ALINE MARTINS UTILIZAÇÃO DO TESTE DE MONOFILAMENTO DE SIMMES-WEINSTEIN DE 10g PARA DETECÇÃO DA DIMINUIÇÃO DA REAÇÃO PROTETORA EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II NO MUNICÍPIO DE CAPIVARI DE BAIXO – SC Tubarão, 2005 ALINE MARTINS UTILIZAÇÃO DO TESTE DE MONOFILAMENTO DE SIMMES-WEINSTEIN DE 10g PARA DETECÇÃO DA DIMINUIÇÃO DA REAÇÃO PROTETORA EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II NO MUNICÍPIO DE CAPIVARI DE BAIXO – SC Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina Orientador Prof. Esp. Daniel Adriano Mafra Tubarão, 2005 ALINE MARTINS UTILIZAÇÃO DO TESTE DE MONOFILAMENTO DE SIMMES-WEINSTEIN DE 10g PARA DETECÇÃO DA DIMINUIÇÃO DA REAÇÃO PROTETORA EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II NO MUNICÍPIO DE CAPIVARI DE BAIXO – SC Esta monografia foi apresentada ao Curso de Fisioterapia e julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia e aprovada em sua forma final pelo Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão, Junho de 2005 ________________________________ Prof. Esp. Daniel Adriano Mafra Universidade do Sul de Santa Catarina ________________________________ Prof. Esp. Alexandre Figueiredo Zaboti Universidade do Sul de Santa Catarina ________________________________ Prof.ª Msc. Mary Rosane Quirino Polli Rosa Universidade do Sul de Santa Catarina DEDICATÓRIA Dedico este trabalho principalmente aos meus pais, Antonio e Isaura, que não mediram esforços para que esse sonho realizasse. Ao meu noivo, Murilo pela paciência e apoio nas horas necessárias. Ao meu irmão, João Luiz que várias vezes se privou de seus afazeres para me ajudar. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por ter concedido-me forças para não desistir e continuar a luta. Aos meus pais que fazem parte dessa conquista, pois sofreram e lutaram junto comigo, sempre me incentivaram a prosseguir na jornada, sem medir esforços me ajudaram em tudo que foi necessário, principalmente a vencer os obstáculos, nas horas mais difíceis deixaram tudo para me dar “aquele apoio” que só vocês sabem dar. A vocês meu carinho, respeito, admiração e principalmente gratidão. Também não posso deixar de agradecer ao meu noivo que nunca exitou em me ajudar, nos momentos difíceis nunca deixou de estar presente, mesmo se fosse para apenas dar um apoio. Agradeço por tudo, principalmente por você estar presente em minha vida. Ao meu irmão João Luiz, que muitas vezes me auxiliou ou privou-se de seus afazeres para me ajudar. Obrigada por tudo! A minha grande amiga Andhria, que me ajudou e esteve presente nos momentos felizes, tristes e difíceis da minha jornada, sempre me dando ânimo para continuar. Obrigada “miga”! Ao meu orientador, Daniel, que conheci por intermédio desse trabalho, que durante este mostrou interesse e dedicação me auxiliando em todos os momentos necessários para que este trabalho se concretizasse de maneira satisfatória. Agradeço a você do fundo do meu coração. Aos que se disponibilizaram para a realização desse trabalho deixo meu muito obrigada. Para os membros da banca agradeço por disponibilizar seu tempo para que esse trabalho se concretize. RESUMO O diabetes mellitus (DM) é um distúrbio crônico, que afeta grande parte da população implicando em grandes índices de morbi-mortalidade por apresentar várias complicações. Uma das principais complicações é o pé diabético que é denominada por lesões dos pés desses portadores que ocorrem em conseqüência à neuropatia, isquemia e /ou deformidades. A avaliação da sensibilidade com uso de monofilamento de Simmes-Weinstein de 10g possui um papel fundamental para detecção precoce dos distúrbios da função motora. Por esses motivos este estudo teve o objetivo de avaliar a necessidade da utilização do monofilamento de Simmes-Weinstein de 10g para detectar a perda da reação protetora em pacientes portadores de DM tipo II. Para isso foram avaliados 24 portadores de diabetes mellitus tipo II, de ambos os sexos, com idade média de 60 anos, com diferentes tempos de diagnóstico, todos cadastrados no posto de saúde localizado no centro de Capivari de Baixo. Com os resultados, observamos que nesse estudo se obteve 54,16% de portadores do sexo masculino e 45,83% do sexo feminino, sendo que 53,84% dos portadores do sexo masculino e 54,54% no sexo feminino apresentaram perda da