1 UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FACS CURSO DE ENFERMAGEM Cláudio Rivas Batista Hianna dos Santos Leandra Santos Ribeiro Viviane Cabral Aranda RELAÇÃO DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE E HIV/AIDS Governador Valadares 2008 2 Cláudio Rivas Batista Hianna dos Santos Leandra Santos Ribeiro Viviane Cabral Aranda RELAÇÃO DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE E HIV/AIDS Trabalho de conclusão de curso para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentado à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). Orientadora: Ana Maria Germano Governador Valadares 2008 3 DECLARAÇÃO DE AUTORIA Cláudio Rivas Batista, aluno do curso de Graduação em Enfermagem da FACS – UNIVALE, identidade nº MG - 6716877 emitida pela SSP/MG, declaro para os devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – Ela, é de minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde – Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem. Governador Valadares, 18 de novembro de 2008 _________________________ Cláudio Rivas Batista 4 DECLARAÇÃO DE AUTORIA Hianna dos Santos, aluna do curso de Graduação em Enfermagem da FACS – UNIVALE, identidade nº MG - 13636432 emitida pela SSP/MG, declaro para os devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – Ela, é de minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde – Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem. Governador Valadares, 18 de novembro de 2008 _________________________ Hianna dos Santos 5 DECLARAÇÃO DE AUTORIA Leandra Santos Ribeiro, aluna do curso de Graduação em Enfermagem da FACS – UNIVALE, identidade nº MG - 15101420 emitida pela SSP/MG, declaro para os devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – Ela, é de minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde – Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem. Governador Valadares, 18 de novembro de 2008 _________________________ Leandra Santos Ribeiro 6 DECLARAÇÃO DE AUTORIA Viviane Cabral Aranda, aluna do curso de Graduação em Enfermagem da FACS – UNIVALE, identidade nº MG - 13557271 emitida pela SSP/MG, declaro para os devidos fins e sob as penas da Lei, que esta Monografia versa sobre Co-infecção TBC/HIV, sob o título Relação da co-infecção tuberculose e HIV/AIDS – Ela, é de minha exclusiva autoria, estando a UNIVALE - Faculdade de Ciências da Saúde – Curso de Enfermagem, autorizado a divulgá-la, mantendo cópias e biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação de bacharel no curso de graduação em enfermagem. Governador Valadares, 18 de novembro de 2008 _________________________ Viviane Cabral Aranda 7 Cláudio Rivas Batista Hianna dos Santos Leandra Santos Ribeiro Viviane Cabral Aranda RELAÇÃO DA CO-INFECÇÃO TUBERCULOSE E HIV/AIDS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 18 de novembro de 2008, para a banca examinadora constituída das seguintes avaliadoras. Orientadora: Ana Maria Germano. Banca Examinadora Profª Enfª Ana Maria Germano Profª Enfª Denise Dias Cardoso Profª Enfª Patrícia Malta 8 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, pela proteção, por nos ter mantido perseverantes na elaboração deste trabalho científico, e na conquista do nosso objetivo. Aos nossos pais, que com infinita sabedoria nos apoiou nessa jornada em busca da nossa formação. À nossa orientadora Ana Maria Germano, pela atenção com o grupo desde o início do trabalho e pela orientação na qual contribuiu para a conquista deste sonho. Aos familiares, pela força e entusiasmo. Aos amigos, que torceram pelo nosso sucesso. A nós, autores deste trabalho, pelo esforço, companheirismo, dedicação e por tantas lições de vida aprendidas no dia-a-dia com a elaboração desta pesquisa, não nos esquecendo nunca de preservar a valiosa amizade, profissionalismo e ética que conquistamos ao longo da academia. Muito obrigado!!!! 9 “Com o tempo você aprende... Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!” Autor: W. Shakespeare 10 RESUMO Este trabalho aponta a relação entre pacientes co-infectados com tuberculose e HIV. Identifica os fatores que influenciam na co-infecção. Informa situação epidemiológica, a gravidade clínica dos agravos, ressalta a importância do diagnóstico precoce da co-infecção entre as doenças. Feito através do levantamento bibliográfico com abordagem analítica e descritiva, sendo que as estatísticas indicam que a associação destas patologias, é de relevância epidemiológica no Brasil e no Mundo e que não basta somente o exame clínico e anamnese feita nos pacientes durante o atendimento, pois não é suficiente para o diagnóstico da co-infecção. Nos casos confirmados de tuberculose deve-se solicitar a sorologia anti HIV, para a adaptação do esquema terapêutico. Por tanto, é imprescindível a vigilância exercida pelos profissionais de saúde, já que a tuberculose é considerada “doença sentinela” da AIDS. Diante do estudo, fica destacado a atuação do profissional enfermeiro nas ações de controle da co-infecção abrangendo a área assistencial, de vigilância epidemiológica, trabalhando a adesão ao tratamento e a busca ativa de casos novos de HIV, desenvolvendo um papel fundamental na promoção, prevenção, tratamento e reabilitação dos pacientes acometidos por estas patologias. Palavras-chave: Tuberculose. HIV. Co-infecção. Enfermeiro. 11 ABSTRACT This work points the relation between patients co-infected with tuberculosis and HIV. It identifies the factors that influence in the co-infection. It informs situation epidemiologist, the clinical gravity of the severity of injuries and the importance of the precocious diagnosis of the co-infection between the illnesses. Made through the bibliographical survey with analytical and descriptive boarding, being that the statisticians indicate that the association of these pathologies, is of relevance epidemiologist in Brazil and the World and that it is not only enough to the clinical examination and anamneses made in the patients during the attendance, therefore it is not enough for the diagnosis of the co-infection. In the confirmed cases of tuberculosis the serological must be requested anti HIV, for the adaptation of the therapeutic scheme. For in such a way, the monitoring exerted for the health professionals is essential, since the tuberculosis is considered “illness sentry” of the AIDS. Facing the study highlighted, it`s detached the performance of the professional nurse in the actions of the co-infection control area covering the care of epidemiological surveillance, monitoring epidemiologist, working the adhesion to the treatment and the active search of new cases of HIV, developing a basic paper in the promotion, prevention, treatment and whitewashing of the patients affected for these disease. Key-words: Tuberculosis. HIV. Co-infection. Nurse. 12 LISTA DE ABREVIATURAS ACS - Agente Comunitário de Saúde. AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. BCG - Bacilo de Calmette e Guérin. CDC - Centers for Disease Control. DST - Doença Sexualmente Transmissível. EUA - Estados Unidos da América. HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana. M. tuberculosis - Mycobacterium tuberculosis. MS - Ministério da Saúde. OMS - Organização Mundial da Saúde. ONG - Organização Não Governamental. PSF - Programa Saúde da Família. RH - Rifampicina (R) e Isoniazida (H). RHZ - Rifampicina (R), Isoniazida (H) e Pirazinamida (Z). TBC - Tuberculose. TCD4 - Molécula que auxilia tanto o linfócito B quanto o TCD8, a promover a lise celular. UNIVALE - Universidade Vale do Rio Doce. 