levantamento das certificações verdes no brasil

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LEVANTAMENTO DAS
CERTIFICAÇÕES VERDES NO BRASIL:
LEED VERSUS AQUA-HQE
David Izquierdo Botelho
Projeto de Graduação em Engenharia Civil, pela
Escola Politécnica da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, apresentado como um dos
requisitos à colação de grau.
Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado
Co-orientador: Victor Paulo Peçanha Esteves
Rio de Janeiro
Agosto de 2014
LEVANTAMENTO DAS CERTIFICAÇÕES VERDES NO
BRASIL: LEED VERSUS AQUA-HQE
David Izquierdo Botelho
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE
DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU
DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
______________________________________________
Professora Cláudia do Rosário Vaz Morgado, D.Sc., Orientadora
______________________________________________
Professor Victor Paulo Peçanha Esteves, M.Sc., Co-orientador
______________________________________________
Professora Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
AGOSTO de 2014
ii
Botelho, David Izquierdo
Levantamento das certificações verdes no Brasil: LEED versus
AQUA-HQE / David Izquierdo Botelho - Rio de Janeiro: UFRJ /
Escola Politécnica, 2014.
xi, 54 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado
Projeto de Graduação - UFRJ / Escola Politécnica / Curso de
Engenharia Civil, 2014.
Referências Bibliográficas: p. 53
1. Edifício Verde 2. Sustentabilidade 3. Rio de Janeiro
I. Morgado, Cláudia do Rosário Vaz. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Cenários para a construção de edifícios verdes no Brasil.
iii
Dedico este trabalho aos meus pais, Mauro e
Isabel, ao meu irmão Andre e minha namorada
Marina que sempre me apoiaram e deram suporte a
minha jornada. Agradeço também ao Jeferson Reis
e a Angela Cardoso que trabalham na BRPRA,
viabilizadores do meu estudo de caso no Ventura
Corporate Towers.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Levantamento das certificações verde no Brasil: LEED versus AQUA-HQE
David Izquierdo Botelho
Agosto de 2014
Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado
Co-orientador: Victor Paulo Peçanha Esteves
Curso: Engenharia Civil
Esse projeto de graduação tem por objetivo avaliar o mercado brasileiro atual de
edifícios verdes e possíveis cenários futuros do desenvolvimento sustentável. Inicia-se
apresentando conceitos pertinentes a esse assunto tão abrangente. Uma vez que o leitor
esteja familiarizado com essas considerações, será exibido o cenário histórico do setor
da construção verde com dados dos principais expoentes do assunto. Após essa
apresentação, serão apresentados os principais selos verdes presentes no mercado
brasileiro. A partir desse levantamento, serão oferecidos desafios e progressos do
edifício verde, experiências no mundo e no Brasil, e por fim um estudo de caso.
Palavras-chave: Edifício Verde, Sustentabilidade, Rio de Janeiro.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to Poli / UFRJ as a part fulfillment of the
requirements for the degree of Civil Engineering.
Lifting of the green certifications in Brazil: LEED versus AQUA-HQE
David Izquierdo Botelho
August / 2014
Advisor: Cláudia do Rosário Vaz Morgado
Co-advisor: Victor Paulo Peçanha Esteves
Course: Civil Engineering
This graduation project has the objective to evaluate the current Brazilian market for
green buildings and possible future scenarios of sustainable development. The project
begins presenting relevant concepts in this subject. Once the reader is familiar with
these considerations, the historical setting of the green building industry with data of the
leading exponents of the subject appears. After the presentation, will appear the main
green stamps in the Brazilian market. From this rising, will be offered challenges and
progress of green building, experiences in the world and in Brazil, and finally a case
study.
Keywords: Green Building, Sustainability, Rio de Janeiro.
vi
vii
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 1
2.
CONCEITOS .......................................................................................................................... 4
3.
4.
2.1.
EDIFÍCIO VERDE .......................................................................................................................... 4
2.2.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ..................................................................................... 4
2.3.
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL .................................................................................................. 6
2.4.
AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA ............................................................................................. 7
2.5.
ETAPAS DO PLANEJAMENTO DE UM EDIFÍCIO VERDE .................................................. 9
HISTÓRICO .........................................................................................................................13
3.1.
RICHARD BUCKMINSTER FULLER (1895-1983) ...................................................... 13
3.2.
FRANK LLOYD WRIGHT (1867-1958) .......................................................................... 14
3.3.
IAN MCHARG (1920-2001) ............................................................................................ 15
3.4.
MALCOM WELLS (1926-2009) ........................................................................................ 15
3.5.
RICHARD NEUTRA (1892-1970) .................................................................................... 16
3.6.
CONTEMPORIZAÇÃO ................................................................................................................. 16
SELOS VERDES.................................................................................................................18
4.1.
LEED (LEADERSHIP IN ENERGY & ENVIRONMENTAL DESIGN) .......................... 20
4.2.
AQUA-HQE (ALTA QUALIDADE AMBIENTAL) ............................................................ 28
4.3.
BREEAM ...................................................................................................................................... 34
4.4.
CONCLUSÕES SOBRE OS SELOS AMBIENTAIS ............................................................. 34
viii
5.
DESAFIOS E PROGRESSOS DO EDIFÍCIO VERDE .................................36
5.1.
6.
EXPERIÊNCIAS NO MUNDO E NO BRASIL ....................................................................... 39
ESTUDO DE CASO: VENTURA CORPORATE TOWERS – LEED CS
GOLD .................................................................................................................................................43
6.1.
INICIATIVAS SUSTENTÁVEIS ............................................................................................... 44
7.
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES.................................................51
8.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................54
ix
Índice de Figuras
FIGURA 1 - IMPACTO AMBIENTAL DOS EDIFÍCIOS NOS EUA .........................................................2
FIGURA 2 - ESQUEMA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL..............................................................6
FIGURA 3 – CASA DYMAXION ................................................................................................................................. 14
FIGURA 4 – SELOS E SUAS RESPECTIVAS PONTUAÇÕES MÍNIMAS ...................................... 23
FIGURA 5 – DIAGRAMA “CAMINHO DA CERTIFICAÇÃO” AQUA-HQE ..................................... 31
FIGURA 6 – PERFIL MÍNIMO DE DESEMPENHO PARA CERTIFICAÇÃO .................................. 33
FIGURA 7 – REGISTROS E CERTIFICAÇÕES LEED NO BRASIL ................................................... 36
FIGURA 8 - EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO DO CONSUMO DE AÇO POR ANO ............... 40
FIGURA 9 – EDIFÍCIO VENTURA CORPORATE TOWERS .................................................................... 44
FIGURA 10 – COBERTURA RECOLHENDO A ÁGUA DA CHUVA..................................................... 45
FIGURA 11 – CAIXA DE INSPEÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL ...................................................................... 45
FIGURA 12 – RESERVATÓRIO DA ÁGUA DE CHUVA LOCALIZADA NA GARAGEM ....... 46
FIGURA 13 – ILUMINAÇÃO COM APROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL .............................. 48
FIGURA 14 – CENTRAL DE RECICLAGEM VENTURA CORPORATE TOWER ......................... 49
FIGURA 15 – VAGAS PREFERENCIAIS PARA VEÍCULOS MOVIDOS A ÁLCOOL OU
GNV ................................................................................................................................................................................... 50
FIGURA 16 – BICICLETÁRIO .................................................................................................................................... 50
x
Índice de Tabelas
TABELA 1 - PRINCÍPIOS PARA A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL ....................................................7
TABELA 2 – FERRAMENTAS PARA ANÁLISE DE CICLO DE VIDA ...................................................8
TABELA 3 – CATEGORIAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARA ACV .............................................9
TABELA 4 - ALGUNS PAÍSES ESTÃO DESENVOLVENDO SISTEMAS DE AVALIAÇÃO. 19
TABELA 5 – CATEGORIAS LEED E SUAS UTILIZAÇÕES..................................................................... 21
TABELA 6 – ÁREAS CHAVES E CRITÉRIOS DA CERTIFICAÇÃO LEED .................................... 22
TABELA 7 – CATEGORIAS, PRÉ-REQUISITOS E PONTOS POSSÍVEIS PARA
CERTIFICAÇÃO ......................................................................................................................................................... 23
TABELA 8 – CATEGORIA SS, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 .. 24
TABELA 9 – CATEGORIA WE, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 . 24
TABELA 10 – CATEGORIA EA, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 25
TABELA 11 – CATEGORIA EQ, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 200926
TABELA 12 – CATEGORIA ID, PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS LEED-NC V.3 - 2009 26
TABELA 13 – CRÉDITOS REGIONAIS PARA O BRASIL LEED-NC V.3 - 2009 .................... 27
TABELA 14 – CUSTO ESTIMADO PARA CERTIFICAÇÃO LEED-NC V.3 - 2009 ................. 28
TABELA 15 – QUALIDADE AMBIENTAL DO EMPREENDIMENTO (QAE) AQUA-HQE ..... 32
TABELA 16 – ESTIMATIVA DE CUSTO PARA CERTIFICAÇÃO AQUA-HQE ........................... 33
xi
Índice de Siglas
AQUA - Alta Qualidade Ambiental
AVAC - Aquecimento, ventilação e ar condicionado
BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
CFC - Clorofluorocarboneto
CIB - Conselho Internacional de pesquisa e inovação na construção
COVs - Compostos orgânicos voláteis
EA - Eficiência Energética
EIA - Environnmental Information Administration
EQ - Qualidade Ambiental Interna
GBCB - Green Building Concil Brasil
GGGC - Governor's Green Government Council
IN - Inovação e Processos de Projeto
LEED - Leadership in Energy & Environmental Design
MR - Materiais e Recursos
ONU - Organização das Nações Unidas
PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
SS - Sustentabilidade do Espaço
USEPA - United States Environmental Protection Agency
USGBC – United States Green Building Concil
WE - Racionalização do uso da água
xii
1. Introdução
As discussões sobre sustentabilidade e normas mais eficientes são cada vez mais
presentes em todo o mundo e no Brasil não é diferente. A construção Civil desempenha
um papel fundamental nessa discussão. De acordo com o “U.S. Energy Information
Administration“, a atividade de Construção é responsável por: 38% de toda emissão de
Dióxido de Carbono (CO2), 40% do consumo de matéria-prima, 14% do consumo de
água potável. (EIA 2008)
Há poucos anos, a grande maioria das nações considerava o meio ambiente
como um reservatório inesgotável de matéria-prima, onde se podia extrair ou depositar
rejeitos sem maiores preocupações. Com o forte crescimento econômico e populacional
dos últimos anos, nos deparamos com uma demanda nunca antes vista. Recursos antes
considerados inesgotáveis estão acabando. O crescimento da construção civil está
ocorrendo globalmente. Até 2050, 67% da população mundial deverá estar vivendo em
áreas urbanas, no Brasil essa taxa chega a quase 91% (Banco Mundial, 2014).
