1 Hidroterapia como tratamento fisioterapêutico de osteoartrite de quadril utilizando o método bad ragaz Valesca Garcia de Oliveira1 [email protected] Dayana Priscilla Mejia de Sousa2 Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual- Faculdade Ávila Resumo A osteoartrite é uma das doenças degenerativas que destrói toda a articulação móvel de um indivíduo por sua conseqüência. O quadro clinico dessa patologia é irreversível onde ocorre perda da cartilagem articular com sintomas de dor, rigidez articular, deformidade e progressiva perda da função. O Método de Bad Ragaz é uma coleção de técnicas de fisioterapia aquática desenvolvidas para aplicação em água em temperatura ideal, que promove a independência dos pacientes. Objetivo: O objetivo geral é verificar os efeitos do Método de Bad Ragaz na reabilitação de Osteoartrite (OA) durante o tratamento hidroterapêutico evidenciando uma abordagem de fácil aplicação, mostrando-lhe como uma grande ferramenta de tratamento. Metodologia:Para elaboração deste trabalho foi realizado uma pesquisa de ordem bibliográfica, através de consulta de livros sites e periódicos relacionados ao tema.Conclusão: Conclui-se que o exercício aquático utilizando o Método de Bad Ragaz fornece aplicação suave de resistência, amplitude completa de movimentos. Palavras-chave: Osteoartrite de quadril; Hidroterapia; Método de Bad Ragaz. 1. Introdução Osteoartrite, osteoartrose ou artrose é uma afecção progressiva e atualmente irreversível, onde ocorre perda da cartilagem articular que leva a dor e em alguns casos deformidade, principalmente nas articulações de sustentação de peso e extremidades inferiores e na coluna vertebral. Esse é o tipo mais comum de artrite, estando mais freqüente associado a idade, obesidade e traumatismo (SINDER, 2000). A osteoartrite é um processo induzido nas articulações por influências mecânicas, metabólicas e genéticas, causando perda da cartilagem articular e hipertrofia óssea. A perda progressiva da cartilagem articular e a recuperação inadequada levam a formação de osteófitos durante a remodelação óssea subcondral. Com a instalação lenta e progressiva da doença os sintomas de dor articular, rigidez, limitação de movimento, crepitação, edema e graus variáveis de inflamação surgem de maneira insidiosa (ISSY e SAKATO, 2005). Na osteoartrite também ocorrem deformidades articulares que levam a desequilíbrios compensatórios em outras articulações e músculos (ex: o encurtamento aparente de uma perna causada por uma deformidade da articulação coxofemoral em flexão, adução e rotação lateral pode levar a uma alteração escoliótica lombar compensatória). Portanto, o objetivo no tratamento da osteoartrite visa o alívio da dor e espasmos musculares, o fortalecimento dos 1 Pós -graduanda em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual pela Faculdade Ávila Orientadora Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Aspectos Bioéticos e Jurídicos da Saúde. 2 2 músculos periarticulares, a mobilização de outras articulações envolvidas, o aumento da amplitude de movimento da articulação afetada e melhora do padrão da marcha (SKINNER e THOMSON, 1985). A Osteoartrose é uma afecção degenerativa eminentemente crônica das articulações móveis, sobretudo do quadril, joelho e vértebras que suportam mais peso e caracterizam, basicamente, por degeneração progressiva a perda da cartilagem articular, coexistindo esclerose óssea subcondral e proeminências ósseas nas bordas articulares (BRASILEIRO,2000). Do ponto de vista ortopédico, diz-se que existe uma osteoartrite OA quando há uma lesão em espelho das duas superfícies articulares com abrasão da cartilagem e, ao menos em um ponto, o osso subcondral está exposto nas duas superfícies de contato. A partir daí, pode-se dizer que haverá uma evolução regular para o agravamento progressivo (HERBERT; XAVIER, 2003). A osteoartrite é classificada em primária ou idiopática, quando não é possível determinar sua causa, ou