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14 2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................ 17 2.1 FALANDO DA TUBERCULOSE ........................................................................................ 17 2.2 ETIOLOGIA ........................................................................................................................... 17 2.3 DIAGNÓSTICO .................................................................................................................... 18 2.4 TRANSMISSÃO ................................................................................................................... 18 2.5 FATORES DE RISCO ......................................................................................................... 18 2.6 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................. 19 2.7 TRATAMENTO ..................................................................................................................... 20 2.8 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO ...................................................................... 22 3 FALANDO DO HIV/AIDS .................................................................................................... 23 3.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ........................................................................................... 23 3.2 TRANSMISSÃO ................................................................................................................... 24 3.3 FATORES DE RISCO ......................................................................................................... 25 3.4 INCIDÊNCIA ......................................................................................................................... 25 3.5 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................. 26 3.6 TRATAMENTO ..................................................................................................................... 26 3.7 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO ...................................................................... 28 4 DESTACANDO A CO-INFECÇÃO TBC-HIV/AIDS ........................................................ 29 4.1 CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................................... 29 4.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ........................................................................................... 29 4.3 A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE ........................................................ 31 4.4 FATORES DE RISCO ......................................................................................................... 32 4.5 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................................. 34 4.6 TRATAMENTO ..................................................................................................................... 36 4.7 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E MEDIDAS DE CONTROLE NO ATENDIMENTO AO PACIENTE CO-INFECTADO .............................................................. 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 44 14 1 INTRODUÇÃO A tuberculose é uma doença conhecida desde a antiguidade, e até hoje mata milhões de pessoas em todo o mundo. Ela está intimamente ligada aos problemas sociais, além de trazer também um certo estigma a toda família. É uma doença de grande preocupação para a saúde pública, sendo que no Brasil a TBC ainda mata aproximadamente 6 (mil) brasileiros por ano (FARIAS; LOPES, 2007). O HIV (Síndrome da Imunodeficiência Humana) é uma doença viral de grande distribuição mundial. A AIDS foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos e refere-se como a mais nova pandemia da era atual (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994). No Brasil, os primeiros casos da doença surgiram também no início da década de 80 e foram relacionados à contaminação fora do país, em geral nos indivíduos do sexo masculino, de identidade homossexual, que residiam nas grandes cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo. Mas recentemente, os dados revelam uma mudança dessas características (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994). As duas doenças TBC-HIV/AIDS possuem uma forte associação em relação às condições sócio-econômicas, baixa resistência e a co-infecção, tornando-as um problema que afeta toda a população mundial. Este trabalho busca o levantamento de referencial bibliográfico, com abordagem analítica descritiva qualitativa em locais distintos, como centros de referência, atenção básica, hospitais universitários e através de artigos científicos, revistas, literatura, sites Scielo e Google científico, procurando enfocar a situação da coinfecção da TBC-HIV/AIDS no Brasil e no mundo com o intuito de levantar os aspectos históricos, sócio-econômicos e culturais em relação à TBC-HIV/AIDS, tendo como objetivo apontar a relação entre pacientes co-infectados com TBC e HIV, identificando os fatores que influenciam nessa associação, informando a epidemiologia e a gravidade clínica dessas patologias, ressaltando assim a relevância do diagnóstico precoce e a importância da atuação do profissional enfermeiro na adesão ao tratamento de pacientes co-infectados. Estudo realizado 15 como exigência para conclusão do mesmo, com a finalidade de obter a Graduação em Bacharel em Enfermagem da UNIVALE. De acordo com Garcia et al (2000), somente com anamnese dos pacientes com TBC não é possível identificar a co-infecção dos mesmos por TBC-HIV/AIDS, assim, a sorologia anti-HIV deve ser solicitada de forma rotineira em todos os pacientes com TBC ativa. Por isso, é necessária a detecção da patologia através do exame de sorologia para que ocorra um tratamento imediato e eficaz, mas buscando na anamnese as informações rotineiras para resolução da doença em pacientes co-infectados. Segundo Garcia et al (2000), nos países africanos abaixo do Saara, detectou-se um aumento do número de casos de tuberculose relacionado à infecção pelo HIV. A grave situação mundial da tuberculose está intimamente ligada ao aumento da pobreza, à má distribuição de renda e urbanização acelerada (HIJJAR ET AL, 2001). O Brasil apresenta uma alta prevalência destas duas doenças, sendo que a taxa de co-infecção é de 3 a 4% variando entre pacientes internados e ambulatoriais, tendo amplas diferenças regionais, com índices mais altos no Sudeste e Nordeste, destacando o Rio de Janeiro com o maior coeficiente, e os mais baixos nas regiões Sul e Centro-oeste (GARCIA ET AL, 2000). As estatísticas da OMS (2000) indicam que a associação TBC-HIV/AIDS, apontam para um grave quadro da Saúde Pública, o que requer medidas enérgicas e eficazes para o seu controle. Em um país de alta prevalência como o Brasil, as ações de identificações de casos novos devem ser intensificadas e precisas devido: à dificuldade de detecção da co-infecção somente através da anamnese e exame clínico, sendo assim, nos casos confirmados de tuberculose deve ser solicitado o teste anti-HIV (GARCIA ET AL, 2000; HIJJAR ET AL, 2001). Se confirmado, o tratamento de tuberculose deve ser prolongado havendo a possibilidade de iniciar precocemente a terapia anti-retroviral e a profilaxia de infecções oportunistas de acordo com o Consenso Brasileiro sobre Tuberculose 1998 (GARCIA ET AL, 2000). Desta forma, é imprescindível a vigilância exercida 16 pela saúde pública, pois se considera a tuberculose como “doença sentinela” da AIDS (LIMA ET AL, 1997). Hijjar et al (2001), relata que do total de casos novos de TBC-HIV/AIDS estimados pela OMS (2000), menos da metade são notificados, situação que traduz a ineficácia das políticas de controle. Portanto, é essencial a atuação dos profissionais de saúde no quesito: detecção precoce de casos, desenvolvimento, implementação e monitorização de programas, e atividades de controle e prevenção, focando a importância da adesão ao tratamento (LIMA ET AL, 1997). A busca de aprofundarmos em relação ao tema se deu devido à grande relevância social, e a gravidade que é a co-infecção da TBC-HIV/AIDS no Brasil, não podendo deixar de ressaltar a importância do profissional enfermeiro na atenção primária e posteriormente ao tratamento. 