A construção civil é uma atividade historicamente consumidora de recursos e em
muitos casos com um impacto significativo no ambiente, embora procure
crescentemente minimizar ou compensar os impactos negativos e valorizar os impactos
positivos (CANTER, L., 1995, CARPENTER, T. 2001).
“Muitas vezes pouco considerados, os edifícios fazem parte da vida da maioria
da população urbana, vivemos nele cerca de 80% do nosso tempo. Associado ao seu
ciclo de vida tem altos valores de utilização de energia, água, matérias-primas e
produção de resíduos, entre outros.” (Pinheiro, M.,2003)
1
Utilização de Energia
42%
Emissões Atmosféricas
40%
Matérias Primas
30%
Resíduos Sólidos
25%
Água Utilizada
24%
Efluentes Líquidos
20%
Uso do Solo
15%
Outras Emissões
12%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
% EUA
Figura 1 - Impacto Ambiental dos Edifícios nos EUA
Fonte: Elaboração própria (Worldwatch Institute & U.S. EPA, 2009)
Motivação:
Diante dessa conjuntura, observa-se que a construção civil é altamente
impactante ambientalmente e até socialmente. E como tal, devemos buscar meios
práticos de amenizar os impactos cometidos.
Objetivo:
O objetivo deste trabalho é analisar o atual contexto da edificação verde e estudar mais
profundamente as principais certificações utilizadas no Brasil, avaliando se as
certificações existentes desempenham seu papel de mitigador dos problemas ambientais
inerentes a construção de empreendimentos. A metodologia utilizada na elaboração do
trabalho foi fundamentada em pesquisas bibliográficas, visita técnica a um
empreendimento verde, através da coleta de dados secundários em artigos, revistas,
jornais, e internet.
2
O trabalho será apresentado em oito capítulos:
No capítulo 2 irá tratar dos conceitos inerentes a Edifício Verde;
No capítulo 3 será apresentado um histórico da idealização dos conceitos de
Edifício Verde e uma breve contemporização;
No capítulo 4 será exibido os principais Selos Verdes presentes no Brasil;
No capítulo 5 serão expostos os desafios e progressos do Edifício Verde e as
experiências atuais no mundo e o panorama no Brasil;
No capítulo 6, o estudo de caso do edifício do Ventura Corporate Towers;
E por fim no capitulo 7, serão expostas considerações finais, assim como
conclusões a que se chegaram ao longo da análise.
3
2. Conceitos
2.1. Edifício Verde
Edifício Verde é a prática de criar estruturas e usar processos que são
ambientalmente responsáveis e eficientes no consumo de recursos ao longo do ciclo de
vida da edificação, desde concepção, construção, operação, manutenção, renovação até
a demolição. Esta prática se expande e complementa as preocupações clássicas do
projeto na economia, utilidade e conforto. Edifício verde também é conhecido como
Edifício Sustentável ou Edifício de Alto Desempenho (USEPA,2012).
Há várias definições do que um edifício verde é ou faz. Definições podem variar
de edifícios melhores que a média em termos de seu impacto sobre o meio ambiente ou
notavelmente melhores do que a construção média, para um que pode até representar
um processo de regeneração. Onde há realmente uma melhoria e restauração do
ambiente local. O projeto ideal "verde" preserva e restaura o habitat que é vital para a
manutenção da vida e se torna um produtor e exportador líquido de recursos, materiais,
energia e água, em vez de ser um consumidor. Um edifício verde é aquele que em sua
construção e vida útil de operação assegura o ambiente mais saudável possível,
enquanto representando o uso mais eficiente e menos perturbadora da terra, água,
energia e recursos. A solução de projeto ideal é aquela que une de forma eficaz todos os
sistemas naturais e as condições do local (What is a Green Building?, 2012).
2.2. Desenvolvimento Sustentável
Os projetos de Edifício Verde tentam reduzir os impactos negativos da
Construção Civil. Os benefícios podem ser resumidos no conceito de desenvolvimento
4
sustentável
que,
segundo
a
Comissão
Mundial
sobre
Meio
Ambiente
e
Desenvolvimento (1987) “é o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades
da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem
as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro,
atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização
humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e
preservando as espécies e os habitats naturais.”
O desenvolvimento sustentável pode ser dividido em 3 pilares (ver figura 2): O
pilar “Meio Ambiente” tem como metas prioritárias diminuir o uso de energia e água,
gerar menos gases do efeito estufa, proteger ecossistemas e salvar recursos naturais. O
pilar “Economia” centra seus esforços em diminuir o custo de operação, valorizar a
propriedade, permitir que as construções sejam mais duráveis, e adaptáveis à
renovação/expansão. O pilar “Social” é o que busca a melhoria de condições do ar,
acústica, térmica, gerar mais conforto aos ocupantes e aumentar a produtividade e
qualidade de vida dos funcionários.
5
Figura 2 - Esquema Desenvolvimento Sustentável
Fonte: JRRIO (2012)
2.3. Construção Sustentável
Os termos construção sustentável e edifício verde são frequentemente usados
como sinônimos; no entanto, a construção sustentável é mais abrangente, aborda as
questões ecológicas, sociais e econômicas de um edifício no contexto da sua
comunidade.
Em 1994, o Conselho Internacional de pesquisa e inovação na construção (CIB),
definiu a construção sustentável como sendo “...criação e operação de um ambiente
construído saudável baseado na eficiência de recursos e design ecológico” (CIB,1994).
A CIB criou sete Princípios da Construção Sustentável, que, idealmente, corroboram
para a tomada de decisão em cada fase do processo de concepção e construção, ao longo
de todo ciclo de vida do edifício. Os Princípios da Construção Sustentável se aplicam
em todo o ciclo de vida da construção, desde o planejamento até a demolição. Além
6
disso, os princípios se aplicam aos recursos necessários para criar e operar o ambiente
construído durante todo o seu ciclo de vida: terra, materiais, água, energia, e os
ecossistemas.
Tabela 1 - Princípios para a construção sustentável
1. Reduzir o consumo de recursos (reduzir).
2. Reutilizar os recursos (reutilizar)
3. Usar recursos recicláveis (reciclar)
4. Protejer a natureza (natureza).
5. Eliminar os materiais tóxicos (tóxicos).
6. Aplicar a análise de custo de vida (economia).
7. Focar na qualidade (qualidade).
Fonte: Elaboração própria (CIB, 1994)
2.4. Avaliação do Ciclo de vida
A construção sustentável reúne uma série de parâmetros que se enquadram nas
distintas dimensões de desenvolvimento sustentável. Um dos aspectos relevantes na
busca da eficiência para a sustentabilidade baseia-se em otimizar o ciclo de vida na
construção. Com efeito, ao construir com durabilidade, assegura-se um maior tempo de
utilização do edifício, com uma redução significativa no uso de materiais e consequente
redução dos impactos ambientais.
A ACV foi utilizada inicialmente nos Estados Unidos em 1990. Constitui o
procedimento, que permite analisar convencionalmente a complexa influência de um
sistema (que pode ser um material, um componente ou um conjunto de componentes)
com o ambiente, ao longo de todo ciclo de vida. A ACV parte da premissa de que todos
7
os estágios da vida de um produto geram impacto ambiental e por isso deve ser
avaliado.
Nos últimos anos foram desenvolvidas algumas ferramentas computacionais,
que permitem a análise do ciclo de vida (Tabela 2).
Tabela 2 – Ferramentas para Análise de Ciclo de Vida
Designação
SIMAPRO
ECO-QUANTUM
LEGEP
EQUER
ATHENA
OGIP
ECO-SOFT
ENVEST 2.0
ECOEFFECT
GREENCALC
BECOST
Hiperligação
www.simapro.co.uk
www.ecoquantum.com.au
www.legep.de
www.izuba.fr
www.athenaSMI.ca
www.ogip.ch
www.ibo.at/de
www.envest2.bre.co.uk
www.ecoeffect.se
www.greencalc.com
www.bfrl.nist.gov/oae/bees.html
Fonte: Reis, 2011
8
As categorias de impactos ambientais utilizados para as Análises do Ciclo de
Vida podem compreender: 
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Consumo de recursos não renováveis;
Potencial de aquecimento global;
Consumo de água;
Potencial de eutrofização;
Potencial de redução da camada de ozono;
Potencial de acidificação;
Toxidade ecológica;
Toxidade humana;
Potencial de formação de smog;
Produção de resíduos;
Poluição do ar;
Usos de terra;
Alteração dos habitats.
