recomendações básicas para o cultivo da lima ácida

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RECOMENDAÇÕES BÁSICAS PARA O CULTIVO
DA LIMA ÁCIDA ‘TAHITI’
José Darlan Ramos2
Rafael Pio1
José Carlos Moraes Rufini1
Márcio Ribeiro do Vale2
1 PERFIL DA CULTURA
O ‘Tahiti’ ou ‘Taiti’ (Citrus latifolia Tanaka), na realidade, não é um
limão verdadeiro, sendo considerado lima ácida. No Brasil, o ‘Tahiti’ é uma
das espécies cítricas de grande importância comercial, estimando-se que sua
área plantada é de aproximadamente 40 mil ha.
Dentre as várias espécies cítricas, o ‘Tahiti’ é considerado um dos
mais precoces, iniciando sua produção a partir do segundo ano de plantio.
O Estado de São Paulo é o primeiro produtor brasileiro,
representando quase 73% de toda a produção nacional, seguido do Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul.
O fruto do ‘Tahiti’ possui indicação medicinal, sendo utilizado para
curar e prevenir resfriados, obesidade, gota, reumatismo, náuseas, escorbuto,
como vermífugo e na cura de aftas e frieiras (devido à sua ação cicatrizante).
_____________________
1
Aluno de Pós-Graduação - Fitotecnia/UFLA.
2
Professor de Fruticultura do Depto. de Agricultura/UFLA.
6
2 PONTOS DE REFLEXÃO PARA INICIANTES NA
ATIVIDADE
a) Produzir, de preferência, fora do período de maior oferta do produto
(dezembro a março).
b) Adquirir mudas de qualidade e de viveirista idôneo (dar preferência para
mudas produzidas sob telado).
c) Utilizar, no mínimo, dois porta-enxertos diferentes no pomar.
3 BOTÂNICA
A planta
da limeira ácida ‘Tahiti’ é vigorosa, apresentando,
conseqüentemente, porte alto, com folhagem exuberante de coloração verdeescura. Suas flores possuem cinco pétalas, com grande número de estames
contendo pólen inviável. Seus frutos, geralmente, se desenvolvem sem a
formação de sementes. Somente em casos raros, encontra-se algum fruto
com uma única semente. A floração ocorre, principalmente, nos meses de
setembro a outubro, ocorrendo praticamente o ano todo em plantios
irrigados. Os frutos são de tamanho médio, casca lisa, fina e de coloração
esverdeada e, quando amadurecem, apresentam polpa suculenta com suco
ácido, representando 50% do peso do fruto. O teor de ácido ascórbico do
suco varia de 20 a 40 mg/100 ml.
7
4 ASPECTOS ECONÔMICOS
O período de safra varia de janeiro a agosto, concentrando-se,
praticamente, no primeiro semestre do ano. A produtividade do ‘Tahiti’
varia de acordo com o espaçamento da cultura e o porta-enxerto utilizado,
conseguindo-se produtividades que variam de 6 a 21 ton/ha.
As sucessivas brotações, em plantios irrigados, dão origem a várias
floradas que, por sua vez, dão origem a várias colheitas ao longo do ano,
podendo atingir períodos de colheita na entressafra da cultura, o que
propicia melhores preços. Uma outra alternativa para produção na
entressafra (setembro a dezembro) seria o uso de reguladores de
crescimento, como o ethephon e as giberelinas. Os resultados, entretanto,
não garantem ganhos na entressafra, o que demanda melhores estudos sobre
esse assunto (dosagem, época e método de aplicação).
5 SELEÇÃO DE CLONES
Os principais clones de lima ácida ‘Tahiti’ utilizados no Brasil são o
‘IAC-5’ ou ‘Peruano’ e o ‘Quebra -galho’.
a) ‘ Peruano’ ou ‘IAC-5’
Apresenta copa vigorosa, o que proporciona menor incidência de luz
no interior da copa. Os frutos são redondos, com casca bem rugosa e com
maior durabilidade pós-colheita, em comparação ao clone ‘Quebra-galho’.