reação protetora, de acordo com a faixa etária 44,45% dos portadores entre 49 e 55 anos apresentaram perda da reação protetora, 66,66% entre 56 e 61 anos, 60% entre 62 e 67 anos e 100% entre 68 e 74 anos, em relação ao tempo de diagnóstico, 50% dos portadores de 1 a 5 e 6 a 10 anos de diagnóstico apresentou perda da reação protetora, 71,42% entre 11 e 20 anos e 100% entre 21 a 30 anos, com a utilização do teste estatístico de Wilcoxon, a realização do primeiro e segundo teste não obteve diferença estaticamente significativa obtendo-se α = 5%. Concluímos então, que a utilização do monofilamento de Simmes-Weinstein de 10g, possui grande significância para diagnosticar a perda da reação protetora nos pés de portadores DM tipo II. Palavras-chave: diabetes mellitus, pé diabético, monofilamento de Simmes-Weinstein. ABSTRACT Diabetes mellitus (DM) is a chronic disturbance it affects a major part of world population, implying in great index of morbid-mortality about presenting several complications. One of the main medical complications is called diabetic fout it has been denominated by bearer feet’s who it occurs in consequence to the neuropathy, ischemia and deformities. The sensitivity’s evaluation with the Simmes-Weinstein 10g monofilament use, has an important role for precocious detention of the motors function disturbances. By this reading this research had the goal to evaluate monofilament necessity’s use to detect the protective reactions loss in carrying type II patients. For this were evaluated 24 diabetes mellitus bearers of both sex, with age around 60 years’ old, with different times of diagnosis, all of the registered at the Capivari de Baixo public health of file. With the results, we observed this research has obtained 54,6% male diabetes mellitus’s bearers and 45,83% were female, being that 53,84% of the male’s bearers and 54,54% of female’s bearers had presented protective reaction’s loss, in accordance with the following: 44,45% (49 up 55 year’s old); 66,66% (56 up to 61 year’s old); 60,0% (62 up to 67 year’s old) and 100,0% (68 up to 74 year’s old) In accordance to the diagnosis’s time: 50% (inputs, 6 up to 10 years; 71,42% (11 up to 20 years) and 100% (21 up to 30 years) had presented protective reaction’s loss. With the statistical test uses, the first and le lend test accomplishment didn’t get any statistical and significant difference. Jo, its possible to conclude that Simmes-Weinstein 10g monofilament uses possess a great significance to the protective reaction’s diagnosis loss in the DM type II bearer’s feet. Key-words: diabetes mellitus, diabetic font, Simmes-Weinstein’s monofilament. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – quantidade de portadores de diabetes mellitus tipo II, em relação aos sexos masculinos e femininos comparando com a diminuição da reação protetora detectada pelo teste. 44 Tabela 2 – Quantidade de diabetes mellitus tipo II com relação à idade comparando com a perda da reação protetora detectada pelo teste. 47 Tabela 3 – Quantidade de portadores de diabetes mellitus tipo II com relação ao tempo de diagnóstico comparando com a perda da reação protetora detectada pelo teste. 49 Tabela 4 – Relação entre a sensibilidade preservada (pontos negativos) com a sensibilidade não preservada (pontos positivos), com a realização do teste durante a primeira e segunda testagem. 52 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Quantidade de portadores de diabetes mellitus tipo II, em relação aos sexos masculinos e femininos comparando com a diminuição da reação protetora (-RP) detectada pelo teste. 45 Gráfico 2 – Quantidade de diabetes mellitus tipo II com relação à idade comparando com a perda da reação protetora (- RP) detectada pelo teste. 47 Gráfico 3 – Quantidade de portadores de diabetes mellitus tipo II com relação ao tempo de diagnóstico comparando com a perda da reação protetora (-RP) detectada pelo teste. 49 Gráfico 4 – Relação entre a sensibilidade preservada (pontos negativos) com a sensibilidade não preservada (pontos positivos), com a realização do teste durante a primeira e segunda testagem. 