Tabela 3 – Categorias de impactos Ambientais para ACV
Fonte: Reis, 2011
A importância de cada categoria varia, dependendo da realidade ambiental de
cada país. Um produto que consome bastante água em num país árido tem elevado
impacto ambiental, o que não acontece se o mesmo for produzido no sudeste brasileiro.
(Reis, 2011)
2.5. Etapas do planejamento de um Edifício Verde
Quando construímos um edifício verde ou uma obra de alto padrão, muitas
etapas no processo de construção são de grande importância - dentre elas a estrutura e
os materiais de acabamento. Embora produtos e práticas continuem melhorando e
mudando, o conceito básico do edifício verde permanece o mesmo.
9
Na fase de projeto, alguns conceitos básicos devem ser respeitados na
elaboração do projeto para o edifício em si: a orientação do sol, sombras, propriedades
térmicas dos materiais, como também a cor. Práticas como o isolamento térmico e
sistemas de refrigeração tem sua importância. Janelas de alto desempenho e
padronização das especificações dos materiais ajudam a diminuir o desperdício. E, além
disso, a criação de um design de projeto flexível que possa atender a necessidades
futuras do imóvel prolonga a vida útil da edificação.
Deve-se buscar maximizar o uso da luz natural, claraboias e cores claras, que
irão ajudar a refletir a luz solar. Iluminação com lâmpadas frias, reatores de lâmpadas
mais eficientes, controle inteligente de iluminação, sensor de presença, evitar
iluminação excessiva externa, considerar iluminação direcionada para baixo, não para
cima e para fora (10 Basic Concepts for Green Homes, 2006).
Na construção, devem-se reutilizar materiais existentes, usar menos materiais e
usar materiais de construção que são considerados ambientalmente amigáveis. Outros
aspectos importantes são: a avaliação do impacto de ciclo de vida do produto sobre o
meio ambiente e recursos, a preferência por produtos oriundos de fontes renováveis, uso
de madeiras certificadas ou bambu. Quando possível, deve ser feita a opção por madeira
certificada cuja floresta veio de replantio e é colhida utilizando práticas sustentáveis. A
utilização de produtos e sistemas recicláveis quando chegam ao fim de sua vida útil é
outro aspecto relevante.
Em relação ao uso de materiais em uma edificação verde, algumas boas práticas
devem ser adotadas: investigar o material de construção; comparar o uso de energia e
impacto ambiental em todo seu ciclo de vida; incluir todas as etapas que envolvam
10
matéria-prima, processo de produção, embalagem, transporte, instalação, utilização e
eliminação ou reutilização; ler e perguntar sobre materiais necessários à instalação,
acabamento e manutenção, e escolhendo a melhor opção. É importante reunir
informações sobre percentual de componentes recicláveis, baixo índice de COVs
(Compostos Orgânicos Voláteis) e evitar o uso de materiais tóxicos. A escolha por
matérias locais e naturais deve ser feita sempre que possível, uma vez que isso ajuda a
economia local, bem como reduz o uso global de energia inerente no transporte (10 Basic
Concepts for Green Homes, 2006).
Os projetos precisam ser compatíveis com as necessidades locais, o clima e as
condições locais de construção. Um projeto feito para Manaus será bem diferente de um
projeto para Porto Alegre. Fatores a se analisar são:
uso materiais adequados de
paisagismo e plantas que são tolerantes ao clima, solo e disponibilidade de água local do
edifício, além de Projetos de Sistemas de drenagem em que a água seja drenada e não
danifique o edifício.
Selecionar os aparelhos que são mais eficientes energeticamente e economizam
água, optando-se por aparelhos com melhores classificações PROCEL (Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica) quanto à eficiência energética são ações a
se considerar em edificações verdes. O uso de torneiras com arejadores e de fechamento
automático ou eletrônicas para ajudam a reduzir o consumo d’água.
O projeto deve levar conta à qualidade do ar interior do edifício. É importante
ministrar uma troca de ar adequada, controle de umidade correta juntamente com
sistemas de ventilação em toda a estrutura. Isso levará a um ambiente mais saudável,
livre de mofo e poluentes no ar. A colocação do sistema de admissão e exaustão de ar
11
deve ser realizada em locais que evitem a contaminação do ar fresco no prédio. É
relevante selecionar materiais de construção não tóxicos, limitando os poluentes que são
trazidos para dentro do prédio (10 Basic Concepts for Green Homes, 2006).
O Projeto deve facilitar a manutenção e utilização de produtos de limpeza
ambientalmente amigáveis - arteriais que são de baixa manutenção e tem exigência de
manutenção compatível. Sempre que possível, devem ser usados limpadores não tóxicos
e com baixo nível de COVs e compostos biodegradáveis, que não liberem COVs ou
outros compostos nocivos (10 Basic Concepts for Green Homes, 2006).
Por fim, deve-se manter a estrutura e sistemas do edifício em máxima eficiência
energética e ambiental. Periodicamente, é preciso: checar a necessidade por reparos,
checar o filtro do sistema de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) e
corrigir qualquer problema de infiltração ou umidade.
12
3. Histórico
Embora o movimento do edifício verde seja um fenômeno relativamente recente,
ele teve suas origens na obra e pensamento de várias gerações anteriores de arquitetos e
designers no final do século XIX. No contexto da América, várias personalidades
lançaram as bases para o projeto ecológico ou verde de hoje, entre eles Richard
Buckminster Fuller, Frank Lloyd Wright, Ian McHarg, Malcolm Wells e Richard
Neutra. Uma breve introdução a cada um desses pensadores é apresentada aqui.
Posteriormente, será apresentada uma contemporização.
3.1. Richard Buckminster Fuller (1895-1983)
Talvez mais do que qualquer outra pessoa, lançou as bases para a revolução do
edifício verde. Sua lista de realizações é longa, entre eles, o desenho do carro Dymaxion
alumínio em 1933; o projeto da Casa Dymaxion autônoma na década de 1920, um dos
quais foi construído em Wichita, Kansas, em 1946; e, é claro, a criação da cúpula
geodésica na década de 1950 (Kibert, 2013).
Fuller tem sido chamado de um inventor, arquiteto, engenheiro, matemático,
poeta e cosmólogo. Ele era, no fundo, um ecologista. Seus desenhos enfatizaram a
conservação dos recursos: o uso de energia renovável na forma de sol e do vento; o uso
de materiais leves e efémeros como bambu, papel e madeira; e o conceito de design
para a desconstrução. Sua cúpula geodésica tem sido chamada de a mais leve, mais forte
e estrutura custo-benefício que já foi inventado.
Casa Dymaxion, foi a primeira tentativa séria de criar uma casa autônoma. Ela
foi projetada para produção em massa, pesava apenas 1.364 kg em comparação com as
13
137 toneladas de uma casa típica, contou com uma turbina eólica embutida para geração
de energia, e tinha um sistema de águas cinzentas.
Figura 3 – Casa Dymaxion
Fonte: Buckminster Fuller Institute (1920)
Fuller entendia a questão dos recursos renováveis e não renováveis, e sua
pesquisa mostrou que todas as necessidades de energia poderiam ser fornecidas por
fontes renováveis. Nos Estados Unidos, mostrou que, no momento, a energia eólica só
poderia fornecer três vezes e meia da necessidade total de energia do país. Seu trabalho
influenciou muitos dos participantes de hoje do movimento de edifício verde, tanto que
ele é por vezes referido como o "pai do projeto ambiental" (Kibert, 2013).
3.2. Frank Lloyd Wright (1867-1958)
Frank Lloyd Wright é conhecido como uma pessoa importante na arquitetura.
Menos notório é que o seu pensamento sobre a natureza e o edifício colocaram algumas
das primeiras bases para movimento do alto desempenho do edifício verde
contemporâneo. O objetivo de Wright era criar edifícios que eram como ele dizia,
integrados ao espaço, ao meio ambiente, à vida dos habitantes e à natureza dos
14
materiais. O projeto do edifício deve ser cuidadosamente considerado para torná-lo um
todo orgânico. Cada elemento do edifício deve ser projetado para torná-lo parte
integrante deste todo orgânico: janelas, portas, cadeiras, pisos, telhado, paredes, forma
espacial, todos relacionados entre si, emulando a ordem na natureza. Materiais e
motivos são repetidos em todo o edifício, as geometrias são selecionadas por sua
compatibilidade com um tema central, mais uma vez imitando a natureza. Pensamento
provocante de Wright e escrita na arquitetura orgânica são pilares importantes da
revolução verde de hoje e a referência frequente como "o primeiro arquiteto verde da
América" é certamente bem merecida (Kibert, 2013).
3.3. IAN McHarg (1920-2001)
A falta de harmonia entre os edifícios e a natureza na era industrial também foi
notada e articulada por Ian McHarg, em especial a falta de um esforço multidisciplinar
para produzir um espaço construído que seria combinado à natureza. Ele lamentou a
falta de consideração ambiental no planejamento, a falta de interesse por parte dos
cientistas em planejamento, e a ausência de consideração da própria vida em muitas das
ciências como a geologia, meteorologia, hidrologia e ciências do solo. De acordo com
McHarg, a compartimentalização e especialização das disciplinas, criaram condições
que, neste momento podem fazer design verdadeiramente ecológico difícil ou
impossível de alcançar. Em 1969, McHarg escreveu o livro “Design with Nature”, é um
clássico moderno, especialmente para a disciplina de edifício verde (Kibert, 2013).