17 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 FALANDO DA TUBERCULOSE A TBC é uma doença de grave situação mundial que está inteiramente ligada ao aumento da pobreza, da má distribuição de renda e da urbanização acelerada. Segundo a OMS (2001), estima-se que haja anualmente cerca de 1,9 milhões de mortes por tuberculose sendo 98% em países que estão em desenvolvimento. Desse total estimado pela OMS (2001), menos da metade são notificados, a situação que traduz a insuficiência das políticas de controle. Isso nos mostra que a TBC é uma doença que necessita de cuidados e medidas enérgicas para que a disseminação possa ser controlada. 2.2 ETIOLOGIA Para o MS (2006), a etiologia da TBC está inteiramente ligada ao agente etiológico o Mycobacterium tuberculosis onde o mesmo se instala nos pulmões com a capacidade de transmitir o bacilo para as outras pessoas a partir de doentes bacilíferos. A intensidade do contato é uma das condições que fazem com que a TBC esteja de forma muito próxima em domicílios pequenos mal ventilados e úmidos, deixando assim o ambiente propício para a infecção pelo M. tuberculosis. 18 2.3 DIAGNÓSTICO Para Moura et al (2006), o diagnóstico é realizado através de exames de baciloscopia do escarro, prova tuberculínica e exame radiológico, sendo que o exame radiológico na busca de casos é indiscriminado por ter maior custo, e os pacientes se submeterem a radiações ionizáveis. Já os exames então citados revelam o diagnóstico da tuberculose de forma eficaz. 2.4 TRANSMISSÃO De acordo com MS (2006), uma das formas de contágio da TBC está inteiramente ligada a fala, espirro, e principalmente a tosse de um doente com TBC pulmonar. Por isso, faz-se necessário as orientações sobre os meios de transmissão para evitar o contágio, reduzindo assim problemas mais graves. Moura et al (2006), relata que é necessário a busca entre contatos onde compreende todas as pessoas inseridas, ou que coabitam com pacientes com tuberculose. Sendo assim, os de maiores proximidades, ou seja, os comunicantes têm maior risco de adoecer por TBC, por isso o correto é a busca diagnóstica desses portadores através de exames que diagnosticam a patologia. 2.5 FATORES DE RISCO Bertolli Filho (2001) afirma que, no fim do século XIX, a doença passou a ser qualificada como um “mal social” e a ser relacionada às condições precárias de vida, em que tem inúmeros fatores, dentre eles as moradias pouco ventiladas e pequenas para a quantidade de moradores, a má qualidade de alimentação e má condição de higiene. 19 Segundo Muniz et al (2006), alguns fatores referem-se a situação sócioeconômica, que vem aumentando as condições de pobreza resultando em dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Com isso, há um aumento da população vivendo em aglomeração dificultando a qualidade de vida. Já Brunner & Suddarth (2005) apontam principalmente os seguintes fatores para o desenvolvimento da TBC: contato íntimo com alguém que tem TBC ativa; estado imunossuprimido (ex: HIV, câncer, órgãos transplantados, entre outros); uso excessivo de drogas; pessoa sem cuidado de saúde adequado; distúrbios clínicos preexistentes ou tratamento especial; imigração advinda de países com alta prevalência de TBC; institucionalização; vida em moradias superlotadas e de baixo padrão, ser um profissional de saúde realizando atividade de alto risco. E para Shechter e Marangoni (1998) são fatores de risco: idade, sexo, etnia, AIDS, fator ocupacional, entre outros. 2.6 EPIDEMIOLOGIA No ano de 1980, o Brasil teve 64.861 novos casos notificados, em 1995 passou para 88.900 (aumentando aproximadamente 40%). Esse aumento, certamente é devido a uma melhoria no sistema de busca de casos. Com isso, podemos perceber a importância da busca ativa de casos, para que assim sejam feitas as intervenções precoces e devidas para diminuir o número de casos. O Ministério da Saúde (2000) afirma que o custo social da tuberculose é bastante alto, visto que a doença afeta o grupo economicamente ativo, preferencialmente a faixa etária de 20 a 49 anos. A tuberculose em 1986 foi responsável, no país, por 47% dos anos potenciais de vida perdidos por doenças infecciosas e parasitárias (HIJJAR, 1992). A tuberculose faz com que seus acometidos tenham que dedicar alguns anos de vida a se tratar, sendo que estes pacientes são de faixa etária ativa e precisam dedicar bastante tempo ao tratamento que os Centros de Referência oferecem com medicamentos gratuitos. 20 A OMS estimou em 1995, que morreram no mundo mais pessoas pela doença do que em qualquer outro ano precedente (WHO APUD GOTLIEB; JORGE, 1996). A mesma publicação, diz que, desde 1952, existem drogas eficazes e poderosas que dariam a possibilidade de que cada paciente com tuberculose se curasse e vivesse bem. Contudo, esses medicamentos não foram usados corretamente e essa falha fez com que milhões de pessoas morressem. 2.7 TRATAMENTO De acordo com Shechter e Marangoni (1998), o tratamento tem eficácia de 96,5%, demonstrando a grande atuação do esquema terapêutico para eliminar as fontes de infecção. E nas crianças, praticamente não existe fracasso terapêutico, mesmo porque a população bacteriana constantemente é menor. Isto nos diz que se houver o tratamento adequado, as chances de cura são grandes, o que nas crianças são maiores devido ao menor número de bactérias presentes no organismo e ao seu mecanismo de defesa que está se fortalecendo ainda. Hijjar et al (2001), afirma que frente a grave situação mundial e à permanência, em nível preocupante, da epidemia de TBC em nosso meio, o país vem tomando apropriadas iniciativas para combater a doença. Tendo como exemplo, meados dos anos 60, onde o MS padronizou e passou a distribuir gratuitamente, em todo o país, os medicamentos que integravam os esquemas terapêuticos de melhor eficácia daquela época. Já no final dos anos 70 com os avanços da quimioterapia e da tuberculose o Brasil trocou os antigos esquemas prolongados por outros de curta duração que incluíam rifampicina, isoniazida e pirazinamida, também distribuídos gratuitamente. Percebe-se então que conforme o avanço da área da saúde foi acontecendo o tratamento da TBC foi se modificando e encurtando, sendo que cada paciente pode se tratar e adquirir o seu medicamento gratuitamente. Moura et al (2006) afirma que a medicação para a tuberculose, deve ser supervisionada obedecendo os esquemas padronizados e distribuídos pelo 21 Ministério da Saúde. No entanto, é necessário que as definições dos esquemas sejam feitas com base na forma clínica, idade e na história pregressa do portador de acordo com o resultado do exame. Segundo Costa et al (1994) a estratégia realizada pelos profissionais em relação ao tratamento deve ser bem elaborada com o intuito de impedir a transmissão da doença. Desta forma, é viável que os profissionais de saúde tenham o conhecimento para que junto com os portadores de TBC realizem o tratamento de forma correta, chegando assim à cura da doença. Segundo Moura et al (2006), a tuberculose é uma doença grave, porém curável em praticamente 100% dos casos, se for obedecido aos princípios da quimioterapia. Por isso a importância da adesão ao tratamento, e a regularidade nas tomadas dos medicamentos. Moura et al (2006) ainda afirma que os fatores que podem ser destacados de forma menos relevante com base na gravidade da doença são: alimentação, repouso, e os cuidados dos profissionais de saúde. Sendo assim, há a necessidade dos profissionais estarem bem preparados para atender e orientar os portadores sobre a importância do tratamento. Gerhardt Filho; Hijjar (1993), relatam que o abandono ao tratamento tem como conseqüência direta uma alta no custo do mesmo e a ocorrência de bacilos resistentes. Esse abandono do tratamento ainda é um assunto complexo, atribuindo-se fatores ligados ao próprio paciente, ou aos serviços de saúde. 