52 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 2 DIABETES MELLITUS TIPO II ......................................................................................15 2.1 Definição ............................................................................................................................15 2.1.1 Fisiopatologia do diabetes mellitus tipo II ......................................................................16 2.1.2 Quadro clínico do diabetes mellitus II.............................................................................18 2.1.3 Diagnóstico do diabetes mellitus tipo II ..........................................................................18 2.1.4 Tratamento do diabetes mellitus tipo II...........................................................................19 2.1.5 Tratamento fisioterapêutico do diabetes mellitus tipo II .................................................22 2.2 Complicações do diabetes mellitus tipo II ......................................................................24 2.3 Neuropatia diabética e pé diabético................................................................................25 2.3.1 Fatores que predispõem úlceras nos pés..........................................................................28 2.4 Monofilamento de Simmes-Weisntein ............................................................................31 3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ..................................................................................36 3.1 Tipo de pesquisa ...............................................................................................................36 3.2 População/amostra ...........................................................................................................36 3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados................................................................37 3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados .................................................................38 3.5 Procedimentos para análise e interpretação de dados ..................................................42 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .............................................................43 4.1 Caracterização da amostra ..............................................................................................44 4.2 Quantidade de portadores de diabetes mellitus tipo II .................................................44 4.3 Relação entre a quantidade de portadores de diabetes mellitus II de acordo com a idade ..................................................................................................................................47 4.4Quantidade de portadores de diabetes mellitus tipo II com relação ao tempo de diagnóstico ........................................................................................................................49 4.5 Relação entre os pontos testados durante a primeira e segunda testagem .................51 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................54 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................57 APÊNDICE(S) ........................................................................................................................62 APÊNDICE A - Ficha para coleta de dados pessoais e de avaliação.......................................63 ANEXO(S)...............................................................................................................................64 ANEXO A - Termo de consentimento .....................................................................................65 11 1 INTRODUÇÃO O diabetes mellitus (DM) atinge em todo o mundo grande número de pessoas de qualquer idade e condição social. Essa enfermidade representa um problema pessoal e de saúde pública com grandes proporções quanto à magnitude, apesar dos progressos no campo da investigação e da atenção aos pacientes. Diabetes mellitus é um distúrbio de caráter crônico que afeta grande parte da população e pode ser caracterizada por disfunção decorrente da falta de insulina, diminuição na produção ou incapacidade da insulina produzida exercer suas ações, ocasionando hiperglicemia. O diabetes mellitus pode ser dividida em dois tipos principais o DM tipo I: ocorre quando o corpo para completamente de fabricar insulina. Na maioria dos casos, o inicio da doença ocorre na infância ou na juventude. O DM tipo II: quando o corpo ainda produz insulina, mas não o suficiente. Normalmente ocorre em pessoas acima de 40 anos, com peso acima do normal, e/ ou histórico de diabetes na família. Para Rossi (2003), estatísticas brasileiras apontam para cerca de 5 milhões de indivíduos diabéticos, metade dos quais não diagnosticada. Desse total, 9% são diabéticos tipo I (insulino-dependentes), 90% são diabéticos tipo II (não-insulino-dependente) e 1% tem diabetes secundário ou associado a outras síndromes. 