3.4. Malcom Wells (1926-2009)
Wells foi crítico de arquitetos por não estarem cientes ou movidos pelos
fundamentos biológicos da vida e arte. Em seu trabalho de 1981, Arquitetura Gentil, ele
15
fez uma pergunta chave: "Por que é que cada arquiteto pode reconhecer e apreciar a
beleza do mundo natural se ainda não consegue dotar o seu próprio trabalho com ele”.
A abordagem de Wells foi pisar suavemente sobre a terra, minimizar o uso de asfalto e
concreto, e usar os recursos naturais locais e energia solar como os recursos primordiais
para o ambiente construído. Ele é conhecido como o "pai da arquitetura suave". Embora
afirme que seu trabalho não teve o efeito que esperava, seu pensamento tem
influenciado significativamente o movimento de edifício verde hoje em dia. Ele sugere
que os edifícios devem consumir os seus próprios resíduos, manterem-se, fornecer
habitat saudável, moderar seu próprio clima, e igualar o ritmo, noções da natureza que
são frequentemente apresentados nos fóruns de edifícios verdes em todos os Estados
Unidos (Kibert, 2013).
3.5. Richard Neutra (1892-1970)
Richard observou que os produtos da criação humana são falhos comparados
com os da natureza. Notou que os artefatos humanos eram estáticos e incapazes de autoregenerar ou auto-ajustar, ao contrário de criações da natureza, que são dinâmicas e
auto-replicantes. Ele observou que a forma e a função da natureza surgem
simultaneamente, ao passo que os seres humanos devem primeiro criar forma de um
edifício e, em seguida, permitir seu funcionamento (Kibert, 2013).
3.6. Contemporização
A influência desses arquitetos, designers e filósofos sobre o movimento do
edifício verde foi profunda. Além de estabelecer as bases para a concepção ecológica,
eles influenciaram um grande número de pessoas. Apesar do conceito de edifício verde
ainda estar em desenvolvimento, o movimento da construção verde está conduzindo
16
esforços para aperfeiçoar o seu significado e explorar em detalhes a conexão entre
ecologia e ambiente construído.
Na década de 1990, várias publicações tentaram fornecer uma orientação para a
era atual de projeto ecológico, especialmente impulsionado pelo surgimento do sistema
de avaliação de edifício LEED (Leadership in Energy & Environmental Design), duas
das primeiras publicações sobre o tema do projeto de um edifício verde foram
produzidas pela Public Technology, Inc. (PTI): The Local Government Sustainable
Buildings Guidebook, em 1993, and The Sustainable Building Technical Manual, em
1996. Na época de sua publicação, o USGBC (United States Green Building Council)
foi uma nova organização, e os primeiros rascunhos do padrão LEED estavam apenas
começando a emergir de seus comitês.
O guia, “The Sustainable Building Technical Manual” foi, em essência, uma
medida paliativa para atender ao rápido crescimento do interesse na construção verde. O
manual fornece uma lista de áreas que devem ser consideradas no projeto de um edifício
verde, tais como iluminação natural, energia renovável, revestimento do edifício,
instalações elétricas e hidráulicas, sistema de AVAC, qualidade de ar interior, acústica,
materiais e especificações.
17
4. Selos Verdes
Os edifícios verdes são definidos pelos sistemas de avaliação que avaliam e
certificam. Os sistemas de avaliação simplesmente pontuam um projeto de construção o
quão bem ele se alinha com a abordagem filosófica desenvolvida pelos criadores do
sistema de avaliação. Como resultado, um sistema de avaliação do edifício fornece uma
definição padrão para o edifício verde que o país emprega.
A desvantagem destes sistemas de avaliação é que cada um é simplesmente a
visão de uma organização, e muitas vezes, por causa de restrições de tempo e dinheiro,
sistemas de avaliação deixam muito a desejar. Por exemplo, muitos sistemas de
avaliação dependem de modelos energéticos para a previsão do consumo de energia em
vez de usar dados reais de energia como o avaliador do sucesso. Os resultados têm sido
relatórios críticos, afirmando que o consumo real de energia é muito maior do que foi
originalmente previsto pelo modelo energético. A justificativa para a não utilização de
dados reais de consumo de energia é que a coleta de dados leva tempo, geralmente um
mínimo de um ano, e o custo desse esforço é relevante.
No Brasil, os dois principais selos são o LEED (Leadership in Energy &
Environmental Design) Brasil e a AQUA (Alta Qualidade Ambiental). Na Tabela 4 estão
listados alguns dos 60 países que têm ou estão a desenvolver sistemas de avaliação de
construção verde.
18
Tabela 4 - Alguns países estão desenvolvendo sistemas de avaliação
Nação
Selo
Austrália
Nabers / Green Star
Brasil
AQUA / LEED Brasil / BREEAM
Canadá
LEED Canada / Green Globes / Built Green Canada
República Tcheca
SBToolCZ
China
GBAS
Finlândia
PromisE
França
HQE
Alemanha
DGNB / CEPHEUS
Hong Kong
HKBEAM
Índia
Indian Green Buillding Council (IGBC) / (GRIHA)
Indonésia
Green Building Council Indonesia (GBCI) / Greenship
Itália
LEED / Italy / Protocollo Itaca / GBCouncil Italia
Japão
CASBEE
Jordânia
EDAMA
Malásia
GBI Malaysia
México
LEED México
Holanda
BREEAM Netherlans
Nova Zelândia
Green Star NZ
Filipinas
BERDE/ Philippine Green Building Council
Portugal
Lider A
Taiwan
China Green Building Network
Singapura
Green Mark
África do Sul
Green Star AS
Coréia do Sul
KGBC
Espanha
VERDE
Suíça
Minergie
Estados Unidos
LEED / Living Building Challenge / Green Globes
EAU
Estidama
Reino Unido
BREEAM
Fonte: KIBERT, C. J. , 2012
19
4.1. LEED (Leadership in Energy & Environmental Design)
O LEED foi desenvolvido pelo USGBC (United States Green Building Council)
durante um processo de três anos de 1995 a 1998. A primeira versão, conhecida como
LEED 1.0, foi lançada nos Estados Unidos em 1998 como uma versão beta. Lá foram
certificados 20 edifícios usando a versão 1.0, atingindo uma classificação que
originalmente era de platina, ouro, prata ou bronze. O LEED 2.0 foi lançado em 2000,
como uma versão que mudou drasticamente da LEED 1.0 e ofereceu mais amplitude
para o mercado da construção comercial e institucional, como um sistema de avaliação
do edifício operacional.
Em 2004, ocorreu o primeiro pedido de certificação no Brasil e, em 2007, foi
criado o GBCB (Green Building Concil Brasil), órgão não governamental vinculado ao
USGBC. No mesmo ano, o primeiro certificado foi emitido para uma agência do Banco
Real na Granja Viana, São Paulo. E o primeiro edifício a receber o certificado Platinum,
o mais elevado da categoria na América Latina, foi o Eldorado Business Tower (São
Paulo), em agosto de 2009, alcançando 46 de um ranking de 61 pontos, com a versão
2.0 Platinum.
Em 2009, foi lançado o LEED 3.0, com várias mudanças na sua estrutura,
relacionadas a todos os produtos de avaliação de edifício LEED. Os pontos foram
atribuídos a projetos que se concentravam em questões regionais estabelecidas pelo
USGBC. Uma versão totalmente nova do LEED Online foi lançada para facilitar a
comunicação entre as equipes de projeto e os organismos de certificação. Uma nova
atualização do LEED, chamado LEED v4, entrará em vigor a partir de junho de 2015.
De forma obrigatória, todos os novos projetos que buscarem a certificação LEED terão
20
que usar essa versão. A próxima versão do sistema de classificação, vai se concentrar
em aumentar o rigor técnico do LEED, ampliando os setores de mercado capazes de
usar LEED e continuará a melhorar a clareza, usabilidade, funcionalidade e interface
dos sistemas de classificação. (USGBC,2014)
Tabela 5 – Categorias LEED e suas utilizações
Categorias
Utilização
Projetos na envoltória e parte
central do edifício
Novas construções ou grandes
LEED NC
projetos de renovação
Operação e Manutenção de
LEED EB_OM
Edifícios existentes
Projetos de interiores e
LEED CI
edifícios comerciais
LEED Schools
Escolas
Projetos de desenvolvimento
LEED ND
de bairro
LEED Retail NC e CI Lojas de varejo
LEED Healthcare Unidades de saúde
Para residências
LEED for Home
(em implantação no Brasil)
LEED CS
Percentual das
Certificações LEED
no Brasil
43%
41%
7%
6%
1%
1%
1%
0%
N/A
Fonte: Fujihara, 2012
21
O sistema LEED abrange um guia e uma lista de verificação de projeto, a qual está
dividida em seis áreas chave que, por sua vez, se dividem num conjunto de subitens pontuáveis.
Nesta lista de averiguação de projeto, é necessário cumprir um conjunto de critérios de
desempenho de carácter obrigatório. As áreas chave a serem avaliadas são:
Tabela 6 – Áreas Chaves e Critérios da Certificação LEED
Fonte: GBC Brasil, 2012
22
Independente das distintas categorias LEED, há diferentes níveis de pontuação
mínimo obtida na avaliação. Na Figura 4 podemos observar as quatro possibilidades de
selos LEED.
Figura 4 – Selos e suas respectivas pontuações mínimas
Fonte: www.asboasnovas.com (2013)
Em relação ao LEED-NC (Novas construções ou grandes projetos de renovação)
as áreas encontram-se divididas em categorias com seus respectivos pré-requisitos e
pontos possíveis conforme
Tabela 7.
