LEVANTAMENTO DAS CERTIFICAÇÕES VERDES NO BRASIL: LEED VERSUS AQUA-HQE David Izquierdo Botelho Projeto de Graduação em Engenharia Civil, pela Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apresentado como um dos requisitos à colação de grau. Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado Co-orientador: Victor Paulo Peçanha Esteves Rio de Janeiro Agosto de 2014 LEVANTAMENTO DAS CERTIFICAÇÕES VERDES NO BRASIL: LEED VERSUS AQUA-HQE David Izquierdo Botelho PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinado por: ______________________________________________ Professora Cláudia do Rosário Vaz Morgado, D.Sc., Orientadora ______________________________________________ Professor Victor Paulo Peçanha Esteves, M.Sc., Co-orientador ______________________________________________ Professora Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO de 2014 ii Botelho, David Izquierdo Levantamento das certificações verdes no Brasil: LEED versus AQUA-HQE / David Izquierdo Botelho - Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2014. xi, 54 p.: il.; 29,7 cm. Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado Projeto de Graduação - UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia Civil, 2014. Referências Bibliográficas: p. 53 1. Edifício Verde 2. Sustentabilidade 3. Rio de Janeiro I. Morgado, Cláudia do Rosário Vaz. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Cenários para a construção de edifícios verdes no Brasil. iii Dedico este trabalho aos meus pais, Mauro e Isabel, ao meu irmão Andre e minha namorada Marina que sempre me apoiaram e deram suporte a minha jornada. Agradeço também ao Jeferson Reis e a Angela Cardoso que trabalham na BRPRA, viabilizadores do meu estudo de caso no Ventura Corporate Towers. iv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Levantamento das certificações verde no Brasil: LEED versus AQUA-HQE David Izquierdo Botelho Agosto de 2014 Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado Co-orientador: Victor Paulo Peçanha Esteves Curso: Engenharia Civil Esse projeto de graduação tem por objetivo avaliar o mercado brasileiro atual de edifícios verdes e possíveis cenários futuros do desenvolvimento sustentável. Inicia-se apresentando conceitos pertinentes a esse assunto tão abrangente. Uma vez que o leitor esteja familiarizado com essas considerações, será exibido o cenário histórico do setor da construção verde com dados dos principais expoentes do assunto. Após essa apresentação, serão apresentados os principais selos verdes presentes no mercado brasileiro. A partir desse levantamento, serão oferecidos desafios e progressos do edifício verde, experiências no mundo e no Brasil, e por fim um estudo de caso. Palavras-chave: Edifício Verde, Sustentabilidade, Rio de Janeiro. v Abstract of Undergraduate Project presented to Poli / UFRJ as a part fulfillment of the requirements for the degree of Civil Engineering. Lifting of the green certifications in Brazil: LEED versus AQUA-HQE David Izquierdo Botelho August / 2014 Advisor: Cláudia do Rosário Vaz Morgado Co-advisor: Victor Paulo Peçanha Esteves Course: Civil Engineering This graduation project has the objective to evaluate the current Brazilian market for green buildings and possible future scenarios of sustainable development. The project begins presenting relevant concepts in this subject. Once the reader is familiar with these considerations, the historical setting of the green building industry with data of the leading exponents of the subject appears. After the presentation, will appear the main green stamps in the Brazilian market. From this rising, will be offered challenges and progress of green building, experiences in the world and in Brazil, and finally a case study. Keywords: Green Building, Sustainability, Rio de Janeiro. vi vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 1 2. CONCEITOS .......................................................................................................................... 4 3. 4. 2.1. EDIFÍCIO VERDE .......................................................................................................................... 4 2.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ..................................................................................... 4 2.3. CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL .................................................................................................. 6 2.4. AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA ............................................................................................. 7 2.5. ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE UM EDIFÍCIO VERDE .................................................. 9 HISTÓRICO .........................................................................................................................13 3.1. RICHARD BUCKMINSTER FULLER (1895-1983) ...................................................... 13 3.2. FRANK LLOYD WRIGHT (1867-1958) .......................................................................... 14 3.3. IAN MCHARG (1920-2001) ............................................................................................ 15 3.4. MALCOM WELLS (1926-2009) ........................................................................................ 15 3.5. RICHARD NEUTRA (1892-1970) .................................................................................... 16 3.6. CONTEMPORIZAÇÃO ................................................................................................................. 16 SELOS VERDES.................................................................................................................18 4.1. LEED (LEADERSHIP IN ENERGY & ENVIRONMENTAL DESIGN) .......................... 20 4.2. AQUA-HQE (ALTA QUALIDADE AMBIENTAL) ............................................................ 28 4.3. BREEAM ...................................................................................................................................... 34 4.4. CONCLUSÕES SOBRE OS SELOS AMBIENTAIS ............................................................. 34 viii 5. DESAFIOS E PROGRESSOS DO EDIFÍCIO VERDE .................................36 5.1. 6. EXPERIÊNCIAS NO MUNDO E NO BRASIL ....................................................................... 39 ESTUDO DE CASO: VENTURA CORPORATE TOWERS – LEED CS GOLD .................................................................................................................................................43 6.1. INICIATIVAS SUSTENTÁVEIS ............................................................................................... 44 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES.................................................51 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................54 ix Índice de Figuras FIGURA 1 - IMPACTO AMBIENTAL DOS EDIFÍCIOS NOS EUA .........................................................2 FIGURA 2 - ESQUEMA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL..............................................................6 FIGURA 3 – CASA DYMAXION ................................................................................................................................. 14 FIGURA 4 – SELOS E SUAS RESPECTIVAS PONTUAÇÕES MÍNIMAS ...................................... 23 FIGURA 5 – DIAGRAMA “CAMINHO DA CERTIFICAÇÃO” AQUA-HQE ..................................... 31 FIGURA 6 – PERFIL MÍNIMO DE DESEMPENHO PARA CERTIFICAÇÃO .................................. 33 FIGURA 7 – REGISTROS E CERTIFICAÇÕES LEED NO BRASIL ................................................... 36 FIGURA 8 - EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO DO CONSUMO DE AÇO POR ANO ............... 40 FIGURA 9 – EDIFÍCIO VENTURA CORPORATE TOWERS .................................................................... 44 FIGURA 10 – COBERTURA RECOLHENDO A ÁGUA DA CHUVA..................................................... 45 FIGURA 11 – CAIXA DE INSPEÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL ...................................................................... 45 FIGURA 12 – RESERVATÓRIO DA ÁGUA DE CHUVA LOCALIZADA NA GARAGEM ....... 46 FIGURA 13 – ILUMINAÇÃO COM APROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL .............................. 48 FIGURA 14 – CENTRAL DE RECICLAGEM VENTURA CORPORATE TOWER ......................... 49 FIGURA 15 – VAGAS PREFERENCIAIS PARA VEÍCULOS MOVIDOS A ÁLCOOL OU GNV ................................................................................................................................................................................... 50 FIGURA 16 – BICICLETÁRIO .................................................................................................................................... 50 x Índice de Tabelas TABELA 1 - PRINCÍPIOS PARA A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ....................................................7 TABELA 2 – FERRAMENTAS PARA ANÁLISE DE CICLO DE VIDA ...................................................8 TABELA 3 – CATEGORIAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARA ACV .............................................9 TABELA 4 - ALGUNS PAÍSES ESTÃO DESENVOLVENDO SISTEMAS DE AVALIAÇÃO. 