Resumo A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES: O

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Resumo
A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES: O PAPEL DO
ADMINISTRADOR, SOB A VISÃO SOCRÁTICA
O objetivo deste artigo é mostrar que a Ética, como vem sendo construída
nas organizações, nada mais é que um instrumento regulador de ações para
determinados níveis na empresa, não representando o real sentido do seu
propósito, qual seja à busca da felicidade no meio social onde está inserida.
Através de histórico de vida, mostramos aspectos reais de como a ética
vem sendo implementada nas organizações, das conseqüências geradas e da
falsa ideologia que ela passou a apresentar, sucumbindo seu objetivo maior às
regras de comportamentos impostas para se controlar, “moralmente”, grupos de
funcionários em uma organização.
Assim, buscamos, através de pesquisa exploratória, identificar o real
sentido da Ética, observando autores que tratam a Ética a partir de quem
consideramos ser seu pai: Sócrates.
O resultado deste trabalho nos mostrou uma nova possibilidade para a
construção da Ética, num sentido menos denotativo, porém mais filosófico e
etimológico.
Assim, entender quem foi Sócrates, sua vida, a dialética por ele utilizada,
representa pela ironia e a maiêutica, parece dar novos rumos para a formação de
profissionais críticos, que possam trabalhar, ou re-trabalhar, a Ética dentro das
organizações atuais, cuja preocupação social passa a ser um tema não só
utilizado como “falsa ideologia”, mas a ser encarado como realmente importante
para nossa sociedade.
FLÁVIO IBELLI CALLEGARI
MARCELO SOCORRO ZAMBON
Prof. Dr. Gabriele Cornelli
Enangrad – Maio de 2003
Artigo:
A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES: O PAPEL DO
ADMINISTRADOR, SOB A VISÃO SOCRÁTICA
MARCELO SOCORRO ZAMBON
FLÁVIO IBELLI CALLEGARI
Prof. Dr. Gabriele Cornelli
Enangrad – Maio de 2003
INTRODUÇÃO
Este artigo tem a finalidade de mostrar uma nova visão sobre a construção
da ética nas organizações. Esta visão, do ponto de vista da Dialética Socrática, se
deve porque quando se trata da ética empresarial a primeira noção que se tem é
que esta deve ser norteadora das relações existentes entre a empresa e seus
funcionários, a empresa e os clientes e, finalmente, a empresa e a sociedade.
O motivo que serviu como pano de fundo para discutir a ética baseada
numa abordagem filosófica, maior que uma abordagem convencional, foi
justamente o fato de constatarmos a existência de uma fissura entre o dizer e o
fazer, apoioado, provavelmente, por “falsa ideologia”. Tal fato vem permeando
toda sociedade moderna, pois o discurso apresenta-se desequilibrado, pois existe
uma lacuna que separa o que é dito (as afirmações ideológicas) e o que
efetivamente é praticado (o que é feito está distante do discurso anterior em
muitos casos).
A ética está presente na família, na escola, na política, nas organizações,
porém, de que forma é uma incógnita e estaria ela sendo construída como um
mecanismo norteador de ações sócio-culturais ou apenas construindo como
mecanismo obrigatório para impor restrições nas relações entre o capital e o ser
humano? Logo, será que a ética não está contaminada pela realidade capitalista,
por exemplo, de acúmulo de bens e capital financeiro?
Esta fissura entre o dizer e o fazer, talvez seja muito bem representada pelo
conhecido “faz-de-conta”. Como exemplo de como isto acontece de uma forma
geral, mas muito bem observado nas relações do capital, quando observamos que
funcionários de uma organização fazem de conta que estão trabalhando a
serviços dos clientes, mesmo que os processos e instrumentos utilizados neste
trabalho dêem muito mais ênfase à performance da empresa, visto que tentam
cumprir metas periódicas cada vez mais aviltantes.
Fica claro que esta “ética” vem sendo implementada, na maioria das
organizações, como código, de forma a constituir mecanismos para criar
determinadas restrições aos funcionários de como são e devem ser executadas as
funções operacionais. Uma forma de provar que estes códigos são, ou podem ser,
facilmente quebrados pelos executivos, ocorre quando, de alguma forma, o
rompimento deste se torna algo “vital” para a sobrevivência da empresa. Cabe
lembrar que os objetivos organizacionais são diferentes dos objetivos pessoais, e
neste caso o que se tem é o estabelecimento de modelos éticos organizacionais,
ou seja, montados e geridos pelas organizações e que devem ser seguidos pelas
pessoas, embora estas pessoas não têm o poder de mudá-lo ou corrigi-lo sempre
que se vir necessário. Por sua vez, a direção das organizações e os executivos
têm este poder, baseado no ideal de benefício da organização. Assim, tomar
medidas contrárias àquilo que outrora fora estabelecido, graças a essa busca
frenética por lucratividade e vantagem competitiva, pode ser tranqüilamente aceito
pelos executivos, se isto interferir positivamente no desempenho da empresa em
questão.
