm este poder, baseado no ideal de benefício da organização. Assim, tomar medidas contrárias àquilo que outrora fora estabelecido, graças a essa busca frenética por lucratividade e vantagem competitiva, pode ser tranqüilamente aceito pelos executivos, se isto interferir positivamente no desempenho da empresa em questão. Assim, a formação do conceito de ética nos cursos de administração de empresas deve transcender o estágio atual proposto. E neste novo momento, propomos uma discussão em torno da construção da ética à luz da reflexão filosófica, baseado na dialética Socrática. Isto, porque o propósito é refletir sobre a real necessidade dela, nas dificuldades de se construir o conceito da ética na organização, e, principalmente, de entender que a ética deve ser fruto de discussão global da empresa e funcionários de todas as áreas e níveis hierárquicos, e que ela deve refletir anseios culturais internos – a cultura da empresa, como também atender a cultura geral onde a empresa está inserida ou por onde ela se propaga em suas relações comerciais. A dialética socrática, portanto, é a base crítica que reluz sobre este estudo, e que dá parâmetros de base para a discussão do que vem a ser a construção da ética nas organizações e o real significado da ética. A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇOES E A DIALÉTICA SOCRÁTICA Não é de hoje que o discurso ético está presente na vida das organizações, e a cada dia este mesmo discurso cresce em importância e relevância. Porém, muito ainda se deve entender e apreciar antes de chegar a uma posição ética definitiva para a organização, mesmo porque a própria ética se mostra livre de absolutismo, e se mostra fortemente mutante de uma organização para outra, ou mesmo dentro de uma mesma organização em diferentes fases, assim como diferente de um estado para outro, de uma região para outra, de país para país. As noções de ética não são estanques, mesmo depois de muito discurso, elas são dinâmicas e geralmente em constante movimento intelectual e existencial – o que representa a evolução dos valores e uso da ética. A ética não segue um parâmetro central que diz o que ela é para todos, ela se mostra adequada a cada realidade sócio-cultural, a cada perfil humano, a ideologias e crenças peculiares individuais ou grupais. Quando seu embasamento atinge o maior número de pessoas na busca e formação de valores e noções, maiores são as chances de estabelecer condutas éticas mais e melhor aceitas pelos grupos. Digamos, por exemplo, que é o que ocorre, ou deveria ocorrer, em uma democracia ativa ou, o contrário disso, por exemplo, a ditadura onde os valores éticos grupais são sobrepujados por mandos e desmando de uma pessoa e seu pequeno grupo de aliados. Logo, nesse caso, a ética é a ideologia e interesses de um imposta a outros. Não longe disso, as organizações são alheias ou sofrem situações semelhantes. Há organizações democráticas e organizações ditatoriais? Neste contexto, definir ética como normalmente se encontra, sendo “um conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade” parece não abranger o real sentido da ética. É necessário ir muito além disto. É necessário entender que a ética começa pelo direito e consciência de não ser, ou seja, de se opor a uma ética posta e aceita pela maioria. Contudo, ao entender que a ética está intimamente relacionada à felicidade de um grupo social ou de um indivíduo, cria-se corpo a possibilidade de defini-la de forma mais abrangente, como sendo a investigação dos princípios que motivam, disciplinam ou orientam, ou mesmo distorcem o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das normas, valores, prescrições e incitações presentes em qualquer realidade social. Por certo, a felicidade é uma das grandes bases da ética, pois, de forma simples, pode-se pontuar que a ética é a busca integral da felicidade. Mais abrangente do que qualquer definição que se possa ser ou se ter de ética, é necessário compreender que cada indivíduo possui um conceito próprio de felicidade e o conhecimento verdadeiro desta felicidade poderá levar a construção de uma ética que represente o caminho pelo qual deve-se trilhar a construção da ética do grupo. As organizações devem aprender, para aquelas que ainda não sabem, que valorizar este preceito de ética, a felicidade, é possibilitar que as decisões sejam construídas num