19 TABELA 5 – CATEGORIAS LEED E SUAS UTILIZAÇÕES..................................................................... 21 TABELA 6 – ÁREAS CHAVES E CRITÉRIOS DA CERTIFICAÇÃO LEED .................................... 22 TABELA 7 – CATEGORIAS, PRÉ-REQUISITOS E PONTOS POSSÍVEIS PARA CERTIFICAÇÃO ......................................................................................................................................................... 23 TABELA 8 – CATEGORIA SS, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 .. 24 TABELA 9 – CATEGORIA WE, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 . 24 TABELA 10 – CATEGORIA EA, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 25 TABELA 11 – CATEGORIA EQ, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 200926 TABELA 12 – CATEGORIA ID, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 26 TABELA 13 – CRÉDITOS REGIONAIS PARA O BRASIL LEED-NC V.3 - 2009 .................... 27 TABELA 14 – CUSTO ESTIMADO PARA CERTIFICAÇÃO LEED-NC V.3 - 2009 ................. 28 TABELA 15 – QUALIDADE AMBIENTAL DO EMPREENDIMENTO (QAE) AQUA-HQE ..... 32 TABELA 16 – ESTIMATIVA DE CUSTO PARA CERTIFICAÇÃO AQUA-HQE ........................... 33 xi Índice de Siglas AQUA - Alta Qualidade Ambiental AVAC - Aquecimento, ventilação e ar condicionado BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul CFC - Clorofluorocarboneto CIB - Conselho Internacional de pesquisa e inovação na construção COVs - Compostos orgânicos voláteis EA - Eficiência Energética EIA - Environnmental Information Administration EQ - Qualidade Ambiental Interna GBCB - Green Building Concil Brasil GGGC - Governor's Green Government Council IN - Inovação e Processos de Projeto LEED - Leadership in Energy & Environmental Design MR - Materiais e Recursos ONU - Organização das Nações Unidas PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica SS - Sustentabilidade do Espaço USEPA - United States Environmental Protection Agency USGBC – United States Green Building Concil WE - Racionalização do uso da água xii 1. Introdução As discussões sobre sustentabilidade e normas mais eficientes são cada vez mais presentes em todo o mundo e no Brasil não é diferente. A construção Civil desempenha um papel fundamental nessa discussão. De acordo com o “U.S. Energy Information Administration“, a atividade de Construção é responsável por: 38% de toda emissão de Dióxido de Carbono (CO2), 40% do consumo de matéria-prima, 14% do consumo de água potável. (EIA 2008) Há poucos anos, a grande maioria das nações considerava o meio ambiente como um reservatório inesgotável de matéria-prima, onde se podia extrair ou depositar rejeitos sem maiores preocupações. Com o forte crescimento econômico e populacional dos últimos anos, nos deparamos com uma demanda nunca antes vista. Recursos antes considerados inesgotáveis estão acabando. O crescimento da construção civil está ocorrendo globalmente. Até 2050, 67% da população mundial deverá estar vivendo em áreas urbanas, no Brasil essa taxa chega a quase 91% (Banco Mundial, 2014). A construção civil é uma atividade historicamente consumidora de recursos e em muitos casos com um impacto significativo no ambiente, embora procure crescentemente minimizar ou compensar os impactos negativos e valorizar os impactos positivos (CANTER, L., 1995, CARPENTER, T. 2001). “Muitas vezes pouco considerados, os edifícios fazem parte da vida da maioria da população urbana, vivemos nele cerca de 80% do nosso tempo. Associado ao seu ciclo de vida tem altos valores de utilização de energia, água, matérias-primas e produção de resíduos, entre outros.” (Pinheiro, M.,2003) 1 Utilização de Energia 42% Emissões Atmosféricas 40% Matérias Primas 30% Resíduos Sólidos 25% Água Utilizada 24% Efluentes Líquidos 20% Uso do Solo 15% Outras Emissões 12% 0% 10% 20% 30% 40% 50% % EUA Figura 1 - Impacto Ambiental dos Edifícios nos EUA Fonte: Elaboração própria (Worldwatch Institute & U.S. EPA, 2009) Motivação: Diante dessa conjuntura, observa-se que a construção civil é altamente impactante ambientalmente e até socialmente. E como tal, devemos buscar meios práticos de amenizar os impactos cometidos. Objetivo: O objetivo deste trabalho é analisar o atual contexto da edificação verde e estudar mais profundamente as principais certificações utilizadas no Brasil, avaliando se as certificações existentes desempenham seu papel de mitigador dos problemas ambientais inerentes a construção de empreendimentos. A metodologia utilizada na elaboração do trabalho foi fundamentada em pesquisas bibliográficas, visita técnica a um empreendimento verde, através da coleta de dados secundários em artigos, revistas, jornais, e internet. 2 O trabalho será apresentado em oito capítulos: No capítulo 2 irá tratar dos conceitos inerentes a Edifício Verde; No capítulo 3 será apresentado um histórico da idealização dos conceitos de Edifício Verde e uma breve contemporização; No capítulo 4 será exibido os principais Selos Verdes presentes no Brasil; No capítulo 5 serão expostos os desafios e progressos do Edifício Verde e as experiências atuais no mundo e o panorama no Brasil; No capítulo 6, o estudo de caso do edifício do Ventura Corporate Towers; E por fim no capitulo 7, serão expostas considerações finais, assim como conclusões a que se chegaram ao longo da análise. 3 2. Conceitos 2.1. Edifício Verde Edifício Verde é a prática de criar estruturas e usar processos que são ambientalmente responsáveis e eficientes no consumo de recursos ao longo do ciclo de vida da edificação, desde concepção, construção, operação, manutenção, renovação até a demolição. Esta prática se expande e complementa as preocupações clássicas do projeto na economia, utilidade e conforto. Edifício verde também é conhecido como Edifício Sustentável ou Edifício de Alto Desempenho (USEPA,2012). Há várias definições do que um edifício verde é ou faz. Definições podem variar de edifícios melhores que a média em termos de seu impacto sobre o meio ambiente ou notavelmente melhores do que a construção média, para um que pode até representar um processo de regeneração. Onde há realmente uma melhoria e restauração do ambiente local. O projeto ideal "verde" preserva e restaura o habitat que é vital para a manutenção da vida e se torna um produtor e exportador líquido de recursos, materiais, energia e água, em vez de ser um consumidor. Um edifício verde é aquele que em sua construção e vida útil de operação assegura o ambiente mais saudável possível, enquanto representando o uso mais eficiente e menos perturbadora da terra, água, energia e recursos. A solução de projeto ideal é aquela que une de forma eficaz todos os sistemas naturais e as condições do local (What is a Green Building?, 2012). 2.2. Desenvolvimento Sustentável Os projetos de Edifício Verde tentam reduzir os impactos negativos da Construção Civil. Os benefícios podem ser resumidos no conceito de desenvolvimento 4 sustentável que, segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987) “é o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.” O desenvolvimento sustentável pode ser dividido em 3 pilares (ver figura 2): O pilar “Meio Ambiente” tem como metas prioritárias diminuir o uso de energia e água, gerar menos gases do efeito estufa, proteger ecossistemas e salvar recursos naturais. O pilar “Economia” centra seus esforços em diminuir o custo de operação, valorizar a propriedade, permitir que as construções sejam mais duráveis, e adaptáveis à renovação/expansão. O pilar “Social” é o que busca a melhoria de condições do ar, acústica, térmica, gerar mais conforto aos ocupantes e aumentar a produtividade e qualidade de vida dos funcionários. 5 Figura 2 - Esquema Desenvolvimento Sustentável Fonte: JRRIO (2012) 2.3. Construção Sustentável Os termos construção sustentável e edifício verde são frequentemente usados como sinônimos; no entanto, a construção sustentável é mais abrangente, aborda as questões ecológicas, sociais e econômicas de um edifício no contexto da sua comunidade. Em 1994, o Conselho Internacional de pesquisa e inovação na construção (CIB), definiu a construção sustentável como sendo “...criação e operação de um ambiente construído saudável baseado na eficiência de recursos e design ecológico” (CIB,1994). A CIB criou sete Princípios da Construção Sustentável, que, idealmente, corroboram para a tomada de decisão em cada fase do processo de concepção e construção, ao longo de todo ciclo de vida do edifício. Os Princípios da Construção Sustentável se aplicam em todo o ciclo de vida da construção, desde o planejamento até a demolição. Além 6 disso, os princípios se aplicam aos recursos necessários para criar e operar o ambiente construído durante todo o seu ciclo de vida: terra, materiais, água, energia, e os ecossistemas. Tabela 1 - Princípios para a construção sustentável 1. Reduzir o consumo de recursos (reduzir). 2. Reutilizar os recursos (reutilizar) 3. Usar recursos recicláveis (reciclar) 4. Protejer a natureza (natureza). 5. Eliminar os materiais tóxicos (tóxicos). 6. Aplicar a análise de custo de vida (economia). 