A produção desse clone é em torno de 200 Kg/planta/ano.
8
b) ‘Quebra-galho’
Esse clone pode ser contaminado com o complexo de viróides da
exocorte, o que proporciona menor porte, rachaduras no tronco (motivo do
nome ‘Quebra-galho’) e grande variação entre as árvores de um mesmo
talhão. Esse clone é o mais preferido pelos citricultores do Estado de São
Paulo, pelo fato de ocorrer de várias floradas durante o ano, benefício
adquirido devido à presença da exocorte.
A copa é menos vigorosa, permitindo, assim, maior arejamento e
incidência de luz no interior da copa. Os frutos são alongados e com casca
lisa. As plantas apresentam hipertrofia do cálice (ocasionando queda dos
frutos). Sua produção varia de 120 a 150 Kg/planta/ano.
6 CLIMA E SOLO
Dentre os fatores climáticos, a temperatura é o de maior importância,
recomendando-se para o melhor desenvolvimento da cultura temperaturas
médias em torno de 25 a 31ºC. A região deve apresentar chuvas bem
distribuídas ao longo do ano, com precipitações que variam de 1.000 a 2.000
mm anuais. Em regiões onde ocorrem ventos fortes, recomenda-se a
utilização de quebra-ventos, com espécies de eucalipto, gravilea, bananeira e
capim napier, realizando o tutoramento no plantio das mudas.
9
Figura 1: Implantação de quebra-ventos.
Os solos mais adequados para o ‘Tahiti’ são os solos arenosos a
levemente argilosos, bem drenados, arejados, profundos e sem impedimento
para penetração das raízes. O pH ideal para a cultura deve variar de 5,5 a
6,5. A topografia do local deve ser plana a levemente ondulada.
7 IMPLANTAÇÃO DO POMAR
7.1 Aquisição da muda
O plantio de mudas de boa qualidade garante o sucesso de um pomar
no que se refere a sua produtividade, menor incidência de doenças,
10
longevidade das plantas e um pomar economicamente viável. Sendo assim,
deve-se sempre procurar adquirir mudas produzidas sob telado de viveiros
certificados.
Figura 2: Muda modelo de ‘Tahiti’.
7.2 Porta-enxertos
Para o ‘Tahiti’, os porta -enxertos mais recomendados são o limoeiro
‘Rugoso’ e o ‘Cravo’. As plantas sobre esses porta -enxertos apresentam
algumas vantagens, como: crescimento rápido, boa produção, frutos de
ótima qualidade, maior tolerância à seca e à tristeza-dos-citros. A
desvantagem do uso desses porta-enxertos, principalmente em plantios
irrigados, é o fato de eles serem muito atacados por Phytophthora sp.,
causador da “Gomose” e “Podridão radicular”. Outra possibilidade para o
‘Tahiti’ seria o uso dos porta -enxertos ‘Trifoliata’, Citrange ‘Morton’,
11
Tangelo ‘Orlando’, Tangerina ‘Cleópatra’ e Citrumelo ‘Swingle’. Para
plantios mais adensados, uma ótima alternativa seria o uso do porta-enxerto
‘Fly Dragon’, tendo a principal vantagem de propiciar plantas de menor
porte, facilitando os tratos culturais e a colheita.
É importante ressaltar que não é conveniente para a formação de
pomares de ‘Tahiti’, a utilização de apenas um porta -enxerto, em virtude
dos riscos do aparecimento de novas doenças. Recomenda-se a
diversificação dos porta-enxertos a serem utilizados.
7.3 Preparo da área
Selecionada a área, as atividades de implantação consistem na
roçagem, destoca e enleiramento do mato. Essas operações devem ser
realizadas 5 a 6 meses antes do plantio. Em seguida, efetuar a aração e a
gradagem, que devem ser realizadas 3 meses antes do plantio. A aplicação
de corretivos ao solo (calcário) deve ser realizada em área total, elevando-se
a saturação de bases a 70%, calculando-se a quantidade de calcário a ser
aplicada segundo uma análise do solo realizada em área total, e aplicando-se
a primeira metade da quantidade recomendada antes da aração e a segunda
metade, antes da gradagem.