12 Para Gamba et al (2004), o impacto epidemiológico que o diabetes mellitus produz é expresso nas crescentes taxas de morbidade e mortalidade e nas conseqüentes seqüelas de incapacidade, diminuição da acuidade visual, a insuficiência renal terminal e as amputações de extremidades inferiores. A freqüência das complicações crônicas do diabetes mellitus do tipo II varia de acordo com as populações estudadas, sendo as complicações mais comuns: retinopatia, nefropatia, doença vascular e pé diabético. Os pacientes com diabetes mellitus do tipo II têm uma propensão duas a quatro vezes maior de morrer por doença cardíaca em relação a não diabéticos, e quatro vezes mais chance de ter doença vascular periférica e acidente vascular cerebral. O DM do tipo II também é apontado como uma das principais causas de retinopatia diabética entre adultos com idade de 20 a 74 anos. Em alguns levantamentos, após 15 anos do diagnóstico de DM do tipo II, a retinopatia diabética esteve presente em 97% dos usuários de insulina e em 80% dos não usuários. A prevalência de nefropatia diabética varia de 10% a 40% e a de neuropatia sensitiva distal, de 60% a 70%. O diabetes mellitus está associado ao aumento da mortalidade e ao alto risco de desenvolvimento de complicações micro e macrovasculares. É uma das causas importantes de amputações de membros inferiores, sendo um considerável fator de incapacidade, invalidez, aposentadoria precoce e mortes evitáveis. Para Calsolari (2001), à medida que os pacientes diabéticos envelhecem, podem ter maior probabilidade de desenvolver redução na sensibilidade dos pés, menor circulação periférica e maior freqüência de infecção, principalmente com o diabetes precariamente controlado. São, pois, os diabéticos mais propensos às lesões dos pés. Entretanto, é uma concepção errônea pressupor que todos tenham circulação precária. Cerca de 90% das ulcerações em pés de pacientes diabéticos são devidas à insensibilidade (neuropatia). 13 Rodrigues (2004), estima que 20% de todos os pacientes diabéticos são hospitalizados por causa de problemas nos pés e grande parte desses pacientes sofrem complicações em algum momento de suas vidas. A infecção do pé, segundo Rossi (2003), é a causa mais comum de hospitalização, em média esses pacientes estão na faixa etária dos 50 a 60 anos, tem diabetes por mais de 10 anos e, embora a maioria deles sejam portadores de diabetes não-insulino-dependente (tipo II). Denomina-se pé diabético as lesões do pé de pacientes que ocorrem em conseqüência de origem neuropática (neuropatia periférica) ou por problemas isquêmicos (doença vascular periférica). Outros fatores incluem deformidades mecânicas dos pés, idade avançada, duração do diabetes, hipertensão, controle glicêmico ruim, fatores socioeconômicos e o fumo. São causadas geralmente pelos pontos anormais de pressão e agravadas por infecção que aparecem pelo retardo no seu reconhecimento. Pé diabético é a infecção, ulceração e/ ou destruição de tecidos profundos associados com anormalidades neurológicas sensitivas e vários graus de doença vascular periférica no membro inferior. As ulceração dos pés precede cerca de 85% das amputações em membros inferior em portadores de diabetes, sendo que a longa duração da doença, a hiperglicemia prolongada, a dislipidemia, os hábitos de fumar e ingerir bebida alcoólica, a presença de neuropatia e de doença vascular periférica aumentam o risco para tais amputação. As diversas complicações podem ser ocasionadas pela perda da sensibilidade que é uma das anormalidades encontradas nos pés desses pacientes e esta pode ser avaliada através dos monofilamento Simmes-Weinstein de 10g, que por sua vez detectaria precocemente a perda da reação protetora, incapacidade em identificar os estímulos dolorosos ou qualquer outra lesão da extremidade inferior, diminuindo assim suas lesões e complicações. 