secundária, nos casos em que um ou mais fatores etiológicos podem ser apontados (MENDONÇA, 1993). A etiologia da OA não é bem conhecida, mas está relacionada com cargas excessivas e microtraumas repetitivos associados a tarefas ocupacionais, além de fatores hereditários, metabólicos e endócrinos que sugerem a participação do estrógeno na desordem (WEST MED, 1995). O quadril é uma articulação que suporta grande quantidade de carga e constante movimentação, levando a ter preferência em acometimentos por trauma, evoluindo subseqüentemente para OA que é a forma mais comum de doença articular caracterizada por alterações da cartilagem, novo osso nas margens articulares, conhecidas como osteófitos e lesões sinoviais congestivas e fibrosas (XHARDEZ YNES, 2001). Com base nesse pressuposto, estabeleceu-se uma problemática norteadora da pesquisa a seguinte indagação: os efeitos da hidroterapia através do Método de Bad Ragaz podem ser considerados como benéficos para osteoartrite de quadril? Sustenta-se como hipótese de trabalho a percepção de que, por ser uma técnica que se utiliza das propriedades físicas da água, a técnica de Bad Ragaz não compromete na recuperação do paciente, já que na água – principalmente aquecida – este encontrará um relaxamento muscular ideal para a cura da patologia referida. Esta pesquisa tem como objetivo geral demonstrar como este método pode contribuir para a terapia da OA, estudando a anatomia e a biomecânica do quadril, mostrando o aspecto da patologia e a apontando os benefícios da hidroterapia para o seu tratamento, com ênfase no Bad Ragaz. 2. Anatomia do quadril Dângelo e Fattini (2000), afirmam que existem vários músculos que atuam na estabilização do quadril. Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), afirmam que os músculos do quadril podem ser divididos em: Posteriores: são o glúteo máximo, bíceps da coxa, semitendinoso e o semimembranoso (chamados em conjunto de isquitibiais). Todos estes músculos são rotadores externos do quadril, mais o glúteo máximo realiza também a extensão do quadril. Há um grupo de músculos profundamente localizados que são rotadores externos do quadril: piriforme, quadrado da coxa, gêmeo superior, gêmeo inferior, obturador interno e obturador externo; Anteriores: inclui o reto da coxa, sartório, tensor da fáscia lata, iliopsoas e pectíneo. O tensor da fáscia lata tem uma localização ântero lateral, realiza a flexão, abdução e rotação interna do quadril. O pectíneo tem uma localização ântero medial e realiza a adução e a flexão do 3 quadril. O reto da coxa e o sartório realizam a flexão, rotação externa e abdução do quadril bem como a flexão e rotação medial do joelho. O ilipsoas é constituído de duas partes, ilíaco e psoas maior, e realiza a flexão e rotação externa do quadril. O pectíneo faz a adução e flexão do quadril. Laterais: os músculos laterais consistem em glúteo médio, glúteo mínimo, tensor da fáscia lata e o piriforme. O glúteo médio é o maior dos músculos laterais do quadril e realiza a abdução do quadril, sua porção anterior flexiona e roda medialmente o quadril, enquanto a porção posterior estende e roda lateralmente o quadril. O piriforme faz a rotação externa do quadril. O glúteo mínimo pertence a terceira camada dos músculos na região glútea, ele abduz, roda medialmente e flexiona o quadril. Mediais: são os músculos da adução do quadril, adutor longo, adutor curto, grácil e pectíneo. A principal ação anatômica deste grupo muscular é a adução do quadril (em certas posições diferentes os adutores podem produzir flexão, extensão ou rotação do quadril). Nos ossos do quadril identificam-se três articulações: a sinfisiana referente á união das sínfises, a sacrilíaca, união entre o osso sacro e os ilíacos, e a coxo femoral (GHORAYEB et al, 1999; RASCH et al , 1997) . A coxofemoral é uma das articulações do membro inferior (M.I) a qual a função específica de sustentação e locomoção do corpo humano. Esta é classificada como sinovial, esferoidal, permitindo movimento nos três planos (frontal, sagital e transversal) sendo o mesmo limitado pelas estruturas ósseas, capsulares e mioligamentares (HALL, 2000). 