7.4 Marcação das covas, Espaçamento e Adubação de fundação
Nivelado o terreno, efetua-se a marcação das covas. Os espaçamentos
mais utilizados são de 7 x 6 m (238 plantas/ha) e 7 x 5 m (285 plantas/ha).
12
Esses espaçamentos permitem a utilização de plantios intercalares. O cultivo
intercalar é uma prática efetuada em pequenas e médias propriedades,
devendo escolher culturas de baixo porte e ciclo curto, distantes de 1,5-2 m
da linha de plantio do ’Tahiti’. Uma boa opção é o uso de leguminosas
(feijão ‘carioca’, feijão-de-porco, leucena, crotalaria e soja), pelo fato de
essas plantas fixarem nitrogênio atmosférico, contribuindo para a redução
dos adubos nitrogenados, normalmente fornecidos via solo, ou outras
culturas, como abacaxi, amendoim, batata-doce, mandioca e milho.
Figura 3: Marcação em nível.
As covas devem ser preparadas 2 meses antes do plantio, com
dimensões de 60 x 60 x 60 cm. Cada cova deve receber 20 litros de esterco
de curral, 250 g de calcário dolomítico, 300 g de superfosfato simples e 50 g
13
de micronutrientes (FTE ou Fritas). Em geral, invertem-se as camadas do
solo da superfície e do fundo da cova, aplicando-se metade do calcário
dolomítico com esterco de curral na parte inferior, e a outra metade com
adubo mineral, na porção superior da cova. Todos esses insumos devem ser
bem misturados e colocados nas covas.
Figura 4: Marcação triangular, retangular e quadrática dentro das curvas (evitando-se,
assim, linhas mortas).
Figura 5: Abertura da cova (separar os primeiros 30 cm de um lado e a outra metade para o
outro lado).
14
Figura 6: Adubação de fundação e fechamento da cova.
Em plantios extensos, dividir o pomar em talhões com corredores
para a circulação de caminhões.
Figura 7: Vista geral do local de plantio com os respectivos talhões, carreadores e barreiras
fitossanitárias.
15
7.5 Plantio
O plantio do ‘Tahiti’ pode ser realizado em qualquer época do ano,
desde que haja água disponível para as mudas, devendo ser feito nas horas
mais frescas do dia ou em dias nublados, com o solo bem úmido. A melhor
época de plantio é no início das chuvas. Deve-se usar régua de plantio para
um bom alinhamento, ajustando-se a muda na cova de modo que o colo da
planta fique ligeiramente acima do nível do solo (5 cm). Após o plantio,
fazer uma “bacia” em torno da muda, com distância de 50 cm do tronco e, a
seguir, regar com abundância. Recomenda-se utilizar cobertura morta, como
capim seco (sem sementes) ou palha, para reter a umidade do solo. Sessenta
dias após plantio, recomenda-se aplicar 50 g de uréia/planta, repetindo-se
essa operação após 30 a 40 dias.
Figura 8: Coroamento ou “bacia” em torno da muda (com a finalidade de
manutenção da umidade e adubação de cobertura).
16
8 TRATOS CULTURAIS
8.1 Desbrota
A desbrota tem a função de eliminar as brotações surgidas abaixo do
ponto de enxertia e o excesso de brotos nos ramos e tronco. Devem ser
retiradas logo no início, facilitando sua eliminação e não causando
ferimentos a planta. Os ferimentos que porventura ocorram devem ser
tratados com produtos à base de cobre, como a calda bordalesa.
Na fase de implantação, as mudas devem ser vistoriadas
quinzenalmente, até o final do período das águas.
8.2 Poda de limpeza
A poda de limpeza tem o objetivo de eliminar os ramos secos,
doentes ou praguejados da planta, devendo ser realizada no período de
inverno.
Sempre após a realização da poda de limpeza, deve-se pincelar pasta
bordalesa no local do corte, para evitar o aparecimento de doenças que
possam prejudicar o crescimento e desenvolvimento da planta.