7. Focar na qualidade (qualidade). Fonte: Elaboração própria (CIB, 1994) 2.4. Avaliação do Ciclo de vida A construção sustentável reúne uma série de parâmetros que se enquadram nas distintas dimensões de desenvolvimento sustentável. Um dos aspectos relevantes na busca da eficiência para a sustentabilidade baseia-se em otimizar o ciclo de vida na construção. Com efeito, ao construir com durabilidade, assegura-se um maior tempo de utilização do edifício, com uma redução significativa no uso de materiais e consequente redução dos impactos ambientais. A ACV foi utilizada inicialmente nos Estados Unidos em 1990. Constitui o procedimento, que permite analisar convencionalmente a complexa influência de um sistema (que pode ser um material, um componente ou um conjunto de componentes) com o ambiente, ao longo de todo ciclo de vida. A ACV parte da premissa de que todos 7 os estágios da vida de um produto geram impacto ambiental e por isso deve ser avaliado. Nos últimos anos foram desenvolvidas algumas ferramentas computacionais, que permitem a análise do ciclo de vida (Tabela 2). Tabela 2 – Ferramentas para Análise de Ciclo de Vida Designação SIMAPRO ECO-QUANTUM LEGEP EQUER ATHENA OGIP ECO-SOFT ENVEST 2.0 ECOEFFECT GREENCALC BECOST Hiperligação www.simapro.co.uk www.ecoquantum.com.au www.legep.de www.izuba.fr www.athenaSMI.ca www.ogip.ch www.ibo.at/de www.envest2.bre.co.uk www.ecoeffect.se www.greencalc.com www.bfrl.nist.gov/oae/bees.html Fonte: Reis, 2011 8 As categorias de impactos ambientais utilizados para as Análises do Ciclo de Vida podem compreender: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Consumo de recursos não renováveis; Potencial de aquecimento global; Consumo de água; Potencial de eutrofização; Potencial de redução da camada de ozono; Potencial de acidificação; Toxidade ecológica; Toxidade humana; Potencial de formação de smog; Produção de resíduos; Poluição do ar; Usos de terra; Alteração dos habitats. Tabela 3 – Categorias de impactos Ambientais para ACV Fonte: Reis, 2011 A importância de cada categoria varia, dependendo da realidade ambiental de cada país. Um produto que consome bastante água em num país árido tem elevado impacto ambiental, o que não acontece se o mesmo for produzido no sudeste brasileiro. (Reis, 2011) 2.5. Etapas do planejamento de um Edifício Verde Quando construímos um edifício verde ou uma obra de alto padrão, muitas etapas no processo de construção são de grande importância - dentre elas a estrutura e os materiais de acabamento. Embora produtos e práticas continuem melhorando e mudando, o conceito básico do edifício verde permanece o mesmo. 9 Na fase de projeto, alguns conceitos básicos devem ser respeitados na elaboração do projeto para o edifício em si: a orientação do sol, sombras, propriedades térmicas dos materiais, como também a cor. Práticas como o isolamento térmico e sistemas de refrigeração tem sua importância. Janelas de alto desempenho e padronização das especificações dos materiais ajudam a diminuir o desperdício. E, além disso, a criação de um design de projeto flexível que possa atender a necessidades futuras do imóvel prolonga a vida útil da edificação. Deve-se buscar maximizar o uso da luz natural, claraboias e cores claras, que irão ajudar a refletir a luz solar. Iluminação com lâmpadas frias, reatores de lâmpadas mais eficientes, controle inteligente de iluminação, sensor de presença, evitar iluminação excessiva externa, considerar iluminação direcionada para baixo, não para cima e para fora (10 Basic Concepts for Green Homes, 2006). Na construção, devem-se reutilizar materiais existentes, usar menos materiais e usar materiais de construção que são considerados ambientalmente amigáveis. Outros aspectos importantes são: a avaliação do impacto de ciclo de vida do produto sobre o meio ambiente e recursos, a preferência por produtos oriundos de fontes renováveis, uso de madeiras certificadas ou bambu. Quando possível, deve ser feita a opção por madeira certificada cuja floresta veio de replantio e é colhida utilizando práticas sustentáveis. A utilização de produtos e sistemas recicláveis quando chegam ao fim de sua vida útil é outro aspecto relevante. Em relação ao uso de materiais em uma edificação verde, algumas boas práticas devem ser adotadas: investigar o material de construção; comparar o uso de energia e impacto ambiental em todo seu ciclo de vida; incluir todas as etapas que envolvam 10 matéria-prima, processo de produção, embalagem, transporte, instalação, utilização e eliminação ou reutilização; ler e perguntar sobre materiais necessários à instalação, acabamento e manutenção, e escolhendo a melhor opção. É importante reunir informações sobre percentual de componentes recicláveis, baixo índice de COVs (Compostos Orgânicos Voláteis) e evitar o uso de materiais tóxicos. A escolha por matérias locais e naturais deve ser feita sempre que possível, uma vez que isso ajuda a economia local, bem como reduz o uso global de energia inerente no transporte (10 Basic Concepts for Green Homes, 2006). Os projetos precisam ser compatíveis com as necessidades locais, o clima e as condições locais de construção. Um projeto feito para Manaus será bem diferente de um projeto para Porto Alegre. Fatores a se analisar são: uso materiais adequados de paisagismo e plantas que são tolerantes ao clima, solo e disponibilidade de água local do edifício, além de Projetos de Sistemas de drenagem em que a água seja drenada e não danifique o edifício. Selecionar os aparelhos que são mais eficientes energeticamente e economizam água, optando-se por aparelhos com melhores classificações PROCEL (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) quanto à eficiência energética são ações a se considerar em edificações verdes. O uso de torneiras com arejadores e de fechamento automático ou eletrônicas para ajudam a reduzir o consumo d’água. O projeto deve levar conta à qualidade do ar interior do edifício. É importante ministrar uma troca de ar adequada, controle de umidade correta juntamente com sistemas de ventilação em toda a estrutura. Isso levará a um ambiente mais saudável, livre de mofo e poluentes no ar. A colocação do sistema de admissão e exaustão de ar 11 deve ser realizada em locais que evitem a contaminação do ar fresco no prédio. É relevante selecionar materiais de construção não tóxicos, limitando os poluentes que são trazidos para dentro do prédio (10 Basic Concepts for Green Homes, 2006). O Projeto deve facilitar a manutenção e utilização de produtos de limpeza ambientalmente amigáveis - arteriais que são de baixa manutenção e tem exigência de manutenção compatível. Sempre que possível, devem ser usados limpadores não tóxicos e com baixo nível de COVs e compostos biodegradáveis, que não liberem COVs ou outros compostos nocivos (10 Basic Concepts for Green Homes, 2006). Por fim, deve-se manter a estrutura e sistemas do edifício em máxima eficiência energética e ambiental. Periodicamente, é preciso: checar a necessidade por reparos, checar o filtro do sistema de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) e corrigir qualquer problema de infiltração ou umidade. 12 3. Histórico Embora o movimento do edifício verde seja um fenômeno relativamente recente, ele teve suas origens na obra e pensamento de várias gerações anteriores de arquitetos e designers no final do século XIX. No contexto da América, várias personalidades lançaram as bases para o projeto ecológico ou verde de hoje, entre eles Richard Buckminster Fuller, Frank Lloyd Wright, Ian McHarg, Malcolm Wells e Richard Neutra. Uma breve introdução a cada um desses pensadores é apresentada aqui. Posteriormente, será apresentada uma contemporização. 3.1. Richard Buckminster Fuller (1895-1983) Talvez mais do que qualquer outra pessoa, lançou as bases para a revolução do edifício verde. Sua lista de realizações é longa, entre eles, o desenho do carro Dymaxion alumínio em 1933; o projeto da Casa Dymaxion autônoma na década de 1920, um dos quais foi construído em Wichita, Kansas, em 1946; e, é claro, a criação da cúpula geodésica na década de 1950 (Kibert, 2013). Fuller tem sido chamado de um inventor, arquiteto, engenheiro, matemático, poeta e cosmólogo. Ele era, no fundo, um ecologista. Seus desenhos enfatizaram a conservação dos recursos: o uso de energia renovável na forma de sol e do vento; o uso de materiais leves e efémeros como bambu, papel e madeira; e o conceito de design para a desconstrução. Sua cúpula geodésica tem sido chamada de a mais leve, mais forte e estrutura custo-benefício que já foi inventado. Casa Dymaxion, foi a primeira tentativa séria de criar uma casa autônoma. Ela foi projetada para produção em massa, pesava apenas 1.364 kg em comparação com as 13 137 toneladas de uma casa típica, contou com uma turbina eólica embutida para geração de energia, e tinha um sistema de águas cinzentas. Figura 3 – Casa Dymaxion Fonte: Buckminster Fuller Institute (1920) Fuller entendia a questão dos recursos renováveis e não renováveis, e sua pesquisa mostrou que todas as necessidades de energia poderiam ser fornecidas por fontes renováveis. Nos Estados Unidos, mostrou que, no momento, a energia eólica só poderia fornecer três vezes e meia da necessidade total de energia do país. Seu trabalho influenciou muitos dos participantes de hoje do movimento de edifício verde, tanto que ele é por vezes referido como o "pai do projeto ambiental" (Kibert, 2013). 