panorama de respeito e vigor, que possa tornar cada individuo co-responsável pelo bem estar do todo. Seria dizer que os objetivos organizacionais atendem, pelo menos em parte, aos objetivos individuais, e este por sua vez se concentra em primeiro fazer resultar os objetivos do grupo para depois realizar o seu próprio. É importante que fique claro que quando se fala no conceito de felicidade, não se fala apenas no conceito de felicidade unicamente individual, já que muitas vezes este pode ser confundido com satisfação de desejos primitivos do ser humano. A felicidade, aqui, deve ser encarada como algo que é partilhado por todos, de forma que uma sociedade é verdadeiramente feliz quando está em equilíbrio dinâmico e harmonia. Ou seja, a maioria dos membros desta sociedade estão empenhados pelo bem estar e felicidade, pelo menos no tocante dos elementos estruturais da vida social, que estabelecem as bases saudáveis do convívio grupal. Pensando em uma organização com cinco funcionários, ou em outra com cinco mil, esta premissa é exatamente a mesma. Logo, a busca pelo bem estar e a felicidade comum são fundamentais em quaisquer que sejam as circunstancias, claro, respeitando as diferenças. Neste estudo, então, a ética nas organizações é abordada a partir dos dois elementos centrais dentro da dialética socrática, a ironia e a maiêutica. Estes são dois importantes elementos vindouros, nada mais nada mesmos, que do pai da filosofia e da ética, Sócrates, e que de certa forma estão presentes em muitas das atitudes humanas hoje, e não apenas nas medidas organizacionais, mesmo porque, as organizações são os exercícios profissionais - métodos e objetivos dos homens. I - SÓCRATES Antes de um discurso crítico e dialético da ética socrática e seu desenvolvimento nas organizações, é fundamental esclarecer brevemente quem é o pai da filosofia e em qual momento sócio-cultural da humanidade a ética surgiu. Sócrates nasceu aproximadamente entre 470 ou 469 a.C., em Atenas, filho do escultor Sofrônico, e da parteira Fenáreta. Aprendeu a arte paterna, mas sua vida foi inteiramente dedicada à meditação e ao ensino filosófico, ensino este praticado sem recompensa alguma. Desempenhou alguns cargos políticos e foi sempre modelo irrepreensível de bom cidadão. Combateu em Potidéia 1, onde salvou a vida de Alcebíades, e em Delium, onde carregou Xenofonte gravemente ferido aos ombros. Formou a sua instrução, sobretudo, através da reflexão pessoal, na moldura da alta cultura ateniense da época, em contato com o que de mais ilustre houve na cidade de Péricles. Nas últimas décadas de sua vida, influenciou fortemente o pensamento grego, dando origem, no plano filosófico, ao chamado "período socrático". Notável filósofo grego, não tanto pela erudição, mas pelo espírito combativo e educador que o caracterizou - ainda que nada houvesse escrito, influenciou largamente a filosofia do seu tempo, onde se inserem, como seus admiradores, as personalidades deste período, Platão e Aristóteles. Nesses termos, o período anterior e o posterior a Sócrates ficaram conhecidos como pré-socráticos e póssocráticos. A formação do período socrático fora resultado de todo um processo de fatores confluentes, e que não dependiam de um só homem. Maior do que Sócrates, seriam Platão e Aristóteles. Todavia Sócrates está cronologicamente no início do processo, e o retrata adequadamente - tal período, justificando-se a tomada de seu nome para denominar o seu tempo. Inteiramente absorvido pela sua vocação, não se deixou distrair pelas preocupações domésticas nem pelos interesses políticos. No primeiro matrimônio Sócrates foi casado com Xantipa da qual teve Lâmpocles; a outra, Mirton, filha de Aristides o Justo, sendo posterior, ou anterior, mais provavelmente simultânea 2. De Mirton lhe nasceram Sofronisco e Menéxenes. Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas, em geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que 1 Potidéia: cidade grega que se rebelou contra Atenas poligamia em Antenas: era permitida, de acordo com uma lei excepcional da época, em função da escassez de homens para repovoar Atenas das baixas das guerras, dentre as quais a do Peloponeso fora a mais desastrosa 2 contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu reto juízo. Julgava que devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos, temperados - diversamente dos sofistas 3, que agiam para o próprio proveito e formavam grandes egoístas, capazes unicamente de se acometerem uns contra os outros e escravizar o próximo. Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a sua atitude crítica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades pessoais, apesar de sua probidade. Diante da tirania popular, bem como de certos elementos reacionários, aparecia Sócrates como chefe de uma aristocracia intelectual. Esse estado de ânimo hostil a Sócrates, concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele por Mileto, Anito e Licon, de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria introduzindo outro. Sócrates desdenhou defender-se diante dos juizes e da justiça humana, humilhando-se e desculpando-se de certa forma. Tinha ele diante dos olhos da alma não uma solução empírica para a vida terrena, e sim o juízo eterno da razão para a imortalidade. E preferiu a morte, aceitando as leis e provando que era ele e não os juízes que delas entendia. Declarado culpado por uma pequena minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do tribunal, que o condenou à pena capital com o voto da maioria. Tendo que esperar mais de um mês a morte no cárcere - pois uma lei vedava as execuções capitais durante a viagem votiva de um navio a Delos – um de seus discípulos, Criton, preparou e propôs a fuga ao Mestre. Sócrates, porém, recusou a fuga, declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da pátria. E passou o tempo preparando-se para o passo extremo em palestras espirituais com os amigos. Em especial, ficou famoso o diálogo sobre a imortalidade da alma - que se teria realizado pouco antes da morte e foi descrito por Platão, com arte incomparável. Suas últimas palavras dirigidas aos discípulos, depois de ter sorvido tranqüilamente a cicuta, foram: "Devemos um galo a Esculápio", – como referência a um ato sacrifical que deveria ser feito, em homenagem ao deus médico Esculápio, com o sentido que o deus da medicina tinha-o livrado do mal da vida com o dom da morte. Morreu Sócrates em 399 a.C. com 71 anos de idade. Por fim, no âmago da ética abrangida por Sócrates, está a crença de que a ética pertence ao próprio indivíduo, logo, a ética está dentro de cada um, faz parte do que cada ser humano acredita e manifesta, pensa e desenvolve dentro de seu mundo interior. No mundo das organizações isso pode ser traduzido da seguinte forma: a organização é responsável pela concretização da própria ética estabelecida para si, ou seja, ela constrói sua própria ética, pois os valores e repreensões conjuntos são conjugados de acordo com o viés da sociedade baseado em aceitações e negações do grupo, bem como são manifestos interesses particulares, muitas vezes individuais, que se tornam parte daquilo que a organização se torna, 3 Sofistas: pessoas que se prestavam ao ensino, naquela época na Grécia principalmente, em se tratando dos mais altos níveis gerenciais e diretores da organização. Quanto mais poder se tem dentro de um negócio, maiores são as influências para estabelecer o perfil ético próprio junto à mesma, geralmente através da indução, podendo ser inclusive impositiva, ou através do carisma. As organizações estabelecem padrões éticos menos unilaterais à medida que são mais flexíveis e cujos indivíduos de todas as áreas e em quaisquer níveis hierárquicos, encarados com parte integrante fundamental do todo organizacional – dos objetivos organizacionais versus os objetivos grupais, portanto, quando são co-responsáveis pelo bem estar comum. 1.1 Gnosiologia – Teoria geral do conhecimento humano A introspecção é característica da filosofia Socrática, e exprime-se no famoso lema: ‘conhece-te a ti mesmo’ ou seja, tornar-se consciente de sua própria ignorância - como sendo o ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência mediante a virtude. ‘Conhece-te a ti mesmo’ – o lema em que Sócrates cifrou toda a sua vida de sábio, com o objetivo de gerar no homem o perfeito conhecimento do homem. E o objetivo de todas as suas especulações, é a moral, o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia. A psicologia serve-lhe de preâmbulo, a teodicéia4 de estímulo à virtude e de natural complemento da ética. Em psicologia, Sócrates professa a espiritualidade e imortalidade da alma, distingue as duas ordens de conhecimento, sensitivo e intelectual, mas