2.8 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO O MS (2000) diz que é preciso lembrar que apesar de investimentos maciços feitos pelo mesmo, é preciso que a educação, ao lado da informação não seja descuidada. Para evitar a infecção pelo M. tuberculosis é necessário que comece pela educação em saúde, nas escolas, nos postos, em casa, etc, dando todas as 22 orientações necessárias sobre os sinais e sintomas, gravidade, tratamento e acima de tudo, que se tratada adequadamente tem cura. Segundo Hijjar et al (2001), muito já foi feito e há muito ainda para se fazer. Políticas públicas que possam efetivamente melhorar a qualidade de vida da população tem repercussões positivas no controle da tuberculose. Contudo, para os órgãos responsáveis pela saúde pública do país é necessário e prioridade a imediata melhoria das ações de busca de casos, tratamento e prevenção, bem como das atividades de promoção da saúde. Baseado nestas afirmativas, trabalhar a prevenção através da promoção da saúde pelos PSF’s e escolas, usando a educação em saúde, orientações e grupos de discussão no nível primário, é a alternativa para controlar novos casos de TBC. 23 3. FALANDO DO HIV/AIDS A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) foi reconhecida em 1981, nos EUA, quando foram identificados em um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino e homossexuais, os primeiros casos de pneumonia por Pneumocytis carinii e de Sarcoma. Esses pacientes apresentavam um comprometimento do sistema imune, o que levou a conclusão de que seria uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível (RACHID E SHECHTER, 2000). Inicialmente os grupos sociais mais atingidos nos EUA e na maioria dos outros contingentes foram os homossexuais masculinos, porém, em pouco tempo, surgiram os casos registrados de usuários de drogas injetáveis, receptores de sangue heterossexuais de ambos os sexos e crianças de várias idades, compondo assim um cenário epidemiológico bastante complexo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Em 1983 foi identificado o agente etiológico, denominado HIV, que é um vírus que se caracteriza pela presença da enzima transcriptase reversa, o que permite a transcrição do RNA viral em DNA, permitindo assim um maior conhecimento sobre sua patogenicidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). 3.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Valentim (2003) afirma que a doença possui três estágios: o primeiro caracterizase pela latência do vírus, antes da sua replicação. Nessa fase o portador ainda se caracteriza como assintomático, pois não possui nenhum dos sintomas de soropositividade nem da AIDS. Apesar de não apresentar os sintomas, o portador possui a capacidade de infectar, podendo transmitir o vírus para outras pessoas. 24 Este mesmo autor afirma ainda que, existem casos de pessoas que permanecerão como portadores assintomáticos pelo resto da vida, sem manifestar a doença. No segundo estágio, o sistema imunológico ainda consegue combater precariamente algumas infecções, possuindo algum grau de defesa pelo organismo. Este já se encontra fraco e debilitado, mas ainda não está sujeito às doenças oportunistas e possui carga viral menor que a quantidade de células de defesa. Esta fase abrange uma serie de distúrbios, condições que debilitam, mas não são fatais, o que a distingue da AIDS propriamente dita, ou seja, o sistema imunológico ainda está atuando contra patógenos. O terceiro e último estágio da infecção é a AIDS, nesta fase, ocorre o estabelecimento e desenvolvimento concreto do vírus no organismo humano, caracterizado pelas doenças oportunistas (VALENTIM, 2003). Quando as infecções oportunistas ocorrem ou quando os níveis de linfócitos TCD4 alcançam determinado nível (abaixo de 200 células/mm³ de sangue) dizemos que esta pessoa está com a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), doença que pode comprometer diferentes órgãos e sistemas do organismo (BATISTA; GOMES, 2000). 3.2 TRANSMISSÃO A transmissão do vírus HIV se dá pelo sêmen e secreções vaginais, através de relações sexuais. O HIV se encontra no sangue e pode ser transmitido através do compartilhamento de seringas entre usuários de drogas, hemotransfusão ou por acidentes pérfuro-cortantes com sangue contaminado. Há também a possibilidade de transmissão da mãe para o filho durante a gestação, no parto ou durante o aleitamento materno (RACHID; SCHECHTER, 2004). 25 3.3 FATORES DE RISCO Brunner & Suddarth (2005) consideram como fator de risco para infecção por HIV o uso de drogas intravenosas ou injeções, ter relações sexuais com indivíduos infectados, pessoas que receberam sangue ou derivados do sangue contaminados com HIV e os filhos de mulheres infectadas pelo vírus da AIDS. Fonseca et al (2000), afirma que a posição que o indivíduo ocupa na sociedade é um importante fator que irá contribuir para as suas condições de saúde. Pois, é a posição do indivíduo na hierarquia social que irá nos indicar o nível da escolaridade, o acesso à informação, que interferem no nível socioeconômico, tendo impacto no acesso aos serviços de saúde. De acordo com Fonseca et al (2002) um dos motivos da falta de informação é referente as condições sociais dos indivíduos portadores do HIV/AIDS. Ele afirma ainda, que a escolaridade tem sido bastante utilizada como indicador no nível sócio-econômico dos indivíduos. No entanto, o que é viável, para os indivíduos é a educação em saúde tendo como livramento do impacto à saúde. 3.4 INCIDÊNCIA Para Guimarães (2000), tem sido apontado um aumento na tendência da proporção de casos femininos, em direção a regiões mais distantes dos grandes centros urbanos, da categoria de exposição heterossexual e aumento de casos entre indivíduos com escolaridade igual ou menor a oito anos (1º grau e analfabetos), ou seja, vem mudando de características com o passar dos anos. Brunner & Suddarth (2005) reafirmam que a incidência da infecção por HIV está aumentando em mulheres. Muitas estão no grupo etário reprodutivo, sendo que mais de 70% são hispânicas e afro-americanas. Mais da metade são usuárias de 26 drogas intravenosas, enquanto a outra metade foi exposta através do contato sexual com parceiros HIV- infectados. As mulheres são nove vezes mais prováveis de contrair HIV de homens, que os homens são das mulheres, devido eles terem uma quantidade mais elevada de HIV no sêmen quando comparada às secreções vaginais, um inóculo maior na ejaculação, retenção do sêmen infectado por HIV na vagina e lesão traumática microscópica na mucosa durante a relação sexual (BRUNNER & SUDDARTH, 2005). 