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formação
ao seu alcance
A
A Educação a Distância passa por um momento de
mudança, ganha espaço no Brasil e exige dedicação e
disciplina na maneira de ensinar e de aprender.
Por Brisa Teixeira
A tecnologia, a interatividade, a construção do conhecimento e o desenvolvimento da autonomia do aluno são características da Educação
a Distância (EaD) que, apesar das resistências, vem demonstrando uma
mudança de paradigma na maneira de ensinar e aprender. Tais mudanças apresentam um novo cenário, uma nova concepção de aprendizagem colaborativa, a partir das comunidades virtuais e dos suportes de
ferramentas tecnológicas mediadas pela interação virtual e tutorial.
Em meio à polêmica que gera, assim como os desafios que são
colocados à prova para conquistar o seu reconhecimento e sua va34
lorização no meio educacional, a Revista Aprendizagem traz como
reportagem de capa não só a divulgação de boas práticas de projetos
que vêm ganhando reconhecimento, de alunos e professores que se
adaptaram a essa nova modalidade de ensino, assim como procura
aprofundar o assunto com a opinião e análise de educadores especializados na Educação a Distância.
São muitos os avanços significativos da EaD, mas os avanços devem
ser medidos pelas práticas dando significado à maneira de fazer Educação a Distância, tanto do ponto de vista do professor quanto do aluno.
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Um aluno diferenciado
Ao comparar os dois cursos, ela diz que o ensino presencial teve a
vantagem de ter o professor “ao vivo”, fisicamente, mas que isso não
significava que o aluno conseguiria alcançar a aprendizagem, pois o
que pesa nesse contexto é o interesse do aluno em prestar atenção
à aula. “Não adianta estar presente se os pensamentos estão longe.
Quantas vezes eu ia para a aula, mas pelo fato de estar cansada, por
ter trabalhado o dia todo, não conseguia prestar atenção, mas como a
presença era obrigatória acabava indo, só por ir”, diz Grazieli.
Já a experiência de ter feito um curso a distância fez a aluna perceber as inúmeras vantagens dessa modalidade de ensino. “Eu tinha
uma falsa ideia de que seria fácil e que não precisaria estudar tanto
como foi na presencial. Ao conhecer a metodologia da Instituição, percebi que tinha que organizar meu tempo, separando algumas horas
por dia para me dedicar aos estudos”.
A acessibilidade e a flexibilidade para organizar o tempo foram os
pontos altos destacados por ela. “O aluno não precisa estar presente no
polo todos os dias. Recebemos DVDs das aulas gravadas, com os livros
físicos e virtuais, podendo assim estudar em casa, organizando o tempo
de estudo nos horários mais propícios”, diz a pedagoga. Ela explica que o
aluno de EaD, por meio do uso da internet, acessa o Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) do curso com conteúdos das aulas, conversa com
o professor via chat, fórum, e-mail, entre outros recursos tecnológicos.
Hoje, ela pode afirmar que estudou muito mais no ensino a distância
pelo fato de não ter o professor todos os dias para tirar suas dúvidas. “Eu
tinha de me inteirar de todo o conteúdo disponível, para depois realizar
um levantamento das minhas dúvidas e aí, então, entrar em contato
com o tutor local ou com o professor da disciplina”, diz.
José Bittar
Grazieli Pache Albuquerque Takahashi fez graduação a distância
em Pedagogia, no Centro Universitário Uninter, com sede matriz em
Curitiba. Essa não foi a sua primeira graduação. Anteriormente, ela se
graduou no curso presencial de Tecnologia em Meio Ambiente, na Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Boas práticas levam a EaD ao reconhecimento.
anteriormente, desde 2005, a Instituição oferecia o Normal Superior EaD.
Atualmente, há no curso de Pedagogia em torno de 17 mil alunos, em
todos os estados do país.
A coordenadora do curso, Regiane Banzzatto Bergamo, diz que, dependendo do perfil do acadêmico, as expectativas de ensino-aprendizagem
são superadas, pois o estudante desenvolve sua autonomia na busca do
conhecimento e avança em relação aos seus estudos. Ela tem observado
que, no decorrer dos anos, os formados a distância concorrem igualmente
com os de cursos presenciais. “Temos colecionado inúmeras histórias de
sucesso. É comum os alunos ligarem informando que passaram em concursos públicos e em boas classificações. Acredito que isso seja um bom
indício de que estamos no caminho certo”, diz Regiane, confiante no crescimento e reconhecimento do ensino a distância.