3.2. Frank Lloyd Wright (1867-1958) Frank Lloyd Wright é conhecido como uma pessoa importante na arquitetura. Menos notório é que o seu pensamento sobre a natureza e o edifício colocaram algumas das primeiras bases para movimento do alto desempenho do edifício verde contemporâneo. O objetivo de Wright era criar edifícios que eram como ele dizia, integrados ao espaço, ao meio ambiente, à vida dos habitantes e à natureza dos 14 materiais. O projeto do edifício deve ser cuidadosamente considerado para torná-lo um todo orgânico. Cada elemento do edifício deve ser projetado para torná-lo parte integrante deste todo orgânico: janelas, portas, cadeiras, pisos, telhado, paredes, forma espacial, todos relacionados entre si, emulando a ordem na natureza. Materiais e motivos são repetidos em todo o edifício, as geometrias são selecionadas por sua compatibilidade com um tema central, mais uma vez imitando a natureza. Pensamento provocante de Wright e escrita na arquitetura orgânica são pilares importantes da revolução verde de hoje e a referência frequente como "o primeiro arquiteto verde da América" é certamente bem merecida (Kibert, 2013). 3.3. IAN McHarg (1920-2001) A falta de harmonia entre os edifícios e a natureza na era industrial também foi notada e articulada por Ian McHarg, em especial a falta de um esforço multidisciplinar para produzir um espaço construído que seria combinado à natureza. Ele lamentou a falta de consideração ambiental no planejamento, a falta de interesse por parte dos cientistas em planejamento, e a ausência de consideração da própria vida em muitas das ciências como a geologia, meteorologia, hidrologia e ciências do solo. De acordo com McHarg, a compartimentalização e especialização das disciplinas, criaram condições que, neste momento podem fazer design verdadeiramente ecológico difícil ou impossível de alcançar. Em 1969, McHarg escreveu o livro “Design with Nature”, é um clássico moderno, especialmente para a disciplina de edifício verde (Kibert, 2013). 3.4. Malcom Wells (1926-2009) Wells foi crítico de arquitetos por não estarem cientes ou movidos pelos fundamentos biológicos da vida e arte. Em seu trabalho de 1981, Arquitetura Gentil, ele 15 fez uma pergunta chave: "Por que é que cada arquiteto pode reconhecer e apreciar a beleza do mundo natural se ainda não consegue dotar o seu próprio trabalho com ele”. A abordagem de Wells foi pisar suavemente sobre a terra, minimizar o uso de asfalto e concreto, e usar os recursos naturais locais e energia solar como os recursos primordiais para o ambiente construído. Ele é conhecido como o "pai da arquitetura suave". Embora afirme que seu trabalho não teve o efeito que esperava, seu pensamento tem influenciado significativamente o movimento de edifício verde hoje em dia. Ele sugere que os edifícios devem consumir os seus próprios resíduos, manterem-se, fornecer habitat saudável, moderar seu próprio clima, e igualar o ritmo, noções da natureza que são frequentemente apresentados nos fóruns de edifícios verdes em todos os Estados Unidos (Kibert, 2013). 3.5. Richard Neutra (1892-1970) Richard observou que os produtos da criação humana são falhos comparados com os da natureza. Notou que os artefatos humanos eram estáticos e incapazes de autoregenerar ou auto-ajustar, ao contrário de criações da natureza, que são dinâmicas e auto-replicantes. Ele observou que a forma e a função da natureza surgem simultaneamente, ao passo que os seres humanos devem primeiro criar forma de um edifício e, em seguida, permitir seu funcionamento (Kibert, 2013). 3.6. Contemporização A influência desses arquitetos, designers e filósofos sobre o movimento do edifício verde foi profunda. Além de estabelecer as bases para a concepção ecológica, eles influenciaram um grande número de pessoas. Apesar do conceito de edifício verde ainda estar em desenvolvimento, o movimento da construção verde está conduzindo 16 esforços para aperfeiçoar o seu significado e explorar em detalhes a conexão entre ecologia e ambiente construído. Na década de 1990, várias publicações tentaram fornecer uma orientação para a era atual de projeto ecológico, especialmente impulsionado pelo surgimento do sistema de avaliação de edifício LEED (Leadership in Energy & Environmental Design), duas das primeiras publicações sobre o tema do projeto de um edifício verde foram produzidas pela Public Technology, Inc. (PTI): The Local Government Sustainable Buildings Guidebook, em 1993, and The Sustainable Building Technical Manual, em 1996. Na época de sua publicação, o USGBC (United States Green Building Council) foi uma nova organização, e os primeiros rascunhos do padrão LEED estavam apenas começando a emergir de seus comitês. O guia, “The Sustainable Building Technical Manual” foi, em essência, uma medida paliativa para atender ao rápido crescimento do interesse na construção verde. O manual fornece uma lista de áreas que devem ser consideradas no projeto de um edifício verde, tais como iluminação natural, energia renovável, revestimento do edifício, instalações elétricas e hidráulicas, sistema de AVAC, qualidade de ar interior, acústica, materiais e especificações. 17 4. Selos Verdes Os edifícios verdes são definidos pelos sistemas de avaliação que avaliam e certificam. Os sistemas de avaliação simplesmente pontuam um projeto de construção o quão bem ele se alinha com a abordagem filosófica desenvolvida pelos criadores do sistema de avaliação. Como resultado, um sistema de avaliação do edifício fornece uma definição padrão para o edifício verde que o país emprega. A desvantagem destes sistemas de avaliação é que cada um é simplesmente a visão de uma organização, e muitas vezes, por causa de restrições de tempo e dinheiro, sistemas de avaliação deixam muito a desejar. Por exemplo, muitos sistemas de avaliação dependem de modelos energéticos para a previsão do consumo de energia em vez de usar dados reais de energia como o avaliador do sucesso. Os resultados têm sido relatórios críticos, afirmando que o consumo real de energia é muito maior do que foi originalmente previsto pelo modelo energético. A justificativa para a não utilização de dados reais de consumo de energia é que a coleta de dados leva tempo, geralmente um mínimo de um ano, e o custo desse esforço é relevante. No Brasil, os dois principais selos são o LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) Brasil e a AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Na Tabela 4 estão listados alguns dos 60 países que têm ou estão a desenvolver sistemas de avaliação de construção verde. 18 Tabela 4 - Alguns países estão desenvolvendo sistemas de avaliação Nação Selo Austrália Nabers / Green Star Brasil AQUA / LEED Brasil / BREEAM Canadá LEED Canada / Green Globes / Built Green Canada República Tcheca SBToolCZ China GBAS Finlândia PromisE França HQE Alemanha DGNB / CEPHEUS Hong Kong HKBEAM Índia Indian Green Buillding Council (IGBC) / (GRIHA) Indonésia Green Building Council Indonesia (GBCI) / Greenship Itália LEED / Italy / Protocollo Itaca / GBCouncil Italia Japão CASBEE Jordânia EDAMA Malásia GBI Malaysia México LEED México Holanda BREEAM Netherlans Nova Zelândia Green Star NZ Filipinas BERDE/ Philippine Green Building Council Portugal Lider A Taiwan China Green Building Network Singapura Green Mark África do Sul Green Star AS Coréia do Sul KGBC Espanha VERDE Suíça Minergie Estados Unidos LEED / Living Building Challenge / Green Globes EAU Estidama Reino Unido BREEAM Fonte: KIBERT, C. J. , 2012 19 4.1. LEED (Leadership in Energy & Environmental Design) O LEED foi desenvolvido pelo USGBC (United States Green Building Council) durante um processo de três anos de 1995 a 1998. A primeira versão, conhecida como LEED 1.0, foi lançada nos Estados Unidos em 1998 como uma versão beta. Lá foram certificados 20 edifícios usando a versão 1.0, atingindo uma classificação que originalmente era de platina, ouro, prata ou bronze. O LEED 2.0 foi lançado em 2000, como uma versão que mudou drasticamente da LEED 1.0 e ofereceu mais amplitude para o mercado da construção comercial e institucional, como um sistema de avaliação do edifício operacional. Em 2004, ocorreu o primeiro pedido de certificação no Brasil e, em 2007, foi criado o GBCB (Green Building Concil Brasil), órgão não governamental vinculado ao USGBC. No mesmo ano, o primeiro certificado foi emitido para uma agência do Banco Real na Granja Viana, São Paulo. E o primeiro edifício a receber o certificado Platinum, o mais elevado da categoria na América Latina, foi o Eldorado Business Tower (São Paulo), em agosto de 2009, alcançando 46 de um ranking de 61 pontos, com a versão 2.0 Platinum. Em 2009, foi lançado o LEED 3.0, com várias mudanças na sua estrutura, relacionadas a todos os produtos de avaliação de edifício LEED. Os pontos foram atribuídos a projetos que se concentravam em questões regionais estabelecidas pelo USGBC. Uma versão totalmente nova do LEED Online foi lançada para facilitar a comunicação entre as equipes de projeto e os organismos de certificação. Uma nova atualização do LEED, chamado LEED v4, entrará em vigor a partir de junho de 2015. De forma obrigatória, todos os novos projetos que buscarem a certificação LEED terão 20 que usar essa versão. A próxima versão do sistema de classificação, vai se concentrar em aumentar o rigor técnico do LEED, ampliando os setores de mercado capazes de usar LEED e continuará a melhorar a clareza, usabilidade, funcionalidade e interface dos sistemas de classificação. (USGBC,2014) Tabela 5 – Categorias LEED