14 Para Douat et al (2002), a avaliação da sensibilidade com uso dos monofilamento de Simmes-Weinstein de 10g possui um papel fundamental para detecção precoce dos distúrbios da função motora. A incapacidade em identificar os estímulos dolorosos ou qualquer outra lesão da extremidade inferior resulta na perda de um importante mecanismo protetor. A perda deste sinal de alerta inicial, faz com que problemas relativamente simples possam progredir rapidamente para situações que chegam a ameaçar o membro. Dullius, Lopes e Oliveira (2004), recomendam o uso do monofilamento de 10g para analisar a perda de sensibilidade protetora crítica, que leva ao risco de úlcera plantar, ou seja, detectando pacientes com neuropatia periférica avançada. Com a utilização desse teste, os portadores de diabetes mellitus tipo II conscientizem-se quanto à importância dos cuidados com os pés e a necessidade de um exame periódico com o uso dos monofilamento de Simmes-Weinstein de 10g. Sabendo-se que o pé diabético é caracterizado por lesões em pés de pacientes diabéticos, podendo ser resultado da perda da reação protetora, sendo esta a complicação mais freqüente em portadores de diabetes mellitus principalmente a do tipo II, este estudo teve como objetivo geral analisar a incidência da perda da reação protetora em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II com a utilização do teste de monofilamento de Simmes-Weinstein de 10g no posto de saúde localizado no município de Capivari de Baixo. Verificando a perda da reação protetora através do teste do monofilamento de SimmesWeinstein de 10g entre pacientes do sexo masculino e feminino, com faixa etária, com tempo de diagnóstico do diabetes mellitus tipo II e verificar a eficácia do teste com a comparação dos resultados da primeira e segunda testagem. 15 2 DIABETES MELLITUS TIPO II 2.1 Definição O diabetes mellitus, de acordo com Rossi (2003), é definido como um distúrbio crônico caracterizado por comprometimento do metabolismo da glicose, associado a uma deficiência absoluta ou relativa de insulina. O diabetes mellitus é uma doença de alta prevalência nas sociedades modernas, na maioria das vezes com tratamento inadequado ou ausente (ROCHA et al, 2002). Segundo Oliveira e Milech (2001) e Douat et al (2002), é uma das principais síndromes de evolução crônica que acometem o homem moderno em qualquer idade, condição social e localização geográfica, implicando em altos índices de morbi-mortalidade. O diagnóstico precoce com o tratamento adequado tem papel fundamental na prevenção dessas complicações, com melhora na qualidade de vida e na sobrevivência (OLIVEIRA; MILECH, 2001). O diabetes mellitus é dividida em dois tipos principais, A DM tipo I e Tipo II. Para Madella (2004), DM tipo I, (também chamada de juvenil ou insulinodependente), quando o corpo para completamente de fabricar insulina. Esta forma de diabetes 16 são mais freqüentes em crianças ou jovens, mas pode ocorrer em qualquer idade. Necessitam tomar injeção de insulina diariamente. A DM tipo II (também chamada não insulinodependente), quando o corpo ainda produz insulina, mas não o suficiente. Normalmente ocorre em pessoas acima de 40 anos, com peso acima do normal, e/ ou histórico de diabetes na família. De acordo com Chacra e Moisés (2001, p.925/926), “[...] o diabetes mellitus tipo II tem inicio tardio, e é a forma mais comum, afetando aproximadamente 90% dos indivíduos, portadores de diabetes mellitus.” Fronteira, Dawson e Slovik (1999), afirmam que aproximadamente 80% das pessoas com diabetes mellitus tipo II são obesas e resistente à insulina, e destas apenas 35% necessitam de tratamento com insulina exógena. Chacra e Moisés (2001), enfatizam que os pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II não são dependentes de insulina exógena para sobrevivência, porém muitos necessitam de tratamento com insulina para obtenção de um controle glicêmico adequado, principalmente alguns anos após a instalação do quadro. O mesmo autor conclui que estes pacientes apresentam uma secreção residual de insulina, porém insuficiente para vencer a resistência à insulina presente. 