3. Os ligamentos do quadril Os ligamentos do quadril dividem se em ligamento iliofemoral, pubofemoral, isquiofemoral (LEE, 2001). Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997) descrevem que o ligamento ilifemoral cobre a articulação do quadril anteriormente e superiormente, sendo o principal estabilizador do quadril na posição ortostática. Tem origem na espinha ilíaca ântero inferior e se insere na linha intertrocantérica anterior. O ligamento pubofemoral é anterior e inferior á articulação do quadril, passa transversamente de sua inserção no corpo do púbis e estende se á parte inferior da linha intertrocantérica, unindo-se se a posição medial do ligamento iliofemoral. O ligamento isquiofemoral encontra se embaixo e atrás da cápsula, encontra se fixo ao acetábulo, estendendo se horizontalmente através do colo do fêmur e funde se ao ligamento iliofemoral. De acordo com Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997) todos os ligamentos tornam-se folgados quando o quadril é estendido; e na posição em pé, o ligamento iliofemoral, particularmente á faixa inferior, impede movimento posterior da pelve sobre o fêmur. Os ligamentos anteriores, especialmente o ligamento pubofemoral, limita a rotação interna. 4. Histórico da hidroterapia A utilização da água para fins terapêuticos é utilizada há milhares de anos. Os povos egípcios e muçulmanos acreditavam nas propriedades curativas da água, os hindus em 1500 a.C, utilizavam a água no combate da febre, e os orientais já praticavam prolongados banhos de imersão (SACCHELL; ACCACIO e RADL, 2007). No Brasil, a hidroterapia teve inicio na Santa Casa do Rio de Janeiro, com banhos de água doce e salgada, com Arthur Silva, em 1922, que comemorou o centenário do Serviço de Fisiatria Hospitalar, um dos mais antigos do mundo sob orientação médica. No tempo em que a entrada da Santa Casa era banhada pelo mar, eles tinham banhos salgados e banhos com água da cidade (CUNHA, 2001). 4 5. Propriedade física da água Carrego e Toledo (2008) ressaltam que uma das circunstâncias que determinada evolução das pesquisas e o uso das propriedades da água como tratamento, é a diminuição da ação da gravidade. Tal característica oferece um ambiente ideal para reabilitação de indivíduos que necessitam de uma menor descarga de peso nas articulações ou possuem limitações na terapia em solo. Este tópico apresenta uma descrição dos princípios e da sua utilização prática como: Flutuação A flutuação é a força experimentada como empuxo que atua em sentido oposto á força da gravidade. Assim, um corpo na água está submetido a duas forças opostas, a gravidade atuando por meio do centro da gravidade, e a flutuação, atuando por meio do centro de flutuação. Quando o peso do corpo flutuante iguala-se ao peso do líquido deslocado, e os centros de flutuação e gravidade estão na mesma linha vertical, o corpo é mantido em equilíbrio estável. A flutuação possibilita movimentos tridimensionais e posturais não reproduzidos em solo, aumentado os estímulos sensoriais ao Sistema Nervoso Central. Temperatura A imersão em água em torno de 33° a 36°, aumenta a distensibilidade do colágeno, diminui a rigidez articular, alivia a dor e o espasmo muscular, aumenta a circulação sanguínea, e facilita a resolução dos processos inflamatórios, edema e exudatos. Além disso, a ação do calor nos nervos periféricos e o aumento da circulação muscular diminuem a dor e a tensão muscular. Pressão Hidrostática A propriedade de suporte oferecida pela água da ao indivíduo com déficit de equilíbrio tempo para reagir quando há risco de queda, estímulos vestibulares melhoram a resposta de equilíbrio pela estimulação da ação muscular. Viscosidade A viscosidade evita a queda rápida e aumenta o tempo em que o indivíduo pode responder a um deslocamento do centro