não define o livre arbítrio, identificando a vontade com a inteligência. Assim, a construção da Ética Empresarial deve se expressar através do conhecimento verdadeiro, preferencialmente científico e conceitual, de forma que a Ética seja induzida por estes. II - A ÉTICA NAS ORGANIZAÇOES VISTA ATRAVÉS DA DIALÉTICA SOCRÁTICA: IRONIA E MAIÊUTICA É importante esclarecer, neste momento, que este estudo não ficará preso a história de Sócrates, ou a uma análise baseada na vida do pai da filosofia, mas sim em uma análise crítica que busca discutir a ética nas organizações a partir da ironia e da maiêutica socrática, logo, da dialética exercida por Sócrates. Veja a seguir, um exemplo de diálogo de Sócrates usando a abordagem da irônia. Diálogo de Sócrates com Menon 4 Teodicéia – parte da filosofia, que trata de Deus, de sua existência de se seus atributos. Provou Sócrates seu eudemonismo5 ético por meio de análise aplicada ao desejo humano; este não se dirige para o mal. Orienta-se para o bem, desde que o conheça. Desta adesão e conquista resulta o estado psíquico da felicidade. Sócrates: - Não te parece, meu amigo, que todos os homens desejam unicamente o que é bom? Menon: - Não! Não me parece. Sócrates: - Afirmas, então, que alguns homens desejam o mal? Menon: - Sim, Sócrates. Sócrates: - E crês que estes desejam as coisas más por que as acham boas? Ou dizes então que são más, e não obstante isso as desejam? Acreditas, pois, caro Menon, que alguém que sabe que o mal é o mal pode ainda desejá-lo? Menon: - Creio. Sócrates: - Mas os que desejam o mal crêem que ele é vantajoso, ou pernicioso? Menon: - Há uns que pensam que as más coisas fazem o bem: mas há outros, também que sabem perfeitamente que as coisas más só produzem o mal. Sócrates: - Quanto aos que pensam que o mal é vantajoso, o conhecem como sendo verdadeiramente o mal? Menon: - Eu não ousaria afirmar isso. Sócrates: - Por conseguinte, estes não desejam o mal como tal, pois não o conhecem; desejam apenas o que lhes parece um bem, bem que neste caso é mal. Donde podemos concluir, que os que desejam o mal e o consideram como bem, estão de fato a desejar unicamente o que é bom. Aqueles, pelo contrário, que desejam as coisas más, sabendo que elas são más e só causam o mal, esses sabem que serão prejudicados pelo mal? Menon: - Isso mesmo. Sócrates: - Mas não pensarão esses que uma coisa prejudicial faz sofrer na medida em que ela é prejudicial? Menon: Claro. Sócrates: E que homem que sofre é um infeliz? Menon: - Penso que é assim. Sócrates: - Ora, dizei-me então, se te parece possível que haja no mundo inteiro um homem apenas que deseje ser infeliz e viver uma vida miserável? Menon: - Não! Penso que não há ninguém expressamente deseje tal coisa. Sócrates: - Assim, caro Menon, ninguém deseja expressamente o mal. Que é sofrer? Não é ao mesmo tempo desejar o mal e possuílo? Menon: - É possível, Sócrates, que tenhas razão e que ninguém deseja o mal" (Menon, 77c-78b). 5 eudemonismo: doutrina que considera a busca de uma vida feliz, seja em âmbito individual seja coletivo, o princípio e fundamento dos valores morais, julgando eticamente positivas todas as ações que conduzam o homem à felicidade Igualmente importante neste momento, é apontar que a dialética socrática nasce do exercício da ironia e da maiêutica, logo, juntas e logicamente subseqüentes, elas geraram o discurso dialético, considerando assim uma abrangência maior e mais completa que apenas um dos dois outros elementos em separado (ironia e maiêutica) não atingiria. 2.1 A Ironia Socrática e as Organizações Em suas exposições polêmicas e didáticas, Sócrates apresentava suas idéias com maestria, adotava sempre o diálogo, que revestia uma dúplice forma, conforme se tratava de um adversário a confutar ou de um discípulo a instruir. Nesta dúplice forma, nasceram a ironia e a maiêutica. A primeira das formas – a ironia socrática – é marcada pela meticulosa avaliação dos fatores e atitudes proveniente de um contra-positor através de sua fala. Sócrates assumia humildemente a atitude de quem aprende com o outro cuja opinião muito tinha de contrário a sua, e então ia multiplicando as perguntas, até colher do adversário presunçoso uma evidente contradição, e com isso, constrangê-lo à confissão humilhante de sua ignorância, fortalecendo a idéia de que por mais que se saiba sobre algo, muito ainda haverá