3.5 EPIDEMIOLOGIA Quanto à freqüência de casos de AIDS no Brasil, segundo sexo e tipos de transmissão, nos qüinqüênios entre 1980 e 1998, constata-se que, com o passar do tempo, têm sido verificadas importantes alterações no perfil epidemiológico da doença. A AIDS deixou de existir apenas nas grandes cidades, passando para cidades do interior e atingindo a população mais carente (JORGE; GOCLIEB, 2000). 3.6 TRATAMENTO O tratamento e a terapia anti-retroviral é, na grande maioria dos casos, capaz de reduzir a carga viral plasmática de pacientes assintomáticos e que nunca tiveram tratamento, sendo que a necessidade de iniciar o tratamento é definida pelo quadro clínico do paciente, ou seja, pela apresentação de sintomas, e por critérios laboratoriais (contagem de linfócitos TCD4 e quantificação plasmática do HIV carga viral). A carga viral não deve ser verificada antes de quatro semanas de qualquer infecção ou vacinação, pois nestas situações, pode ocorrer elevação transitória da mesma (RACHID; SCHECHTER, 2000). 27 Os objetivos do tratamento incluem o prolongamento e a melhora na qualidade de vida do paciente, reduzindo a carga viral e reconstituindo o sistema imunológico, para que este comece a atuar no combate a infecções oportunistas, reestruturando o organismo (GUIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, FUNASA, 2002). De acordo com Daniel; Parker (1991), os portadores do vírus HIV, com ajuda dos coquetéis anti-HIV, podem levar uma vida normal como portadores assintomáticos. Podem resistir à doença, se forem corretamente tratados. Portanto, não se pode condenar à morte quem adquiriu a doença, pois não há a certeza de que esta acontecerá. Para Gomez apud Ferreira et al (2007), os anti-retrovirais introduzidos na terapia de controle da AIDS, trouxeram esperança e vitalidade a milhares de pessoas infectadas pelo HIV. Porém, estes mesmos medicamentos têm sido os responsáveis por efeitos colaterais que pode interferir negativamente em várias esferas da vida do paciente. Segundo o MS (2004), os efeitos colaterais são conhecidos como efeitos secundários, toxicidade farmacológica ou reações adversas, ou seja, qualquer reação inesperada produzida por um medicamento. Podem ser leves e transitórios, moderados e persistentes; graves ou potencialmente mortais. Visando diminuir ou eliminar alguns efeitos colaterais, médicos e pacientes estão experimentando trocar o esquema de drogas. De qualquer forma, deve-se haver uma conscientização na hora de aliviar ou eliminar os efeitos colaterais dos antivirais: cabe aos médicos informar seus pacientes sobre as potenciais reações (a maioria não experimenta nenhuma reação). Mas, é obrigação do paciente comunicar ao médico todas as sensações diferentes, devidas aos remédios, mesmo as aparentemente simples, para que este tome as devidas providências (MS, 2004). 28 3.7 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PREVENÇÃO Para Ferreira et al (2005) as condições que afetam a vulnerabilidade individual são de ordem cognitiva (informação, consciência do problema e das formas de enfrentá-lo), comportamentais e sociais, portanto há a necessidade de criar informações básicas para contribuir no aprendizado da população. A transformação desse conhecimento dá-se através de práticas protetoras, em questão de classe social, raça e outros aspectos sociais. Ferreira et al (2005), ainda afirma que o poder do conhecimento na mudança de comportamento depende das alternativas e perspectivas que apresentam para o indivíduo, isso se dá através das desigualdades sociais onde faltam informações necessárias que atinjam o conhecimento de todos. As políticas públicas devem ser reformuladas para o controle do HIV, por isso é necessário haver conhecimento constantemente atualizado, referente aos níveis de informação e percepção do risco da população. 29 4 DESTACANDO A CO-INFECÇÃO TBC-HIV/AIDS 4.1 CONTEXTO HISTÓRICO A associação TBC-HIV/AIDS representa um novo desafio na escala mundial, daí a necessidade de abordarmos este assunto levando em conta a diversidade complexa que une as duas patologias. De acordo com Boffo et al (2004), a disseminação da infecção pelo HIV no mundo levou a alterações nos mecanismos de defesa que o homem dispõe contra o agente causal da tuberculose, tornando assim, a infecção pelo HIV o maior fator de risco para a progressão da co-infecção pelo M. tuberculosis. 4.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Kerr-Pontes et al (1997) afirma que a epidemia de HIV/AIDS promoverá um acréscimo de 25% nos casos de tuberculose. Ao desenvolver a tuberculose ativa, a contagem de linfócitos CD4 apresenta-se mais alta em pacientes co-infectados, sendo possível também que o M. tuberculosis ative a replicação do HIV e acelere sua progressão e quadro clínico. A associação TBC-HIV/AIDS acelera todo o curso das duas patologias, fazendo com que a infecção pelo M. tuberculosis após a existência da AIDS agrave as duas, devido à imunossupressão que não permite a reação necessária do organismo para combatê-las (KERR-PONTES ET AL, 1997). Brunner & Suddarth (2005) dizem que a tuberculose tende a ocorrer precocemente no curso da infecção por HIV, sendo precedida pelo diagnóstico de AIDS. Isso ocorre precocemente associado ao desenvolvimento de granulomas caseosos (massas de tecidos de granulação secas semelhantes a queijo), o que 30 levantará a suspeita de tuberculose. Nesse estágio, a tuberculose responde bem a terapia anti-tuberculosa. A tuberculose que ocorre na infecção por HIV caracteriza-se por ausência de uma resposta imune ao teste cutâneo com tuberculina. Isso é conhecido como anergia e ocorre porque o sistema imune comprometido não pode mais responder ao antígeno da tuberculose. Nos estágios mais avançados da infecção por HIV, a tuberculose está associada à disseminação para sítios extra-pulmonares, como o sistema nervoso central, osso, pericárdio, estômago, peritônio e bolsa escrotal (BRUNNER & SUDDARTH, 2005). Para Moura et al (2006), estudos de dados epidemiológicos, clínicos e laboratoriais, demonstram que pessoas infectadas pelo HIV, possuem uma forte relação com a disfunção e a depleção dos elementos envolvidos na imunidade celular, podendo levar ao desenvolvimento da tuberculose primária e a disseminação do bacilo aumentando assim a possibilidade de reativação. Este autor ainda afirma que a diminuição de linfócito CD4 circulantes provocada pelo HIV, ocorre também uma disfunção qualitativa dessas células, que se evidencia pela perda de resposta do tipo hipersensibilidade retardada, que pode se manifestar mesmo com um número relativamente elevado de células CD4. Com isso, através da deterioração da imunidade celular do indivíduo pela infecção oportunista, ocorre a progressiva depleção e disfunção desses linfócitos CD4. Tal é o caso da tuberculose, cujo mecanismo de defesa baseia-se justamente na imunidade celular. De acordo com Silva et al (2000), a coexistência, portanto de uma infecção pelo HIV constitui-se no mais potente ativador da tuberculose até hoje conhecido. Por outro lado, a tuberculose também influi no curso da infecção pelo HIV por meio da ativação de macrófagos e células T infectadas pelo vírus, levando assim, ao desenvolvimento da AIDS. Segundo Dolin et al apud Gotlieb; Jorge (2000), a infecção pelo vírus HIV e a AIDS aceleram a velocidade com que a tuberculose evolui. O HIV compromete o sistema imunológico e reduz dramaticamente o tempo com que uma pessoa HIV positiva e com infecção por tuberculose passe a apresentar a tuberculose. Isso 31 nos sugere que uma pessoa com tuberculose e HIV positiva tem o curso da tuberculose acelerado fazendo com que a doença evolua rapidamente podendo levar à morte. 