de gravidade fora da base de suporte. Além disso, o resultado final natural da perda de equilíbrio que não é corrigida é uma queda em um fluído, sem riscos de traumas. Essa sensação de segurança e a obtenção de melhor controle, da ao indivíduo coragem para tentar realizar os exercícios. Turbulência A turbulência pode ser gerada pelo movimento do corpo na água ou produzida artificialmente, aumenta o efeito desestabilizador e facilita o estimulo vestibular. Os estímulos que o indivíduo recebe podem ser usados para aumentar o equilíbrio na água. Densidade Relativa Os autores Biasoli e Machado (2006) relatam que a densidade relativa determina a capacidade de flutuar de um objeto ou corpo. A densidade da água igual a 1, já de um corpo humanóide 0,93 por isso ele flutua. 5 6. Método de Bad Ragaz Bad Ragaz é uma cidade Suíça construída em torno de um spa de água morna natural, com três modernas piscinas cobertas. Em 1930 teve início a utilização deste spa para exercícios aquáticos. Tal técnica de exercícios se originou na Alemanha pelo Dr. KnupferIpsen, cujo objetivo era promover a estabilização do tronco e das extremidades através de padrões de movimentos básicos e as vezes, resistidos, realizados segundo os planos anatômicos (BIASOLE e MACHADO, 2006). Segundo Routi, Morris e Cole (2000) em 1957, avanços técnicos desenvolvidos pelo seu criador, foram introduzidos em Bad Ragaz por Nele Ipseni. A técnica modificada foi usada para estabilização ou exercícios ativos resistidos. Knupfer incorporou os conceitos do neurofisiológico de treinamento de corrente naquela época e desenvolveu exercícios que consistiam em cadeias simples de movimento passando de articulação a articulação, principalmente em um único plano de movimento. 7. Tratamento fisioterapêutico O profissional em fisioterapia atua a estas alterações, principalmente referindo-se a recuperação da função do paciente. É de suma importância que o paciente crônico seja dentro de suas possibilidades, independente, tanto do ponto de vista funcional como psíquico. Nos tratamentos para artrose o êxito será obtido quando são aplicados tratamentos adequados (tanto farmacológicos, cirúrgicos e fisioterapêuticos), completados pela colaboração do paciente e a adequação do meio as suas possibilidades articulares, o que permitira que realize facialmente o tratamento que lhe fora prescrito (COMIN,2004). Como em todos os programas de exercícios haverá uma sessão de aquecimento. Estas atividades devem ser realizadas em profundidade apropriada, o que significa que a água deverá estar no nível do processo xifóidese o paciente conseguir exercitar-se de maneira segura nesse nível (CAMPION, 2000). Os autores Carrego e Toledo (2008) relatam que a água tem a capacidade de reter ou transferir calor, pelo mecanismo de condução (na qual a transferência se dá por colisões entre as moléculas e determinada diferença de temperatura) e convexão (transferência durante o movimento de muitas moléculas, ao longo de grandes distâncias). Koury (2000) relata que no tratamento de alguns problemas, o uso de aparelhos de flutuação pode ser indispensável ou desconfortável por posicionar parte do corpo incorretamente para o movimento ou ainda restringir o mesmo. Esse freqüentemente é o caso de tratamento para o quadril. Em tais casos, o terapeuta pode proporcionar a sustentação necessária do corpo. Esse método de sustentação possibilita ao terapeuta orientar e aumentar a amplitude de movimento durante o exercício para tratamento de patologia do quadril. O Método de Bad Ragaz e os exercícios aquáticos convencionais realizados sob a supervisão de um terapeuta são também efetivos no tratamento das fraquezas dos pacientes. Esse método pode gerar uma considerável resistência aos músculos dependendo do objeto flutuante (CAMPION, 2000). De acordo com Koury (2000) o terapeuta fornece estabilização, assistência com as mãos, orientação verbal apropriados para ajudar o paciente a realizar movimentos eficazes