Assim, a formação do conceito de ética nos cursos de administração de
empresas deve transcender o estágio atual proposto. E neste novo momento,
propomos uma discussão em torno da construção da ética à luz da reflexão
filosófica, baseado na dialética Socrática. Isto, porque o propósito é refletir sobre a
real necessidade dela, nas dificuldades de se construir o conceito da ética na
organização, e, principalmente, de entender que a ética deve ser fruto de
discussão global da empresa e funcionários de todas as áreas e níveis
hierárquicos, e que ela deve refletir anseios culturais internos – a cultura da
empresa, como também atender a cultura geral onde a empresa está inserida ou
por onde ela se propaga em suas relações comerciais.
A dialética socrática, portanto, é a base crítica que reluz sobre este estudo,
e que dá parâmetros de base para a discussão do que vem a ser a construção da
ética nas organizações e o real significado da ética.
A CONSTRUÇÃO DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇOES E A DIALÉTICA
SOCRÁTICA
Não é de hoje que o discurso ético está presente na vida das organizações,
e a cada dia este mesmo discurso cresce em importância e relevância. Porém,
muito ainda se deve entender e apreciar antes de chegar a uma posição ética
definitiva para a organização, mesmo porque a própria ética se mostra livre de
absolutismo, e se mostra fortemente mutante de uma organização para outra, ou
mesmo dentro de uma mesma organização em diferentes fases, assim como
diferente de um estado para outro, de uma região para outra, de país para país.
As noções de ética não são estanques, mesmo depois de muito discurso, elas são
dinâmicas e geralmente em constante movimento intelectual e existencial – o que
representa a evolução dos valores e uso da ética.
A ética não segue um parâmetro central que diz o que ela é para todos, ela
se mostra adequada a cada realidade sócio-cultural, a cada perfil humano, a
ideologias e crenças peculiares individuais ou grupais. Quando seu embasamento
atinge o maior número de pessoas na busca e formação de valores e noções,
maiores são as chances de estabelecer condutas éticas mais e melhor aceitas
pelos grupos. Digamos, por exemplo, que é o que ocorre, ou deveria ocorrer, em
uma democracia ativa ou, o contrário disso, por exemplo, a ditadura onde os
valores éticos grupais são sobrepujados por mandos e desmando de uma pessoa
e seu pequeno grupo de aliados. Logo, nesse caso, a ética é a ideologia e
interesses de um imposta a outros. Não longe disso, as organizações são alheias
ou sofrem situações semelhantes. Há organizações democráticas e organizações
ditatoriais?
Neste contexto, definir ética como normalmente se encontra, sendo “um
conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um
grupo social ou de uma sociedade” parece não abranger o real sentido da ética. É
necessário ir muito além disto. É necessário entender que a ética começa pelo
direito e consciência de não ser, ou seja, de se opor a uma ética posta e aceita
pela maioria.
Contudo, ao entender que a ética está intimamente relacionada à felicidade
de um grupo social ou de um indivíduo, cria-se corpo a possibilidade de defini-la
de forma mais abrangente, como sendo a investigação dos princípios que
motivam, disciplinam ou orientam, ou mesmo distorcem o comportamento
humano, refletindo a respeito da essência das normas, valores, prescrições e
incitações presentes em qualquer realidade social. Por certo, a felicidade é uma
das grandes bases da ética, pois, de forma simples, pode-se pontuar que a ética é
a busca integral da felicidade.
Mais abrangente do que qualquer definição que se possa ser ou se ter de
ética, é necessário compreender que cada indivíduo possui um conceito próprio de
felicidade e o conhecimento verdadeiro desta felicidade poderá levar a construção
de uma ética que represente o caminho pelo qual deve-se trilhar a construção da
ética do grupo. As organizações devem aprender, para aquelas que ainda não
sabem, que valorizar este preceito de ética, a felicidade, é possibilitar que as
decisões sejam construídas num panorama de respeito e vigor, que possa tornar
cada individuo co-responsável pelo bem estar do todo. Seria dizer que os objetivos
organizacionais atendem, pelo menos em parte, aos objetivos individuais, e este
por sua vez se concentra em primeiro fazer resultar os objetivos do grupo para
depois realizar o seu próprio.
É importante que fique claro que quando se fala no conceito de felicidade,
não se fala apenas no conceito de felicidade unicamente individual, já que muitas
vezes este pode ser confundido com satisfação de desejos primitivos do ser
humano. A felicidade, aqui, deve ser encarada como algo que é partilhado por
todos, de forma que uma sociedade é verdadeiramente feliz quando está em
equilíbrio dinâmico e harmonia. Ou seja, a maioria dos membros desta sociedade
estão empenhados pelo bem estar e felicidade, pelo menos no tocante dos
elementos estruturais da vida social, que estabelecem as bases saudáveis do
convívio grupal. Pensando em uma organização com cinco funcionários, ou em
outra com cinco mil, esta premissa é exatamente a mesma. Logo, a busca pelo
bem estar e a felicidade comum são fundamentais em quaisquer que sejam as
circunstancias, claro, respeitando as diferenças.