Tabela 7 – Categorias, pré-requisitos e pontos possíveis para Certificação
Categoria
Sustentabilidade do Espaço
Racionalização do uso da água
Eficiência Energética
Qualidade Ambiental Interna
Materiais e Recursos
Inovação e Processos de Projeto
Créditos Regionais
Total
Pré-Requisitos
1
1
3
2
1
0
0
8
LEED-NC v.3 - 2009
Pontos Possíveis
26
10
35
15
14
6
4
110
Fonte: USGBC, 2011
23
A partir das categorias, há os créditos e pré-requisitos. Cada subitem é
contabilizado com um ou mais pontos, e os pré-requisitos são de cumprimento
obrigatório. Em relação ao peso de cada categoria, o LEED-NC, se constitui da seguinte
forma:
Tabela 8 – Categoria SS, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009
Sustentabilidade do Espaço (SS)
Prevenção da poluição na atividade da Construção
Pré-requisito 1
Crédito 1
Seleção do Terreno
Crédito 2
Densidade Urbana e Conexão com a Comunidade
Crédito 3
Remediação de áreas contaminadas
Crédito 4.1
Alternativa de Transporte, Acesso ao Transporte público
Crédito 4.2
Alternativa de Transporte, Bicicletário e Vestiário
Crédito 4.3
Alternativa de Transporte, Uso de Veículos de Baixa emissão
Crédito 4.4
Alternativa de Transporte, Redução área de estacionamento
Crédito 5.1
Desenvolvimento do espaço, Proteção e restauração do Habitat
Crédito 5.2
Desenvolvimento do espaço, Maximizar espaços abertos
Crédito 6.1
Controle da Enxurrada, Controle da quantidade
Crédito 6.2
Controle da Enxurrada, Controle da qualidade
Crédito 7.1
Redução da ilha de calor, Áreas cobertas
Crédito 7.2
Redução da ilha de calor, Áreas descobertas
Crédito 8
Redução da Poluição Luminosa
Fonte: USGBC, 2011
26 Pontos
Requisito
1
5
1
6
1
3
2
1
1
1
1
1
1
1
Tabela 9 – Categoria WE, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009
Uso Racional da Água (WE)
Pré-requisito 1 Redução do Uso da Água em 20%
Crédito 1
Uso eficiente de água no paisagismo
Redução de 50%
Uso de água não potável ou sem irrigação
Crédito 2
Tecnologias Inovadoras para águas servidas
Crédito 3
Redução do consumo de água
30% Redução
35% Redução
40% Redução
Fonte: USGBC, 2011
10 Pontos
Requisito
2a4
2
4
2
2a4
2
3
4
24
Tabela 10 – Categoria EA, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009
Energia e Atmosfera (EA)
Comissionamento dos sistemas de energia
Pré-requisito 1
Performance Mínima de Energia
Pré-requisito 2
Gestão dos Gases Refrigerantes, Não uso de CFC´s
Pré-requisito 3
Crédito 1
Otimização do desempenho no uso de energia
12% Prédios novos ou 8% Prédios reformados
14% Prédios novos ou 10% Prédios reformados
16% Prédios novos ou 12% Prédios reformados
18% Prédios novos ou 14% Prédios reformados
20% Prédios novos ou 16% Prédios reformados
22% Prédios novos ou 18% Prédios reformados
24% Prédios novos ou 20% Prédios reformados
26% Prédios novos ou 22% Prédios reformados
28% Prédios novos ou 24% Prédios reformados
30% Prédios novos ou 26% Prédios reformados
32% Prédios novos ou 28% Prédios reformados
34% Prédios novos ou 30% Prédios reformados
36% Prédios novos ou 32% Prédios reformados
38% Prédios novos ou 34% Prédios reformados
40% Prédios novos ou 36% Prédios reformados
42% Prédios novos ou 38% Prédios reformados
44% Prédios novos ou 40% Prédios reformados
46% Prédios novos ou 42% Prédios reformados
48% Prédios novos ou 44% Prédios reformados
Crédito 2
Geração local de energia renovável
1% Energia Renovável
3% Energia Renovável
5% Energia Renovável
7% Energia Renovável
9% Energia Renovável
11% Energia Renovável
13% Energia Renovável
Crédito 3
Melhoria no comissionamento
Crédito 4
Melhoria no uso de gases refrigerantes
Crédito 5
Medições e Verificações
Crédito 6
Energia Verde, no mínimo 35% do consumo
Fonte: USGBC, 2011
35 Pontos
Requisito
Requisito
Requisito
1 a 19
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
1a7
1
2
3
4
5
6
7
2
2
3
2
25
Tabela 11 – Categoria EQ, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009
Qualidade Ambiental Interna (EQ)
Pré-requisito 1 Desempenho Mínimo da Qualidade do Ar Interno
Pré-requisito 2 Controle do fumo
Crédito 1
Monitoração do Ar Externo
Crédito 2
Aumento da Ventilação
Crédito 3.1
Plano de Qualidade do Ar, Durante a Construção
Crédito 3.2
Plano de Qualidade do Ar, Antes da ocupação
Crédito 4.1
Materiais de Baixa Emissão, Adesivos e Selantes
Crédito 4.2
Materiais de Baixa Emissão, Tintas e Vernizes
Crédito 4.3
Materiais de Baixa Emissão, Carpetes
Crédito 4.4
Materiais de Baixa Emissão, Madeiras Compostas e Agrofibras
Crédito 5
Controle interno de poluentes e produtos químicos
Crédito 6.1
Controle de Sistemas, Iluminação
Crédito 6.2
Controle de Sistemas, Conforto Térmico
Crédito 7.1
Conforto Térmico, Projeto
Crédito 7.2
Conforto Térmico, Verificação
Crédito 8.1
Iluminação Natural e Paisagem, Para 75% dos espaços
Crédito 8.2
Iluminação Nateural e Paisagem, Para 90% dos espaços
Fonte: USGBC, 2011
15 Pontos
Requisito
Requisito
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Tabela 12 – Categoria ID, pré-requisitos e créditos LEED-NC v.3 - 2009
Inovação e Processo do Projeto (ID)
Crédito 1
Inovação no Projeto
Inovação ou Performance exemplar
Inovação ou Performance exemplar
Inovação ou Performance exemplar
Inovação
Inovação
Crédito 2
Profissional Acreditado LEED®
Fonte: USGBC, 2011
6 Pontos
1a5
1
1
1
1
1
1
26
LEED-NC prevê uma sétima área a pontuar, denominada de crédito regional.
Esta área possui um peso reduzido em relação às outras, e tem como objetivo valorizar
um empreendimento em função do local onde vai ser edificado, de acordo com sua
finalidade.
Tabela 13 – Créditos regionais para o Brasil LEED-NC v.3 - 2009
Créditos Regionais para o Brasil
4 Pontos
Crédito 1
Prioridades regionais
1a4
Adequação da acessibilidade Externa e Interna
1
Plano do Impacto Ambiental do Empreendimento
1
Redução do Consumo de Água, Medição Setorizada
1
Aquecimento Solar, Redução de 50% ou 100% do consumo
1
Gestão de Resíduos da Construção, Limitar o desperdício em no
máximo 10 % em massa ou volume
1
Reuso dos Materiais, Projetar para o desmonte
1
Fonte: USGBC, 2011
O custo de construção de um edifício verde é aproximadamente 1% a 7% maior
do que um edifício habitual comparável. Em contrapartida dessa diferença, o retorno do
investimento é de 9,9% maior para novas construções e 19,2% para os edifícios
existentes. Além disso, o investimento em edifício verde pode reduzir despesas de
condomínio em até 10% relativamente à totalidade vida útil de um edifício de 50 a 60
anos, calculados com base na poupança de energia, água e os custos operacionais, como
manutenção e renovação. (Ernst & Young, 2013)
O custo estimado junto a USGBC para certificação está descrita na Tabela 14.
27
Tabela 14 – Custo estimado para certificação LEED-NC v.3 - 2009
Registro do Projeto junto ao USGBC
U$1.200 ou U$900* para membros
Análise de Projeto
U$2.250 ou U$2.000* até 4.645m²
U$0,04844/m² ou U$0,04306* /m² até 46.451m²
U$22.500 ou U$20.000* mais de 46.451m²
Certificação Obra
U$750 ou U$500* até 4.645m²
U$0,1615 ou U$0,1076*/m² até 46.451m²
U$7.500 ou U$5.000 mais de 46.451m²
Pré Certificação LEED-CS
U$4.250 ou U$3.250*
Consultoria ( Não obrigatória) :
aprox. 0,5 a 1% do custo da obra
Obs: Recomenda-se contratação de consultor que é um profissional treinado e
qualificado GBC para tramitar toda a documentação junto ao Conselho.
*para membros do USGBC
Fonte: Fujihara, 2012
4.2. AQUA-HQE (Alta Qualidade Ambiental)
O AQUA é a versão brasileira da certificação francesa HQE (Haute Qualité
Environnementale = Alta Qualidade Ambiental). Surgiu após reflexões na conferência
realizada no Rio de Janeiro, ECO92. Desde 2007, a fundação Vanzolini, vem adaptando
o sistema AQUA para a realidade brasileira. O processo visa garantir a característica
ambiental de um novo empreendimento de reabilitação ou construção utilizando-se de
auditorias independentes.
28
Em 2013, o processo AQUA se tornou AQUA-HQE, quando as organizações de
certificação residencial QUALITEL e não residencial CERTIVEA se uniram para criar
a Rede Internacional de certificação HQE. Uma aliança de critérios e indicadores, que
cria uma identidade de marca única mundial, cujo organismo certificador passa a ser a
Cerway, sempre baseado nas premissas da certificação HQE francesa. (Fundação
Vanzolini, 2014)
Para se obter a certificação é imprescindível que o empreendedor faça contato
com a Fundação Vanzolini e decida em qual referencial técnico ele se enquadra.