4.3 A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE De acordo com Jamal; Moherdaui (2007), o diagnóstico de TBC nos indivíduos infectados pelo HIV deverá ser realizado em menor tempo possível, para evitar a disseminação da doença, sua evolução à forma clínica mais grave, e conseqüentemente o óbito. Sendo assim, o diagnóstico precoce é essencial para que entre em vigência o tratamento, impedindo o aumento da incidência de ambas as infecções. Daí a determinação do Ministério da Saúde, trabalhar a TBC no nível primário, torna-se de suma importância na detecção do diagnóstico precoce. Segundo Jamal; Moherdaui (2007), a detecção precoce da soropositividade constitui arma potente contra a tuberculose, a fim de que sejam providos os devidos cuidados clínicos e terapêuticos ao paciente infectado pelo HIV. Dessa forma, a implementação imediata da terapia anti-retroviral é imprescindível, pois sabe-se que o HIV é facilitador do desenvolvimento da TBC. Para Garcia et al (2000), há a indicação do teste anti-HIV para todos os pacientes com TBC ativa, devido à alta prevalência da co-infecção TBC-HIV/AIDS, esse método de diagnóstico precoce implicará na execução de medidas terapêuticas importantes na evolução das duas patologias. Já que os indivíduos infectados pelo HIV podem ficar assintomáticos por muito tempo, e a TBC é considerada um evento precoce nos co-infectados devido à virulência do bacilo dentre outros patógenos. Boffo et al (2004) afirma que a concretização do diagnóstico da tuberculose associada à infecção pelo HIV, torna necessária a realização de análises microbiológicas e anatomopatológicas em materiais clínicos oriundos de diferentes sítios anatômicos. Pois sabe-se que há manifestações clínicas atípicas, 32 daí então a importância do diagnóstico precoce associado ao tratamento, para reduzir a propagação de bacilos e aumentar as chances de sobrevida do coinfectado. De acordo com Boffo et al (2004), a tuberculose como co-infecção nos pacientes HIV positivo deve ser avaliada, levando em consideração a presença de manifestações clínicas. Mas isso só será concretizado através do diagnóstico de certeza da TBC associada à infecção pelo HIV, devendo trabalhar o tratamento da TBC como fator primordial no controle da co-infecção ao portador de HIV, já que o paciente HIV tem a imunossupressão como fator agravante. Boffo et al (2004) ressalta que o diagnóstico preciso para a detecção da TBC é o isolamento do M. tuberculosis nos pacientes com suspeita, através do exame de escarro, sendo que para a detecção da associação TBC-HIV/AIDS é feito a baciloscopia. Oliveira et al (2004), ainda afirma que um dos maiores problemas no diagnóstico, é a demora do resultado, no qual dificulta o início do tratamento e, também as condições sócio-econômicas dos portadores, dificultando o acesso aos serviços de saúde. 4.4 FATORES DE RISCO De acordo com Kerr-Pontes et al (1997), estudos recentes parecem indicar que a probabilidade de um indivíduo infectado pelo HIV desenvolver a infecção tuberculosa após a exposição ao bacilo é mais alta que a de um indivíduo não infectado. Lima et al (1997), também relata que um indivíduo HIV positivo uma vez infectado pelo M. tuberculosis tem risco de adoecimento muito maior que a população em geral. É de 5% a 10% ao ano o risco de um co-infectado desenvolver a tuberculose ativa, e é de 5% a 10% durante toda a vida o risco ao qual um indivíduo soronegativo está exposto. Tudo isso se deve a alta patogenicidade do 33 M. tuberculosis relacionado com as situações de diminuição das atividades normais do sistema imunológico em decorrência da AIDS, fazendo com que haja o desenvolvimento da tuberculose ativa e a progressão do quadro clínico da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Sendo assim, a relação entre as duas patologias constituem um grande problema de saúde pública que requer conhecimento, para se implementar programas e medidas de controle da disseminação de ambas patologias. A co-infecção pode estar relacionada com a reativação da tuberculose latente ou uma resposta imunológica deficiente (OLIVEIRA ET AL, 2004). Portanto, o HIV/AIDS torna-se fator de risco para o óbito entre indivíduo com TBC e o grau de imunodeficiência, do qual é maior determinante da mortalidade nos pacientes infectados. Para Moura et al (2006), a infecção por HIV é o maior fator de risco de adoecimento por TBC em indivíduos previamente infectados pelo bacilo. Sendo assim, a TBC é uma das primeiras complicações entre os infectados pelo HIV, surgindo antes de outras infecções oportunísticas devido à maior virulência do bacilo de Koch. De acordo com Boffo et al (2004) a análise das variáveis situação ocupacional e procedência evidenciou que a co-infecção acometeu pessoas com nível socioeconômico desfavorável, o que está de acordo com o fenômeno de pauperização da AIDS no Brasil onde mais de 50% dos casos em adultos de ambos os sexos entre 1991 e 2001, ocorreram em indivíduos com baixo nível de escolaridade. Na população de co-infectados, entre outros fatores de risco para a tuberculose está o uso de drogas endovenosas como predominante (48,4%), o que talvez demonstre a associação importante deste fator de risco com a infecção pelo HIV, que em parte está atribuída aos hábitos de vida dos adultos jovens, sendo descrita na Espanha em 1997. Dos fatores de risco mais freqüentes (25%) está o alcoolismo, sendo o segundo em prevalência entre os co-infectados. Para Muniz et al (2006), a mortalidade em pacientes co-infectados é maior do que em paciente portador apenas com o vírus da imunodeficiência adquirida 34 (HIV), sem a presença da tuberculose (TBC). A co-infecção pelo HIV é hoje um importante fator de risco para o desenvolvimento da TBC, se não o mais grave. Kerr-Pontes et al (1997), diz que a co-infecção pelo HIV e Mycobacterium tuberculosis tem sido estudada em vários países onde as duas patologias representam um importante problema de saúde pública, sendo um dos principais fatores de risco que faz que um indivíduo com tuberculose desenvolva a tuberculose ativa e a infecção pelo HIV. Diz ainda que a co-infecção pelo bacilo de Koch e pelo HIV geralmente eleva em 25 vezes o risco de manifestar a tuberculose. Dizendo-nos assim que um indivíduo com HIV tem uma probabilidade bem maior de adquirir e manifestar a tuberculose e que provavelmente será manifestada de uma forma mais severa (KERR-PONTES ET AL, 1997). Os casos mais comuns de imunossupressão associados com a tuberculose são os indivíduos com AIDS, os estressados, os que fazem uso de drogas imunossupressoras, os alcoólatras e os desnutridos. O mecanismo de aparecimento da TBC em indivíduos pode se dar tanto pela reativação de uma infecção tuberculosa pregressa, como de uma re-infecção ou de uma infecção primária (MOURA ET AL, 2006). 