Neste estudo, então, a ética nas organizações é abordada a partir dos dois
elementos centrais dentro da dialética socrática, a ironia e a maiêutica. Estes são
dois importantes elementos vindouros, nada mais nada mesmos, que do pai da
filosofia e da ética, Sócrates, e que de certa forma estão presentes em muitas das
atitudes humanas hoje, e não apenas nas medidas organizacionais, mesmo
porque, as organizações são os exercícios profissionais - métodos e objetivos dos homens.
I - SÓCRATES
Antes de um discurso crítico e dialético da ética socrática e seu
desenvolvimento nas organizações, é fundamental esclarecer brevemente quem é
o pai da filosofia e em qual momento sócio-cultural da humanidade a ética surgiu.
Sócrates nasceu aproximadamente entre 470 ou 469 a.C., em Atenas, filho
do escultor Sofrônico, e da parteira Fenáreta. Aprendeu a arte paterna, mas sua
vida foi inteiramente dedicada à meditação e ao ensino filosófico, ensino este
praticado sem recompensa alguma. Desempenhou alguns cargos políticos e foi
sempre modelo irrepreensível de bom cidadão. Combateu em Potidéia 1, onde
salvou a vida de Alcebíades, e em Delium, onde carregou Xenofonte gravemente
ferido aos ombros. Formou a sua instrução, sobretudo, através da reflexão
pessoal, na moldura da alta cultura ateniense da época, em contato com o que de
mais ilustre houve na cidade de Péricles.
Nas últimas décadas de sua vida, influenciou fortemente o pensamento
grego, dando origem, no plano filosófico, ao chamado "período socrático".
Notável filósofo grego, não tanto pela erudição, mas pelo espírito combativo
e educador que o caracterizou - ainda que nada houvesse escrito, influenciou
largamente a filosofia do seu tempo, onde se inserem, como seus admiradores, as
personalidades deste período, Platão e Aristóteles. Nesses termos, o período
anterior e o posterior a Sócrates ficaram conhecidos como pré-socráticos e póssocráticos.
A formação do período socrático fora resultado de todo um processo de
fatores confluentes, e que não dependiam de um só homem. Maior do que
Sócrates, seriam Platão e Aristóteles. Todavia Sócrates está cronologicamente no
início do processo, e o retrata adequadamente - tal período, justificando-se a
tomada de seu nome para denominar o seu tempo.
Inteiramente absorvido pela sua vocação, não se deixou distrair pelas
preocupações domésticas nem pelos interesses políticos. No primeiro matrimônio
Sócrates foi casado com Xantipa da qual teve Lâmpocles; a outra, Mirton, filha de
Aristides o Justo, sendo posterior, ou anterior, mais provavelmente simultânea 2.
De Mirton lhe nasceram Sofronisco e Menéxenes.
Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas, em
geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que
1
Potidéia: cidade grega que se rebelou contra Atenas
poligamia em Antenas: era permitida, de acordo com uma lei excepcional da época, em função da escassez de homens
para repovoar Atenas das baixas das guerras, dentre as quais a do Peloponeso fora a mais desastrosa
2
contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu reto juízo. Julgava que
devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando
cidadãos sábios, honestos, temperados - diversamente dos sofistas 3, que agiam
para o próprio proveito e formavam grandes egoístas, capazes unicamente de se
acometerem uns contra os outros e escravizar o próximo.
Entretanto, a liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a
sua atitude crítica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram
descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades pessoais, apesar de sua
probidade. Diante da tirania popular, bem como de certos elementos reacionários,
aparecia Sócrates como chefe de uma aristocracia intelectual. Esse estado de
ânimo hostil a Sócrates, concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação
movida contra ele por Mileto, Anito e Licon, de corromper a mocidade e negar os
deuses da pátria introduzindo outro. Sócrates desdenhou defender-se diante dos
juizes e da justiça humana, humilhando-se e desculpando-se de certa forma.
Tinha ele diante dos olhos da alma não uma solução empírica para a vida terrena,
e sim o juízo eterno da razão para a imortalidade. E preferiu a morte, aceitando as
leis e provando que era ele e não os juízes que delas entendia. Declarado culpado
por uma pequena minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do
tribunal, que o condenou à pena capital com o voto da maioria.