Existem os seguintes referenciais técnicos no Brasil:
I.
Moradia: Coletiva, Individual em conjuntos habitacionais, Moradia estudantil,
Foyer (alojamento coletivo), Moradia com serviços;
II.
Escritório: Imóvel de escritório: agência (bancária, de viagens), consultório,
administração, etc. Delegacia de polícia, quartel da polícia militar, Call-centers,
Centro de saúde, Centro de socorro e de combate a incêndios, Centro de
negócios;
III.
Ensino: Ensino elementar(maternal), primário(escola), secundário (liceu,
colégio), superior (universidade, escolar isolada...), Conservatório, Escola
especializada, Creches, jardins da infância, centros de acolhimento de crianças
menores de três anos em situação de abrigo;
IV.
Comércio: Centro comercial, Edifício comercial em zona de atividades,
Comércio no térreo do imóvel, Áreas de serviços para campings e trailers;
V.
Hotelaria: Hotel, Edifício de hospedagem turística semelhante ou não a um
edifício usado para moradia (residência para turismo, conjunto residencial de
29
turismo, albergue da juventude, apart-hotel, etc.), Outros edifícios de
hospedagem (foyers para jovens trabalhadores, por exemplo);
VI.
Logística: Galpão de logística, Centros técnicos operacionais, Serviços de
expedição de mercadorias Frigorífica;
VII.
Transporte: Estação rodoviária, Estação ferroviária, Aeroporto, Estação
portuária;
VIII.
Espetáculos: Teatro, teatro de ópera Cinema, Complexo para espetáculos (sala
de concerto, etc.);
IX.
Cultura: Edifício de exposições (museu, galeria privada, etc.), Centro de
congressos
X.
XI.
Centro de conferências, Midiateca, biblioteca;
Alimentação: Restaurante em zona de atividades Restaurante no térreo do
imóvel, Restaurante universitário, Restaurante Inter empresas, Cantina;
XII.
Penitenciária: Prisão, Centro penitenciário, Centro de reabilitação de menores;
XIII.
Indústria: Gráfica, Oficina, Laboratório, Pequena atividade artesanal, Atividade
de pesquisa Data-center
XIV.
Outros: Tribunal
A certificação é efetivada a partir de auditorias presenciais seguidas de análises
que averíguam os critérios do referencial técnico. As auditorias são organizadas ao final
de cada fase: Pré-projeto, Projeto e Execução. Um breve diagrama do caminho da
certificação é mostrado na Figura 5.
30
Figura 5 – Diagrama “Caminho da Certificação” AQUA-HQE
Fonte: Fundação Vanzolini, 2014
31
A auditoria é um processo documentado e independente que tem por finalidade a
obtenção de evidências e sua avaliação para determinar se as exigências dos referenciais
de certificação são atendidas. São dois grandes objetivos: verificar exigências do
referencial do Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e verificar o julgamento da
Qualidade Ambiental do Edifício QAE (Tabela 15).
Tabela 15 – Qualidade Ambiental do Empreendimento (QAE) AQUA-HQE
1- Relação do Edifício com o seu entorno;
2- Escolha Integrada de produtos, sistemas e processsos construtivos;
3- Canteiro de Obras de Baixo Impacto Ambiental;
4- Gestão da Energia
5- Gestão da água
6- Gestão de resíduos de uso e operação do edifício
7- Manutenção - Permanência do Desempenho Ambiental
8- Conforto Térmico
9- Conforto Acústico
10- Conforto Visual
11- Conforto Olfativo
12- Qualidade sanitária dos Ambientes
13- Qualidade Sanitária do Ar
14- Qualidade Sanitária da Água
Fonte: Fundação Vanzolini, 2014
A certificação é concedida ou não ao empreendimento, não havendo níveis
intermediários. O selo se baseia em desempenho, sendo classificado em três níveis:
Melhores Práticas (MP), ou seja desempenho calibrado conforme o desempenho
máximo constatado recentemente nas operações de alta qualidade ambiental; Boas
32
Práticas(BP) e Base (B), isto é, prática corrente ou regulamentar. Para se obter a
certificação é exigido um número mínimo de classificação MP e um número máximo da
classificação B. Uma distinção do sistema é que o padrão mínimo de requisição remete
ao que está normatizado e regulamentado. A Figura 6 ilustra estas exigências
necessárias à concessão da certificação.
Figura 6 – Perfil Mínimo de desempenho para certificação
Fonte: Fundação Vanzolini, 2014
O custo estimado para emissão de certificação AQUA-HQE pela Fundação
Vanzolini descrita na Tabela 16.
Tabela 16 – Estimativa de Custo para certificação AQUA-HQE
Projetos até 1.500m²
R$ 23.500,00
Área Total (A) acima de 1.500m²
R$23.500,00+2,2*(A-1.500)
1- Incluindo análise do processo, auditorias, avaliação e uso da marca.
2- Não estão incluídas despesas de transporte, alimentação e hospedagem.
3- Não é aplicável a projetos de urbanização ou áreas acima de 45.000m².
Fonte: Elaboração própria (Fundação Vanzolini, 2014).
33
4.3. BREEAM
BREEAM é uma abreviação de Building Research Establishment Environmental
Assessment Method, um sistema de avaliação concebido para descrever o desempenho
ambiental de um edifício. Lançado em 1989 no Reino Unido, é o mais antigo sistema de
avaliação do edifício e serve como base para muitos outros sistemas de classificação,
incluindo LEED e AQUA-HQE. Atualmente, existem mais de 200 mil edifícios
certificados BREEAM no mundo, 20 vezes o número de edifícios certificados LEED e
1 milhão de edifícios foram registrados para a certificação. BREEAM define o padrão
para as melhores práticas de desempenho da construção sustentável no Reino Unido.
Ele pode ser usado para avaliar qualquer tipo de construção, e existem vários sistemas
de avaliação de edifício BREEAM, cada um projetado para um tipo definido de edifício.
BREEAM também é usado de forma específica em alguns países, por exemplo, Países
Baixos, Noruega, Suécia e Espanha.
No Brasil, a certificação inglesa ainda não tem grande aceitação e conhecimento.
São apenas duas edificações, ambas no Rio, que têm a certificação: o movimento
Terras, condomínio de casas verdes que vem sendo erguido em Petrópolis há cerca de
dois anos; e o BNDES, que conseguiu no ano passado o BIU (BREEAM in use), versão
da certificação para edifícios existentes (O Globo, 2014).
4.4. Conclusões sobre os Selos Ambientais
O movimento de construção de alto desempenho em todo o mundo está sendo
impulsionado pelo sucesso de métodos de avaliação de construção, em particular, LEED
nos Estados Unidos e BREEAM no Reino Unido. Ambos os métodos de levar as
matrizes complexas de dados numéricos e não numéricas e fornecer uma pontuação que
34
indica o desempenho de um edifício de acordo com o marcador e um sistema de
pesagem incorporado no método. Internacionalmente, há uma série de sistemas e
métodos de avaliação de Green Building, como CASBEE em Japão, Estrela Verde, na
Austrália, e DGNB na Alemanha. Em todo o mundo, existem mais de 40 conselhos de
edifício verde que promovem a construção verde e ferramentas de avaliação de prédio,
muitos dos quais, como Green Mark em Cingapura, são produtos locais e não
estritamente com base em outros instrumentos de avaliação principais. Além de criar
um ambiente competitivo de promover a construção verde de alto desempenho, esses
sistemas de avaliação também trazem definições padrão de construção verde para seus
países e um vocabulário comum, o que é essencial para aumentar a penetração de
edifícios verdes em todo o mundo.
35
5. Desafios e progressos do Edifício Verde
Considerado um movimento de modismo, no início do século XXI, o conceito
de edifício verde ganhou aceitação da indústria, e continua a influenciar a concepção do
projeto, construção, operação, desenvolvimento imobiliário e os mercados de vendas. O
conhecimento detalhado das opções e procedimentos envolvidos na "construção verde"
é de valor inestimável para qualquer organização fornecendo ou aquisição de serviços
de projeto ou construção. O número de edifícios registrados no GBC Brasil para uma
avaliação LEED cresceu de apenas um, em 2004, para mais de 769 registradas e 111
certificadas até o final de 2013, como pode ser visto na Figura 7
Figura 7 – Registros e Certificações LEED no Brasil
Fonte: GBC Brasil (2013)
36
Apesar do aparente sucesso do LEED Brasil e do movimento de construção
verde no Brasil, os desafios são muitos - o paradigma da construção tradicional é bem
enraizada e o uso de princípios de sustentabilidade é o maior desafio. Ainda que os
defensores de edifícios verdes sustentem que o projeto integrado seja a base desse novo
tipo de edifício, a mudança em grande escala é um grande empecilho. Por exemplo,
sistemas de iluminação natural não eliminam a necessidade de um sistema de
iluminação integral, já que edifícios geralmente também funcionam à noite. Janelas,
claraboias, prateleiras de luz e outros dispositivos de alto desempenho tendem a
aumentar o custo da obra. Controles que ajustam a iluminação para compensar
diferentes quantidades de luz natural disponível, e sensores de presença que desligam a
luz dependendo da ocupação adicionam despesas e complexidade às instalações.
Sistemas de aproveitamento de águas pluviais requerem tubulações dedicadas, um
tanque de armazenamento ou cisterna, controles, bombas e válvulas, que adicionam
custo e complexidade.
Além disso, há erros1 comuns na seleção de produtos para projetos sustentáveis
como:
I.
Desconsideração dos impactos sociais: Produtos aparentemente eco eficientes
podem ser associados à sonegação de impostos, desrespeito à legislação social e
ambiental. Exemplo: um material verde pode ter empregado mão de obra
semiescrava em sua produção.