Expectativas superadas
Para Regina Helena Ribeiro, coordenadora de Tecnologias Aplicadas à
Educação do Senac São Paulo, atualmente, a sociedade já percebe que o
aluno que estuda a distância é, muitas vezes, mais dedicado do que os
que optam por cursos presenciais. E isso se reflete no próprio desempenho deles no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), já
que os acadêmicos da EaD tiveram notas mais altas comparando com os
formandos da educação presencial.
O curso a distância de Pedagogia, do Centro Universitário Internacional
Uninter, onde Grazieli estudou, em seis anos já formou, aproximadamente, 13 mil pedagogos em todo o Brasil. O curso iniciou em 2007, porém,
“Os alunos que optam por cursos a distância são aqueles que possuem
como principal característica a autodisciplina e compreendem que estudar a distância não significa estudar menos e sim ter flexibilidade dos ho35
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rários de estudo”, diz a coordenadora. Vários estudos, explica ela, indicam
que os alunos os quais optam pela graduação a distância são normalmente mais velhos, em média, 33 anos, contra 26 anos dos colegas do ensino
presencial. O público feminino também predomina nessa modalidade.
Os cursos a distância, a princípio, passam para o aluno uma falsa impressão de que serão mais fáceis. No entanto, essa modalidade compensa a falta de contato presencial com atividades que exigirão, por parte do usuário,
uma dedicação tão grande ou até maior do que na educação tradicional.
Professores e diretores de instituições que oferecem cursos de EaD são unânimes ao dizer que estudar a distância tem seus prós e contras.
Para Carlos Alexandre Velozo, proprietário do Colégio São João Batista, de Nova Friburgo (RJ), a melhor maneira de aproveitar as vantagens de um curso de EaD é, antes de começá-lo, estipular uma rotina
Geyson Magno
Os prós e contras
A flexibilidade para organizar o tempo são pontos altos destacados pelos alunos.
Vantagens
Desvantagens
•A flexibilidade beneficia quem já é um profissional e não tem
horário disponível ou para mães ou pais, que não necessitam se
ausentar de casa todos os dias ou noites para estudar;
•Exige muita disciplina por parte do aluno para cumprir tarefas.
Muitos não se adaptam e desistem do curso;
•As tecnologias adequadas conseguem levar o conhecimento
para espaços geográficos distantes e isolados;
•A falta de contato direto com os colegas e professores inviabiliza
a criação de uma rede de contatos profissionais, um dos objetivos
para quem busca networking em um curso superior;
•A Redução de custos, normalmente um curso feito a distância é
de 40% a 75% mais barato que o curso presencial;
•Não é indicado para quem tem problemas de organização;
•A O aluno pode escolher o seu próprio ritmo de estudos;
•A falta de reconhecimento por parte do mercado de trabalho
ainda existe;
•A Não há necessidade do deslocamento para ir até a Instituição
que ministra o curso.
•Muitas instituições, professores e alunos ainda não aceitam essa
modalidade e a desqualificam;
•A Independência na escolha dos horários a serem dedicados ao
estudo;
•Alguns conselhos de classe não aceitam registro de alunos graduados em curso a distância;
•A Inclusão social – pessoas portadoras de determinadas deficiências estão tendo chances de acesso à educação;
•Por ser a distância, muitos alunos perdem os prazos para a realização de etapas e tarefas;
•A Possibilidade de assistir à mesma aula mais de uma vez para
fixar o conteúdo.
•Algumas regiões não há o alcance da internet para que seja
possível utilizar todos os recursos disponíveis para o aprendizado
(chat, fórum, etc.).
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Como escolher um curso a distância
que inclua momentos destinados a assistir às aulas – mesmo que em
horários variados – e realizar as atividades. “O ideal é que não haja
distâncias muito longas entre os acessos, a fim de que os conteúdos
sejam construídos sistematicamente”, diz Velozo.