Tendo que esperar mais de um mês a morte no cárcere - pois uma lei
vedava as execuções capitais durante a viagem votiva de um navio a Delos – um
de seus discípulos, Criton, preparou e propôs a fuga ao Mestre. Sócrates, porém,
recusou a fuga, declarando não querer absolutamente desobedecer às leis da
pátria. E passou o tempo preparando-se para o passo extremo em palestras
espirituais com os amigos. Em especial, ficou famoso o diálogo sobre a
imortalidade da alma - que se teria realizado pouco antes da morte e foi descrito
por Platão, com arte incomparável. Suas últimas palavras dirigidas aos discípulos,
depois de ter sorvido tranqüilamente a cicuta, foram: "Devemos um galo a
Esculápio", – como referência a um ato sacrifical que deveria ser feito, em
homenagem ao deus médico Esculápio, com o sentido que o deus da medicina
tinha-o livrado do mal da vida com o dom da morte. Morreu Sócrates em 399 a.C.
com 71 anos de idade.
Por fim, no âmago da ética abrangida por Sócrates, está a crença de que a
ética pertence ao próprio indivíduo, logo, a ética está dentro de cada um, faz parte
do que cada ser humano acredita e manifesta, pensa e desenvolve dentro de seu
mundo interior.
No mundo das organizações isso pode ser traduzido da seguinte forma: a
organização é responsável pela concretização da própria ética estabelecida para
si, ou seja, ela constrói sua própria ética, pois os valores e repreensões conjuntos
são conjugados de acordo com o viés da sociedade baseado em aceitações e
negações do grupo, bem como são manifestos interesses particulares, muitas
vezes individuais, que se tornam parte daquilo que a organização se torna,
3
Sofistas: pessoas que se prestavam ao ensino, naquela época na Grécia
principalmente, em se tratando dos mais altos níveis gerenciais e diretores da
organização. Quanto mais poder se tem dentro de um negócio, maiores são as
influências para estabelecer o perfil ético próprio junto à mesma, geralmente
através da indução, podendo ser inclusive impositiva, ou através do carisma.
As organizações estabelecem padrões éticos menos unilaterais à medida
que são mais flexíveis e cujos indivíduos de todas as áreas e em quaisquer níveis
hierárquicos, encarados com parte integrante fundamental do todo organizacional
– dos objetivos organizacionais versus os objetivos grupais, portanto, quando são
co-responsáveis pelo bem estar comum.
1.1 Gnosiologia – Teoria geral do conhecimento humano
A introspecção é característica da filosofia Socrática, e exprime-se no
famoso lema: ‘conhece-te a ti mesmo’ ou seja, tornar-se consciente de sua própria
ignorância - como sendo o ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência mediante
a virtude.
‘Conhece-te a ti mesmo’ – o lema em que Sócrates cifrou toda a sua vida
de sábio, com o objetivo de gerar no homem o perfeito conhecimento do homem.
E o objetivo de todas as suas especulações, é a moral, o centro para o qual
convergem todas as partes da filosofia. A psicologia serve-lhe de preâmbulo, a
teodicéia4 de estímulo à virtude e de natural complemento da ética.
Em psicologia, Sócrates professa a espiritualidade e imortalidade da alma,
distingue as duas ordens de conhecimento, sensitivo e intelectual, mas não define
o livre arbítrio, identificando a vontade com a inteligência.
Assim, a construção da Ética Empresarial deve se expressar através do
conhecimento verdadeiro, preferencialmente científico e conceitual, de forma que
a Ética seja induzida por estes.
II - A ÉTICA NAS ORGANIZAÇOES VISTA ATRAVÉS DA DIALÉTICA
SOCRÁTICA: IRONIA E MAIÊUTICA
É importante esclarecer, neste momento, que este estudo não ficará preso
a história de Sócrates, ou a uma análise baseada na vida do pai da filosofia, mas
sim em uma análise crítica que busca discutir a ética nas organizações a partir da
ironia e da maiêutica socrática, logo, da dialética exercida por Sócrates.
Veja a seguir, um exemplo de diálogo de Sócrates usando a abordagem da
irônia.
Diálogo de Sócrates com Menon
4
Teodicéia – parte da filosofia, que trata de Deus, de sua existência de se seus atributos.
Provou Sócrates seu eudemonismo5 ético por meio de análise
aplicada ao desejo humano; este não se dirige para o mal. Orienta-se para
o bem, desde que o conheça. Desta adesão e conquista resulta o estado
psíquico da felicidade.
Sócrates: - Não te parece, meu amigo, que todos os homens
desejam unicamente o que é bom?
Menon: - Não! Não me parece.
Sócrates: - Afirmas, então, que alguns homens desejam o mal?
Menon: - Sim, Sócrates.
Sócrates: - E crês que estes desejam as coisas más por que as
acham boas? Ou dizes então que são más, e não obstante isso as
desejam? Acreditas, pois, caro Menon, que alguém que sabe que o
mal é o mal pode ainda desejá-lo?
Menon: - Creio.
Sócrates: - Mas os que desejam o mal crêem que ele é vantajoso, ou
pernicioso?
Menon: - Há uns que pensam que as más coisas fazem o bem: mas
há outros, também que sabem perfeitamente que as coisas más só
produzem o mal.
Sócrates: - Quanto aos que pensam que o mal é vantajoso, o
conhecem como sendo verdadeiramente o mal?