durante a aplicação do Método de Bad Ragaz. O fortalecimento dos membros inferiores ou da coluna lombar pode ser aprimorado o auxilio do terapeuta que atua como uma força estabilizadora para o movimento. Campion (2000) descreve nos exercícios de Bad Ragaz, o terapeuta age como um fixador ao redor do qual o paciente trabalha de forma isométrica, sustentado pelas bóias nas posições de supino, bruços e de lado, enquanto movimentam-se em cadeias fechadas movimentos retos e diagonais. Dessa forma, braços, tronco e pernas podem ser fortalecidos utilizando o sistema 6 de progressão de resistência prontamente graduado pelo terapeuta aquático treinado para o método. 8. Objetivos do tratamento Routi, Morris e Cole (2000) descrevem que pelo fato da sua versatilidade, o Método de Bad Ragaz oferece infinitas possibilidades de variações de exercícios para os pacientes neurológicos, ortopédicos e reumatológicos. Os objetivos de tratamento incluem, mas não são limitados a: a) b) c) d) e) f) g) h) i) j) k) l) m) Fortalecimento; Diminuição da dor; Alongamento e tração da coluna; Redução do tônus; Tração/ alongamento espinhal; Treinamento da capacidade funcional do corpo como um todo; Melhoria do alinhamento e estabilidade do tronco; Preparação das extremidades inferiores para sustentação de peso; Restauração de padrões normais de movimento das extremidades superiores e inferiores; Aumento da amplitude de movimento; Reeducação muscular; Relaxamento; Melhoria da resistência geral. 9. Aplicações da técnica Conforme Biasoli e Machado (2006) a rotina terapêutica dos pacientes pode incluir a hidrocinesioterapia através do Método de Bad Ragaz que é constituída de: - Exercícios isolados de membros superiores, membros inferiores e troncos para fortalecimento e ganho de amplitude de movimento; Exercícios de alongamento para aumentar a flexibilidade; Treinamento deambulativo para reeducação da marcha, propriocepção e iniciação de sustentação do peso; Técnicas de posicionamento usadas para diminuir a dor; Trabalho de condicionamento geral; Padrões complexos de movimentos para coordenação, equilíbrio, agilidade e simulação de habilidades atléticas ou trabalho. Salientado a necessidade de o terapeuta fornecer estabilidade ao paciente e ainda ser flexível com a aplicação, Margareth Campion descreve três modos pelos quais o terapeuta atua em relação ao paciente (ROUTI, MORRIS e COLE, 2000). Isotonicamente O terapeuta atua como um ponto de fixação “móvel”. Por exemplo, o paciente pode ser empurrado ou oscilado na direção do seu movimento ativo. Essa ação leva a um aumento da resistência a esse movimento. Em contra posição, o movimento pretendido do paciente (ROUTI, MORRIS e COLE, 2000). Isometricamente O paciente mantém uma posição fixa enquanto está sendo empurrado através da água pelo terapeuta. Essa ação promove contrações estabilizadoras. Além disso, o terapeuta pode mover 7 o paciente passivamente através da água para relaxamento, inibição do tônus, alongamento do tronco e tração da coluna. Em todas as quatro maneiras, o terapeuta atua como um ponto fixo durante a atividade (ROUTI, MORRIS e COLE, 2000). Isocineticamente O terapeuta terá maior fixação enquanto o paciente move-se através da água seja em direção a afastando-se de, ou em torno do terapeuta. O paciente determina a resistência encontrada ajustando a velocidade do movimento através da água (RUOTI, MORRIS e COLE, 2000). 