• Visite o polo de apoio presencial no qual você participará das atividades
presenciais obrigatórias, veja se o ambiente é apropriado, se possui biblioteca e laboratórios (se o curso exigir);
Ele complementa afirmando que há vantagens e desvantagens ao
escolher um curso de EaD e a decisão em cursar ou não vai depender
muito do perfil do aluno. Segundo o educador, um curso EaD oferece ao
seu usuário uma independência na escolha dos horários a serem dedicados ao estudo. Além disso, permite que se assista à mesma aula inúmeras vezes, fato que colabora para o entendimento do que é ensinado.
Nesse caso, explica ele, um aluno persistente e comprometido com o
aprendizado se beneficiará e muito com o curso a distância.
• Informe-se com alunos atuais e ex-alunos do curso; caso você não tenha contato com nenhum, solicite aos responsáveis algumas indicações;
• Verifique a instituição responsável, sua idoneidade e reputação, bem
como analise o currículo dos coordenadores e professores do curso;
• Confira, ou solicite informações sobre a estrutura de apoio oferecida aos
alunos (suporte técnico, apoio pedagógico, orientação acadêmica, etc.);
• Para o caso de cursos que conferem titulação, solicite cópia ou referência do instrumento legal (credenciamento da instituição, do polo de apoio
presencial e autorização do MEC ou do Conselho Estadual de Educação) no
qual se baseia sua regularidade.
O curso só não é vantajoso, na opinião de Velozo, quando não há, por
parte do usuário, disciplina em assistir às aulas e realizar as atividades propostas. “Nesse caso, a EaD será uma ferramenta desperdiçada”, acredita.
Para Renato Antônio de Almeida, diretor administrativo do Instituto Prominas (MG), a EaD difere do presencial principalmente porque,
a distância, o aluno pode escolher o seu próprio ritmo de estudos.
“Em uma sala de aula, é preciso seguir o mesmo ritmo da turma. Se
em determinado momento o aluno tiver uma facilidade maior com o
tema estudado, ele pode aumentar sua velocidade e ganhar tempo
ou reduzir sua velocidade e focar mais em determinado assunto em
que tenha dificuldade. Portanto, isso normalmente resulta em um
aproveitamento muito melhor”, diz.
(Fonte: Ministério da Educação)
Há também outras vantagens, citadas por Almeida, como evitar o
deslocamento – imprescindível principalmente em grandes centros ou
grandes distâncias – e redução de custos, pois, normalmente, os cursos
a distância têm um custo menor e acesso a mais opções, os quais muitas
vezes não são ofertados na modalidade presencial.
• 142 instituições credenciadas para oferta de EAD
• 1.044 cursos de graduação a distância
• 7.511 polos de apoio presencial
• 992.927 matrículas em cursos a distância
Geyson Magno
Números da Educação a Distância
No Ensino A Distância a mesma aula pode ser assistida inúmeras vezes.
• 151.552 concluintes em cursos a distância
(Fonte: Ministério da Educação)
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Como o MEC vê o crescimento da EaD no
Brasil?
O país precisa ampliar o acesso dos jovens e trabalhadores à educação
superior, e a modalidade EaD é um instrumento relevante por suas características de flexibilidade em relação a tempo e local. A opinião é da coordenadora geral de regulação da educação superior a distância do MEC,
Cleunice de Matos Rehem. Para e la, a expansão da modalidade EaD tem
de estar necessariamente vinculada à qualidade, para assegurar os direitos
dos estudantes e o pleno exercício da cidadania para a inserção sustentável no setor produtivo. Nesta entrevista, concedida exclusivamente para a
Revista Aprendizagem, Cleunice diz que o MEC vê com otimismo o crescimento da EaD, considerando a importância da educação superior para o
desenvolvimento do país.
Entrevista
Divulgação
A oferta de cursos em EaD vêm aumentando cada vez mais. Isso
colabora para o acesso à educação superior?