Menon: - Eu não ousaria afirmar isso.
Sócrates: - Por conseguinte, estes não desejam o mal como tal, pois
não o conhecem; desejam apenas o que lhes parece um bem, bem
que neste caso é mal. Donde podemos concluir, que os que desejam
o mal e o consideram como bem, estão de fato a desejar unicamente
o que é bom. Aqueles, pelo contrário, que desejam as coisas más,
sabendo que elas são más e só causam o mal, esses sabem que
serão prejudicados pelo mal?
Menon: - Isso mesmo.
Sócrates: - Mas não pensarão esses que uma coisa prejudicial faz
sofrer na medida em que ela é prejudicial? Menon: Claro. Sócrates: E que homem que sofre é um infeliz?
Menon: - Penso que é assim.
Sócrates: - Ora, dizei-me então, se te parece possível que haja no
mundo inteiro um homem apenas que deseje ser infeliz e viver uma
vida miserável?
Menon: - Não! Penso que não há ninguém expressamente deseje tal
coisa.
Sócrates: - Assim, caro Menon, ninguém deseja expressamente o
mal. Que é sofrer? Não é ao mesmo tempo desejar o mal e possuílo?
Menon: - É possível, Sócrates, que tenhas razão e que ninguém
deseja o mal" (Menon, 77c-78b).
5
eudemonismo: doutrina que considera a busca de uma vida feliz, seja em âmbito individual seja coletivo, o princípio e
fundamento dos valores morais, julgando eticamente positivas todas as ações que conduzam o homem à felicidade
Igualmente importante neste momento, é apontar que a dialética socrática
nasce do exercício da ironia e da maiêutica, logo, juntas e logicamente
subseqüentes, elas geraram o discurso dialético, considerando assim uma
abrangência maior e mais completa que apenas um dos dois outros elementos em
separado (ironia e maiêutica) não atingiria.
2.1 A Ironia Socrática e as Organizações
Em suas exposições polêmicas e didáticas, Sócrates apresentava suas
idéias com maestria, adotava sempre o diálogo, que revestia uma dúplice forma,
conforme se tratava de um adversário a confutar ou de um discípulo a instruir.
Nesta dúplice forma, nasceram a ironia e a maiêutica. A primeira das
formas – a ironia socrática – é marcada pela meticulosa avaliação dos fatores e
atitudes proveniente de um contra-positor através de sua fala. Sócrates assumia
humildemente a atitude de quem aprende com o outro cuja opinião muito tinha de
contrário a sua, e então ia multiplicando as perguntas, até colher do adversário
presunçoso uma evidente contradição, e com isso, constrangê-lo à confissão
humilhante de sua ignorância, fortalecendo a idéia de que por mais que se saiba
sobre algo, muito ainda haverá a saber. A ironia socrática, portanto, através de
uma simples posição de ouvinte-aprendiz, multiplica, estruturadamente, as
questões até que o interlocutor caia em contradição e seja ridicularizado por sua
própria ignorância.
Na ironia Sócrates buscava a destruição das falsas verdades; destrói a
pessoa ao ponto dela entender, depois de pública exposição, que muito há ainda a
de entender e aprender, antes que te se tenha uma idéia como verdadeira, total e
absoluta.
A partir desta posição se questiona: Como as organizações exercem sua
ética? ;ou O que gera a discussão ética nas organizações? Será que o os homens
não estão exercendo o papel sofista, no desejo de buscar, na ética forçada, seus
interesses pessoais ou interesses de pequenos grupos para controlar grupos
maiores?
Nasce aqui uma oportuna busca, que é a de entender até que ponto as
organizações são influenciadas pelos interesses de alguns, sobretudo quando no
poder, interesses esses que se provam quase sempre veiculados aos próprios
ideais elitistas, que geram sempre novas buscas, novos meios de poder e novas
formas de exercer tal poder.
As organizações precisam aprender, com a postura irônica, que não há
uma única forma ou meio de co-existir com o mundo e, principalmente, que não há
verdades tão supremas que não possam ser mudadas ou até destruídas,
construindo-se, em seu lugar, algo completamente novo – uma nova forma de
pensar e agir (tomar decisões e colocá-las em pratica). Entender que é de
pessoas, e é para pessoas, a existência de uma organização, e que existe uma
caminhada longa antes das organizações serem portadoras de posições e práticas
realmente vistas pela maioria com sendo ética, lembrando que de pessoa para
pessoa, de grupo para grupo, o conceito de ética pode mudar muito.
Logo, as organizações mais conscientes vão a busca de suas
responsabilidades, atualmente generalizadas como responsabilidade social, e o
comprometimento com tais responsabilidades para levar ao seu público melhores
meios de se viver, melhores produtos e serviços que não apenas facilitam ou dão
benefícios a vida humana, mas também, responsabilizam pela condição geral do
planeta.