4.5 EPIDEMIOLOGIA Segundo relatórios da OMS (2001), o Brasil ocupa o décimo quinto lugar entre os 22 países responsáveis pelos 80% dos casos de TBC no mundo. A TBC e o HIV andam paralelamente em casos de morte no mundo. Muniz et al (2006) afirma que a associação entre TBC e a infecção pelo HIV afeta a mortalidade de 2 formas: a tuberculose traz uma importante letalidade para as pessoas infectadas pelo HIV, e o mesmo atua indiretamente no aumento da incidência de TBC. 35 Boffo et al (2004), relata que a prevalência de tuberculose entre negros no mundo é duas vezes maior do que em brancos. Considerando que as mais elevadas taxas de prevalência são verificadas na África, onde 31% dos casos de tuberculose em adultos estão associados à infecção pelo HIV. Kerr-Pontes et al (1997) aponta para estudos que indicam a existência de aproximadamente 400.000 infectados pelo HIV, sendo que 120.000 estão também infectados pela tuberculose no Brasil. O número de infectados pelo HIV é bastante alto e o número de co-infectados também está em alto número, o que nos propõe que o HIV deve ser tratado adequadamente para evitar agravamentos como a tuberculose, que dificulta a recuperação do paciente HIV positivo. Lima et al (1997), afirma que a vigilância epidemiológica da co-infecção TBCHIV/AIDS se dá por meio da avaliação da distribuição e disseminação na população. Sendo necessário este recurso para conhecer esta interação, e elaborar medidas de controle eficazes. Este mesmo autor relata que, a busca ativa de notificações em serviços de verificação de óbitos, laboratórios e hospitais, utiliza como instrumentos de notificação fatores clínicos e epidemiológicos da tuberculose associados ao HIV o que melhora a qualidade da notificação. Daí surge a necessidade da comparação dos registros dos sistemas de vigilância de ambas as patologias, para analisar o impacto da co-infecção. (LIMA ET AL, 1997). De acordo com Boffo et al (2004), estima-se que cerca de 500.000 pessoas infectadas pelo HIV vivem na América Latina, onde as taxas de incidência da tuberculose alcançam, em algumas áreas urbanas como no Brasil, níveis epidemiológicos considerados de emergência. Segundo o MS (2006), no Brasil entre 1980 a junho de 2000, o número de casos confirmados de AIDS estava de forma considerável. Estima-se que 20 a 40% desses portadores desenvolveram tuberculose em regiões de grande prevalência da infecção pelo HIV. Portanto faz-se necessário destacar que no país o alto índice de TBC associado ao HIV cresce de forma desordenada, uma vez que a tuberculose é uma doença contagiosa e infectante, que pode ser transmitida a indivíduos não infectados pelo HIV. 36 De acordo com Kerr-Pontes et al (1997), a região Nordeste e o Estado do Ceará apresentam condições propícias à persistência de casos de tuberculose existentes nos grandes contingentes populacionais mais pobres. Os serviços de saúde também registram uma crise geral que repercutirá em prejuízo da busca, diagnóstico e tratamento de tuberculose. Isto indica que a epidemiologia da tuberculose e da AIDS e as medidas propostas no controle e prevenção delas, não podem e nem devem mais ser discutidas separadas. Portanto, subentende-se que as duas infecções estão ligadas e o tratamento deve ser realizado o mais rápido e de modo correto, evitando agravamento. Segundo Moura et al (2006), o aparecimento do vírus da imunodeficiência humana (HIV) modifica a epidemiologia da TBC dificultando no seu controle. Sendo assim, a tuberculose por ser uma doença que possui um alto índice de prevalência, associada ao HIV, compromete ainda mais o sistema imunológico. 4.6 TRATAMENTO Oliveira et al (2004), relata que a tuberculose/AIDS estão relacionadas ainda com a demora do diagnóstico, uma vez que o paciente soropositivo pode deixar de procurar o serviço de saúde por receio de ter diagnosticada a AIDS, isso tornam pequenas as taxas de conclusão do tratamento, causando maiores índices de mortalidade. Para Gomes et al (2000) um fator peculiar da co-infecção, é o perfil do doente com AIDS, cujo tratamento para as infecções virais e oportunísticas, demanda grande quantidade de medicamentos. Outro fator importante é o usuário de droga injetável, cujo perfil, do ponto de vista biomédico, é o de refratariedade ou não aderência ao tratamento. Esses dois fatores são suficientes para a compreensão de um possível aumento da taxa de abandono de tratamento ou uso irregular das drogas. Desta maneira, sabe-se ainda, que mudanças terapêuticas por efeitos adversos aos medicamentos, vêm ocorrendo com maior freqüência em pacientes co-infectados. 37 Gomes et al (1997), relata que as taxas de abandono e de tratamento irregular tendem a aumentar no grupo de indivíduos com tuberculose infectados pelo HIV, pois neste grupo é mais freqüente o uso de drogas injetáveis. Esse comportamento está associado à dificuldade no cumprimento do tratamento medicamentoso, principalmente o esquema terapêutico da TBC com duração de nove meses. Desta maneira, além da prolongação de três meses no tratamento da TBC há uma maior resistência micobacteriana devido ao uso irregular das drogas, além da maior freqüência no número de internações hospitalares por pacientes infectados pelo HIV. Sabe-se ainda que nesses locais de internação é maior o risco de transmissão de M. tuberculosis, resistente ou não às drogas de paciente para paciente, criando assim uma seleção de cepas M. tuberculosis resistentes e, conseqüentemente, a ocorrência de elevadas taxas de resistência primária ou adquirida nestes pacientes. Segundo Boffo et al (2004), dentre os casos estudados, o M. tuberculosis foi a espécie responsável pela tuberculose, constatação fundamental para a validação do esquema de tratamento inicial da enfermidade para o portador do HIV ou para o paciente com AIDS (2RHZ / 7RH) preconizado pelo MS, o qual é extremamente eficaz, com níveis de insucesso muito baixos para esta espécie. Porém não pode descartar a possibilidade de não adesão ao tratamento o que é um fator de risco importante para o surgimento de cepas resistentes à isoniazida e à rifampicina. Jamal e Moherdaui (2007), dizem que a rede pública para o tratamento de TBC no Brasil foi estruturada e descentralizada ao longo das últimas décadas com a política de controle firmemente atrelada ao nível básico de atenção à saúde. Por outro lado, a rede de assistência à AIDS é relativamente recente e seu controle concentra-se nos níveis secundário e terciário. Afirmam ainda que ao paciente co-infectado, há a necessidade de atendimento multidisciplinar que inclua assistência médica e psicológica, serviço social, acompanhamento jurídico e referências para encaminhamentos a outras especialidades e estruturas de apoio, muitas vezes disponíveis em organizações não governamentais (ONG). Além disso, o paciente necessita de estímulo à adesão a ambos os tratamentos e de estrutura capaz de resgatá-lo do abandono 38 ou do uso irregular dos medicamentos, quando necessário. (JAMAL; MOHERDAUI, 2007) Segundo Lima et al (1997), relata que o tratamento padrão de TBC pelo MS, tem a duração de 6 meses, mas em vigência da infecção pelo HIV, o mesmo é prolongado para 9 meses. Dessa forma, a implementação da terapia antituberculose em indivíduos HIV positivo reduz a freqüência da TBC em pacientes com AIDS, levando a diminuição das taxas de letalidade e co-morbidade entre ambas as patologias, prolongando a sobrevida do co-infectado. Já Garcia et al (2000), destaca que as recomendações do Centers for Disease Control (CDC de Atlanta EUA) incluem neste caso o uso de rifabutina no lugar da rifampicina e escolha adequada dos anti-retrovirais compatíveis, sem a necessidade de prolongar o tratamento. A terapia com tuberculostáticos de duração de 9 (nove) meses no paciente HIV positivo preconizado anteriormente no Brasil, recentemente foi revista pelo MS em 1999, reduzindo o tempo de tratamento para 6 (seis) meses. O CDC recomenda o tratamento por 6 (seis) meses em caso de tuberculose sensível às drogas, com o prolongamento para 9 (nove) meses no caso de resposta clínica ou bacteriológica tardia. 