a saber. A ironia socrática, portanto, através de uma simples posição de ouvinte-aprendiz, multiplica, estruturadamente, as questões até que o interlocutor caia em contradição e seja ridicularizado por sua própria ignorância. Na ironia Sócrates buscava a destruição das falsas verdades; destrói a pessoa ao ponto dela entender, depois de pública exposição, que muito há ainda a de entender e aprender, antes que te se tenha uma idéia como verdadeira, total e absoluta. A partir desta posição se questiona: Como as organizações exercem sua ética? ;ou O que gera a discussão ética nas organizações? Será que o os homens não estão exercendo o papel sofista, no desejo de buscar, na ética forçada, seus interesses pessoais ou interesses de pequenos grupos para controlar grupos maiores? Nasce aqui uma oportuna busca, que é a de entender até que ponto as organizações são influenciadas pelos interesses de alguns, sobretudo quando no poder, interesses esses que se provam quase sempre veiculados aos próprios ideais elitistas, que geram sempre novas buscas, novos meios de poder e novas formas de exercer tal poder. As organizações precisam aprender, com a postura irônica, que não há uma única forma ou meio de co-existir com o mundo e, principalmente, que não há verdades tão supremas que não possam ser mudadas ou até destruídas, construindo-se, em seu lugar, algo completamente novo – uma nova forma de pensar e agir (tomar decisões e colocá-las em pratica). Entender que é de pessoas, e é para pessoas, a existência de uma organização, e que existe uma caminhada longa antes das organizações serem portadoras de posições e práticas realmente vistas pela maioria com sendo ética, lembrando que de pessoa para pessoa, de grupo para grupo, o conceito de ética pode mudar muito. Logo, as organizações mais conscientes vão a busca de suas responsabilidades, atualmente generalizadas como responsabilidade social, e o comprometimento com tais responsabilidades para levar ao seu público melhores meios de se viver, melhores produtos e serviços que não apenas facilitam ou dão benefícios a vida humana, mas também, responsabilizam pela condição geral do planeta. São muitas as vertentes que se pode atentar, a responsabilidade com o homem e o processo produtivo, a preservação da natureza, a conservação de outras formas de vida intactas e em seu habitat, etc., mas o que realmente importa é ser portador do caminho, ou seja, do desejo e não do desprezo, do desejo de aprender a cada dia como fazer algo melhor para todos, e não o desprezo que leva a superposição de opiniões individuais sobre o bem comum. As organizações têm um longo caminho a percorrer neste sentido, principalmente num mundo capitalista em que o bem maior é a posse do dinheiro, recurso que a todo custo é visionado por todos ou a maioria dos empresários, quase sempre sobrepondo seus valores pessoais e grupais para consegui-lo, ou seja, destruindo um pouco ou muito de si, desmantelando seu caráter. Em suma, cabe aos administradores realizarem seu papel em torno do bem comum, muitas vezes até agindo como Sócrates agiu, desmistificando conceitos e principalmente destruindo verdades contraditórias ou falsas, no mínimo unilaterais. 2.2 A Maiêutica Socrática e as Organizações Quando, neste estudo, foi apresentada a ironia socrática, apontou-se a existência do uso do diálogo em duplicidade, com toda sua majestade em articular as idéias e gerar dúvidas e conflitos nos indivíduos, provando a ignorância presente nos homens, sobretudo, naqueles que se achavam donos de verdades irrefutáveis; consumou-se a ironia de Sócrates, uma artimanha intelectual utilizada para com aqueles que se contrapunham ao seu ponto de vista com certa arrogância sustentada por verdades nem tão certas. A segunda parte desta duplicidade aqui apresentada é a que se volta para seus discípulos. Diferentemente da primeira, com seus seguidores ele apresentava intenções diferentes: buscava, com severidade, ainda mais conflitos na mente do outro, fazia ainda mais perguntas, buscando obter agora, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito, uma definição geral do objetivo em questão. Este processo pedagógico, em memória da profissão materna, ele denominava de maiêutica – engenhosa obstetrícia 6 do espírito, que facilitava a parturição das idéias. Em suma, a maiêutica tem como pano de fundo uma idéia ou ideal