17
8.3 Controle de plantas daninhas
Recomenda-se manter sob controle o mato no pomar, visando a
facilitar a colheita e os tratos fitossanitários, além de evitar a concorrência
por água, nutrientes e luz com a cultura.
O controle das plantas daninhas pode ser feito com roçadeira nas
entrelinhas de plantio na época das chuvas. Na projeção da copa, deve-se
utilizar herbicidas, sendo uma boa opção para a cultura. Caso não queira
utilizar herbicidas, as plantas devem ser "coroadas" com enxada, evitandose cortar o tronco da planta e danificar as raízes, o que pode favorecer a
contaminação por patógenos, principalmente por Phytophthora sp.,
causador da “Gomose” e da “Podridão radicular”.
9 ADUBAÇÃO
As exigências nutricionais do ‘Tahiti’ são semelhantes às demais
espécies cítricas comerciais. Para adubar corretamente o pomar, é
indispensável fazer as análises de solo e foliar, por meio das quais pode-se
conhecer as disponibilidades dos nutrientes no solo e o estado nutricional da
planta, devendo ser realizadas, preferencialmente, no mês de agosto.
Os adubos a serem fornecidos para a planta devem conter todos os
nutrientes necessários para a mesma de forma equilibrada e balanceada. As
adubações devem ser realizadas preferencialmente com solo úmido,
procurando parcelar a dosagem recomendada de cada adubo em 4 aplicações
bem distribuídas.
18
9.1 Adubação de formação (até primeira produção)
A adubação de formação deve ser realizada nos primeiros 3 anos de
idade. Do plantio até o 1° ano, recomenda-se aplicar os fertilizantes ao redor
da coroa, em toda a volta da planta, num raio de aproximadamente 0,5 m.
No 2° e 3° ano, recomenda-se aplicar os fertilizantes ao redor da coroa, em
toda a volta da planta, na projeção da copa, num raio de aproximadamente
0,6 m de largura. A partir do 4° ano, recomenda-se aplicar os adubos na
projeção da copa.
Figura 9: Local onde deve ser feita a adubação de formação.
19
A recomendação das quantidades de nutrientes a serem aplicados na
adubação de formação para o ‘Tahiti’ está apontada na Tabela 1:
Tabela 1: Adubação de crescimento e formação para o cultivo da lima ácida
‘Tahiti’.
P resina (mg/dm3)
<6
6-12
13-30
>30
Anos g/planta
P2O5 (g/planta)
01
80
0
0
0
0
02
160
160
100
50
0
03
200
200
140
70
0
04
300
300
210
100
0
05
400
400
280
140
0
Fonte: Stuchi e Cyrillo (1998).
Idade
N
K trocável (mmolc/dm3)
<0,8
0,8-1,5 1,6-3,0 >3,0
K2O (g/planta)
20
0
0
0
80
60
0
0
150
100
50
0
200
140
70
0
300
210
100
0
9.2. Adubação de produção
Deve ser realizada quando as plantas estiverem em plena época de
produção. Nesse período, a adubação visa a atender às exigências
nutricionais, tanto para a manutenção da planta como para a exportação de
nutrientes para os frutos. A adubação deve-se fundamentar nas exigências
nutricionais da planta, avaliadas por meio de análises anuais de solo e foliar.
As quantidades a serem fornecidas as plantas levam em conta as
características do pomar, tais como: idade das plantas, tipo de solo, índice
pluviométrico e produção esperada.
A recomendação das quantidades da adubação de produção para o
‘Tahiti’ está descrita na tabela 2.
20
Tabela 2: Adubação de produção para o cultivo de lima ácida ‘Tahiti’.