4.7 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E MEDIDAS DE CONTROLE NO ATENDIMENTO AO PACIENTE CO-INFECTADO Segundo Jamal; Moherdaui (2007) as ações para o controle da co-infecção TBCHIV/AIDS devem abranger as áreas: assistencial, de vigilância epidemiológica e programática. Sendo assim, deve-se implementar ações que previnam o aparecimento da tuberculose ativa no indivíduo HIV positivo já infectado pelo bacilo Koch, realizar busca ativa de casos novos, notificação compulsória, realização de exames laboratoriais (baciloscopia), além de programas que reforcem a adesão ao tratamento. Muniz et al (2006) relata que a elevada prevalência da co-infecção TBCHIV/AIDS, está em grande expansão, os pacientes com TBC infectados pelo HIV 39 não aderem ao tratamento, tornando possível o aumento da resistência às drogas anti-TBC e aumentando o risco da transmissão do M. tuberculosis e de HIV para os seus comunicantes. Por isso faz-se necessário políticas públicas em saúde para que haja o controle dessas doenças partindo-se primeiro da detecção da tuberculose, no caso de associação, solicitar a sorologia anti-HIV aos pacientes com diagnóstico de TBC, dando a esses portadores melhores condições para o tratamento e proporcionando-lhes estímulos para o não abandono da terapêutica e oferecendo melhora na qualidade de vida. Brunner & Suddarth (2000), Munz e Bergstron (2004), Schechter (1998), e outros afirmam que o enfermeiro exerce um papel fundamental no cuidado com o paciente com TBC e HIV, e com sua família, instruindo-os sobre os procedimentos corretos para o controle da co-infecção. São atribuições do enfermeiro na co-infecção TBC-HIV/AIDS: - Identificar os sintomáticos respiratórios e imunodeprimidos entre as pessoas que procuram as unidades básicas de saúde, nas visitas domiciliares ou mediante relatos dos ACS. - Solicitar baciloscopia e anti-HIV dos sintomáticos para diagnóstico. - Orientar quanto à coleta de escarro e aconselhamento pré-teste para HIV. - Aplicar a vacina BCG para evitar as formas graves da TBC. - Salientar a importância do uso de preservativos. - Realizar teste tuberculínico, caso não tenha capacitação encaminhar para unidade de referência. - Realizar consulta de enfermagem mensal, conforme programação de trabalho da equipe. - Notificar casos de tuberculose e HIV/AIDS antes de iniciar o tratamento, caso confirmado diagnóstico convocar os comunicantes/parceiros para investigação de ambos. 40 - Orientar quanto ao uso correto das medicações, esclarecendo dúvidas dos doentes, desmitificando as tabus e estigmas. - Programar os quantitativos de medicamentos necessários ao mês, para cada doente cadastrado na unidade básica e centro de referência, de forma a assegurar o tratamento completo de todos. - Solicitar exame de escarro e célula TCD4 mensalmente, para avaliação da eficácia do medicamento. - Identificar reações adversas dos medicamentos e interações medicamentosas. - Encaminhar o doente para uma unidade de referência. - Agendar consulta extra, quando necessário. - Fazer visita domiciliar para acompanhar o tratamento, e supervisionar o trabalho do ACS. - Realizar ações educativas junto à comunidade sobre DST/AIDS. - Criar mecanismo de incentivo para a adesão ao tratamento, aos pacientes faltosos. - Convocar doente em abandono de tratamento. - Acompanhar ficha de supervisão do tratamento preenchida pelo ACS. - Manter as fichas de notificações atualizadas. - Planejar com a equipe e coordenação municipal, estratégias de controle da tuberculose na comunidade. - Trabalhar grupos de aconselhamento de jovens e adolescentes, em relação ao risco de exposição às DST’s e conseqüentemente co-infecção. - Manter em alerta, em relação à exposição do risco de pacientes atendidos. - Promover a distribuição sistemática de preservativos. 41 - Manter atualizado no que se diz respeito ao tema TBC-HIV/AIDS. De acordo com Waldman, Silva & Monteiro apud Jorge; Gotlieb (2000), o Ministério da Saúde em 1994 estabeleceu metas a serem cumpridas até o fim de 1998 que priorizaram cerca de 250 municípios onde a incidência da doença e sua associação com a AIDS são importantes indicadores do problema. Sendo que algumas das medidas poderiam ser consideradas ambiciosas, uma vez que a intervenção provável dos serviços de saúde no controle da TBC se restringe ao diagnóstico e tratamento precoce. Os serviços de saúde tentam minimizar os sintomas e tratar a TBC após o diagnóstico, contudo a intervenção precisa ser precoce para que o quadro não se agrave, pois a TBC tem cura, tendo essa probabilidade aumentada através do tratamento rápido e eficaz. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a busca de referências bibliográficas, conclui-se que a tuberculose e o HIV são doenças de alta prevalência e um grande problema da saúde pública. A associação de ambas dá-se através do contágio e exposição às doenças, afetando com maior intensidade os imunodeprimidos. Os fatores que interferem nessa associação TBC-HIV/AIDS estão relacionados às condições precárias de vida, aglomerações, a qual consolida esse problema como mal social. A idade, o sexo, a etnia e a imunossupressão também colaboram para essas moléstias tornando-as doenças de grande risco. A associação dessas doenças está relacionada com a reativação da tuberculose latente ou a resposta imunológica deficiente ao vírus HIV, tornando-se fatores de risco para o óbito entre indivíduos com TBC, devido o grau de imunodeficiência o qual torna-se número determinante de mortalidade nos pacientes infectados pelo HIV. Por isso a importância do diagnóstico precoce das doenças para encaminhar esses portadores ao tratamento, já que no primeiro estágio da doença, a fase de latência, o portador continua assintomático e apesar de não apresentar sintomas, ele tem que ser encontrado, pois corre o risco de se infectar pela tuberculose. Epidemiologicamente, a co-infecção TBC-HIV/AIDS está presente em vários países e é responsável pelos 80% de casos no mundo. Os pacientes infectados pelo HIV estão a cada dia aumentando em relação aos da TBC. A vigilância epidemiológica da co-infecção visa o controle da disseminação da doença, tornando assim, um trabalho eficaz no sentido de detectar precocemente os casos de AIDS já que a virulência do bacilo da TBC é maior do que os outros patógenos. É importante mencionar que o tratamento é a essência do estudo, onde começa o processo de recuperação da doença buscando a cura da tuberculose. É necessário tratar o paciente de forma eficaz para que ocorra o controle da tuberculose e da AIDS. 43 O profissional de saúde, principalmente o enfermeiro, tem papel importante para controle da co-infecção, realizando busca ativa de casos novos de HIV, captando esses portadores assintomáticos com o intuito de iniciar o tratamento mais precocemente possível e não permitindo assim que ocorra o abandono devido aos efeitos colaterais dos medicamentos, citados na literatura, para conseqüentemente reduzir os casos de co-infectados. Deve ainda trabalhar a promoção da saúde com planejamento de ações, desenvolvendo estratégias que venham a contribuir na qualidade de vida, tendo como elemento principal o vínculo enfermeiro-paciente através da assistência integral à saúde. 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Leila Maria Diniz; CUNHA, Luzia Alice Gonçalves; LIMA, Renata Teles; OLIVEIRA, Chaskia Soares. 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