estabelecido em que seu desenvolvimento, seja ele em qual instância for, depende da união de esforços, ou seja, para ser viável muito do que se tem, é necessário que muitos trabalhem em conjunto, de forma que, o máximo proveito seja retirado de cada coisa. A maiêutica é, portanto, o exercício casado do conhecimento (do mestre e do discípulo, da organização e do funcionário, do pai para o filho) na busca por gerar mais conhecimento e sabedoria, e sempre de uma forma muito humilde e não pretensiosa. Numa organização, a questão da maiêutica pode ser resumida da seguinte forma: os esforços de cada funcionário devem convergir com os esforços da organização. Eles precisam trabalhar conjuntamente para obter sucesso mútuo, cada um assumindo seu importante papel para o todo. Mesmo que esta convergência seja difícil, ainda assim é importante que haja o espaço de se legar o desenvolvimento, ou seja, de se estabelecer entre as pessoas à possibilidade de, a qualquer momento, manifestar sua opinião ou pensamento, sem medo de ser repreendido por isso, mas sim, estando aberto a críticas que possam ajudar a amadurecer as ideais e o pensamento a respeito. As organizações precisam enxergar o quão valioso é dar condições a todos os indivíduos envolvidos no processo, e dessa forma, possibilitar o nascimento de novas idéias. E claro, a própria organização precisa agir assim em seu meio, sua pertença (fazer parte do grupo, de que grupo) solidificada e geradora de influência para todos os demais no mesmo grupo. Vale lembrar que alguns dos quais que sentiram a verdadeira ironia socrática, tornaram-se seus seguidores. Tais discípulos, por este fim, acabaram caindo na maiêutica, portanto, vivenciando a grande capacidade de seu mestre de formatar mais e mais questões na busca pela geração e nascimento expresso de idéias criticamente construídas. Com as organizações o mesmo deve acontecer, o crescimento e o desenvolvimento intelectual sempre vale a pena. 2.3 A Dialética Socrática e as Organizações Como fora dito anteriormente, para Sócrates “a ética está no indivíduo”, ou seja, ela é particular a cada um, portanto pode ser, e geralmente é, diferente de indivíduo para cada indivíduo ou para cada grupo. O grupo tende a apresentar um mesmo perfil ético, com variações singulares individualmente. As regras são estabelecidas através da formação de julgamentos individuais cuja similaridade aos de outrem possibilitam a sua consumação. Este é mais ou menos, a consenso ético, onde os valores, a moral, as expectativas, são semelhantes aos membros do grupo. Notadamente há posições radicalmente pró-ativas ao consenso grupal 6 Obstetrícia – (Ramo da medicina que se ocupa de cuidar da gravidez e do parto). Parte da teologia natural que trata da justiça de Deus, parte da filosofia que trata da existência e dos atributos de Deus. assim como existem posições contrarias as regras estabelecidas pela maioria. Portanto, o que a ética grupal busca é estabelecer o relacionamento sustentável em que todos, ou pelo menos a grande maioria, se enquadrem de forma a conjugar um equilíbrio social. A ética estaria baseada na verdade? Muito da ética está fundamentado naquilo que é verdadeiro e mensurável, porém, o que é a verdade, como e em que circunstâncias ela se apresenta, já é uma outra história. Quando se discute o termo moral, por exemplo, não se deve perder de vista que o que é moral para um pode ser imoral para outro. Logo, a verdade de um pode não ser verdade para um outro, ou pode não ser verdadeiro em outra parte do mundo. Disso conclui-se o seguinte: o que cada um acaba utilizando para discutir e aceitar a ética é, ou deveria ser, um tipo de verdade mais abrangente, geralmente a aceita principalmente pelo grupo, e além dela, cada indivíduo utiliza-se dos próprios pensamentos a respeito das coisas e dos fatos, a noção de certo e errado em si mesmo, a busca pela felicidade esteja ela onde estiver ou em que circunstancia possa parecer, ou seja, por mais que se tenha uma conjugação sobre a ética, e se estabelece um senso ético geral, sempre haverá uma ética única e peculiar a cada indivíduo, a própria ética do indivíduo. Também assim são as organizações, cada uma delas contribui para a formação ética do conjunto de organizações, representadas pelo segmento de mercado e pelo próprio mercado, e ao mesmo tempo cada uma delas apresenta uma ética