Produção
t/há
<16
17-20
21-30
31-40
41-50
>50
N nas folhas
(g/Kg)(1)
<23 23-27 28-30
<6
90
100
140
190
240
260
50
70
90
130
160
180
70
80
120
160
200
220
60
70
90
130
160
180
P resina
(mg/dm3)
6-12 13-30
Kg/ha
40
20
50
30
70
40
100
50
120
60
140
70
K trocável
(mmolc/dm3)
>30 <0,8 0,8-1,5 1,6-3,0
0
0
0
0
0
0
60
70
90
120
160
180
40
50
70
100
120
140
30
40
50
70
90
100
>3,0
0
0
0
0
0
0
Fonte: Stuchi e Cyrillo (1998).
(1)
Quando o teor de N nas folhas for superior a 30 g/Kg, utilizar 1/3 da dosagem
recomendada de 28-30.
9.3 Adubação foliar com micronutrientes
Para adubação foliar, deve-se primeiramente realizar a análise foliar.
As folhas coletadas para a amostra devem:
➢ ter idade entre 6-7 meses, apresentar tamanho médio e estarem livres de
pragas e doenças;
➢ ser coletadas nos horários mais frescos do dia;
➢ ser coletadas ao redor da planta, na parte mediana da copa;
➢ ser coletadas de ramos frutíferos da brotação mais nova, na 3° ou 4° folha
a partir do fruto, ou de ramos novos que não contenham fruto;
➢ ser condicionadas em sacos de papel ou plástico e, se as folhas não forem
levadas no mesmo dia para o laboratório de análise foliar, armazenar em
geladeira até o dia seguinte;
➢ ser coletadas cerca de 40 folhas a cada 1 ha.
21
Figura 10: Esquema de coleta de folhas para análise foliar
(3° ou 4° folha a partir do fruto e/ou da brotação mais nova).
Os micronutrientes mais importantes para a cultura do ‘Tahiti’ são o
boro, zinco e o manganês, podendo ser fornecidos pelas pulverizações
foliares. A época mais adequada para a adubação foliar é no período de
vegetação da planta. Recomendam-se três aplicações, normalmente no
período de setembro a março, sendo a primeira na época de florescimento,
22
logo após a queda das pétalas, a segunda durante o fluxo de vegetação e
terceira após 45 a 60 dias desta.
Recomendam-se pulverizações foliares com solução composta de
100 g de ácido bórico, 300 g de sulfato de zinco, 300 g de sulfato de
manganês e 300 g de cal, diluídos em 100 litros de água ou produtos
comerciais comprovadamente eficientes.
9.4 Adubação orgânica
A adubação orgânica traz inúmeros benefícios em propriedades
químicas, físicas e biológicas ao solo, além de fornecer nutrientes essenciais
para a cultura, principalmente o nitrogênio. Essa prática melhora a retenção
de umidade e a aeração do solo.
Tabela 3: Quantidade de adubos orgânicos a serem fornecidos às plantas de
‘Tahiti’.
Fase de
Esterco de curral
desenvolvimento da
cultura
Implantação
10-15
Formação
10-15
Produção
25-30
Fonte: Vitti e Cabrita (1998).
10 IRRIGAÇÃO
galinha
Esterco
Kg/planta
2-5
4-6
10-12
de
Torta de mamona
1-1,5
2-3
5-6
23
O uso da irrigação na citricultura tem se intensificado nos últimos
anos. Essa prática aumenta a produção e melhora a qualidade dos frutos. Os
sistemas de irrigação mais utilizados são os de aspersão e localizada
(gotejamento e microaspersão), que aplica água, em geral, abaixo da copa da
planta, evitando-se, assim, o aparecimento de doenças na copa. Sulcos e
bacias de inundação temporária são outros métodos que podem ser
utilizados.
11 PRINCIPAIS DOENÇAS
A lima ácida ´Tahiti’ apresenta tolerância a algumas das principais
doenças que afetam atualmente a cultura dos citros, causando sérios
problemas. É considerado tolerante ao “Declínio dos citros”, “CVC”
(Clorose Variegada dos Citros) e “Pinta - preta”.
a) Tristeza-dos-citros
A tristeza-dos-citros é causada por um vírus transmitido por afídeos
(pulgões). As plantas contaminadas apresentam problemas que afetam o
crescimento já na fase de viveiro. Retirando-se a casca dos ramos,
observam-se caneluras (estrias) em toda a extensão, ocasionando a formação
de folhas novas com nervuras polidas e frutos com diâmetros reduzidos.