Sim, essa é uma consequência esperada. Locais de difícil acesso, distantes dos grandes centros urbanos, desprovidos de faculdades ou universidades vêm, gradativamente,sendo beneficiados com a presença da educação
superior na modalidade a distância, para seus jovens e trabalhadores em
geral. Os avanços tecnológicos, aliados às políticas públicas que visam
à equidade, justiça social e democracia, vêm permitindo a ampliação do
acesso à educação superior de contingentes populacionais, no Brasil, que
jamais tiveram essa oportunidade. Essa expansão implica possibilidade de
desenvolvimento socioeconômico e cultural do país e requer investimentos crescentes, acompanhamento e controle para correlacionar oferta com
qualidade. Esse é papel não é apenas do Estado, mas de todos os envolvidos com a educação superior na modalidade EaD.
Qual o maior desafio da EaD?
O desafio está no comprometimento de formar com qualidade, prevenindo ofertas superficiais e inconsistentes, traidoras da potencialidade de
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Qualquer instituição pode fornecer cursos a distância?
Para oferecer cursos superiores na modalidade a distância a Instituição –
integrante de qualquer sistema de ensino – precisa já estar regularmente
credenciada para a oferta de cursos presenciais, ser detentora de um Índice
Geral de Cursos (IGC ) satisfatório e receber o credenciamento específico do
Ministério da Educação (MEC) para EaD, ato que requer protocolização de
processo regulatório no sistema e-MEC, conformidade da documentação
exigida, avaliação in loco pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP), análise de mérito pela Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES) e parecer do Conselho Nacional de
Educação.
Os alunos que querem estudar nessa modalidade devem prestar
atenção em que detalhes no momento de escolher a instituição?
Cleunice de Matos Rehem
Coordenadora geral de regulação da
educação superior a distância do MEC
educar plenamente com qualidade e profundidade, independentemente
de lugares e tempos. Somos todos responsáveis por esses avanços e conquistas e somos convidados a nos constituirmos fiscais permanentes dessa
oferta para sua melhoria crescente.
Basicamente, é recomendável alguns cuidados para prevenir
problemas. É importante verificar a situação perante o MEC de três
aspectos relevantes: se a Instituição é credenciada e está em situação regular; se o curso é detentor de avaliação satisfatória; se o polo
de apoio presencial que pretende frequentar está credenciado e em
situação regular. Além disso, é importante verificar o tipo de apoio
pedagógico que a Instituição oferece aos estudantes – professores,
tutores, material pedagógico do curso, frequência da assistência
por professores e tutores, sistema de avaliação da aprendizagem,
infraestrutura administrativa, pedagógica e tecnológica do polo,
recursos tecnológicos do curso, biblioteca disponível e o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, o qual pode ser um facilitador ou
dificultador do processo de aprendizagem.
Que estruturas uma Instituição de Educação Superior (IES) deve ter
para oferecer cursos em EaD?
A oferta de cursos superiores por EaD requer expertise e vocação da IES nessa modalidade, ou seja, experiência consolidada em
oferta de cursos livres por EaD, na implantação de EaD em até 20%
do currículo de cursos presenciais já reconhecidos. São requeridos:
quadro de professores com alta titulação e experiência em EaD;
competência instalada na produção de materiais didáticos exigidos
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para os cursos; condições tecnológicas modernas, altamente facilitadoras e em quantidade e qualidade satisfatórias para o quantitativo desejado de estudantes - Ambiente Virtual de Aprendizagem
atualizado, interativo, de fácil acesso e navegação, internet de alta
velocidade, TV, rádio, satélite, laboratórios de produção de vídeos,
filmes, materiais para aprendizagem e laboratórios virtuais de simulação; especialistas produtores de materiais didáticos para EaD;
professores e tutores para o processo de aprendizagem em quantidade suficiente para o adequado apoio e acompanhamento dos
estudantes; bibliotecas com acervo básico e complementar; laboratórios de informática para os estudantes, além dos laboratórios
especializados que cada curso requer; sistemas de ensino e aprendizagem. Além disso, as parcerias especializadas e altamente competentes são também importantes para potencializar os recursos
da Instituição.
É comum o fechamento de cursos por não atender aos requisitos básicos?
Para zelar pela qualidade da educação, o MEC – por meio da SERES – supervisiona os cursos e as IES. Os procedimentos de supervisão implantados
e intensificados sobre cursos que não atendem aos requisitos mínimos de
qualidade em sua oferta têm resultado em medidas cautelares com aplicação de sanções, sendo a mais drástica o fechamento do curso ou até da instituição, quando as ações determinadas não são atendidas. O fechamento
de curso é considerado uma medida de exceção e aplicada para salvaguardar o interesse dos estudantes e da sociedade.