e suas utilizações Categorias Utilização Projetos na envoltória e parte central do edifício Novas construções ou grandes LEED NC projetos de renovação Operação e Manutenção de LEED EB_OM Edifícios existentes Projetos de interiores e LEED CI edifícios comerciais LEED Schools Escolas Projetos de desenvolvimento LEED ND de bairro LEED Retail NC e CI Lojas de varejo LEED Healthcare Unidades de saúde Para residências LEED for Home (em implantação no Brasil) LEED CS Percentual das Certificações LEED no Brasil 43% 41% 7% 6% 1% 1% 1% 0% N/A Fonte: Fujihara, 2012 21 O sistema LEED abrange um guia e uma lista de verificação de projeto, a qual está dividida em seis áreas chave que, por sua vez, se dividem num conjunto de subitens pontuáveis. Nesta lista de averiguação de projeto, é necessário cumprir um conjunto de critérios de desempenho de carácter obrigatório. As áreas chave a serem avaliadas são: Tabela 6 – Áreas Chaves e Critérios da Certificação LEED Fonte: GBC Brasil, 2012 22 Independente das distintas categorias LEED, há diferentes níveis de pontuação mínimo obtida na avaliação. Na Figura 4 podemos observar as quatro possibilidades de selos LEED. Figura 4 – Selos e suas respectivas pontuações mínimas Fonte: www.asboasnovas.com (2013) Em relação ao LEED-NC (Novas construções ou grandes projetos de renovação) as áreas encontram-se divididas em categorias com seus respectivos pré-requisitos e pontos possíveis conforme Tabela 7. Tabela 7 – Categorias, pré-requisitos e pontos possíveis para Certificação Categoria Sustentabilidade do Espaço Racionalização do uso da água Eficiência Energética Qualidade Ambiental Interna Materiais e Recursos Inovação e Processos de Projeto Créditos Regionais Total Pré-Requisitos 1 1 3 2 1 0 0 8 LEED-NC v.3 - 2009 Pontos Possíveis 26 10 35 15 14 6 4 110 Fonte: USGBC, 2011 23 A partir das categorias, há os créditos e pré-requisitos. Cada subitem é contabilizado com um ou mais pontos, e os pré-requisitos são de cumprimento obrigatório. Em relação ao peso de cada categoria, o LEED-NC, se constitui da seguinte forma: Tabela 8 – Categoria SS, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009 Sustentabilidade do Espaço (SS) Prevenção da poluição na atividade da Construção Pré-requisito 1 Crédito 1 Seleção do Terreno Crédito 2 Densidade Urbana e Conexão com a Comunidade Crédito 3 Remediação de áreas contaminadas Crédito 4.1 Alternativa de Transporte, Acesso ao Transporte público Crédito 4.2 Alternativa de Transporte, Bicicletário e Vestiário Crédito 4.3 Alternativa de Transporte, Uso de Veículos de Baixa emissão Crédito 4.4 Alternativa de Transporte, Redução área de estacionamento Crédito 5.1 Desenvolvimento do espaço, Proteção e restauração do Habitat Crédito 5.2 Desenvolvimento do espaço, Maximizar espaços abertos Crédito 6.1 Controle da Enxurrada, Controle da quantidade Crédito 6.2 Controle da Enxurrada, Controle da qualidade Crédito 7.1 Redução da ilha de calor, Áreas cobertas Crédito 7.2 Redução da ilha de calor, Áreas descobertas Crédito 8 Redução da Poluição Luminosa Fonte: USGBC, 2011 26 Pontos Requisito 1 5 1 6 1 3 2 1 1 1 1 1 1 1 Tabela 9 – Categoria WE, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009 Uso Racional da Água (WE) Pré-requisito 1 Redução do Uso da Água em 20% Crédito 1 Uso eficiente de água no paisagismo Redução de 50% Uso de água não potável ou sem irrigação Crédito 2 Tecnologias Inovadoras para águas servidas Crédito 3 Redução do consumo de água 30% Redução 35% Redução 40% Redução Fonte: USGBC, 2011 10 Pontos Requisito 2a4 2 4 2 2a4 2 3 4 24 Tabela 10 – Categoria EA, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009 Energia e Atmosfera (EA) Comissionamento dos sistemas de energia Pré-requisito 1 Performance Mínima de Energia Pré-requisito 2 Gestão dos Gases Refrigerantes, Não uso de CFC´s Pré-requisito 3 Crédito 1 Otimização do desempenho no uso de energia 12% Prédios novos ou 8% Prédios reformados 14% Prédios novos ou 10% Prédios reformados 16% Prédios novos ou 12% Prédios reformados 18% Prédios novos ou 14% Prédios reformados 20% Prédios novos ou 16% Prédios reformados 22% Prédios novos ou 18% Prédios reformados 24% Prédios novos ou 20% Prédios reformados 26% Prédios novos ou 22% Prédios reformados 28% Prédios novos ou 24% Prédios reformados 30% Prédios novos ou 26% Prédios reformados 32% Prédios novos ou 28% Prédios reformados 34% Prédios novos ou 30% Prédios reformados 36% Prédios novos ou 32% Prédios reformados 38% Prédios novos ou 34% Prédios reformados 40% Prédios novos ou 36% Prédios reformados 42% Prédios novos ou 38% Prédios reformados 44% Prédios novos ou 40% Prédios reformados 46% Prédios novos ou 42% Prédios reformados 48% Prédios novos ou 44% Prédios reformados Crédito 2 Geração local de energia renovável 1% Energia Renovável 3% Energia Renovável 5% Energia Renovável 7% Energia Renovável 9% Energia Renovável 11% Energia Renovável 13% Energia Renovável Crédito 3 Melhoria no comissionamento Crédito 4 Melhoria no uso de gases refrigerantes Crédito 5 Medições e Verificações Crédito 6 Energia Verde, no mínimo 35% do consumo Fonte: USGBC, 2011 35 Pontos Requisito Requisito Requisito 1 a 19 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 1a7 1 2 3 4 5 6 7 2 2 3 2 25 Tabela 11 – Categoria EQ, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009 Qualidade Ambiental Interna (EQ) Pré-requisito 1 Desempenho Mínimo da Qualidade do Ar Interno Pré-requisito 2 Controle do fumo Crédito 1 Monitoração do Ar Externo Crédito 2 Aumento da Ventilação Crédito 3.1 Plano de Qualidade do Ar, Durante a Construção Crédito 3.2 Plano de Qualidade do Ar, Antes da ocupação Crédito 4.1 Materiais de Baixa Emissão, Adesivos e Selantes Crédito 4.2 Materiais de Baixa Emissão, Tintas e Vernizes Crédito 4.3 Materiais de Baixa Emissão, Carpetes Crédito 4.4 Materiais de Baixa Emissão, Madeiras Compostas e Agrofibras Crédito 5 Controle interno de poluentes e produtos químicos Crédito 6.1 Controle de Sistemas, Iluminação Crédito 6.2 Controle de Sistemas, Conforto Térmico Crédito 7.1 Conforto Térmico, Projeto Crédito 7.2 Conforto Térmico, Verificação Crédito 8.1 Iluminação Natural e Paisagem, Para 75% dos espaços Crédito 8.2 Iluminação Nateural e Paisagem, Para 90% dos espaços Fonte: USGBC, 2011 15 Pontos Requisito Requisito 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Tabela 12 – Categoria ID, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009 Inovação e Processo do Projeto (ID) Crédito 1 Inovação no Projeto Inovação ou Performance exemplar Inovação ou Performance exemplar Inovação ou Performance exemplar Inovação Inovação Crédito 2 Profissional Acreditado LEED® Fonte: USGBC, 2011 6 Pontos 1a5 1 1 1 1 1 1 26 LEED-NC prevê uma sétima área a pontuar, denominada de crédito regional. Esta área possui um peso reduzido em relação às outras, e tem como objetivo valorizar um empreendimento em função do local onde vai ser edificado, de acordo com sua finalidade. Tabela 13 – Créditos regionais para o Brasil LEED-NC v.3 - 2009 Créditos Regionais para o Brasil 4 Pontos Crédito 1 Prioridades regionais 1a4 Adequação da acessibilidade Externa e Interna 1 Plano do Impacto Ambiental do Empreendimento 1 Redução do Consumo de Água, Medição Setorizada 1 Aquecimento Solar, Redução de 50% ou 100% do consumo 1 Gestão de Resíduos da Construção, Limitar o desperdício em no máximo 10 % em massa ou volume 1 Reuso dos Materiais, Projetar para o desmonte 1 Fonte: USGBC, 2011 O custo de construção de um edifício verde é aproximadamente 1% a 7% maior do que um edifício habitual comparável. Em contrapartida dessa diferença, o retorno do investimento é de 9,9% maior para novas construções e 19,2% para os edifícios existentes. Além disso, o investimento em edifício verde pode reduzir despesas de condomínio em até 10% relativamente à totalidade vida útil de um edifício de 50 a 60 anos, calculados com base na poupança de energia, água e os custos operacionais, como manutenção e renovação. (Ernst & Young, 2013) O custo estimado junto a USGBC para certificação está descrita na Tabela 14. 27 Tabela 14 – Custo estimado para certificação LEED-NC v.3 - 2009 Registro do Projeto junto ao USGBC U$1.200 ou U$900* para membros Análise de Projeto U$2.250 ou U$2.000* até 4.645m² U$0,04844/m² ou U$0,04306* /m² até 46.451m² U$22.500 ou U$20.000* mais de 46.451m² Certificação Obra U$750 ou U$500* até 4.645m² U$0,1615 ou U$0,1076*/m² até 46.451m² U$7.500 ou U$5.000 mais de 46.451m² Pré Certificação LEED-CS U$4.250 ou U$3.250* Consultoria ( Não obrigatória) : aprox. 0,5 a 1% do custo da obra Obs: Recomenda-se contratação de consultor que é um profissional treinado e qualificado GBC para tramitar toda a documentação junto ao Conselho. *para membros do USGBC Fonte: Fujihara, 2012 4.2. AQUA-HQE (Alta Qualidade Ambiental) O AQUA é a versão brasileira da certificação francesa HQE (Haute Qualité Environnementale = Alta Qualidade Ambiental). Surgiu após reflexões na conferência realizada no Rio de Janeiro, ECO92. Desde 2007, a fundação Vanzolini, vem adaptando o sistema AQUA para a realidade brasileira. O processo visa garantir a característica ambiental de um novo empreendimento de reabilitação ou construção utilizando-se de auditorias independentes. 