Como medida de prevenção, deve-se usar mudas produzidas em viveiros
certificados e telados (ambiente protegido), formadas com porta-enxertos
resistentes ou tolerantes a essa virose.
b) Exocorte
24
É uma doença causada por vírus, apresentando como sintomas:
crescimento limitado, vegetação esparsa e folhas com coloração com pouco
brilho. Essa doença é transmitida por enxertia ou ferramentas contaminadas
(canivete e tesoura de poda). Como medidas de controle, deve-se utilizar as
mesmas usadas na prevenção-da-tristeza dos citros.
c) Gomose (Phytophthora sp.)
É a doença mais prejudicial em regiões tropicais úmidas, causando
lesões pardas que aparecem na base ou no colo da planta, nas raízes e galhos
baixos, ocasionando a exsudação de goma pelo fendilhamento. O ataque
mais rigoroso promove o apodrecimento dos tecidos. Como medida de
controle, deve-se usar variedades resistentes, mudas com enxertia mais alta,
facilitar a aeração da base da planta por meio do controle do mato e evitar
solos úmidos. Como medida de controle químico, deve-se usar fungicidas
sistêmicos, como o fosetyl-Al, em pulverizações. Como tratamento curativo,
sugere-se a raspagem do local afetado e posterior pincelamento com pasta
bordalesa.
d) Queda dos frutos, Podridão-floral ou “Estrelinha” (Colletotrichum
gloeosporioides)
A lima ácida ‘Tahiti’ é uma das variedades mais sujeitas à queda
anormal de frutos jovens. É causada pelo mesmo fungo da antracnose da
maioria das frutíferas, sendo mais intensa nas regiões úmidas, notando-se,
no início da florada, o necrosamento dos botões florais e extremidades dos
ramos novos. O cálice da flor fica retido por aproximadamente um ano na
planta, dando o aspecto de “Estrelinha”, o que origino u o nome popular da
doença. Como medida preventiva em regiões de risco, deve-se pulverizar as
25
plantas com fungicida benomyl (100g/100 litros de água) por três vezes,
com intervalos de 15 dias, na época da florada.
e) Podridão estilar
Ocorre nos frutos maduros logo após a colheita, formando-se uma
lesão parda na casca do fruto, deteriorando-o rapidamente. Para prevenção,
recomenda-se a colheita no ponto de maturação e nas horas mais frescas do
dia, enviando-os rapidamente para o mercado consumidor.
12 PRINCIPAIS PRAGAS
a) Pulgão-preto (Toxoptera citricidus)
É um inseto sugador, de coloração marrom quando jovem e preta na
fase adulta. Ocorre com mais freqüência na primavera e verão, em brotações
novas e botões florais, provocando prejuízos ao florescimento. A grande
preocupação com esse inseto é o fato de ser transmissor da “Tristeza -doscitros”. Seu controle é feito naturalmente por das chuvas e o controle
químico, em ataques mais severos, pode ser realizado com inseticidas.
b) Cochonilha Ortézia (Orthezia praelonga)
Esse inseto injeta toxina na planta ao sugar a seiva, além disso, sua
excreção estimula o aparecimento da “Fumagina” (cobertura escura) nas
folhas. Pode ser disseminado pelo vento e pelo homem, apresentando maior
importância no período seco, prejudicando a planta pelo ataque em folhas e
frutos. O controle pode ser efetuado mediante de recomendação técnica,
com aplicação de inseticidas sistêmicos granulados, aplicados ao solo em
torno da planta a 10-15 cm de profundidade.
