O herói e a feiticeira O herói e a feiticeira Uma deusa procurando vingança; um príncipe desejando recuperar seu reino; uma bela e poderosa mulher amando pela primeira vez; um carneiro coberto por uma pelagem dourada. A rainha do Olimpo, Jasão, Medéia e o Velocino de Ouro. A associação perfeita para desencadear uma das mais pungentes tragédias da literatura universal, na qual se mesclam aventura, paixão, perfídia e crime.Lia Neiva cria, com esses elementos, uma narrativa envolvente, a partir de seu vasto conhecimento da mitologia grega. O ilustrador Renato Alarcão acompanha, com seus belos desenhos, esta viagem pelo Olimpo....o amor nasce de uma atração involuntária que nosso livrearbítrio transforma numa ação voluntária.Octavio PazA dupla chama — Amor e Erotismo, p.38CASTIGO ou VINGANÇA? Como são tênues as linhas que os distinguem! A história mitológica que temos em mãos, com certeza, vai despertar no leitor questionamentos que envolvem a essência do comportamento do ser humano trágico.Em O herói e a feiticeira, a narração nos situa em tempos idos, e mostranos como as conseqüências do entrelaçar de desejos, intenções, sentimentos e ações são eternas. Emergem no cotidiano do povo, seja este povo dos primórdios da Hélade ou do século XXI, habitante de uma cidade qualquer.Na mitologia grega, o capricho dos deuses transforma seres humanos em simples joguetes na mão do destino. A narrativa nos fala de Hera, que, ofendida pela pouca reverência de um rei, serve-se do auxílio das Moiras para deflagrar uma cadeia de tragédias que nos faz indagar: até que ponto se perpetua um castigo ou se consagra uma vingança? A deusa, soberana máxima do Olimpo, sai de mãos limpas e se exime de responsabilidade, pois ao manipular homens e divindades, instigando neles os sentimentos de amor, vaidade, ambição, ciúme, orgulho e cólera, torna-os protagonistas dos acontecimentos e mentores das ações praticadas. Indagada por Zeus sobre o que aconteceria a Jasão e Medéia, já que é através deles que a trama se desenvolve, responde com profunda indiferença: “que decidam por si próprios o que fazer de suas vidas.”A figura trágica de Medéia, envolta em conhecimentos proibidos, desejo de mudanças da condição feminina, paixões, misérias e loucuras, remete-nos a situações extremas e ao mesmo tempo desconcertantes. Vida e morte. Amor e ódio. Crime e castigo. Ofensa e vingança. Coragem e covardia. Mazelas do ser humano.Esta história nasceu no seio do povo e de boca em boca varou os tempos. Já foi recontada por diversos poetas, entre eles: Eurípedes (431 a.C.), Apolônio, Sêneca, Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Chico Buarque. Agora, pela agradável escritura de Lia Neiva, vamos revivêla sob um novo olhar; e mais uma vez refletir por que esta lenda se tornou um clássico.Teria sido Medéia uma poderosa feiticeira bárbara que pretendeu ocupar um lugar no meio de helenos civilizados? Ou teria sido apenas uma mulher que, acometida de paixão avassaladora, teve a ousadia de insistir em desenhar seu próprio destino? E Jasão? Como caracterizá-lo?É você, leitor, quem, através da prosa ágil da autora, vai julgar e decidir quais são as vítimas e os vilões. A palavra é sua.Nelly Duffles Acesse aqui a versão completa deste livro