individual para si, muitas vezes ou sempre, é esta ética que realmente rege as relações internas entre os indivíduos e busca a solução dos problemas que surgem a cada dia dentro de um grupo de trabalho e a busca pelo sucesso, bem estar e felicidade de todos. De certa forma a verdade é um alimento da felicidade, e neste cruzamento com a ética, e com o ser ético, pode-se entender que o que realmente sustenta a busca por um equilíbrio pessoal e grupal é a constante busca da felicidade e da necessidade de bem estar. Esta necessidade de bem estar está baseada na premissa de que todos os seres sintam-se seguros, e mais que isso, que são membros de algo equilibrado e dinâmico ao mesmo tempo, algo em que podem confirmar, mesmo quando o julgamento depende de outros indiretamente envolvidos. A verdade é, portanto, a busca por uma certeza que, mesmo incerta, garante o equilibro e a possibilidade de se conquistar e garantir o direito ao bem estar. A verdade, em suma, trás consigo, e como sua grande aliada, à capacidade de se sobrepor, de se impor, de se fazer valer. Noutras palavras, a verdade se manifesta fortemente na intenção de gerar eqüidade 7, seja do outro, seja a própria. 7 Equidade – é a disposição de reconhecer o direito de cada um. Neste caso entendido também, como a disposição de reconhecer o próprio direito a felicidade e o direito dos outros a ela. As organizações são inseridas nesse conceito tão substancialmente como qualquer ser humano, pois elas são reflexos das atitudes e buscas humanas – busca por felicidade baseada nas realizações. As organizações, nesta condição, tendem a gerar e gerir sua própria ética. Elas tendem a construir aquilo que para sua realidade é cabível e aceitável, algumas vezes, a ética construída não é, em termos sociais externos, a melhor escolha, mas isso não elimina o estabelecimento da mesma na organização. Ao construir sua própria ética, as organizações estão construindo sua imagem, seu perfil, construindo os fatores pelos quais serão reconhecidas e aceitas, ou não. O julgamento ético de cada organização é um dilema grupal, tão intenso quanto os dilemas pessoais. Tais dilemas são os conflitos, as dúvidas, as perguntas sem reposta que pessoas e grupos tendem a solucionar. A construção da ética de uma organização esbarra em constantes choques de interesses e opinião, mas tendem a contorná-los quando todos têm poder de se fazerem ouvidos. As organizações, ao optarem por determinadas condições e posturas, são automaticamente aceitas ou questionadas e tais posturas representam parte de sua ética. Aqui cabe um exemplo: boa parte das pessoas se lembra do caso “Microvillar”, o medicamento contraceptivo da Schering do Brasil, quando muitas mulheres no país engravidaram grassas a um erro da empresa que comercializou pílulas de farinha. A posição da empresa na época foi defensiva e pouco envolvida nos problemas de seus clientes, o que acabou gerando uma depreciação acentuada de sua imagem frente todo o mercado e fez da empresa alvo de muitas críticas, muitas delas facilmente evitadas caso a empresa tivesse reagido com maior responsabilidade. Este é um ponto de vista social contra a empresa, pois o que é responsável e ético, para a sociedade, certamente não é o que era praticado dentro daquela empresa. Ainda assim, mesmo com a falha, a empresa certamente tinha um padrão de ética funcional estabelecido, mesmo que totalmente sem análise crítica. A Anron, a gigante energética americana é outro exemplo: após vir a público suas constantes falsificações dos balanços anuais, destruiu sua credibilidade no mercado e com ela pôs em xeque a credibilidade de outras empresas de vários setores da economia. O fato dela ter gerado a dúvida sobre outras empresas é nada mais nada menos uma prova de como a ética de certas organizações não é condizente com a ética do grupo social, porém, vale lembrar que quem está por traz de tais organizações quase sempre são pessoas pertencentes ao mesmo grupo social. A postura de análise crítica deve ser explorada pelas pessoas e organizações a todo custo, de forma que se possa romper com as turbulências baseadas nas grotescas falhas da personalidade dirigente. Essa posição filosófica não corresponde a negar ou procurar defeitos em tudo, mas sim em saber quais são os pontos fortes e fracos de cada idéia ou medida, o entendimento de até onde algo poderá chegar