26
27
c) Cochonilha Cabeça-de-Prego (Chrysomphalus ficus)
Possui forma circular, convexa e coloração violácea, surgindo em
períodos secos com altas temperaturas. São encontrados na face inferior das
folhas e nos frutos, sugando a seiva e líquidos, depreciando os frutos e
tornando-os inviáveis para o comércio. O controle é feito por pulverizações
com produtos químicos à base de óleo mineral a 1% ou óleo mineral +
inseticidas fosforados.
d) Escama-Farinha (Pinnaspsis aspidistrae)
A sucção da seiva por esse inseto na planta causa rachaduras na
casca dos galhos e facilita a penetração de outros patógenos causadores de
doenças, como a “Gomose”. O controle deve ser feito via pincelamento de
tronco e ramos com enxofre molhável.
e) Ácaro da falsa Ferrugem (Phyllocoptruta oleivora)
Os frutos atacados adquirem coloração prateada e a casca fica com
aspecto áspero, apresentando, normalmente, tamanho, peso e porcentagem
de suco reduzidos. As folhas atacadas podem desenvolver doenças, como a
mancha-de-graxa. Podem prejudicar também os ramos, sendo importante
seu controle porque em infestações mais severas há queda acentuada de
folhas e frutos. Como medida de controle, recomenda-se efetuar a aplicação
de acariciadas à base de dicofol, quinometionato ou enxofre molhável.
f) Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus)
O principal ácaro que prejudica a cultura do ‘Tahiti’. Seu ataque se
concentra, principalmente, em folhas novas, ponteiros de brotações e frutos
28
novos, depreciando os frutos pela manifestação opaca, como um
prateamento na superfície da casca. O controle pode ser feito com utilização
de produtos à base de enxofre pó molhável (350 g/100 L) ou
pyridaphenthion (175 ml/100 L).
g) Larva minadora dos citros (Phyllocnistis citrella)
O adulto é uma mariposa de aproximadamente 2 a 3 mm de
comprimento, coloração branco-prateada, com manchas e pontuações
marrons no par de asas; as larvas são pequenas (2 mm), de coloração verdeamarelada brilhante. Seu controle é recomendado quando da constatação em
40% dos brotos ou presença de uma ou mais larvas vivas.
h) Coleobroca
O inseto adulto é um besouro preto com faixas amarelas no tórax e
asas, sendo seus ovos depositados no tronco e ramos da planta de ‘Tahiti’,
que eclodem formando-se as lagartas de coloração esbranquiçada que
penetram nos mesmos, cavando galerias no sentido longitudinal, expelindo
serragem em forma de pétalas pelo orifício de entrada. Como controle,
recomenda-se injetar calda inseticida via orifício utilizando-se formicida
líquido, gasolina, querosene, sendo mais efetiva a pasta de fosfeto de
alumínio (que libera gás), fechando o orifício após a aplicação com cera de
abelha, argila ou sabão.
i) Formigas cortadeiras
Destroem principalmente as mudas recém-plantadas no campo, mas
também atacam pomares adultos. O controle pode ser feito com a utilização
de iscas granuladas como Mirex ou com termonebulizador.
29
13 COLHEITA E CLASSIFICAÇÃO
A colheita da lima ácida ‘Tahiti’ deve ser realizada quando os frutos
estiverem com a coloração verde-oliva, casca lisa e brilhante e com tamanho
aproximado de 47 a 65 mm de diâmetro. A coloração verde-clara e opaca
significa que a fruta está madura, não sendo recomendada para o comércio.
O material de colheita deve ser composto de sacola de colheita (20
kg), feita de lona com fundo falso, cestos e caixas plásticas de 27,2 kg.
No momento da colheita devem ser tomados certos cuidados, como:
evitar a retirada de frutos com varas ou ganchos, frutos molhados ou
orvalhados, derrubar frutos no solo e principalmente, evitar a colheita dos
excessivamente maduros ou verdes. Deve-se sempre usar tesoura cortando o
pedúnculo, rente ao cálice, evitando-se machucar os frutos na colheita e no
transporte.