São muitas as vertentes que se pode atentar, a responsabilidade com o
homem e o processo produtivo, a preservação da natureza, a conservação de
outras formas de vida intactas e em seu habitat, etc., mas o que realmente importa
é ser portador do caminho, ou seja, do desejo e não do desprezo, do desejo de
aprender a cada dia como fazer algo melhor para todos, e não o desprezo que
leva a superposição de opiniões individuais sobre o bem comum.
As organizações têm um longo caminho a percorrer neste sentido,
principalmente num mundo capitalista em que o bem maior é a posse do dinheiro,
recurso que a todo custo é visionado por todos ou a maioria dos empresários,
quase sempre sobrepondo seus valores pessoais e grupais para consegui-lo, ou
seja, destruindo um pouco ou muito de si, desmantelando seu caráter.
Em suma, cabe aos administradores realizarem seu papel em torno do bem
comum, muitas vezes até agindo como Sócrates agiu, desmistificando conceitos e
principalmente destruindo verdades contraditórias ou falsas, no mínimo unilaterais.
2.2 A Maiêutica Socrática e as Organizações
Quando, neste estudo, foi apresentada a ironia socrática, apontou-se a
existência do uso do diálogo em duplicidade, com toda sua majestade em articular
as idéias e gerar dúvidas e conflitos nos indivíduos, provando a ignorância
presente nos homens, sobretudo, naqueles que se achavam donos de verdades
irrefutáveis; consumou-se a ironia de Sócrates, uma artimanha intelectual utilizada
para com aqueles que se contrapunham ao seu ponto de vista com certa
arrogância sustentada por verdades nem tão certas.
A segunda parte desta duplicidade aqui apresentada é a que se volta para
seus discípulos.
Diferentemente da primeira, com seus seguidores ele apresentava
intenções diferentes: buscava, com severidade, ainda mais conflitos na mente do
outro, fazia ainda mais perguntas, buscando obter agora, por indução dos casos
particulares e concretos, um conceito, uma definição geral do objetivo em questão.
Este processo pedagógico, em memória da profissão materna, ele denominava de
maiêutica – engenhosa obstetrícia 6 do espírito, que facilitava a parturição das
idéias.
Em suma, a maiêutica tem como pano de fundo uma idéia ou ideal
estabelecido em que seu desenvolvimento, seja ele em qual instância for,
depende da união de esforços, ou seja, para ser viável muito do que se tem, é
necessário que muitos trabalhem em conjunto, de forma que, o máximo proveito
seja retirado de cada coisa. A maiêutica é, portanto, o exercício casado do
conhecimento (do mestre e do discípulo, da organização e do funcionário, do pai
para o filho) na busca por gerar mais conhecimento e sabedoria, e sempre de uma
forma muito humilde e não pretensiosa.
Numa organização, a questão da maiêutica pode ser resumida da seguinte
forma: os esforços de cada funcionário devem convergir com os esforços da
organização. Eles precisam trabalhar conjuntamente para obter sucesso mútuo,
cada um assumindo seu importante papel para o todo. Mesmo que esta
convergência seja difícil, ainda assim é importante que haja o espaço de se legar
o desenvolvimento, ou seja, de se estabelecer entre as pessoas à possibilidade
de, a qualquer momento, manifestar sua opinião ou pensamento, sem medo de
ser repreendido por isso, mas sim, estando aberto a críticas que possam ajudar a
amadurecer as ideais e o pensamento a respeito.
As organizações precisam enxergar o quão valioso é dar condições a todos
os indivíduos envolvidos no processo, e dessa forma, possibilitar o nascimento de
novas idéias. E claro, a própria organização precisa agir assim em seu meio, sua
pertença (fazer parte do grupo, de que grupo) solidificada e geradora de influência
para todos os demais no mesmo grupo.
Vale lembrar que alguns dos quais que sentiram a verdadeira ironia
socrática, tornaram-se seus seguidores. Tais discípulos, por este fim, acabaram
caindo na maiêutica, portanto, vivenciando a grande capacidade de seu mestre de
formatar mais e mais questões na busca pela geração e nascimento expresso de
idéias criticamente construídas. Com as organizações o mesmo deve acontecer, o
crescimento e o desenvolvimento intelectual sempre vale a pena.
2.3 A Dialética Socrática e as Organizações
Como fora dito anteriormente, para Sócrates “a ética está no indivíduo”, ou
seja, ela é particular a cada um, portanto pode ser, e geralmente é, diferente de
indivíduo para cada indivíduo ou para cada grupo. O grupo tende a apresentar um
mesmo perfil ético, com variações singulares individualmente. As regras são
estabelecidas através da formação de julgamentos individuais cuja similaridade
aos de outrem possibilitam a sua consumação. Este é mais ou menos, a consenso
ético, onde os valores, a moral, as expectativas, são semelhantes aos membros
do grupo. Notadamente há posições radicalmente pró-ativas ao consenso grupal
6
Obstetrícia – (Ramo da medicina que se ocupa de cuidar da gravidez e do parto). Parte da teologia natural que trata da
justiça de Deus, parte da filosofia que trata da existência e dos atributos de Deus.
assim como existem posições contrarias as regras estabelecidas pela maioria.