2.1.1 Fisiopatologia do diabetes mellitus tipo II Segundo Michel (2004), o diabetes mellitus é uma síndrome metabólica que se caracteriza por um excesso de glicose no sangue (hiperglicemia), devido à falta ou ineficácia da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas endócrino. Como tal, o diabetes afeta o modo pelo qual o organismo utiliza a glicose. 17 De acordo com o mesmo autor, durante a digestão normal, o corpo converte o açúcar, o amido e outros alimentos em açúcar simples chamado glicose. Esta glicose, por sua vez, é conduzida pelo sangue até as células, sendo introduzida no seu interior através da insulina. Assim, a glicose é convertida em energia para a utilização imediata, ou armazenada para futuro uso. Quando o diabetes aparece, este processo é interrompido. A glicose acumulase no sangue, ocasionando a hiperglicemia. Parte dela é expelida pela urina, que é chamada de glicosúria. O excesso de glicose no sangue e a sua falta no interior da célula são as causas de todos os sintomas do diabetes. Para Feling e Frohman (2001), a anormalidade metabólica inicial que forma a base do diabetes tipo II, é resultado da resistência insulínica (diminuição da ação da insulina) associada a graus variáveis na deficiência de sua produção. Constitui um grupo heterogêneo, e não uma simples doença, tanto do ponto de vista genético e fenotípico quanto fisiopatológico. Nos pacientes magros, a diminuição de secreção de insulina parece ser o defeito predominante. Nos obesos, a resistência insulínica e o hiperinsulinismo compensatório dominam o quadro. O diabetes surge da incapacidade das células beta de aumentar a secreção insulínica para vencer esta resistência Para Young, Pires e Lima (2001), existe uma forte associação entre obesidade e diabetes tipo II. Os indivíduos geneticamente predispostos apresentam resistência periférica à insulina, inicialmente compensada pelo hiperinsulinismo, que favorece a obesidade, formando um círculo vicioso. De acordo com o mesmo autor, a maioria dos pacientes progride através de um estágio de agravamento da hiperglicemia pós-prandial (tolerância à glicose prejudicada), provavelmente mediada geneticamente e causada por resistência insulínica, posteriormente progredindo para hiperglicemia de jejum quando a secreção de insulina fracassa em compensar o aumento de demanda. 18 2.1.2 Quadro clínico do diabetes mellitus II O diabetes mellitus tipo II caracteriza-se, segundo Nettina (1998, p. 632) “[...] por um prolongado período assintomático na maioria das populações, mesmo naquelas expostas a um bom nível de cuidados clínicos.” A descompensação do diabetes está associada com diminuição da resposta da célula beta aos secretagogos, particularmente a glicose, acarretando redução na secreção de insulina e aparecimento de hiperglicemia (WAJCHENBERG et al, 2001). Quando clinicamente expresso, Wajchenberg et al (2001, p. 960) cita que, “[...] o diabetes se caracteriza por hiperglicemia de jejum, e a suspeita clínica ocorre com aparecimento de alguns sintomas.” Para Arduino (1998), os sintomas presentes são: poliúria, polidpsia, polifagia, perda de peso. O diabetes não insulino-dependente pode ser assintomático, com seu diagnóstico sendo realizado através de análise laboratorial. O diabetes, segundo Wajchenberg et al (2001), é descoberto freqüentemente através de resultado alterado de um exame de sangue ou de urina de rotina. Como o diabetes tipo II é devido a uma diminuição da ação da insulina associada ou não à diminuição da secreção da insulina, a formação dos corpos cetônicos em geral não ocorre, havendo uma lipólise menos grave do que no diabetes insulino-dependente. 2.1.3 Diagnóstico do diabetes mellitus tipo II 19 O critério estabelecido para o diagnóstico de diabetes mellitus II, segundo Greenspan e Strewler (2000), é o de que o valor plasmático de glicose em jejum acima de 140mg/dl (7,8m mol/l) em mais de uma ocasião. “Caso os níveis de glicose em jejum permaneçam normais ou quase normais, o diagnóstico deve ser baseado em um teste de tolerância a glicose, onde os valores acima 200mg/dl sugere diagnóstico de diabetes.” (SMELTZER; BARE, 1994, p. 877). De acordo com Arduino (1998), as provas de tolerância aos carboidratos visam impor uma sobrecarga de homeostase glicídica, a fim de identificar uma possível intolerância até então inaparente. Conforme Smeltzer e Bare (1994), o paciente recebe refeições ricas em carboidratos (150 a 300g) durante três dias antes do