14 PÓS-COLHEITA
A manutenção da coloração verde da casca dos frutos de ‘Tahiti’ é
importante no período pós-colheita, pois proporcionam a obtenção de
melhores preços na comercialização dos frutos. Os frutos devem ser
colhidos maduros, apresentando coloração da casca esverdeada e
armazenados à temperatura de 4-5°C e umidade relativa de 90-95%. Vale
ressaltar que o aparecimento da coloração amarelada reduz a aceitação pelo
mercado consumidor. Para permitir que os frutos mantenham-se com a
coloração esverdeada da casca, recomenda-se mergulhar os mesmos em uma
30
solução de ácido giberélico de 10 mg.L-1 por 10 segundos. Com essa prática
os frutos podem ser armazenados por até 45 dias, sem ocorrer alterações na
coloração da casca.
15 PRODUÇÃO FORA DE ÉPOCA
A maior oferta do ‘Tahiti’ concentra -se, basicamente, no primeiro
semestre , quando os preços pagos por essa fruta caem. Já no segundo
semestre do ano, os preços são maiores em conseqüência da escassez dessa
fruta no mercado. Sendo assim, o interessante é buscar a produção no
segundo semestre, mas por causa das nossas condições climáticas, essa
prática torna-se inviável. A época e a intensidade de florescimento são
reguladas pela temperatura e ocorrência de chuva. A indução das flores
começa na época de baixas temperaturas, quando a planta entra em “repouso
vegetativo” devido à presença de temperaturas menores que 12,5°C,
paralisando, assim, seu crescimento. O “repouso vegetativo” pode ser
iniciado ou induzido por déficit hídrico, ou seja, falta d’água. Em condições
de campo, período de seca (ausência de chuvas ou irrigações) maior que 30
dias e posteriormente à retomada das chuvas ou irrigações é suficiente para
induzir o florescimento e, posteriormente, a produção de frutos. Essa técnica
de produção na entressafra pode ser aplicada em regiões áridas e semiáridas. No Estado de São Paulo e sul de Minas Gerais, onde predominam os
verões úmidos e invernos secos, essa técnica não proporciona bons
resultados, pois o período de seca varia de maio a julho, ocorrendo retomada
das chuvas em setembro. Outra forma de se conseguir produção fora de
31
época, é pelo uso de reguladores de crescimento, mas esse método ainda
está em fase de estudos e aperfeiçoamento.
16 COMERCIALIZAÇÃO
O Estado de São Paulo é o grande produtor brasileiro de ‘Tahiti’
(cerca de 73% da safra brasileira). Basicamente, todo o ‘Tahiti’ produzido é
comercializado na CEAGESP.
Os melhores preços desta fruta são obtidos no período de setembro a
novembro, quando há uma pequena queda anual da oferta de ‘Tahiti’.
17 PRODUÇÃO PARA EXPORTAÇÃO
No caso da produção do ‘Tahiti’ para exportação, deve -se conseguir
frutos de casca rugosa e de coloração bem esverdeada, por causa das
exigências do mercado internacional. Os frutos devem estar livres de pragas
e doenças e com tamanho adequado. Devem possuir ausência de barrigabranca (mancha branca na casca dos frutos, ocorrida em virtude do contato
entre eles).
Recomenda-se ao produtor candidato a exportador que procurare os
órgãos competentes para fazer um planejamento adequado às suas condições
para sucesso no empreendimento.
32
18. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma
Agrária. Lima ácida ‘tahiti’ para exportação: aspectos técnicos da
produção. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1993. 35 p. (EMBRAPA-SPI.
Publicações Técnicas FRUPEX, 1).
BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma
Agrária. Lima ácida ‘tahiti’ para exportação: procedimentos de colheita e
pós-colheita. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1993. 36 p. (EMBRAPA-SPI.
Publicações Técnicas FRUPEX, 12).
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Fruticultura Brasileira. Brasília: EMBRAPA-SPI, 2000. 110 p.
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GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em
Minas Gerais: 5° aproximação. Viçosa, 1999. 359 p.
CUNHA SOBRINHO, A. P. da; MAGALHÃES, A. F. de J.;
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STUCHI, E. S.; CYRILLO, F. L. L. Lima ácida ‘Tahiti’. Jaboticabal:
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