Portanto, o que a ética grupal busca é estabelecer o relacionamento sustentável
em que todos, ou pelo menos a grande maioria, se enquadrem de forma a
conjugar um equilíbrio social.
A ética estaria baseada na verdade?
Muito da ética está fundamentado naquilo que é verdadeiro e mensurável,
porém, o que é a verdade, como e em que circunstâncias ela se apresenta, já é
uma outra história. Quando se discute o termo moral, por exemplo, não se deve
perder de vista que o que é moral para um pode ser imoral para outro. Logo, a
verdade de um pode não ser verdade para um outro, ou pode não ser verdadeiro
em outra parte do mundo.
Disso conclui-se o seguinte: o que cada um acaba utilizando para discutir e
aceitar a ética é, ou deveria ser, um tipo de verdade mais abrangente, geralmente
a aceita principalmente pelo grupo, e além dela, cada indivíduo utiliza-se dos
próprios pensamentos a respeito das coisas e dos fatos, a noção de certo e errado
em si mesmo, a busca pela felicidade esteja ela onde estiver ou em que
circunstancia possa parecer, ou seja, por mais que se tenha uma conjugação
sobre a ética, e se estabelece um senso ético geral, sempre haverá uma ética
única e peculiar a cada indivíduo, a própria ética do indivíduo.
Também assim são as organizações, cada uma delas contribui para a
formação ética do conjunto de organizações, representadas pelo segmento de
mercado e pelo próprio mercado, e ao mesmo tempo cada uma delas apresenta
uma ética individual para si, muitas vezes ou sempre, é esta ética que realmente
rege as relações internas entre os indivíduos e busca a solução dos problemas
que surgem a cada dia dentro de um grupo de trabalho e a busca pelo sucesso,
bem estar e felicidade de todos.
De certa forma a verdade é um alimento da felicidade, e neste cruzamento
com a ética, e com o ser ético, pode-se entender que o que realmente sustenta a
busca por um equilíbrio pessoal e grupal é a constante busca da felicidade e da
necessidade de bem estar. Esta necessidade de bem estar está baseada na
premissa de que todos os seres sintam-se seguros, e mais que isso, que são
membros de algo equilibrado e dinâmico ao mesmo tempo, algo em que podem
confirmar, mesmo quando o julgamento depende de outros indiretamente
envolvidos.
A verdade é, portanto, a busca por uma certeza que, mesmo incerta,
garante o equilibro e a possibilidade de se conquistar e garantir o direito ao bem
estar. A verdade, em suma, trás consigo, e como sua grande aliada, à capacidade
de se sobrepor, de se impor, de se fazer valer. Noutras palavras, a verdade se
manifesta fortemente na intenção de gerar eqüidade 7, seja do outro, seja a própria.
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Equidade – é a disposição de reconhecer o direito de cada um. Neste caso entendido também, como a disposição de
reconhecer o próprio direito a felicidade e o direito dos outros a ela.
As organizações são inseridas nesse conceito tão substancialmente como
qualquer ser humano, pois elas são reflexos das atitudes e buscas humanas –
busca por felicidade baseada nas realizações. As organizações, nesta condição,
tendem a gerar e gerir sua própria ética. Elas tendem a construir aquilo que para
sua realidade é cabível e aceitável, algumas vezes, a ética construída não é, em
termos sociais externos, a melhor escolha, mas isso não elimina o
estabelecimento da mesma na organização.
Ao construir sua própria ética, as organizações estão construindo sua
imagem, seu perfil, construindo os fatores pelos quais serão reconhecidas e
aceitas, ou não.
O julgamento ético de cada organização é um dilema grupal, tão intenso
quanto os dilemas pessoais. Tais dilemas são os conflitos, as dúvidas, as
perguntas sem reposta que pessoas e grupos tendem a solucionar.
A construção da ética de uma organização esbarra em constantes choques
de interesses e opinião, mas tendem a contorná-los quando todos têm poder de se
fazerem ouvidos. As organizações, ao optarem por determinadas condições e
posturas, são automaticamente aceitas ou questionadas e tais posturas
representam parte de sua ética.
Aqui cabe um exemplo: boa parte das pessoas se lembra do caso
“Microvillar”, o medicamento contraceptivo da Schering do Brasil, quando muitas
mulheres no país engravidaram grassas a um erro da empresa que comercializou
pílulas de farinha. A posição da empresa na época foi defensiva e pouco envolvida
nos problemas de seus clientes, o que acabou gerando uma depreciação
acentuada de sua imagem frente todo o mercado e fez da empresa alvo de muitas
críticas, muitas delas facilmente evitadas caso a empresa tivesse reagido com
maior responsabilidade. Este é um ponto de vista social contra a empresa, pois o
que é responsável e ético, para a sociedade, certamente não é o que era
praticado dentro daquela empresa. Ainda assim, mesmo com a falha, a empresa
certamente tinha um padrão de ética funcional estabelecido, mesmo que
totalmente sem análise crítica.