e quando será necessário um complemento e a capacidade de se implementar algo ainda em formação, que durante o processo sofrerá um processo de adequação e adaptação à realidade posta. Noutras palavras, a dialética representa um aprendizado do mundo em todas as suas frentes, considerando não apenas as opiniões favoráveis a algo, mas também as contrárias para se aprimorar ainda mais aquilo que se vem praticando. CONSIDERAÇÕES FINAIS A construção da Ética Empresarial não é tão simples quanto o que se tem visto ser feito na maioria dos casos. A criação de um código de ética a partir de um representante ou grupo de representantes que expressam seus sentimentos como sendo verdade suprema e absoluta dentro de uma organização, onde existem indivíduos com as mais diversas características, necessidades e conceitos diferentes de felicidade, nada mais é que a formatação de objetivos organizacionais contaminados pela opinião de poucos e o esquecimento da opinião dos demais e seus objetivos individuais. Um processo mais amplo para a construção de uma ética empresarial, sem dúvida passa por caminhos ainda pouco explorados, como o de adquirir a capacidade para reconhecer e interpretar situações éticas, capacidade de formação de juízo ético bem como de hierarquização dos valores da mesma sociedade. Vencendo esta etapa, será possível desenvolver, em seus membros, a capacidade de implementar juízos éticos, os quais deverão compreender os valores gerados pelos membros desta organização. Assim, a construção da ética empresarial deve deixar de ser um manual escrito por alguém eleito como sendo o responsável por ela, e deve ser desenvolvida num processo onde toda organização deve ser envolvida, pois é através do auto-conhecimento, construído com a participação de todos, que, pelo menos, se poderá estabelecer uma ética verdadeira e que possa ser cumprida por todos integrantes da organização. Não questionando a noção de verdade, mas lembrando que mesmo sendo ela peculiar, ainda assim é o que se busca para cada organização, uma crença ou ideologia ética na qual se acredite e que por ela lute na busca do melhoramento contínuo. E este passa ser um novo desafio para se “ensinar” sobre ética nos cursos de Administração de Empresas. Não bastará ditar conceitos ou definições, mas conduzir os alunos ao pensamento verdadeiro e responsável sobre como deve-se desenvolver este conceito destro das organizações. QUESTÕES PARA REFLEXÃO 1. Nos últimos anos temos ouvido falar em ética empresarial, e muitas empresas têm buscado criar definições éticas (os códigos) para suas atividades fins. Mas será que estas definições são construídas a partir do verdadeiro objetivo de cada organização ou são construídas como forma de criar conceitos ou códigos a serem respeitados pelos seus membros? 2. As empresas estão preparadas para utilizar a dialética como mecanismo para construção de uma “ética” que possa expressar exatamente os anseios organizacionais, dentro de sua estrutura organizacional, dá cúpula dirigente ao mais simples operário? 3. Como enfrentar o desafio da ensinar a construção da ética nos moldes socráticos, que parece ser, pela sua origem, a forma mais completa de se trabalhar a ética no seu sentido mais puro e abrangente? 4. Construída a ética a partir da dialética, seria possível seu cumprimento, visto que hoje, as empresas ainda têm dificuldades de cumprir seu próprio código de ética imposto e ditado por alguém desta organização? 5. Para que serve a ética numa organização? BIBLIOGRÁFIA BENOIT, Hector. Sócrates: o nascimento da razão negativa. São Paulo: Moderna. 1996. (Coleção logos). 159p. CHAUI, Marilena. Introdução à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. vol. 1. 2ªed. rev. amp. São Paulo: Companhia da Letras, 2002. 539p. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. 3ªed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 577p. FERNANDES, Francisco. LUFT, Celso Pedro. GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário brasileiro Globo. 32ªed. São Paulo: Globo. 1993. Webgrafia • A divergência entre o discurso e a prática – Artigo de Amnéris Maroni http://www.rubedo.psc.br/artigosb/divergen.htm (24/11/2002) • Sócrates – A Vida http://mundodosfilosofos.com.br/socrates.htm (24/11/2002) • Interseção – Artigo de Mônica Aiub http://geocities.yahoo.com.br/acefic/monicaaiub/intersecao.htm (24/11/2002)