28 Em 2013, o processo AQUA se tornou AQUA-HQE, quando as organizações de certificação residencial QUALITEL e não residencial CERTIVEA se uniram para criar a Rede Internacional de certificação HQE. Uma aliança de critérios e indicadores, que cria uma identidade de marca única mundial, cujo organismo certificador passa a ser a Cerway, sempre baseado nas premissas da certificação HQE francesa. (Fundação Vanzolini, 2014) Para se obter a certificação é imprescindível que o empreendedor faça contato com a Fundação Vanzolini e decida em qual referencial técnico ele se enquadra. Existem os seguintes referenciais técnicos no Brasil: I. Moradia: Coletiva, Individual em conjuntos habitacionais, Moradia estudantil, Foyer (alojamento coletivo), Moradia com serviços; II. Escritório: Imóvel de escritório: agência (bancária, de viagens), consultório, administração, etc. Delegacia de polícia, quartel da polícia militar, Call-centers, Centro de saúde, Centro de socorro e de combate a incêndios, Centro de negócios; III. Ensino: Ensino elementar(maternal), primário(escola), secundário (liceu, colégio), superior (universidade, escolar isolada...), Conservatório, Escola especializada, Creches, jardins da infância, centros de acolhimento de crianças menores de três anos em situação de abrigo; IV. Comércio: Centro comercial, Edifício comercial em zona de atividades, Comércio no térreo do imóvel, Áreas de serviços para campings e trailers; V. Hotelaria: Hotel, Edifício de hospedagem turística semelhante ou não a um edifício usado para moradia (residência para turismo, conjunto residencial de 29 turismo, albergue da juventude, apart-hotel, etc.), Outros edifícios de hospedagem (foyers para jovens trabalhadores, por exemplo); VI. Logística: Galpão de logística, Centros técnicos operacionais, Serviços de expedição de mercadorias Frigorífica; VII. Transporte: Estação rodoviária, Estação ferroviária, Aeroporto, Estação portuária; VIII. Espetáculos: Teatro, teatro de ópera Cinema, Complexo para espetáculos (sala de concerto, etc.); IX. Cultura: Edifício de exposições (museu, galeria privada, etc.), Centro de congressos X. XI. Centro de conferências, Midiateca, biblioteca; Alimentação: Restaurante em zona de atividades Restaurante no térreo do imóvel, Restaurante universitário, Restaurante Inter empresas, Cantina; XII. Penitenciária: Prisão, Centro penitenciário, Centro de reabilitação de menores; XIII. Indústria: Gráfica, Oficina, Laboratório, Pequena atividade artesanal, Atividade de pesquisa Data-center XIV. Outros: Tribunal A certificação é efetivada a partir de auditorias presenciais seguidas de análises que averíguam os critérios do referencial técnico. As auditorias são organizadas ao final de cada fase: Pré-projeto, Projeto e Execução. Um breve diagrama do caminho da certificação é mostrado na Figura 5. 30 Figura 5 – Diagrama “Caminho da Certificação” AQUA-HQE Fonte: Fundação Vanzolini, 2014 31 A auditoria é um processo documentado e independente que tem por finalidade a obtenção de evidências e sua avaliação para determinar se as exigências dos referenciais de certificação são atendidas. São dois grandes objetivos: verificar exigências do referencial do Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e verificar o julgamento da Qualidade Ambiental do Edifício QAE (Tabela 15). Tabela 15 – Qualidade Ambiental do Empreendimento (QAE) AQUA-HQE 1- Relação do Edifício com o seu entorno; 2- Escolha Integrada de produtos, sistemas e processsos construtivos; 3- Canteiro de Obras de Baixo Impacto Ambiental; 4- Gestão da Energia 5- Gestão da água 6- Gestão de resíduos de uso e operação do edifício 7- Manutenção - Permanência do Desempenho Ambiental 8- Conforto Térmico 9- Conforto Acústico 10- Conforto Visual 11- Conforto Olfativo 12- Qualidade sanitária dos Ambientes 13- Qualidade Sanitária do Ar 14- Qualidade Sanitária da Água Fonte: Fundação Vanzolini, 2014 A certificação é concedida ou não ao empreendimento, não havendo níveis intermediários. O selo se baseia em desempenho, sendo classificado em três níveis: Melhores Práticas (MP), ou seja desempenho calibrado conforme o desempenho máximo constatado recentemente nas operações de alta qualidade ambiental; Boas 32 Práticas(BP) e Base (B), isto é, prática corrente ou regulamentar. Para se obter a certificação é exigido um número mínimo de classificação MP e um número máximo da classificação B. Uma distinção do sistema é que o padrão mínimo de requisição remete ao que está normatizado e regulamentado. A Figura 6 ilustra estas exigências necessárias à concessão da certificação. Figura 6 – Perfil Mínimo de desempenho para certificação Fonte: Fundação Vanzolini, 2014 O custo estimado para emissão de certificação AQUA-HQE pela Fundação Vanzolini descrita na Tabela 16. Tabela 16 – Estimativa de Custo para certificação AQUA-HQE Projetos até 1.500m² R$ 23.500,00 Área Total (A) acima de 1.500m² R$23.500,00+2,2*(A-1.500) 1- Incluindo análise do processo, auditorias, avaliação e uso da marca. 2- Não estão incluídas despesas de transporte, alimentação e hospedagem. 3- Não é aplicável a projetos de urbanização ou áreas acima de 45.000m². Fonte: Elaboração própria (Fundação Vanzolini, 2014). 33 4.3. BREEAM BREEAM é uma abreviação de Building Research Establishment Environmental Assessment Method, um sistema de avaliação concebido para descrever o desempenho ambiental de um edifício. Lançado em 1989 no Reino Unido, é o mais antigo sistema de avaliação do edifício e serve como base para muitos outros sistemas de classificação, incluindo LEED e AQUA-HQE. Atualmente, existem mais de 200 mil edifícios certificados BREEAM no mundo, 20 vezes o número de edifícios certificados LEED e 1 milhão de edifícios foram registrados para a certificação. BREEAM define o padrão para as melhores práticas de desempenho da construção sustentável no Reino Unido. Ele pode ser usado para avaliar qualquer tipo de construção, e existem vários sistemas de avaliação de edifício BREEAM, cada um projetado para um tipo definido de edifício. BREEAM também é usado de forma específica em alguns países, por exemplo, Países Baixos, Noruega, Suécia e Espanha. No Brasil, a certificação inglesa ainda não tem grande aceitação e conhecimento. São apenas duas edificações, ambas no Rio, que têm a certificação: o movimento Terras, condomínio de casas verdes que vem sendo erguido em Petrópolis há cerca de dois anos; e o BNDES, que conseguiu no ano passado o BIU (BREEAM in use), versão da certificação para edifícios existentes (O Globo, 2014). 4.4. Conclusões sobre os Selos Ambientais O movimento de construção de alto desempenho em todo o mundo está sendo impulsionado pelo sucesso de métodos de avaliação de construção, em particular, LEED nos Estados Unidos e BREEAM no Reino Unido. Ambos os métodos de levar as matrizes complexas de dados numéricos e não numéricas e fornecer uma pontuação que 34 indica o desempenho de um edifício de acordo com o marcador e um sistema de pesagem incorporado no método. Internacionalmente, há uma série de sistemas e métodos de avaliação de Green Building, como CASBEE em Japão, Estrela Verde, na Austrália, e DGNB na Alemanha. Em todo o mundo, existem mais de 40 conselhos de edifício verde que promovem a construção verde e ferramentas de avaliação de prédio, muitos dos quais, como Green Mark em Cingapura, são produtos locais e não estritamente com base em outros instrumentos de avaliação principais. Além de criar um ambiente competitivo de promover a construção verde de alto desempenho, esses sistemas de avaliação também trazem definições padrão de construção verde para seus países e um vocabulário comum, o que é essencial para aumentar a penetração de edifícios verdes em todo o mundo. 35 5. Desafios e progressos do Edifício Verde Considerado um movimento de modismo, no início do século XXI, o conceito de edifício verde ganhou aceitação da indústria, e continua a influenciar a concepção do projeto, construção, operação, desenvolvimento imobiliário e os mercados de vendas. O conhecimento detalhado das opções e procedimentos envolvidos na "construção verde" é de valor inestimável para qualquer organização fornecendo ou aquisição de serviços de projeto ou construção. O número de edifícios registrados no GBC Brasil para uma avaliação LEED cresceu de apenas um, em 2004, para mais de 769 registradas e 111 certificadas até o final de 2013, como pode ser visto na Figura 7 Figura 7 – Registros e Certificações LEED no Brasil Fonte: GBC Brasil (2013) 36 Apesar do aparente sucesso do LEED Brasil e do movimento de construção verde no Brasil, os desafios são muitos - o paradigma da construção tradicional é bem enraizada e o uso de princípios de sustentabilidade é o maior desafio. Ainda que os defensores de edifícios verdes sustentem que o projeto integrado seja a base desse novo tipo de edifício, a mudança em grande escala é um grande empecilho. Por exemplo, sistemas de iluminação natural não eliminam a necessidade de um sistema de iluminação integral, já que edifícios geralmente também funcionam à noite. Janelas, claraboias, prateleiras de luz e outros dispositivos de alto desempenho tendem a aumentar o custo da obra. Controles que ajustam a iluminação para compensar diferentes quantidades de luz natural disponível, e sensores de presença que desligam a luz dependendo da ocupação adicionam despesas e complexidade às instalações. Sistemas de aproveitamento de águas pluviais requerem tubulações dedicadas, um tanque de armazenamento ou cisterna, controles, bombas e válvulas, que adicionam custo e complexidade. Além disso, há erros1 comuns na seleção de produtos para projetos sustentáveis como: I. Desconsideração dos impactos sociais: Produtos aparentemente eco eficientes podem ser associados à sonegação de impostos, desrespeito à legislação social e ambiental. Exemplo: um material verde pode ter empregado mão de obra semiescrava em sua produção. II. Foco em apenas um aspecto do problema: Um material que é o mais competitivo em determinado impacto pode ser o menor em outro. 