10. Indicações do Método Bad Ragaz Os autores Ruoti, Morris e Cole (2000) relatam que o Método Bad Ragaz é versátil de tratamento que se presta a uma larga variedade de problemas e diagnósticos dos pacientes. Ele é particularmente indicado para: - - - Distrofia simpática reflexa e problemas semelhantes nos quais dessensibilização sensitiva está indicada; Transtornos neurológicos, incluindo acidente vascular cerebral, traumatismo crânio encefálico, doença de Parkinson, paraplegia e tetraplegia. Deve-se tomar cuidado com os pacientes de exibem hipertonia. Atividades rápidas e fatigantes devem ser evitadas porque aumentam a espasticidade; Condições ortopédicas e reumatológicas, incluindo condicionamento pré- cirúrgico e póscirúrgico do tronco e extremidades, fraturas e lesões de tecidos moles. O Bad Ragaz é valioso para todas as condições artríticas, tais como artrite reumatóide, osteoartrite, fibromialgia e miosite. Pacientes de mastectomia e cirurgia cardíaca que se beneficiam com alongamento e fortalecimento dos quadrantes superiores do tronco bilateral; Sintomas do atraso do desenvolvimento tais como defensividade tátil, uma vez que esses pacientes se beneficiam com o bombardeiro sensitivo e compressão pela água; Síndromes dolorosas das extremidades superiores e inferiores e das costas; Aumento da circulação sanguínea. 11. Contra-indicações do Método Bad Ragaz Ruoti, Morris e Cole (2000) relatam que os pacientes devem ser submetidos a uma triagem quanto todas as contra-indicações médica na atividade de reabilitação aquática: - - Se houve suspeita de problemas vestibulares em um paciente, o terapeuta deve movê-lo lentamente e vigiar continuamente o aparecimento de nistagmo. Alguns pacientes com má tolerância a estimulação vestibular aumentada podem ser contra-indicados por completo para o tratamento; Cuidados especiais devem ser tomados com pacientes com condições agudas das costas, pescoço e extremidades. Em muitos dos movimentos de Bad Ragaz, os pacientes afastamse do terapeuta em um movimento livre que para somente quando o limite de movimento articular é lançado. Na articulação normal isso não é um problema, mas no paciente com comprometimento articular agudo pode causar hiperalongamento e subseqüente lesão articular. A técnica pode ser modificada pelo operador dando passos para direção do movimento do paciente para parar o movimento antes de alcançar a amplitude máxima de movimento, movendo-se mais lentamente, e usando um braço mais curto de alavanca; 8 - Deve-ser tomar precaução para evitar fadiga excessiva. Os pacientes recebem uma grande carga de estimulação vestibular quando são puxados, empurrados ou virados na água; Febre; Ferida aberta; Erupção cutânea contagiosa; Doença infecciosa; Doença cardiovascular grave; História de convulsões não controladas; Uso de bolsa ou cateter de colostomia; Mestruação sem proteção interna; Tubos de traqueostomia, gastrotomia e/ou nasogástricos; Controle orofacial diminuído; Hipotensão ou hipertensão grave; Resistência gravemente limitada. Biasoli e Machado (2006) afirmam que problemas como náuseas, vertigem, doenças renais, hemofilia, diabetes, diminuição importante da capacidade vital e deficiência tireóidea, além do tratamento radioterápico recentes devem ser discutidos com o médico para estudar a indicação. Pacientes com fobia a água devem ter um acompanhamento criterioso. 12. Metodologia Utilizou-se os mais variados recursos, tais como pesquisa bibliográfica, artigos da internet publicações, revistas especializadas, que ofereceram informações que enriquecem seu conteúdo. Ocorreu como procedimento principal elaborar um estudo sobre os reflexos de tratamento hidroterapêutico da OA de quadril, utilizando o Bad Ragaz através de uma revisão bibliográfica. 13. Resultados e Discussão Segundo Tahara (2006) são inúmeras os benefícios das atividades aquáticas, em diferentes faixas-etárias e respeitando melhoria em diversos níveis. No que concerne ao aspecto físico, a possibilidade de realizar movimentos sem causar impacto ás articulações e tendões, estimulação de toda a musculatura e manutenção do tônus muscular, efeitos benéficos sobre o sistema respiratório e cardiovascular e recuperação de enfermidades. Em relação ao aspecto psicológico, tendência á elevação da auto-estima, alívio dos níveis de stress e maior disposição para enfrentar as atividades cotidianas. No que tange ao aspecto social, é perceptível como há novas possibilidades de favorecimento das relações interpessoais e conseqüente aumento dos laços de