teste. Após um jejum noturno é retirada uma amostra de sangue. É oferecido então ao paciente uma sobrecarga de 75g de carboidratos, geralmente sob a forma de bebida açucarada; recomenda-se então que seja colhida uma amostra de sangue duas horas após esta ingestão. O paciente é instruído a sentarse quieto durante o teste evitando, exercícios, fumo, café e qualquer outro alimento, exceto água. Para Wajchenberg et al (2001, p. 961), “[...] o teste oral de tolerância à glicose é afirmado quando o paciente apresentar, após 2 horas de sobrecarga, uma glicemia igual ou maior que 200mg/dl.” 2.1.4 Tratamento do diabetes mellitus tipo II 20 O tratamento do diabetes visa, predominantemente, o controle glicêmico. Além deste há também outros objetivos, como: aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida, prevenir complicações agudas e crônicas, reduzir a mortalidade e tratar as doenças associadas (GUIMARÃES; TAKAYANAGUI, 2002). Segundo Chacra e Lerário (1998), os estágios que envolvem o tratamento do individuo diabético são: • estágio I: tratamento dietético, programa de exercícios, mudança de estilo de vida, treinamento em automonitorização; • estágio II: uso de drogas antiobesidade e antidiabéticos orais em monoterapia ou em combinação, além das orientações do estágio I; • estágio III: uso de insulina em tratamento oral ou instituição definitiva da insulina como monoterapia, além das orientações do estágio I; • estágio IV: intensificação do tratamento insulínico com as orientações do estágio I. “A meta principal do tratamento do diabetes é tentar normalizar a atividade de insulina e os níveis de glicose sanguínea, numa tentativa de reduzir o desenvolvimento das complicações vasculares e neuropáticas.” (SMELTZER; BARE, 1994, p. 878). Para Oliveira e Milech (2001, p. 965), “[...] existem cinco componentes importantes no tratamento do diabetes, tais como: dieta, exercício, monitorização, medicação quando necessário e educação.” A monitorização da glicose, segundo Nettina (1998), é útil na educação dos pacientes acerca dos efeitos glicêmico dos alimentos específico de sua dieta, reduzindo a probabilidade dos episódios inesperados de hipoglicemia acentuada nos diabéticos tratados com insulina. 21 Com uso de freqüente resultados da automonitorização da glicose sanguínea as pessoas com diabetes são hoje capazes de ajustar o tratamento para obter um controle ótimo da glicose sanguínea, isto possibilita a detecção e a prevenção da hipoglicemia e da hiperglicemia e normalização dos níveis de glicose sanguínea, que possivelmente reduzirão as complicações diabéticas á longo prazo. (SMELTZER; BARE, 1994, p. 881). Para Oliveira e Milech (2001), através da educação, o conhecimento do paciente é ampliado, a atitude e conduta frente à doença são modificadas e a concordância com o tratamento proposto é mais facilmente atingida; também favorece o aumento na adesão ao tratamento, o que irá refletir na melhora indiscutível da qualidade de vida. Segundo Guimarães e Takayanagui (2002), considerando que o diabetes mellitus é um problema de saúde pública, é importante que os familiares, os membros da equipe de saúde e a comunidade participem do processo educativo desses pacientes. O tratamento medicamentoso do diabetes mellitus tipo II, de acordo com Oliveira e Milech (2001), será utilizada apenas quando o paciente não responde adequadamente às medidas não medicamentosas, então deve-se associar medicamento com finalidade de controlar a glicemia. Os medicamentos usados no tratamento podem ser classificados em orais e insulina. É oportuno enfatizar que o diabético, ao conhecer melhor sua enfermidade, saberá aplicar melhor seu conhecimento no seu próprio tratamento; assim observará o regime dietético proposto, cuidando de adequá-lo ao exercício físico e ao uso de medicamentos, pois terá na monitorização correta de seu caso uma de suas principais preocupações, com o objetivo de obter a normoglicemia. (OLIVEIRA; MILECH, 2001, p. 967). Atualmente, para Guimarães e Takayanagui (2002), tem havido uma tendência para a valorização de medidas não convencionais de resistência aos pacientes com doenças crônicas, ou seja, as centradas no tratamento não medicamentoso, destacando-se a prática contínua e muitas vezes diária de exercícios físicos e de caminhadas. Incentiva-se também a