Como é feita a inspeção e as visitas periódicas às Instituições para
verificar as condições e a estrutura?
No fluxo regular, os atos regulatórios de um curso superior – autorização, reconhecimento e renovação do reconhecimento – exigem avaliação
in loco pelo INEP, concretizada por comissão de especialistas que realizam
a verificação das condições de oferta, aplicando instrumento padronizado
de avaliação. São verificadas três dimensões, basicamente: organização
didático-pedagógica, corpo social (professores, tutores, coordenadores,
técnicos e funcionários administrativos) e infraestrutura do curso. Além
disso, é verificado o atendimento a outros aspectos legais, como condições
de acessibilidade, atendimento às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs),
educação ambiental, dentre outros.
Como são atribuídas as notas?
A comissão atribui notas a cada indicador em cada dimensão e, no final,
encontra uma média que passa a ser o Conceito do Curso (CC). O relatório da avaliação é remetido para a SERES que o utiliza como referencial
básico para a regulação. Avaliação coerente, com conceito de curso igual
ou superior a 3 (três), e elementos da instrução processual satisfatórios
constituem-se em referência suficiente para a emissão do ato regulatório
pretendido para o curso, considerando que os padrões mínimos de qualidade foram atendidos. No caso de resultado insatisfatório, a IES é instada a
assinar Termo de Compromisso para sanar os aspectos insuficientes, num
prazo determinado.
Sites importantes para a EaD
emec.mec.gov.br
O cadastro do e-MEC é atualizado em tempo real. Para saber se a instituição é credenciada pelo MEC, verifique a regularidade da Instituição acessando o
sistema e-MEC. A busca traz lista de Instituições/cursos e os respectivos indicadores de qualidade (IGC/CPC). Por esse mesmo endereço é possível fazer a
consulta às Instituições e polos de apoio presencial credenciados pelo MEC.
portal.inep.gov.br/superior-censosuperior-sinopse
Informações sobre matrículas, número de polos e instituições, com lista de Instituições e cursos, podem ser encontradas no Censo da Educação Superior,
que é feito anualmente pelo INEP.
portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf
Endereço eletrônico no qual estão os Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância.
(Fonte: Ministério da Educação)
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Uma peça-chave para a qualidade dos cursos a distância é a estrutura
que a instituição oferece para o trabalho do tutor. A tutoria hoje é indispensável para os cursos de EaD. Todos os que são oferecidos na modalidade
a distancia precisam de um tutor que conduza as atividades pedagógicas
que os docentes elaboram e organizam para tais conteúdos programáticos. Enquanto o professor está para a organização didático-pedagógica e
as atividades avaliativas, o tutor é o responsável pelo acompanhamento
e a aplicação delas, dependendo do modelo pedagógico e metodologia
desenvolvida nas instituições.
Para Viviane Marques Goi, coordenadora pedagógica da Associação
Nacional do Tutores de Ensino a Distância (Anated), quem quer atuar na
tutoria deve buscar uma boa formação, que dará suporte para que o tutor
consiga cumprir bem os desafios da função. Segundo ela, é importante que
o tutor tenha desenvolvido, em sua formação, competências a partir de três
grandes áreas: pedagógica, tecnológica e de gestão.
Infelizmente, explica a coordenadora, alguns têm tido apenas a formação tecnológica, que ensina a trabalhar na plataforma de ensino, de uma
forma burocrática, longe do ideal.
Divulgação
Tutor: peça-chave na interação
“O professor tutor é o
profissional que tem o
papel de realizar ação
educativa como mediador, sendo necessário informar, motivar, orientar e realizar
o acompanhamento
do processo de ensino-aprendizagem do
aluno. A atuação desse profissional será de suma importância
na Educação a Distância no Brasil. O tutor
deve estar inserido num contexto de aperfeiçoamento do processo de comunicação
para participar da construção do conhecimento, autonomia, interação, colaboração
entre os participantes e desenvolvimento de consciência crítica no processo de
aprender a aprender”.