amizade, interesse em compartilhar experiências e ideais. De acordo com Fiorelli et al (2006) a terapia aquática oferece inúmeros benefícios, melhora da imagem corporal, desenvolvimento da independência, melhora das condições físicas, autoconfiança, melhora da autodisciplina e oportunidade para auto-expressão da criatividade. A hidroterapia pode ser usada como um complemento ou uma substituição da fisioterapia tradicional (em solo). As propriedades físicas e fisiológicas da água possibilitam a realização de exercícios dificilmente executados em solo, e que, associados á maior amplitude de movimento e á temperatura elevada da água permiti que o corpo ajuste-se ao começo da atividade e prepara-se para poder desempenhar a atividade física. Em Gomes et al (2007) o aquecimento prepara os músculos envolvidos para serem alongados aumentando o número de sarcômeros adicionados em série no ventre muscular e fortalecendo, pois a água aquecida não aumenta o atrito articular como é no caso dos 9 exercícios executados no solo, ocasionando o aumento da circulação nos músculos sem causar fadiga e reduzindo os estoques de energia. O aquecimento reduz as chances de lesão articular ou muscular, aumenta a mobilidade articular, o controle muscular, melhoria da manutenção e equilíbrio, coordenação e postura, aliviando dores e acelerando o processo de recuperação funcional. A hidroterapia pode ser usada em períodos de transição. Esses períodos de transição ocorrem quando os pacientes não toleram a fisioterapia em terra, quando eles não sustentam total ou parcialmente o peso do corpo e quando ainda não retornaram ás atividades diárias habituais (BIASOLI e IZOLA, 2003). De acordo com Biasoli e Machado (2006) a expansão e aceitação dessa técnica de reabilitação resultam da resposta positiva dos pacientes e da alta taxa de sucesso quanto a resultados e, as vezes, o único meio que permite a movimentação do paciente com doença reumática. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 10% da população mundial possua deficiência e que a metade destas são físico-funcionais. A capacidade funcional, em estudo da população idosa, é geralmente dimensionada em termos de habilidade e independência para realizar determinadas atividades. A capacidade funcional é um dos grandes componentes da saúde do idoso e mais recentemente vem emergindo como uma componente chave para avaliação da saúde dessa população. A avaliação da capacidade funcional torna-se, portanto, essencial para a escolha do melhor tipo de intervenção e monitorizarão do estado clinico-funcional dos idosos (SANTOS, KOSZUOSKI, COSTA, PATTUSSI, COSTA MFL, BARRETO, GIATTI, MARX, OLIVEIRA, BELLINI, RIBEIRO, 2007, 2003, 2006). De acordo com Gold apus Andrade et al,(2001) dor em indivíduos idosos é um sério problema de saúde publica, que necessita ser diagnosticado, mensurado, avaliado e devidamente tratado pelos profissionais de saúde, minimizando a morbidade e melhorando a qualidade de vida. Requer estratégia para avaliação precisa e tratamento adequado, porém, instrumentos de avaliação e mensuração raramente são usados para monitorar tal experiência. Exercícios físicos de moderada intensidade (por exemplo uma vigorosa caminhada) são benefícios para a saúde de indivíduos de todas as idades. Esses benefícios incluem redução da morbidade e mortalidade por doença coronariana, controle da hipertensão arterial, da glicemia e do colesterol e melhora do peso (ZACARON, DIAS, ABREU, 2006). A ausência de atividades físicas está associada com diversos problemas músculo-esquelético que podem afetar negativamente as atividades funcionais do idoso. Dessa forma, recomendase que adultos de diferentes idades pratiquem pelo menos 30 minutos de atividades físicas moderadas na maioria dos dias da semana e, se possível todos os dias. A manutenção da capacidade funcional é um requisito fundamental para o envelhecimento saudável e pode ter importantes implicações para a qualidade de vida dos idosos, por estarem relacionados com a capacidade de ocupar-se com o trabalho até idades mais avançadas e/ou com atividades agradáveis (ROSA, BENICIO, LATORRE, RAMOS, 2003). Com o aumento da expectativa de vida e o avanço da medicina no controle das doenças crônico-degenerativas, o conceito da saúde do idoso passa a ser avaliado não somente pela presença ou ausência de doenças, mas sim, pela capacidade do idoso de determinar e executar seus próprios desejos (ALVES, LEIMANN, VASCONCELOS, CARVALHO, VASCONCELOS, FONSECA, 2007). 