1 Essa seção foi elaborada com base em informações do livro “O desafio da Sustentabilidade na Construção Civil” (Vahan Agopyan e Vanderley M. John, 2011). 37 III. Comparação de produtos com funções diferentes: apenas podem ser confrontados produtos que possuem uma mesma função por um mesmo período de tempo. IV. Utilização de dados fora do contexto: Empregos de dados obtidos em outros climas, empresas ou gerados há décadas, sem uma análise sobre sua adequação. V. Desprezo da vida útil nas condições de uso: Produtos com menores vidas úteis serão mais rapidamente trocados multiplicando os impactos ambientais de produção e provocando mais resíduos. A vida útil é influenciada pelas condições de uso, pelo projeto, pelo microclima e pela biodiversidade local. VI. Desconsideração do impacto do transporte: Transporte implica expressivos impactos ambientais, individualmente em produtos cuja massa é elevada e que são transportados por via rodoviária. VII. Priorização de materiais tradicionais: Seleção de materiais tradicionais sem qualquer ênfase de seus reais impactos ambientais de produção e de sua atuação. Exemplo: tijolo cerâmico é a melhor solução pois é utilizada há milênios. VIII. Energia incorporada: Comparação de produtos com base na energia incorporada na fase de produção, ignorando debates entre energias renováveis ou não, bem como o aumento no consumo energético dos edifícios. IX. Desconsideração das perdas durante a construção: Diferentes produtos, práticas de gestão em canteiro e particularidades de projetos possuem perdas maiores do que outros. X. Decisão baseada em declarações não verificadas: Em qualquer produto é possível achar algum aspecto em que ele é melhor do que outro. Identificado o benefício, este é incorporado na publicidade e, até mesmo, pode possibilitar a 38 certificação. Exemplo: produto certificado por entidade, critérios de medida de acordo com regras e amostragem que não são públicos e verificáveis. XI. Desconsideração do efeito durante o uso da construção: O impacto ambiental e social da construção se desdobra por todo o ciclo de vida. Em muitas circunstâncias, um aumento do impacto na construção pode causar redução dos impactos durante a fase de uso. XII. Esquecimento das implicações para os usuários ou operadores: Muitas soluções exigem interferências frequentes dos usuários, que podem não estar dispostos ou capacitados a fazê-las. Carência de práticas de treinamento dos usuários. XIII. Não emprego do conceito de desempenho: Desempenho e qualidade adequados são pré-condições para a sustentabilidade. Produtos que não têm desempenho ou qualidade adequada, ou apresentam altas taxas de problemas, acabam sendo substituídos e multiplicam os impactos. 5.1. Experiências no Mundo e no Brasil A transformação para um ambiente de edifícios verdes está sendo impulsionada por uma conjuntura global. Há evidências de destruição acelerada dos ecossistemas planetários, alteração dos ciclos biogeoquímicos globais, enormes aumentos de população e consumo. A ameaça do aquecimento global, o esgotamento de peixes, desmatamento e desertificação estão entre os resultados prováveis que alguns ambientalistas chamaram de sexta extinção em massa, referindo-se a enorme destruição da vida da espécie humana e biodiversidade do planeta. 39 A crescente demanda por recursos naturais está pressionando os países desenvolvidos e em desenvolvimento, como os chamados BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), resultando em escassez e preços mais altos para materiais e produtos agrícolas. A China adiciona cerca de 11 milhões de pessoas a cada ano para a sua população de 1,3 bilhão (U.S. Census Bureau, 2014), e sua economia está se expandindo a uma taxa de cerca de 7,6 por cento ao ano (World Bank, 2014). Crescimento da economia e a melhora da qualidade de vida na China aumentaram a demanda e os preços de carne e grãos. A economia crescente chinesa tem um enorme apetite por insumos, contribuindo para a escassez e aumento de preços em todo o mundo. A China consumiu mais de 47% do aço do mundo em 2013 enquanto os Brasil, juntamente com toda América do Sul e América Central, consumiram apenas 3,3% (World Steel Association, 2014). Os preços do aço globais aumentaram, devido, em grande parte, ao consumo na China. A demanda chinesa por combustíveis fósseis está crescendo a uma taxa de 30% ao ano, assim como a produção mundial de petróleo. Figura 8 - Evolução do Crescimento do Consumo de Aço por ano (Em milhões de toneladas) 40 Fonte: Worldsteel Association e Nomura (2012) O setor manufatureiro está experimentando preços mais elevados para praticamente todas as commodities usadas no sistema de produção. Metais raros, que, como seu nome indica, não são materiais abundantes, mas elementos indispensáveis, como lantânio, neodímio, európio, e são essenciais para os ímãs, motores e baterias usadas em carros elétricos, geradores eólicos, unidades de disco rígido, móveis, telefones e outros produtos de alta tecnologia. Esses materiais estão em criticamente escassos e afetando as indústrias a nível mundial. O mercado de edifícios verdes no Brasil continua a crescer, tanto em tamanho quanto em participação de mercado. Em 2009, eram apenas 16 edifícios certificados. Esse número, em 2012, chegou a 82, aumento de 412% em apenas 3 anos (EXAME, 2013). Ficando atrás exclusivamente dos Estados Unidos, as China e dos Emirados Árabes, o Brasil já é o quarto país em edifícios certificados. Movimentou mais de R$ 13,6 bilhões no país em 2012, 8,3% do total do PIB de edificações (EY, 2013). O movimento de construção verde está coincidindo com as transformações na indústria, turismo, agricultura, medicina e setor público, que adotou várias abordagens para “esverdear” suas atividades. Do redesenho de processos inteiros para programar esforços administrativos, tais como a adoção de políticas de compras verdes, novos conceitos e abordagens são emergentes que considerem o meio ambiente, sistemas ecológicos, e bem-estar humano para ser de igual importância para o desempenho econômico. Por exemplo, a Amanco, uma das maiores empresas em fabricação de tubos e conexões do mundo, no ano passado, recebeu o selo Sustentax, que atesta produtos sustentáveis. Foi obtido após a empresa alterar a fórmula de um adesivo plástico empregado para unir tubos e conexões. Ao invés de usar o tolueno, uma substância que 41 pode originar dependência química ao operário que inala seus vapores, começou a usar solventes, que emitem 50% do limite admissível para a emissão de gases tóxicos. Além disso, a empresa também modificou os estabilizantes à base de chumbo utilizando outros a base de cálcio e zinco, extinguindo os riscos de intoxicação por metal pesado. Essas mudanças exigiram um comprometimento da área de engenharia de materiais para não provocar um aumento nos custos. No caso da troca dos estabilizantes, o custo inicial era 6% superior ao que era utilizado. Por meio de acertos nas formulações, uso de matérias-primas alternativas e melhora de processos, a empresa obteve o novo estabilizante a um custo análogo ao antigo. Para a presidente da Amanco, Marise Barroso, esse é um exemplo da investigação constante de um equilíbrio social, econômico e ambiental. "Sempre buscamos esse triplo resultado", diz Marise (Guia Exame Sustentabilidade, 2010). 42 6. Estudo de caso: Ventura Corporate Towers – LEED CS Gold O Ventura Corporate Towers (Figura 9) é um edifício que foi projetado e construído de acordo com o sistema LEED CS Gold, sendo o primeiro edifício no Rio de Janeiro a obter esse selo. O empreendimento é composto por duas torres corporativas: Torre Leste e Torre Oeste de 36 pavimentos cada, cinco subsolos e por um edifício garagem de cinco andares, que ocupam um terreno de 4.299 m². Inaugurado em outubro de 2008, incorpora tecnologias sustentáveis a fim de buscar eficiência ambiental no local e entorno. O Ventura fica situado na Avenida República do Chile, 330, Centro, Rio de Janeiro, Brasil. Ventura Corporate Towers nasceu de uma parceria entre duas incorporadoras: Tishman Speyer Properties e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário. Seu projeto tem as assinaturas de dois escritórios: o norte-americano Kohn Pederson Fox, responsável pelo projeto do Canary em Londres e do World Headquarters em Washington, DC, e a Aflalo & Gasperini, responsável pelo São Paulo World Trade Center. 