A Anron, a gigante energética americana é outro exemplo: após vir a
público suas constantes falsificações dos balanços anuais, destruiu sua
credibilidade no mercado e com ela pôs em xeque a credibilidade de outras
empresas de vários setores da economia. O fato dela ter gerado a dúvida sobre
outras empresas é nada mais nada menos uma prova de como a ética de certas
organizações não é condizente com a ética do grupo social, porém, vale lembrar
que quem está por traz de tais organizações quase sempre são pessoas
pertencentes ao mesmo grupo social.
A postura de análise crítica deve ser explorada pelas pessoas e
organizações a todo custo, de forma que se possa romper com as turbulências
baseadas nas grotescas falhas da personalidade dirigente. Essa posição filosófica
não corresponde a negar ou procurar defeitos em tudo, mas sim em saber quais
são os pontos fortes e fracos de cada idéia ou medida, o entendimento de até
onde algo poderá chegar e quando será necessário um complemento e a
capacidade de se implementar algo ainda em formação, que durante o processo
sofrerá um processo de adequação e adaptação à realidade posta.
Noutras palavras, a dialética representa um aprendizado do mundo em
todas as suas frentes, considerando não apenas as opiniões favoráveis a algo,
mas também as contrárias para se aprimorar ainda mais aquilo que se vem
praticando.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção da Ética Empresarial não é tão simples quanto o que se tem
visto ser feito na maioria dos casos. A criação de um código de ética a partir de
um representante ou grupo de representantes que expressam seus sentimentos
como sendo verdade suprema e absoluta dentro de uma organização, onde
existem indivíduos com as mais diversas características, necessidades e
conceitos diferentes de felicidade, nada mais é que a formatação de objetivos
organizacionais contaminados pela opinião de poucos e o esquecimento da
opinião dos demais e seus objetivos individuais.
Um processo mais amplo para a construção de uma ética empresarial, sem
dúvida passa por caminhos ainda pouco explorados, como o de adquirir a
capacidade para reconhecer e interpretar situações éticas, capacidade de
formação de juízo ético bem como de hierarquização dos valores da mesma
sociedade. Vencendo esta etapa, será possível desenvolver, em seus membros, a
capacidade de implementar juízos éticos, os quais deverão compreender os
valores gerados pelos membros desta organização.
Assim, a construção da ética empresarial deve deixar de ser um manual
escrito por alguém eleito como sendo o responsável por ela, e deve ser
desenvolvida num processo onde toda organização deve ser envolvida, pois é
através do auto-conhecimento, construído com a participação de todos, que, pelo
menos, se poderá estabelecer uma ética verdadeira e que possa ser cumprida por
todos integrantes da organização. Não questionando a noção de verdade, mas
lembrando que mesmo sendo ela peculiar, ainda assim é o que se busca para
cada organização, uma crença ou ideologia ética na qual se acredite e que por ela
lute na busca do melhoramento contínuo.
E este passa ser um novo desafio para se “ensinar” sobre ética nos cursos
de Administração de Empresas. Não bastará ditar conceitos ou definições, mas
conduzir os alunos ao pensamento verdadeiro e responsável sobre como deve-se
desenvolver este conceito destro das organizações.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO
1. Nos últimos anos temos ouvido falar em ética empresarial, e muitas
empresas têm buscado criar definições éticas (os códigos) para suas
atividades fins. Mas será que estas definições são construídas a partir do
verdadeiro objetivo de cada organização ou são construídas como forma de
criar conceitos ou códigos a serem respeitados pelos seus membros?
2. As empresas estão preparadas para utilizar a dialética como mecanismo
para construção de uma “ética” que possa expressar exatamente os
anseios organizacionais, dentro de sua estrutura organizacional, dá cúpula
dirigente ao mais simples operário?
3. Como enfrentar o desafio da ensinar a construção da ética nos moldes
socráticos, que parece ser, pela sua origem, a forma mais completa de se
trabalhar a ética no seu sentido mais puro e abrangente?
4. Construída a ética a partir da dialética, seria possível seu cumprimento,
visto que hoje, as empresas ainda têm dificuldades de cumprir seu próprio
código de ética imposto e ditado por alguém desta organização?
5. Para que serve a ética numa organização?
BIBLIOGRÁFIA
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CHAUI, Marilena. Introdução à História da Filosofia: dos pré-socráticos a
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Webgrafia
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http://www.rubedo.psc.br/artigosb/divergen.htm (24/11/2002)
• Sócrates – A Vida
http://mundodosfilosofos.com.br/socrates.htm (24/11/2002)
• Interseção – Artigo de Mônica Aiub
http://geocities.yahoo.com.br/acefic/monicaaiub/intersecao.htm
(24/11/2002)
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