Claudia Osório de Castro
Remuneração
Ainda existem instituições de ensino que não valorizam o tutor,
porque desconhecem o quanto ele é importante para o sucesso do
projeto de EaD e, por isso, o remuneram mal. Viviane diz que, por outro lado, passam a dar mais valor quando identificam sua importância, principalmente na redução à evasão.
Trabalha como tutora há três anos. Atua em cursos de
pós-graduação no curso de Gestão Pública a Distância
da Escola de Gestão Pública, Política e Jurídica – do
Centro Universitário Internacional Uninter. Sua atuação passa pela rádio web, chat e fóruns das disciplinas,
além de fazer orientação de TCC.
Aperfeiçoamento
Para aqueles que quiserem se aperfeiçoar e descobrir um novo campo de atuação, algumas instituições de ensino oferecem a formação para os tutores. A Anated, por exemplo, é um centro de referência na formação da tutoria, tanto no que diz respeito à formação
inicial, bem como à formação continuada. Além disso, a partir do mês de maio, a Anated certificará tutores, por meio da aplicação
de um exame, que será composto de uma prova de conhecimento e uma entrevista online, algo inédito no campo da educação.
Outra instituição preocupada em formar novos educadores para atuar na Educação a Distância é o Saber EaD, de Brasília. A diretora
do curso, Cassandra Amidani, explica que os cursos são elaborados conforme a demanda e a necessidade das instituições/organizações que procuram o Saber EaD. “Produzimos materiais para EaD em mídias diversas e fazemos gestão tecnológica e pedagógica
da plataforma Moodle”, diz.
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Do presencial ao virtual
Muitos cursos ministrados antes 100% presenciais tiveram uma evolução significativa quando passaram para a modalidade a distância. Um
exemplo de sucesso é o “Projeto Ler e Pensar”, que desde 2001 ministra
cursos, em todo o Paraná, de formação pedagógica para o uso do jornal
em sala de aula. De lá para cá, o volume de cursos ofertados foi crescendo
até que a Instituto GRPCOM viu a necessidade de ofertá-lo na modalidade
a distância. A partir de 2010, surgiram as primeiras experiências e hoje o
programa de formação é ofertado via internet.
A iniciativa, segundo Everton Renaud, gestor de e-learning do Instituto,
leva em consideração a necessidade de formar os professores e promover
a educação apesar da distância. “A abrangência dos projetos é cada vez
maior, a busca por formação também é uma constante entre os participantes dos cursos, enquanto que a possibilidade de reunir todas essas pessoas
num único espaço em um curto espaço de tempo é cada vez mais escassa”,
diz. Além disso, acredita ele, a escolha também reflete uma tendência de
aprimoramento na forma de atuar com formação.
A mudança permitiu muitos resultados positivos. Segundo Renaud, o
índice de conclusão é muito superior ao realizado com cursos presenciais,
superando, inclusive, as metas iniciais do projeto. Em Campo do Tenente
(PR), por exemplo, a taxa de conclusão foi de 100% e em Contenda (PR),
98%. “São números bastante significativos e que mostram que a educação
e a formação podem acontecer apesar de qualquer distância e variadas
condições de acessos”, diz Renaud.
Outro fator positivo é que os módulos passaram de quatro para dez,
permitindo a vantagem da certificação, ao final de cada etapa. “Antes, o
professor passava por uma oficina de quatro horas, mas precisava completar sua formação com uma série de atividades em sala de aula até
conseguir seu certificado. Hoje, no mesmo ambiente, se integram
todas as atividades”, explica o gestor.
As vantagens estendem-se também para o corpo docente. Os
cursos ofertados na metodologia EaD têm maior adesão dos professores em função da facilidade de gestão da própria aprendizagem e
total possibilidade de intercalar o estudo com as demais atividades
do seu cotidiano pessoal e profissional.
O sucesso do projeto é tanto que, em 2011, conquistou o “Prêmio Mundial de Jovens Leitores” da “Associação Mundial de Jornais e Editores de
Notícias”. Renaud acredita que para alcançar esse reconhecimento é extremamente importante que as equipes estejam envolvidas com a produção
de materiais para EaD e atenta ao modo de exposição de seus conteúdos.