14. Conclusão A osteoartrite de quadril na população de meia idade e idosos são mais freqüente. Neste trabalho quis mostrar que a hidroterapia e o Método Bad Ragaz têm um papel fundamental 10 para um tratamento mais adequado, por não produzir descarga de peso, pois essa patologia tem varias restrições, e sua principal causa é o desgaste da cartilagem articular. O método fornece uma forma segura de aumentar a resistência muscular e cardiovascular, sem sustentação de peso, impacto articular e trauma de tecidos moles impossíveis com outras formas de exercícios. Os profissionais da saúde devem ter vários métodos para tratar de uma osteoartrite de quadril, melhorando assim suas condutas e obter melhores resultados com essa patologia. Pode-se verificar com essa revisão que a OA é uma doença funcionalmente incapacitante principalmente nas atividades de vidas diárias. O fisioterapeuta é fundamental neste tratamento, pois evidência segurança e confiança da técnica que o mesmo esta aplicando em seu paciente e mostrando assim sua conduta e seus objetivos mais adequado para este tratamento deste paciente que tem uma patologia degenerativa e principalmente crônica. Esta técnica foi a escolhida, já que a água e o meio físico que não sobrecarrega a articulação do quadril, e principalmente por se tratar de uma patologia que não pode fazer descarga excessiva essa técnica é uma das mas indicadas para esse procedimento. Assim, um trabalho de fisioterapia corretamente proposto pode vir a auxiliar os pacientes com OA a aliviar a dor, aumentar a capacidade funcional das articulações acometidas e a independência nas atividades de vidas diárias e, devolver sua melhor qualidade de vida. Assim, um trabalho de fisioterapia corretamente proposto pode vir a auxiliar os pacientes com OA para aliviar as dores, aumentar a capacidade do paciente que no período critico e super importante ele obter a sua própria independência, com a graduação do fisioterapeuta que tem seu papel muito importante nessa nova face de sua vida. Atualmente, o papel do fisioterapeuta, além de trabalha na prevenção primária, secundaria e terciária de cada indivíduo, ter a capacidade de identificar precocemente as doenças de origem degenerativa, com os objetivos estabelecidos para finalidade das doenças, que acomete mundialmente a faixa etária mas criticas que é a terceira idade, ocasionado assim mais sofrimento dentre essa população. Com o objetivo principal da técnica e mostra que as pessoas que sofre dessa patologia, podem voltam a fazer suas atividades de vidas diárias, mas com moderação devido a restrição da doença que está estalado em seu corpo. 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES LC, LEIMANN BCQ, VASCONCELOS MEL, CARVALHO MS, VASCONCELOS AGG, FONSECA TCO, et al. A influência das doenças na capacidade funcional dos idosos do município de São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública 2007;23(8):1924-30. ANDRADE, MARIA MARGARIDA. Como Preparar Trabalhos para cursos de graduação: Noções Práticas. Editora Atlas S.A. São Paulo, 2004. ANDRADE FA, PEREIRA LV, SOUSA FAAF. Mensuração da dor do idoso: uma revisão. Ver Latino-Am Enfermagem 2006;14(2):271-76. BIASOLI,Maria C; IZOLA, LNT. Aspectos gerais de pacientes da reabilitação física em pacientes com osteoartrite. Revista Brasileira de Medicina vol. 60, N3, Março 2003 p.133-136. BIASOLI, Maria C.; MACHADO, Christiane M. C. 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