II.
Foco em apenas um aspecto do problema: Um material que é o mais competitivo
em determinado impacto pode ser o menor em outro.
1
Essa seção foi elaborada com base em informações do livro “O desafio da Sustentabilidade na
Construção Civil” (Vahan Agopyan e Vanderley M. John, 2011).
37
III.
Comparação de produtos com funções diferentes: apenas podem ser
confrontados produtos que possuem uma mesma função por um mesmo período
de tempo.
IV.
Utilização de dados fora do contexto: Empregos de dados obtidos em outros
climas, empresas ou gerados há décadas, sem uma análise sobre sua adequação.
V.
Desprezo da vida útil nas condições de uso: Produtos com menores vidas úteis
serão mais rapidamente trocados multiplicando os impactos ambientais de
produção e provocando mais resíduos. A vida útil é influenciada pelas condições
de uso, pelo projeto, pelo microclima e pela biodiversidade local.
VI.
Desconsideração do impacto do transporte: Transporte implica expressivos
impactos ambientais, individualmente em produtos cuja massa é elevada e que
são transportados por via rodoviária.
VII.
Priorização de materiais tradicionais: Seleção de materiais tradicionais sem
qualquer ênfase de seus reais impactos ambientais de produção e de sua atuação.
Exemplo: tijolo cerâmico é a melhor solução pois é utilizada há milênios.
VIII.
Energia incorporada: Comparação de produtos com base na energia incorporada
na fase de produção, ignorando debates entre energias renováveis ou não, bem
como o aumento no consumo energético dos edifícios.
IX.
Desconsideração das perdas durante a construção: Diferentes produtos, práticas
de gestão em canteiro e particularidades de projetos possuem perdas maiores do
que outros.
X.
Decisão baseada em declarações não verificadas: Em qualquer produto é
possível achar algum aspecto em que ele é melhor do que outro. Identificado o
benefício, este é incorporado na publicidade e, até mesmo, pode possibilitar a
38
certificação. Exemplo: produto certificado por entidade, critérios de medida de
acordo com regras e amostragem que não são públicos e verificáveis.
XI.
Desconsideração do efeito durante o uso da construção: O impacto ambiental e
social da construção se desdobra por todo o ciclo de vida. Em muitas
circunstâncias, um aumento do impacto na construção pode causar redução dos
impactos durante a fase de uso.
XII.
Esquecimento das implicações para os usuários ou operadores: Muitas soluções
exigem interferências frequentes dos usuários, que podem não estar dispostos ou
capacitados a fazê-las. Carência de práticas de treinamento dos usuários.
XIII.
Não emprego do conceito de desempenho: Desempenho e qualidade adequados
são pré-condições para a sustentabilidade. Produtos que não têm desempenho ou
qualidade adequada, ou apresentam altas taxas de problemas, acabam sendo
substituídos e multiplicam os impactos.
5.1. Experiências no Mundo e no Brasil
A transformação para um ambiente de edifícios verdes está sendo impulsionada
por uma conjuntura global. Há evidências de destruição acelerada dos ecossistemas
planetários, alteração dos ciclos biogeoquímicos globais, enormes aumentos de
população e consumo. A ameaça do aquecimento global, o esgotamento de peixes,
desmatamento e desertificação estão entre os resultados prováveis que alguns
ambientalistas chamaram de sexta extinção em massa, referindo-se a enorme destruição
da vida da espécie humana e biodiversidade do planeta.
39
A crescente demanda por recursos naturais está pressionando os países
desenvolvidos e em desenvolvimento, como os chamados BRICS (Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul), resultando em escassez e preços mais altos para materiais e
produtos agrícolas. A China adiciona cerca de 11 milhões de pessoas a cada ano para a
sua população de 1,3 bilhão (U.S. Census Bureau, 2014), e sua economia está se
expandindo a uma taxa de cerca de 7,6 por cento ao ano (World Bank, 2014).
Crescimento da economia e a melhora da qualidade de vida na China aumentaram a
demanda e os preços de carne e grãos.
A economia crescente chinesa tem um enorme apetite por insumos, contribuindo
para a escassez e aumento de preços em todo o mundo. A China consumiu mais de 47%
do aço do mundo em 2013 enquanto os Brasil, juntamente com toda América do Sul e
América Central, consumiram apenas 3,3% (World Steel Association, 2014). Os preços
do aço globais aumentaram, devido, em grande parte, ao consumo na China. A demanda
chinesa por combustíveis fósseis está crescendo a uma taxa de 30% ao ano, assim como
a produção mundial de petróleo.
Figura 8 - Evolução do Crescimento do Consumo de Aço por ano
(Em milhões de toneladas)
40
Fonte: Worldsteel Association e Nomura (2012)
O setor manufatureiro está experimentando preços mais elevados para
praticamente todas as commodities usadas no sistema de produção. Metais raros, que,
como seu nome indica, não são materiais abundantes, mas elementos indispensáveis,
como lantânio, neodímio, európio, e são essenciais para os ímãs, motores e baterias
usadas em carros elétricos, geradores eólicos, unidades de disco rígido, móveis,
telefones e outros produtos de alta tecnologia. Esses materiais estão em criticamente
escassos e afetando as indústrias a nível mundial.
O mercado de edifícios verdes no Brasil continua a crescer, tanto em tamanho
quanto em participação de mercado. Em 2009, eram apenas 16 edifícios certificados.
Esse número, em 2012, chegou a 82, aumento de 412% em apenas 3 anos (EXAME,
2013). Ficando atrás exclusivamente dos Estados Unidos, as China e dos Emirados
Árabes, o Brasil já é o quarto país em edifícios certificados. Movimentou mais de R$
13,6 bilhões no país em 2012, 8,3% do total do PIB de edificações (EY, 2013).
O movimento de construção verde está coincidindo com as transformações na
indústria, turismo, agricultura, medicina e setor público, que adotou várias abordagens
para “esverdear” suas atividades. Do redesenho de processos inteiros para programar
esforços administrativos, tais como a adoção de políticas de compras verdes, novos
conceitos e abordagens são emergentes que considerem o meio ambiente, sistemas
ecológicos, e bem-estar humano para ser de igual importância para o desempenho
econômico. Por exemplo, a Amanco, uma das maiores empresas em fabricação de tubos
e conexões do mundo, no ano passado, recebeu o selo Sustentax, que atesta produtos
sustentáveis. Foi obtido após a empresa alterar a fórmula de um adesivo plástico
empregado para unir tubos e conexões. Ao invés de usar o tolueno, uma substância que
41
pode originar dependência química ao operário que inala seus vapores, começou a usar
solventes, que emitem 50% do limite admissível para a emissão de gases tóxicos. Além
disso, a empresa também modificou os estabilizantes à base de chumbo utilizando
outros a base de cálcio e zinco, extinguindo os riscos de intoxicação por metal pesado.
Essas mudanças exigiram um comprometimento da área de engenharia de
materiais para não provocar um aumento nos custos. No caso da troca dos
estabilizantes, o custo inicial era 6% superior ao que era utilizado. Por meio de acertos
nas formulações, uso de matérias-primas alternativas e melhora de processos, a empresa
obteve o novo estabilizante a um custo análogo ao antigo. Para a presidente da Amanco,
Marise Barroso, esse é um exemplo da investigação constante de um equilíbrio social,
econômico e ambiental. "Sempre buscamos esse triplo resultado", diz Marise (Guia
Exame Sustentabilidade, 2010).
42
6. Estudo de caso: Ventura Corporate Towers – LEED CS
Gold
O Ventura Corporate Towers (Figura 9) é um edifício que foi projetado e
construído de acordo com o sistema LEED CS Gold, sendo o primeiro edifício no Rio
de Janeiro a obter esse selo. O empreendimento é composto por duas torres
corporativas: Torre Leste e Torre Oeste de 36 pavimentos cada, cinco subsolos e por
um edifício garagem de cinco andares, que ocupam um terreno de 4.299 m². Inaugurado
em outubro de 2008, incorpora tecnologias sustentáveis a fim de buscar eficiência
ambiental no local e entorno. O Ventura fica situado na Avenida República do Chile,
330, Centro, Rio de Janeiro, Brasil.
Ventura Corporate Towers nasceu de uma parceria entre duas incorporadoras:
Tishman Speyer Properties e Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário. Seu
projeto tem as assinaturas de dois escritórios: o norte-americano Kohn Pederson Fox,
responsável pelo projeto do Canary em Londres e do World Headquarters em
Washington, DC, e a Aflalo & Gasperini, responsável pelo São Paulo World Trade
Center.
43
Figura 9 – Edifício Ventura Corporate Towers
6.1. Iniciativas Sustentáveis
No aspecto do uso racional da Água (WE), foram tomadas ações como o uso de
equipamentos economizadores de água, como bacia acoplada com duplo acionamento
(3/6 l), mictórios de baixa vazão (0,7 l/fluxo) e com fechamento automático, torneiras
dos lavatórios com fechamento automático e com arejadores. Adotou-se espécies
nativas nas áreas de paisagismo que demandam menos água e sistema de irrigação por
44
gotejamento que otimiza o uso para irrigação. Aproveita-se a água de chuva para
irrigação do paisagismo e para o sistema de ar condicionado (Figura 10, Figura 11 e
Figura 12).
Figura 10 – Cobertura recolhendo a água da chuva
Toda água captada pela cobertura e heliporto é encaminhada ao trigésimo quinto
pavimento aonde passa por uma caixa de inspeção (Figura 11).