A palavra-chave, acredita ele, é dinamismo, conhecendo e usando ade-
quadamente todos os recursos possíveis para prender a atenção dos participantes e incentivar a aprendizagem de forma efetiva. Tais recursos, diz
Renaud, vão desde a escolha da linguagem mais adequada para o público
que vai participar da formação até a relação de diversos recursos visuais e
auditivos, plataformas de leituras e tipos de texto. “Tudo deve ser pensado
de forma a contribuir e jamais dificultar a aprendizagem”, diz.
Alunos satisfeitos
Para Célia Regina Cotovicz, assessora pedagógica, na região de Contenda, a experiência em fazer um curso a distância foi boa, devido ao
acesso, o conforto e o crescimento ao longo do curso, pois foi preciso,
diz ela, de uma boa leitura, entendimento e compreensão do estudo.
A EaD, segundo a assessora, proporciona estudar em casa, no trabalho,
em horários disponíveis, em grupos de estudos, sozinha, porém ao
mesmo tempo conectada com milhares de pessoas de todo mundo,
aprendendo muito mais do que a disciplina em em curso. “É um verdadeiro mix de cultura que aumenta as oportunidades”, destaca ela.
Outra educadora, que não poupa elogios, é a pedagoga Adriana de
Pádua Mello Doering. O curso em EaD do Projeto Ler e Pensar foi a sua
primeira experiência com um curso feito a distância. “Percebi que a gestão do tempo é particularmente importante, além da oportunidade de
aprofundar conhecimentos e interagir praticamente em qualquer lugar
e durante o período necessário”, disse. Ela confessa que teve receio antes de fazer o curso, porém a curiosidade era maior. Hoje, afirma que,
com certeza, faria outro curso a distância, buscando autonomia nas
ações e flexibilidade de horário e local.
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Os desafios da EaD
Seminário realizado em fevereiro deste ano, pelo Sindicato dos Professores de São Paulo (SINPROSP), colocou em debate os atuais desafios com os
quais os professores lidam no ensino a distância e com as tecnologias aplicadas à educação. Muitas reflexões, ideias e uma certeza: ainda há muito a ser
discutido. Isso porque as novas demandas têm colocado os docentes diante
de novos papéis, atitudes e exigências profissionais. Tais mudanças ainda
estão em processo de assimilação no ambiente escolar e algumas questões
seguem sem uma resposta clara, como é o caso da devida regulamentação
do trabalho docente decorrente das novas ferramentas tecnológicas.
Os debates e eventos não param por aí. Várias instituições organizam seminários, workshops e palestras para levar ao público os avanços na área de
EaD e os seus desafios para o esperado reconhecimento. Em maio, durante a
20ª Educar Educador, a mesa-redonda “Fenômeno Global: EaD e o Estímulo
que Causa à Educação Continuada, Ação Fundamental no Atual Mercado
Competitivo” trará especialistas do setor para falar sobre o assunto.
Cassandra Amidani, educadora especializada em Educação a Distância,
uma das educadoras que vai compor a mesa, acredita que várias barreiras
já foram derrubadas e alguns preconceitos superados, porém, destaca ela,
muitas instituições, professores e alunos ainda não concordam com essa
modalidade e a desqualificam por não acreditar na sua eficácia.
Cassandra diz que existem vários motivos que geraram e ainda geram
preconceitos em relação à EaD. Um deles, exemplifica, é o tratamento que
algumas pessoas dão a ela: uma fórmula mágica para salvar a educação,
como se a presencialidade fosse um problema. “As contribuições que a EaD
“É preciso ‘enxergar’ que os
alunos graduados a distância
desenvolvem muitas competências
extracurriculares, como a
autonomia, a autogestão, dentre
muitas outras.”
Cassandra Amidani, educadora especialista em EaD
pode trazer ao ensino em geral, no entanto, não são pautadas nessa presunção, mas na busca de alternativas que viabilizem o ensino e a aprendizagem. O importante é enfocar mais intensamente o ato de educar e deixar
de lado o aspecto ‘a distância’ ”, acredita. Para ela, é preciso “enxergar” que
os alunos graduados a distância desenvolvem muitas competências extracurriculares, como a autonomia, a autogestão, dentre muitas outras.
