Cultura brasileira Cultura brasileira O modo de

Cultura brasileira
O modo de se alimentar vai muito além do simples ato de consumir alimentos. A
alimentação é um fenômeno complexo e está envolvida com vários aspectos, entre
eles o psicológico, fisiológico, social, cultural, econômico.
Cada povo tem sua cultura alimentar e pratos típicos que, de alguma forma,
contam um pouco mais de sua história, crenças religiosas, tabus, política, relações
com outros povos, etc. Com o Brasil, não é diferente. Ele também possuiu uma
vasta história alimentar, miscigenando principalmente três origens: a negra, a
indígena e a portuguesa.
Por isso, a equipe bem estar aborda alguns alimentos e pratos típicos tradicionais
que fizeram ou ainda fazem parte do hábito alimentar dos brasileiros. Além de
contar um pouco sobre suas histórias, damos também um enfoque sobre os
aspectos nutricionais de acordo com conceitos atuais da Nutrição.
Arroz e feijão
De um lado o arroz, um alimento do grupo dos cereais, ricos em
carboidratos e fornecedores de energia, de outro o feijão, pertencente ao grupo das
leguminosas, ricos em proteínas de origem vegetal, carboidratos e fibras. Juntos,
oferecem uma combinação de boa qualidade nutricional e que todos os brasileiros
conhecem bem. Apesar das diferenças na culinária regional dos estados brasileiros,
a combinação de arroz com feijão é conhecida e apreciada por todo o território
nacional, se caracterizando como um prato típico do cotidiano dos brasileiros.
Apesar de sua popularidade, o consumo desses alimentos tem decrescido
com o passar dos anos. Conforme aponta o Estudo Nacional de Despesa Familiar
(ENDEF, 1974), no ano de 1974 o consumo de cereais e derivados era de 37,26%,
enquanto o de leguminosas de 8,13%. Já em 2002-2003, a Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF) aponta o consumo de 35,34% e 5,68% para cereais
e leguminosas, respectivamente. Atribui-se esses dados às substituições feitas com
maior frequência de alimentos típicos da nossa cultura alimentar, como o arroz e
feijão, em detrimento de alimentos industrializados, refinados e prontos para o
consumo.
Apesar desses dados atuais, há um esforço por parte dos nutricionistas e,
outros profissionais, em tentar resgatar o consumo do arroz e feijão. A famosa
mistura, além de pertencer à nossa cultura alimentar, é um prato com diversos
benefícios nutricionais, principalmente em relação à quantidade e tipos de
aminoácidos oferecidos. O arroz, pobre em aminoácido lisina, complementa-se
com a lisina tida no feijão. Já o feijão, pobre no aminoácido metionina,
complementa-se com a metionina do arroz. Na proporção de duas partes de arroz
para uma parte de feijão, há um melhor aporte protéico, em função da combinação
dos aminoácidos anteriormente citados.
Quanto ao modo de preparo, fique atento aos temperos utilizados para
cozinhar o feijão. Procure consumir feijoada eventualmente, pois ela contém carnes
gordas, tais como toucinho, lingüiça, bacon que vão elevar o teor de gordura e de
sal da refeição. No dia-a-dia, prefira consumir um delicioso feijão temperado com
ervas (louro, cebolinha, coentro), variando os diversos tipos, podendo ser preto,
mulatinho, branco, vermelho, fradinho, de corda e tantos outros. Quanto ao arroz,
dê preferência para a versão integral ou parboilizada, pois essas contêm mais
vitaminas e minerais quando comparadas ao arroz branco usualmente consumido.
Tendo em vista a importância dessa combinação do ponto de vista cultural e
nutricional, o consumo de arroz e feijão deve ser incentivado e mantido como peça
chave do nosso hábito alimentar, resgatando e valorizando a alimentação brasileira
tradicional. Conforme Roberto DaMatta: arroz com feijão é um prato síntese do
estilo brasileiro de comer, expressando a culinária relacional, capaz de misturar e
combinar o negro com o branco.
Dica Bem Estar: Tamanha a importância do consumo da dobradinha arroz e
feijão para a população brasileira, que o Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome lançou em dezembro de 2008, uma campanha intitulada Brasil
que Dá Gosto, mostrando as diversas razões pelas quais esses alimentos devem ser
consumidos no dia – a – dia. Acesse http://www.mds.gov.br/brasilquedagosto e
veja os materiais de divulgação utilizados nessa campanha, tais como vídeos,
cartazes e jingles.
Referências
* CANESQUI, Ana Maria; GARCIA, Rosa Wanda Diez. Antropologia e Nutrição: um
diálogo possível. Rio de Janeiro, ed. FioCruz, 2005;
* Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE). Estudo Nacional de Despesa
Familiar. Rio de Janeiro, 1977.
* Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE). Coordenação de Índices e
Preços. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003. Rio de Janeiro, 2004.
* Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Coordenação-Geral da
Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira:
promovendo a alimentação saudável. Brasília, 2006.
* Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome: Campanha Brasil que
Dá Gosto. Disponível em http://www.mds.gov.br/brasilquedagosto Acesso dia
03/03/2009.
* PHILIPPI, Sonia Tucunduva, Nutrição e técnica dietética - 2 ed. rev. e atual. 2006.