A relação entre alma e cidade em A República de Platão Prof. Dr. Adriano Machado Ribeiro, Fabio Klinke Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas [email protected] Objetivos Nessa pesquisa propõe-se investigar qual seria a relação entre a classe dos chefes e a classe dos artesãos (relação esta elaborada no embate dialético entre a personagem Sócrates e seus interlocutores na República de Platão), tendo em vista a problemática da correspondência entre as classes da Politeia e as partes da alma dos indivíduos. Mais precisamente, pretende-se atentar para o esclarecimento da seguinte questão: se a cidade platônica é dividida em três partes, cuja menor – a composta pelos filósofos – deve governar a cidade, devido à sua excelência; se, no entanto, cada uma destas classes é composta a partir da preponderância da parte da alma que lhe é equivalente; como, então, garantir a obediência desta última classe (a dos artesãos, comerciantes entre outros) à filosófica, já que esta classe não teria o elemento racional como preponderante? Isto é: como este segmento dos artesãos, no interior da República , encontraria a razão para obedecer de bom grado ao comando da classe racional? Métodos/Procedimentos Procurou-se o levantamento de bibliografia secundária que abordasse a mesma temática, tais como FERRARI (2005), (2010) e NORBERT(2010), a fim de esclarecer os pontos particulares sublinhados pela pesquisa, bem como bibliografia relacionada a uma fortuna crítica a respeito da filosofia de Platão, de um ponto de vista mais global, tal como GOLDSCHMIDT (2002), que esclarecesse não só os problemas referidos por essa pesquisa em tela e inerentes à República, mas também os pontos centrais da filosofia desse pensador helênico, a fim de emoldurar as questões com mais precisão. Resultados Como resultados parciais, apontamos para uma possível interpretação para a relação entre a classe dos chefes e dos artesãos que não fosse uma relação instituída por uma espécie de força ou algo similar. Pois, pela análise do livro II, III e IV da República, podemos levantar a hipótese de uma expansão da educação de forma quantitativa e qualitativa a todos os habitantes da cidade justa traçada pela personagem Sócrates. Elaboramos, assim, resenhas dos livros em que a problemática aparece de forma central e textos argumentativos que sublinham as passagens que corroboram nosso ponto de vista. Conclusões Ao expandir a educação quantitativa e qualitativamente a todos os habitantes da cidade justa, esta interpretação pode indicar que a relação entre os chefes da cidade se dá por meio de uma razoabilidade adquirida por meio dessa educação (424a). O que pode apontar para que a classe composta por artesãos e comerciantes, a qual por vezes é apontada como equivalente à parte apetitiva da alma, não seria tal que nela não houvesse uma razão suficiente para o estabelecimento de uma harmonia organizacional entre as classes da cidade. Referências Bibliográficas FERRARI, G. R. F. City and Soul in Plato's Repúblic. Chicago, The University of Chicago Press, 2005. _______. The Three- Part Soul In: The Cambridge Companion to Plato's Republic. New York, Cambridge University Press, 2010. GOLDSCHMIDT, V. Os Diálogos de Platão, Estrutura e Método Dialético. Tradução: Dion Davi Macedo. São Paulo, Loyola, 2002. NORBERT, B. The City- Soul Analogy In: The Cambridge Companion to Plato's Republic. New York, Cambridge University Press, 2010. PLATÃO. A República. Tradução: J. Guinsburg. Perspectiva, São Paulo, 2006.