Outra educadora que vai colaborar com seus conhecimentos na mesa-redonda sobre EaD durante a Educar é Alice Carraturi, colaboradora no projeto
de Educação a Distância e Mídias Digitais na USP. Para ela, é preciso olhar
o Ensino Superior de forma geral, sem procurar comparar as modalidades.
“Queremos que ambas sejam boas, com bons resultados e não que uma se
sobressaia à outra”, diz. Alice reforça que a mudança tem que incidir sobre o
Eensino Superior, não sobre a modalidade. Há muitos cursos presenciais de
baixa qualidade, muitos a distância de baixa qualidade e o oposto também.
Divulgação/Uninter
Para ela, se temos educação básica de baixa qualidade, teremos a
mesma qualidade no Ensino Superior e na EaD. “Se estamos falando em
EAD no ensino superior, ela tem ainda que provar que é boa, pois o que
é novo sempre é visto com desconfiança e digamos que seu começo não
foi muito creditado. O desafio é provar que é de boa qualidade e que
não é uma educação de segunda categoria”, diz.
Novas demandas têm colocado os docentes diante de novos papeis,
atitudes e exigências profissionais.
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A esperança de Alice é que a EaD no Brasil se compare às iniciativas no
exterior, aonde o aluno chega ao ponto de poder escolher seu currículo e
ser certificado pelo conjunto de disciplinas/cursos realizados. A EaD no
Brasil, para ela, ainda é “colada” ao modelo presencial, ou seja, passou para
o mundo digital o modelo tradicional de ensino: conhecimento em pílulas
e tutorado. “Tomara que cheguemos a uma educação aberta no Ensino Superior e nada melhor do que começar com a EaD”, complementa.
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Perguntas frequentes
Divulgação/Uninter
O que é um polo de educação a distância?
O curso Pedagogia, do Centro Universitário Internacional Uninter, já formou, mais de 13 mil pedagogos.
Polo de educação a distância, ou polo de apoio presencial, é o local
devidamente credenciado pelo MEC, no país ou no exterior, próprio
para o desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas relativas aos cursos e programas ofertados a
distância. É no polo que o estudante terá as atividades de tutoria
presencial, laboratórios, biblioteca, teleaulas, avaliação (provas,
exames, etc.) e poderá utilizar toda a infraestrutura tecnológica para
contatos com a instituição ofertante e/ou participantes do respectivo processo de formação.
Como saber se um diploma de curso superior
na modalidade a distância é válido?
Ele será válido se a instituição que o emitiu for credenciada
pelo MEC e o curso for reconhecido. Nesse caso, o diploma terá
validade nacional.
Número de matrículas de 2000 a 2011
A modalidade de educação a distância em cursos de graduação é um
processo relativamente novo no Brasil.
ANO
NÚMERO DE MATRÍCULAS
2000
5.287
2001
5.359
2002
40.714
2003
49.911
2004
59.611
2005
114.642
2006
207.206
2007
369.766
2008
727.961
2009
838.125
2010
930.179
2011
992.927
(Fonte: Ministério da Educação)
Certificados e diplomas de cursos na modalidade a distância têm o mesmo valor que
os de cursos presenciais? São aceitos em
concursos públicos?
Sim, nos termos do Art. 5º do Decreto 5.622 de 2005: “Os diplomas e certificados de cursos e programas a distância, expedidos por
instituições credenciadas e registrados na forma da lei, terão validade nacional”. Sendo assim, deverão ser aceitos em processos públicos
de seleção e provimento de cargos.
Os cursos a distância de pós-graduação lato
sensu precisam ser autorizados pelo MEC?
Não. Os cursos de pós-graduação lato sensu a distância podem
ser ofertados, independente de autorização, por instituições de
Educação Superior, desde que possuam credenciamento para
educação a distância.
(Fonte: Ministério da Educação)
Brisa Teixeira
Jornalista, com pós-graduação em Marketing, Jornalismo Digital e
Formação de Orientadores Acadêmicos de EaD. Proprietária da Tic
Tag Comunicação & Inovação. Escreve sobre educação e tecnologia
em diversos portais de notícias.
[email protected]
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