Figura 11 – Caixa de inspeção de água pluvial
45
A água pluvial é encaminhada para o andar térreo onde fica o seu reservatório
(Figura 12). Posteriormente, esta será usada para irrigação do paisagismo e sistema de
ar condicionado, minimizando o volume a ser disposto na rede pública. Apesar do
sistema de reaproveitamento de água atender às necessidades de projeto, verificou-se a
necessidade de se fazer uma vistoria no sistema elétrico, com uma empresa de
instalação elétrica, a fim de evitar um possível curto circuito ou até mesmo algo mais
grave.
Figura 12 – Reservatório da água de chuva localizada na garagem
Em energia e atmosfera (EA), foram utilizados sistemas de condicionamento de
ar de alta eficiência, como chillers elétricos refrigerados à água, com distribuição de ar
condicionado feita por unidades de fan-coil e caixas VAV nos ambientes. Não é usado
gás
refrigerante
à
base
de
CFC
(Clorofluorocarboneto)
nos
equipamentos
46
condicionadores de ar, reduzindo agressões à camada de ozônio. Há comissionamento
dos sistemas que demandam energia (ar condicionado, ventilação e sistemas elétricos e
hidráulicos) supervisionada por um profissional qualificado de modo a garantir a que
todos estes sistemas funcionem conforme o previsto em projeto. O sistema de
elevadores ThyssenKrupp conta com sistemas ADC (antecipador de chamada) e
regenerativo de energia, permitindo a utilização de parte da energia gerada pelo
elevador durante seu funcionamento para a rede elétrica interna da edificação,
resultando em 35% de economia.
A iluminação interior e exterior é projetada com equipamentos de alta eficiência
e integrada no sistema de automação predial, com acionamento através de programação
horária, para reduzir o consumo de energia e a poluição luminosa no entorno do
empreendimento. Há iluminação natural com ampla área de fachada envidraçada, o que
garante o aproveitamento da iluminação natural (Figura 13).
47
Figura 13 – Iluminação com aproveitamento da luz natural
Além disso, foram locados sistemas de medição individualizada de energia. Este
sistema tem por objetivo disponibilizar ao locatário a possibilidade de acompanhamento
de consumo de energia, com a finalidade de criar parâmetros de monitoramento para
metodologias de conservação de energia além de rateio compatível de seu consumo.
Entre os materiais e recursos da edificação, mais de 65% dos produtos e
materiais de madeira incorporados possuem o selo Forest Stewardship Concil (FSC),
entidade que garante o manejo sustentável das florestas. O Ventura conta com depósitos
para recicláveis, áreas facilmente acessíveis, dedicadas ao armazenamento temporário
de recicláveis localizados nos pavimentos tipo e no subsolo (Figura 14).
48
Figura 14 – Central de Reciclagem Ventura Corporate Tower
Com o propósito de sustentabilidade do espaço (SS), foram criadas 33 vagas
preferenciais (Figura 15) para veículos com baixa emissão e baixo consumo, localizadas
próximas à entrada do empreendimento para reduzir impactos gerados pela utilização de
veículos. Cerca de 98% das vagas do estacionamento são cobertas e as áreas
descobertas são revestidas com materiais de cores claras para reduzir ilhas de calor no
local. Além das vagas para automóveis, foi colocado um bicicletário (Figura 16) para
incentivar os locatários a utilizarem a bicicleta como meio de transporte.
49
Figura 15 – Vagas preferenciais para veículos movidos a Álcool ou GNV
Figura 16 – Bicicletário
50
7. Considerações finais e conclusões
Dados da construção civil indicam que existem grandes tendências na mudança
em curso para edifícios verdes. Após o desenvolvimento deste Projeto de Graduação,
pode-se dizer que o desenvolvimento sustentável traz benefícios econômicos, sociais e
ambientais, fundamentais para o crescimento do país. Apesar do custo da construção ser
de aproximadamente 1% a 7% mais caro, a valorização estimada na revenda é de 10% a
20%. Além disso, o investimento pode proporcionar até 30% de diminuição no valor do
condomínio e redução média de 9% no gasto de operação durante toda a vida útil
(GBC-Brasil, 2013).
No momento em que se leva em consideração o ganho ambiental de uma obra
certificada pelo selo AQUA-HQE, BREAM ou LEED, não importando o motivo pelo
qual os empreendimentos decidam seguir tais práticas, seja por marketing, diminuição
de custos ou consciência ambiental, a certificação sempre é um passo importante para o
desenvolvimento sustentável.
Compreende-se que em algumas dos métodos incorporadas na certificação já
eram práticas dos arquitetos, projetistas e construtores, pois em alguns casos, métodos
tinham valor no mercado, agregavam atributo ao produto final, valorizavam o
empreendimento e potencializavam o lucro. O processo de certificação vem então
organizar e direcionar estas ações para atender aos critérios ambientais almejados e
necessários à sobrevivência das gerações futuras.
O selo LEED foi desenvolvido nos Estados Unidos e, sendo trazida de outro
país, de outra realidade econômica, social e ambiental, pode gerar um descompasso nos
pesos de cada um dos itens. Sabe-se que um dos maiores problemas dos Estados Unidos
é o elevado consumo de energia e isto se traduz nas particularizações do LEED. No
51
Brasil, grande parte da produção de energia é considerada fonte de energia renovável.
Em compensação, nosso país passa por problemas sociais e essa ênfase não é muito
considerada na certificação LEED, gerando uma avaliação no que seria mais importante
para o papel da certificação no Brasil. A realidade brasileira é de enorme diversidade,
características internas de clima, costumes, desenvolvimento econômico e educação
mudam consideravelmente dentro do país, e isto já justificaria uma adequação interna.
Os edifícios de fachadas envidraçadas exigem consumo superior de energia.
Já para a concepção da Torre Ventura foram adotadas algumas medidas para
contornar o problema, como a colocação de granito em uma das fachadas e a emprego
de vidros laminados refletivos, de 10 mm, com alta transparência luminosa e baixa
transmissão térmica. Aliado a questão da LEED não ser adaptada à realidade brasileira,
o fato de ser um sistema baseado em pontos, com seu resultado final baseado no total
obtido, há o risco de não se alcançar o desempenho desejado.
O selo AQUA apresenta maior potencial de atender as necessidades brasileiras e
por ter sua norma baseada em desempenho no qual todos os critérios devem ser
aprovados pelo menos nos padrões mínimos estabelecidos, não há como conseguir a
certificação sem que verdadeiramente se esteja praticando sustentabilidade. Sua
flexibilidade a torna mais adaptável à realidade do empreendimento, e isto pode
representar ganho na eficiência e nas práticas adotadas.
Sendo realidade os benefícios que ambas as certificações produzem, é minha
opinião que o certificado LEED tem um maior reconhecimento, haja visto o número de
certificações e a diferença de tempo de existência das duas certificações. Mas optar por
uma delas representa a avaliação de qual processo de certificação se adapta melhor ao
caso em questão, garantindo que, além da redução dos impactos ambientais, se obterá os
maiores benefícios sociais e econômicos.
52
Então, em cada empreendimento, determinar o que se pretende com a
certificação ambiental é a primeira atitude a se adotar para escolher qual processo
adotar.
Pelo caso estudado do Ventura Corporate Towers, verifica-se a efetividade do
certificado LEED em atender as necessidades do desenvolvimento sustentável. A
particularidade do caso é a pratica e uso de algumas técnicas que tendiam ser referência
ambiental, não se importando com a questão do custo.
Como conclusão sobre os selos ambientais, vale notar que sua abrangência tem
ganhado cada vez mais o mercado, a sociedade e o governo. E elas são extraordinários
meios de se garantir que todos os agentes fiquem cada vez mais envolvidos na questão
do desenvolvimento ambiental. A eficácia da mudança de hábitos passa pela
conscientização e com a certificação sendo exigida e praticada cada vez mais, pode-se
verificar aceleração deste processo de conscientização verde, tão importante para a
sobrevivência de nossa espécie.
Como
recomendação
para
trabalhos
futuros,
sugere-se
confrontar
economicamente os sistemas de certificação apresentados, avaliando qual a alternativa
de maior retorno financeiro e a de maior necessidade de investimentos em infraestrutura
ou em tecnologias. Outra possibilidade seria a realização da análise de outros sistemas
de certificação presentes no Brasil, por exemplo o selo PROCEL Edifica e o Casa Azul
Caixa.
53
8. Referências Bibliográficas
Departamento de Design e Construção da cidade de Nova York. High Performance
Building Guidelines. Pesquisado em
<http://www.nyc.gov/html/ddc/downloads/pdf/guidelines.pdf> acessado em 04/07/2014
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<http://www.epa.gov/statelocalclimate/documents/pdf/12_8_what_is_green_GGGC.pdf>
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O Globo. Certificação BREEAM ganha novos parâmetros. Pesquisado em
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Instituto do Ambiente, 2006
MAGNANI, Juliana Mattos. Análise Comparativa do selo Casa Azul e do sistema
decertificação LEED FOR HOMES. ESPECIALIZAÇÂO/UFMG, 1ª ed. Belo
Horizonte: 2011
CORACINI, Maria. Building in the New Green Economy: a Sustainable Future. GBCB,
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Vanzolini e Cerway para Edifícios em Construção, 2014.
54
RABBANI, Emília; MOCOCK, Juliana; SILVA, Simone. Avaliação da Influência de
Indicadores de Certificação de Sustentabilidade na Segurança e Saúde do Trabalhador
nos Canteiros de Obra, 2013.
EY. Construções sustentáveis já movimentam R$ 13 bi no Brasil, segundo estudo da
EY,
Pesquisado
em
<http://www.ey.com/BR/pt/Services/Release_-
construcoes_sustentaveis_movimentam_13_bilhoes> acessado em 12/08/2014
55
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