43 Figura 9 – Edifício Ventura Corporate Towers 6.1. Iniciativas Sustentáveis No aspecto do uso racional da Água (WE), foram tomadas ações como o uso de equipamentos economizadores de água, como bacia acoplada com duplo acionamento (3/6 l), mictórios de baixa vazão (0,7 l/fluxo) e com fechamento automático, torneiras dos lavatórios com fechamento automático e com arejadores. Adotou-se espécies nativas nas áreas de paisagismo que demandam menos água e sistema de irrigação por 44 gotejamento que otimiza o uso para irrigação. Aproveita-se a água de chuva para irrigação do paisagismo e para o sistema de ar condicionado (Figura 10, Figura 11 e Figura 12). Figura 10 – Cobertura recolhendo a água da chuva Toda água captada pela cobertura e heliporto é encaminhada ao trigésimo quinto pavimento aonde passa por uma caixa de inspeção (Figura 11). Figura 11 – Caixa de inspeção de água pluvial 45 A água pluvial é encaminhada para o andar térreo onde fica o seu reservatório (Figura 12). Posteriormente, esta será usada para irrigação do paisagismo e sistema de ar condicionado, minimizando o volume a ser disposto na rede pública. Apesar do sistema de reaproveitamento de água atender às necessidades de projeto, verificou-se a necessidade de se fazer uma vistoria no sistema elétrico, com uma empresa de instalação elétrica, a fim de evitar um possível curto circuito ou até mesmo algo mais grave. Figura 12 – Reservatório da água de chuva localizada na garagem Em energia e atmosfera (EA), foram utilizados sistemas de condicionamento de ar de alta eficiência, como chillers elétricos refrigerados à água, com distribuição de ar condicionado feita por unidades de fan-coil e caixas VAV nos ambientes. Não é usado gás refrigerante à base de CFC (Clorofluorocarboneto) nos equipamentos 46 condicionadores de ar, reduzindo agressões à camada de ozônio. Há comissionamento dos sistemas que demandam energia (ar condicionado, ventilação e sistemas elétricos e hidráulicos) supervisionada por um profissional qualificado de modo a garantir a que todos estes sistemas funcionem conforme o previsto em projeto. O sistema de elevadores ThyssenKrupp conta com sistemas ADC (antecipador de chamada) e regenerativo de energia, permitindo a utilização de parte da energia gerada pelo elevador durante seu funcionamento para a rede elétrica interna da edificação, resultando em 35% de economia. A iluminação interior e exterior é projetada com equipamentos de alta eficiência e integrada no sistema de automação predial, com acionamento através de programação horária, para reduzir o consumo de energia e a poluição luminosa no entorno do empreendimento. Há iluminação natural com ampla área de fachada envidraçada, o que garante o aproveitamento da iluminação natural (Figura 13). 47 Figura 13 – Iluminação com aproveitamento da luz natural Além disso, foram locados sistemas de medição individualizada de energia. Este sistema tem por objetivo disponibilizar ao locatário a possibilidade de acompanhamento de consumo de energia, com a finalidade de criar parâmetros de monitoramento para metodologias de conservação de energia além de rateio compatível de seu consumo. Entre os materiais e recursos da edificação, mais de 65% dos produtos e materiais de madeira incorporados possuem o selo Forest Stewardship Concil (FSC), entidade que garante o manejo sustentável das florestas. O Ventura conta com depósitos para recicláveis, áreas facilmente acessíveis, dedicadas ao armazenamento temporário de recicláveis localizados nos pavimentos tipo e no subsolo (Figura 14). 48 Figura 14 – Central de Reciclagem Ventura Corporate Tower Com o propósito de sustentabilidade do espaço (SS), foram criadas 33 vagas preferenciais (Figura 15) para veículos com baixa emissão e baixo consumo, localizadas próximas à entrada do empreendimento para reduzir impactos gerados pela utilização de veículos. Cerca de 98% das vagas do estacionamento são cobertas e as áreas descobertas são revestidas com materiais de cores claras para reduzir ilhas de calor no local. Além das vagas para automóveis, foi colocado um bicicletário (Figura 16) para incentivar os locatários a utilizarem a bicicleta como meio de transporte. 49 Figura 15 – Vagas preferenciais para veículos movidos a Álcool ou GNV Figura 16 – Bicicletário 50 7. Considerações finais e conclusões Dados da construção civil indicam que existem grandes tendências na mudança em curso para edifícios verdes. Após o desenvolvimento deste Projeto de Graduação, pode-se dizer que o desenvolvimento sustentável traz benefícios econômicos, sociais e ambientais, fundamentais para o crescimento do país. Apesar do custo da construção ser de aproximadamente 1% a 7% mais caro, a valorização estimada na revenda é de 10% a 20%. Além disso, o investimento pode proporcionar até 30% de diminuição no valor do condomínio e redução média de 9% no gasto de operação durante toda a vida útil (GBC-Brasil, 2013). No momento em que se leva em consideração o ganho ambiental de uma obra certificada pelo selo AQUA-HQE, BREAM ou LEED, não importando o motivo pelo qual os empreendimentos decidam seguir tais práticas, seja por marketing, diminuição de custos ou consciência ambiental, a certificação sempre é um passo importante para o desenvolvimento sustentável. Compreende-se que em algumas dos métodos incorporadas na certificação já eram práticas dos arquitetos, projetistas e construtores, pois em alguns casos, métodos tinham valor no mercado, agregavam atributo ao produto final, valorizavam o empreendimento e potencializavam o lucro. O processo de certificação vem então organizar e direcionar estas ações para atender aos critérios ambientais almejados e necessários à sobrevivência das gerações futuras. O selo LEED foi desenvolvido nos Estados Unidos e, sendo trazida de outro país, de outra realidade econômica, social e ambiental, pode gerar um descompasso nos pesos de cada um dos itens. Sabe-se que um dos maiores problemas dos Estados Unidos é o elevado consumo de energia e isto se traduz nas particularizações do LEED. No 51 Brasil, grande parte da produção de energia é considerada fonte de energia renovável. Em compensação, nosso país passa por problemas sociais e essa ênfase não é muito considerada na certificação LEED, gerando uma avaliação no que seria mais importante para o papel da certificação no Brasil. A realidade brasileira é de enorme diversidade, características internas de clima, costumes, desenvolvimento econômico e educação mudam consideravelmente dentro do país, e isto já justificaria uma adequação interna. Os edifícios de fachadas envidraçadas exigem consumo superior de energia. Já para a concepção da Torre Ventura foram adotadas algumas medidas para contornar o problema, como a colocação de granito em uma das fachadas e a emprego de vidros laminados refletivos, de 10 mm, com alta transparência luminosa e baixa transmissão térmica. Aliado a questão da LEED não ser adaptada à realidade brasileira, o fato de ser um sistema baseado em pontos, com seu resultado final baseado no total obtido, há o risco de não se alcançar o desempenho desejado. O selo AQUA apresenta maior potencial de atender as necessidades brasileiras e por ter sua norma baseada em desempenho no qual todos os critérios devem ser aprovados pelo menos nos padrões mínimos estabelecidos, não há como conseguir a certificação sem que verdadeiramente se esteja praticando sustentabilidade. Sua flexibilidade a torna mais adaptável à realidade do empreendimento, e isto pode representar ganho na eficiência e nas práticas adotadas. Sendo realidade os benefícios que ambas as certificações produzem, é minha opinião que o certificado LEED tem um maior reconhecimento, haja visto o número de certificações e a diferença de tempo de existência das duas certificações. Mas optar por uma delas representa a avaliação de qual processo de certificação se adapta melhor ao caso em questão, garantindo que, além da redução dos impactos ambientais, se obterá os maiores benefícios sociais e econômicos. 52 Então, em cada empreendimento, determinar o que se pretende com a certificação ambiental é a primeira atitude a se adotar para escolher qual processo adotar. Pelo caso estudado do Ventura Corporate Towers, verifica-se a efetividade do certificado LEED em atender as necessidades do desenvolvimento sustentável. A particularidade do caso é a pratica e uso de algumas técnicas que tendiam ser referência ambiental, não se importando com a questão do custo. Como conclusão sobre os selos ambientais, vale notar que sua abrangência tem ganhado cada vez mais o mercado, a sociedade e o governo. E elas são extraordinários meios de se garantir que todos os agentes fiquem cada vez mais envolvidos na questão do desenvolvimento ambiental. A eficácia da mudança de hábitos passa pela conscientização e com a certificação sendo exigida e praticada cada vez mais, pode-se verificar aceleração deste processo de conscientização verde, tão importante para a sobrevivência de nossa espécie. Como recomendação para trabalhos futuros, sugere-se confrontar economicamente os sistemas de certificação apresentados, avaliando qual a alternativa de maior retorno financeiro e a de maior necessidade de investimentos em infraestrutura ou em tecnologias. Outra possibilidade seria a realização da análise de outros sistemas de certificação presentes no Brasil, por exemplo o selo PROCEL Edifica e o Casa Azul Caixa. 53 8. Referências Bibliográficas Departamento de Design e Construção da cidade de Nova York. High Performance Building Guidelines. Pesquisado em <http://www.nyc.gov/html/ddc/downloads/pdf/guidelines.pdf> acessado em 04/07/2014 KIBERT, C. J. (2013). Sustainable Construction: Green Building Design and Delivery. 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